Por Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
Biblioteca de Celso, em Éfeso
Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no Livro do Apocalipse 2.1-7 que nos diz:
“Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus” .
Na matéria anterior, fizemos a introdução deste estudo agora falaremos sobre a Primeira Carta, à Igreja de Éfeso
Vamos à matéria.
I. Análise preliminar do texto. (Is 9:6)
Portal da saída do mercado da cidade de Éfeso.
Faz-se necessário primeiramente fazer uma breve abordagem a respeito do significado das sete igrejas apresentadas no livro do Apocalipse. É que dentre as muitas congregações que existiam na Ásia Menor, atual Turquia, sete foram citadas no livro do Apocalipse para representarem simbolicamente as fases pelas quais passaria o verdadeiro povo de Deus, desde a era apostólica até o segundo advento de Cristo. O apóstolo João escreveu a estas igrejas quando se achava exilado em Patmos, uma ilha rochosa situada no mar Egeu. Os romanos usavam este lugar como desterro de criminosos. João foi levado para lá, não por ter praticado algum crime, mas por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo (Ap 1:9). O exílio de João aconteceu aproximadamente em 95 ou 96 d.C., no ano décimo quarto do reinado de Domiciano, Imperador Romano.
Estas sete igrejas é uma representação profética da trajetória do povo de Deus depois de Cristo, devendo ser consideradas como constituindo um todo completo. São elas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.
O termo “igreja” é mal interpretado pela maioria dos estudiosos da Palavra de Deus. Este termo não se refere a uma determinada organização religiosa devidamente constituída, vinculada ao Estado, e nem é identificada por alguma placa. A verdadeira “igreja” de Deus é um organismo, formada por pedras vivas (I Pe 2:5), pedras estas edificadas como casa espiritual para serem um sacerdócio santo e que formam individualmente o corpo de Cristo (Rm 12:5; I Co 12:27). O livro do Apocalipse identifica este povo simplesmente por sua obediência a Deus e por sua fé em Jesus (Ap 12:17 e 14:12). A verdadeira igreja de Deus é guiada por Jesus Cristo, sendo Ele a cabeça da igreja (Ef 5:23; Colossenses 1:18). Ela não é dirigida por homens falíveis e pecadores. Infelizmente em muitas organizações religiosas é estabelecida uma hierarquia eclesiástica centralizadora, cujo sistema contraria os ensinamentos da Palavra de Deus. A necessidade de sete cartas bem diferentes reforça a importância de respeitar a autonomia de cada congregação.
Cristo se dirige ao povo de Deus com palavras de elogios, censuras, exortações, advertências e promessas. Estas palavras nada mais são do que mensagens com intuito de produzir a edificação espiritual de todos aqueles que desejam servir de todo o coração ao único e verdadeiro Deus.
A trajetória da Igreja de Deus desde a era apostólica foi marcada por grandiosos desafios. Apostasia, perseguições e mortes foram os grandes obstáculos para o pequeno remanescente povo de Deus que decidiu manter-se fiel às Escrituras Sagradas.
Ao Jesus dizer: “conheço as tuas obras” (Ap 2:2, 19; 3:1, 8, 15), “conheço a tua tribulação” (Ap 2:9), “sei onde habitas” (Ap 2:13), indica que nada podemos esconder dEle. Todas as nossas ações, propósitos e palavras são por Ele tão distintamente acompanhados como se houvesse unicamente um indivíduo em todo o universo.
Ele exorta também ao fiel povo de Deus que “quem tiver ouvidos, ouça o que Espírito diz” (Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13 e 22).
A cidade de Éfeso estava situada na costa ocidental da Ásia Menor. O que mais fazia de Éfeso uma cidade suntuosa e próspera, um centro internacional e uma atração mundial, era o famoso templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo da antiguidade. Hoje nada mais resta de Éfeso, senão ruínas de vasta extensão.
Uma pequena congregação de fiéis foi estabelecida pelo apóstolo Paulo em Éfeso, apesar da dominante cultura grega e do poder imperial romano. O apóstolo Paulo instruiu esse povo durante três anos (At 20:31). O nome “Éfeso” significa: desejável. As características desta comunidade cristã local tinham tudo a ver com a condição espiritual vivida pelo povo de Deus durante a era apostólica.
Nesta primeira carta, o nosso Senhor Jesus Se identifica como sendo “aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro.” Ap 2:1. Esta descrição de Jesus está baseada no que está escrito em Apocalipse 1:12, 13, 16 e 20. Estas palavras dão-nos a certeza de que Ele tem o poder e o domínio sobre a Igreja de Deus. Lembramos novamente que ela é guiada por Jesus Cristo, sendo Ele a cabeça da igreja (Ef 5:23; Cl 1:18).
Há de se destacar nesta carta palavras de elogios e de reprovação:
Elogios: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do Meu nome sofreste, e não desfaleceste. ...Tens, porém isto; que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais Eu também aborreço.” Ap 2:2-3, 6.
O povo de Deus nesta fase da história enfrentou forte oposição, dentro e fora da sua comunidade. Na sua perseverança, os efésios suportaram as mais duras provas e não desanimaram. Depois de tantas advertências sobre o perigo de falsos mestres, a defesa da verdade se tornou um ponto forte para o povo de Deus durante o período apostólico. Falsos apóstolos foram desmascarados. Eram os chamados “falsificadores da palavra de Deus” (II Coríntios 2:17) e esses tais falsos apóstolos foram considerados “obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (II Coríntios 11:13). Todos foram postos à prova e desmascarados como mentirosos.
No primeiro século d.C. o povo de Deus sofreu muito no desempenho de sua missão. Ele foi duramente perseguido pelos judeus e pelos romanos, sendo todos os apóstolos, com exceção de João, martirizados. Com eles muitos outros foram sacrificados sob o comando dos imperadores romanos Nero (54 a 68 d.C.) e Domiciano.(81 a 96 d.C.).
Embora perseguidos, os apóstolos atiraram-se denodadamente aos quatro quadrantes do mundo em conquista de almas para Cristo (Cl 1:23).
O que é notável nesta carta à Igreja em Éfeso, é que Cristo não só se dispôs a exaltar as suas boas obras e o seu excelente trabalho, como suas atitudes em aborrecer as obras dos “Nicolaítas”. A história não registra dados precisos sobre os nicolaítas. Uma vez que o Apocalipse é um livro profético, devemos atentar para o significado desta palavra. “Nicolaíta” em grego é composto por duas palavras e que tem o seguinte significado:
Nikão = conquistar (no sentido de dominar);
Laos = povo, gente, multidão.
Portanto, o termo “Nicolaítas” tem o sentido de “dominadores do povo”. Infiltrados nas igrejas do primeiro século, os nicolaítas tentaram introduzir a ideia de uma hierarquia eclesiástica com a finalidade de exercer o poder sobre o povo. Esse movimento, no entanto, foi corajosamente rechaçado durante esse período da história da igreja de Deus, pois o texto de Ap 2:6 diz: “Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais Eu também aborreço.”
Os Nicolaítas eram uma seita herege que advogava uma mistura de costumes pagãos, como comer alimento sacrificado a ídolos e imoralidade sexual, com a adoração cristã. Há somente Um digno de receber adoração, e adorá-lo é o propósito principal da Igreja.
Infelizmente anos mais tarde, no quarto século, durante a época representada pela Igreja de Pérgamo (Ap 2:15), os nicolaítas conseguiram oficializar esse sistema de governo centralizador, o qual passou a ser praticado até hoje em quase todas as denominações religiosas. Trata-se de uma hierarquia eclesiástica de poder, reservado unicamente aos ministros do evangelho, selecionados para exercerem a liderança nas igrejas. Este sistema concede a eles a exclusiva autoridade para interpretarem ao povo as Escrituras Sagradas e exercerem o domínio em questões de fé. De acordo com os ensinos da Palavra de Deus, durante a era apostólica as congregações agiam com total independência.
Para esta fase histórica da igreja de Deus, havia uma reprovação por parte de nosso Senhor Jesus.
Reprovação: “Tenho, porém contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.” Ap 24 e 5.
A igreja apostólica do primeiro século apesar de ter sido valorosa ao evangelizar o mundo e levar multidões a se decidirem pela Palavra de Deus e pelo amoroso Salvador, é, por fim, acusada da perda do primeiro amor. As cartas apostólicas evidenciaram que, quando ainda os apóstolos estavam vivos, aquele primitivo amor já manifestava sintomas de fraqueza. Tomando-se como base a denúncia, admoestação e advertência, conclui-se que a situação era bastante grave. A história ainda se repete nos dias de hoje. O entusiasmo se extingue e as idéias humanas começam a tomar o lugar dos reais ensinamentos de Deus.
Seja como for, a primitiva igreja estava ameaçada de ser removida do seu lugar, ou seja, ameaçada de perder o seu lugar no plano da salvação de Deus. Cristo falou de três passos práticos que o povo de Deus deveria dar a fim de voltar ao primeiro amor:
1) Lembra-te donde caíste;
2) Arrepende-te;
3) Volte a praticar as primeiras obras.
Por último, uma gloriosa promessa ao vencedor: “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.” Ap 2:7.
Vencer deve ser o alvo de todo o sincero cristão. O povo de Deus é encorajado a vencer todos os males do pecado, quer internos, quer externos, para que, ao final, na vinda gloriosa do Messias, receber o galardão da vida eterna.
II. Visão panorâmica
Representação do Templo de Artemis em Éfeso - uma das Sete Maravilhas da Antiguidade
A mensagem do Apocalipse foi enviada principalmente “às sete igrejas que se encontram na Ásia” (1:4). Este fato é frisado várias vezes no primeiro e no último capítulos (1:4,11,20; 22:16). Os capítulos 2 e 3 são direcionados especificamente às igrejas, com uma mensagem especial para cada uma delas.
Estas sete cartas seguem a forma de decretos imperiais, começando a sua mensagem com a palavra “diz” (grego, legei). Estas cartas foram escritas num formato padrão (Saudação, Posição de Jesus, Avaliação da congregação, apelo a ação, Promessa de recompensa aos vencedores), mas o conteúdo de cada é específico e fala a respeito das necessidades da própria congregação citada.
Sete Igrejas Independentes
A necessidade de sete cartas bem diferentes reforça a importância de respeitar a autonomia de cada congregação. Estas sete igrejas se encontravam numa área relativamente pequena. Uma pessoa entregando todas as cartas faria um circuito de pouco mais de 500 quilômetros. Nesta área pequena, sete igrejas bem diferentes apresentaram características distintas. Jesus não enviou uma carta “ao bispo da Ásia” (não existia qualquer ofício de líderes regionais entre as igrejas primitivas) para resolver, de uma vez, todas as questões nas várias igrejas. As igrejas não eram subordinadas à autoridade de alguma hierarquia, e não havia laços estruturais entre congregações. Cada congregação era independente, com seus próprios desafios e sua própria personalidade. Cada uma recebeu um comunicado diretamente de Jesus, e lhe responderia diretamente pela sua obediência ou rebeldia. Ele não operou por meio de alguma hierarquia de autoridades eclesiásticas. As pessoas que querem seguir, hoje em dia, as instruções do Novo Testamento devem lembrar este fato. Não há base bíblica para criar ou manter organizações religiosas ligando congregações. As hierarquias nas denominações e as conferências e congressos estaduais, regionais, nacionais e internacionais são invenções de homens sem nenhuma autorização bíblica.
Ao Anjo da Igreja em Éfeso (Ap 2:1-7)
Vamos considerar o conteúdo desta carta. Confira na sua Bíblia cada citação.
A igreja em Éfeso (1): Éfeso era a cidade mais importante da província romana de Ásia. Foi situada perto do mar Egeu. Duas estradas importantes cruzaram em Éfeso, uma seguindo a costa e a outra continuando para o interior, passando por Laodicéia. Assim, Éfeso teve uma localização importantíssima de contato entre os dois lados do império romano (a Europa e a Ásia). Historiadores geralmente calculam a população da cidade no primeiro século entre 250.000 e 500.000. Éfeso era conhecida, também, como o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana.
Sabemos algumas coisas sobre a história da igreja em Éfeso de outros livros do Novo Testamento. No final de sua segunda viagem, Paulo deixou Áqüila e Priscila em Éfeso, onde corrigiram o entendimento incompleto de Apolo sobre o caminho do Senhor (At 18:18-26). Na terceira viagem, Paulo voltou para Éfeso, onde pregou a palavra de Deus por três anos (At 19:1-41; 20:31). Na volta da mesma viagem, passou em Mileto e encontrou-se com os presbíteros de Éfeso (At 20:17-38). Durante os anos na prisão, Paulo escreveu a epístola aos efésios. Também deixou Timóteo em Éfeso para edificar os irmãos (1 Tm 1:3).
Destas diversas referências aos efésios, podemos observar algumas coisas importantes sobre essa igreja. Desde o início, houve a necessidade de examinar doutrinas e aceitar somente o que Deus havia revelado. Assim, Áqüila e Priscila ajudaram Apolo (At 18:26); Paulo advertiu os presbíteros do perigo de falsos mestres entre eles (At 20:29-31), e orientou Timóteo a admoestar os irmãos a não ensinarem outra doutrina (1 Tm 1:3-7). A carta de Paulo aos efésios destacou a importância do amor (5:2), um tema frisado, também, nesta carta no Apocalipse.
Aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro
(1): Esta descrição de Jesus vem de 1:12-13,16,20 e mostra o conhecimento e a soberania de Jesus em relação às igrejas.
Tanto os efésios como os discípulos nas outras igrejas precisavam lembrar da presença de Jesus. Ele anda no meio das igrejas, observando o procedimento delas, e pronto para agir quando for necessário. Segurando as sete estrelas, ele demonstra seu poder e domínio.
Conheço as tuas obras (2-3): Jesus elogia várias qualidades da igreja em Éfeso:
● Labor e perseverança – Deus quer servos dedicados que não desistem (Tiago 1:4). Jesus falou da importância da perseverança diante de perseguição (Mt 10:22; Rm 5:3; Tg 1:12), observando que perseguições causam o amor de muitos a esfriar (Mt 24:10-13). Devemos perseverar na oração (At 1:14; Cl 4:2; 1 Tm 5:5), na doutrina verdadeira (At 2:42; 1 Coríntios 15:1), nas boas obras (Rm 2:7) e na graça de Deus (At 13:43). Na sua perseverança, os efésios suportaram provas e não se desanimaram.
● Não suportar homens maus – Depois de tantas advertências sobre o perigo de falsos mestres, a defesa da verdade se tornou um ponto forte da igreja de Éfeso. Homens que se alegavam ser apóstolos foram postos à prova e achados mentirosos (1 Jo 4:1). Precisamos do mesmo zelo da verdade hoje. O mundo religioso está cheio de pessoas que se dizem profetas e apóstolos. Devem ser avaliadas conforme a palavra de Deus. Pessoas que alegam trazer novas revelações são mentirosas (Gl 1:8-9; 1 Co 13:8; Judas 3). Os apóstolos eram testemunhas oculares de Jesus ressuscitado ( At 1:22; 1 Co 15:8-9). Aqueles que se chamam apóstolos, hoje em dia, são falsos mestres. Não devemos suportá-los.
Tenho ... contra ti (4): O problema dos efésios não foi uma questão de doutrina correta, mas de amor. Abandonaram o seu primeiro amor. Esqueceram dos grandes mandamentos que formam a base para todos os ensinamentos de Deus (Mt 22:37-40). Paulo instruiu os efésios sobre a importância do amor como alicerce da vida do cristão (Ef 3:17; 4:2,16: 5:2; 6:23). Não devemos distorcer esta advertência para criar um conflito entre o amor e a verdade. Podemos defender a verdade, como os efésios fizeram e, ao mesmo tempo, praticar o amor. Foi exatamente isso que Paulo pediu aos efésios: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4:15).
Lembra-te, arrepende-te e volta (5): Jesus pede três respostas dos efésios:
1. Lembra-te, pois, de onde caíste: Não foram as alfarrobas dos porcos que levou o filho pródigo ao arrependimento; foi a lembrança da casa do pai. Para os efésios se arrependerem, teriam que lembrar da comunhão com Deus que deixaram para trás. Para permanecer fiéis, a presença de Deus precisa ser a coisa mais preciosa na nossa vida. Uma vez que caímos, é necessário desenvolver novamente o amor para com ele.
2. Arrepende-te: O arrependimento é a mudança de atitude.
Quando decidimos deixar o pecado e fazer a vontade de Deus, nós nos arrependemos. O pecador precisa se arrepender antes de ser batizado para perdão dos pecados (At 2:38). O cristão que tropeça precisa se arrepender e pedir perdão pelos seus pecados (At 8:22). Aqui, uma igreja cujo amor esfriou-se precisa se arrepender.
3. Volta à prática das primeiras obras: A mudança de atitude (o arrependimento) produzirá frutos (Mt 3:8).
Pelas obras, a pessoa arrependida mostrará a sinceridade da sua decisão. A igreja em Éfeso precisava voltar à prática do amor.
Se a igreja não se arrepender, Jesus removeria o seu candeeiro. Eles não permaneceriam na abençoada comunhão com o Senhor.
Odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio (6): Mais um ponto a favor, reforçando o elogio dos versículos 2 e 3. Os nicolaítas são mencionados somente aqui e na carta à igreja em Pérgamo (15). Não sabemos a natureza precisa do seu erro, mas sabemos que era abominável a Deus. Neste ponto, os efésios odiavam o que Deus odiava. Nós devemos fazer a mesma coisa, sendo amigos do bem (Tito 1:8) e detestando o mal (Salmo 97:10).
Quem tem ouvidos, ouça (7): Freqüentemente, Jesus chama os ouvintes a ouvirem a sua mensagem (Mt 11:5; 13:9,43;.). O problema de um coração teimoso se reflete nos ouvidos tapados que recusam ouvir a verdade (Mt 13:15). Os efésios provaram aqueles que falavam, agora eles seriam provados pela maneira de ouvirem.
O Espírito diz às igrejas (7): Jesus transmitiu a sua mensagem por meio dos anjos das igrejas (2:1,8,12,18; 3:1,7,14), mas o Espírito, também, participa da revelação (1:4) e da recompensa dos fiéis.
Ao vencedor ... árvore da vida ... paraíso de Deus (7): A recompensa aguarda os vencedores que perseveram no amor e na verdade. Aqueles que desistem, abandonando para sempre o seu amor, não receberão o galardão. Jesus descreve a comunhão com Deus em termos que nos lembram do jardim do Éden. Por causa do pecado, o homem foi expulso do jardim em que Deus andava (Gn 3:22-24,8). Aqueles que andam com Deus têm a esperança da vida no paraíso do Senhor.
III. Os problemas em Éfeso
Teatro de Éfeso (capacidade para cerca de 24.000 pessoas).
1Tm 1
A pregação de Paulo havia sido muito bem aceita em Éfeso e nos seus arredores (At 19; "A cidade de Éfeso"). Muitas igrejas cristãs haviam surgido como que do dia para noite. E Paulo logo percebeu que essas igrejas eram vulneráveis ao ataque de falsas doutrinas (At 20.29-30). Dez anos depois, seus temores se haviam confirmado. Lendas judaicas apócrifas e genealogias (4) estavam sendo usadas como base para ensinamentos estranhos. Era um enfoque errado no uso da lei do AT, e Timóteo devia impedir a propagação dessas idéias. A mensagem cristã deve resultar em especulação. Parece que sempre é mais fascinante discutir sobre assuntos obscuros do que viver a vida cristã.
Paulo já era cristã havia mais de 30 anos. Tinha viajado, pregando o evangelho, ao longo de 20 anos. Porém jamais esqueceu que no passado estava determinado a destruir essa "seita" (13; At 8.13; At 9). Jamais deixou de se maravilhar com o fato de Deus usar um homem como ele para a sua obra. É ótimo o conselho de Paulo: "Conserve a sua fé e mantenha a sua consciência limpa".
Sã doutrina (10) Essa é uma ênfase frequente nas cartas pastorais. Como este versículo deixa claro, esse "verdadeiro ensinamento" inclui não apenas o que se deve crer com base no evangelho pregado pelos apóstolos, mas também a manifestação dessa fé numa conduta cristã.
As profecias (18) A indicação (dada a Paulo ou recebida quando Timóteo foi comissionado) de que Deus havia escolhido Timóteo para aquela tarefa.
Entreguei a Satanás (20) Não sabemos exatamente o que isso significa - 1Co 5.5.
1TM 2: Homens e mulheres na igreja
A oração é de suma importância. Isto inclui oração pelas autoridades, para que os cristãos levem vida pacífica que lhes permita concentrar-se na propagação das boas novas para todos, como Deus quer (4).
Na assembléia, os homens devem orar, sem ódio e sem brigas. As mulheres cristãs devem se preocupar com a conduta, e não com as roupas, e não devem ter autoridade sobre os homens. A mensagem cristã elevou o status das mulheres (Gl 3.28). Mas Deus não queria que elas assumissem o controle de tudo. Homens e mulheres são iguais diante de Deus, mas seus papéis não são idênticos. Neste caso, Paulo não estava, de forma arbitrária, escolhendo as mulheres para uma censura especial. Ele está sendo imparcial, pois corrige abusos no culto, cometidos por tanto por homens briguentos como por mulheres usurpadoras e despreparadas. (Nada do que Paulo diz aqui proíbe as mulheres de colocarem em prática os dons que receberam de Deus para o serviço).
V.15 Paulo jamais teria feito da maternidade o meio de salvação da mulher (compare com o v. 5)! O pensamento pode ser uma continuação dos vs. 13-14, ou seja, embora a mulher tenha sido a primeira a pecar, foi através dela que nasceu o Salvador. Ou o significado pode ser que ela ficará a salvo ou protegida ao dar à luz. Paulo claramente esperava que as mulheres cristãs se casassem e tivessem filhos.
1Tm 3: Os líderes da igreja
Paulo costumava nomear vários presbíteros em cada igreja, para a função de liderança (At 14.23). (A palavra grega epískopos, traduzida "bispo", significa, literalmente "supervisor".) "Supervisionar" o que acontecia era uma das funções dos presbíteros. Estes, por sua vez, eram auxiliados pelos "assistentes" ("diáconos", 8).
A lista de qualificações para esses líderes, elaborada por Paulo, é bem razoável. Eles devem ser homens que têm controle de si mesmos e de suas famílias, deram provas de fidelidade cristã e são respeitados pelos de fora. Timóteo não era, por natureza, uma pessoa que tinha facilidade de se impor. Ter em mãos um texto com a autoridade de Paulo era quase tão bom quanto ter a presença do próprio apóstolo ali em Éfeso (14-15).
Mistério (9) O segredo de Deus revelado em Jesus Cristo. A fé cristã foi dada por Deus, não inventada por pessoas.
V. 11 "Mulheres" ou "esposas": a palavra grega pode ter os dois significados, dependendo do contexto. Aqui não fica claro se Paulo quis dizer diaconisas ou esposas dos diáconos.
V. 16 Paulo aparentemente está citando um hino cristão.
1Tm 4: Os falsos mestres - e os verdadeiros
A fonte última das falsas doutrinas é o próprio Satanás, o Inimigo. Elas são promovidas por aqueles que têm a consciência cauterizada. Proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos - coisas que Deus criou para o nosso bem. Afirmam que seu pensamento é super cristão, quando, na realidade, é sub cristão.
1Tm 5.1-6.2: Como lidar com pessoas na igreja Timóteo, como mestre verdadeiro, devia deixar isso claro. E não só com palavras. Toda a sua vida devia mostrar o que ele ensinava aos outros. Assim, devia deixar a verdade moldar a vida dele (6); tinha que estar sempre espiritualmente preparado (7-8). Devia ter constante cuidado de si mesmo e da doutrina. Os mais velhos talvez não reconhecessem sua autoridade, porque Timóteo era jovem. No entanto, o caráter cristão se impõe em qualquer idade.
5.1-2: O conselho de Paulo é sábio: trate os outros como se fossem a sua própria família (1-2).
5.3-16: Viúvas que não têm como se sustentar merecem cuidado especial. Sua sorte não era nada invejável. Na época de Paulo, havia alguma distribuição de alimentos em Roma e alguns outros lugares, mas nenhuma forma de previdência social organizada pelo Estado. A igreja logo percebeu as necessidades e aceitou sua responsabilidade (At 6.1). Mas logo isso se tornou um problema considerável, e nem todos os casos tinham a mesma gravidade. A regra de Paulo é que a igreja deve reservar sua ajuda àquelas que não têm ninguém para cuidar delas. Deve colocar na lista apenas viúvas de mais idade, de bom caráter cristão, e dedicadas ao serviço cristão. As mais jovens devem se casar outra vez. E sempre que possível as viúvas devem ser amparadas por seus próprios parentes. Na cidade em que a deusa Diana era servida por inúmeras prostitutas, a reputação das mulheres que serviam a Cristo devia ser irrepreensível.
5.17-22,24-25: Os anciãos devem ser escolhidos com cuidado, tratados com respeito, e pagos por seu trabalho. Eles são facilmente alvo de falsas acusações. Timóteo devia ter o cuidado de ser justo em situações assim.
O v. 23 é uma observação parentética de caráter pessoal. Sem dúvida, Timóteo tinha problemas de saúde e precisava se cuidar.
6.1-2: Como cristãos, os escravos eram pessoas livres; no entanto, não deviam manchar o nome de Cristo, desrespeitando os seus donos ( Ef 6.5-9; Fm).
5.9 O grego significa, literalmente, "mulher de um só homem".
5.22 "Impor as mãos" significa comissionar para o serviço cristão.
5.23 Um bom conselho médico na época; o vinho neutralizava algumas das impurezas prejudiciais que havia na água.
1Tm 6.3-21: "Combata um bom combate da fé"
O assunto das falsas doutrinas volta à tona. Os vs. 3-5 nos dão uma descrição sombria daquilo que Timóteo tinha que combater na igreja: questões, contendas de palavras, discussões sem fim. O "conhecimento" (gnosis, 20) superior reivindicado por essas pessoas viria a se transformar numa heresia mais ampla, chamada de "gnosticismo", cujos adeptos achavam que podiam descartar algumas das verdades cristãs fundamentais, inclusive a verdadeira humanidade de Cristo.
Alguns pensavam que a religião era um meio de enriquecer (5). E os cristãos são ricos - mas não de dinheiro. O dinheiro em si não é mau, mas o desejo de ter sempre mais é fonte de todos os tipos de males. Os cristãos ricos (17-19) avaliam sua riqueza em termos de prontidão para repartir e de boas ações praticadas a favor dos outros.
Como homem de Deus, Timóteo devia fugir das armadilhas do dinheiro. Fé, amor, perseverança e bondade deviam ser seus alvos no "bom combate da fé". Um dia Jesus voltará em glória: a vida deve ser vivida à luz desse fato.
A raiz (10) São mais adequadas as traduções que dizem "uma raiz", "raiz" , "uma fonte" .
Vs. 15-16 O estilo dessa doxologia é bem judaico. É possível que Paulo tenha se baseado numa formulação usada nas sinagogas.
IV. O pano de fundo da Igreja de Éfeso
Estrada romana de Éfeso
Éfeso (Gr. Ἔφεσος; Lat. Ephesus), significa “desejável’’. Cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor, província de Esmirna, atual Turquia. Foi por muitos anos a segunda maior cidade do Império Romano, com uma população estimada em cerca de 250 000 habitantes já no século I a.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época. A cidade era célebre pelo Templo de Ártemis, a deusa do meio ambiente conhecida como Diana pelos romanos, a deusa da fertilidade, erguido em 550 a.C., uma das Sete Maravilhas do Mundo. Éfeso, juntamente com Mileto, também na Ásia Menor, foi berço da filosofia. Arqueólogos encontraram em suas ruínas um templo dedicado à adoração ao imperador. Ali havia uma estátua de Domiciano, o imperador que exilou o apóstolo João na ilha de Patmos e perseguiu os cristãos. Foi encontrado também uma inscrição em pedra (talvez erigida por ordem do imperador), que premiava Éfeso como a “mais ilustre de todas as cidades” da Ásia. É a igreja que começou bem, mas havia perdido o que lhe deu o conceito de desejável – o amor. Uma igreja sem amor é uma igreja em decadência total (1Co 13). A igreja de Éfeso foi muito bem estabelecida na doutrina apostólica. Em toda a Ásia Menor, não havia igreja mais obreira, dinâmica e ortodoxa do que a de Éfeso. O seu preparo teológico era tão sólido, que o seu pastor capacitara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam apóstolos (Ap 2.2). Éfeso era a igreja apologética (Parte da Teologia que ensina a defender a religião contra os seus detratores) por excelência. Ela destacava-se também por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela expansão do Reino de Deus. Paulo ensinou a Palavra de Deus ali, durante três anos (At 20.31). Todos os ensinos básicos lhe foram ministrados. “porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27). Pelo teor e conteúdo da Epístola de Paulo aos Efésios, observa-se que aquela igreja era espiritual. Mais saibamos que o juízo de Deus irá começar pela própria Casa de Deus (1Pe 4.17). Por isso Éfeso foi uma das igrejas que foram advertida pelo Senhor. Ela foi a igreja que João pastoreava quando foi desterrado para a solitária Ilha de Patmos, segundo a tradição Cristã dos primeiros séculos e de onde, talvez, tenha sido escrito o Evangelho de João.
V. Éfeso, uma Igreja única
1. Paulo em Éfeso. O Evangelho chegou a Éfeso, a mais notável metrópole da Ásia Menor, durante a segunda viagem missionária de Paulo (At 18.19). Mas a igreja só viria a florescer entre os efésios a partir da terceira viagem do apóstolo. A chegada do Reino de Deus à cidade foi acompanhada por um grande avivamento. Houve batismos com o Espírito Santo, curas divinas e não poucas conversões (At 19).
2. A solidez doutrinária de Éfeso. O preparo bíblico e teológico de Éfeso era singular. Afinal, tivera o privilégio de ter como pastor, durante três anos, o maior teólogo do Cristianismo (At 20.31). Durante esse tempo, Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20.27). Pode haver um curso bíblico mais completo? E a epístola que o apóstolo lhes enviou? (Ef 1.1-5). Aqueles cristãos doutoraram-se na Palavra de Deus.
3. Uma igreja de ministros excelentes. Além de Paulo, a igreja em Éfeso foi pastoreada, também, por Timóteo e Tíquico. Dizem alguns estudiosos que o seu púlpito teria sido ocupado, ainda, por João, o discípulo amado. Os obreiros que por lá passaram eram de comprovada excelência. Que outra igreja, excetuada a de Jerusalém, desfrutou de mais privilégios? No entanto, conforme já dissemos, havia um sério problema com Éfeso.
A solidez doutrinária denotava a singularidade da igreja de Éfeso.
VI. O problema da Igreja de Éfeso
1. Um grave problema. Sim, havia um sério problema com a igreja em Éfeso. A sua lua de mel com o Senhor Jesus havia chegado ao fim. E ela não o percebera. Já não se lembrava do amor — primeiro e belo — que dedicara ao Cordeiro de Deus. Não agira assim Israel em relação a Jeová? (Jr 2.1-13). No entanto, não podemos evitar a pergunta: Se ela foi, de fato, pastoreada pelo discípulo do amor, como veio a esquecer-se, justamente, do primeiro amor?
2. O primeiro amor. Não sei como definir o primeiro amor, mas posso senti-lo. Para mim, é a alegria da salvação que o salmista temia perder (Sl 51.12). Sim, uma alegria que nos impulsiona a declarar toda a nossa afeição a Deus: “Amo o Senhor” (Sl 116.1). O primeiro amor é o enlevo que, no início, fez com que os efésios vivessem nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Ef 1.3). É também a disposição que leva o obreiro a semear, num misto de lágrimas e júbilo, a preciosa semente do Evangelho (Sl 126.5).
3. Amnésia do amor. Sendo o primeiro amor tão sublime e inefável, pode alguém vir a esquecê-lo? Apesar de Éfeso ainda entregar-se denodadamente à obra de Deus, não mais se entregava amorosamente ao Deus da obra. Embora teológica e biblicamente ortodoxa, já não conservava o ardor daquele sentimento que, um dia, fez a Sulamita palpitar pelo esposo: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele se alimenta entre os lírios” (Ct 6.3). Era-lhe, urgente, pois, voltar ao primeiro amor.
O grave problema de Éfeso era a amnésia do primeiro amor.
VII. Voltando ao primeiro amor
Esquecer o primeiro amor não é incidente teológico, é queda espiritual. Semelhante pecado demanda contrição e arrependimento. Por isso, o Senhor Jesus insta, junto ao pastor em Éfeso, a que volte de imediato ao primeiro amor.
1. Rica em obras, pobre em amor. Apesar de já não se lembrar do primeiro amor, Éfeso ainda era rica em obras. Aliás, o próprio Cristo realçou-lhe esta característica (Ap 2.2). No entanto, já não praticava as obras que a haviam distinguido no início da fé: o amor que santificara ao Senhor Jesus. Sim, a igreja em Éfeso era rica em obras e paupérrima em amor.
Se as obras sem a fé nada são, o que delas resta sem o amor? Até mesmo o auto-sacrifício sem amor nada é, conforme destaca o apóstolo Paulo: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Co 13.3).
2. Amar é a mais elevada das obras. Não há obra tão elevada como amar a Deus: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder.” (Dt 6.5). Há crentes que se limitam a amar as bênçãos. Há outros que, mesmo sem as bênçãos, amam o abençoador. Que belo exemplo temos em Habacuque (Hc 3.17,18).
Embora rica em obras, a igreja de Éfeso se esqueceu de que amar é a mais elevada das obras.
VIII. Lembrando-se do primeiro amor
Como voltar ao primeiro amor? A resposta vem do próprio Cristo: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5).
1. Lembrar-se de onde caiu. A Bíblia exorta-nos a lembrar-nos de Deus, porque Ele jamais se esquece de nós (Ec 12.1; Is 44.21; 49.15). O cristão, infelizmente, corre o risco de esquecer-se daquEle que se esquece somente de nossos pecados (Hb 8.12). Não é constrangedor esquecer o nome de um amigo? No entanto, se não formos diligentes, corremos o risco de não mais lembrarmos daquele amigo que é mais chegado que um irmão (Pv 18.24).
2. Voltar à prática das primeiras obras. Se Éfeso já era rica nas segundas obras, por que voltar à prática das primeiras? Nenhuma obra é completa e perfeita sem o amor. É o que poetiza o apóstolo Paulo no décimo terceiro capítulo de sua Primeira Epístola aos Coríntios. Leia atentamente esta passagem; medite nela e, através dela, afira o seu amor. Veja se você ainda ama o Cristo como Ele tem de ser amado. Ou será necessário que o próprio Senhor pergunte-lhe: “Amas-me mais do que estes?” (Jo 21.15).
Se não devotarmos a Cristo o primeiro amor, como haveremos de ansiar por sua volta? Talvez, o anjo de Éfeso já não almejasse o retorno do Senhor. O ativismo acabara por matar-lhe o primeiro amor e o segundo também. Era-lhe urgente e necessário, pois, não somente amar a Cristo como antes, como também amar-lhe a vinda como nunca.
3. Amar a vinda de Cristo. Assim como o Cristo ama a Noiva e suspira por sua chegada aos céus, também devemos nós, como o seu corpo místico, almejar por sua vinda: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8). Você realmente ama a vinda de Cristo? Em breve Ele voltará. Amém. Ora vem Senhor Jesus!
Lembrar-se de onde caiu é o primeiro passo para se voltar ao primeiro amor.
Sem amor não pode haver Cristianismo. Sua base é o amor primeiro e belo do início de nossa fé. Um amor que jamais deve morrer, mas renovar-se a cada manhã. Se você já não ama a Cristo como antes, arrependa-se desse pecado grave e evite que as consequências se agravem. Voltar ao primeiro amor não significa voltar à imaturidade espiritual, mas ao ardor do início de nossa fé.
Lembre-se de onde caiu. Volte imediatamente ao primeiro amor. Rogue ao Pai que o reconduza à sala do banquete, onde o Noivo está à nossa espera: “Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte em mim era o amor” (Ct 2.4).
IX. A Igreja de Éfeso ontem e hoje
"Quando João escreveu a Éfeso (Ap 2.1 – 7), ele advertiu a igreja a respeito da influência pagã e insistiu com ela para que voltasse ao seu ‘primeiro amor’. Éfeso era um grande centro comercial, muitas vezes chamado o ‘Mercado da Ásia’. O templo de Ártemis – uma das sete maravilhas do mundo antigo – estava localizada em Éfeso. No ano 262 d.C., os godos destruíram o templo e toda cidade. A cidade nunca reconquistou sua glória ou seu ‘primeiro amor’. Um grupo de bispos cristãos realizou um concílio em Éfeso em data tão tardia quanto 431 d.C., mas os árabes mais tarde atacaram a cidade, bem como os turcos, e finalmente os mongóis em 1403. Hoje seu porto marítimo é um pantanal coberto de juncos e a cidade esta desolada."
Segundo o relato de Lucas em Atos 20, quando Paulo visitou a Ásia Menor, “…de Mileto mandou a Éfeso, chamar os anciãos da igreja. E, logo que chegaram juntos dele, disse-lhes… Olhai pois por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (At 20:17, 18, 28). Quando Paulo falou essas palavras, Timóteo era o pastor da igreja de Éfeso (1 Tm 1:3) e provavelmente Tíquico tenha sido seu substituto (At 20:4; Ef 6:21; 2 Tm 4:12).
Essa Igreja recebeu duas cartas: uma de Paulo (epístola aos efésios), e outra de Cristo (à que está em foco). A primeira em 62 dC, a segunda depois de 96 d. C
“Eu sei as tuas obras e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos”.
“…os que dizem ser apóstolos”. Está em foco neste versículo os chefes gnósticos, que tinham arrogado para si o título de apóstolos de Cristo. Paulo diz que tais “…falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2 Co 11.13b). Diante dos “anciãos de Éfeso”, Paulo chamou estes de “… lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho” (At 20:29a), o que curiosamente é dito pelo Apóstolo que ocorreria após sua partida deste mundo,
Ato 20:29,”Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho”.
Podemos inferir que a invasão dos falsos cristãos na liderança da Igreja ocorreu após a morte de Paulo. Isto significa que não ocorreu imediatamente antes de 70 dC.
A igreja de Éfeso, talvez tenha sido a de maior cuidado do ministério de Paulo; O Novo Testamento diz que Paulo esteve em Éfeso levando consigo Priscila e Áquila; e deixou-os ali (At 18.19); retornou mais tarde (19.1) e desta vez permaneceu dois anos, dedicado à pregação do Evangelho. Dessa maneira, todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra sobre o Senhor Jesus, assim judeus como gregos (At 19.10). Éfeso chegou mesmo a tornar-se o centro do mundo cristão.
Para esta Igreja João escreve, “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres”. Ap 2:4,5
A situação da congregação em Éfeso ficou tão séria que o Senhor lhes pede arrependimento ou removeria deles o candeeiro – infelizmente essa ameaça de Jesus logo se tornou realidade. A igreja de Éfeso, que se encontrava onde hoje é a Turquia, desapareceu e não há praticamente mais nada que a lembre. No lugar onde antes brilhava a luz do Evangelho por meio da igreja local de Éfeso hoje se proclama o islamismo. Onde antes havia o “candeeiro” da Palavra de Deus, hoje estão os pináculos das mesquitas islâmicas. Cumpriu-se a profecia de Paulo.
Quando o Apóstolo João escreveu aos Efésios?
Permita-me o leitor fazer aqui alguns cálculos para que se tenha idéia do absurdo proposto pela teologia preterista: Segundo eles, o capítulo 18 de Apocalipse descreve a destruição final da cidade de Jerusalém. Isso nos levaria a concluir que, pelo menos, os capítulos de 1 a 18 foram redigidos por um João apressado e desesperado, antes de 70 dC, lhe dando uma margem de tempo curtíssimo para entregar o aviso a todas estas congregações, bem longe da ilha de Patmos, lá em território romano, na Ásia Menor.
O que quero esclarecer, considerando todos estes detalhes, é que devemos trazer a escrita e termino do Livro de Apocalipse até 68 dC. Sendo assim, temos que procurar uma data anterior para encaixar os registros às sete Igrejas da Ásia, o que seria justo localizar o tempo da redação dessas cartas em pelo menos seis anos antes da destruição de Jerusalém, o que significa algo, no máximo, em torno de 63 dC – Os cálculos estão sendo feitos usando a cronologia dos preteristas. E mais, João não pode ter sido exilado em Patmos antes de 60 dC, pois se algumas dessas Igrejas nem existiam nessa ocasião ele não tinha que escrever-lhes cartas de advertência nenhuma. Portanto, e tendo por base as datas do preterismo, João escreve sua carta aos Efésios não mais tarde que 63 dC.
Paulo viveu em Éfeso durante dois anos (At 19:10) sendo que nesse tempo a igreja recebeu orientação pessoal direta das mãos do apostólo. Éfeso era o lugar onde esta registrado que Paulo fazia milagres extraordinários, alguns tão importante que até a roupa que ele usava, quando foi posta em contato com os enfermos, os curaram.
A melhor evidência que temos sobre a execução de Paulo é em cerca de 67 dC, sob o reinado de Nero. A cidade de Roma teria sido queimada, e Nero, ansioso para culpar os cristãos, e assim diminuir a culpa de si mesmo, decapitou Paulo.
Hoje a cidade romana esta para visitação Pública com um imenso parque arqueológico, com ruas e prédios de mármore, Biblioteca, Ginásio e anfiteatro. A grandiosidade do Porto ainda está ali, com o Mar afastado alguns kilometros.
Até os anos 500 d.C. Éfeso continuou sua trajetória e importância, mas devido aos pântanos existente ao seu redor a população foi vítima de Malaria, e aos poucos a cidade foi abandonada. A maioria de suas esculturas foram levadas para Constantinopla e no século XIV os turcos levaram embora seus últimos habitantes. Surgiu a três kilometros da antiga Éfeso a cidade de Selçuk.
X. Conclusão
Para a igreja de Éfeso, que tinha perdido o primeiro amor, a chama que foi apagada e que precisava ser acesa novamente era a que chamamos O Espírito do Senhor (Is 11: 2). O Espírito do Senhor é o próprio Espírito de Deus em nós, mantendo Sua chama de vida no nosso espírito, fazendo-nos existir e realizar Sua obra na terra. Com o Espírito Santo podemos realizar o que Jesus realizava: pregar boas novas, curar os enfermos da alma e do corpo, libertar os cativos do diabo e levar alegria. Nós o recebemos no momento da nossa conversão. Is 61: 1-3 diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados, a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória”. O Espírito do Senhor nos faz sentir coragem, assim como a força e o poder de Deus em ação de milagres, libertação e cura.
Assim, Éfeso necessitava recordar de tudo o que sentiu ao iniciar a obra de Deus, quando seus membros experimentaram o verdadeiro avivamento; precisavam retomar novamente esta postura.
Em breve estaremos de volta dando sequencia a esta série.
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