terça-feira, 6 de julho de 2021

Série: As guerras na Bíblia e a batalha espiritual (P.8) Como vencer a batalha espiritual

 




Por: Jânio Santos de Oliveira

     Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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 Email janio-estudosdabiblia@bol.com.br








Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!



Como Vencer a Batalha Espiritual Com Armas Espirituais de Efésios 6

Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra nos textos de 
 Efésios 6.13-20 
 
que nos diz:





13 — Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
14 — Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça,
15 — e calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
16 — tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
17 — Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,
18 — orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos
19 — e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,
20 — pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.




Estamos dando início a mais uma série de conferências com o seguinte tema:

Série de conferências  "As guerras na Bíblia e a batalha espiritual"
Introdução

I. A origem da batalha se dá no reino angelical

1. Quem é o Diabo?
2. A origem do diabo
3. A origem do mal no mundo

II. O início da batalha entre as duas sementes

1. A queda do homem
2. A tentação
3. O pecado
4. A consequência
5.Onde o Diabo está?
6. O que o Diabo sabe?
7. O que o Diabo pode fazer?
8. O Diabo e os demônios
9. O que o Diabo quer?
10. A verdade e a mentira
11.  Como vencer o inimigo dentro de nós
12. Quem deva dominar a nossa mente?


III. As guerras representativas nos dias de Moisés

1.Israel x Amaleque
2. Israel x Balaque rei dos moabitas
3. Deus ordena a destruição de todos os moradores de Canaã

IV. As guerras representativas nos dias de Josué

1. Conhecendo melhor os cananeus e os seus costumes
2. Conhecendo um pouco da vida do comandante Josué
3. A destruição de Jericó
4. A vitória dos Judeus dependia da sua obediência a Deus
5.Josué socorre de Gibeão e derrota diversas Nações pelo Senhor
6. Deus ajuda a Josué a destruir uma confederação de reis

V. As guerras representativas nos dias dos Juízes

1.As conquistas e as negligências dos Judeus, e o cativeiro.
 2.  A negligência de Israel e o livramento de Deus por meio de Otniel
3. A Opressão de Cusã-Risataim e a Libertação Efetuada por Otniel.
4. A Opressão de Eglom e a Libertação Efetuada por Eúde. 3:12-30.
5. Deus usa a profetisa Débora como Juíza  para dar livramento a Israel diante  do rei de Hazor
6. Deus derrota os midianitas por meio de Gideão
7. Deus dá livramento a Israel através de Jefté

VI. As guerras representativas nos dias de Samuel

1. A batalha dos deuses: Deus x Dagom
2. Davi vence Golias, numa batalha representativa

VII. As guerras representativas dos reis de Israel

2. Deus concede vitória ao rei Josafá
3.Deus concede vitória ao rei Amazias
4. Deus concedeu uma grande vitória ao rei Ezequias

VIII. Como vencer a batalha espiritual

1. O que Bíblia diz sobre a Batalha Espiritual !
2. A batalha espiritual na Bíblia
3. O papel do crente na batalha espiritual




 Estamos de volta para fazermos a conclusão do estudo com o seguinte tema:

Como vencer a batalha espiritual

Para vencer no campo da batalha espiritual é necessário vestir-se ...

A batalha espiritual é o tipo de conflito que os servos de Deus enfrentam durante suas vidas cristãs contra as forças das trevas. A expressão “batalha espiritual” não aparece na Bíblia, mas isso não significa que seu conceito esteja ausente nas Escrituras. Ao contrário disso, biblicamente a batalha espiritual é uma realidade que não pode ser subestimada.
Mas é verdade que o conceito de batalha espiritual é um dos mais mal compreendidos e distorcidos pelos cristãos. Inclusive, a ideia errada de batalha espiritual tem sido amplamente utilizada com a finalidade de semear heresias no meio da Igreja.
Por isso é importantíssimo que todo cristão verdadeiro saiba realmente o que é a batalha espiritual e qual a sua implicação na vida cristã. Neste estudo bíblico entenderemos o que a Bíblia de fato diz sobre a batalha espiritual.
Nesse estudo sobre batalha espiritual, iremos falar de alguns princípios:

1. Nossa luta não é contra a carne e sangue

Ef 6:12 “porque a nossa luta não é contra  o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.”


2. O inimigo de Deus é nosso inimigo

Gn 3:1 “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR DEUS tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” sagaz = astuto = enganador.
O que alguém ganha enganando o outro? Isto é egoísmo, se preocupar com seus próprios interesses; minha luta não é contra minha esposa, contra meu marido, contra meu filho, contra meu pai, contra meu patrão; minha luta é espiritual, contra os dominadores deste mundo tenebroso! Forças espirituais do mal! Assim como a serpente foi usada pelo diabo, aquele que não tem revelação do amor de Deus também é. Deus criou o homem, criou a mulher, criou a serpente e a fez sagaz, enganadora. Eu te pergunto: tu nunca enganaste ninguém? Pois é, Deus também colocou astúcia em nós, portanto estamos sujeitos a influência do diabo, assim como a serpente; precisamos nos arrepender constantemente, pois é tão fácil nos acharmos melhores do que os outros! Mt 7:3 “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu?” É fácil apontar, difícil é reconhecer o próprio pecado!


3. A luta é constante, não cessa, pois o inimigo anda a nossa volta

1 Pe 5:8 “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” O que eu fiz para ser provado? Eu te pergunto: o que Adão e Eva fizeram para serem provados? Deus nos fez semelhantes a Ele, nos dá a oportunidade de escolher entre a vida e a morte; comer da árvore da vida é buscar a Deus. Comer da árvore do conhecimento do bem e do mal é a morte! Qual é a minha escolha? Quem está me ensinando a viver? De quem eu dependo? A quem eu busco quando estou desesperado? A quem eu busco quando estou com dúvida? O diabo estragou a primeira família, mas ele não fez isso sem o consentimento de Adão e Eva.

4. Somos guerreiros de Deus

1 Cr12:22 “Porque, naquele tempo, dia após dia, vinham a Davi para o ajudar, até que se fez um grande exército, como exército de Deus.” O exército de Deus não é um exército de um homem só! Davi tinha o coração em Deus e Deus, através da fé de Davi, do coração que Davi tinha em buscar ao SENHOR, formou um grande exército. Onde está o teu coração? Está em Deus ou está em outra pessoa? Consegues ver Deus, através da tua vida formando outros guerreiros?


5. Temos armas para a guerra

Ef 6:11;13-17 “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”
a) vestir a verdade como um cinturão (a palavra é minha cinta);
b) a justiça é meu colete (justiça de Deus, não o que eu acho que é justo);
c) o evangelho da paz é o meu calçado (Jesus é a resposta, Deus sabe o que é melhor pra nós);
d) a fé é meu escudo, minha proteção contra os ataques do inimigo;
e) a salvação é meu capacete, me arrependi de uma vida sem Deus, fui transformado em uma nova pessoa, nenhuma acusação pode penetrar em minha mente;
f) a Palavra de Deus é a minha arma; a espada é uma arma de ataque, com ela vou atacar o inimigo!

6. A vitória é certa

Dt 20:4 “pois o SENHOR, vosso Deus, é quem vai convosco a pelejar por vós contra os vossos inimigos, para vos salvar.”
Dt 10:17 “Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno;”


I. O que Bíblia diz sobre a Batalha Espiritual !


COMO VENCER A BATALHA ESPIRITUAL (Na Mente e no Coração) - YouTube

1 Pe 5:8 ”Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”
Ef 6:13-17 “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.”
Rm 12:1-2 “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Fp 4:13 “tudo posso naquele que me fortalece.”
Mt 19:26 “Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.”
Jo 14:12-15 “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no filho. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. Se me amais, guardareis os meus mandamentos.”
Ef 6:12 “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.”
Sl 34:18 “Perto está o SENHOR dos que tem o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido.”
Sl 27:14 “Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR.”
Jo 16:33 “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”
Lc 10:19 “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano.”
Mc 16:17 “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios…”
2 Co 10:5 “e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”
Tg 1:5 “Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.”


II. A batalha espiritual na Bíblia

O cristão e a Batalha Espiritual - ppt carregar

Como foi dito, apesar de o nome “batalha espiritual” não ser encontrado especificamente assim na Bíblia, há muitos versículos que tratam claramente sobre a realidade da batalha espiritual. Essas referências são tão abundantes que é correto até dizer que do começo ao fim, isto é, de Gênesis a Apocalipse, a Bíblia afirma a existência de uma guerra espiritual travada.
Um exemplo disso pode ser visto já em Gênesis 3. Esse capítulo retrata a tentação e queda do homem no pecado. Isso significa que desde muito cedo o reino das trevas tem se empenhado em afastar o homem de Deus. O grande objetivo de Satanás e os demônios é fazer oposição a Deus e tentar destruir o seu povo.
Os detalhes dessa batalha espiritual vão sendo revelados conforme a história bíblica vai sendo registrada. Então é no Novo Testamento que encontramos os textos que tratam com maior profundidade e de forma prática a realidade da batalha espiritual.
Por exemplo: em diversas ocasiões, o próprio Jesus alertou seus seguidores a estarem sempre despertados espiritualmente para não cederem à tentação. Nesse sentido, a vigilância e a oração tem uma relação fundamental. Por isso Jesus diz: “Vigiai e orai“ (Mt 36:41;  Mc 13:33).
O apóstolo Pedro aconselha seus leitores a serem sensatos e vigilantes, e que resistam firmes na fé. Isso porque Satanás é um inimigo perigoso que anda ao derredor bramando como leão, buscando a quem possa tragar (1 Pedro 5:8,9).
Mas sem dúvida é o apóstolo Paulo quem mais escreve sobre a batalha espiritual na Bíblia. Inclusive, é uma característica dele usar termos militares para se referir aos embates que os crentes enfrentam nesta terra.
Então frequentemente Paulo fala da caminhada da fé como um combate, uma guerra, uma milícia, uma luta e um exercício de resistência (1 Co 16:13; Ef 6:10-20; Tm 1:18,19). Já no final de sua vida, o mesmo apóstolo declarou: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé“ (2 Timóteo 4:7).


1. Os erros sobre a batalha espiritual


Há muitos erros sendo cometidos entre os cristãos quando o assunto é batalha espiritual. No geral, esses erros podem ser classificados em duas vertentes: subestimação e supervalorização.
Há um grupo de cristãos que subestimam a realidade da batalha espiritual. Esse grupo vive como se os demônios não existissem; como se Satanás fosse apenas um mito inventado pelas pessoas; e como se a batalha espiritual fosse apenas um conto popular.
Há também outro grupo que faz exatamente o contrário. Esse grupo supervaloriza a ideia de batalha espiritual e acaba criando um conceito de atuação maligna que não está na Bíblia; além de colocar Satanás num grau de importância e poder que ele não está.
Para essas pessoas, tudo o que acontece consiste em batalha espiritual, e toda e qualquer adversidade é culpa do Diabo. Tem gente que até enxerga Satanás como um tipo de deus do mal que possui autonomia em suas ações. Esse também não é o conceito bíblico de batalha espiritual.
Além disso, foi dentre aqueles que supervalorizam a ideia de batalha espiritual que surgiram as mais graves heresias dentro das igrejas nesse sentido. Um exemplo que pode ser citado é o chamado “movimento de batalha espiritual”. Esse movimento tenta infiltrar dentro das comunidades cristãs práticas sincréticas e pragmáticas, fundamentadas em doutrinas influenciadas pelo ocultismo e o misticismo.
Algumas das práticas mais conhecidas desse meio são: quebra de maldição (especialmente maldição hereditária); mapeamento espiritual para subjugar espíritos territoriais; crença em possessão demoníaca de cristãos verdadeiros.
Seja o grupo que subestima seja o grupo que supervaloriza a batalha espiritual, ambos estão errados. A verdadeira posição bíblica sobre a realidade da batalha espiritual exige equilíbrio.

2. As características da batalha espiritual

Quando olhamos o que realmente a Palavra de Deus diz sobre batalha espiritual, podemos claramente entender o erro que muita gente comete. O capítulo 6 da Carta aos Efésios é um dos textos bíblicos que trata com mais detalhe essa questão. Com base nesse texto aprendemos algumas coisas interessantes sobre as características da batalha espiritual.
Em primeiro lugar, a Bíblia de fato confirma a existência da batalha espiritual. Inclusive, ela exorta o povo de Deus acerca de sua urgência e importância (Ef 6:10-20).
Em segundo lugar, a Bíblia informa claramente quem são os agentes do mal, ou seja, quem são os inimigos que devem ser combatidos na batalha espiritual. O apóstolo Paulo diz que esses inimigos são principados e potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6:12). Com isso ele quer dizer que Satanás e seus servos formam um grupo ou um reino bem organizado.
Em terceiro lugar, a Bíblia esclarece qual é o objetivo desse império do mal e como ele age. Satanás e seus anjos se ocupam de fazer oposição a Cristo e à Igreja. O desejo deles é destruir a obra de Deus nesta terra. Na tentativa de conseguir esse objetivo os seres malignos agem de forma organizada e estratégica.
Paulo diz que o Diabo promove “astutas ciladas” e lança “dardos inflamados” (Ef 6:11,16). É interessante saber que a palavra “cilada” traduz um termo que vem de uma raiz grega que significa literalmente “método”.
Isso significa que Paulo diz que Satanás possui um método bem definido para empreender contra o povo de Deus. Em outras palavras, ele não faz um ataque desordenado e sem sentido. É com base nesse método que ele lança dardos inflamados, ou seja, ele possui um alvo muito bem estabelecido.


3. Como lutar e vencer a batalha espiritual?


Os adeptos do movimento de batalha espiritual dirão que a batalha espiritual só poderá ser vencida com certos rituais fortes, com quebras de maldições e com mapeamento espiritual. Segundo eles, tudo isso serve para identificar demônios territoriais e familiares e coisas desse tipo. Uma vez identificado, esses espíritos poderão ser destronados, amarrados ou expulsos.
Por outro lado, a Bíblia diz algo completamente diferente disso. Aqui podemos dizer que a Bíblia fala da vitória na batalha espiritual em dois aspectos diferentes.

4.A batalha espiritual é uma guerra vencida

Num primeiro aspecto, a Bíblia aponta para a suficiência da obra de Cristo. Isso significa que Jesus já impôs uma derrota esmagadora a Satanás. Na cruz Ele triunfou sobre os poderes malignos, e despojou os principados e potestades (Cl 2:15).
A obra de Cristo é perfeita e suficiente; ela não precisa de complementos humanos. Não é o crente que destrona os espíritos malignos, porque eles já foram despojados por Cristo. Então podemos dizer que de certo modo lutamos numa guerra vencida e contra um inimigo derrotado.
Através de Cristo o crente pode vencer a batalha espiritual
Num segundo aspecto, a Bíblia diz que ainda é necessário que nos posicionemos como cidadãos do reino de Deus diante das investidas malignas. Efésios 6 é muito esclarecedor nesse sentido. Isso quer dizer que apesar de Satanás ser um inimigo derrotado, sem qualquer chance de reverter sua miséria e ruína, ele ainda procura fazer o maior estrago que puder.
Então sempre quando a Bíblia fala sobre o papel do crente na batalha espiritual, ela enfatiza o conceito de resistência. São inúmeras as recomendações bíblicas para que o crente resista, persevere, vigie, permaneça firme . O próprio apóstolo Paulo ensina que o cristão deve enfrentar a batalha espiritual revestido com a armadura de Deus, para que ele possa resistir ao dia mau (Ef 6:13).
O crente só pode ser vitorioso na batalha espiritual através de sua união com Cristo. Por isso Paulo diz: “Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15:57). Depois, o mesmo apóstolo escreve dizendo que durante sua vida ele foi vitorioso porque o Senhor o revestiu de forças, o libertou da boca do leão e o livrou de toda obra maligna (2 Tm 4:17,18).

. Embora o apóstolo Paulo não apresente a origem nem a biografia do príncipe das trevas, ele nos ensina a importância de conhecer as astutas ciladas do nosso Inimigo. O Diabo já perdeu a peleja, mas continua fazendo estrago nesse período entre o início e o final da jornada da Igreja.



Os três capítulos iniciais de Efésios são teológicos, e os outros três são práticos. Uma perfeita combinação de doutrina cristã e dever cristão, de fé cristã e vida cristã. Mas, de repente, o apóstolo Paulo nos surpreende com um “No demais”, encerrando a epístola com um assunto de vital importância: a luta contra o reino das trevas.

1. “No demais…” (v.10a).

 O apóstolo Paulo parece usar essa expressão para introduzir a conclusão. Isso não é nenhuma anomalia, visto que Paulo emprega essa estrutura em outro lugar (2Co 13.11; 1Ts 4.1; 2Ts 3.1). Essa expressão aparece traduzida como: “Quanto ao mais”, na Nova Almeida Atualizada; e “Finalmente”,. Mas não devemos perder de vista que o termo paulino significa, literalmente, “desde agora” (Gl 6.17). Que diferença isso faz? Muita. No caso do verso 10, a ideia é de que daqui para frente o conflito contra o reino das trevas será contínuo até o retorno de Cristo. Desse modo, o tema é atual, e a luta da Igreja continua contra as hostes infernais.

2. “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder”

 (v.10b). Jesus disse certa vez: “sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5). Paulo empregou a voz passiva para “fortalecei-vos”. Isso mostra que não se trata meramente de esforço humano, mas da completa dependência do Senhor Jesus. A expressão “força do seu poder” é um enérgico pleonasmo (figura de sintaxe pela qual se repete uma ideia com outras palavras para proporcionar elegância ou reforço à expressão), usado aqui para reforçar a magnitude do poder de Jesus. Esse poder provém do Espírito Santo (Ef 3.16); é a atuação da Trindade na vida da Igreja.


3. O emprego da figura de linguagem.

 As figuras são recursos linguísticos que merecem atenção especial pela sua beleza e pelo seu papel na Hermenêutica. A anáfora é uma figura de linguagem que consiste na repetição de uma mesma palavra no começo de frases sucessivas com o propósito de enfatizar a afirmação. Aqui encontramos: “porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (v.12). Nessa anáfora, a preposição grega, pros , “contra”, é usada cinco vezes para reforçar a ideia de que a esfera principal de atuação do príncipe das trevas não é apenas como muitos pensam: a prostituição e o crime, mas principalmente no reino das religiões; trata-se, pois, de uma batalha espiritual.




III. A dependência de Deus


37 Versículos da Bíblia sobre Dependência - DailyVerses.net

O apóstolo emprega uma metáfora militar para explicar o que subjaz no mundo espiritual que não é possível perceber na superfície. A presença de todas as mazelas na humanidade é real e indiscutível, mas a fonte de toda essa maldade Paulo esclarece nessa seção. Não pode haver vitória sem ajuda divina, e é esse o apelo apostólico.

1. Somente pelo poder de Deus. 

Nenhum ser humano tem condições de, sozinho, enfrentar os demônios e sair vitorioso. Os demônios existem de fato, mas não passam de um inconveniente diante do poder de Jesus; são entidades destituídas de poder na presença do Senhor Jesus (Mc 1.23-26; 3.11). No entanto, os humanos não podem desafiá-los com suas próprias forças.

2. O revestimento da completa armadura de Deus (v.11a).

 O verbo “revestir” é o mesmo que a Septuaginta usa para descrever o revestimento de Gideão pelo Espírito Santo (Jz 6.34). A metáfora “toda a armadura de Deus” significa que devemos usar todos os recursos espirituais que Deus nos dá. A armadura completa indica armas de defesa e armas de ataque, uma figura bem conhecida na época, visto que os soldados romanos estavam por toda parte.


3. Os métodos do Diabo (v.11b). 

Paulo começa aqui a explicar a razão de o crente se fortalecer em Jesus e no seu poder e revestir-se de toda a armadura espiritual de Deus. A expressão “astutas ciladas” é methodeia em grego, que só aparece uma vez no Novo Testamento (Ef 4.14) e cuja ideia é de “esperteza, artimanha, armadilha”. O Senhor Jesus dá, pelo seu Espírito Santo, todos os recursos para o crente entender todas essas astúcias do Inimigo (2Co 2.11). O conhecimento da força do Maligno é uma poderosa arma tanto para o ataque como para a defesa.



IV. Devemos lutar contra os poderes das trevas


O mundo, a carne e o diabo. por Russell P. Shedd | by Vinícius ...

1. Carne e sangue.

 O apóstolo começa apresentando a luta interna do cristão: “porque não temos que lutar contra carne e sangue” (v.12a). O termo “carne” tem vários significados na Bíblia, mas a combinação “carne e sangue”, que só aparece três vezes no Novo Testamento (v.12; Mt 16.17; 1Co 15.50), parece indicar um significado físico. Nesse caso, essa combinação diz respeito à pessoa, ser humano, que pode ser o outro ou nós mesmos em conflito interno, no sentido de: “a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.17).


2. Os principados e potestades. 

Os dois termos aqui, “contra os principados, contra as potestades” (v.12b), aparecem juntos pelo menos dez vezes no Novo Testamento. Os “principados”, archai , em grego, cuja ideia é primazia no poder; as “potestades”, exousíai , denotam liberdade para agir. O apóstolo Paulo emprega o termo tanto para os anjos (Rm 8.38; Cl 1.16) como para os demônios (1Co 15.24; Cl 2.15) investidos de poder. Desse modo, a expressão refere-se a governos ou autoridades tanto na esfera terrestre como na espiritual.


3. “Os dominadores deste mundo tenebroso” 

(v.12b — ARA). A ARC emprega “os príncipes das trevas deste século”; a TB cita “governadores do mundo destas trevas”; e a Nova Almeida Atualizada mantém as mesmas palavras da ARA. O termo grego mais usado para “príncipe” é archon , que aparece 37 vezes no Novo Testamento, traduzido também como “governador”. É usado para se referir a Belzebu, “príncipe dos demônios” (Mt 12.24).
O apóstolo começa apresentando a luta interna do cristão: “porque não temos que lutar contra carne e sangue” (v.12a). para Satanás, como “príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11); e, ainda, ao “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2). Mas, aqui, o apóstolo Paulo emprega um termo diferente, kosmokrátor , “senhor do mundo”, de kosmos , “mundo”, e krateo , “dominar”. O uso plural mostra que Paulo não está se referindo ao próprio Satanás, mas às hostes dominantes do mundo das trevas.


4. Os lugares celestiais.

 O apóstolo acrescenta ainda “contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais”. Parece que aqui Paulo coloca todos esses anjos decaídos num mesmo bojo. A expressão “lugares celestiais” indicada aqui é intrigante. Essas palavras, ou “regiões celestiais”, aparecem em Efésios para designar o céu, onde Cristo está sentado à destra de Deus, onde os salvos estão com Cristo (1.3,20) e onde habitam os anjos eleitos (3.10). Como podem essas hostes infernais estar nas regiões celestiais? Uma explicação convincente é que se trata da esfera espiritual invisível em oposição ao mundo material (Ef 1.3).


 Não pelejamos contra “Carne e Sangue”, mas contra os principados e potestades, os dominadores deste mundo tenebroso.


 Com base nas palavras do apóstolo Paulo, ficamos sabendo de que existem diferentes classes de espíritos maus que são enumerados aqui como “principados, potestades, príncipes das trevas, hostes espirituais da maldade”. O universo é um campo de batalha e nisso não precisamos enfrentar apenas o ataque de outras pessoas, mas também as forças espirituais que se opõem a Deus e ao seu Povo.
  


V. Conhecendo a armadura de Deus


Combate espiritual, Armadura de Deus - Couraça da justiça

Efésios 6.13-20.


O apóstolo Paulo usou os instrumentos bélicos do sistema da época como metáfora. Essa ilustração é um recurso didático importante porque facilita a compreensão dos cristãos para o bom combate.

1. A guerra

Segundo o Dicionário Teológico Beacon, guerra é “o recurso das nações para tratar de resolver diferenças pela força das armas. As guerras sempre são produtos da pecaminosidade humana, seja por instigação imediata ou causa indireta”. Mas a legitimidade da guerra pode depender de sua motivação.

A . Ao longo dos séculos. 

Desde a batalha dos israelitas contra Ai, por volta de 1400 a.C. (Js 8.21-26), até Massada, em 73 d.C., a Bíblia registra cerca de 20 batalhas principais. Pessoas de todas as civilizações antigas — egípcia, assíria, babilônica, grega e romana — estavam acostumadas com a presença dos soldados no meio do povo. E a palavra profética anuncia guerras até o fim dos tempos (Dn 9.26).

B. Os antigos.

 Os antigos encaravam a guerra como algo sagrado; esse era o contexto da época. Era usual oferecer sacrifícios antes da partida das tropas militares para a batalha a fim de invocar, das divindades, proteção e vitória (Jr 51.27). Essa prática era também generalizada em Israel (1Sm 13.10-12; Sf 1.7). Deus permitia e, às vezes, até ordenava a guerra no período do Antigo Testamento (1Sm 23.2-4).


C. Sentido metafórico.

 O tema sobre a guerra não aparece no Novo Testamento. A guerra é, em si mesma, incompatível com o espírito cristão. Jesus nos ensinou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). A guerra aparece nas Escrituras no sentido figurado para ilustrar a luta contra a morte (Ec 8.8), da mesma forma que ilustra a maldade dos ímpios (Sl 55.21). Na presente lição, o enfoque é metafórico, representando a nossa luta espiritual contra os inimigos da nossa salvação (2Co 10.3; 1Tm 1.18).

2. A metáfora bíblica

“Guerra”, “batalha”, “luta”, “combate”, “peleja” são termos do dia a dia para indicarmos, muitas vezes, um debate ou discussão e, também, para nos referirmos às dificuldades da vida. Mas a metáfora aqui se aplica na defesa e no combate espiritual, na pregação e no ensino da Palavra.

A. A armadura do soldado romano.

 A sociedade contemporânea do apóstolo Paulo conhecia com abundância de detalhes toda a armadura do soldado romano. Efésios é uma das quatro epístolas da primeira prisão de Paulo, juntamente com Filipenses, Colossenses e Filemom (v.20; Ef 3.1; 4.1; Fp 1.13; Cl 4.3; Fm 9,10,13,23). Assim, o apóstolo escreveu aos efésios de sua prisão domiciliar em Roma, vigiada pela guarda pretoriana (At 28.16,30,31). Paulo convivia com esses soldados diariamente e conhecia com detalhes a armadura daqueles que o vigiavam.


B . A armadura de Deus (v.13).

 Mesmo depois de tomar toda a armadura de Deus, o apóstolo nos exorta a ficarmos firmes. Depois da vitória, o soldado romano permanecia em pé e vitorioso. Paulo acrescenta: “tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (v.14a). Isso significa usar a verdade como cinturão (Is 11.5). Essas metáforas são apropriadas, pois usam as coisas da vida diária, conhecidas de todos, para esclarecer verdades espirituais.


C. A couraça da justiça (v.14).

 É uma armadura defensiva em forma de um manto de ferro feito de couro, tiras de metal ou escamas de bronze (1Sm 17.5). Sua função é proteger o pescoço, o peito, os ombros, o abdome e as costas. Dependendo da época e da civilização, a couraça chegava até a coxa. O apóstolo Paulo usa a couraça como metáfora para ilustrar a defesa espiritual como “couraça da justiça” (v.14), um abrigo contra as feridas morais e espirituais e uma proteção da justiça de Cristo imputada ao pecador; é a “couraça da fé” (1Ts 5.8).


Armadura Espiritual


“Na bem conhecida passagem em Efésios 6.10-17, os cristãos são exortados a vestir toda a armadura de Deus. O apóstolo Paulo simboliza elementos vitais do caráter cristão para se defender das acusações do maligno ( Ap 12.10) através de várias partes da armadura greco-romana da sua época”.


VI. As diversas armas usadas como ilustrações


A Armadura de Deus - FÉ BÍBLICA - YouTube

O apóstolo Paulo não foi exaustivo ao elencar os instrumentos bélicos de sua geração. Aqui vamos apresentar os demais elementos apresentados na sua lista.

1. Os calçados (v.15).

 O termo hebraico naal , “sandália, sapato”, e o seu correspondente grego na Septuaginta e no Novo Testamento, hypodema , “sandália”, vem do verbo hypodeo , “atar debaixo”, e diz respeito ao calçado formado por uma sola de couro que se amarra ao pé com correias ou cintas. Era uma peça do vestuário usada pela população civil (Jo 1.27; At 7.33). No caso do soldado, porém, era necessário para segurança e prontidão na marcha (Is 5.27). Isso, na linguagem figurada, remete a agilidade e prontidão na obra da evangelização e na pregação do evangelho da paz.


2. O escudo da fé (v.16).

 O escudo era o principal instrumento bélico de defesa na guerra. Trata-se de uma peça fabricada a partir de vários materiais e em formatos diversificados. Os israelitas tinham dois tipos: o primeiro, sinna , “proteção” em hebraico, uma peça que cobria o corpo inteiro de forma oval ou retangular, usada pela infantaria pesada (2Cr 25.5); e, o segundo, magen , usado pelos arqueiros (2Cr 17.17). O escudo é símbolo de proteção nas Escrituras. É usado de maneira figurada desde o Antigo Testamento para mostrar Deus como o protetor dos seus (Gn 15.1; Dt 33.9; 2Sm 22.3); é comparado à salvação e à verdade de Deus (2Sm 22.36; Sl 18.35; 91.4). O apóstolo Paulo usa a figura do escudo como proteção para “apagar todos os dardos inflamados do maligno” (v.16), tais como calúnia, malícia, concupiscência, ira, inveja e toda a sorte de desobediência. Esse escudo nos protege das setas malignas (Sl 91.5).


3. O capacete da salvação e a espada do Espírito (v.17).

 O capacete era uma cobertura para a cabeça feita de metal e internamente acolchoada para o conforto do usuário e a proteção eficiente da cabeça. No Antigo Testamento, a salvação é o capacete que Deus usa na batalha (Is 59.17). Parece que Paulo segue nessa linha em outro lugar: “tendo por capacete a esperança da salvação” (1Ts 5.8). A espada literal é uma arma de ataque, mas no sentido figurado é um símbolo de guerra, julgamento divino e autoridade ou poder (Lv 26.25; Jr 12.12; Rm 13.4). A expressão paulina “espada do Espírito” refere-se à Bíblia, pois as Escrituras Sagradas vieram do Espírito Santo (2Pe 1.21). Por isso, Paulo completa dizendo, “que é a Palavra de Deus”. Isso significa que a Bíblia é a Palavra de Deus, como ela própria se declara (Mc 7.13; Hb 4.12).


4. A outra lista (vv.18,19).

 Oração e súplica vêm permeadas entre esses elementos da armadura de Deus e permanecem juntas a essas armas espirituais, que sem a oração seriam inúteis. A oração deve ser em todo o tempo e com súplica no Espírito e vigilância (Mt 26.41; Fp 4.6; 1Ts 5.17). As virtudes gêmeas, vigilância e perseverança, aparecem na instrução para orarmos uns pelos outros. Quando um homem da estatura espiritual do apóstolo Paulo pede a oração da Igreja em seu favor e pelo seu ministério (v.20), isso mostra que não existe super-homem na igreja. Todos nós somos dependentes do Senhor Jesus e contamos com a oração uns dos outros.

Os crentes precisam dessa armadura de Deus ainda hoje. Isso porque bem sabemos que os inimigos da Igreja não são agentes humanos. Estão por trás deles os demônios, liderados pelo seu maioral, o Diabo. Os recursos espirituais apresentados aqui são importantes e poderosos para expelir todas as forças do mal.



VII. Poder do alto contra as hostes da maldade


Lição 10 – Poder do Alto contra as Hostes da Maldade

Atos 8.5-13,18-21.

5 — E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.
6 — E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia,
7 — pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.
8 — E havia grande alegria naquela cidade.
9 — E estava ali certo homem chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem;
10 — ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: Esta é a grande virtude de Deus.
11 — E atendiam-no a ele, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas.
12 — Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.
13 — E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.
18 — E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,
19 — dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.
20 — Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.
21 — Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.


O relato do trabalho evangelístico de Filipe em Samaria nos chama a atenção. Primeiro, por causa da animosidade que havia entre judeus e samaritanos; depois, porque Jesus havia dito antes: não “entreis em cidade de samaritanos” (Mt 10.5). Mas a região foi palco de um grande avivamento com a chegada do Evangelho. Isso aconteceu no poder do Espírito Santo, que trouxe muita alegria, gozo e libertação na cidade, mas o Evangelho também veio para desfazer as obras das trevas.


1. Conhecendo um pouco sobre Samaria

Os samaritanos eram os israelitas que se mesclaram com o povos estrangeiros durante o período da dispersão das Dez Tribos do Norte em 722 a.C. Com o passar do tempo, essa mescla veio a ser também religiosa. Na era apostólica, o clima entre judeus e samaritanos era tenso. O evangelho de João resume o relacionamento entre judeus e samaritanos nas seguintes palavras: “Judeus não se comunicam com os samaritanos” (Jo 4.9).

A . A fundação de Samaria.

 A cidade foi fundada pelo pai do rei Acabe, o qual reinava sobre dez tribos do norte, que se apartaram de Jerusalém no século 10 a.C. (1Rs 12.19,20). O nome do rei era Onri, que comprou um monte de um cidadão chamado Semer, onde fundou uma cidade a qual deu o nome de Samaria, em homenagem ao dono anterior, e fez dela a capital do seu reino (1Rs 16.24). Mesmo antes da dispersão dos israelitas do reino do Norte, já havia um clima de tensão entre Samaria e Jerusalém, Israel e Judá, os dois reinos que se dividiram após a morte de Salomão.


B . O cativeiro.

 Quando o rei da Assíria, Salmaneser, sitiou Samaria em 722 a.C., levou para o cativeiro as dez tribos do norte (2Rs 17.3). Mas foi Sargom II, sucessor de Salmaneser V, que concluiu o cativeiro dos israelitas das Dez Tribos do Norte. Os assírios levaram as Dez Tribos do Norte para outras regiões e trouxeram estrangeiros para povoarem a terra de Israel. Os poucos filhos de Israel que ficaram na terra se misturaram com os estrangeiros deportados de suas terras (2Rs 17.24-31). Desse modo, seus filhos não eram totalmente judeus nem completamente gentios; eram os samaritanos.


C. As diferenças entre judeus e samaritanos.

 Os judeus recusaram a ajuda dos samaritanos na reconstrução do templo de Jerusalém quando Judá retornou do cativeiro babilônico (Ed 4.1-4). Os samaritanos rejeitaram as Escrituras do Antigo Testamento, adotaram apenas o Pentateuco e também construíram um templo rival no monte Gerizim. Com esses fatos, a ruptura samaritana se consolidou, mas eles esperavam também a vinda do Messias (Jo 4.25). Na era apostólica, Samaria era o nome da cidade e ao mesmo tempo da província romana.


1. A batalha espiritual em Samaria

O relacionamento cristão com os samaritanos começou de forma salutar com o Senhor Jesus e depois continuou com Filipe. Este aqui é o mesmo que foi escolhido como um dos sete diáconos (At 6.5), mas logo se destacou na pregação do Evangelho e aparece cerca de vinte anos depois como evangelista (At 21.8).


A. Jesus e os samaritanos. 

Os samaritanos, numa ocasião, recusaram-se a receber Jesus quando Ele estava a caminho de Jerusalém (Lc 9.52,53). Mas, na aldeia de Sicar, em Samaria (Jo 4.5), os samaritanos receberam Jesus e creram na sua mensagem como resultado do testemunho da mulher samaritana (Jo 4.39-42). A passagem do Bom Samaritano (Lc 10.25-28) foi uma lição para os judeus: eles não deviam imitar o levita nem o sacerdote, mas o samaritano. Jesus proibiu os discípulos de entrarem em cidades de samaritanos, porque Ele fora enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.5,6), uma vez que ainda não era tempo. Mas, depois de sua ressurreição dentre os mortos, Jesus mandou pregar também em Samaria (At 1.8). Filipe agora estava cumprindo com êxito essa missão.


B. O poder de Deus entre os samaritanos.


 Filipe foi impulsionado pelo Espírito Santo; do contrário, não ousaria enfrentar as hostilidades dos samaritanos. Filipe “lhes pregava a Cristo” (v.5) com poder, de modo que as multidões prestavam atenção no que ele dizia, pois “ouviam e viam os sinais que ele fazia” (v.6). Era algo inédito e que atraía as multidões: “pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados” (v.7). Essa manifestação era o autêntico poder do alto contra as hostes por meio da pregação do Evangelho. Filipe revolucionou a cidade pelo poder de Deus.


C. O batismo no Espírito Santo.

 Havia muita alegria na cidade com a chegada de Filipe, que batizava homens e mulheres (v.12). A notícia desses fatos chegou à Igreja de Jerusalém, que enviou os apóstolos Pedro e João, os quais trouxeram o que ainda faltava aos samaritanos convertidos: o batismo no Espírito Santo. Ao chegarem a Samaria, eles impuseram as mãos sobre os novos crentes, que “receberam o Espírito Santo” (v.13).



3. A batalha espiritual travada em Samaria

Antes da chegada de Filipe à Samaria, ali estava Simão, o mágico, um entre os vários impostores que afirmavam possuir os segredos da natureza e comunicar-se com o mundo invisível, dedicando-se ao ocultismo e ao curandeirismo. Tudo isso se chama artes mágicas, superstições populares e práticas enganosas sob a égide do príncipe das trevas.


A . Simão, o mágico.

 Nesse contexto de tanta alegria e gozo entre o povo mediante a obra realizada por Filipe, surge a figura de um cidadão: “Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e tinha iludido a gente de Samaria, dizendo que era uma grande personagem” (v.9). Ele já estava na cidade antes da chegada de Filipe e era reconhecido pela população como “a grande virtude de Deus” (v.10). Isso significa que Simão se declarava um tipo de emanação ou representação do ser divino. No entanto, não passava de um embusteiro que, durante muito tempo, iludia o povo com artes mágicas (vv.9,11).


A . A conversão de Simão, o mágico. 

O texto sagrado afirma: “E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou, de contínuo, com Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito” (v.13). É difícil saber até que ponto a conversão de Simão, o mágico, era genuína, pois o relato indica tratar-se de uma conversão meramente intelectual ou artificial. A avaliação do apóstolo Pedro foi: “o teu coração não é reto diante de Deus” (v.21). Assim, impressionado com os milagres que Filipe operava, Simão teria se convencido de ser Jesus o Messias, mas não houve transformação em sua vida.


C. A repreensão do apóstolo Pedro.

 Simão, o mágico, foi desmascarado na tentativa de subornar o apóstolo 

Pedro, pensando ser possível comprar o poder do Espírito Santo. Essa 

atitude não condiz com a postura de um novo convertido que ainda não 

compreende a natureza da fé crista (1Tm 3.6). Parece que Simão imaginou 

ter descoberto uma nova fórmula mágica, como os exorcistas de Éfeso (At 

19.13) e, dessa forma, achou que podia comprar essa “fórmula” para 

ampliar o seu curriculum e acrescentar ao seu cardápio um novo serviço 

para o povo. Ele não agiu com sinceridade, por isso o apóstolo Pedro o 

amaldiçoou (vv.20-23). Foi do nome de Simão que veio o termo “simonia”, 

que consiste no ato deliberado de comprar ou vender as coisas espirituais. 

Os discípulos de Simão ainda estão por aí negociando e vendendo as 

coisas espirituais.



A história de Simão, o mágico, nos mostra que seu comportamento foi reprovado por Deus. Há uma diferença abissal entre o poder que vem do alto, o poder sobrenatural do Espírito Santo, e os pseudomilagres operados por charlatões e embusteiros, agentes a serviço do reino das trevas. Isso nos serve de lição para estarmos alertas quanto aos líderes enganosos.




VIII. Vivendo em constante vigilância




Lição 12 - Vivendo em Constante Vigilância


Mateus 26.36-41.

36 — Então, chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar.
37 — E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
38 — Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.
39 — E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
40 — E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudeste vigiar comigo?
41 — Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

1. O cristão e a necessidade de se manter vigilante

A vigilância é o ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com precaução para não correr risco. E isso nos mais diversos aspectos da vida humana. O verbo “vigiar” aparece na Bíblia no sentido de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã.


B. Vigiar, estar alerta.

 A palavra que mais aparece no Novo Testamento grego para “vigiar” é o verbo gregoréo , “vigiar, estar alerta, ser vigilante”, que aparece 22 vezes. A ideia principal dessa vigilância é escatológica (Mt 24.42,43; 25.13), e isso se mostra nas passagens paralelas de Marcos e Lucas. Mas, quando Jesus disse a Pedro, Tiago e João: “ficai aqui e vigiai comigo” (v.38), isso significa que Ele queria que seus discípulos ficassem acordados e continuassem a orar ou, talvez, se protegessem de alguma intromissão enquanto oravam. Mas gregoréo é usado para denotar uma vigilância mais geral (1Co 16.13; Cl 4.2; 1Pe 5.8).


B. Vigiar, guardar, cuidar. 

É o verbo grego agrypnéo , “manter-se acordado, vigiar, guardar, cuidar”, e só aparece quatro vezes no Novo Testamento, duas delas no sentido escatológico no sermão profético (Mc 13.33; Lc 21.36). O vocábulo é usado para indicar a vigilância nas orações e súplicas (Ef 6.18) e apresenta ainda a ideia de cuidar ou velar: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma” (Hb 13.17).

C. Vigiar, ser sóbrio.

 É o verbo nepho , literalmente “ser sóbrio”, mas que aparece no sentido figurado de vigilância combinado com gregoréo (1Ts 5.6; 1Pe 5.8). Seu uso no sentido próprio pode ser visto em outras partes do Novo Testamento (1Ts 5.8; 2Tm 4.5; 1Pe 1.13). Existe ainda o verbo eknepho , que só aparece uma vez no Novo Testamento (1Co 15.34).



2. Jesus ensina sobre a vigilância no Getsêmani

Depois que Jesus instituiu a Ceia do Senhor, Ele seguiu com os seus discípulos para o jardim de Getsêmani. Em oração, o Senhor Jesus rogou ao Pai, três vezes, para que passasse dEle “esse cálice”.

A. Getsêmani. 

O lugar é assim identificado em Mateus (v.36) e Marcos (14.32). Lucas se refere ao local como “àquele lugar” (22.40) e João registrou: “o outro lado do ribeiro Cedrom, onde havia um jardim” (18.1, Nova Almeida Atualizada). O nome “Getsêmani” vem de um termo aramaico que parece significar “prensa de azeite”. Era uma área localizada no sopé do monte das Oliveiras, onde o Senhor Jesus costumava se reunir com os discípulos e para onde se retirou na noite em que foi preso (Lc 22.39; Jo 18.2).


B . A angústia de Jesus. 

O Senhor Jesus, durante todo o tempo do seu ministério, encarava a sua morte de maneira serena (Mt 16.21; 17.22,23; 20.17-19; 26.1,2 e passagens paralelas em Marcos e Lucas). Alguns estudiosos do Novo Testamento se perguntam por que só agora “começou a entristecer-se e a angustiar-se muito” (v.37) a ponto de dizer: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte” (v.38)? O seu pavor não era a morte, mas o ser separado do Pai ao assumir os pecados de toda a humanidade na cruz (2Co 5.21), pois Ele já estava decidido quanto a isso (Mc 10.33,34) e tinha consciência de que a sua morte era a vontade do Pai (Jo 12.27). Esse era o momento mais crucial para a humanidade, pois estava em jogo a salvação dos pecadores.


C. O cálice.

 A expressão usada por Jesus: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice” (v.39) deve ser entendida à luz do Antigo Testamento. O cálice ou copo aparece com frequência na Bíblia e mui especialmente na sua aplicação metafórica. É usada para indicar uma situação miserável (Sl 11.6) e também de felicidade (Sl 16.5; 23.5). Da mesma forma, indica a manifestação da ira de Deus (Sl 75.8; Is 51.17). Essa linguagem aparece no Novo Testamento (Ap 14.10; 1Co 10.16). O Senhor Jesus se referia ao cálice da ira de Deus como castigo da separação do Pai no momento da cruz (Mt 27.46; Mc 15.34). Estava chegando a hora de ser submerso na maldição, por nós, pecadores (Gl 3.13).



3 . A exortação à vigilância

Depois de uma breve explicação sobre Jesus no Getsêmani, retornamos ao tema da lição. Entendemos que o ponto central dessa seção do Evangelho de Mateus (26.36-41) é a exortação à vigilância, apesar de outros temas serem importantes aqui.

A. No contexto escatológico.

 A exortação à vigilância é um dos pontos centrais do sermão profético porque não se sabe o dia e a hora da vinda de Jesus (Mt 24.36; Mc 13.32). O ensino do Senhor nas diversas parábolas desse discurso escatológico dá muita ênfase à necessidade de os crentes estarem atentos. Apesar de ser vedada aos humanos a data da segunda vinda de Jesus, a Bíblia indica os sinais que precederão a vinda de Cristo em Mateus 24 e Lucas 21. Os acontecimentos de hoje nos mostram o cumprimento das profecias bíblicas, sinalizando que essa vinda está próxima. Se os cristãos da primeira hora deviam estar vigilantes quanto ao grande evento, o que não diremos nós, que somos a Igreja da última hora? Por isso devemos estar ainda mais firmes e atentos, continuamente.


B . Na vida cristã.

 É o estado de alerta para não cairmos em pecado, para nos abstermos de tudo aquilo que desagrada a Deus (1Co 16.13; 1Ts 5.6; 1Pe 5.8). Mas essa vigilância não deixa de ser um exercício contínuo da fé até que Jesus venha. Ele pode voltar a qualquer momento; os sinais de sua vinda estão aí, como o avanço da imoralidade e da corrupção (Ap 9.21), a evangelização mundial por meio de recursos das redes sociais (Mt 24.14) e a posição de Israel no Oriente Médio (Lc 21.29-31).


C. “Vigiai e orai” (v.41a).

 O sentido da vigilância aqui difere daquele mencionado no v.38, em que “vigiar” indica ficar despertado, acordado. Mas aqui significa estar vigilante para manter a fidelidade ao Senhor Jesus e nunca se apartar dEle. Isso fica claro pelas palavras seguintes: “para que não entreis em tentação”. É uma advertência solene a todos os crentes em todos lugares e em todas as épocas para viverem atentos em todos os momentos da vida (Ef 6.18). Pois “A eterna vigilância é o preço da liberdade”.


D. O espírito e a carne (v.41b). 

Temos aqui o contraste entre o espírito e a carne, muito comum no Novo Testamento (Rm 8.5-9; Gl 5.17). Seria esse o sentido aqui? A “carne” é um termo frequentemente usado nas Escrituras, com variação semântica tão ampla que não é possível descrever todos os seus significados neste espaço. Aqui essa palavra pode indicar a fragilidade da nossa natureza física (Sl 78.39), visto que os discípulos estavam cansados, exaustos e entristecidos; mas também pode ser uma referência à fraqueza da natureza humana decaída (Ef 2.3), por causa da associação com a palavra “tentação”. A expressão pode indicar as coisas simultâneas ou qualquer uma dessas interpretações.




O enfoque no relato do Getsêmani é a vigilância e por essa razão não entramos em outros pontos do texto. Finalizamos dizendo que, na tentação do deserto, o Senhor Jesus recusou o domínio do mundo sem o Pai, mas aqui Ele aceita sofrer e morrer por nós com Deus. A experiência de Jesus e dos seus discípulos no jardim nos ensina que cada cristão tem o seu Getsêmani e cada um de nós deve-se submeter à vontade do Pai.





IX. Visando vencer as forças do mal, o cristão deve orar sem cessar
 

 Orar sem cessar. | Frases sobre deus, Orai sem cessar, Palavra de deus



Mateus 6.5-13.



A oração do Pai Nosso, conhecida também como a Oração Dominical, do latim Dominus , “Senhor”, portanto a oração do Senhor, é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. Pessoas de todas as idades e dos diversos ramos do cristianismo conhecem pelo menos as primeiras palavras dessa oração. Muitos livros, poesias e hinos sobre o tema já foram produzidos ao longo da história. Lutero escreveu um comentário sobre o “Pai Nosso”, juntamente com os Dez Mandamentos e o Credo do Apóstolo, no seu Catecismo Menor em 1529. Isso, por si só, mostra a importância dessa oração no cristianismo.


1. A oração

A oração é a alma do cristianismo e expressa a nossa total dependência de Deus. Ela é tão antiga quanto a humanidade, e o próprio Jesus se dedicava à oração particular e secreta. Sendo Ele Deus, vivia em oração contínua. Que exemplo! O que não diremos nós, com respeito à oração?


A. Definição. 

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define oração como “o ato consciente, pelo qual a pessoa dirige-se a Deus para se comunicar com Ele e buscar a sua ajuda por meio de palavra ou pensamento”. A oração é central para a vida cristã. A fé cristã não prescreve local, dia da semana, horário ou postura de pé, sentado ou ajoelhado para fazer orações. O ensino cristão é: “Orai sem cessar” (1Ts 5.17). Não há problema para quem deseja orar em pé (1Sm 1.9,10), prostrado em terra (Ne 8.6), de joelhos (1Rs 8.54). A postura física não importa; o importante é a posição espiritual diante de Deus, é orar com sinceridade e estar em comunhão com o Senhor Jesus.


B . Exemplos bíblicos. 

A Bíblia mostra a oração desde que Sete, filho de Adão e Eva, nasceu: “Então, se começou a invocar o nome do SENHOR” (Gn 4.26). Essa prática continuou na vida dos patriarcas do Gênesis, Abraão, Isaque e Jacó (Gn 20.17; 25.21; 32.9-12). A oração estava presente na vida de Moisés, dos profetas Samuel e Elias, entre outros, e dos reis piedosos como Ezequias (Êx 8.30; 1Sm 8.6; 1Rs 17.19-22; 2Rs 19.15).


C. Jesus e a prática da oração. 

Os Evangelhos relatam que Jesus orava em secreto continuamente e chegam a registrar algumas orações, como aquela feita no jardim do Getsêmani e também aquela em favor dos discípulos em João 17. Todos os Evangelhos mostram a oração individual do Senhor (Mt 14.23; Mc 1.35; Lc 6.12). Mesmo sendo Deus, Jesus estava também na condição humana e, como tal, buscava a dependência do Pai. Jesus é o maior exemplo de oração para os cristãos.



2. A oração no Monte das oliveiras

O Senhor Jesus falou sobre o assunto no Sermão do Monte para corrigir as distorções existentes na época sobre a oração. É necessário reconhecer, nas palavras dos vv.5-8, o que Jesus estava ensinando, qual prática tinha a aprovação de Deus e o que era reprovado.


A . Oração nas praças e nas sinagogas (v.5). 

Jesus não estava proibindo orar nas ruas, praças ou nas sinagogas. É que líderes religiosos da época procuravam as esquinas e os locais movimentados, onde levantavam as mãos para cima na presença das pessoas, para mostrar a elas uma imagem de alguém piedoso e temente a Deus. Eram exibições para serem elogiadas pelo público; por isso, Jesus disse: “Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (v.5b). São essas práticas exibicionistas que Jesus proibiu aos seus discípulos, e não as orações em público ou nas igrejas. Ele mesmo ensinava, pregava e curava nas sinagogas (Mt 4.23). Estava orando quando o Espírito Santo desceu sobre Ele no batismo: “Sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu” (Lc 3.21). Ele também orou em público por ocasião da ressurreição de Lázaro (Jo 11.41-44).


B . Oração em secreto (v.6).

 Jesus proíbe a ostentação e a hipocrisia. Não há como alguém se mostrar estando no próprio aposento, sozinho em oração, onde ninguém está vendo. Isso, no entanto, não significa que a oração só pode ser aceita se for secreta. Mas significa que Deus, que é onisciente e onipresente e conhece o nosso coração, nos recompensa. Ou seja, as nossas petições e súplicas são atendidas (Fp 4.6). A oração num lugar secreto em uma das dependências da residência, sem a comunhão com Deus, tampouco tem a aprovação do Senhor.


C. As vãs repetições (v.7).

 Jesus nos instrui com essas palavras: “Orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que, por muito falarem, serão ouvidos”. Isso dá a entender que havia judeus que oravam como os gentios, ou seja, os pagãos (1Rs 18.26; At 19.34).
Há religiosos que levam horas orando e repetindo palavras sagradas, pois acreditam que isso aumenta o seu crédito no céu. O termo grego usado para “vãs repetições” é battalogéo , “repetir palavras sem sentido”. A eficácia da oração não está na sua extensão nem nas repetições das palavras, pois oração é também comunhão com Deus.


D. Entendendo o ensino de Jesus.

 O Mestre não está condenando a oração longa ou repetitiva, mas as “vãs repetições”. O próprio Jesus, no Getsêmani, repetiu as mesmas palavras três vezes na oração (Mt 26.39,44). Jesus passou a noite orando no monte para escolher os doze apóstolos; com certeza, essa oração não foi curta (Lc 6.12). Além disso, Ele nos ensina a orar sem nunca desanimar (Lc 18.1). A oração do Pai Nosso é usada na adoração coletiva desde muito cedo na história e continua ainda hoje em muitas igrejas nos diversos ramos do cristianismo.




3. Jesus ensina os seus discípulos a orar

Jesus repetia os seus ensinos em ocasiões e locais diferentes. Esses discursos são registrados, às vezes, por mais de um evangelista, e assim surgem algumas modificações. Um exemplo disso é a oração do Pai Nosso, em Mateus e em Lucas. São duas situações e locais diferentes. Sua importância está no fato de ser uma oração modelo. Podemos dividi-la em três partes: sobre o Deus que adoramos, sobre as nossas necessidades e sobre os nossos perigos.

A. O nosso Deus.

 O Pai Nosso é uma oração modelo, e isso pode ser visto na linguagem usada por Jesus: “Vós orareis assim” (v.9), e não o que devemos orar. Ele continua: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome”. Essa forma de se dirigir a Deus é peculiar ao Novo Testamento, pois os justos do Antigo Testamento nunca a usaram. Deus, o Criador, é o nosso Pai. A liberdade que temos de nos aproximar dEle e chamá-lo de “Pai” ou, de maneira mais íntima, de “Aba, Pai”, expressão aramaica que significa “papai”, é um dos grandes privilégios dos cristãos (Rm 8.15; Gl 4.4-6). Essa bênção foi mediada por Jesus. Santificar o nome não significa tornar seu nome santo, pois ele já é santo em sua essência e natureza, mas é o nosso dever reconhecê-lo como tal.

B. As nossas necessidades. 

O termo “pão— em “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11) inclui tudo aquilo de que o nosso corpo necessita. Mas só hoje? E o futuro? Jesus nos ensina a sermos moderados em nossos desejos e pedidos (Pv 30.8,9). Isso remete também à confiança na provisão de Deus para a nossa vida (Mt 6.25-34). O perdão é outro ponto importante: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (v.12). Já não fomos perdoados e já não somos filhos de Deus? É verdade, mas estamos sempre expostos ao pecado (1Jo 1.8,9). Todavia, precisamos também perdoar aos que nos fazem o mal (Mt 18.32-35).


C. O livramento dos perigos. 

Essa petição no Pai Nosso: “Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal” (v.13) se refere aos perigos diários a que estamos expostos num mundo sedutor e corrompido (Fp 2.15). É verdade que Deus não tenta as criaturas humanas (Tg 1.13), mas devemos pedir a Deus que não permita que voluntariamente venhamos a nos deparar com a tentação. A oração termina com a doxologia: “porque teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre” (v.13b), para ser um resumo de um trecho da oração de Davi (1Cr 29.11-13). A expressão reflete o espírito das Escrituras Sagradas.


 Diante do exposto, concluímos que a oração deve ser uma prática contínua, e não ser recebida como um mandamento, mas como uma necessidade que temos da dependência de Deus. Note que Jesus não está mandando ninguém orar no discurso do Sermão do Monte. Ele disse: “quando orares” (v.5); isso revela que a oração já era hábito do povo israelita, costume preservado desde o Antigo Testamento (Sl 55.17; Dn 6.10). Jesus estava corrigindo as distorções existentes.



Damos graças a Deus por concluirmos a mais uma série de conferências.

Se fôssemos fazer um estudo mais abrangente, teríamos discorrer a Bíblia 

inteira, pois toda ela trata de uma luta sem precedente do Gênesis ao 

apocalipse.

Fico grato por poder realizar mais este estudo podendo assim, informar às 

pessoas cristãs do mundo inteiro um pouco do muito que aprendi em 

seminário. Que Deus nos abençoe.

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