sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Série o ajustamento do corpo de Cristo. 3. A unidade da fé

 



Por Jânio Santos de Oliveira


 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

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Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra na carta de Paulo aos efésios 4.4-7 que nos diz:

Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós.
Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.

Nós estamos de volta para dar continuidade à série de conferências com o tema: "O ajustamento do corpo de Cristo".

Já falamos sobre
A Unidade da Igreja
Agora estaremos falando sobre "a unidade da fé".



Na carta do Apóstolo Paulo aos efésios, no capítulo 4, ele compara a igreja de Cristo como um corpo bem ajustado e ligado por todas as juntas (v. 16). Trazendo este conceito para o nosso cotidiano cristão: esse é o principal meio de alcançarmos a unidade da fé. O corpo é composto por membros, juntas e tecidos, o corpo de Cristo é igualmente colocado cada um com sua função dentro dele. Deus designou dons para cada um de nós, no versículo 11 Paulo descreve alguns desses dons, designados principalmente para a liderança.
Nós, como servos do Senhor, temos que descobrir para qual parte deste corpo fomos chamados, mas o principal e fundamental disto é saber que por sermos escolhidos por Deus e chamados para seu decreto temos, por meio de Cristo e do Espírito Santos de Deus que habita em nós,todos os dons, para tanto é preciso um envolvimento total com a Graça de Deus assim como  o Apóstolo Paulo


I. Análise preliminar do texto.

4.4 - A expressão há um só corpo significa que a Igreja é um organismo vivo composto por membros vivos (os santos que foram comprados com sangue de Jesus, nasceram de novo e creem na Bíblia). Esse Corpo espiritual tem uma Cabeça, Cristo, e muitos membros, os cristãos (1 Co 12.12,13). Quando Paulo afirma que há um só Espírito, refere-se ao Espírito Santo, que e a vida e o folego desse Corpo, o Agente da regeneração de cada cristão, e que agora mantem uma conexão vital entre cada um desses membros e os demais, e entre estes e Cristo. A expressão “esperança da vossa vocação” revela que essa realidade suprema e gloriosa e para judeus e gentios.

4.5 - Um só batismo pode referir-se ao batismo com o Espírito, que insere todos os cristãos no Corpo de Cristo, a Igreja (1Co 12.13). Também pode referir-se ao batismo nas águas, o sinal externo de que a pessoa deseja ingressar espiritualmente no Corpo de Cristo. Naquela época, o batismo público claramente identificava o indivíduo como um cristão.

4.6 - Quando Paulo diz um só Deus e Pai de todos, esclarece que há apenas um Deus para todos os povos, e não um Deus diferente para cada nação. O qual e sobre todos fala da transcendência de Deus e do poder soberano que Ele não divide com ninguém. E por todos fala da imanência de Deus, de Sua ação dominante. E em todos fala de Sua presença dentro dos cristãos, Seu relacionamento pessoal. O único Deus reina sobre todos, opera por meio de todos e habita em todos.

4.7 - Mas a graça foi dada a cada um de nos segundo a medida do dom de Cristo. Como Pedro (1 Pe 4.10), Paulo ensinou que todos os cristãos recebem dons espirituais pelo favor imerecido, a graça, de Deus. Os dons são dados de forma soberana por Cristo para edificar Sua Igreja (1 Co 12.11). Portanto, o Corpo de Cristo deve funcionar como uma maquina na qual cada peca e essencial para que o trabalho seja realizado. E cada membro do Corpo de Cristo deve manter-se em sintonia com a Cabeça e edificar um ao outro, para que todos possam cumprir a missão que lhes foi proposta por Deus no Corpo, e suas boas obras atestem ao mundo sobre a nova criação e redundem em glória para Deus (1 Co 12.7).


II. Visão panorâmica do texto.


Dos versos 4-6 são enumerados sete itens que apresentam a unidade da igreja do ponto de vista divino. Com isto o Espírito está exortando a levarmos este fato em consideração e a fazermos todo o esforço possível da nossa parte para preservar a unidade do corpo.
Vamos enumerar os sete itens que mostram a unidade da igreja do ponto de vista divino em nosso texto:

1 . Há somente um corpo.

. Este é o corpo no qual todos estão reconciliados com Deus, no qual todos têm acesso a Ele por meio do mesmo Espírito (Efésios 2: 16 – 18). Isto se refere à igreja de Cristo. Ele não criou duas igrejas e nenhum homem esta autorizado a criar outra igreja, nem tão pouco doutrinas, tradições ou filosofias humanas que resultam em outro corpo. Diante de tantos ataques que Paulo previa contra a igreja de Éfeso, conforme a sua exortação em Atos 20: 29-31, ele conclui no verso 32, escrevendo: “Agora pois, encomendo-vos ao Senhor e à Palavra da sua graça que tem poder para vos edificar e dar herança entre os que são santificados”. Isto significa que a igreja encontra força no poder do Senhor Jesus e na Palavra da Sua graça para se defender de qualquer ameaça. Embora muitas igrejas afirmem que a sua doutrina é a doutrina dos apóstolos e preguem enfaticamente a suficiência da Palavra de Deus, elas estão corroídas por doutrinas, filosofia e tradições humano que caracterizam outro corpo diferente do corpo de Cristo.

2 . Há um só espírito.

Este é o Espírito Santo de Deus com o qual todos foram selados, quando creram em Cristo pela pregação do evangelho. Ele é também o penhor, isto é, a garantia de que seremos resgatados como herança de Deus (Ef 1: 13-14).



3. Fostes chamados numa só esperança da vossa vocação. 


A esperança é de sermos resgatados, de sermos restaurados e glorificados com Ele e, finalmente de permanecermos para sempre na sua presença, quando Ele voltar (Co 2: 4; I Ts 4: 17; I Jo 3: 2).



4 . Há um só senhor.

 Isto se refere ao Senhor Jesus e significa que Ele é o único dono da igreja. Ele tem todo direito sobre ela porque a comprou com o seu sangue (At 20: 28; I Co 7: 23; I Pe 1: 18 e 19). Portanto, Ele é Senhor absoluto e a igreja, que é o seu corpo, não pode admitir outro Senhor, do mesmo modo que um corpo só admite uma cabeça.


5 . Há uma só fé. 

Esta é a fé mediante a qual todos fomos salvos quando ouvimos a Palavra e cremos. É a mesma fé que mantém o nosso relacionamento com Cristo e com Deus (Hb 11: 6; I Pe 1: 5). “Uma só fé”, pode também significar o conjunto de doutrinas referentes a Cristo ou ao Evangelho, no qual todos cremos, como Paulo escreve aos filipenses “...estais firmes em um só Espírito, com uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (Fp 1: 25, 27), ou Jd 3.

7. Há um só batismo. 

No mundo antigo eram praticados muitos tipos de batismo. Algumas religiões pagãs batizavam os seus iniciados nos mistérios dos seus cultos. Entre os judeus havia o batismo de prosélitos gentios que se convertiam ao judaísmo. João Batista por ordem divina, batizava os penitentes para remissão de pecados, a fim de entrarem no reino de Deus (Mc 1: 4; Lc 3: 2-3). Mas o batismo de João não era com o Espírito Santo, conforme ele atesta em Mateus 3: 11 e Lucas 3: 16. A partir de Pentecoste, quando a igreja teve início, o batismo que passou a vigorar foi aquele ordenado por Pedro, a saber, batismo de arrependimento, para remissão de pecados e para concessão do Espírito Santo, de acordo com At 2: 38. Ao mesmo tempo o Espírito Santo batiza o arrependido no corpo de Cristo que é a igreja tornando-o um dos seus membros (I Co 12: 13).

7. Há um só deus e pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. 


Esta afirmação conclui o parágrafo que fala da unidade da igreja, enfatizando a convicção de que todos somos filhos de um único Deus e que Ele criou, controla e sustenta todas as cousas. Também, que ele está em todos e age por meio de todos. Uma afirmação semelhante está em  Filipenses 2: 14, onde lemos: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer, como o realizar segundo a sua boa vontade”.
Os três últimos versículos deste parágrafo mostram a presença do Senhor Jesus, do Espírito Santo e de Deus Pai dentro da igreja. Eles estão totalmente unidos no propósito da salvação do pecador e na formação da família ou da casa em que Deus habita e é adorado no Espírito.
Agora que o corpo de Cristo esta formado com a finalidade de Deus agir por meio dos seus membros, é importante saber como ele equipou esse corpo e como funciona este equipamento para atingir o propósito determinado para ele. Isto veremos em seguida nos versos de 7 até 16. Vamos começar lendo os versos de 7 - 12:
“E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo. Por isso diz: “Quando Ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro, e concedeu dons aos homens”. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido até às regiões inferiores de terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as cousas. Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos Santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo”.
Quando o verso 7 afirma que a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo, já ficamos sabendo que este corpo funciona com os dons da graça concedido por Cristo a cada um de nós na proporção, ou seja, na medida em que cada um é capaz de utilizá-lo. É quanto à medida de utilização desta graça que Paulo se refere em Romanos 12: 3, dizendo:  “Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo, além do que convém, antes, pense com moderação segundo a  medida da fé que Deus repartiu a cada um.



III. Como alcançar a unidade da fé.


 Paulo chega a um dos temas principais do livro. A igreja é o corpo de Cristo (1:22-23).

Ele nos ensina que para alcançar a unidade da fé é preciso que sejamos um só no Senhor (v. 4, 5 e 6), para tanto é preciso que como igreja de Cristo deixemos tudo o que é do ser humano (da carne) para trás, julgamentos, distinção de pessoas, disputa entre irmãos e foquemos juntos num só objetivo, numa só fé assim citados nestes versículos. O esforço que temos que fazer é grande mas a recompensa é maior ainda.


Jesus é a paz que venceu a inimizade e a separação (2:14). A sabedoria de Deus é manifesta na igreja (3:10-11). Participamos do amor de Deus (3:17-19). Considerando todos esses fatos, devemos estar unidos.
Devemos andar de modo digno da nossa vocação (1). Fomos chamados para ser santos (1:1). Portanto, devemos nos manter santificados, separados da imundícia do mundo.

 Unidos e separados. É importantíssimo observar o equilíbrio no Novo Testamento entre a santidade e a unidade. Grandes textos que falam sobre a unidade dos servos de Deus também destacam a separação do pecado. Um dos exemplos mais nítidos é João 17:14-23. Os discípulos não são do mundo e precisam manter a sua santificação. Mas, por outro lado, Jesus ora ao Pai pela união dos discípulos com Deus e uns com os outros. Qualquer ensinamento sobre a unidade cristã precisa começar com a santificação. Sem a santificação, não podemos ter união com Deus (Hb 12:14; 2 Co 6:14 - 7:1), e qualquer comunhão com outros homens se torna vã.
Atitudes essenciais para a unidade entre cristãos (2-3). Considere bem as atitudes e os comportamentos que Paulo pede para ter a unidade:


1. Toda a humildade: modéstia em pensamento e comportamento. "Toda" nos lembra que esta característica deve governar tudo que fazemos e pensamos.

2. Mansidão: Bondade e submissão. Esta atitude não disputa com Deus, porque aceita a autoridade dele. Em relação ao homem, é tolerante e pronto para perdoar.

3. Longanimidade: Paciência, tolerância, perseverança, não facilmente provocado.

4. Suportando uns aos outros em amor: Amor constante, apesar das falhas dos outros. Procura ajudar ao invés de destruir.

5. Esforço diligente: Trabalho árduo; dedicação. A unidade não vem por acaso, e não é mantida sem esforço.

A natureza espiritual da unidade (3-6). Jesus é a paz (2:14), e a paz entre seus discípulos é claramente espiritual. Elementos que nos unem:

1. Unidade do Espírito: O Espírito Santo revelou a mensagem para Paulo e outros, a mesma palavra que eles repassaram para nós (3:2-9). A unidade que Deus quer não é carnal, mas espiritual.

2. Vínculo da paz: É a paz que liga os seguidores de Jesus.


3. Um corpo: Jesus é o cabeça da igreja dele (veja Mateus 16:18). Ele não governa as igrejas humanas que desrespeitam a palavra dele.

4. Um Espírito: O mesmo Espírito é a fonte de tudo que nos une (veja 1 Co 12:13-20).

5. Uma esperança: A convicção do galardão que vem por meio do evangelho de Cristo ( Cl 1:23,27; 1 Ts 1:3).

6. Um Senhor: Servimos exclusivamente aquele que tem toda autoridade (Mateus 28:18; Atos 2:36). Não podemos servir dois (Mt 6:24).

7. Uma fé: Não é minha fé ou sua fé (subjetiva), mas "a fé" (objetiva). A fé não vem de mim; ela foi entregue aos santos (Jd 3). O evangelho é a fé que nos une. Doutrinas, tradições e opiniões de homens são as coisas que nos dividem.

8. Um batismo: o batismo nas águas para remissão dos pecados nos dá entrada em Cristo ( 5:26; Gl 3:26-27; At 2:38; 22:16).


9. Um Deus e Pai de todos: O monoteísmo é a posição apresentada e defendida nas Escrituras desde a criação. A Bíblia fala sobre Deus usando pronomes plurais (Gn 1:26) porque há três pessoas distintas mas perfeitamente unidas ( Mc 1:9-11; Jo 17:21; 2 Co 13:13).

IV. Aplicando o texto exegeticamente às nossas vidas.


O mais leve exame dessa passagem torna patente o fato que Paulo se refere a uma unidade espiritual e não a uma unidade de formas de culto ou de celebração de ordenanças.

A unidade é do Espírito e o batismo também deve ser do Espírito Santo, visto como, é esse o batismo que une a todos os cristãos em um só corpo espiritual que é a verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nenhuma referência há ao batismo com água nessa passagem e muito menos ao modo desse batismo. Os cristãos estão todos unidos uns aos outros em uma só Igreja invisível, pela mesma fé em um só Pai de todos, em um só Salvador e Senhor e em um só Espírito Santo unificador de todos.

A expressão um só batismo deve se referir, portanto, ao batismo do Espírito Santo que une a todos os crentes no corpo místico de Jesus que é a sua Igreja e não pode se referir a um só modo de batizar com água.


 A unidade espiritual que deve existir entre todos os crentes e entre todas as denominações evangélicas é muito mais importante do que a uniformidade de ritualismo ou de formas de culto.

Essa unidade espiritual, com referência aos grandes fundamentos da fé cristã serve de base para uma real cooperação cristã entre todas as denominações evangélicas, uma vez que não permitamos que pequenas questões secundárias nos dividam.

Precisamos dar mais ênfase às grandes verdades que nos unem do que às pequeninas questões que nos separam uns dos outros. Todos nós, os crentes evangélicos, cremos em um só Deus vivo e verdadeiro que consiste em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Cremos na Bíblia como a nossa regra única de fé e pratica. Cremos em um só Salvador, sem o qual não há possibilidade de salvação.

Cremos no poder regenerador e santificador do Espírito Santo. E, da parte do homem, cremos na necessidade do seu arrependimento e fé em Jesus Cristo para a salvação da sua alma. Cremos, outrossim, na nova vida espiritual que resulta da fé em Jesus Cristo.

Sobre essas grandes verdades básicas do Evangelho estamos unidos e, por isso mesmo, podemos combinar para propagá-las conjuntamente.

Unidos por um só batismo do Espírito Santo e, deixando de parte as questões secundárias de modos de administrar ordenanças, tratemos de pregar as condições essenciais da salvação em Jesus Cristo à humanidade perdida. Formando, desse modo, uma frente única, havemos de nos tornar mais fortes em nosso combate às forças do mal.

Atendamos à exortação de Paulo que nos suplica: "Suportai-vos uns aos outros em caridade, esforçando-vos diligentemente para guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz".

Deste modo, taparemos a boca daqueles inimigos do evangelho que gostam de proclamar que os protestantes estão divididos em muitas seitas que se guerreiam umas às outras.

Não demos ao mundo o triste espetáculo da divisão, mas sejamos unidos em um só Espírito, para a glória do nosso Deus, afim de que se cumpra em nós o desejo do nosso Salvador expresso na sua oração sacerdotal: ”que todos sejam um, e que, como tu, Pai, és em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17:21).

Graves males resultam de polêmicas acerbas entre cristãos sobre questões secundárias. Os mundanos se escandalizam com a falta de união entre cristãos e essa falta de união serve de pretexto para a rejeição do evangelho.

Está claro que, se um cristão acusa a outro cristão de desobediência aos preceitos de Jesus e de teimosia, nessa desobediência, isso causa uma depreciação do evangelho no conceito dos incrédulos que ouvem a acusação.

O duvidar da sinceridade dos nossos irmãos na fé é uma falta condenada por Paulo. "Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio amo está em pé ou cai; mas ele estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar" (Rm 14:4).


 Há crentes sinceros que julgam dever ser o batismo exclusivamente por imersão e há outros crentes que julgam ser bíblico o batismo por aspersão ou afusão. "Esteja cada um plenamente convencido em sua mente" (Rm 14:5).

Fique cada um com a sua convicção sincera, mas não condene ao irmão que interpreta as Escrituras de outra maneira. O que não convém são as acusações e recriminações descaridosas entre irmãos na fé.

Os mundanos e os fracos na fé que são os pequeninos de Cristo se escandalizam com essas contendas. Certa vez João encontrou um homem que lançava fora os demônios em nome de Jesus e proibiu-lhe de continuar com esse trabalho, porque não seguia ao Mestre com os outros discípulos.

Jesus disse que não se devia proibi-lo de trabalhar, pois estava trabalhando em nome de Jesus e estava fazendo uma boa obra. Não seguia a Jesus do mesmo modo que os doze o seguiam, mas também era discípulo de Jesus e trabalhava em prol do reino de Deus.

Por essa razão, não devia ser condenado. Ele não era contra a obra dos outros discípulos de Jesus, mas a favor dela. Leia-se esse incidente em Mc 9: 38-42.

O ensino que Jesus tirou desse incidente é claro: não devemos condenar a outros que estão trabalhando em nome de Jesus, embora não sigam a Jesus do mesmo modo que nós o seguimos. Eles também estão trabalhando a favor de Jesus e o seu trabalho está sendo abençoado por Deus, pois estão expelindo demônios pelo poder do nome de Jesus.

A benção de Deus não repousa exclusivamente sobre uma denominação evangélica. O trabalho de todas elas tem sido ricamente abençoado por Deus.

Nenhuma denominação evangélica e nenhuma igreja não-denominacional tem o monopólio da interpretação das Escrituras ou do dom do Espírito Santo.

O Espírito Santo tem produzido milhares e milhares de conversões em todas as igrejas evangélicas, em todo o mundo, e as Escrituras Sagradas nos dizem que o Espírito Santo é dado àqueles que obedecem a Deus (At 5:32).

Não devemos, portanto, chamar desobedientes aqueles que, como nós, receberam o Espírito Santo e estão trabalhando em nome de Jesus.

Quando pessoas interessadas no evangelho nos perguntarem a razão das várias denominações evangélicas, devemos explicar-lhes que podem ser comparadas a uma grande família em que há vários indivíduos.

Cada qual tem os seus característicos particulares e que, no entanto, todas se orientam pela mesma regra de fé e pratica, todas obedecem ao mesmo Pai dos Céus e todas creem no mesmo poder do Espírito Santo.

Todas estão de acordo sobre as grandes verdades fundamentais da fé cristã e divergem apenas em questões secundárias, como sejam modos de administrar as ordenanças de Cristo ou de governar a sua Igreja.

Ademais, devemos explicar que a coisa principal para aquele que quer fazer a vontade de Deus é crer em Jesus Cristo como o seu Salvador e ser regenerado pelo poder do Espírito Santo.

É  muito secundária a questão do modo de representar exteriormente essa transformação radical do coração e ficando o modo dessa representação ao critério de cada consciência cristã, esclarecida pela Palavra de Deus.



Cada convertido procurará livremente àquela Igreja que estiver mais de acordo com as suas convicções religiosas, sem, todavia, condenar os outros cristãos que não pensam da mesma maneira sobre questões de ritual e governo da Igreja de Deus.

Não devemos querer ditar leis aos nossos irmãos de outras denominações evangélicas sobre questões cerimoniais ou eclesiásticas, uma vez que Jesus não estabeleceu leis sobre elas. Seja o nosso lema: "Unidade no essencial, liberdade no secundário, caridade em tudo"

É de muita necessidade que haja um entendimento entre as varias igrejas evangélicas e que trabalhem harmonicamente no serviço glorioso do seu único Chefe infalível, Jesus Cristo.

Para que haja uma real harmonia de vistas e uma eficiente cooperação entre todas as igrejas evangélicas é mister que se cultive um reconhecimento leal da sinceridade e da cultura de todas elas.

Se uma Igreja evangélica duvida da sinceridade dos membros de uma outra igreja evangélica, está claro que entre essas igrejas não pode haver uma verdadeira comunhão espiritual.

E se uma igreja julga que os membros de uma outra são ignorantes e incapazes de interpretar corretamente as Escrituras, é impossível que entre essas igrejas haja um entendimento fraternal. Para a realização do ideal da união espiritual pedida por Jesus na sua oração sacerdotal, são indispensáveis os dois pontos mencionados que passamos a desenvolver.

1 - Os vários ramos da Igreja Cristã Evangélica são essencialmente iguais na sua sinceridade e lealdade para com Nosso Senhor Jesus Cristo.

Não há nenhuma delas que pretenda desobedecer a Jesus. Todas elas têm boa vontade de seguir os mandamentos de Jesus, até mesmo nas coisas mais pequeninas. Às vezes os nossos irmãos imersionistas nos exortam a obedecer o mandamento de Jesus para sermos batizados, como se nós estivéssemos desobedecendo a esse mandamento.

Todavia, no nosso sincero modo de entender, já fomos batizados e já obedecemos ao mandamento de Jesus. Não estamos teimando em uma desobediência, como alguns deles entendem, mas estamos apenas seguindo as nossas convicções sinceras.

Desejamos que essas nossas convicções sejam respeitadas, como nós respeitamos as sinceras convicções dos nossos amados irmãos imersionistas. Esteja cada um convencido na sua consciência e fique cada um com a sua convicção sincera.

Para que possa existir o respeito mútuo e o espírito de fraternidade entre os cristãos de varias igrejas, é de grande conveniência que estudemos os argumentos e os pontos de vista daqueles que divergem de nós e assim compreenderemos que eles, tanto como nós, têm as suas razões em que alicerçam as suas convicções.

Embora não mudemos de parecer, poderemos, ao menos, compreender a sinceridade daqueles que não concordam conosco.



2 - Em todas as igrejas evangélicas existe capacidade intelectual e espiritual para interpretar as Escrituras. Em todas elas há homens cultos, iluminados pelo Espírito Santo.

Nenhuma igreja tem o monopólio da interpretação das Escrituras.

O protestantismo todo rejeita a tola pretensão do papa de ser ele o intérprete infalível da Bíblia, e, no entanto, às vezes, acontece que uma ou outra igreja evangélica pretende ser a única que tem acertado em qualquer matéria de interpretação.


Concluímos que, se o modo do batismo fosse, para Jesus, essencial à validez ou à integridade dessa ordenança, Ele teria dado, a esse respeito, uma ordem explicita e tão clara que nenhum cristão inteligente e bem intencionado poderia duvidar do seu sentido.

Uma vez que assim não fez, não é esse um ponto capital de obediência. Devemos permitir a liberdade de divergência na interpretação desse ponto de importância secundária.

Um dos resultados da Reforma do século dezesseis foi o estabelecimento, para o protestantismo, do princípio do livre exame das Escrituras. Era muito natural que em questões secundárias, não houvesse uniformidade na interpretação de vários textos da Bíblia.

Era mesmo de se esperar que estudantes espirituais e esclarecidos, como foram, por exemplo, Lutero, Calvino e Wesley não concordassem sobre pontos de menos importância. Dessas divergências em questões de importância secundária surgiram as denominações evangélicas.

Todavia, entre todas as confissões de fé das grandes denominações evangélicas, lia uma maravilhosa concordância quanto aos fundamentos da fé cristã. É até mesmo de se admirar que admitido o princípio do livre exame, houvesse tanta harmonia da vistas.

Somente quem desconhece a história eclesiástica poderá negar os relevantes serviços prestados na causa de Cristo pelas grandes denominações evangélicas.

Foi o luteranismo que fez a Alemanha culta e poderosa.

Foi o calvinismo que deu uma magnífica organização às igrejas reformadas e proporcionou-lhes uma sólida base intelectual para a sua fé.

Foi o wesleyanismo ou seja o metodismo, que acendeu o fogo espiritual do evangelismo na Inglaterra e salvou aquele país do ateísmo e da anarquia.

A denominação Batista muito concorreu para o estabelecimento dos princípios da liberdade religiosa e da fé pessoal em Jesus Cristo.

Todas as grandes, denominações evangélicas tiveram as suas tradições gloriosas e contribuíram cada uma com o seu quinhão, para o progresso do reino de Deus no mundo.


 Negar esses fatos é fazer uma grave injustiça a esses membros do corpo de Cristo, cada um dos quais desempenha uma função especializada no reino de Cristo.

Uma das glórias do protestantismo é que permite e recomenda o livre exame das Escrituras. Não obriga a ninguém a se conformar com um só modo de pensar ou de interpretar as Escrituras, em questões secundárias.

Não é como na Igreja Romana, onde se obriga a todos a rezar por uma só cartilha. O protestantismo recomenda "a unidade no essencial, a tolerância no secundário e a caridade em tudo".

Todas as denominações evangélicas são ramos de um só tronco que é a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo ou, empregando outra figura bíblica, são membros de uma só família, a família de Deus (Efésios 3:14 e 15).

Sendo assim, um irmão não deve fazer um juízo temerário de outro, condenando-o como desobediente e insubmisso à vontade de Deus, porque se batiza ou toma a Santa Ceia de modo diferente do seu.

Os males do denominacionalismo e do não-denominacionalismo que têm dividido a Igreja de Cristo aqui no mundo têm sido bastante exagerados, visto como, esses vários ramos da Igreja visível são frutos da liberdade individual empregada na interpretação das Escrituras.

Todos esses ramos do cristianismo têm prestado relevantes serviços ao reino de Cristo aqui sobre a terra, cada qual de acordo com os seus dons e característicos individuais.

Há denominações e indenominações evangélicas que atraem mais os intelectuais, e outras há que apelam mais para as pessoas emocionais e de menos cultura.

Umas adotam um culto ritualista que agrada aos apreciadores da solenidade nos cultos e outras primam pela simplicidade das formas cultuais e satisfazem as aspirações religiosas de outra classe de gente.

Umas adotam o governo congregacional, outras o episcopal e ainda outras o presbiterial. Cada uma delas pela sua interpretação sincera das Escrituras, está convencida de que o seu modo de fazer é bíblico.

Todas elas têm recebido as manifestações do poder do Espírito Santo na conversão de almas. O próprio Deus tem posto sobre a sua obra o cunho da sua aprovação. E quem somos nós para contrariar a aprovação divina?

O Exército da Salvação, por sua vez, faz um trabalho que não é feito por nenhuma denominação ou indenominação evangélica. Atinge a uma classe de gente que dificilmente se aproxima das igrejas evangélicas.

Com a sua banda de música, sua organização militar, seus cultos ruidosos e os constantes testemunhos orais dos convertidos, o Exército da Salvação atrai os decaídos no lodaçal de pecados crassos e os conduz à salvação por meio de Jesus Cristo.

Deverá o homem culto que não é atraído pelos métodos do Exército da Salvação condenar os seus processos de ganhar almas para Cristo? Certamente que não. Eles também estão lançando fora demônios em nome de Jesus.


 O grande mal das denominações e indenominações evangélicas não está nas suas divergências sinceras com referência a questões secundárias, mas está no seu sectarismo que as leva a criticar e condenar umas às outras.

Irmãos em Cristo! Abandonemos esse pecado de condenar os que não andam conosco. Escutemos a voz de Jesus que nos diz:

"Não lho proibais; porque não há ninguém que faça milagre em meu nome, e logo depois possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós é por nós. Aquele que vos der de beber um copo d'água, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa. Mas quem puser uma pedra de tropeço no caminho de um destes pequeninos que crêem, melhor seria que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e que fosse lançado ao mar" (Mc 9:39-42).

Respeitemos as convicções sinceras dos nossos irmãos na fé. Não os condenemos por divergirem de nós em questões secundárias.

Unamo-nos com eles para pregar a Cristo e a Cristo crucificado, deixando de lado essas questões de pouca relevância que nos dividem e, desse modo, apresentaremos uma frente única aos inimigos da Verdade e cooperaremos para que todos os crentes em Cristo sejam um nele e no Pai, como Ele mesmo pediu na sua oração sacerdotal.

Assim faremos com que o mundo creia em Jesus como o Enviado de Deus. Amém.

Em breve estaremos de volta com este maravilhoso estudo!

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