terça-feira, 20 de julho de 2021

Série "O propósito dos sofrimentos do Messias.8. A morte do Messias

 Por Jânio Santos de Oliveira



 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!




Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra Isaías capítulo 53.8,9 que nos diz:


Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido.
 E puseram a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua morte; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na sua boca.

Nós estamos de volta, dando sequência a mais uma série de conferências sobre" o propósito dos sofrimentos do Messias"  já tratamos sobre os seguintes temas:




  • Introdução
  •  O  descrédito do Messias;
  • A desfiguração do Messias;
  • O desprezo ao Messias;
  • A oprimição ao Messias;
  • As feridas do Messias
  • O Messias levou as nossas iniquidades
  • O Messias foi levado ao matadouro.

Agora falaremos sobre:  "A morte do Messias  ".




I. Análise preliminar do texto.

Ele suporta o aprisionamento e vários julgamentos injustos (53.8): Eles o levaram da prisão para o julgamento, e deste, para a morte.

 Ele é brutalizado em sua morte (53.5-6, 8-9)
1. Ele suporta o aprisionamento e vários julgamentos injustos (53.8): Eles o levaram da prisão para o julgamento, e deste, para a morte.
2. Ele é ferido, espancado e machucado (53.5-6): Isto acontece por nossos pecados.
3. Ele é enterrado como um criminoso comum (53.9): É colocado na sepultura de um homem rico.

A Obediência (53.7): Como uma ovelha perante seu tosquiador, o Messias suporta todos os seus sofrimentos calado. Ele é levado como um cordeiro ao matadouro.

Isaías 53: 9 . E ele fez sua sepultura com o ímpio —E embora ele não tenha morrido por seus próprios pecados, mas somente por aqueles da humanidade, ele estava disposto a morrer como um malfeitor, ou como um pecador, como todos os outros homens são, e ser colocado em um túmulo como eles costumavam estar; que foi mais um grau de sua humilhação. Diz ele, ele fez sua sepultura, porque este foi o ato de Cristo, e ele voluntariamente se rendeu à morte e ao sepultamento. E aquilo que se segue, com os ímpios, não denota a mesmice do lugar, como se ele devesse ser enterrado no mesmo túmulo com outros malfeitores, mas a mesmice da condição. Mas as palavras podem ser traduzidas, Uma sepultura foi designada para ele com os ímpios; mas ele estava com os ricos em sua morte. Ou, como o Bispo Lowth lê, Seu túmulo foi apontado com os ímpios; mas com o homem rico era o seu túmulo. Veja as anotações dele. “Como nosso Senhor foi crucificado entre dois ladrões, era sem dúvida pretendido que ele deveria ser enterrado com eles. ‘Assim, seu túmulo foi nomeado com os ímpios; mas José de Arimateia veio e pediu o seu corpo, e Pilatos, convencido de que não havia cometido crime, prontamente aceitou o pedido de Joseph. Assim ‘ele estava com os ricos em sua morte, ’isto é, até a sua ressurreição: e isto ocorreu contrariamente à intenção dos seus inimigos, porque ele não tinha violentado, porque de outro modo José dificilmente teria pedido a Pilatos, e provavelmente Pilatos não ter consentido, entregar o corpo de um malfeitor crucificado.”





II. Visão panorâmica do texto.


O contexto das profecias referem-se especialmente ao Messias, ao Cristo enviado de Deus para salvar a nação de Israel e o mundo perdido. Essas profecias de Isaías estão divididas em quatro cânticos, todos fazendo menção ao Servo: 42,1-9; 49.1-7; 50,4-9; 52.13-53-12.



1. A vileza do pecado.

Cristo foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas iniquidades (Is 53.5). Sobre Ele caiu o pecado de todos nós, as iniquidades dos injustos levou sobre si (Is 53-4). Jesus foi equiparado aos transgressores, embora nunca houvesse transgredido (Is 53.12).

2. O sacrifício substitutivo.

O prenúncio de toda instituição sacrificial tem seu início no Éden, quando um animal foi morto para cobrir a nudez e o pecado do ser humano. O sistema de sacrifícios do Antigo Testamento previa matar animais para várias ocasiões, como quando alguém queria fazer uma oferta de louvor ou um agradecimento. Porém, sua função era expiar, no sentido de cobrir ou ocultar a culpa de alguém que pecou, apaziguando a ira de Deus sobre o pecador. Era o sacrifício de uma vida inocente oferecida em lugar de uma vida culpada, uma troca não merecida, s nas aceita diante de Deus.

3. A graça do sacrifício.

O sacrifício s isto foi um favor imerecido da parte de Deus para com os pecadores que merecidamente deveriam sofrer. Cristo o Servo Sofredor, fez essa substituição, o santo pelos pecadores, o justo pelos injustos. Assim, os sacrifícios do Antigo Testamento tinham sua transitoriedade temporal, mas o de Cristo teve validade eterna: "Mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus" (Hb 10.12).


  •  Pelos seus sofrimentos fomos curados


1. O sofrimento necessário.

Os sofrimentos do Servo Sofredor foram indescritíveis. Entretanto, foi necessário que Ele sofresse assim para curar todas as enfermidades do corpo e da alma humana. Muitas doenças são ocasionadas pelos pecados individuais e a maldade de uns para com os outros. Cristo levou todo sofrimento sobre si, não apenas para curar o corpo, mas também a alma (emoções, sentimentos e vontades) daqueles que creem no seu sofrimento na cruz. Ele sofreu ferimentos lancinantes nas costas e na face e suportou terríveis afrontas (Is 50.6; Mc 15.17; Jo 19.1).

Os castigos desfiguraram o rosto de Jesus, a ponto de as pessoas ficarem pasmas diante dEle (Is 52.14). Ao ser oprimido e ferido, Ele ficou quieto como um cordeiro indefeso. Foi submetido a um julgamento injusto, uma morte indevida, uma cruz vergonhosa, uma sepultura emprestada, uma coroa horrorosa e acusado de pecados que não cometeu, tudo pela nossa salvação e cura.

2. Homem de tristezas.

O profeta descreve o Servo Sofredor empregando uma linguagem que lembrava os leprosos. Estes eram excluídos do convívio da comunidade. Jesus, assim como os leprosos, sofreu uma das mais terríveis e amargas dores, a dor da solidão e do abandono, de alguém que foi rejeitado e de quem os homens escondiam o rosto. Porém, aquEle a quem desprezamos e pensamos ser insignificante levou sobre si nossas deformidades e doenças, ou seja, a lepra incurável do pecado. Sua fragilidade e falta de formosura foi a garantia da nossa redenção.

A vil condição a que se submeteu e a sua manifestação ao mundo não concordam com as ideias messiânicas que os judeus tinham formado. Esperava-se que Ele viesse com pompa; ao invés disto, cresceu como uma planta, silenciosa e inadvertidamente. Ele nada tinha de glória que alguém houvesse pensado encontrar nEle. Toda sua vida foi extremamente humilde e penosa. Feito pecado por nós, viveu a sentença pela qual expôs o pecado, Os corações carnais não contemplam nada que o interesse no Senhor.

Os nossos pecados foram os espinhos na cabeça de Cristo, os cravos em suas mãos e pés, a lança que o feriu. Foi entregue à morte por nossas ofensas. Por seus sofrimentos adquiriu para nós o Espírito e a graça de Deus para mortificar as nossas corrupções, que são as enfermidades de nossa alma.

 Lembremo-nos de nossa longa lista de transgressões e consideremo-Ihe sofrendo sob o peso de nossa culpa. Aqui se lança um fundamento firme sobre o qual o pecador temeroso pode descansar a sua alma, Nós somos a aquisição de seu sangue, e as obras de valor de sua graça; por isso Ele intercede continuamente, e prevalece destruindo as obras do Diabo


O servo do Senhor (Is 42.1)
Essa frase tem grande significado em Isaías, Frequentemente refere-se a Israel (Is 41.8-10). Porém, o servo Israel falhou em completar sua missão para Deus, Corno resultado, Deus deve enviar outro Servo, o Messias, Ele será autorizado por Deus e será a chave que abrirá as cadeias dos cativos (Is 42.1-9). Ele falará às nações e demonstrará o esplendor de Deus.
Deus o guardará, apesar da sua missão requerer sofrimento. Apesar de rejeitado pelos homens, o Servo está destinado a ser exaltado, O que se segue é uma atordoante predição onde, literalmente, é retratada a crucificação de Jesus em detalhes, Através da morte, o Servo completará as finalidades de Deus e, então, Ele mesmo será elevado à glória, Esses cânticos do servo não somente demonstram Cristo em sua essencial beleza, mas também servem para modelar a natureza de todo o serviço. Qualquer que serve a Deus deve: ter o desejo de assim fazer; permanecer humilde ante os outros e dependente do Senhor; estar comprometido em ganhar a Uberdade de outros presos do pecado


Cristo sofreu toda a dor que a humanidade deveria sofrer por causa do pecado, mas, ao experimentar a totalidade desse sofrimento, o Messias destruiu o poder que o pecado tinha sobre o homem e reconduziu todas as pessoas novamente a Deus, É imensurável e extraordinário o alcance dos sofrimentos e da morte do Servo Sofredor. Essa é a garantia de nossa cura, transformação, libertação, salvação e de que um dia estaremos para sempre com Ele.

O sofrimento de Cristo a nosso favor justifica uma resposta positiva de nossa parte diante de sua convocação à vida eterna.



III. A paixão e morte de Cristo.




JESUS CRISTO foi crucificado e morto pelos pecados de toda a humanidade



De repente, eu percebi que eu tinha tornado a crucificação de JESUS  mais ou menos sem valor, durante estes anos, que havia crescido calos em meu coração sobre este horror, por tratar seus detalhes de forma tão familiar – e pela amizade distante que eu tinha com Ele. Isto finalmente aconteceu comigo quando, como médico, eu não sabia o que verdadeiramente ocasionou a morte imediata. Os escritores do evangelho não nos ajudam muito com este ponto, porque a crucificação era tão comum naquele tempo que, sem dúvida, acharam que qualquer detalhe seria desnecessário.
  
Eu estudei a prática da crucificação, que é a tortura e execução de alguém fixando-o na cruz.   
A coluna vertical era geralmente fixada ao solo, onde seria a execução, e o réu era forçado a carregar o poste horizontal, pesando aproximadamente 55 quilos, da prisão até o lugar da execução.

1. O roteiro do calvário

A paixão física de JESUS  começou no Getsêmani. Em Lucas diz: “E estando em agonia, Ele orou. E Seu suor tornou-se gotas de sangue, escorrendo pelo chão.”   
Todos os estudos têm sido usados por escolas modernas para explicarem esta fase, aparentemente debaixo da impressão que isto não pode acontecer.   
No entanto, pode-se conseguir muito consultando a literatura médica. Apesar de muito raro, o fenômeno de suor de sangue é bem documentado. Debaixo de um stress emocional, fino capilares nas glândulas sudorípara podem se romper, misturando assim o sangue com o suor. Este processo causa fraqueza e choque. Atenção médica é necessária para prevenir hipotermia.   
Após a prisão no meio da noite, JESUS  foi trazido ao Sumo sacerdote, onde sofreu o primeiro trauma físico. JESUS  foi esbofeteado na face por um soldado, por manter-se em silêncio ao ser interrogado por Caifás. Os soldados do palácio tamparam seus olhos e caçoaram d’Ele, pedindo para que identificasse quem O estava batendo, e esbofeteavam a Sua face.   
De manhã cedo, JESUS , surrado e com hematomas, desidratado, e exausto por não dormir, foi levado a Jerusalém para ser chicoteado e então crucificado.   
Os preparativos para as chicotadas são feitos: o prisioneiro é despido de Suas roupas, e Suas mãos amarradas a um poste, a cima de Sua cabeça. É duvidoso se os Romanos seguiram as leis judaicas quanto as chibatadas. Os judeus tinham lei antiga que proibia mais de 40 (quarenta) chibatadas. Os fariseus, para terem certeza que esta lei não seria desobedecida, ordenava apenas 39 chibatadas para que não houvesse erro na contagem.

2. A descrição da tortura a que Jesus foi submetido
:
O soldado romano dá um passo a frente com um chicote com várias pesadas tiras de couro com 2 (duas) pequenas bolas de chumbo amarradas nas pontas de cada tira.
O pesado chicote é batido com toda força contra os ombros, costas e pernas de JESUS . Primeiramente as pesadas tiras de couro cortam apenas a pele. Então, conforme as chibatadas continuam, elas cortam os tecido debaixo da pele, rompendo os capilares e veias da pele, causando marcas de sangue, e finalmente, hemorragia arterial de vasos da musculatura. As pequenas bolas de chumbo primeiramente produzem grandes, profundos hematomas, que se rompem com as subseqüentes chibatadas. Finalmente, a pele das costas está pendurada em tiras e toda a área está uma irreconhecível massa de tecido ensangüentado. Quando é determinado, pelo centurião responsável, que o prisioneiro está a beira da morte, então o espancamento é encerrado. 
Então, JESUS  é desamarrado, e Lhe é permitido deitar-se no pavimento de pedra, molhado com Seu próprio sangue. Os soldados romanos vêm uma grande piada neste Judeu, que clamava ser o Rei. Eles atiram um manto sobre os Seus ombros e colocam um pau em Suas mãos, como um cetro. Eles ainda precisam de uma coroa para completar a cena. Um pequeno galho flexível, recoberto de longos espinhos é enrolado em forma de uma coroa e pressionado sobre Sua cabeça. Novamente, há uma intensa hemorragia (o escalpo é uma das regiões mais irrigadas do nosso corpo). Após caçoarem d’Ele, e baterem em Sua face, tiram o pau de Suas mãos e batem em Sua cabeça, fazendo com que os espinhos se aprofundem em Seu escalpo. Finalmente, cansado de seu sádico esporte, o manto é retirado de Suas costas. O manto, por sua vez, já havia se aderido ao sangue e grudado, nas feridas, justo como em uma descuidada remoção de uma bandagem cirúrgica, causa dor cruciante...quase como se estivesse apanhando outra vez – e as feridas, começam a sangrar outra vez. 
A pesada barra horizontal da cruz á amarrada sobre Seus ombros, e a procissão do CRISTO condenado, dois ladrões e os detalhes da execução dos soldados romanos, encabeçada por um centurião, começa a vagarosa jornada até o Gólgota. Apesar do esforço de andar ereto, o peso da madeira somado ao choque produzido pela grande perda de sangue, é muito para Ele. Ele tropeça e cai. Lascas da madeira entram na pele dilacerada e nos músculos de Seus ombros. Ele tenta se levantar, mas os músculos humanos já não suportam mais. O centurião, ansioso para a crucificação, escolhe um norte-africano, Simão, para carregar a cruz. JESUS  segue ainda sangrando, suando frio e com choques. A jornada é então completada. O prisioneiro é despido – exceto por um pedaço de pano que era permitido aos judeus. A crucificação começa: a JESUS  é oferecido vinho com mirra, uma mistura para aliviar a dor. JESUS  se recusa a beber. Simão é ordenado a colocar a barra no chão e JESUS  é rapidamente jogado de costas, com Seus ombros contra a madeira. Os soldados procuram a depressão entre os ossos de Sua mão. Ele dirige um pesado, quadrado prego de ferro, através de Sua mão para dentro da madeira. Rapidamente ele se move para outro lado e repete a mesma ação, tomando o cuidado de não pregar muito apertado, para possibilitar alguma flexão e movimento. A barra da cruz é então levantada, e sobre o topo, a inscrição onde se lê em grego, latim e hebraico: “JESUS  de Nazaré, Rei dos Judeus”, é pregada. 
O pé direito é pressionado contra o pé esquerdo, e com os pés esticados, os dedos para baixo, um prego é martelado atravessando os pés, deixando os joelhos levemente flexionados. A Vítima está agora crucificada. À medida que Ele se abaixa, com o peso maior sobre os pregos nas mãos, cruciante e terrível dor passa pêlos dedos e braços, explodindo no cérebro – os pregos nas mãos comprimem os nervos médicos. Conforme Ele se empurra para cima, a fim de aliviar o peso e a dor, Ele descarrega todo o Seu peso sobre o prego em Seus pés. Outra vez, desencadeia a agonia do prego colocado entre os metatarsos se Seus pés.

3. os efeitos desse processo
:
Neste ponto, outro fenômeno ocorre. Enquanto os braços se cansam, grande ondas de cãibras percorrem Seus músculos, causando intensa dor. Com estas cãibras, vem a inabilidade de empurrar – Se para cima, Pendurado por Seus braços, os músculos peitorais ficam paralisados, e o músculos intercostais incapazes de agir. O ar pode ser aspirado para os pulmões, mas não pode ser expirado. JESUS  luta para se levantar a fim de tomar fôlego. Finalmente, dióxido de carbono é retido nos pulmões e no sangue, e as cãibras diminuem. Esporadicamente, Ele é capaz de se levantar e expirar e inspirar o oxigênio vital. Sem dúvida, foi durante este período que JESUS  consegui falar as sentenças registradas: 
JESUS  olhando para os soldados romanos, lançando sorte sobre Suas vestes, “Pai, perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem.”           
Em Lucas 23:34 a forma do verbo no presente continuo indica que Ele continuou dizendo isto. Ao lado do ladrão, JESUS  disse: “Hoje você estará comigo no Paraíso.”          
JESUS  disse, olhando para baixo ao atemorizado e quebrantado adolescente João, “ eis a Sua mãe” e olhando para Maria, Sua mãe disse: “eis aí o seu filho”. O próximo clamor veio do início do Salmo 22, “Meu DEUS, meu DEUS, por que me desamparaste? 
Horas desta dor limitante, ciclos de contorção, cãibras nas juntas, asfixia parcial intermitente, intensa dor por causa da lascas enfiadas nos tecidos de Suas costas dilaceradas, conforme Ele se levanta contra o poste de crus. Então outra dor de agonia começa. Uma profunda dor no peito, enquanto seu pericárdio se enche de um líquido que comprime o coração. 
Agora está quase acabado – a perda de líquidos dos tecidos atinge um nível crítico – o coração comprimido se esforça para bombear o sangue grosso e pesado aos tecidos – os pulmões torturados tentam tomar pequenos golpes de ar. Os tecidos, marcados pela desidratação, mandam estímulos para o cérebro. 
JESUS  suspira de sede. Uma esponja embebida em vinagre, vinho azedo, o qual era o resto da bebida dos soldados romanos, é levantada aos Seus lábios. Ele, aparentemente, não toma este líquido. O corpo de JESUS  chega ao extremo, e Ele pode sentir o calafrio da morte passando sobre Seu corpo. Este acontecimento traz as Suas próximas palavras – provavelmente, um pouco mais que um suspiro de tortura.

ESTÁ CONSUMADO :
Sua missão de sacrifício está completa. Finalmente, Ele permite o Seu corpo morrer.
Com uma última força, Ele mais uma vez pressiona o Seu peso sobre os pés contra o prego, estica as Suas pernas e toma profundo fôlego e grita Seu último clamor: “PAI, EM TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO”          
Por causa da Páscoa, a tradição dizia que o réis ainda vivos, deveriam ser retirados da cruz e quebradas as suas pernas. No caso de JESUS  isto era desnecessário.

Aparentemente, para ter certeza da morte, um soldado traspassou sua lança entre o quinto espaço entre as costelas, enfiado para cima em direção ao pericárdio, até o coração. O verso 34 do capítulo 19 do evangelho de João diz: “ E imediatamente verteu sangue e água.” Isto era escape de fluido do saco que recobre o coração, e o sangue do interior do coração. Nós, portanto, concluímos que nosso Senhor morreu, não de asfixia, mas de um enfarte de coração, causado por choque e constrição do coração por fluidos no pericárdio.

A seguir A SENTENÇA DE CRISTO :  Cópia autêntica da Peça do Processo de CRISTO, existente no Museu da Espanha. 
No ano dezenove de TIBÉRIO CÉSAR, Imperador Romano de todo o mundo, Monarca Invencível, na Olimpíada cento e vinte e um, e na Elíada vinte e quatro, da criação do mundo, segundo o número e cômputo dos Hebreus, quatro vezes mil cento e oitenta e sete, do progênio, do Romano Império, no ano setenta e três, e na libertação do cativeiro de Babilônia, no ano mil duzentos e sete, sendo governador da Judéia; QUINTO SÉRGIO, sob o regimento e governador da cidade de Jerusalém, Presidente Gratíssimo, PÔNCIO PILATOS; regente, na baixa Galiléia, HERODES ANTIPRAS; pontífice do sumo sacerdote, CAIFÁS; magnos do templo, ALIS ALMAEL, ROBAS ACASEL, FRANCHINO CEUTAURO; cônsules romanos da cidade de Jerusalém; QUINTO CORNÉLIO SUBLIME e SIXTO RUSTO, no mês de março e dia XXV do ano presente – EU, PÔNCIO PILATOS, aqui Presidente do Império Romano, dentro do Palácio e arqui-residência, julgo, condeno e sentencio à morte, JESUS , chamado pela plebe – CRISTO NAZARENO – e Galileu de nação, homem, sedicioso, contra a Lei Mosaica – contrário ao grande Imperador TIBÉRIO CÉSAR. Determino e ordeno por esta, que se lhe dê morte na cruz, sendo pregado com cravos como todos os réus, porque congregando e ajustando homens, ricos e pobres, não tem cessado de promover tumultos por toda a Judéia, dizendo-se filho de DEUS e REI DE ISRAEL, ameaçando com a ruína de Jerusalém e do sacro Templo, negando o tributo a César, tendo ainda o atrevimento de entrar com ramos e em triunfo, com grande parte da plebe, dentro da cidade de Jerusalém. Que seja ligado e açoitado, e que seja vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz aos ombros para que sirva de exemplo a todos os malfeitores, e que, juntamente com ele, sejam conduzidos dois ladrões homicidas; saindo logo pela porta sagrada, hoje ANTONIANA, e que se conduza JESUS ao monte público da Justiça, chamado CALVÁRIO, onde, crucificado e morto ficará seu corpo na cruz, como espetáculo para todos os malfeitores, e que sobre a cruz se ponha, em diversas línguas, este título: JESUS NAZARENUS, REX JUDEORUM. Mando, também, que nenhuma pessoa de qualquer estado ou condição se atreva, temerariamente, a impedir a Justiça por mim mandada, administrada e executada com todo o rigor, segundo os Decretos e Leis Romanas, sob as penas de rebelião contra o Imperador Romano. Testemunhas da nossa sentença: Pelas doze tribos de Israel: RABAM DANIEL, RABAM JOAQUIM BANICAR, BANBASU, LARÉ PETUCULANI, Pêlos fariseus: BULLIENIEL, SIMEÃO, RANOL, BABBINE, MANDOANI, BANCURFOSSI. Pêlos hebreus: MATUMBERTO. Pelo Império Romano e pelo Presidente de Roma: LÚCIO SEXTILO e AMACIO CHILICIO.

 Na verdade DEUS escolheu o dia, a hora, o tempo, a estação, o ano, a era, o local, os protagonistas e até o cordeiro. Tudo estava preparado para aquele dia e hora, JESUS veio para isso mesmo.
Gl 3.13 CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;


A Cruz
Jo 18.31- Disse-lhes, pois Pilatos: “Levai-o vós e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe então os judeus: a nós não é licito matar pessoa alguma”.
Pela lei judaica JESUS deveria morrer apedrejado (?). As leis romanas, por decreto de César o imperador, havia proibido aos judeus o direito de matarem qualquer pessoa, mesmo que em suas leis fosse permitido;
A morte de JESUS CRISTO na cruz já estava vaticinada a cerca de 700 anos antes, através do profeta Isaías como lemos no capítulo 53 de seu livro; também lemos em Deuteronômio (Dt 21.23) que é maldito todo aquele que morre em um madeiro (no caso uma cruz).
Como JESUS precisava levar sobre si os nossos pecados e nossas iniqüidades e também nossas maldições (Dt 28) a condenação estava dentro dos planos de DEUS, pois fomos comprados através desse sacrifício vicário de CRISTO, na cruz do calvário (Gl 3.13).
Também a morte de cruz era tanto a maneira gentílica como a maneira judia de um maldito morrer, significando para nós que JESUS não morreu só por Judeus, mas também por nós.

O Poder
Jo 19.11- “Respondeu JESUS: “Nenhum poder terias contra mim, se de cima te não fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” 


“SATANEIRA” = definição = para os ratos se armam ratoeiras mas para satanás DEUS armou uma sataneira.
 Algumas seitas demoníacas têm feito significativos esforços no sentido de denegrir a obra expiatória de CRISTO na cruz do calvário e uma das artimanhas utilizadas pelas mesmas tem sido a de incutir, nas mentes cauterizadas de seus adeptos fanáticos, a doutrina que diz ter o filho de DEUS cometido pecados e portanto sua condenação teria sido justa, pois era digno de morte. A palavra de DEUS já nós diz em 1Co 1.19 que: A palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de DEUS.
Ao lemos 1 Co 1.21 descobrimos que só através da sabedoria se pode conhecer o plano de redenção que DEUS preparou para o homem, senão vejamos:
A palavra de DEUS nos afirma na carta de Paulo aos romanos em 6.23, que o salário do pecado é a morte, mas JESUS tendo sido concebido do ESPÍRITO SANTO e através de uma virgem, não nasceu da semente corruptível do homem mas da semente incorruptível de DEUS, portanto sem pecado (Hb 9.14 e 9.27,28).
Prestemos atenção à palavra de DEUS em Jo 10.17,18, onde lemos: ”Por isto o PAI me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém me tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu PAI”. Deduzimos, é lógico, que JESUS escolheu a hora, o lugar, o dia e a maneira que fosse sua morte; não foi obra de satanás e nem de homens, mas a sataneira de DEUS para o diabo que pensou ter matado o filho de DEUS e até comemorou, mas o que ele recebeu foi um pisão na cabeça, para que se cumprisse Gn 3.15 e ainda JESUS lhe tomou a coroa da vida e as chaves do inferno e da morte, vencendo assim o inimigo de nossas almas (Leia: Ap 2.10; 3.11,12; e principalmente 1.17,18). O que você está esperando para concretizar essa obra?


 POR QUE A CRUZ ERA NECESSÁRIA?

PORQUE JESUS CRISTO NOS SUBSTITUIU ALI, QUE ERA NOSSO LUGAR.

ELE MORREU POR NOSSOS PECADOS, ELE MORREU A NOSSA MORTE, EM NOSSO LUGAR.
ELE LEVOU SOBRE SI NOSSOS PECADOS, DOENÇAS E INIQUIDADES

(Is 53; Gl 3.13; 1 Pe 2:24)



A CRUZ ERA LUGAR DE CONDENADO: Gl 3:13 "CRISTO nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro"; Dt 21:22 Se um homem tiver cometido um pecado digno de morte, e for morto, e o tiveres pendurado num madeiro, 23 o seu cadáver não permanecerá toda a noite no madeiro, mas certamente o enterrarás no mesmo dia; porquanto aquele que é pendurado é maldito de DEUS. Assim não contaminarás a tua terra, que o Senhor teu DEUS te dá em herança.

SE "TODOS PECARAM E DESTITUÍDOS ESTÃO DA GLÓRIA DE DEUS" (Rm 3.23), ENTÃO TODOS NÓS MERECÍAMOS MORRER E MORTE DE CRUZ. O PECADO MERECE CASTIGO OU SEJA MALDIÇÃO. JESUS VEIO NOS SUBSTITUIR NAQUELA CRUZ; O SACRIFÍCIO DE UM EM LUGAR DE MUITOS.
Rm 5.16 Também não é assim o dom como a ofensa, que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. 17 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, JESUS  CRISTO. 18 Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida. 19 Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos.



IV. Resumo dos sofrimentos e da morte do Messias.




1 A Crucificação de Jesus (Mt 27.32-44)

Ao longo de sua viagem para Jerusalém, Jesus por três vezes anunciou a sua crucificação e morte, e o momento chega como havia predito.

a) A vida e sofrimento de Jesus era cumprimento das escrituras
O relato da vida e obra de Jesus segue um plano divino previamente estabelecido. “As palavras dos profetas e dos salmos perpassam a narrativa em grande número, não apenas em citações expressas, mas também em traços isolados e alusões” .

Somente para destacar, da chegada em Jerusalém até momentos antes de sua crucificação, o quadro abaixo demonstra a relação dos acontecimentos e como estão relacionados, na grande maioria, com os profetas e os salmos. 

O próprio costume dos romanos contribuiu para o cumprimento das Escrituras. Por exemplo, era costume romano “preparar” o condenado para a cruz torturando-o antes da crucificação para apressar a morte do condenado. O condenado deveria carregar a “burca”, a parte mais pesada da cruz.

A partir da crucificação as relações com as Escrituras se intensificam, pois a paixão e ressurreição de Cristo são fundamentos principais para o cristianismo. Por isso, a necessidade de comprovar que tudo o que aconteceu com Jesus não foram fatos ocorridos por acaso, mas que fazia parte do plano divino de salvação para a humanidade.

B) O flagelo e escárnios no caminho do Gólgota

O caminho para a cruz é um caminho de zombaria generalizada. O deboche sobre a sua realeza começa já pelos principais líderes religiosos (Mt 26.57-68), continua com os oficiais romanos após condenação de morte por Pilatos (Mt 27.27-31). Jesus foi retirado da residência do governador e conduzido pelo caminho do Gólgota de forma humilhante, costume romano para intimidar as pessoas para evitar levantes contra o império.

 A caminhada até o Gólgota1 é acompanhada de atos de violência e opressão. Jesus tem que carregar a cruz ou parte dela (trave mestra ou burca), sob ameaças e efetivas chibatadas executadas pelos soldados romanos, além do deboche de pessoas maldosas que estavam pelo caminho. Aliado a isso, ainda tinha o peso da cruz e as dores dos flagelos anteriores com suas consequências em seu corpo.

Durante a caminhada uma possibilidade de alívio. Mateus registra que um homem de Cirene é compelido pelos soldados carregar a cruz de Jesus. Cirene era uma colônia romana e entre sua população havia muitos judeus e prosélitos do judaísmo na Líbia, norte da África. Devido à grande quantidade de negros nessa reunião, acredita-se que Simão também o fosse. Não se comenta o motivo, mas provavelmente Jesus estava fraco diante de tanta flagelação. Carter (2002, p. 655) faz um comentário interessante: “Na ausência de Simão Pedro (e dos outros discípulos), o Simão africano de Cirene carrega a cruz de Jesus”. De fato, o africano tinha o mesmo nome do discípulo de Jesus que declarou que iria com Jesus até a morte (Mt 26.33-35). Todavia, assim como os demais discípulos também fugiu quando Jesus foi preso (Mt 26.56) e como predito por Jesus, o negou por três vezes (Mt 26.69-75).

Quando chegam ao lugar da crucificação é oferecido vinho misturado com fel, mais uma vez uma referência aos salmos para demonstrar o cumprimento das Escrituras. Trata-se do Salmo 69.21, salmo de lamentação em que um justo perseguido acusa seus inimigos e clama a Deus por libertação. Jesus recusa a oferta, mas Mateus registra que antes Ele prova.  faz um link com Provérbios 31.6 e traz outra interessante interpretação sobre o texto: “Fel pode ser uma forma de aludir a Salmos 69.21, mas o processo é descrito em Provérbios 31.6. Nesse contexto, considerado como um ato de misericórdia e compaixão, ele é recusado. Jesus suportará a plenitude de seu sofrimento”. Bornkamm (2005, p. 270) afirma que “[...] era costume oferecer aos condenados, antes da crucificação, um trago de vinho bem condimentado, para anestesiar seus sentimentos e, assim, diminuir seus tormentos”. Essas informações corroboram com a sugestão de Bock. Na realidade, o que conta mesmo é a relação desse episódio com o Antigo Testamento.

c) A crucificação sob a acusação de ser “O REI DOS JUDEUS”

Mateus não dá detalhes sobre a crucificação de Jesus, no versículo 35 ele é direto “E, havendo-o crucificado [...]”. Robertson traz algumas informações adicionais sobre a forma de crucificação de Jesus:

             Havia vários tipos de cruz, não sabemos precisamente a formada cruz na qual Jesus foi crucificado, embora a tradição seja universal para a forma que se tornou símbolo cristão. Em geral, as mãos eram pregadas à trave-                   mestra antes de ser elevada e depois os pés. Não era muito alto. A crucificação era feita pelos soldados encarregados.

O crucificado ficava dependurado até que, lentamente as dores e a exaustão física trouxessem o seu fim. Isso era facilitado porque nenhum órgão vital era atingido. Além disso, o corpo inerte, os pés e mãos feridas provocavam uma agonia excruciante ao crucificado. Se a perda de sangue e as consequências da flagelação não fossem a causa primeira, a crucificação levaria a morte por asfixia. A vítima ficava fraca demais e não conseguia levantar seu corpo para respirar. Isso era uma prática angustiante e muito cruel.O crucificado ficava dependurado até que, lentamente as dores e a exaustão física trouxessem o seu fim. Isso era facilitado porque nenhum órgão vital era atingido. Além disso, o corpo inerte, os pés e mãos feridas provocavam uma agonia excruciante ao crucificado. Se a perda de sangue e as consequências da flagelação não fossem a causa primeira, a crucificação levaria a morte por asfixia. A vítima ficava fraca demais e não conseguia levantar seu corpo para respirar. Isso era uma prática angustiante e muito cruel.

Os salmos são lembrados novamente. O texto diz que os soldados repartiram suas vestes entre eles lançando a sorte, uma referência ao Salmo 22.18.  afirma que: “A imagem do salmo é parte do escárnio de um sofredor justo. Jesus morre de forma vergonhosa, sem roupas, enquanto os que estavam ao redor dEle se divertiam com suas últimas posses”. No entanto, o sorteio das peças de vestuários dos condenados entre os soldados era um costume romano.

Não obstante os descasos anteriores, em cima de sua cabeça, na cruz, puseram a acusação contra Ele: “ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS”.  informa que a tabuleta com a acusação era levada “à frente da vítima ou pendurado ao pescoço enquanto a pessoa caminhava para a execução”. Mais uma vez, Jesus é escarnecido e desprezado. Isso sem mencionar os escárnios das pessoas que passam enquanto ele esta pendurado. Algumas pessoas, inclusive um dos bandidos da cruz, lembrando as palavras do Diabo na narrativa da tentação de Jesus: “Se és filho de Deus [...]”. No entanto, Mateus registra que no dia do grande julgamento todas as pessoas de todas as nações terão que se dobrar diante dEle para serem julgados (Mt 25.31-46). 

Entre a crucificação e a morte de Jesus ocorreram sinais: “[...] desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona” (Mt 27.45).

2. Morte de Jesus (Mt 27.45-51)

a) A morte de cruz: maldita pelos judeus e punição aos inimigos para os romanos

Mateus registra que o próprio Jesus havia predito sua morte de cruz (Mt 16.21; 17.22, 23; 20.18,19, 26.2). A morte de cruz era desprezada tanto por judeus como pelos romanos. Os judeus mais por questões religiosas e os romanos mais por questões políticas.

Para os judeus a morte de cruz era uma maldição (Dt 21.23). Na cultura judaica não se esperava um Messias que sofresse e morresse. Principalmente, “Alguém que fora condenado à morte pelo supremo tribunal judaico e injuriosamente executado não poderia ser o salvador esperado” . Paulo afirma, quando escreve aos Gálatas, que Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós morrendo na cruz e faz uma referência à Deuteronômio 21.23: “[...] maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Por essa afirmação, Paulo foi criticado por estudiosos do Antigo Testamento por oferecer uma interpretação apenas espirituosa porque Deuteronômio 21.23 originalmente não se trata em morte por crucificação. No entanto, Barth (1997, p. 19) alega que isso mudou com a descoberta do Rolo do Templo do Mar Morto: “Em 11QT Temple 64.7-13, a maldição de Deuteronômio 21.23 é vinculada claramente também com a pena capital da crucificação”. A interpretação da morte de cruz que era complicada para um judeu foi absolvida e entendida com o surgimento do cristianismo e o testemunho dos primeiros apóstolos.

Os romanos reservavam a morte de cruz para seus inimigos políticos. Pessoas que eram consideradas um perigo para a manutenção do imperialismo romano, ou seja, pessoas consideradas por eles como rebeldes e subversivos que se recusavam a obedecer cegamente às ordens impostas pelos poderosos romanos. Essa morte era considerada tão terrível que, pela lei romana, um cidadão romano não poderia ser executado dessa forma.

Quando Jesus foi encaminhado para a morte de cruz ao seu lado estavam dois ladrões, como geralmente são apresentados. Segundo Storniolo (1991, p. 199) eram simples ladrões, para os romanos considerados bandidos e “subversivos que almejavam o poder para derrubar o poder romano”. Na concepção romana, Jesus é colocado em mesma condição de condenação. Todavia, para os primeiros cristãos Ele será reconhecido como o Rei-Messias que havia de vir, o Filho de Deus que venceu a morte e trouxe vida eterna a todas as pessoas que se abrem para o amor de Deus. Esse amor que “é dinamismo que traz vida, mas depende de ser aceito ou não” .

b) A morte como sacrifício perfeito à justificação da humanidade

Às três horas de escuridão (12h – 15h) lembram os três dias de trevas, uma das 10 pragas do Egito (Êx 10.21-23). Segundo Storniolo (1991, p. 200), essa relação simboliza o anúncio da “libertação para toda a humanidade e, ao mesmo tempo, a queda de todos os opressores que a escravizam”. Enquanto Carter (2002, p. 658) relaciona às três horas de escuridão com a tribulação que precede a vinda de Jesus gloriosa para reinar como Filho do Homem (Mt 24.27-31).

O primeiro clamor de Jesus é de grande desespero. Em meio à escuridão universal Ele grita em alta voz “Eli, Eli, lema sabactâni”. Uma referência ao Salmo 22.1, 2, o justo que enfrentando oposição obstinada de seus oponentes sem uma solução aparente se vê abandonado por Deus e clama: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. O sentimento de abandono pela separação de Deus por causa do pecado da humanidade que estava sobre ele era demais. Essa é a condição do pecador sem Deus, distante, separado da única fonte de salvação para si. Jesus se fez pecado pela humanidade e assume a pena da condenação. Por isso, que autor da Epístola aos Hebreus aconselha para chegar com confiança até Jesus, pois Ele nos entende de forma experiencial e está disposto a nos ajudar. Ele tem a experiência de gritar em alta voz por socorro divino. 

Enquanto Jesus clamava a Deus, provavelmente pelo seu estado de fraqueza o povo entendeu na sua pronuncia um pedido de socorro a Elias. Por isso, mais uma vez zombam de Jesus e dizem: “vejamos se Elias vem livrá-lo”. Uma cena de covardia, alguém no tempo final de sua vida, perto do ultimo suspiro, no desespero do sentimento de abandono, clamando em alta voz por socorro e seus algozes e opositores aproveitam para rir de sua situação. Infelizmente, um comportamento que se repete em vários meios, seres humanos se entregando à própria maldade, sem perceber que todas as pessoas estão em igual situação, criaturas de Deus, carentes de sua graça e misericórdia. O cristão não pode se alegrar ou divertir a custo da desgraça o sofrimento alheio, independente de quem seja. 

O Salmo 22.1-31 é leitura obrigatória para entender esse momento crucial da vida de Jesus. A cena realmente é um retrato falado do Salmo 22. Jesus teve um abandono progressivo: por Judas (26.14-16, 48, 49), pelos discípulos (26.56), por Pedro (26.69-75), pelas multidões (27.21, 22), por fim, o pior de todos, se sente abandonado por Deus. Então, surge o último grito: “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito”. Este consiste em palavras de confiança e entrega voluntária a Deus, uma referência ao Salmo 31.5. Assim, como o salmista do Salmo 22, que a partir do verso 23 vê a resposta de Deus. A resposta viria após a morte, a justificação de Deus por meio de um sacrifício único, perfeito e eterno.

C) A eficácia da morte de Jesus
A morte de Jesus é acompanhada de sinais (Mt 27.51-56), o que demonstra que ela não foi em vão, mas tinha atingido o objetivo principal (véu da separação do Templo se rasga em dois, terremoto, as rochas se fendem e muitos mortos ressuscitam). Vamos nos ater aqui no primeiro sinal para demonstrar a grande barreira que foi quebrada com a morte de Jesus. O véu do Templo é o símbolo de inacessibilidade do ser humano comum a Deus, necessitando de intermediário para entrar no lugar santos dos santos. O acesso era permitido somente ao sumo sacerdote, uma vez ao ano. A morte de Jesus rasgou o véu da separação, dando o livre acesso do ser humano a Deus. Essa doutrina seria uma grande afronta à elite religiosa judaica.

Os judeus não conheciam outra forma de salvação a não ser pela Lei, este era o cerne da doutrina judaica. Eles acusaram Jesus de desrespeitar a Lei e a tradição judaica. Contudo, Mateus demonstra que, na realidade, por meio de sua própria vida e obra, Jesus estava cumprindo a Lei, os profetas e os salmos. Assim, o que se cumpriu em Jesus se tornou desnecessária a continuidade da prática. No caso do sacrifício vicário de Jesus, inutilizou toda forma de sacrifício para justificação, pois o sacrifício de Cristo foi perfeito e único. A obra de Cristo satisfaz a necessidade da justiça de Deus pelo pecado da humanidade, pois anulou a sentença de morte. Assim, conquistou o direito da justiça perfeita que é atribuída a todo o que crê e aceita o sacrifício vicário de Jesus. A justiça de Cristo conquistada por meio de sua morte é imputada gratuitamente ao pecador que crê. Portanto, a única base da justificação é a justiça imputada de Cristo e não inerente do ser humano. O fato de a justiça de Cristo ser a base da justificação acentua amplamente a graça de Deus. A graça tem como centro a cruz de Cristo para onde tudo se converge e os justificados são perfeitamente reconciliados.

O apostolo Paulo, ao escrever aos romanos, não nega o privilégio especial dos judeus por serem receptores da dádiva da Lei (Rm 9.4), mas demonstra a ineficiência absoluta da Lei como meio de salvação que serve apenas como sombra para a eficácia redentora da morte e ressurreição de Cristo. Ninguém melhor do que Paulo para testemunhar esta superioridade de Cristo, pois anteriormente ele também havia atribuído o mais alto valor às obras da Lei, mas na ocasião da conversão um fardo pesado caiu de seus ombros. A justificação pela fé não limita a salvação a um determinado grupo de pessoas com tradições legais exclusivistas, mas trata com toda a humanidade, ampliando o conceito que era disseminado pela tradição rabínica. Paulo, em Romanos 4, utiliza a figura de Abraão que era utilizada pelos judeus para defender a justificação pelas obras para provar o contrário. A justificação de Abraão não serviu para um fim em si próprio, mas apontava para frente, o futuro longínquo, o cumprimento da Lei em Jesus .

Um dos detalhes mais impactantes do relato da crucificação e morte de Jesus registrado por Mateus é a confissão do centurião e os que com ele guardavam o corpo de Jesus após presenciarem os sinais e tudo o que aconteceu: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. Eles utilizam o mesmo título que os discípulos utilizaram para identificar Jesus em Mateus 14.33ss e valoriza os acontecimentos de Mateus 27.  A morte tida como maldita pelos judeus e como controle de subversão para os romanos, torna-se símbolo da vitória de Jesus sobre a própria morte, uma morte vitoriosa que produz vida eterna.





O que seria mais difícil dizer: “Eu estou entregando a minha vida para a morte por minha própria vontade e iniciativa, ou eu voltarei de entre os mortos pela força do meu poder, porque eu dou a minha vida e eu mesmo a tomo de volta? ”. Nunca duvide de Deus. Ele é sobrenatural, tremendo e inexplicável.




Em breve estaremos de volta dando sequência a esta série.

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