terça-feira, 6 de julho de 2021

Série : As guerras na Bíblia e a batalha espiritual ( P. 2) O início da batalha entre as duas sementes

  Por: Jânio Santos de Oliveira


     Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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 Email janio-estudosdabiblia@bol.com.br








Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!



Pregação sobre como vencer a Batalha Espiritual na Mente ...



Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra nos textos de Gênesis 3.15  que nos diz: 



Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”(Gn 3.15)


Estamos de volta, dando sequência a série de conferências que contém o seguinte tema:

Série de conferências  "As guerras na Bíblia e a batalha espiritual"
Introdução

I. A origem da batalha se dá no reino angelical

1. Quem é o Diabo?
2. A origem do diabo
3. A origem do mal no mundo

II. O início da batalha entre as duas sementes

1. A queda do homem
2. A tentação
3. O pecado
4. A consequência
5.Onde o Diabo está?
6. O que o Diabo sabe?
7. O que o Diabo pode fazer?
8. O Diabo e os demônios
9. O que o Diabo quer?
10. A verdade e a mentira
11.  Como vencer o inimigo dentro de nós
12. Quem deva dominar a nossa mente?


III. As guerras representativas nos dias de Moisés

1.Israel x Amaleque
2. Israel x Balaque rei dos moabitas
3. Deus ordena a destruição de todos os moradores de Canaã

IV. As guerras representativas nos dias de Josué

1. Conhecendo melhor os cananeus e os seus costumes
2. Conhecendo um pouco da vida do comandante Josué
3. A destruição de Jericó
4. A vitória dos Judeus dependia da sua obediência a Deus
5.Josué socorre de Gibeão e derrota diversas Nações pelo Senhor
6. Deus ajuda a Josué a destruir uma confederação de reis

V. As guerras representativas nos dias dos Juízes

1.As conquistas e as negligências dos Judeus, e o cativeiro.
 2.  A negligência de Israel e o livramento de Deus por meio de Otniel
3. A Opressão de Cusã-Risataim e a Libertação Efetuada por Otniel.
4. A Opressão de Eglom e a Libertação Efetuada por Eúde. 3:12-30.
5. Deus usa a profetisa Débora como Juíza  para dar livramento a Israel diante  do rei de Hazor
6. Deus derrota os midianitas por meio de Gideão
7. Deus dá livramento a Israel através de Jefté

VI. As guerras representativas nos dias de Samuel

1. A batalha dos deuses (Deus X Dagom)
2. Davi vence Golias, numa batalha representativa

VII. As guerras representativas dos reis de Israel

2. Deus concede vitória ao rei Josafá
3.Deus concede vitória ao rei Amazias
4. Deus concedeu uma grande vitória ao rei Ezequias

VIII. Como vencer a batalha espiritual

1. O que Bíblia diz sobre a Batalha Espiritual !
2. A batalha espiritual na Bíblia
3. O papel do crente na batalha espiritual


Neste segundo seguimento falaremos sobre :



. O início da batalha entre as duas sementes








“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.”(Gn 3.15)

Estas palavras são ditas por Deus à serpente, que é satanás por ocasião em que este induziu Adão e Eva ao pecado. Em partes, vejamos o significado delas:
“Porei inimizade entre ti e a mulher”
Nestas palavras Deus está afirmando que deverá de existir inimizade permanente entre satanás (“ti”) e a mulher (raça humana)
“Entre a tua descendência e o seu descendente”
Estas palavras são uma repetição da afirmação anterior de Deus, ou seja, que a inimizade estará estabelecida entre todos os que estão sujeitos a satanás (“tua descendência”) e o descendente da mulher que, neste caso, é Cristo.
Vários textos do Novo Testamento apontam para Cristo como o descendente da mulher (Gl 4.4, ). Além disso, na seqüência de Gn 3.15, é dito que o descendente da mulher iria esmagar a cabeça da serpente. E isto, quem fez, foi Cristo. Cristo é quem derrotou as satanás quando ressuscitou dentre os mortos. ( Jo 12.31; At 26.18; Rm 5.18, 19; Hb 2.14; Ap 12.1, 7)

“Este te ferirá a cabeça”
Estas palavras apontam para o descendente da mulher (este), que, como já vimos, é Jesus. Jesus ferirá, como de fato feriu, a cabeça da serpente (satanás). Isto aconteceu quando Cristo completou a sua obra de redenção, salvando os pecadores e ressuscitando dentre os mortos. Os textos bíblicos acima indicados, mostram isso.
“E tu lhe ferirás o calcanhar”
Aqui Deus conclui a sentença, dizendo que satanás (tu), representado na serpente, iria ferir o calcanhar do descendente da mulher (lhe), Jesus. Isto é uma referência à crucificação de Jesus. Foi necessário que Jesus fosse crucificado, mas isto, comparado com a sua ressurreição, é apenas um ferimento no calcanhar. Note bem a diferença: cabeça e calcanhar. Um ferimento no calcanhar nunca tem as conseqüências que o tem ferimento na cabeça. Aliás, no calcanhar é um ferimento, mas na cabeça da serpente, é um “esmagar”, conforme registram os textos do Novo Testamento (Rm 16.20). E, cabeça, aqui, representa o poder. É o poder de satanás que Cristo derrotou na sua ressurreição.

Esta foi a primeira profecia bíblica; ela serviu para marcar o início de um guerra que não iria terminar a não ser à luz da eternidade.
Todas as guerras e disputas travada entre a Nação de Israel e as demais Nações iria divisar entre: 
  • O santo e o profano; 
  • O bem e o mal; 
  • O céu e o inferno; 
  • Os bodes e as ovelhas; 
  • Os filhos de Deus e os filhos dos homens;
  •  Deus e o Diabo.




Após Satanás ter sido expulso dos céus e lançado à terra, em um determinado momento da história, Deus criou um outro ser que, não somente o glorificaria, mas que também seria a própria imagem da sua glória (2 Co 3.18). Deus criou o homem, à sua imagem e semelhança (Gn 1.26-27).6 Razão mais do que suficiente para que Satanás odeie o ser humano, e faça de tudo para destruí-lo (Jó 1.6-11).

1. A queda do homem

O primeiro passo que Diabo deu nessa direção foi logo no início, no Éden, onde Deus colocou o homem e o autorizou a se alimentar livremente de todas as árvores, menos uma, aquela que lhe causaria a morte (Gn 2.15-17). E foi dessa árvore, por influência do Diabo, que o homem comeu.

Parece absurdo a estupidez do ser humano, desobedecer a única proibição feita por Deus e que visava o seu próprio bem. Mas é interessante observar como isso aconteceu, e as motivações por trás da queda do homem.

2. A tentação

Quando o Diabo questiona Eva, ele diz: “vocês não podem comer nenhum fruto das árvores do jardim?” (Gn 3.1). Ele na verdade está sondando Eva para ver qual era o entendimento que ela tinha sobre a proibição. Quando Eva acrescenta algo à ordem de Deus “não podemos nem tocar” (Gn 3.3), o Diabo percebe uma vulnerabilidade e acusa Deus de estar mentindo.

Ele diz: “certamente vocês não morrerão” (Gn 3.4) e acrescenta “Deus sabe que no dia em que comerem da árvore, seus olhos se abrirão e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.5). O Diabo não só disse que eles não morreriam, como também disse que na verdade eles seriam como Deus, ou seja, com o mesmo pecado com que ele foi seduzido, ele tentou o homem, que também pecou.

3. O pecado

Quando Eva viu que o fruto parecia agradável ao paladar, atraente aos olhos e desejável para dar entendimento, comeu (Gn 3.6). Afinal, se ela seria como Deus, já não haveria mais motivo para dar satisfação ao seu Criador (1Tm 2.14). Deu do fruto para Adão, que também comeu. O homem preferiu acreditar na promessa do Diabo, ao invés de confiar em Deus (Rm 6.16).

4. A consequência

O interessante é que em um primeiro momento, parecia até que o Diabo tinha razão, afinal eles comeram da árvore e não morreram (Gn 3.7). Porém, o pecado trouxe a morte espiritual (Rm 6.23a), a separação entre o homem e Deus (Is 59.2) e, como consequência futura, a morte física (Gn 3.19) – é o mesmo que acontece quando retiramos uma folha da árvore, ela deixa de receber a seiva e, com o tempo, seca e morre.

Com o pecado, o homem não só morreu espiritualmente (Ef 2.5) e foi expulso da presença de Deus (Gn 3.22-24), como também transferiu o direito legal de posse da terra ao Diabo (Lc 4.5-8).

A partir da queda, toda a descendência de Adão, que inclui eu e você, nasceu separada de Deus (Rm 3.23), a semelhança de Adão (Gn 5.3, 1Co 15.49). Sim, nós nascemos pecadores (Rm 5.19, Gn 8.21) em um mundo governado pelo Diabo (1Jo 5.19, Jo 12.31). Todo mal que habita em nós é fruto da desobediência de um único homem (Rm 5.12, 1Co 15.21-22), mas que nos representava.

A culpa foi de Adão, foi de Eva e foi do Diabo, mas hoje ela também é minha e sua (Rm 3.12, Ec 7.20). Somos tentados e pecamos por causa do nosso próprio mau desejo (Tg 1.14-15, Mc 7.21-22). Mas, com toda certeza, o Diabo colabora muito para que isso aconteça.

E para entender como ele faz isso, é fundamental conhecer o que a Bíblia diz sobre a situação atual do Diabo: onde ele se encontra, o que ele sabe e o que ele pode fazer.


5.Onde o Diabo está?

O entendimento popular é de que o Diabo se encontra no inferno, rodeado por demônios. E de fato a Bíblia ensina que o destino do Diabo é o castigo eterno no inferno (Mt 25.41), porém, deixa claro que ele não está lá agora (Jó 1.7, Mt 4.1, 1Ts 2.18, Mc 4.15), mas que na verdade ele circula pela atmosfera e atua nas “regiões celestiais” (Ef 6.11-12), sendo chamado de “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.1-2). Contudo, isso não significa que ele seja onipresente, que possa estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.

6. O que o Diabo sabe?

O Diabo também não é um ser onisciente, ele não sabe todas as coisas (Pv 21.30). Entretanto, trata-se de um ser milenar, que conhece a Bíblia (Mt 4.6) e acompanha a história da humanidade desde o início (1Jo 3.8).

O Diabo raciocina, pensa, age e aprende novas formas de deturpar a verdade (2Co 11.3), a fim de enganar e manipular o homem (1Tm 3.7, Ef 6.11). E, mesmo não tendo acesso aos nossos pensamentos (1Co 2.11), através do que fazemos e do que falamos (1Pe 5.8-9), ele conhece nossas inclinações, fraquezas e desejos.

7. O que o Diabo pode fazer?

Apesar do Diabo ser muito poderoso (Jd 1.9), ele também não é onipotente, existem coisas que ele não pode fazer (Tg 4.7). Aliás, ele só pode agir dentro do limite estabelecido por Deus (Lc 22.31, Jó 2.6); e a permissão que Deus concede ao diabo envolve questões complexas, que geram certos questionamentos. Dentre eles, o principal é: por que Deus ainda permite que o diabo continue praticando o mal no mundo?

A resposta não é tão simples, pois envolve a soberania, a justiça, a eternidade e a onisciência de Deus (Ap 1.8, Gn 18.25, Sl 139.1-6,16). Neste momento, o Diabo está colocando em prática toda a maldade que, antes da queda, era apenas uma intenção. Deus já julgou e condenou o Diabo (Jo 16.11), não pela intenção, mas pelo que ele fez (Hb 4.13). Para nós, que estamos limitados pelo tempo, o Diabo ainda está fazendo (Mt 8.29), mas para Deus, ele já fez (Ap 20.10). Para nós será, mas para Deus, é (Ap 1.8).

8. O Diabo e os demônios

Mas, se o diabo não é onipresente, nem onisciente e nem onipotente, como ele pode conhecer detalhes da vida de cada ser humano que vive sobre a terra?

Bom, a resposta está na existência dos demônios. Ao que tudo indica, os anjos que caíram com Satanás, agora são demônios que atuam debaixo do seu governo (Mt 12.24-26, Ap 12.7). Inclusive, assim como no caso dos anjos, também existe uma hierarquia entre os demônios, alguns menos outros mais poderosos (Cl 2.15, Mt 17.21, Mt 12.43-45).

A verdade é que os demônios são tão numerosos (Lc 8.30), que multiplicam a presença do Diabo, dando a impressão dele ser praticamente onipresente. Dessa forma, tanto o conhecimento que ele tem à respeito de nós, quanto sua capacidade de agir contra nossas vidas também se multiplica (Ef 6.12).

Já a forma de atuação dos demônios é a mais variada possível, podem tanto trabalhar na base da influência, através de pequenas sugestões (1Cr 21.1), como até mesmo possuir o corpo de uma pessoa (Lc 22.3, Mc 1.23-26, Lc 9.38-42), causar enfermidades (Lc 13.11), curar enfermidades para produzir o engano (2Ts 2.9), induzir comportamentos (At 5.3, Mt 16.23), oprimir (At 10.38), e até mesmo matar uma pessoa (Mt 8.28). Tudo isso, preferencialmente de maneira oculta, para que nem mesmo a pessoa afetada saiba que está agindo sob a influência de um ou mais demônios.

Para cada situação o Diabo tem uma legalidade, ou seja, uma permissão específica para agir (Ef 4.26-27). Contudo, sua principal estratégia sempre será a de permanecer em oculto (2 Co 11.14-15) e induzir o homem ao pecado (Mt 4.9).

E aí você pode se perguntar: o que o Diabo ganha com tudo isso? Qual o objetivo dele?

9. O que o Diabo quer?

Primeiro, é importante lembrar que ele é homicida, odeia o ser humano (Jo 10.10) e tem prazer em nos causar sofrimento (Lc 13.16). E segundo, que ele já está condenado e lhe resta pouco tempo (Ap 12.12). Sendo assim, todo seu esforço está em levar o homem para a mesma condenação: a eternidade no inferno (Ap 20.10).

A principal forma de atuação e influência do Diabo sempre foi, e sempre será, através do engano (Ap 12.9), fazendo com que o homem continue pecando contra Deus (Sl 115.3.8, Hb 3.13). Não existe nenhum outro ser no universo que supere o Diabo na arte de convencer as pessoas a acreditarem na mentira (2Ts 2.8-12) e desprezarem o conhecimento da verdade (2Tm 2.25-26), ou seja, desprezarem o conhecimento bíblico (Mt 22.29, Jo 17.17).

10. A verdade e a mentira

Uma vez que entendemos que a Bíblia é a completa Palavra de Deus e fonte de toda verdade (2Tm 3.16-17), ela se torna o único livro no mundo, capaz de revelar de forma segura, todas as mentiras do Diabo (Jo 8.32).

Por essa razão, sua estratégia é fazer com que o homem não leia a Bíblia (Sl 119.160). Caso ele a leia, é fazer com que não a entenda (Jo 5.39). Caso ele a entenda, é fazer com que não creia (Jo 3.36). Caso ele creia, é fazer com que ele não a coloque em prática (Tg 2.26, Lc 6.49).

Para cada um desses estágios ele se utilizará de uma mentira diferente (Lc 8.11-14). Existem mentiras que apontam para uma direção totalmente oposta da verdade (Jd 1.4), negando inclusive a própria existência do Diabo, mas também existem mentiras muito próximas da verdade, sendo até mais perigosas (Gl 1.6-9, At 16.17-18).

Muitas vezes o Diabo nega uma mentira com outra mentira, para que essa segunda mentira pareça verdade. Para promover o engano, ele apresenta algo ruim, com aparência de bom (Mt 7.15, Mt 24.24), mas mantém algo ruim com aparência de ruim (Rm 1.29-32), fazendo com que o homem pense estar no caminho certo, quando na verdade permanece no caminho errado (Pv 16.25).

Lembre-se, a ação do Diabo é através da mentira (Jo 8.44)! Ele mente sobre a possibilidade de arrependimento que ele não tem, mas que nós temos (At 3.19)7. Ele mente sobre a salvação pela fé (Ef 2.8), mente sobre o perdão de Deus (Ef 4.32), sobre a ressurreição dos mortos (1Co 15.12-17), sobre o juízo de Deus (Mt 25.46), sobre a Vida Eterna (Jo 6.40). Ele mente sobre tudo (1Jo 2.21-22)!

Não é aparecendo com chifre, rabo e tridente, que o Diabo promove o engano (2Co 11.14), afinal, quem adora uma imagem do demônio sabe muito bem o que está fazendo, agora, quem adora uma imagem de um ser celestial, este sim, através do engano, pode estar adorando ao Diabo (Ap 9.20, 1Co 10.19-21).



Por causa do pecado, nossa condição natural já é de condenação (Jo 3.18). O trabalho do Diabo é apenas nos manter em uma condição em que já nos encontramos (Mc 16.16, Jo 3.19). O que ele precisa é nos manter no pecado (Jo 9.39-41) e esconder de nós o amor de Deus (1Jo 4.16) e a salvação que há em Jesus Cristo (At 4.12, Hb 2.14-15).



Mas aquilo que o Diabo procura ocultar, Deus, em sua infinita sabedoria, já nos revelou através da Bíblia (1 Jo 5.11, Jo 14.6). Aquele que é absolutamente justo e perfeito em tudo o que faz (Sl 92.15), já julgou e condenou o Diabo (Rm 16.20), mas nos deu a possibilidade de reconciliação (Rm 5.10-11, Cl 1.21) através da fé em Jesus Cristo (At 26.18). Demonstrando todo seu amor e poder (Jo 3.16-17, 1 Co 6.14), através da morte de Jesus em nosso lugar (Rm 5.8) e da Sua ressurreição dentre os mortos (Rm 10.9). Somente Ele pode nos livrar das garras do Diabo (2 Ts 3.3, 1 Jo 5.18) e nos conduzir para a Vida Eterna (Rm 8.1-2,31-39).


11.  Como vencer o inimigo dentro de nós


Tg 4.1-10.

1 — Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2 — Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.
3 — Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
4 — Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 — Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?
6 — Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
7 — Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8 — Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
9 — Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.
10 — Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.

A epístola de Tiago é, em outras palavras, um chamado à santidade. A carta é dirigida aos cristãos do primeiro momento da história sagrada. Tiago mostra que resistir ao Diabo já era um bom começo. 



  • Devemos vencer os deleites da vida


Tiago emprega aqui uma metáfora que ainda hoje usamos em nossos debates, discussões e conversas sobre dificuldades nas mais diversas áreas da vida.

A. Guerras e pelejas

 (v.1). Há quem afirme que essas guerras e pelejas sejam uma referência às disputas internas que havia entre os judeus de Jerusalém nos levantes contra Roma. A população da Judeia estava dividida nessa época sobre a luta pela libertação do poder romano. Mas não é disso que Tiago está falando aqui. Essas palavras metafóricas são pesadas e mostram o nível das disputas entre os crentes por causas dos deleites, ou seja, os maus desejos interiores (v.2). Não se trata aqui de debates teológicos entre os mestres. A expressão “guerras e pelejas” refere-se às discussões acirradas sobre “o meu e o teu”, e isso é muito grave.

B. Os deleites.

 Ou maus desejos que eram a motivação dessas pelejas: “dos vossos deleites” (v.1). O termo “deleites” (vv.,3) é hedoné que aparece cinco vezes no Novo Testamento para descrever deleites ou prazeres ilícitos (Lc 8.14; Tt 3.3; Tg 4.1,3; 2Pe 2.13). Originalmente significava o prazer experimentado pelo sentido do paladar, posteriormente por meio dos outros sentidos e da mente; no período helenista, o conceito se restringiu ao significado de “gozo sensual, deleite sexual”. É a procura indiscriminada do prazer. O hedonismo permeia o pensamento pós-moderno. Hoje, qualquer esforço disciplinado ou o mínimo de sacrifício para se atingir um objetivo são tratados com profundo desgosto.

C. Cobiçosos e invejosos (v.2).

 Esse homicídio não é literal; diz respeito ao ódio, que é como homicídio aos olhos de Deus (Mt 5.21,22; 1Jo 3.15). A cobiça é o desejo excessivo de possuir o que pertence ao outro, e a inveja é um sentimento de tristeza e pesar pela alegria, felicidade e sucesso de outra pessoa. O cristão deve se contentar com o que tem (Lc 3.14; Fp 4.12; Hb 13.5). Cabe aqui ressaltar que esse ensino não é uma apologia à pobreza e à miséria, pois não é pecado desejar e buscar, de maneira lícita, tudo o que é útil à vida, desde que os nossos desejos sejam afinados com os de Deus.

D. Adúlteros e adúlteras (v.4).

 Tiago continua a linguagem metafórica usada desde o Antigo Testamento para descrever a apostasia de Israel e sua infidelidade a Javé, seu Deus. A infidelidade a Deus é em si mesma um adultério espiritual. Tiago especifica que se trata de um assunto que envolve homens e mulheres. Assim como a intimidade, o amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). A antítese segue nessa mesma linha de pensamento, pois de igual modo a infidelidade de Israel, da Igreja ou de um cristão é chamada na Bíblia de adultério espiritual, ou prostituição e fornicação espiritual (Jr 3.8; Ez 16.32; Ap 2.20).



  • Aprendendo a resistir ao inimigo


A ideia de Tiago, ao concluir essa seção da epístola, é a mesma exortação que fez o apóstolo Pedro, inspirado por Levítico 11.44; 19.2; 20.7: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.15,16).


A. Tiago apresenta a receita para resistir ao Inimigo. 

Ele mostra que o Espírito Santo está em nós (v.5), o que é confirmado em outras partes do Novo Testamento (1Co 3.16; 6.19; Ef 2.22). Na verdade, o cristianismo é a única religião do planeta que tem o Espírito Santo (Jo 14.16,17). Assim, o Espírito Santo em nós não quer um coração dividido: “É com ciúme que por nós anseia o espírito, que ele fez habitar em nós?” (v.5, Nova Almeida Atualizada ). Essa vantagem nos permite viver uma vida santa e resistir ao Inimigo. Nisso temos a ajuda de Deus, que “resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (v.6).

B. A submissão a Deus. 

Essa submissão e humildade a Deus é descrita de várias maneiras, como “resistir ao diabo” (v.7) e se aproximar de Deus; limpar as mãos, “vós de duplo ânimo” (v.8). O duplo ânimo diz respeito aos crentes indecisos e divididos em suas decisões entre Deus e o mundo (Tg 1.8). Jesus disse que ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24). As mãos são instrumentos das ações e o símbolo de toda a conduta. Para que elas sejam limpas, é necessário primeiro um coração purificado (Sl 24.4; 1Pe 1.22).

C. Os lamentos e os resultados. 

Tiago continua com as suas exortações: sentir as nossas misérias, lamentar, chorar, substituir o riso pelos lamentos, sentir angústia e nos humilhar diante de Deus (v.9). Essas exortações resultam em bênçãos, entre elas, a de que o Diabo fugirá de nós, e o Senhor nos “exaltará” (v.10). Trata-se de uma vitória completa em Cristo.




Tiago relaciona uma série de exortações que, se praticadas em conjunto, resultarão na completa resistência ao Inimigo de nossa alma. O que Deus espera de nós é que sejamos santos como Ele é santo. Resistir ao Inimigo, no contexto de Tiago, resume-se em que cada um de nós sujeitemos-nos à vontade de Deus e cheguemos-nos a Ele; e devemos ainda purificar as mãos e limpar o coração. É essa dependência de Deus que nos leva à vitória em Cristo.





12. Quem deva dominar a nossa mente?


Fp 4.4-9.

4 — Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos.
5 — Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.
6 — Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças.
7 — E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.
8 — Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
9 — O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.


Quem nasceu de novo é nova criatura, e assim a vida cristã é norteada pelo Espírito Santo. Isso significa que nós, como cristãos, não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. A presente lição é uma reflexão introspectiva sobre a nossa maneira de viver, as nossas atitudes e as nossas decisões, e se realmente Jesus é o Senhor de nosso pensamento.




  •  A importância da mente no contexto bíblico 

  Vamos estudar diversos termos nas línguas originais da Bíblia. Cada termo apresenta diferenças sutis, mas significativas.

A. A mente como faculdade psicológica. 

O Novo Testamento grego emprega o termo nous , de amplo significado, como “mente, entendimento, intelecto, pensamento, sentido” (Rm 11.34; 1 Co 2.16; 14.14; 2 Co 11.3). Na presente lição, o sentido dessas palavras é de uma faculdade psicológica que envolve compreensão, raciocínio, pensamento e decisão: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, sou escravo da lei do pecado” (Rm 7.25 — Nova Almeida Atualizada). O apóstolo Paulo está se referindo ao “eu” regenerado em contraste com a carne, sem o controle do Espírito Santo. É com essa mente cristã que desejamos a lei de Deus, ou seja, “a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2).


B. A mente como forma de pensar.

 A mente aparece também no Novo Testamento como uma maneira ou forma especial de pensar. A ideia nesse caso é de disposição e de atitude, tanto no sentido negativo: “estando cheio de orgulho, sem motivo algum, na sua mente carnal” (Cl 2.18 ) ; como positivo; “armai-vos também vós com este pensamento” (1 Pe 4.1). Assim, ter “a mente de Cristo” (1Co 2.16) significa pensar como Ele.

C. Espírito. 

O substantivo grego pneuma , traduzido geralmente por “espírito”, é usado ainda de forma metafórica como modo de ser, atitude, forma de pensar: “se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão” (Gl 6.1). É uma atitude ou modo de ser que reflete a forma como uma pessoa encara ou pensa sobre um assunto. Essa expressão é usada em contraste entre o divino e o meramente humano (Mc 2.8; At 17.16; 1Co 2.11; 5.5; Cl 2.5).

D. Coração. 

O coração aparece em toda a Bíblia como o centro da vida física, espiritual e mental; emotiva e volitiva. É a fonte de vários sentimentos e afeições, como alegria e tristeza (Pv 25.20; Is 65.14). O coração é a sede do pensamento e da compreensão (Dt 29.4; Pv 14.10). Seu uso metafórico aparece como a fonte causativa da vida psicológica de uma pessoa em seus vários aspectos, mas a ênfase especial nos pensamentos significa o “homem interior” (Mt 22.37; 2 Co 9.7; Rm 2.5). Esse sentido aparece também no Antigo Testamento: “guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23).


  •  Precisamos ter a mente de Cristo


O sentimento que norteava a vida dos irmãos filipenses era de alegria e de comunhão. É isso que deve prevalecer na vida cristã em todos os lugares e em todas as épocas.

A. O sentimento de alegria. 

“Regozijai-vos” é uma saudação grega, mas aqui Paulo exorta os filipenses e todos os cristãos à alegria. O apóstolo acrescenta: “sempre, no Senhor”. O Senhor Jesus é a fonte inesgotável de gozo e alegria, e isso dá à saudação um sentido complemente novo. Como resultado desse estado de graça está o bom relacionamento do cristão com as demais pessoas. O termo “equidade” (v.5) “compreensivo, bondoso, benigno”.A tradução pode ser entendida por “moderação”. Essa deve ser a atitude de quem tem a mente de Cristo em relação às pessoas que nos rodeiam. É o que Deus espera de todos nós. A expressão “perto está o Senhor” (v.5) diz respeito à vinda de Jesus que se aproxima (Ap 1.3; 22.10) e nos inspira a essa moderação.


B. Nossa gratidão a Deus. 

Os filipenses viviam num clima de perseguição religiosa. Paulo estava na prisão. Mas nada disso era problema suficiente para roubar a alegria dos crentes: “a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10). Mesmo nas dificuldades, quem tem uma mente guiada por Cristo não se desespera; antes, as suas petições são levadas à presença de Deus “pela oração e súplicas, com ação de graças” (v.6).

C. A paz de Deus. 

O termo noema , “pensamento, mente”, diz respeito à faculdade geral de julgamento para tomar decisões, no sentido de bem ou mal, certo ou errado. A ideia dessa palavra é de entendimento da vontade divina concernente à salvação (2 Co 10.5). Esse noema pode se corromper (2 Co 11.3) e se tornar endurecido (2 Co 3.14), a ponto de impedir a iluminação do evangelho de Cristo (2 Co 4.4). Mas a paz de Deus na vida cristã está acima de todos os bens que uma pessoa pode adquirir e sobrepuja a todo entendimento, pois vai além da razão humana. Ela excede “os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (v.7).

  • Quem domina a sua mente


Quem controla a sua mente?

 A nossa batalha espiritual passa pela maneira de viver, tomar atitudes e decisões como fruto do que domina o nosso pensamento. Se a nossa mente for permeada do Evangelho, Cristo sempre prevalecerá. Mas do contrário, o Diabo governará a vida da pessoa que se encontra longe de Deus.




Sobre ter a mente de Cristo

O nosso estado de atitude ou saúde psicológica deve ter como fundamento a “mente de Cristo”. A partir daí, o sentimento que norteava os Filipenses era de alegria e comunhão. Isso é algo poderoso que ninguém pode tirar da experiência do cristão. Uma vida com paz, gratidão e comunhão com Deus é o que todos devemos viver.
Nossas guerras espirituais não podem ser desassociadas de nossa vida cotidiana. Não por acaso, antes de iniciar seu ministério, nosso Senhor foi tentado espiritualmente na carne: pedras transformadas em pães; riquezas e poder. Se por um lado não podemos ignorar os embates espirituais que transcendem a vida material, pois essa é uma experiência bíblica real; por outro, afirmamos que enquanto estivermos no mundo nossas provações ocorrerão aqui.


Se Adão e Eva seguissem todas essas orientações , por certo que evitariam  

todas as consequências do pecado que ambos praticaram contra o seu 

criador. Com isso, evitaria o pecado em que não só eles mas todas nós 

fomos mergulhados.

Ainda bem que Jesus se manifestou para desfazer as obras do Diabo.


Em breve estaremos de volta dando continuidade a esta matéria

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