terça-feira, 6 de julho de 2021

Série: As guerras na Bíblia e a batalha espiritual (P.5 ) As guerras representativas nos dias dos Juízes

 Por: Jânio Santos de Oliveira


     Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!

A Terra Prometida": A conquista de Canaã e as doze tribos de ...

Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no livro de 
 
Juízes 3.1-10 
 
que nos diz: 







Juízes 3

1 Estas, pois, são as nações que o SENHOR deixou ficar, para por elas provar a Israel, a saber, a todos os que não sabiam de todas as guerras de Canaã.

2 Tão-somente para que as gerações dos filhos de Israel delas soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos os que dantes não sabiam delas.

3 Cinco príncipes dos filisteus, e todos os cananeus, e sidônios, e heveus que habitavam nas montanhas do Líbano desde o monte de Baal-Hermom, até à entrada de Hamate.

4 Estes, pois, ficaram, para por eles provar a Israel, para saber se dariam ouvido aos mandamentos do Senhor, que ele tinha ordenado a seus pais, pelo ministério de Moisés.

5 Habitando, pois, os filhos de Israel no meio dos cananeus, dos heteus, e amorreus, e perizeus, e heveus, e jebuseus,

6 Tomaram de suas filhas para si por mulheres, e deram as suas filhas aos filhos deles; e serviram aos seus deuses.

7 E os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e se esqueceram do Senhor seu Deus; e serviram aos baalins e a Astarote.

8 Então a ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos.

9 E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor levantou-lhes um libertador, que os libertou: Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, mais novo do que ele.

10 E veio sobre ele o Espírito do Senhor, e julgou a Israel, e saiu à peleja; e o Senhor entregou na sua mão a Cusã-Risataim, rei da Síria; contra o qual prevaleceu a sua mão.


Livro de Josué – Wikipédia, a enciclopédia livre


Estamos dando início a mais uma série de conferências com o seguinte tem:

Série de conferências  "As guerras na Bíblia e a batalha espiritual"
Introdução

I. A origem da batalha se dá no reino angelical

1. Quem é o Diabo?
2. A origem do diabo
3. A origem do mal no mundo

II. O início da batalha entre as duas sementes

1. A queda do homem
2. A tentação
3. O pecado
4. A consequência
5.Onde o Diabo está?
6. O que o Diabo sabe?
7. O que o Diabo pode fazer?
8. O Diabo e os demônios
9. O que o Diabo quer?
10. A verdade e a mentira
11.  Como vencer o inimigo dentro de nós
12. Quem deva dominar a nossa mente?

III. As guerras representativas nos dias de Moisés

1.Israel x Amaleque
2. Israel x Balaque rei dos moabitas
3. Deus ordena a destruição de todos os moradores de Canaã

IV. As guerras representativas nos dias de Josué

1. Conhecendo melhor os cananeus e os seus costumes
2. Conhecendo um pouco da vida do comandante Josué
3. A destruição de Jericó
4. A vitória dos Judeus dependia da sua obediência a Deus
5.Josué socorre de Gibeão e derrota diversas Nações pelo Senhor
6. Deus ajuda a Josué a destruir uma confederação de reis
7. O que A vida de Josué nos ensina 


V. As guerras representativas nos dias dos Juízes

1.As conquistas e as negligências dos Judeus, e o cativeiro.
 2.  A negligência de Israel e o livramento de Deus por meio de Otniel
3. A Opressão de Cusã-Risataim e a Libertação Efetuada por Otniel.
4. A Opressão de Eglom e a Libertação Efetuada por Eúde. 3:12-30.
5. Deus usa a profetisa Débora como Juíza  para dar livramento a Israel diante  do rei de Hazor
6. Deus derrota os midianitas por meio de Gideão
7. Deus dá livramento a Israel através de Jefté

VI. As guerras representativas nos dias de Samuel

1. A batalha dos deuses: Israel Dagom
2. Davi vence Golias, numa batalha representativa

VII. As guerras representativas dos reis de Israel

2. Deus concede vitória ao rei Josafá
3.Deus concede vitória ao rei Amazias
4. Deus concedeu uma grande vitória ao rei Ezequias

VIII. Como vencer a batalha espiritual

1. O que Bíblia diz sobre a Batalha Espiritual !
2. A batalha espiritual na Bíblia
3. O papel do crente na batalha espiritual

Neste quinto seguimento falaremos sobre :


As guerras representativas nos dias dos Juízes







Um dos períodos mais nebulosos da história do povo de Israel é o que se sucede à liderança de Josué. “Havendo Josué despedido o povo, foram-se os filhos de Israel, cada um para a sua herança, a fim de possuírem a terra” (2.6), e neste caminho começaram a perder-se, pois não havia mais um líder da estatura de Josué que os conclamasse como o fez no último capítulo de seu livro, e nem mais Siló servia de referência, pois eles começaram a construir os seus outros altares e locais de cultos aos deuses estranhos, os ídolos cananitas, perdendo de vista o tabernáculo.

 1. A falta de liderança (Jz 1.1-13) 

 As tribos espalhadas pela Canaã prometida tinham que possuir a terra, preservar a sua soberania, garantir o sustento de todos para o crescimento da nação como uma coletividade una. Para isso, tinham dois problemas: O primeiro, de ordem geográfica. Assim, não tinham mais a identidade da proximidade e da convivência, embora os levitas estivessem entre eles. O segundo, de ordem pessoal. Não tinham mais um líder. Não tinham uma pessoa que identificasse para todo o povo os ideais, os planos e a vontade de Deus. As onze tribos, separadas uma das outras, tinham que escolher as pessoas que as dirigissem e comandassem isoladamente. Quando se viram diante de uma necessidade de atuação conjunta, como um só povo, exclamaram o que acima está registrado: Quem dentre nós subirá primeiro, no caso de uma guerra? Ou seja, quem nos comandará e conduzirá? A falta de liderança os fazia temer pelo futuro.

 2. A presença do Senhor (Jz 1.14- 26) – Diante destes primeiros problemas que o livro de Juízes vai nos apresentar, e serão muitos, temos nestes versículos acima, uma expressão importante a ser considerada. Os filhos de José, representantes das tribos de Efraim e de Manassés, subiram contra o inimigo comum, e segundo a narrativa bíblica, “o Senhor estava com eles”.  

3. A convivência com o mal (Jz 1.27- 36) 

A convivência com o mal vai começar a fazer os seus estragos. Quando o povo de Deus começou a pensar que este ou aquele povo poderia ficar em seu meio sem maiores problemas, a derrocada começou.

4. A lamentação do povo (Jz 2.1-5) 

“Tendo o anjo do Senhor falado estas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou a sua voz e chorou”. A acusação do anjo do Senhor fora tão clara e severa que não havia como evitar a lamentação e o choro. A palavra profética do anjo, no sentido de que eles sofreriam as consequências da presença dos povos estranhos entre eles, calou profundamente. Pelo que choraram e se lamentaram. O povo chorava, mas, o pranto por mais sincero que fosse, não tinha o poder para recuperar a situação anterior pretendida pelo Senhor para Israel. A pecaminosidade daqueles povos já havia sido de alguma forma absorvida pelos hebreus, de maneira que daí para a frente, por mais que lutassem, por mais corretos que fossem, “os laços” do inimigo estariam sempre armados, prontos para os trair.

5. Os descaminhos do povo (Jz 2.6- 23) 

 O versículo anterior já nos anunciava o que estava por acontecer. Toda uma geração se passou, e a nova geração surgida “não conhecia ao Senhor nem tampouco a obra que ele fizera a Israel”. Daí a fazer o que era mau aos olhos do Senhor foi um passo apenas, pois eles já se haviam afastado do temor a Deus. “Servir a baalins” é uma expressão genérica, com o plural de Baal, um dos deuses dos cananeus, querendo indicar que Israel se desencaminhava pela adoração aos diversos deuses existentes nas culturas pagãs ao redor, deixando de servir única e exclusivamente ao seu Deus. Tudo isto devia estar ocorrendo porque a nova geração não fora educada como o Senhor mandara. Desde o tempo do êxodo, a ordem fora bem clara no sentido de que os mandamentos do Senhor deveriam ser ensinados aos filhos dos filhos de Israel, falando-lhes os mais antigos, de dia e de noite, da presença e proteção recebida do Pai, e da necessária obediência aos seus preceitos.


 O Senhor ensina e exige sempre que o homem precisa viver distanciado do pecado. Ele é terrível, insidioso e pernicioso. Se não firmarmos barreiras contra ele, o mal nos cerca e nos domina. Em todos os momentos deste livro, poderemos perceber claramente que sempre que o povo de Deus se deixou levar por seus artifícios, a consequência negativa veio junta. Nos capítulos 2 e 3, verificamos que a convivência com o pecado, quando permitiu Israel que as nações pagãs estivessem juntas a ele, foi fundamental para a sua queda e sofrimento posterior. 


1.As conquistas e as negligências dos Judeus, e o cativeiro. 


Esboços e sermões para pregadores do Presbítero Jânio Santos de ...

O círculo vicioso de pecados dos Judeus



Juízes 1 .1-36

1 E sucedeu, depois da morte de Josué, que os filhos de Israel perguntaram ao SENHOR, dizendo: Quem dentre nós primeiro subirá aos cananeus, para pelejar contra eles?

Durante o período da vida de Josué, Canaã foi ocupada e dividida entre as tribos de Israel. Contudo, fortes grupos de resistência permaneceram. A presença de povos inimigos no meio do território de Israel e a força da oposição vinda de fora produziu a situação política descrita no livro de Juízes.
Depois da morte de Josué.  Js 1:1. Assim como a morte de Moisés marcou o fim da peregrinação de Israel no deserto, a morte de Josué marcou o final da primeira fase da conquista de Canaã. Quem... subirá? Dentro das porções distribuídas pur Josué havia ainda muito território por conquistar. As tribos deviam ocupar os territórios que lhes tinham sido concedidos. 


Os cananeus. Nome genérico dos povos que ocupavam a terra da Palestina, aos quais Israel foi mandado por Deus despojar (4.2). Indica mais uma cultura do que unidade étnica. 
Os cananeus viviam em cidades-estado que tinham, cada uma, seu próprio governo, exército e leis. Uma razão porque Canaã foi tão difícil de conquistar foi que cada cidade tinha de ser vencida individualmente. Não havia um único rei que rendesse o país inteiro que estava nas mãos dos cananeus. A maior ameaça dos cananeus para Israel não era o seu exército, mas sua religião. A religião canaanita envolvia crueldade na guerra, imoralidade sexual, egoísmo e materialismo. Era uma sociedade “Eu primeiro, o resto depois”. Obviamente, as religiões de Israel e Canaã não podiam coexistir. 


2 E disse o Senhor: Judá subirá; eis que entreguei esta terra na sua mão.
3 Então disse Judá a Simeão, seu irmão: Sobe comigo à minha herança. E pelejemos contra os cananeus, e também eu contigo subirei à tua herança. E Simeão partiu com ele.

Jacó declarara que as tribos de Simeão e Levi seriam dispersas entre Israel (Gn 49:5-7). Josué não designou um território específico a Simeão, mas permitiu que os simeonitas se estabelecessem na porção designada a Judá (Js 19:9). Assim Simeão foi virtualmente incorporado na tribo de Judá.

4 E subiu Judá, e o Senhor lhe entregou na sua mão os cananeus e os perizeus; e feriram deles, em Bezeque, a dez mil homens.
5 E acharam Adoni-Bezeque em Bezeque, e pelejaram contra ele; e feriram aos cananeus e aos perizeus.

Encontrou Adoni-bezeque – isto é, “senhor de Bezek” – ele foi “encontrado”, isto é, surpreendido e derrotado em uma batalha campal, de onde ele fugiu; mas sendo levado prisioneiro, ele foi tratado com uma severidade incomum entre os israelitas, pois eles “cortaram seus polegares e dedos grandes”. Barbaridades de vários tipos eram comumente praticadas em prisioneiros de guerra nos tempos antigos, e o objetivo dessa mutilação em particular das mãos e pés era para desativá-los para o serviço militar para sempre. A imposição de uma crueldade tão horrível a esse chefe cananeu teria sido uma mancha no caráter dos israelitas se não houvesse razão para acreditar que isso fosse feito por eles como um ato de justiça retributiva, e como tal era considerado por Adoni. -bezek próprio, cuja consciência ler seus crimes atrozes em sua punição.

6 Porém Adoni-Bezeque fugiu, mas o seguiram, e prenderam-no e cortaram-lhe os dedos polegares das mãos e dos pés.
7 Então disse Adoni-Bezeque: Setenta reis, com os dedos polegares das mãos e dos pés cortados, apanhavam as migalhas debaixo da minha mesa; assim como eu fiz, assim Deus me pagou. E levaram-no a Jerusalém, e morreu ali.

Setenta reis – Um número tão grande não parecerá estranho, quando se considera que antigamente todo governante de uma cidade ou cidade grande era chamado rei. Não é improvável que naquela região meridional de Canaã houvesse, em épocas anteriores, sido ainda mais até que um chefe turbulento como Adoni-bezek os devorou ​​em sua insaciável ambição.

8 E os filhos de Judá pelejaram contra Jerusalém, e tomando-a, feriram-na ao fio da espada; e puseram fogo na cidade.

A captura desta importante cidade, que está entre os primeiros incidentes na guerra de invasão (Js 15:63), é aqui percebida como responsável por ela estar no posse dos judaítas; e trouxeram Adoni-bezek para lá (Jz 1:7), a fim de que, provavelmente, o seu destino fosse tornado tão público, pudesse inspirar terror em toda parte. Ingressos similares foram feitos nas outras partes não -conquistadas da herança de Judá (Jz 1:9-11). A história da aquisição de Caleb de Hebrom é aqui repetida (Js 15:16-19)


9 E depois os filhos de Judá desceram a pelejar contra os cananeus, que habitavam nas montanhas, e no sul, e nas planícies.

Nas montanhas, no Neguebe e nas planícies. Estes termos explicam muito da geografia e história da Palestina. As montanhas, ou “região montanhosa”, foram a primeira região tomada e mais tempo mantida por Israel. Cidades importantes das montanhas da Judeia incluíam Jerusalém (790,35ms acima da nível do mar) e Hebrom (92b,16ms acima do nível do mar ). O Neguebe é a região do sul. Este território semideserto começa a algumas milhas ao sul de Hebrom. Berseba constitui a principal cidade do Neguebe atualmente e na antiguidade. Planícies se refere às terras baixas, ou, transliterando, o Sefelá. É o termo usado para com os contrafortes entre a planície costeira e o maciço das montanhas da Judeia. Durante o período dos Juízes, os filisteus ocupavam a planície costeira, os israelitas ocupavam a maior parte das montanhas da Judeia, e o Sefelá era cenário constante de lutas entre os dois grupos.
Quando as tribos israelitas se estabeleceram em Canaã, ficaram sujeitas às tentações da religião cananita. A prostituição religiosa e o sacrifício de crianças a Moloque constituíam algumas das práticas degradantes que tiveram de enfrentar em seu novo lar. Frequentemente esqueceram-se de sua aliança curti Deus no Monte Sinai. Quando escorregavam para a idolatria, Deus os castigava entregando-os aos seus inimigos. Quando, em espírito de arrependimento. oravam clamando por misericórdia, a ajuda vinha na pessoa de um “Juiz” que era chamado por Deus para salvar o Seu povo da mão dos opressores. Os períodos da fidelidade de Israel para com Deus eram de curta duração, contudo. O padrão de apostasia, derrota, arrependimento, oração por livramento, e vitória através de um Juiz dotado do Espírito repetia-se constantemente. Uma série de tais episódios forma a porção principal do livro dos Juízes.
10 E partiu Judá contra os cananeus que habitavam em Hebrom (era porém outrora o nome de Hebrom, Quiriate-Arba), e feriram a Sesai, e a Aimã e Talmai.

A antiga cidade do Hebrom era localizada cerca de 32,18kms ao sul de Jerusalém, na região mais elevada das montanhas de Judá, 926,59ms acima do nível do mar. Abraão tinha peregrinado pela vizinhança do Hebrom (Gn,13:18; 35:27), e o local do sepulcro patriarcal estava ali localizado (Gn. 23:2-20). Em antecipação á conquista, Hebrom foi destinado a Calebe (Nm 14:24), que subsequentemente tomou posse dela através da conquista (Js. 15:13, 14). O nome anterior de Hebrom era Quiriate-Arba (“cidade quádrupla” ou “tetrápolis”). Um homem chamado Arba foi descrito como “o maior homem entre os enaquins” (Js 14.15). Provavelmente ele recebeu o seu nome da cidade que fundou. E feriram a Sesai, a Aimã e a Talmai. Calebe e o destacamento de soldados de Judá que atacaram Hebrom tiveram sucesso em destruir as forças armadas e ocupar a cidade. Os três nomes são aramaicos, dando a entender que a cidade era ocupada por tribos relacionadas com o povo que mais tarde veio a ter poderoso reino com Damasco por capital.

11 E dali partiu contra os moradores de Debir; e era outrora o nome de Debir, Quiriate-Sefer.

Debir, também conhecida por Quiriate-Sefer, tem sido identificada com a elevação hoje em dia chamada de Tell Beit Mirsim, 20, 92 kms a sudoeste de Hebrom. Essa elevação foi escavada em 1926 e nos anos seguintes por uma expedição dirigida por Melvin G. Kyle e William F. Albright. Um escaravelho real de Amenhotep III, o Faraó egípcio, encontrado ali dá a entender que o controle egípcio da cidade continuou até o século quatorze A. C. Em cima dos restos do período final da Idade do Bronze, os escavadores encontraram uma camada carbonizada sobre a qual havia relíquias israelitas. O nome Quiriate-Sefer costuma ser interpretado como significando a cidade de (o) livro. O nome Debir parece estar relacionado coma raiz hebraica que significa dizer. Com toda probabilidade a antiga Quiriate-Sefer era uma cidade notável pai seu oráculo.


12 E disse Calebe: Quem ferir a Quiriate-Sefer, e a tomar, lhe darei a minha filha Acsa por mulher.


A promessa de dar uma filha em casamento como recompensa por uru ato de bravura era costume comum na Bíblia ( I Sm 17:25) e também na literatura secular. Aqui ficou implícito que a cidade tomada, além da filha, também seria dada ao vencedor.

13 E tomou-a Otniel, filho de Quenaz, o irmão de Calebe, mais novo do que ele; e Calebe lhe deu a sua filha Acsa por mulher.
14 E sucedeu que, indo ela a ele, o persuadiu que pedisse um campo a seu pai; e ela desceu do jumento, e Calebe lhe disse: Que é que tens?
15 E ela lhe disse: Dá-me uma bênção; pois me deste uma terra seca, dá-me também fontes de águas. E Calebe lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores.

 Dá-me um presente ( Gn 33:11; Js 15:19; 2 Rs 5:15). Deste-me terra seca poderia ser traduzido assim: Puseste-me na região do Neguebe. Ela queria um presente para compensá-la das redondezas áridas do Neguebe de Judá. Então Calebe lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores. Acsa pediu Gullot-mayim, talvez nome de um lugar traduzido pala “fontes de águas”. Calebe file deu Gullot-'illit Gullot-tahtit, sem dúvida também nomes de lugares comumente traduzidos para “fontes superiores” e “fontes inferiores”. As escavações de Tell Beit Mirsim dão a entender que os “poços” eram buracos que davam acesso á água do sub-solo, alguns dos quais foram encontrados nessa região. A 1,6 kms abaixo e 3,2kms acima de Tell Beit Mirsim foram descobertos esses poços. Outros, contudo, identificam os poços dados a Acsa com as fontes acima e abaixo da estrada de Seil ed-Dilbeh, 9,25 kms a sudoeste de Hebrom, no caminho de Berseba. Este é um dos vales mais bem regados de água no sul da Palestina. A posse dessas fontes era de grande importância, e o registro feito aqui indicaria a todos os interessados o direito que ela e seus descendentes tinham sobre os poços.

16 Também os filhos do queneu, sogro de Moisés, subiram da cidade das palmeiras com os filhos de Judá ao deserto de Judá, que está ao sul de Arade, e foram, e habitaram com o povo.

 Chamados “os quenitas”, como provavelmente descendiam do povo daquele nome (Nm 24:21-22). Se não fosse ele mesmo, sua posteridade aceitou o convite de Moisés (Nm 10:32) para acompanhar os israelitas a Canaã. Seu primeiro acampamento foi na “cidade das palmeiras” – não Jericó, é claro, que foi totalmente destruída, mas o distrito vizinho, talvez En-Gedi, nos primeiros tempos chamado Hazezon-tamar (Gn 14:7), do palmeiral que o abrigou. De lá, eles se retiraram por alguma causa desconhecida e, associando-se a Judá, juntaram-se a uma expedição contra Arade, na parte meridional de Canaã (Nm 21:1). Na conquista daquele distrito, alguns desse povo pastoral armaram suas tendas ali, enquanto outros migraram para o norte (Jz 4:17).


17 E foi Judá com Simeão, seu irmão, e feriram aos cananeus que habitavam em Zefate; e totalmente a destruíram, e chamou-se o nome desta cidade Hormá.

Foi-se, pois Judá com Simeão, seu irmão. A tribo de Judá cooperou com a tribo de Simeão na destruição de Zefate, possivelmente Tell es-Sab'a. Hormá. Nesta passagem há um interessante jogo de palavras com dois diferentes significados de uma só raiz hebraica. A mesma raiz que produz a palavra herem, que significa tudo aquilo que era dedicado ou consagrado aos deuses dos não-israelitas e portanto ofensivos ao Deus de Israel, também produz a forma verbal haram, que significa “destruído”. Deus dissera que as cidades dos cananeus tinham de ser “totalmente destruídas” (Dt 7:2). Zefate fora uma cidade pagã “dedicada” (herem) aos deuses pagãos. Pela ordem do Senhor ela foi “dedicada” a Ele; isto é, dedicada à destruição, destruída (haram). Seu nome foi mudado pala Hormá, que significa destruição total.

18 Tomou mais Judá a Gaza com o seu termo, e a Ascalom com o seu termo, e a Ecrom com o seu termo.


Tomou ainda Judá a Gaza, a Ascalom e a Ecrom. Estas eram as principais cidades filisteias ao sul de Jope. O historiador prossegue declarando que a tribo de Judá foi capaz de expulsar os habitantes das montanhas, mas que os carros de ferro usados pelos habitantes do vale formaram um obstáculo insuperável á conquista. Considerando que as cidades de Gaza, Ascalom e Ecrom ficaram firmes nas mãos dos filisteus em data posterior, qualquer vitória na planície costeira nessa ocasião foi de natureza temporária. A idade de Ferro começou na Palestina durante o século doze A.C. O monopólio heteu do ferro foi quebrado em cerca de 1200 A.C. e a vitória de Davi sobre os filisteus marcou o começo do uso do ferro como mercadoria comum em Israel.

19 E estava o Senhor com Judá, e despovoou as montanhas; porém não expulsou aos moradores do vale, porquanto tinham carros de ferro.

 Judá… não expulsou os moradores do vale. Judá obteve êxito parcial, por causa de aparente superioridade das armas inimigas. Por que foi assim, se os carros de ferro não são nada diante do poderoso Deus, cujos carros são milhares de anjos? O poder infinito estava disponível, mas ainda assim a tribo de Judá não conseguiu obter completo domínio sobre os inimigos. O autor de juízes explica o motivo (Jz 2:14-23).
carros de ferro. Devastadores para soldados a pé em uma área plana, onde cavalos e carros podiam manobrar, mas não práticos em terreno acidentado. Provavelmente eram carros de madeira com rodas e lâminas de ferro acopladas. Carros feitos inteiramente de ferro teriam sido muito pesados para que cavalos os puxassem. 

 A guerra era do Senhor, cuja ajuda onipotente teria assegurado seu sucesso em cada encontro, seja nas montanhas ou nas planícies, com soldados de infantaria ou cavalaria. Foi a desconfiança, a falta de uma confiança simples e firme na promessa de Deus, que os fez temer dos carros de ferro ( Js 11:4-9).




20 E deram Hebrom a Calebe, como Moisés o dissera; e dali expulsou os três filhos de Anaque.

Tendo Calebe comprovado que era um homem de fé, quando a maioria dos espias deram um relatório negativo, Deus prometeu-lhe uma bênção (Nm, 14:24; Dt 1:36). Embora Hebrom fosse dada a Calebe, ele teve a responsabilidade de tomá-la. Para fazê-lo ele teve de expulsar “os três filhos de Enaque”. A expressão filhos de Enaque significa homens de pescoço (comprido), isto é, homens de grande altura, ou gigantes.


21 Porém os filhos de Benjamim não expulsaram os jebuseus que habitavam em Jerusalém; antes os jebuseus ficaram habitando com os filhos de Benjamim em Jerusalém, até ao dia de hoje,

Jerusalém ficava na fronteira entre Benjamim e Judá, mas fora concedida a Benjamim (Js 18.28). 
Depois que os jebuseus foram humilhados pela derrota nas mãos de Judá, não ofereceram resistência aos homens de Benjamim, que se estabeleceram nos arredores da cidade. Não dispondo da resolução necessária para tomar a cidade, o povo de Benjamim se associou pacificamente aos idólatras jebuseus. Alguns anos mais tarde, Davi percebeu a importância de ter a cidade nas mãos e a tomou


22 E subiu também a casa de José contra Betel, e foi o Senhor com eles.

A casa de José, as tribos de Efraim e Manassés, subiu também contra Betel. Betel ficava a 19,31kms ao norte de Jerusalém, 28,96 krns ao sul de Silo. Escavações na região de Betel revelaram tijolos queimados, terra cheia de cinzas e entulho carbonizado, evidência da destruição total dos predecessores cananeus da Betel israelita, a cidade mencionada com mais frequência nas Escrituras do que qualquer outra com exceção de Jerusalém.


23 E a casa de José mandou espias a Betel, e foi antes o nome desta cidade Luz.
24 E viram os espias a um homem, que saía da cidade, e lhe disseram: Ora, mostra-nos a entrada da cidade, e usaremos contigo de misericórdia.

Faremos contigo misericórdia – Os israelitas poderiam empregar estes meios para se apossarem de um lugar que lhes fosse divinamente apropriado: eles poderiam prometer vida e recompensas a este homem, embora ele e todos os cananeus estivessem condenados à destruição (Js 2:12-14); mas podemos supor que a promessa foi suspensa ao abraçar a verdadeira religião ou deixar o país, como ele fez. Se eles o tivessem visto firmemente oposto a qualquer dessas alternativas, eles não o teriam restringido por promessas mais do que por ameaças de trair seus compatriotas. Mas se eles o achassem disposto a ser útil, e para ajudar os invasores a executar a vontade de Deus, eles poderiam prometer poupá-lo.

25 E, mostrando-lhes ele a entrada da cidade, feriram-na ao fio da espada; porém àquele homem e a toda a sua família deixaram ir.

 Mostrando-lhe a entrada da cidade. As tribos de José prometeram demonstrar misericórdia pala com um homem que encontraram por acaso nas vizinhanças de Betel sob a condição dele lhes mostrar a entrada da cidade. Ele o fez e recebeu permissão de fugir para a terra dos heteus (v. 26), provavelmente uma referência ao norte da Síria, que era reconhecida como parte da “esfera de influência” dos heteus. O grande Império Heteu centralizava-se na Ásia Menor. O fugitivo de Betel edificou uma cidade que chamou de Luz, o antigo nome de Betel ( Gn 28:19).

26 Então aquele homem se foi à terra dos heteus, e edificou uma cidade, e chamou o seu nome Luz; este é o seu nome até ao dia de hoje.

O maior erro dos Judeus foi o de não expelir os moradores da terra, a morar juntos com eles.
27 Manassés não expulsou os habitantes de Bete-Seã, nem mesmo dos lugares da sua jurisdição; nem a Taanaque, com os lugares da sua jurisdição; nem os moradores de Dor, com os lugares da sua jurisdição; nem os moradores de Ibleão, com os lugares da sua jurisdição; nem os moradores de Megido, com os lugares da sua jurisdição; e resolveram os cananeus habitar na mesma terra.

Manassés não expulsou os habitantes de Bete-Seã ... Taanaque ... Dor ... Ibleã ... Megido. Uma linha de cidades cananitas fortificadas dividia o norte de Israel em duas partes. Bete-Seã fica no extremo leste do Vale de Esdrelom, onde se junta ao Vale do Jordão. Era ocupada por guarnições egípcias até o tempo de Ramessés III (1198-1167 A.C.). Ibleã, Taanaque e Megido descortinavam a Planície de Esdrelom ao sul. Dor ficava no litoral mediterrâneo, ao sul do Monte Carmelo.
O mesmo rumo de subjugação foi realizado nas outras tribos em parte, e com sucesso variável. Muitos dos nativos, sem dúvida, durante o progresso dessa guerra exterminadora, salvaram-se de fuga e tornaram-se, acredita-se, os primeiros colonos na Grécia, na Itália e em outros países. Mas uma grande parte fez uma forte resistência e reteve a posse de suas antigas moradas em Canaã. Em outros casos, quando os nativos foram vencidos, a avareza levou os israelitas a poupar os idólatras, contrariando a ordem expressa de Deus; e sua desobediência às Suas ordens nesta questão envolveu-os em muitos problemas que este livro descreve.

28 E sucedeu que, quando Israel cobrou mais forças, fez dos cananeus tributários; porém não os expulsou de todo.

 Contrário ao mandamento explícito do Senhor ( Dt 7.1-6). Israel quis manter os cananeus como escravos e fonte de renda tributária. O resultado foi tão desastroso como também o é para o crente que mantém hábitos pecaminosos na vida.


29 Tampouco expulsou Efraim os cananeus que habitavam em Gezer; antes os cananeus ficaram habitando com ele, em Gezer.

Gezer fica localizada a 28,96 kms a noroeste de Jerusalém, onde protege uma passagem de Jope a Jerusalém. Entrincheirados por trás de muros de 4,27 ms de espessura, os gezeritas foram capazes de resistir aos israelitas. A cidade tornou-se parte do reino de Salomão só depois que a recebeu como presente de casamento pelo Faraó do Egito (1 Rs 9:16).

30 Tampouco expulsou Zebulom os moradores de Quitrom, nem os moradores de Naalol; porém os cananeus ficaram habitando com ele, e foram tributários.

 O autor passa a relatar as experiências das tribos cujas porções estavam situadas ao norte da Palestina, além da planície de Esdraelom. … A história de cada uma delas é a mesma. Não foram fortes o bastante para atacar as fortalezas em seus territórios, mesmo nas montanhas, onde as tribos do sul venceram. Conquistaram pequenas regiões onde puderam e se estabeleceram no meio dos antigos habitantes. 

31 Tampouco Aser expulsou os moradores de Aco, nem os moradores de Sidom; como nem de Alabe, nem de Aczibe, nem de Helba, nem de Afeque, nem de Reobe;

 A tribo de Aser não se saiu melhor que a de Zebulom. Sua porção era na planície marítima e nas colinas ao norte do Carmelo. Era o território dos fenícios, que ainda não tinham afama de comerciantes marítimos. Estabelecendo-se entre os cananeus, parece que o povo de Aser ficou mais exposto que as outras tribos à absorção da cultura e religião desses povos.

32 Porém os aseritas habitaram no meio dos cananeus que habitavam na terra; porquanto não os expulsaram.
33 Tampouco Naftali expulsou os moradores de Bete-Semes, nem os moradores de Bete-Anate; mas habitou no meio dos cananeus que habitavam na terra; porém lhes foram tributários os moradores de Bete-Semes e Bete-Anate.

 A mesma narrativa é repetida. … O território de Naftali se tornou conhecido, mais tarde, como Galileia, onde os idólatras eram tão numerosos que a região era chamada “Galileia das nações” (Is 9:1), isto é, “área estrangeira”.



34 E os amorreus impeliram os filhos de Dã até às montanhas; porque nem os deixavam descer ao vale.

Amorreu aqui é sinônimo de cananita. O termo aparece em documentos assírios descrevendo um povo do oeste (da Mesopotâmia). Os danitas parecem ter fugido para as terras baixas, onde furam repelidos para um pequeno distrito perto de Zorá e Estaol (Jz 13-16). Sendo este território pequeno demais, a parte principal da tribo migrou para Lais, perto das nascentes do Jordão, cujo nome eles trocaram para Dã (Jz 18).


35 Também os amorreus quiseram habitar nas montanhas de Heres, em Aijalom e em Saalbim; porém prevaleceu a mão da casa de José, e ficaram tributários.

Heres significa “Montanha do Sol” e sem dúvida é equivalente a Bete-Semes (Js 15:10) e Ir-Semes (Js 19:41). O local, conhecido hoje como ‘Ain-shems, está localizado ao sul do Wadi Surar, oposto a Zorá. Aijalom estava situada no vale que leva o mesmo nome, 22,53kms de Jerusalém. Aparece nas Cartas de Amarna (século quatorze A.C.) como AialunaSaalbim aparece em Js 19:42 como Saalabim. Pode-se experimentalmente identificá-la com Selbit, 4,8kms a noroeste de Aijalom. As tribos de José não expulsaram os amorreus desses setores, mas obtiveram o controle do seu território.

36 E foi o termo dos amorreus desde a subida de Acrabim, desde a penha, e dali para cima.

A Subida de Acrabim (escorpiões) leva do plano do extremo sul do Mar Morto ao da região montanhosa ao sul de Judá. Forma a fronteira setentrional do Deserto de Zim, e nos tempos bíblicos também servia de fronteira entre Edom e Judá. Os amorreus ocupavam o território ao norte da Subida de Acrabim no período descrito em Juízes 1. A referência feita à rocha (hebraico, sela’) provavelmente ficaria melhor interpretada como nome próprio,Sela ou Petra, a capital da cidade dos idumeus. Petra era construída em um vale rodeado por rochedos e suas casas eram parcialmente cavadas na rocha natural. Os idumeus foram expulsos de seus fortes nas montanhas pelos árabes nabateanos, em cerca de 300 A.C. ( profecia de Obadias). 

O livro de Juízes se divide didaticamente  em três partes:
1.    A conquista incompleta – 1:1 – 2:5.
2.    Os ciclos dos Juízes– 2:6 – 16:31.
3.    Os erros dos Levitas– 17:1 – 21:25.
Em Josué, depois de Jericó, tem-se início a uma série de conquistas, sendo que enfrentam alguns obstáculos e fracassos, mas nada muito sério, nem comprometedor.
Em seguida às vitórias, começa-se a distribuição da Terra Prometida e tudo foi feito de forma pacífica, ordeira, seguindo as instruções de Moisés, do Senhor e não houve registro algum de qualquer inconveniente ameaçador à nação de Israel.
Encerrando o livro de Josué, em sua terceira parte, ele chama o povo, os anciãos, juízes e os principais líderes e com eles renova a aliança do Senhor Deus.
Depois de sua morte, começa-se a época dos juízes e a narrativa bíblica aponta para o fato de que a nação se esqueceu de seus líderes e ensinamentos e, pior, se misturaram com os povos em suas práticas e superstições e logo abandonaram ao Senhor para seguirem os deuses cananeus.
Aqui, então, começa-se o ciclo dos 12 juízes ou libertadores de Israel. O ciclo era afastamento de Deus, entrada do pecado na nação, sofrimento por causa do pecado e das perseguições, arrependimento, oração a Deus pedindo livramento, um juiz é levantado, o povo goza de paz enquanto o juiz vive, mas ao morrer, se esquecem de tudo e voltam para o início do ciclo vicioso que levou um total de 350 anos, com 12 juízes levantados pela graça e misericórdia de Deus.
Vejamos esse ciclo mais detalhadamente porque pode também representar nossa vida. É como um tipo que assim tipifica a vida de todo cristão:
·       Afastamento de Deus.
·       Entrada do pecado na nação.
·       Sofrimento por causa do pecado e das perseguições.
·       Arrependimento.
·       Oração a Deus pedindo livramento.
·       Um juiz é levantado.
·       O povo goza de paz enquanto o juiz vive.
·       Morrendo o juiz, eles se esquecem de tudo.
·       Voltam para o início do ciclo vicioso.



 2.  A negligência de Israel e o livramento de Deus por meio de Otniel

O anjo do Senhor sobe de Gilgal.

O lugar onde se encontrava a arca da aliança - a Boquim e lhes dá uma severa palavra de juízo por não terem eles sido fieis e fracassado na conquista da terra.
Percebe-se nesses versículos um resumo da introdução do livro de Juízes para, em breve, ser introduzido o ciclo dos juízes. A linguagem do texto pactual confere ao episódio um enfoque profético e que as partes da aliança são identificadas e o acordo pactual é recapitulado.
Tendo Israel transgredido os mandamentos e a aliança do Senhor, foi então pronunciado sobre eles o julgamento divino – Nm 33:50-56; Dt 7:1-16; Js 23:1-16.
O povo não suportou a palavra dita pelo anjo e chorou, mas o que adianta este choro? Deus tinha com eles uma aliança e tinha sido fiel na sua parte, mas os israelitas vacilaram e não o temeram nem o respeitaram, antes endureceram a sua cerviz e foram entregues a si mesmos.
A consequência terrível é que Deus não expulsaria eles da terra e seriam os seus moradores como espinhos nos olhos deles e como aguilhões nas suas ilhargas e ainda os perturbariam na terra em que fosse habitar. Eles ainda seriam seus adversários e os seus deuses como laços para eles. Terrível sentença!
Do fracasso agora para o ciclo dos juízes pela misericórdia de Deus.
  
Um resumo dos Juízes (2:6 – 16:31)
Os ciclos do pecado, julgamento e livramento em Israel durante o período dos juízes.  Podemos dividir em duas subpartes: 

A. O padrão dos ciclos – 2:6 a 3:6.

 B. Os doze ciclos – 3:7 a 16:31.

A. O padrão dos ciclos – 2:6 - 3:6.

Também o dividiremos em quatro seções que tratam do tempo de Josué – vs. 6 a 9; uma apresentação dos ciclos – vs. 10 a 19; o propósito dos julgamentos divinos – vs. 20 a 23 e, finalmente, os instrumentos desses julgamentos, o qual será visto no próximo capítulo até o vs. 6.
Josué é recapitulado aqui conforme Js 24:28-31 e citado como um líder que conduziu o povo de Deus e que ao seu fim foi recolhido e com ele toda aquela geração. Ficou registrado a fidelidade de Deus e a fidelidade de Josué e dos anciãos e de todo o povo em perseverar em seguir ao Senhor, apesar dos pesares.
Levanta-se agora outra geração que nada sabia da geração anterior, nem dos feitos do Senhor. O mesmo ocorreu quando José foi para o Egito e ele morreu e com ele toda a geração de seus irmãos e outra geração se levantou sem saber de nada.
Seria o fato de que os pais não tiveram o cuidado de ensinar as gerações seguintes as coisas sobre o Senhor e seus grandes feitos? E nós da presente geração estamos tendo cuidado com nossos herdeiros?
Em Deuteronômio está escrito que uma geração deve deveria declarar as maravilhas de Deus à outra geração – Dt 4:9; 6:1-6 -, mas os israelitas não levaram a sério essa responsabilidade e assim, seus filhos desprezavam ao Senhor.
O fato é que os filhos de Israel foram e fizeram o que era mal diante do Senhor e o rejeitaram e serviram a outros deuses provocando assim a ira do Senhor contra eles.
Em consequência, sofreram muito e não puderam prevalecer em nada e grande angústia começou a tomar conta do povo que passou a clamar por socorro ao Deus que tanto afrontavam.
Deus então lhes envia os juízes para os livrar, por pura graça e misericórdia de sua parte.
Não há muito mistério aqui. Tudo parece bem simples. O Deus pactual, relacional, fez uma aliança com o povo. Prometeu-lhes bênçãos e a conquista da Terra Prometida se obedecessem e maldições se fossem infiéis. O povo rejeitou a Deus e a sua aliança e sofreram as graves consequências de seus atos e de suas escolhas tresloucadas.
Deus então lhes envia juízes e durante o tempo do reinado desses libertadores do povo, havia paz e prosperidade e seguiam ao Senhor, mas morrendo eles, voltavam às velhas práticas e novamente entravam em apuros. Tornou-se um ciclo vicioso e sem jeito de uma solução adequada.


Juízes 2.1-10


1 Estas, pois, são as nações que o SENHOR deixou ficar, para por elas provar a Israel, a saber, a todos os que não sabiam de todas as guerras de Canaã.



Antecedentes Religiosos do Período dos Juízes 2:1-5.

Embora tivessem experimentado o poder de Deus durante o período do êxodo do Egito e na conquista de Canaã, logo os israelitas se esqueceram da aliança que tinham feito com Deus no Sinai. A idolatria passou a ser tolerada no seu meio e o casamento com os cananeus tornou-se uma coisa corriqueira.

V. 1- Subiu o anjo do Senhor de Gilgal a Boquim. O anjo do Senhor foi uma teofania, uma aparição de Deus em forma perceptível pelos sentidos humanos. Tal manifestação foi vista por Hagar (Gn 16:7-12) e Moisés (Êx 3:2-6). Boquim era provavelmente localizada entre Betel e Silo, cerca de 32kms do Mar Morto. Do Egito vos fiz subir. Deus se identificou como Aquele que cuidou das necessidades do Seu povo na hora da angústia. Suas misericórdias deviam ter produzido uma reação de gratidão.

2 Tão-somente para que as gerações dos filhos de Israel delas soubessem (para lhes ensinar a guerra), pelo menos os que dantes não sabiam delas.


Contudo não obedecestes a minha voz. Deus fora fiel a Sua aliança, mas Israel se esquecera do seu voto de obediência á Lei dada através de Moisés nu Sinai.



3 Cinco príncipes dos filisteus, e todos os cananeus, e sidônios, e heveus que habitavam nas montanhas do Líbano desde o monte de Baal-Hermom, até à entrada de Hamate.



Não os expulsarei de diante de vós. Israel comprometera sua lealdade a Deus com sua idolatria. O Senhor declarou que os habitantes de Canaã não seriam completamente expulsos, e que se comprovariam ser uma armadilha para Israel. Estas palavras antecipam a história do período dos Juízes, quando uma série de opressores subjugaram Israel.
Os deuses de Canaã serviram de tentação para levar as tribos a se esquecerem do Deus de Israel.

4 Estes, pois, ficaram, para por eles provar a Israel, para saber se dariam ouvido aos mandamentos do Senhor, que ele tinha ordenado a seus pais, pelo ministério de Moisés.

 Levantou o povo a sua voz e chorou. A mensagem do Anjo do Senhor foi de julgamento. História subsequente indica que aquele choro foi superficial, pois Israel não foi dissuadido de suas práticas idólatras. 


5 Habitando, pois, os filhos de Israel no meio dos cananeus, dos heteus, e amorreus, e perizeus, e heveus, e jebuseus,

 Daí chamarem a erre lugar Boquim (os que choram). As Escrituras associam frequentemente nomes de lugares com episódios significativos ( Betel, Gn 28:16-19; Maanaim, Gn 32:2; Gilgal, Js 5:9).


6 Tomaram de suas filhas para si por mulheres, e deram as suas filhas aos filhos deles; e serviram aos seus deuses.


7 E os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e se esqueceram do Senhor seu Deus; e serviram aos baalins e a Astarote.



O Fracasso de Israel em Subjugar as Nações Inimigas. 2:6 - 3:6.
Sob a liderança de Josué realizou-se a fase inicial da conquista da terra. A terra foi dividida entre as tribos, mas era necessário que os israelitas ocupassem o território que lhes fora destinado.

V. 7. Serviu o povo ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué. A geração de Josué e seus sucessores imediatos permaneceu fiel ao Senhor por causa de sua associação com todas as grandes obras, feitas pelo Senhor a Israel. Estas palavras formam uma transição da narrativa da conquista de Canaã feita por Josué para a história dos Juízes. Fazem um paralelo com as palavras de Js 24:28-31.


8 Então a ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos.




 Faleceu Josué ... com a idade de cento e dez anos. Cento e dez anos é a duração ideal da vida, de acordo com os papiros e estelas egípcias. Diz-se que José morreu com essa mesma idade (Gn 50:26). Moisés viveu uma década mais (Dt 34:7).


9 E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor levantou-lhes um libertador, que os libertou: Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, mais novo do que ele.



Otniel era parente de Calebe e acabou casando com sua filha Acsa. Ela ganhou a mão da filha de Calebe após haver capturado Quiriate-Sefer (Js 15:15-17; Jz 1:11-13).

Existe uma discussão sobre o grau de parentesco entre Otniel e Calebe. Alguns acreditam que ele era seu sobrinho, e filho de Quenaz. Outros acreditam que na verdade ele era seu irmão. Neste último caso, então a frase “o irmão de Calebe, mais novo do que ele” se aplica a Otniel e não a Quenaz. Saiba mais sobre a história de Calebe.

Deus levanta Otniel

Otniel é considerado o primeiro juiz de Israel. Após a morte de Josué, ele viu a apostasia crescer entre os israelitas. Os israelitas começaram a se casar com mulheres de povos pagãos que viviam na região de Canaã. Consequentemente, eles também começaram a adorar os falsos deuses daqueles povos.

A Bíblia diz que eles se esqueceram do Senhor, e serviram aos baalins dos cananeus e a Astarote (Juízes 3:7). Por este motivo o Senhor castigou o povo de Israel, entregando-o ao rei da Mesopotâmia, mais precisamente de Arã (Jz 3:10).

Assim Otniel presenciou o surgimento do domínio e opressão de Cusã-Risataim sob Israel. Mas os israelitas começaram a clamar ao Senhor pedindo-lhe que Ele os livrassem daquela servidão.

Então o Senhor o levantou Otniel para libertar o povo de Israel do domínio de Cusã Risataim. Quando o Senhor o levantou como libertador de Israel, a opressão do rei da Mesopotâmia já durava oito anos. Mas o Espírito do Senhor veio sobre Otniel, e ele liderou uma revolta muito bem sucedida. Assim, os israelitas ficaram livres. Entenda também quem eram os juízes de Israel.

O juiz Otniel

A Bíblia não fornece muitas informações sobre a vida de Otniel. Com base no capítulo de 3 do livro de Juízes, Otniel parece ter sido um líder carismático que o povo apoiava. Quando se diz que ele foi o primeiro juiz de Israel, não significa apenas que ele foi libertou o seu povo da servidão estrangeira, mas que foi o primeiro a restaurar a ordem e autoridade na nação.

Sob a liderança de Otniel, o povo de Israel experimentou uma paz civil durante quarenta anos (Juízes 3:11). Alguns estudiosos acreditam que esse período de liderança de Otniel aconteceu entre aproximadamente 1375 e 1335 a.C.

Mas depois de sua morte, o povo de Israel voltou a fazer aquilo que era mau aos olhos do Senhor. Por isto Deus entregou os israelitas nas mãos de Eglom, rei dos moabitas. Eles foram oprimidos pelo regime de Eglom por dezoito anos, até que Deus levantou Eúde como juiz para libertá-los.


Depois de sua morte, Otniel praticamente não é mais mencionado nas Escrituras. Acredita-se apenas que ele seja o ancestral de um dos capitães do exército de Davi durante seu reinado (1 Cr 27:15).

 Sepultaram-no no termo da sua herança, em Timnate-Heres. Timnate-Heres, porção do sol, também traduzido para “Timnate-Será”, porção dupla (Js 19:50; 24:30). O local tradicional é Tibneh, 27, 35 kms a noroeste de Jerusalém.


10 E veio sobre ele o Espírito do Senhor, e julgou a Israel, e saiu à peleja; e o Senhor entregou na sua mão a Cusã-Risataim, rei da Síria; contra o qual prevaleceu a sua mão.


10 b. E outra geração após deles se levantou, que não conhecia o Senhor. A nova geração esqueceu-se das misericórdias do Deus de Israel e da aliança da nação de obedecer á Lei do Senhor.
11. Os filhos de Israel ... serviram aos Baalins. Baal era um deus da fertilidade, cuja adoração, segundo se acreditava, concedia fertilidade aos homens, animais e campos. Uma vez que Baal era adorado em manifestações locais (Baal-Peor, Baal-Gade, Baal-Zeboul), era usado o plural, Baalins.


3. A Opressão de Cusã-Risataim e a Libertação Efetuada por Otniel. 

Juízes 3. 8 - 11

 8 Então a ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos.

 Ele os entregou nas mãos de Cusã-Risataim. O primeiro opressor tinha um nome que significa duplamente perverso Cusã. Este poderia ser um epíteto dado ao homem por seus inimigos. Também é possível que a palavra risataim seja uma forma hebraicizada de uma palavra estrangeira, talvez o nome de um lugar. Cusã veio da Mesopotâmia, ou, como a Sociedade de Publicações Hebraicas transliterou, Aram-Naharaim. Durante o período dos Juízes, os hititas alastraram-se por Mitani, o estado que serviu de pára-choque na Mesopotâmia setentrional entre os impérios heteu e assírio. Durante esse período Canaã esteve nominalmente sujeita ao Egito. Cusã poderia ser um obscuro príncipe heteu que desejava desafiar o poder egípcio em Canaã. Um outro ponto de vista sugere que Cusã era de Edom e não de Aram. As duas palavras são muito parecidas no hebraico, e a proximidade de Edom à tribo de Judá é um ponto a favor desta interpretação. De acordo com aqueles que traduzem Edom em vez de Aram, a designação Naharaim é uma interpolação posterior. Extensivas campanhas militares foram levadas a efeito através de todo o Crescente Fértil no período de Sargão de Acade (cerca de 2400 A.C.), de modo que uma origem mesopotâmica para Cusã não pode ser ignorada com base nos antecedentes. Ele não é mencionado em nenhum outro lugar da Bíblia, nem em fontes extrabíblicas.

9 E os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor levantou-lhes um libertador, que os libertou: Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe, mais novo do que ele.

 E o Senhor lhes suscitou... a Otniel, filho de Quenaz. Otniel já foi apresentado anteriormente (1:13-15). Aqui ele é chamado de salvador, que é sinônimo de “juiz”. Ele salvou o seu povo da opressão de Cusã.


10 E veio sobre ele o Espírito do Senhor, e julgou a Israel, e saiu à peleja; e o Senhor entregou na sua mão a Cusã-Risataim, rei da Síria; contra o qual prevaleceu a sua mão.

11 Então a terra sossegou quarenta anos; e Otniel, filho de Quenaz, faleceu.

Então a terra ficou em paz durante quarenta anos. Desde a vitória sobre Cusã até a morte de Otniel, Israel ficou livre de domínio estrangeiro. O termo quarenta anos é um número redondo. Muitos mestres sugerem que represente uma geração.


4. A Opressão de Eglom e a Libertação Efetuada por Eúde. 3:12-30.

Eúde era filho de Gera, e pertencia a tribo de Benjamim. Na época em que viveu, o povo de Israel estava subjugado pelo governo moabita, sob a liderança de Eglom, o rei de Moabe. O domínio de Eglom foi resultado da desobediência de Israel. Os israelitas fizeram o que era mau perante o Senhor! Então o próprio Deus deu poder a esse rei pagão para ser um instrumento de juízo para os filhos de Israel (Jz 3:12-14).

A opressão dos moabitas sobre os israelitas durou 18 anos, até que o Senhor levantou Eúde como libertador em resposta do clamor de Israel (Jz 3:15). A designação “canhoto”, traduz uma expressão idiomática do hebraico que literalmente significa “restringido em sua mão direita”, embora essa não seja uma expressão hebraica usual para significar “canhoto”.

Eúde mata Eglom e liberta o povo de Israel

Eúde colocou em prática um engenhoso plano para atacar o rei moabita. Ele fez um punhal de dois gumes do tamanho de um côvado curto, ou seja, com aproximadamente 30 centímetros. Depois ele colocou esse punhal por baixo de sua roupa no lado direito.

Então, ele foi até Eglom para lhe entregar os tributos dos filhos de Israel. Na condição de uma nação subjugada, Israel deveria pagar tributos a Moabe. Após entregar o tributo, Eúde, e os demais que estavam com ele, partiram na viagem de volta. Mas ao chegarem ao ponto em que estavam as imagens de escultura ao pé de Gilgal, Eúde retornou ao palácio de Eglom. Ele disse ao rei que tinha uma mensagem secreta para lhe dizer (Jz 3:19).

Ambos ficaram sozinhos numa sala do palácio. Então Eúde disse a Eglom que a mensagem que tinha a lhe dizer era uma palavra da parte de Deus. Eglom se levantou de sua cadeira e Eúde rapidamente empunhou a pequena espada com sua mão esquerda e a cravou na barriga de Eglom.

Como Eglom era um homem muito gordo, o punhal foi cravado inteiro em seu ventre, de modo que a gordura o escondeu (Jz 3:17). Eúde ainda conseguiu trancar as portas da sala e escapar pelo pórtico. Os servos de Eglom demoraram até encontrarem seu rei morto no chão (Jz 3:24,25).

Enquanto isso, Eúde se reuniu com os israelitas e os liderou contra Moabe. Eles derrotaram um exército de cerca de dez mil homens moabitas (Juízes 3:27-29). Eglom e seu povo serviram como ferramenta do juízo de Deus contra Israel. Porém, agora esse mesmo juízo havia sido derramado sobre eles. O Deus Soberano conduz a história segundo os seus propósitos.


O próprio Eúde claramente atribuiu aquela vitória não a sua sagacidade, coragem ou inteligência, mas a ação do Senhor em favor de Israel. Após a vitória de Israel sob a liderança de Eúde, “a terra ficou em paz oitenta anos” (Juízes 3:30). Além da referência no livro de Juízes, Eúde também é citado em uma genealogia no livro de 1 Cr (8:6).

12 Porém os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor; então o Senhor fortaleceu a Eglom, rei dos moabitas, contra Israel; porquanto fizeram o que era mau aos olhos do Senhor.

12. Mas o Senhor deu poder a Eglom, rei dos moabitas, contra Israel. Depois da morte de Otniel, a idolatria novamente começou a se alastrar entre as tribos israelitas. O líder da segunda opressão veio a Moabe, a terra a leste do Mar Morto e ao sul do Rio Arnom.


13 E reuniu consigo os filhos de Amom e os amalequitas, e foi, e feriu a Israel, e tomaram a cidade das palmeiras.

E ajuntou consigo os filhos de Amom, e os amalequitas. Os amonitas estavam radicados a leste e norte de Moabe, desde o Amom até o Jaboque. Siom, rei dos amorreus, fora derrotado por Israel nesta região antes da conquista de Canaã. Os amalequitas nômades eram ferozes inimigos de Israel desde a batalha de Refidim, a caminho do Sinai, até sua final destruição no tempo de Ezequias (I Cr 4:43). Apoderaram-se da cidade das palmeiras. Eglom e seus confederados invadiram Canaã pela mesma rota que Josué usara antes. Atravessaram o Jordão e tomaram a cidade das palmeiras, ou Jericó. A cidade destruída por Josué ocupava uma posição estratégica, e evidentemente uma outra cidade fora construída na mesma região pouco tempo depois de sua destruição. O texto implica em uma batalha pois a “cidade das palmeiras” antes disso fora ocupada por Eglom e seus aliados.

14 E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei dos moabitas, dezoito anos.

15 Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, e o Senhor lhes levantou um libertador, a Eúde, filho de Gera, filho de Jemim, homem canhoto. E os filhos de Israel enviaram pela sua mão um presente a Eglom, rei dos moabitas.

O Senhor lhes suscitou libertador, Eúde, homem canhoto filho de Gera. Parece que os benjaminitas tinham uma tendência para serem canhotos (Jz 20:16), e em pelo menos um exemplo eles são descritos como ambidestros (I Cr 12: 2). Por intermédio dele, enviaram os filhos de Israel tributo a Eglom. O tributo era sem dúvida exigido pelos opressores moabitas.

16 E Eúde fez para si uma espada de dois fios, do comprimento de um côvado; e cingiu-a por baixo das suas vestes, à sua coxa direita.

  Eúde fez para si um punhal de dois gumes, de comprimento de um côvado. Eúde arranjou uma espada com a qual pretendia matar o rei moabita.

17 E levou aquele presente a Eglom, rei dos moabitas; e era Eglom homem muito gordo.

18 E sucedeu que, acabando de entregar o presente, despediu a gente que o trouxera.

 Tendo entregue o tributo, despediu a gente que o trouxera. Eúde despediu o grande séquito de homens que o acompanharam. Considerando que o tributo era pago em prata, ouro, gado e outros materiais volumosos, exigia um grande número de homens para ser carregado. Despedindo os homens, Eúde aquietou qualquer suspeita de más intenções.

19 Porém ele mesmo voltou das imagens de escultura que estavam ao pé de Gilgal, e disse: Tenho uma palavra secreta para ti, ó rei. O qual disse: Cala-te. E todos os que lhe assistiam saíram de diante dele.

 Depois de despedir seus acompanhantes, Eúde retornou á casa do rei. Tenho uma palavra secreta a dizer-te, ó rei. Enviou a Eglom uma mensagem pedindo uma audiência particular. Estava implícito que a mensagem era tão importante que não podia ser confiada a um cortesão qualquer.

20 E Eúde entrou numa sala de verão, que o rei tinha só para si, onde estava sentado, e disse: Tenho, para dizer-te, uma palavra de Deus. E levantou-se da cadeira.

Numa sala de verão. Eglom se encontrava em sua 'aliya quando Eúde chegou. A 'aliya era um andar adicional levantado em cima do telhado achatado da casa, num de seus cantos. Costumava ter apenas um aposento, cujas janelas com treliça forneciam ventilação. A 'aliya era o aposento mais fresco de toda a casa. Tenho a dizer-te uma palavra de Deus. As palavras de Eúde implicavam em que era mensageiro do Deus de Israel para o rei moabita. Alguns comentadores parafraseiam esta mensagem assim: “Tenho um negócio divino a resolver contigo, uma ordem divina de executá-lo”. E Eglom se levantou da cadeira. O rei moabita presumivelmente levantou-se em sinal de reverência diante do oráculo divino. Isto devia ter sido planejado por Eúde para que ele pudesse aproximar-se de Eglom o suficiente para desferir o golpe.

21 Então Eúde estendeu a sua mão esquerda, e tirou a espada de sobre sua coxa direita, e lha cravou no ventre,

Então Eúde, estendendo a mão esquerda puxou o seu punhal do lado direito e lho cravou no ventre. O plano de Eúde teve sucesso. Sem despertar suspeitas, aproximou-se do rei, então subitamente arrancou sua arma e assassinou o opressor de Israel.

22 De tal maneira que entrou até o cabo após a lâmina, e a gordura encerrou a lâmina (porque não tirou a espada do ventre); e saiu-lhe o excremento.


 De tal maneira que entrou também o cabo com a lâmina. O golpe foi rápido e forte. Eúde deixou a arma dentro do ferimento. E a imundície saiu. Tal ferimento no abdome forçou a saída dos excrementos. Esta é a interpretação mais natural, e é fisiologicamente correta.

23 Então Eúde saiu ao pátio, e fechou as portas da sala e as trancou.

 Eúde. . . passou para o vestíbulo. O misderon, traduzido para vestíbulo, através do qual Eúde escapou, não pode ser positivamente identificado. A palavra só aparece esta única vez nas Escrituras.

24 E, saindo ele, vieram os servos do rei, e viram, e eis que as portas da sala estavam fechadas; e disseram: Sem dúvida está cobrindo seus pés na recâmara da sala de verão.


Sem dúvida está ele aliviando o ventre na privada da sala de verão. Os servos de Eglom, evidentemente viram Eúde saindo. Como não perceberam nada de anormal, não tinham razões de suspeitar de algo. Não queriam intrometer-se no isolamento de Eglom, presumindo que estivesse tratando de suas necessidades fisiológicas. “Cobrir os pés” é um eufemismo pala “aliviar-se”.

25 E, esperando até se alarmarem, eis que ele não abria as portas da sala; então tomaram a chave, e abriram, e eis ali seu senhor estendido morto em terra.

Aborreceram-se de esperar. Esperaram até que se convenceram que estavam enganados. Tomaram da chave e a abriram. O tipo de fechadura usado nos tempos bíblicos era comum na Palestina até há pouco tempo. O trinco era fechado manualmente. Um certo número de pinos eram colocados nos buracos correspondentes do trinco que o trancavam. A chave pala abri-la era geralmente um pedaço de madeira chata com pinos numa das pontas correspondendo ao número e posição dos pinos da fechadura. O comprimento correspondia á profundidade do trinco. O trinco era recortado de modo que a chave pudesse escorregar ao longo do seu comprimento e sob o mesmo até que os pinos fossem levantados, permitindo que o trinco fosse empurrado para trás.


26 E Eúde escapou, enquanto eles se demoravam; porque ele passou pelas imagens de escultura, e escapou para Seirá.

 Eúde escapou... foi para Seirá. Quando os servos de Eglom descobriam seu corpo inerte, Eúde já tinha alcançado a fronteira das montanhas de Efraim. A localização exata de Seirá não se conhece.


27 E sucedeu que, chegando ele, tocou a buzina nas montanhas de Efraim, e os filhos de Israel desceram com ele das montanhas, e ele adiante deles.

Tocou a trombeta nas montanhas de Efraim. A trombeta convocava os homens á guerra ( I Sm 13:3, 4). As montanhas de Efraim compreendiam a cadeia central de montanhas da Palestina desde a Planície de Esdrelom ao sul até as circunvizinhanças de Jerusalém.


28 E disse-lhes: Segui-me, porque o Senhor vos tem entregue vossos inimigos, os moabitas, nas vossas mãos; e desceram após ele, e tomaram os vaus do Jordão contra Moabe, e a ninguém deixaram passar.

E desceram após ele, e tomaram os vaus do Jordão contra os moabitas. Os israelitas atenderam ao chamado de Eúde. Tomaram os vaus do Jordão que seriam usados pelos moabitas pala fugir (Js 2:7; 2 Sm. 19:15).


29 E naquele tempo feriram dos moabitas uns dez mil homens, todos corpulentos, e todos homens valorosos; e não escapou nenhum.

 Naquele tempo feriram dos moabitas uns dez mil homens. Embora seja apropriadamente considerado um número redondo, os dez mi homens deviam constituir uma séria perda pala Moabe. O poder moabita sobre Israel foi realmente quebrado.


30 Assim foi subjugado Moabe naquele dia debaixo da mão de Israel; e a terra sossegou oitenta anos.


E a terra ficou em paz oitenta anos.  3:11. Nada se diz do juizado de Eúde depois de sua vitória sobre os moabitas. Lemos, entretanto, sobre oitenta anos (duas gerações) durante os quais a terra ficou livre de invasores.


5. Deus usa a profetisa Débora como Juíza  para dar livramento a Israel diante  do rei de Hazor


Débora foi uma juíza e profetisa de Israel, que liderou o povo na guerra contra o rei de Canaã. Ela convocou o povo para a batalha e profetizou sua vitória sobre um exército muito grande.

No tempo de Débora não havia rei sobre Israel. O povo era liderado por juízes – pessoas influentes, usadas por Deus, que se tornavam líderes políticos, espirituais e militares. Quando Deus levantou Débora, os israelitas tinham se desviado de Deus e estavam sendo oprimidos por Jabim, rei de Canaã (Jz 4:1-2).

Débora era profetisa e uma mulher sábia. Ela se sentava debaixo de uma tamareira e o povo vinha até ela para resolver suas questões (Juízes 4:4-5).

A batalha de Débora

Um dia Débora chamou um guerreiro chamado Baraque e lhe disse que Deus lhe iria dar vitória sobre o exército de Jabim. Baraque insistiu que Débora fosse com ela para a batalha e ela aceitou mas avisou que seria uma mulher que iria matar o chefe do exército inimigo. Juntaram dez mil homens de Israel e foram para a batalha (Jz 4:6-7).

O exército de Jabim era mais poderoso e tinha muitos carros de guerra, que era uma grande vantagem. Mas Débora abençoou Baraque e Deus derrotou esse grande exército. Os israelitas mataram todos os soldados inimigos (Jz 4:14-15).

O comandante do exército de Jabim, chamado Sísera, fugiu da batalha e pediu abrigo a uma mulher chamada Jael. Mas enquanto ele dormia na sua tenda, Jael lhe encravou uma estaca na testa com um martelo. Quando Baraque chegou, Jael lhe mostrou seu inimigo, morto! - Jz 4:21-22


O rei Jabim nunca mais recuperou dessa derrota e acabou sendo destruído. Depois da grande vitória, Débora e Baraque cantaram, agradecendo a Deus e lembrando os momentos mais importantes da batalha. Depois houve paz durante quarenta anos.



Juízes 4

1 Porém os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, depois de falecer Eúde.

 Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau perante o Senhor, depois de falecer Eúde. Durante a vida de Eúde, Israel permaneceu fiel ao Senhor. Depois, contudo, uma nova explosão de idolatria introduziu outro período de opressão.

2 E vendeu-os o Senhor na mão de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor; e Sísera era o capitão do seu exército, o qual então habitava em Harosete dos gentios.

Entregou-os o Senhor nas mãos de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor. As opressões anteriores vieram de fora da terra de Canaã. Jabim, contudo, um líder cananeu, comandou uma insurreição contra os israelitas, os quais, sob a liderança de Josué, os tinham desapossado. Hazor era o forte mais importante em Canaã setentrional. Sísera era o comandante do seu exército, o qual então habitava em Harosete-Hagoim. A casa de Sísera, Haroshet haggoyim, é a moderna Tell 'Amar, localizada no local onde o Rio Quisom passa por uma estreita garganta antes de entrar na Planície do Acre. Fica a cerca de 16 kms a noroeste de Megido.


3 Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, porquanto ele tinha novecentos carros de ferro, e por vinte anos oprimia violentamente os filhos de Israel.

Débora, profetiza, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Débora foi descrita como profetiza e juíza. Em um momento de desespero ela despertou o seu povo pala a luta.

4 E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.
5 Ela assentava-se debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.

Ela atendia debaixo da palmeira de Débora. Em lugar de atendia devemos entender assentava-se. Parte da responsabilidade de Débora como juíza era assentar-se como árbitro na resolução de disputas. A árvore particularmente associada com seu juizado ficava entre Ramá e Betel. Ramá ficava em Benjamim, ao norte de Jerusalém. Esta é a região onde mais tarde Samuel julgou Israel (I Sm 7:16).

6 E mandou chamar a Baraque, filho de Abinoão de Quedes de Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor Deus de Israel não deu ordem, dizendo: Vai, e atrai gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom;

Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes de Naftali. Quedes de Naftali era uma cidade de Refúgio (Js 20:7; 12:22). Esta parte de Israel ficava mais próxima dos opressores cananeus. Vai, e leva gente ao monte Tabor. Baraque recebeu ordem de convocar os exércitos de Israel no monte Tabor, na região nordeste da Planície de Esdrelom.

7 E atrairei a ti para o ribeiro de Quisom, a Sísera, capitão do exército de Jabim, com os seus carros, e com a sua multidão; e o darei na tua mão.

E fará ir a ti para o ribeiro Quisom a Sísera ... e o darei nas tuas mãos. Débora falou como profetiza. Deus prometeu destruir os exércitos de Sísera por meio dela.

8 Então lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei.

 Se fores comigo, irei. Balaque queria a certeza de que a profetiza o acompanharia, garantindo-lhe assim sucesso na batalha.

9 E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra da jornada que empreenderes; pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se levantou, e partiu com Baraque para Quedes.

Certamente irei contigo... às mãos de uma mulher o Senhor entregará Sísera. Débora prometeu acompanhar Baraque, mas ela declarou que uma mulher seria a heroína. Isto antecipa a parte desempenhada na derrota dos cananeus por Jael, a esposa de Héber.

10 Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes, e subiu com dez mil homens após ele; e Débora subiu com ele.

Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes. As duas tribos do norte tinham a responsabilidade de enfrentar a ameaça de Sísera.

11 E Héber, queneu, se tinha apartado dos queneus, dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés; e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho de Zaanaim, que está junto a Quedes,

Ora, Héber, queneu. . . dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés. O historiador sagrado fornece alguns antecedentes relativamente aos queneus. Parece que eram ferreiros nômades com os quais Moisés se encontrou a primeira vez durante sua peregrinação ao deserto, antes de vir a ser o líder do Êxodo. Héber tinha se separado de sua tribo e tinha se estabelecido perto de Quedes.

12 E anunciaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor.

Anunciaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor. Sísera, estando informado dos movimentos de Baraque, reuniu seu exército, incluindo novecentos carros de ferro, e marchou de Harosete para Quisom.

13 E Sísera convocou todos os seus carros, novecentos carros de ferro, e todo o povo que estava com ele, desde Harosete dos gentios até ao ribeiro de Quisom.

14 Então disse Débora a Baraque: Levanta-te, porque este é o dia em que o Senhor tem dado a Sísera na tua mão; porventura o Senhor não saiu adiante de ti? Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele.


Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mi homens após ele. Sob a afirmação de Débora de que Deus iria conceder uma grande vitória a Israel, Baraque e seus dez mil homens saíram impetuosamente contra o exército cananeu no vale.

15 E o Senhor derrotou a Sísera, e a todos os seus carros, e a todo o seu exército ao fio da espada, diante de Baraque; e Sísera desceu do carro, e fugiu a pé.

E o Senhor derrotou a Sísera. Os cananitas foram tomados de pânico. A súbita e violenta investida do exército israelita, mais a tempestade que fez o Quisom transbordar (5:21), forçou os cananeus a fugirem de seus carros, os quais eles deixaram atolados no vale.

16 E Baraque perseguiu os carros, e o exército, até Harosete dos gentios; e todo o exército de Sísera caiu ao fio da espada, até não ficar um só.
17 Porém Sísera fugiu a pé à tenda de Jael, mulher de Héber, queneu; porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu.

Sísera fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher de Héber, queneu. Com a destruição de seu exército, a primeira preocupação de Sísera foi salvar a própria vida. Porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu. Sísera tinha motivos pala pensar que estaria seguro se alcançasse a casa de Héber. Evidentemente os cananeus não tinham oprimido os nômades queneus que viviam entre eles, e os queneus não tinham participado da insurreição dos israelitas contra eles.

18 E Jael saiu ao encontro de Sísera, e disse-lhe: Entra, senhor meu, entra aqui, não temas. Ele entrou na sua tenda, e ela o cobriu com uma coberta.

 Saindo Jael ao encontro de Sísera disse-lhe: Entra, senhor meu. Jael ofereceu a hospitalidade de sua tenda ao amedrontado Sísera. Se ela convidou que entrasse em sua tenda a fim de matá-lo ou não é uma questão de inferência. Pôs sobre ele uma coberta. O significado exato da palavra traduzida para coberta não é certo. Também pode ser traduzido pala cortina de tenda.

19 Então ele lhe disse: Dá-me, peço-te, de beber um pouco de água, porque tenho sede. Então ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber, e o cobriu.

Ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber, e o cobriu. Sísera pediu água, mas Jael abriu um odre de pele de carneiro ou cabrito no qual se guardava leite e deu-lhe.

20 E ele lhe disse: Põe-te à porta da tenda; e há de ser que se alguém vier e te perguntar: Há aqui alguém? Responderás então: Não.

Põe-te à porta da tenda. Sísera tinha motivos pala suspeitar que os israelitas iriam persegui-lo. Pediu a Jael que lhes dissesse que não se encontrava em sua tenda. Sua atitude hospitaleira levou-o a pensar que podia confiar nela.

21 Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda, e lançou mão de um martelo, e chegou-se mansamente a ele, e lhe cravou a estaca na fonte, de sorte que penetrou na terra, estando ele, porém, num profundo sono, e já muito cansado; e assim morreu.

Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda ... e lhe cravou a estaca na fonte... e assim morreu. Entre os beduínos é da responsabilidade das mulheres a armação das tendas, e isto podia também acontecer entre os antigos. A estaca e o martelo que Jael usou eram provavelmente feitos de madeira. Sísera, exausto de sua fuga difícil, dormia profundamente, e Jael achou que era sua oportunidade de matar o inimigo de Israel. Alguns comentadores sugerem que Jael não simpatizava com a neutralidade do seu marido (4:17), e que sua atitude com Sísera foi motivada por sua lealdade a Israel. Se o assassinato de Sísera foi ou não premeditado por ela, é irrelevante ao que diz respeito á narrativa de Juízes. Do ponto de vista israelita, ela foi uma heroína porque provocara a morte de Sísera.


22 E eis que, seguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro, e disse-lhe: Vem, e mostrar-te-ei o homem que buscas. E foi a ela, e eis que Sísera jazia morto, com a estaca na fonte.

E eis que, perseguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro. Jael deu a Baraque a boa noticia de que o capitão dos cananeus estava morto.

23 Assim Deus naquele dia sujeitou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel.

 Assim Deus naquele dia humilhou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel. As Escrituras não separam Deus do processo histórico. O ato de Jael foi registrado, mas a vitória foi atribuída a Deus. A atitude de toda a Bíblia para com a história é consistente. Deus permite que os pagãos castiguem o Seu povo, e Deus levanta libertadores pata salvá-los. Causa e efeito são significativos no plano histórico, mas Deus é colocado como o Poder por trás de tudo o que acontece, bom ou mau. Não há necessidade de justificarmos o ato de Jael. Até os atos de perversidade nas Escrituras são representados corvo promovedores dos finais propósitos de Deus ( At 2:23, 24; Sl 76:10).

24 E continuou a mão dos filhos de Israel a pesar e a endurecer-se sobre Jabim, rei de Canaã; até que exterminaram a Jabim, rei de Canaã.
O que a vida de Débora nos ensina?
A vida de Débora nos ensina que Deus vê mais do que as aparências. No tempo de Débora, não era normal uma mulher ser líder. Mas Deus não rejeitou Débora por ser mulher. Ele a tornou no líder político e espiritual do país inteiro! Não importa quem você é, Deus pode usar você para fazer grandes coisas (1 Co 1:27-29).


Normalmente, quem tinha o poder militar era quem mandava. Mas Baraque obedeceu a Débora, porque reconhecia que ela era mensageira de Deus. Débora tinha autoridade dada por Deus. Débora seguia a Deus e, por causa disso, Deus a usou para inspirar o povo para alcançar vitória.

Débora também era casada (Jz 4:4). Isso nos prova que ter uma família e trabalhar ativamente para Deus não são duas coisas incompatíveis. Tanto homens como mulheres são chamados por Deus para formar família e contribuir para o ministério público.


6. Deus derrota os midianitas por meio de Gideão

O Anjo do Senhor apareceu a Gideão quando ele estava tentando esconder seu trigo dos invasores. O anjo lhe disse que ele iria derrotar os invasores, porque Deus estava com ele. Mas Gideão achou que ele não era a pessoa certa (Jz 6:14-16). O Anjo de Deus lhe confirmou a mensagem, fazendo fogo aparecer e consumir a oferta que Gideão tinha oferecido a Deus.

Nessa noite, Deus mandou Gideão destruir os altares idólatras de seu pai. Gideão obedeceu mas, quando os homens da cidade descobriram, ficaram irados com ele. O pai de Gideão o defendeu, explicando que se Baal fosse um deus de verdade, teria impedido Gideão de destruir seu altar. Por isso, Gideão ficou conhecido como Jerubaal, que significa “que Baal dispute com ele” (Jz 6:31-32).

A vitória de Gideão

Quando Gideão foi lutar contra os midianitas, a desvantagem era grande: 135 mil inimigos contra 32 mil israelitas. Gideão pediu um sinal para ter a certeza que Deus iria libertar Israel. Uma noite ele colocou um bocado de lã no chão e pediu que apenas a lã ficasse molhada com orvalho, não o chão. De manhã, apenas a lã estava molhada. Na noite seguinte ele pediu para a lã ficar seca e o chão molhado e aconteceu!


Deus disse a Gideão que seu exército era grande demais (Jz 7:2-3). Então Gideão mandou embora todos que estavam cheios de medo mas Deus disse que ainda eram muitos. A vitória viria de Deus, não da força do exército. Então Gideão separou 300 homens que beberam água lambendo-a como cachorro, sem se ajoelhar. Com apenas esses homens ele atacou os midianitas.

Divididos em três grupos, os israelitas surpreenderam o exército inimigo, fazendo grande ruído no meio da noite (Jz 7:19-21). Os inimigos ficaram confusos e se viraram uns contra os outros. Gideão perseguiu os inimigos em fuga e, com a ajuda de mais israelitas, ele derrotou todos e matou seus líderes. Pelo caminho, algumas cidades israelitas não ajudaram Gideão e seus homens cansados. Por isso, quando terminou a batalha, Gideão castigou essas cidades.

Os israelitas quiseram proclamar Gideão como seu rei mas ele recusou (Jz 8:22-23). Gideão apenas aceitou receber uma parte dos despojos da guerra. Com o ouro que recebeu, Gideão fez um manto sacerdotal, que colocou em sua cidade. Infelizmente, esse manto se tornou um ídolo para a família de Gideão.



Durante todo o resto da vida de Gideão Israel teve paz (Jz 8:28-29). Gideão voltou para casa, se casou com muitas mulheres e teve 70 filhos. Mas depois que morreu, os israelitas voltaram outra vez para a idolatria e se esqueceram de Deus e de tudo que Ele fez através de Gideão.


Juízes 6

1 Porém os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do SENHOR; e o SENHOR os deu nas mãos dos midianitas por sete anos.

O Senhor os entregou nas mãos dos midianitas. O ciclo do pecado, castigo e livramento repetiu-se outra vez. Os midianitas eram nômades que habitavam na região leste e sudeste do Mar Morto. Sua genealogia vai até Abraão, através de sua concubina Quetura (Gn 25:1, 2).

2 E, prevalecendo a mão dos midianitas sobre Israel, fizeram os filhos de Israel para si, por causa dos midianitas, as covas que estão nos montes, as cavernas e as fortificações.

Prevalecendo o domínio dos midianitas sobre Israel, fizeram estes para si, por causa dos midianitas, as covas que estão nos montes, e as cavemos e as fortificações. As incursões midianitas eram tão constantes que os israelitas tiveram que recorrer às cavernas e esconderijos das montanhas para se refugiarem.

3 Porque sucedia que, semeando Israel, os midianitas e os amalequitas, e também os do oriente, contra ele subiam.

Cada vez que Israel semeava, os midianitas e os amalequitas, como também os povos do Oriente. Associados aos midianitas estavam os amalequitas (3:13) e os povos do Oriente, um termo generalizado para os nômades do deserto da Síria.

4 E punham-se contra ele em campo, e destruíam os frutos da terra, até chegarem a Gaza; e não deixavam mantimento em Israel, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos.

E contra ele se acampavam. Em feitio tipicamente nômade eles acampavam temporariamente na terra, usando-a como pastagem pata seus rebanhos e assenhoreando-se dos seus produtos. Israel estava indefesa para interferir com os movimentos dos beduínos.

5 Porque subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em grande multidão que não se podia contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra, para a destruir.

Não se podiam contar, nem a eles nem aos seus camelos. O uso dos camelos domesticados tomava possível, pela primeira vez, incursões a longas distâncias. A Bíblia refere-se a camelos antes da Era Patriarcal (Gn. 24:10 e segs.), mas esta é a primeira referência a uma incursão organizada na qual foram usados os camelos.

6 Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.
7 E sucedeu que, clamando os filhos de Israel ao Senhor por causa dos midianitas,
8 Enviou o Senhor um profeta aos filhos de Israel, que lhes disse: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Do Egito eu vos fiz subir, e vos tirei da casa da servidão;

(O Senhor) enviou um profeta. A opressão midianita levou o povo a clamar a Deus por livramento. Um profeta apareceu no meio deles que fê-los lembrar do misericordioso livramento de Deus quando Seu povo estava no Egito, e sua subsequente desobediência.

9 E vos livrei da mão dos egípcios, e da mão de todos quantos vos oprimiam; e os expulsei de diante de vós, e a vós dei a sua terra.
10 E vos disse: Eu sou o Senhor vosso Deus; não temais aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; mas não destes ouvidos à minha voz.
11 Então o anjo do Senhor veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas.

Então veio o Anjo do Senhor. A mensagem a Israel veio por meio de um profeta, mas o chamado a Gideão veio por intermédio do Anjo do Senhor. Como em 2:1-5, deve ser mentor entendido por uma teofania – uma aparição do próprio Deus a Gideão. E Gideão. . . estava malhando trigo do lagar, para o pôr a salvo dos midianitas. Gideão, tal como seus companheiros israelitas, tinha de trabalhar secretamente para que os midianitas não se apoderassem dos cereais. Dentro dos limites de um lagar só uma pequena quantidade de trigo podia ser malhada de vez. Era uma atitude de desespero.

12 Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso.

 O Senhor é contigo, homem valente. A mensagem do anjo do Senhor parecia zombaria, pois Gideão sentia-se sem forças para ir ao encontro das necessidades do seu povo.

13 Mas Gideão lhe respondeu: Ai, Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu nas mãos dos midianitas.

 Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que nos sobreveio tudo isto? O poder dos inimigos de Israel parecia provar que Deus não estava com o Seu povo. Gideão perguntou a respeito dos milagres do passado, e admirou-se por não vê-los em sua geração.

14 Então o Senhor olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu?

Vai nessa tua força, e livra a Israel da mão dos midianitas. Embora Israel fosse fraco diante dos seus inimigos, Deus prometeu a Gideão que libertaria o Seu povo.

15 E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai.

Com que livrarei a Israel? Os líderes de Israel exibiam igualmente um espírito de humildade diante de Deus (Êx. 3:11; Is. 6:5; Jr. 1:6). Gideão protestou que a sua situação na vida era um empecilho que fosse líder em Israel.

16 E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem.
17 E ele disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo.

Dá-me um sinal de que és tu, Senhor, que me falas. Gideão queria uma realização sobrenatural diante dele para confirmar o fato de que era realmente uma mensagem de Deus.

18 Rogo-te que daqui não te apartes, até que eu volte e traga o meu presente, e o ponha perante ti. E disse: Eu esperarei até que voltes.
19 E entrou Gideão e preparou um cabrito e pães ázimos de um efa de farinha; a carne pôs num cesto e o caldo pôs numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho ofereceu.

Entrou Gideão e preparou um cabrito. Isto seria a oferta (minha) que ele queria oferecer ao seu visitante (6:18). A terminologia é ambígua propositadamente. Em um sentido Gideão preparou um alimento que normalmente colocaria diante de um hóspede que desejasse honrar. Tal alimento, contudo, poderia também servir de oferta a Deus. Um sinal de que Deus aceitava a oferta validaria a mensagem que constituía uma fonte de perplexidade para Gideão.

20 Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os pães ázimos, e põe-nos sobre esta penha e derrama-lhe o caldo. E assim fez.

Toma a carne e os bolos asmos, põe-nos sobre esta penha. O anjo deu ordens a que o alimento fosse colocado sobre um altar improvisado.

21 E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos.

 Então subiu fogo, da ponha, e consumiu a carne e os bolos. Era sinal de aceitação divina (Lv. 9:24; I Reis 18:38), o tipo de sinal pelo qual Gideão tinha esperado.

22 Então viu Gideão que era o anjo do SENHOR e disse: Ah, Senhor DEUS, pois vi o anjo do SENHOR face a face.

 Ai de mim, Senhor Deus. Gideão assustou-se porque vira o (não um) anjo do Senhor. Jeová dissera a Moisés: “Homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êx 33:20). Quando o Anjo do Senhor desapareceu, Gideão temeu que a teofania fosse um prenúncio de morte iminente.


23 Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.

 Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo! Não temas! Não morrerás! Deus assegurou a Gideão que não teria de morrer. A mensagem do Visitante angélico foi confirmada, e Gideão se comprovaria “um homem valente”.

24 Então Gideão edificou ali um altar ao SENHOR, e chamou-lhe: O SENHOR É PAZ; e ainda até o dia de hoje está em Ofra dos abiezritas.

Então Gideão edificou ali um altar. Ele edificou um altar para comemorar a mensagem divina que recebeu. Shalom é a palavra hebraica que significa “paz”. O altar ainda existia quando o Livro de Juízes foi escrito.

25 E aconteceu naquela mesma noite, que o Senhor lhe disse: Toma o boi que pertence a teu pai, a saber, o segundo boi de sete anos, e derruba o altar de Baal, que é de teu pai; e corta o bosque que está ao pé dele.

Toma um boi que pertence a teu pai. Considerando que a idolatria era o pecado prevalecente em Israel, Gideão recebeu ordens de provar sua lealdade ao Deus de Israel repudiando o culto a Baal. Gideão devia tomar um boi para adorar o Senhor. Então devia destruir o altar de Baal e derrubar o asherah que estava ao seu lado. Este asherah, ou bosque (E.R.C.) ou poste-ídolo (E.R.A.), representava o elemento feminino no culto à fertilidade e consistia de um poste de madeira, ou o tronco de uma árvore, que era levantado ao lado do altar de Baal.

26 E edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume deste lugar forte, num lugar conveniente; e toma o segundo boi, e o oferecerás em holocausto com a lenha que cortares do bosque.

Edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume deste baluarte. Gideão tinha de construir um altar ao Deus de Israel e usar a madeira do asherah para os preparativos do sacrifício.

27 Então Gideão tomou dez homens dentre os seus servos, e fez como o Senhor lhe dissera; e sucedeu que, temendo ele a casa de seu pai, e os homens daquela cidade, não o fez de dia, mas fê-lo de noite.

Então Gideão... fez como o Senhor lhe dissera. Dez homens se associaram com Gideão neste ato, que foi realizado à noite por precaução contra possível oposição dos israelitas que simpatizavam com o culto a Baal.

28 Levantando-se, pois, os homens daquela cidade, de madrugada, eis que estava o altar de Baal derrubado, e o bosque estava ao pé dele, cortado; e o segundo boi oferecido no altar que fora edificado.
29 E uns aos outros disseram: Quem fez esta coisa? E, esquadrinhando, e inquirindo, disseram: Gideão, o filho de Joás, fez esta coisa.

E uns aos outros diziam: Quem fez isto? No dia seguinte os habitantes da aldeia ficaram enraivecidos com um ato que interpretaram como sacrilégio.

30 Então os homens daquela cidade disseram a Joás: Tira para fora a teu filho; para que morra; pois derribou o altar de Baal, e cortou o bosque que estava ao pé dele.
31 Porém Joás disse a todos os que se puseram contra ele: Contendereis vós por Baal? Livrá-lo-eis vós? Qualquer que por ele contender ainda esta manhã será morto; se é deus, por si mesmo contenda; pois derrubaram o seu altar.

Contendereis vós por Baal? Quando os homens exigiram que Gideão fosse morto por este ato de profanação, Joás, seu pai, lançou-se em sua defesa. Ele disse: Se é Deus, que por si mesmo contenda. Em outras palavras, um deus que não pode defender-se não é digno da devoção do seu povo. Este é o significado da afirmação de Joás, que mais tarde ameaçou de morte a qualquer um que desposasse a causa de Baal.

32 Por isso naquele dia lhe chamaram Jerubaal, dizendo: Baal contenda contra ele, pois derrubou o seu altar.


Passou a ser chamado Jerubaal. Este é um outro nome para Gideão. Foi interpretado significando. “Baal contenda (yareb Ba’al). Serviu como uma espécie de lema para os adversários do Baalismo. Mais tarde o nome de Jerubaal foi substituído por Jerubesete (II Sm. 11:21), tal como Isbosete (2 Sm. 2: 8) substituiu Esbaal (1 Cr 8:33). O termo ba’al nos primórdios da vida hebraica era sinônimo de adonay. Ambos os termos significam “senhor” ou “mestre” e podiam ser usados em relação ao Deus de Israel. Depois do período de conflito como culto fenício a Baal, a palavra veio a ser sinônimo de idolatria. A palavra boshet, “vergonha”, era considerada substituto apropriado para Baal, termo componente de nomes próprios.

33 E todos os midianitas e amalequitas, e os filhos do oriente se ajuntaram, e passaram, e acamparam no vale de Jizreel.


 E todos os midianitas ... se acamparam no vale de Jezreel. O vale se estende do Monte Carmelo até o vale do Jordão. Um braço passa entre o Monte Tabor e o outeiro de Moré, e outro entre o Moré e o Monte Gilboa. Jezreel tem sido um campo de batalha através da história porque penetra no coração da Palestina.

34 Então o Espírito do SENHOR revestiu a Gideão, o qual tocou a buzina, e os abiezritas se ajuntaram após ele.

 Então o Espírito do Senhor revestiu a Gideão. O espírito divino envolveu Gideão de tal modo que ele se transformou no instrumento usado pelo Espírito na realização dos propósitos divinos. E os abiezritas se ajuntaram após dele. A clã de Gideão, os abiezritas, foi a primeira a se agrupar ao seu lado. Manassés, Aser, Zebulom e Naftali vieram depois ajudar Gideão em sua campanha contra os midianitas.


35 E enviou mensageiros por toda a tribo de Manassés, que também se ajuntou após ele; também enviou mensageiros a Aser, e a Zebulom, e a Naftali, que saíram-lhe ao encontro.
36 E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste,
37 Eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar seca, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste.

Eis que eu porei uma porção de lã na eira. Novamente Gideão buscou um sinal para saber se podia ou não esperar a vitória na batalha. Colocou um pouco de lã no chão e disse que teria certeza da vitória se encontrasse a lã montada de orvalho e o chão á volta seco.

38 E assim sucedeu; porque no outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo; e do orvalho que espremeu do velo, encheu uma taça de água.

De manhã encontrou a lã molhada de orvalho e apertando a lã, do orvalho dela espremeu uma taça cheia de água. Para confirmar a sua certeza, ele propôs que no dia seguinte a lã ficasse seca, mas o chão à sua volta, molhado. O duplo sinal, com suas interpretações naturalisticamente impossíveis, era evidência para Gideão de que Deus concederia a vitória a ele e seu exército.

39 E disse Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta vez faça a prova com o velo; rogo-te que só o velo fique seco, e em toda a terra haja o orvalho.
40 E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo ficou seco, e sobre toda a terra havia orvalho.


Juízes 7

1 Então Jerubaal (que é Gideão) se levantou de madrugada, e todo o povo que com ele havia, e se acamparam junto à fonte de Harode, de maneira que tinha o arraial dos midianitas para o norte, no vale, perto do outeiro de Moré.

Então Jerubaal, que é Gideão, se levantou de madrugada... e se acamparam junto à fonte de Harode. A fonte de Harode pode ser 'Ain Jalud, localizada ao pé do Monte Gilboa. Os israelitas sob as ordens de Gideão acamparam-se ali, e os midianitas se colocaram no outro lado do vale junto ao outeiro de Moré, a uma distância de quatro milhas.

2 E disse o Senhor a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou.

É demais o povo que está contigo. Um grande exército daria lugar a uma certa medida de auto-confiança. Deus queria ensinar ao Seu povo a necessidade de confiar nEle.

3 Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for medroso e tímido, volte, e retire-se apressadamente das montanhas de Gileade. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.

Quem for tímido e medroso, volte. No primeiro estágio da redução do tamanho do exército, cada individuo teve permissão de partir se assim desejasse. Cerca de dois terços do exército desistiu, mas ainda havia gente demais para o propósito divino.

4 E disse o Senhor a Gideão: Ainda há muito povo; faze-os descer às águas, e ali os provarei; e será que, daquele de que eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém de todo aquele, de que eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá.
5 E fez descer o povo às águas. Então o Senhor disse a Gideão: Qualquer que lamber as águas com a sua língua, como as lambe o cão, esse porás à parte; como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber.
6 E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber as águas.

Faze-os descer às águas, e ali tos provarei. Outra divisão foi feita junto ás águas, onde os homens usaram diferentes métodos para beberem. Aqueles que se ajoelharam para beber foram despedidos, enquanto que aqueles que lamberam a água com suas línguas, como faz o cão (v. 5 ), ficaram no exército de Gideão. Parece que estes últimos tomaram a água com as mãos (v. 6) e se levantaram para bebê-la. Homens que bebessem assim estariam preparados para um ataque de surpresa. Josefo interpreta esta passagem de modo diferente: Aqueles que lamberam eram os maiores covardes do exército, pois tinham medo de beber da maneira habitual na presença do inimigo. Deus, de acordo com este ponto de vista, mostrou Sua graça em usar os piores homens do exército para derrotar os midianitas! A passagem, contudo, não faz um julgamento moral dos dois grupos, mas apenas sugere os meios pelos quais o número foi reduzido pala que a graça de Deus pudesse se manifestar.


7 E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; portanto, todos os demais se retirem, cada um ao seu lugar.

Com estes trezentos homens que lamberam as águas eu vos livrarei. Deus planejou manifestar a Sua graça usando um pequeno exército para derrotar o inimigo de Israel.

8 E o povo tomou na sua mão a provisão e as suas buzinas, e enviou a todos os outros homens de Israel cada um à sua tenda, porém os trezentos homens reteve; e estava o arraial dos midianitas embaixo, no vale.
9 E sucedeu que, naquela mesma noite, o Senhor lhe disse: Levanta-te, e desce ao arraial, porque o tenho dado na tua mão.

Levanta-te, e desce contra o arraial. A ordem implica em ataque imediato. Durante o Êxodo, espias foram enviados de Cades-Barnea (Nm. 13) para espiarem a terra de Canaã. E Josué enviou espiões a Jericó antes de atacá-la (Js. 2). Gideão, contudo, devia atacar os midianitas imediatamente.

10 E, se ainda temes descer, desce tu e teu moço Purá, ao arraial;


Se ainda temes atacar, desce tu e teu moço Pura ao arraial. Pura (também poderia ser Purá) era o pajem, ou escudeiro, de Gideão.
Apesar das promessas divinas, Gideão devia se sentir um tanto hesitante em liderar um exército contra o inimigo. Nunca liderara um exército antes, e seus homens eram destreinados e inexperientes.


11 E ouvirás o que dizem, e então, fortalecidas as tuas mãos descerás ao arraial. Então desceu ele com o seu moço Purá até ao extremo das sentinelas que estavam no arraial.

E ouvirás que dizem. Os temores dos midianitas seriam uma fonte de encorajamento para Gideão. Depois, fortalecerás as tuas mãos. Deus usaria estas experiências para preparar Gideão na liderança da vitória de Israel.

12 E os midianitas, os amalequitas, e todos os filhos do oriente jaziam no vale como gafanhotos em multidão; e eram inumeráveis os seus camelos, como a areia que há na praia do mar.

Os midianitas ... cobriam o vale como gafanhotos. Este versículo é um exemplo do uso da hipérbole nas Escrituras. Comparados com os trezentos homens do exército de Gideão, os midianitas e seus aliados pareciam ser uma hoste incontável. Foram aqui comparados a um exército de gafanhotos que invadem uma região, devoram toda a vegetação e deixam a desolação por onde passam.

13 Chegando, pois, Gideão, eis que estava contando um homem ao seu companheiro um sonho, e dizia: Eis que tive um sonho, eis que um pão de cevada torrado rodava pelo arraial dos midianitas, e chegava até à tenda, e a feriu, e caiu, e a transtornou de cima para baixo; e ficou caída.

Eis que certo homem estava contando um sonho ao seu companheiro. Consideravam-se os sonhos como revelações do futuro. O midianita sonhara que um pão de cevada batera de encontro á tenda do comandante e a destruíra. Cevada era o cereal mais barato na Palestina, e seu uso aqui, destaca a pobreza de Israel. O sonho foi interpretado como evidência de que Deus estava para usai Israel pala destruir os exércitos de Midiã. Gideão, tomando conhecimento do temor que havia nos corações dos midianitas, retornou confiante ao seu acampamento e preparou-se para o ataque.

14 E respondeu o seu companheiro, e disse: Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão, filho de Joás, varão israelita. Deus tem dado na sua mão aos midianitas, e todo este arraial.
15 E sucedeu que, ouvindo Gideão a narração deste sonho, e a sua explicação, adorou; e voltou ao arraial de Israel, e disse: Levantai-vos, porque o Senhor tem dado o arraial dos midianitas nas nossas mãos.
16 Então dividiu os trezentos homens em três companhias; e deu-lhes a cada um, nas suas mãos, buzinas, e cântaros vazios, com tochas neles acesas.

Então repartiu os trezentos homens em três companhias. Gideão distribuiu seus homens de tal maneira que simulou um ataque de três lados ao mesmo tempo. Na verdade Gideão usou uma espécie de guerra psicológica. Ele usou chifres (Hb. shoparot, “chifres de carneiros”), cântaros vazios e tochas. Os cântaros eram pala esconder as tochas até o momento certo. Gideão queria dai a impressão de um ataque de surpresa. No meio da noite os midianitas seriam acordados pelo toque dos chifres e ao mesmo tempo veriam o súbito irromper da luz dentro das trevas. Gideão esperava assim, com a ajuda de Deus, deixar o acampamento inimigo em confusão.

17 E disse-lhes: Olhai para mim, e fazei como eu fizer; e eis que, chegando eu à extremidade do arraial, será que, como eu fizer, assim fareis vós.
18 Tocando eu a buzina, eu e todos os que comigo estiverem, então também vós tocareis a buzina ao redor de todo o arraial, e direis: Espada do Senhor, e de Gideão.
19 Chegou, pois, Gideão, e os cem homens que com ele iam, ao extremo do arraial, ao princípio da vigília da meia-noite, havendo sido de pouco trocadas as guardas; então tocaram as buzinas, e quebraram os cântaros, que tinham nas mãos.

Ao princípio da vigília média. A noite era dividida em três vigílias de quatro horas cada, a primeira começando às 18 hs. Tocaram as trombetas, e quebraram os cântaros. O som dos chifres seria o sinal do inicio da batalha. O quebrar dos cântaros simularia o ruído das armas. Quando os midianitas acordassem, cada um deles pensaria que a batalha já tinha começado.


20 Assim tocaram as três companhias as buzinas, e quebraram os cântaros; e tinham nas suas mãos esquerdas as tochas acesas, e nas suas mãos direitas as buzinas, para tocarem, e clamaram: Espada do Senhor, e de Gideão.

Espada pelo Senhor e por Gideão! O grito de guerra acrescentado ao barulho dos shopharim e do quebrar dos cântaros poria os midianitas em pânico. A E.R.C, traduz: Espada do Senhor, e de Gideão.

21 E conservou-se cada um no seu lugar ao redor do arraial; então todo o exército pôs-se a correr e, gritando, fugiu.
22 Tocando, pois, os trezentos as buzinas, o Senhor tornou a espada de um contra o outro, e isto em todo o arraial, que fugiu para Zererá, até Bete-Sita, até aos limites de Abel-Meolá, acima de Tabate.


O Senhor tornou a espada de um contra o outro. Na confusão, os midianitas e seus aliados começaram a se atacar mutuamente. O exército de Gideão era comparativamente fraco, mas o próprio exército do inimigo pôs-se em debandada. Os israelitas aproveitaram-se da circunstância e perseguiram o inimigo. Fugiu... até Bete-Sita (casa de acácia). Bete-Sita estava localizada em algum lugar entre o Vale de Jezreel e Zererá no Vale do Jordão. Alguns mestres acham que Zererá e Zaretã são o mesmo lugar (Js. 3:16). Até o termo de Abel-Meolá, acima de Tabate. Abel-Meolá (campo de dança) foi identificada por Nelson Glueck como a Tell-el-Maqlub no Vale do Jordão. Outros preferem um local a oeste do Jordão, cerca de 19,31kms ao sul de Bete-Seã. Tem sido mais conhecida como o lugar de nascimento do profeta Eliseu.


23 Então os homens de Israel, de Naftali, de Aser e de todo o Manassés foram convocados, e perseguiram aos midianitas.


Então os homens de Israel. . . perseguiram os midianitas. A vitória dos trezentos homens de Gideão foi um sinal para uma campanha geral contra os midianitas.

24 Também Gideão enviou mensageiros a todas as montanhas de Efraim, dizendo: Descei ao encontro dos midianitas, e tomai-lhes as águas até Bete-Bara, e também o Jordão. Convocados, pois, todos os homens de Efraim, tomaram-lhes as águas até Bete-Bara e o Jordão.


Cortaram-lhes a passagem pelo Jordão, até Bete-Bara. Era do propósito de Gideão cortar todas as saídas para destruir o inimigo. Bete-Bara pode ser localizada ao sul de Bete-Seã, de frente para o Wadi Fara'a.


25 E prenderam a dois príncipes dos midianitas, a Orebe e a Zeebe; e mataram a Orebe na penha de Orebe, e a Zeebe mataram no lagar de Zeebe, e perseguiram aos midianitas; e trouxeram as cabeças de Orebe e de Zeebe a Gideão, além do Jordão.



Mataram Orebe na penha de Orebe, e a Zeebe mataram no lagar de Zeebe. Os nomes significam corvo e lobo respectivamente. Os nomes foram dados aos lugares em face da comemoração da vitória sobre esses príncipes midianitas. E trouxeram as cabeças de Orebe e de Zeebe a Gideão. Como troféus de vitória, as cabeças dos príncipes midianitas foram levadas a Gideão.


O Anjo do Senhor apareceu a Gideão quando ele estava tentando esconder seu trigo dos invasores. O anjo lhe disse que ele iria derrotar os invasores, porque Deus estava com ele. Mas Gideão achou que ele não era a pessoa certa (Jz 6:14-16). O Anjo de Deus lhe confirmou a mensagem, fazendo fogo aparecer e consumir a oferta que Gideão tinha oferecido a Deus.

Nessa noite, Deus mandou Gideão destruir os altares idólatras de seu pai. Gideão obedeceu mas, quando os homens da cidade descobriram, ficaram irados com ele. O pai de Gideão o defendeu, explicando que se Baal fosse um deus de verdade, teria impedido Gideão de destruir seu altar. Por isso, Gideão ficou conhecido como Jerubaal, que significa “que Baal dispute com ele” (Jz 6:31-32).

A vitória de Gideão

Quando Gideão foi lutar contra os midianitas, a desvantagem era grande: 135 mil inimigos contra 32 mil israelitas. Gideão pediu um sinal para ter a certeza que Deus iria libertar Israel. Uma noite ele colocou um bocado de lã no chão e pediu que apenas a lã ficasse molhada com orvalho, não o chão. De manhã, apenas a lã estava molhada. Na noite seguinte ele pediu para a lã ficar seca e o chão molhado e aconteceu!

Deus disse a Gideão que seu exército era grande demais (Jz 7:2-3). Então Gideão mandou embora todos que estavam cheios de medo mas Deus disse que ainda eram muitos. A vitória viria de Deus, não da força do exército. Então Gideão separou 300 homens que beberam água lambendo-a como cachorro, sem se ajoelhar. Com apenas esses homens ele atacou os midianitas.

Divididos em três grupos, os israelitas surpreenderam o exército inimigo, fazendo grande ruído no meio da noite (Jz 7:19-21). Os inimigos ficaram confusos e se viraram uns contra os outros. Gideão perseguiu os inimigos em fuga e, com a ajuda de mais israelitas, ele derrotou todos e matou seus líderes. Pelo caminho, algumas cidades israelitas não ajudaram Gideão e seus homens cansados. Por isso, quando terminou a batalha, Gideão castigou essas cidades.



Os israelitas quiseram proclamar Gideão como seu rei mas ele recusou(Jz 8:22-23). Gideão apenas aceitou receber uma parte dos despojos da guerra. Com o ouro que recebeu, Gideão fez um manto sacerdotal, que colocou em sua cidade. Infelizmente, esse manto se tornou um ídolo para a família de Gideão.




7. Deus dá livramento a Israel através de Jefté



Quem Foi Jefté?

Quem foi Jefté? É a primeira questão do nosso estudo bíblico sobre Jefté, que foi um dos juízes em um período caótico da história de Israel, 1380 a 1050 a. C: “Não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” Jz 21:25. Vivia em Gileade, sendo membro da tribo de Manassés. A história de Jefté é curiosa, controversa e não conclusiva.

Jefté Significado

Agora que você já sabe quem foi Jefté, grave significado do nome: Jefté que significa “Deus Abre”. E o nome de seu pai Gileade, significa: “Monte do Testemunho”. A bíblia não relata o nome da mãe de Jefté ou de seus meio irmãos. Mas sabemos que ele era filho de uma prostituta. O que lhe trouxe repúdio por parte dos seus irmãos, que o expulsaram de casa, e ele sai como bastardo, mas acaba sendo convocado a voltar como líder.

Historia de Jefté

Ele nasceu e viveu em um contexto familiar desorganizado. Sua mãe era prostituta, seu pai (Gileade) tinha muitos filhos de outros relacionamentos. A Bíblia apresenta Jefté da seguinte forma: ” Era então Jefté o gileadita, valente e valoroso, porém filho de uma prostituta, mas Gileade gerara a Jefté.”

Também a mulher de Gileade tivera outros filhos, já grandes que expulsaram Jefté de casa dizendo: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher” Jz 11:1-2.

Se a história terminasse aqui, saberíamos quem foi Jefté, um bastardo e indigno de sua família e sua terra. Logo, Jefté em todo e qualquer contexto histórico, diante de sua origem e consequências familiares, seria fadado ao insucesso. Alguém lançado à marginalidade, sem pai, mãe, irmãos e sem lar. Tendo que vencer os traumas para se posicionar de forma relevante na sociedade.

O que acontece a Jefté, após ser expulso de casa? ” Foi habitar na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram a ele e saíam com ele” Jz 11:3. Se meteu com más companhias, mas a facilidade de adaptação ao novo lugar, demonstra que ele tinha capacidade de liderança.

Então, Jefté era valente, valoroso e líder. Cheio de qualidades, em um contexto de dificuldades. Quantas pessoas não se identificam com Jefté? Ele precisaria não chorar o abandono e a desgraça familiar, mas investir esforços para ser feliz, através daquilo que lhe era próprio: liderança, força e valor.

A história demonstra um homem motivado e disposto a vencer, tanto que chama à atenção dos anciãos de Israel e em um momento crítico da nação, ele é lembrado e solicitado: “Volte para Gileade, venha ser conosco para combater contra os filhos de Amon, seja cabeça entre nós” Jz 11:08.

O passado de uma pessoa não impede que Deus opere poderosamente em sua vida.


O poder da nação Amonita teve o seu auge durante o período dos juízes. Eram descendentes de Amom, que foi gerado quando a filha de Ló dormiu com seu embriagado pai (Gn 19:30-38). Seu território estava localizado ao leste do rio Jordão, do outro lado de Jerusalém. Ao sul de Amom encontrava-se Moabe, a nação concebida quando a outra filha de Ló dormiu com seu pai. Sempre foram aliados. Derrotar estas nações constituía uma grande dificuldade.

Jefté enviou mensageiros para o rei Amonita, desejoso de saber porque os israelitas de Gileade eram atacados (Jz 11:12). O monarca respondeu que Israel roubara a sua terra e a queria de volta (Jz 11:13).

Jefté enviou outra mensagem ao rei, nela ele deu três argumentos contra a sua reivindicação: primeiro lugar, Gileade nunca fora dos amonitas, porque os israelitas a conquistaram dos amorreus (Jz 11:16-22); segundo lugar, Israel possuía a terra concedida por Deus, e Amom era dono da terra dada pelo seu deus; e ninguém contestara a propriedade da terra desde a sua conquista, 300 anos antes (Jz 11:25,26).

Para credito de Jefté, ele tentou resolver o problema sem derramamento de sangue. Mas o rei de Amom ignorou esta mensagem e preparou suas tropas para a batalha.

Para quem não desanima nem se entrega a má sorte, chegará esse momento de reconhecimento e vitória. O Jefté valoroso era maior que sua história natural de desamparado familiar. E essa é uma lição para nós. Tem semelhança com “sair de detrás das malhadas”, deixar o anonimato, ser exaltado por ter nascido humilhado, mas não passar a vida lamentando. O destino empurrava Jefté para o caos, ele porém, prevalecia pela coragem e vontade de ser feliz.

Juízes 11: 29 “Então o Espírito do Senhor se apossou de Jefté. Este atravessou Gileade e Manassés, passou por Mispá de Gileade, e daí avançou contra os amonitas”. Israel venceu a guerra e a participação dele foi decisiva, até que o nomearam juiz da nação. Julgou Israel por seis anos, sendo sepultado nas cidades de Gileade (no plural).




Juízes 11

1 Era então Jefté, o gileadita, homem valoroso, porém filho de uma prostituta; mas Gileade gerara a Jefté.

 Era então Jefté, o gileadita, homem valente. As palavras o descrevem como grande guerreiro ( Gideão, 6:12; I Sm. 9:1; Naamã, 2 Rs 5:1). Era ele, contudo, filho duma prostituta, o que lhe dava posição inferior dentro da família.

2 Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, e, sendo os filhos desta mulher já grandes, expulsaram a Jefté, e lhe disseram: Não herdarás na casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher.

(Eles) expulsaram a Jefté. Os filhos legítimos de Gileade chamavam Jefté de filho de outra mulher e procuraram deserdá-lo.

3 Então Jefté fugiu de diante de seus irmãos, e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram a Jefté, e saíam com ele.

Então Jefté ... habitou na terra de Tobe. Tobe ficava provavelmente a nordeste de Gileade. Mais tarde os homens de Tobe aliaram-se aos amonitas na guerra contra Davi (II Sm. 10:6-8). Era uma espécie de distrito limítrofe, onde homens como Jefté podiam viver fora da lei e à beira da sociedade. E homens levianos se ajuntaram com ele, e com ele saíam. Jefté e seus companheiros eram considerados levianos (reqim, “vazios”), isto é, selvagens e temerários, em contraste com os “respeitáveis” membros da sociedade.

4 E aconteceu que, depois de algum tempo, os filhos de Amom pelejaram contra Israel.
5 E sucedeu que, como os filhos de Amom pelejassem contra Israel, foram os anciãos de Gileade buscar a Jefté na terra de Tobe.


5. Foram os anciãos de Gileade buscar a Jefté. Quando a guerra começou entre os amonitas e os gileaditas, estes últimos se lembraram de Jefté como líder em potencial.

6 E disseram a Jefté: Vem, e sê o nosso chefe; para que combatamos contra os filhos de Amom.
7 Porém Jefté disse aos anciãos de Gileade: Porventura não me odiastes a mim, e não me expulsastes da casa de meu pai? Por que, pois, agora viestes a mim, quando estais em aperto?

Por que, pois, vindes a mim, agora, quando estais em aperto? Jefté reprovou a delegação de gileaditas por não o terem ajudado quando precisava. Eles o tinham expulsado, confiantes em seu próprio valor. Agora vinham a ele, pedindo ajuda.


8 E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso tornamos a ti, para que venhas conosco, e combatas contra os filhos de Amom; e nos sejas por chefe sobre todos os moradores de Gileade.

Sê o nosso chefe sobre todos os moradores de Gileade. Os homens não responderam à queixa de Jefté, mas estavam prontos a lhe conceder todo o poder se os ajudasse no momento da necessidade.

9 Então Jefté disse aos anciãos de Gileade: Se me levardes de volta para combater contra os filhos de Amom, e o Senhor mos der diante de mim, então eu vos serei por chefe?
10 E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: O Senhor será testemunha entre nós, e assim o faremos conforme a tua palavra.
11 Assim Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por chefe e príncipe sobre si; e Jefté falou todas as suas palavras perante o Senhor em Mizpá.

Então Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e chefe. Depois de receber confirmação de que o seu governo seria reconhecido após a remoção da ameaça amonita, Jefté aceitou a posição oferecida. A escolha foi aprovada pelo povo ( Saul, I Sm 11:15; Roboão, I Reis 12: 1; Jeroboão, I Reis 12:20).

12 E enviou Jefté mensageiros ao rei dos filhos de Amom, dizendo: Que há entre mim e ti, que vieste a mim a pelejar contra a minha terra?


Enviou Jefté mensageiros ao rei dos filhos de Amom. Como líder oficial de Gileade, Jefté enviou mensageiros aos líderes amonitas, a fim de perguntar as razões que eles tinham para atacarem território israelita.
13. É porque saindo Israel do Egito, me tomou a terra. O discutido território era limitado pelo Arnom ao sul e o Jaboque ao norte, e estendia-se na direção do oeste até o Jordão. Esta terra fora do reino de Siom quando da entrada de Israel em Canaã, e Siom a arrebatara de Moabe (Nm. 21:26). Amonitas e moabitas que eram confederados no tempo de Jefté, sentiam que tinham direitos sobre este território confiscado.


13 E disse o rei dos filhos de Amom aos mensageiros de Jefté: É porque, saindo Israel do Egito, tomou a minha terra, desde Arnom até Jaboque, e ainda até ao Jordão: Restitui-ma agora, em paz.
14 Porém Jefté prosseguiu ainda em enviar mensageiros ao rei dos filhos de Amom,
15 Dizendo-lhe: Assim diz Jefté: Israel não tomou, nem a terra dos moabitas, nem a terra dos filhos de Amom.

 Israel não tomou, nem a terra dos moabitas nem aterra dos filhos de Amom. Jefté rejeitou a acusação. Israel tivera o cuidado de pedir permissão aos reis de Edom e Moabe para atravessarem suas terras. Não receberam permissão, e assim Israel escrupulosamente evitou tocar nas fronteiras de Edom e Moabe. Quando Siom, o rei dos amorreus, recusou dar a Israel a permissão de passar em Hesbom, houve uma batalha em Jaaz. O Deus de Israel concedeu vitória do Seu povo sobre Siom, e “Israel desapossou os amorreus das terras” (v. 21).

16 Porque, subindo Israel do Egito, andou pelo deserto até ao Mar Vermelho, e chegou até Cades.
17 E Israel enviou mensageiros ao rei dos edomitas, dizendo: Rogo-te que me deixes passar pela tua terra. Porém o rei dos edomitas não lhe deu ouvidos; enviou também ao rei dos moabitas, o qual igualmente não consentiu; e assim Israel ficou em Cades.
18 Depois andou pelo deserto e rodeou a terra dos edomitas e a terra dos moabitas, e veio do nascente do sol à terra dos moabitas, e alojou-se além de Arnom; porém não entrou nos limites dos moabitas, porque Arnom é limite dos moabitas.
19 Mas Israel enviou mensageiros a Siom, rei dos amorreus, rei de Hesbom; e disse-lhe Israel: Deixa-nos, peço-te, passar pela tua terra até ao meu lugar.
20 Porém Siom não confiou em Israel para este passar nos seus limites; antes Siom ajuntou todo o seu povo, e se acamparam em Jasa, e combateu contra Israel.
21 E o Senhor Deus de Israel deu a Siom, com todo o seu povo, na mão de Israel, que os feriu; e Israel tomou por herança toda a terra dos amorreus que habitavam naquela região.
22 E por herança tomaram todos os limites dos amorreus, desde Arnom até Jaboque, e desde o deserto até ao Jordão.
23 Assim o Senhor Deus de Israel desapossou os amorreus de diante do seu povo de Israel; e os possuirias tu?
24 Não possuirias tu aquilo que Quemós, teu deus, desapossasse de diante de ti? Assim possuiremos nós todos quantos o Senhor nosso Deus desapossar de diante de nós.

 Não é certo que aquilo que Camos, teu deus, te dá, consideras como tua possessão? Jefté argumentou que um povo deve ocupar o território que seu deus lhe dá. Tal método de consignar territórios era por meio das vitórias concedidas pelo deus do povo no campo da batalha. O povo de Camos devia, naturalmente, ocupar o território que Camos o capacitasse a conquistar. Uma vez que o Deus de Israel dera a Seu povo a terra por direito de conquista, era de se esperar que os israelitas a ocupassem. A Pedra Moabita atribui as vitórias de Moabe aos favores de Camos, e as vitórias de Israel sobre Moabe à ira de Camos. Estritamente falando, Milcom (ou Moloque) era o deus de Amom e Camos, o deus de Moabe. Moabe e Amom descendiam do mesmo pai, Ló, e tinham muita coisa em comum; e tanto Jefté como o rei amonita os considerava um só povo. Uma confederação pode ser a justificativa histórica para esta terminologia. O argumento ad hominem de Jefté não significa que os israelitas daquele tempo cressem realmente no poder de Camos. Considerando seus antecedentes e sua conduta subseqüente, Jefté poderia, contudo, defender tal conceito. Havia uma forte tendência de tornar o Deus de Israel em um dos deuses que deveriam ser reconhecidos.

25 Agora, pois, és tu ainda melhor do que Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas? Porventura contendeu ele em algum tempo com Israel, ou pelejou alguma vez contra ele?

És tu melhor do que... Balaque? O rei moabita, Balaque, não disputou a posse de Israel nas terras ao norte de Arnom. Embora convocasse um adivinho para enunciar uma maldição sobre Israel, Balaque jamais se arriscou a enfrentar Israel em uma batalha. Será que o atual rei de Amom julgava-se melhor do que Balaque para tentar subjugar Israel?


26 Enquanto Israel habitou trezentos anos em Hesbom e nas suas vilas, e em Aroer e nas suas vilas, em todas as cidades que estão ao longo de Arnom, por que o não recuperastes naquele tempo?

Enquanto Israel habitou ... em Hesbom ... e em Aroer. Aroer, a cidade no extremo sul de Israel, a leste do Jordão, estava localizada às margens do Arnom, Jefté deu a entender que os moabitas, deixando de reclamar quando Israel ocupou o reino de Siom, tacitamente reconheceu que o território não era deles.

27 Tampouco pequei eu contra ti! Porém tu usas mal comigo em pelejar contra mim; o Senhor, que é juiz julgue hoje entre os filhos de Israel e entre os filhos de Amom.

 O Senhor, que é juiz, julgue hoje entre os filhos de Israel e os filhos de Amom. Jefté resumiu sua defesa. Israel não fizera nada errado. Durante três séculos (número redondo), o direito de Israel nas cidades da Transjordânia fora reconhecido. Se Amom agora insistia na batalha, o resultado poderia ser deixado nas mãos do Deus de Israel.


28 Porém o rei dos filhos de Amom não deu ouvidos às palavras que Jefté lhe enviou.
29 Então o Espírito do Senhor veio sobre Jefté, e atravessou ele por Gileade e Manassés, passando por Mizpá de Gileade, e de Mizpá de Gileade passou até aos filhos de Amom.

Então o Espírito do Senhor veio sobre Jefté. Jefté não era mero oportunista. Recebeu poder de Deus para liderar os gileaditas na vitória contra seus opressores. Lemos sobre uma série de viagens feitas por Jefté. Passou até Mispa de Gileade, onde estava localizado o acampamento dos israelitas, e então dirigiu-se contra os amonitas.

30 E Jefté fez um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão,

Fez Jefté um voto ao Senhor. A forma do voto de Jefté é uma reminiscência de seus antecedentes meio pagãos. Fez o voto de oferecer como sacrifício queimado, qualquer coisa que primeiro saísse pela porta de sua casa, ao seu encontro, quando retornasse vitorioso da guerra contra os amonitas.

31 Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me vier ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, e o oferecerei em holocausto.
32 Assim Jefté passou aos filhos de Amom, a combater contra eles; e o Senhor os deu na sua mão.
33 E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel.

Este os derrotou desde Aroer, até as proximidades de Minite, vinte cidades. Jefté foi vitorioso em sua campanha. Esta Aroer não é a cidade sobre o Arnom (v. 26) mas outra cidade com o mesmo nome, a leste de Rabate-Amom (Js 13:25). Abe1-Queramim, a planície das videiras, nome de um lugar.


E Jefté, cujo nome significa “Deus abre” entra para o rol dos juízes de modo louvável. Deus de fato, abriu caminhos e deu oportunidades a esse guerreiro que soube ser diplomata e militar. Antes de partir para luta armada, ele tentou dialogar com as nações inimigas, propondo acordo (juízes 11:12). Quem diria que alguém tratado com tanto desdém, soubesse tratar os outros de forma tão complacente? A história desse homem pode nos ensinar muito.

Através da vida dos Juízes podemos verificar que por mais fraco ou limitado que seja, Deus pode usar a qualquer pessoa que se coloque ao seu dispor para a realização da sua obra e alcançar todas as conquistas da parte de Deus para Glória do seu Grandioso nome.

Não permita que o inimigo prevaleça sobre a sua vida através da apostasia ou da idolatria; sirva ao Senhor com um coração sincero, que Ele vai te dar vitória sobre todos os seus inimigos, em nome de Jesus.




Em breve estaremos de volta dando continuidade a esta matéria

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