Por Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
Contatos 0+operadora 21 36527277 ou (Zap)21 xx 990647385 (claro) ou 989504285 (oi)
Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
José se revela aos irmãos
Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no Livro do Gênesis 45.1-28 Que nos diz:
1 Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos.
2 E levantou a sua voz com choro, de maneira que os egípcios o ouviam, e a casa de Faraó o ouviu.
3 E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque estavam pasmados diante da sua face.
4 E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou José vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós.
6 Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.
7 Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
8 Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito.
9 Apressai-vos, e subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim tem dito o teu filho José: Deus me tem posto por senhor em toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;
10 E habitarás na terra de Gósen, e estarás perto de mim, tu e os teus filhos, e os filhos dos teus filhos, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas, e tudo o que tens.
11 E ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não pereças de pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.
12 E eis que vossos olhos, e os olhos de meu irmão Benjamim, vêem que é minha boca que vos fala.
13 E fazei saber a meu pai toda a minha glória no Egito, e tudo o que tendes visto, e apressai-vos a fazer descer meu pai para cá.
14 E lançou-se ao pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao seu pescoço.
15 E beijou a todos os seus irmãos, e chorou sobre eles; e depois seus irmãos falaram com ele.
16 E esta notícia ouviu-se na casa de Faraó: Os irmãos de José são vindos; e pareceu bem aos olhos de Faraó, e aos olhos de seus servos.
17 E disse Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, tornai à terra de Canaã.
18 E tornai a vosso pai, e às vossas famílias, e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis da fartura da terra.
19 A ti, pois, é ordenado: Fazei isto: tomai vós da terra do Egito carros para vossos meninos, para vossas mulheres, e para vosso pai, e vinde.
20 E não vos pese coisa alguma dos vossos utensílios; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso.
21 E os filhos de Israel fizeram assim. E José deu-lhes carros, conforme o mandado de Faraó; também lhes deu comida para o caminho.
22 A todos lhes deu, a cada um, mudas de roupas; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupas.
23 E a seu pai enviou semelhantemente dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentos carregados de trigo e pão, e comida para seu pai, para o caminho.
24 E despediu os seus irmãos, e partiram; e disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
25 E subiram do Egito, e vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai.
26 Então lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive, e ele também é regente em toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava.
27 Porém, havendo-lhe eles contado todas as palavras de José, que ele lhes falara, e vendo ele os carros que José enviara para levá-lo, reviveu o espírito de Jacó seu pai.
28 E disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.
Estamos de volta dando sequência a uma série de conferências sobre os Patriarcas; Já falamos sobre Abraão; Isaque e Jacó; agora estamos no quarto e último personagem analisado entre os Patriarcas. Neste seguimento vamos falar de José do Egito filho de Jacó por parte de Raquel.
Já falamos sobre:
- A sua biografia;
- Os seus sonhos;
- A sua ida ao Egito;
- O intérprete de sonhos;
- Do cárcere para o palácio;
- Os filhos de Jacó descem ao Egito
- José prova os seus irmãos
- José planeja reter Benjamim.
Agora falaremos sobre " José se dá a conhecer aos seus irmãos ".
I. Análise preliminar do texto.
A Revelação Surpreendente (45.1-15)
O apelo de Judá atingiu seu propósito; afetou profundamente o homem que detinha tamanho poder sobre a vida deles. Impulsionado pela emoção, José (1) ordenou que todos saíssem da sala e, para espanto de todos, começou a chorar em voz alta. Seu coração duvidoso estava satisfeito; seus irmãos não eram mais os homens insensíveis que o tinham vendido para a escravidão.
Anunciou dramaticamente: Eu sou José (3), e perguntou novamente pelo pai. Os irmãos ficaram mudos, incapazes de acreditar no que tinham acabado de ouvir. Se este fosse José, com certeza ia castigá-los. Mas José os tranquilizou, pedindo que não se repreendessem pelo que lhe haviam feito, porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face (5).
José entendeu então que Deus invalidou a intenção má dos seus irmãos e tornou possível ele ser alto funcionário no Egito. Nessa condição, abriu caminho à mudança da família de Canaã, atingida pela falta de chuva, para a terra onde ele havia armazenado alimentos contra a fome. Os irmãos pensaram que tinham se livrado dele vendendo-o como escravo. Mas Deus o usou para salvá-los do período de fome em que não haverá lavoura nem sega (6). Deus me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa (8) é melhor Deus “me fez primeiro-ministro de Faraó, chefe de todo o seu palácio”. Transformando a má intenção em bem e dando força durante tempos de angústia, Deus mostrou que seu propósito último é redentor e que suas relações com os homens são fomentadas pelo amor.
José detalhou seus planos para fazer toda a família se mudar para a terra de Gósen(10. O versículo 12 Vedes por vós mesmos, e meu irmão Benjamim vê também, que sou eu mesmo quem vos fala. Depois, lançando de si a dignidade de soberano, abraçou o irmão Benjamim(14) e juntos choraram. Fez o mesmo com cada um dos irmãos (15), e só assim falaram com ele.
O caminho para a plena reconciliação foi árduo para José e seus irmãos. Os irmãos tiveram de enfrentar a culpa, confessar os pecados (42.21,22) e reconhecer que Deus estava castigando-os (42.28). Tiveram de pedir misericórdia (44.27-32) e mostrar que haviam mudado (44. 33-34). Para José, a provação também foi penosa. Teve de se assegurar da nova sinceridade dos irmãos pondo-os em situações embaraçosas, algumas das quais causando sofrimento em seu pai. Teve de manter o disfarce como egípcio, embora estivesse ansioso para se revelar. Quando chegou a hora da revelação, sua posição e poder tornaram difícil seus irmãos acreditarem que ele era mesmo o irmão José e que ele realmente os havia perdoado.
Ordens para Mudarem-se (45.16-24)
A nova (V. 16) de que os homens que vieram de Canaã eram irmãos do primeiro-ministro do Egito mexeu com a corte faraônica. Quando chegou aos ouvidos de Faraó, ele ordenou que a família de José se servisse de provisões e carros (V. 19) para transportar o clã inteiro para o Egito. A expressão não vos pese coisa alguma das vossas alfaias (V.20) significa não vos importeis com vossos bens. José se encarregou de abastecer os irmãos de tudo que precisassem para a mudança. A cada irmão deu mudas de roupa, mas abarrotou Benjamim (V. 22) de bens e víveres e enviou grande quantidade de gêneros alimentícios para o pai (V. 23). Não contendais pelo caminho (V. 24).
O Filho Considerado Morto Está Vivo (45.25-28)
A volta para casa foi diferente desta vez. Não houve mistérios e nem exigências desconcertantes, somente notícias incríveis. A informação de que José (V. 26) estava vivo foi choque quase comparável à notícia de que ele havia morrido por um animal. O que convenceu Jacó foi a história detalhada do que aconteceu no Egito e os carros (V. 27) que foram enviados carregados de comida e presentes. Então, seu espírito reviveu (V. 27). O desejo ardente de Jacó era ver José antes de morrer (V. 28).
Os resultados do perdão e da reconciliação já eram visíveis. Abundância de alimentos estava disponível sem custo. A vida de Jacó foi poupada devido ao retorno de Benjamim e à notícia de que José vivia. A unidade familiar foi restaurada, e percebia-se a libertação da culpa e do medo.
II. Visão panorâmica do texto.
José finalmente e já não aguentando mais se revela a seus irmãos e pergunta Em Gênesis 45, José finalmente e já não aguentando mais se revela a seus irmãos e pergunta por seu pai e lhes explica porque estava ali e porque tudo tinha acontecido. Jacó, seu pai, é avisado de que seu filho José ainda estava vivo e ficou embasbacado.
Muito interessante a história de José. Eu até pensava que ele seria o escolhido, mas Deus escolheu Judá para ser aquele que portaria a semente messiânica. Na história de José, apesar de tudo o que se passou com ele, não vemos aquela mágoa corrosiva em sua vida.
Ele não sai se vingando de seus irmãos ou os acusando disso ou daquilo, mas vemos alguém que tinha algo a mais em seu coração do que ressentimentos e mágoas, mas amor, temor a Deus e muita confiança na providência divina. Ele diz a seus irmãos que Deus o enviara antes deles para deles estar agora cuidando.
Ele não fala que por causa da maldade deles é que ele foi parar no Egito, mas Deus converteu suas maldades em bênçãos. Ele não sai destruindo eles porque seu coração já havia sido curado pelo Espírito Santo. Ele reconhece a providência divina e entende que seus passos e de seus irmãos são dirigidos pelo Senhor.
Na verdade, José tinha testado eles em todos os seus limites antes mesmo de se revelar a eles e os resultados dos seus testes foram todos de acordo com que ele já sabia e cria e esperava. Seus irmãos haviam mudado e mudado para melhor. No meio de seu teste mais difícil, ele não resiste e se revela e chora e abraça Benjamim e abraça seus irmãos e os beija.
E o coração dos irmãos e a mente deles como não estava? Sabe aquela situação em que você é pego em flagrante e está todo enrolado? Assim, eles estavam diante de José. Não estavam por cima, mas por baixo e totalmente vulneráveis. Se José quisesse, eles acabariam aceitando toda punição, mas José retribui toda aquela maldade com amor.
Que lição forte e que aprendizado foi aquilo tudo para seus irmãos que com certeza repassaram para seus filhos e os filhos de seus filhos de forma que cada um foi ensinado que Israel tem um Deus forte, poderoso, soberano e que se importa com todos eles.
Todos se alegraram com José e até Faraó se alegrou e se mostrou disposto a ajudá-los. José era muito querido e amado e, mais do que tudo, um servo de Deus que dava testemunho de Deus diante de um povo que não conhecia a Deus.
Ele envia seus irmãos de volta para Canaã e pede, encarecidamente, que tragam seu pai e todos para a terra do Egito porque estavam ainda no segundo ano da fome terrível e ainda haveria mais cinco anos difíceis.
Faraó mesmo envia presentes ao pai de José e enviam uma super caravana com presentes, mimos e tudo mais. Jacó foi informado de tudo e ao ver tudo que estava ao seu redor e ouvir as histórias que ouviu desmaiou de alegria. Diz a palavra que seu espírito reviveu!
Como é que eles contaram a história a seu pai depois de terem inventado aquela mentira inicial da morte de José? A Bíblia nada comenta disso, mas eu creio que a verdade reinou ali e houve cura e perdão.
Amor e perdão versos ódio e ressentimentos! Onde estão presentes tais coisas a escolha certa pode gerar cura, vida e um novo começo.
III. José prova, se dá a conhecer e perdoa os seus irmãos.
O drama de José e seus irmãos já toma oito capítulos no Gênesis, e agora vai chegando ao seu clímax.
Judá e José estão face a face, Benjamin, o mais novo, é acusado de furto e pode ser condenado a uma vida inteira de escravidão.
Judá faz um pedido emocionado pela libertação do filho caçula de seu pai. O copo de prata foi achado dentro do saco de Benjamin.
Judá não contesta os fatos, mas ele implora pela misericórdia do “príncipe Egípcio”, cuja identidade ele ainda não conhece, e ele o pede para que considerasse o mal que a prisão de Benjamin faria ao seu pai, Jacó.
De fato Jacó já tinha perdido o seu filho amado, a perda de mais um, causaria um choque que o mataria.
“Porque teu servo se deu por fiador por este moço para com meu pai, dizendo: Se eu o não tornar para ti, serei culpado para com meu pai por todos os dias. Agora, pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu senhor, e que suba o moço com os seus irmãos.
Porque, como subirei eu a meu pai, se o moço não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai”( Gn 44:32-34).
Estas são as palavras que finalmente quebram o coração de José. Tomado de emoção, ele manda que seus subordinados Egípcios saiam de sua presença, então se volta para seus irmãos e revela a sua verdadeira identidade:
“Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos. E levantou a sua voz com choro, de maneira que os egípcios o ouviam, e a casa de Faraó o ouviu.
E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque estavam pasmados diante da sua face”. (Gn 45:1-3)
O silêncio dos irmãos é “gritante”! Eles estão aterrorizados, o príncipe Egípcio é o seu irmão, o garoto que, anos antes, eles tinham vendido para ser escravo. E não podem dizer nem fazer nada, ficaram paralisados por uma combinação de choque e culpa.
Quebrando o "gelo" do silêncio, José continuou. Ele não tinha guardado mágoa ou rancor de seus irmãos, nem os considerava culpados. Não há raiva em suas palavras, e José, inesperadamente, conforta seus irmãos, e os perdoa. Suas palavras são cheias de graça, paz e perdão:
“E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se; então disse ele: Eu sou José vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós.
Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega. Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito”. Gênesis 45:4-8
Assim, esta história se aproximava de seu fim. O constrangimento que se iniciou com “Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente”. Gênesis 37:4, terminava ali.
E como José sonhou por duas vezes, seus irmãos se curvaram diante dele, e ele sobreviveu à tentativa deles de matá-lo. E saiu da condição mais baixa que um ser humano pode chegar, um escravo, que não tinha poder algum de decidir sobre si mesmo, que via negado o bem mais precioso que se pode ter – a liberdade.
Mas aprouve Deus de fazê-lo o segundo homem mais poderoso, na maior potência, o maior império do mundo antigo.
Mas mesmo diante de tudo isso, ainda assim fica uma pergunta central: Que tipo de história é essa? Seria algum tipo de conto de fadas, onde milagrosamente o pobre se torna rico e importante?
Seria uma história sobre vingança – pois José fala asperamente com seus irmãos, prende alguns deles e ameaça condenar Benjamin à escravidão? Ou seria simplesmente a história da tragédia de uma família dissolvida em suas brigas internas?
Para entender essa parte da vida de José, nós temos que rastrear a sequência de eventos, para podermos entender as intenções de José nos sucessivos encontros com seus irmãos.
Primeiramente, os irmãos chegam diante de José para comprar grãos. Ele os reconhece, mas eles não o reconhecem. Ele então fala asperamente com eles, os acusando de espionagem. E ele os aprisiona por três dias.
Depois José os liberta, mas mantém Simeão aprisionado, e avisa que devem trazer Benjamin, da próxima vez para verificar a sua história.
Sem que eles soubessem, José manda que se colocasse de volta, nos sacos de mantimentos, o dinheiro que tinham pago. Quando descobrem, os irmãos ficam muito nervosos. Alguma coisa está acontecendo, mas eles não sabem o que é. Eles estão retornando sem Simeão, mas com o dinheiro em seu lugar.
Era algo que não fazia sentido, mas os chamava à culpa que rondava suas consciências. Não foi isso que eles fizeram, vendendo seu irmão (José) por dinheiro? Eles se estremecem e se perguntam, “Que é isto que Deus nos tem feito?” Gênesis 42:28.
Quando chegam em casa, contam tudo o que aconteceu ao seu pai. Mas Jacó se recusa a deixar que levam Benjamin ao Egito. A comida, porém, pouco a pouco vai acabando. Judá consegue persuadir seu pai a permitir que Benjamin os acompanhe de volta ao Egito.
Dessa vez, José os recebe muito bem, liberta Simeão e convida a todos para comer com ele. E depois que fornece suprimentos, ele os envia para casa. Mas agora, há mais do que somente o dinheiro em seus sacos de grãos, pois o seu copo de prata favorito está no saco de suprimentos de Benjamin.
Os irmãos deixaram o Egito, aliviados, pensando que tudo havia se resolvido. Mas pouco depois que partem, são alcançados pelo empregado de José. Alguém roubou a sua taça favorita. Os irmãos alegam inocência. O empregado de José faz uma busca começando do mais velho, até o mais novo. A taça de prata é encontrada em meio aos grãos de Benjamin.
José do Egito Convida Seus Irmãos para Uma Refeição.
O pior pesadelo dos irmãos de José se torna em realidade. Eles sabiam que não poderiam voltar ao seu pai sem Benjamin. Judá tinha penhorado a sua vida nisso, “Eu serei fiador por ele, da minha mão o requererás; se eu não o trouxer, e não o puser perante a tua face, serei réu de crime para contigo para sempre”. Gênesis 43:9
Assim, os irmãos são levados novamente à presença de José e o drama se torna tenso, chegando realmente ao seu clímax.
Há muitas possibilidades na interpretação da lógica que dirige este drama, o que confunde tantos os irmãos quanto os leitores da bíblia.
A primeira, sugerida pelo próprio texto “Então José lembrou-se dos sonhos que havia tido deles e disse-lhes: Vós sois espias” Gênesis 42:9, seria que José estaria agindo para cumprir seus sonhos, em que sua família se curvava diante dele.
Entretanto, este não podia ser o caso, pois lemos que antes que José agisse como um estranho “os irmãos de José chegaram e inclinaram-se a ele, com o rosto em terra” Gn 42:6, e isso já cumpria o seu primeiro sonho.
Se ele quisesse simplesmente fazer com que seu segundo sonho fosse também cumprido, ele deveria ter seguido uma estratégia que trouxesse toda a sua família, inclusive Jacó, o mais rápido possível ao Egito.
Jacó e todos os seus filhos teriam se curvado diante dele, cumprindo assim os seus sonhos, e José poderia assim ter revelado sua identidade.
Mas nada disso acontece. José age no sentido não de acelerar o cumprimento de seus sonhos, na verdade, as suas ações mais atrasam que isso aconteça. Por isso não poderia ser que José esta agindo com a intenção de ver seus sonhos realizados.
A segunda possibilidade seria que José estivesse agindo em busca de vingança contra seus irmãos: Ele estaria fazendo seus irmãos sofrerem, assim como eles o fizeram sofrer no passado. Mas isso também não se provou realidade, pois várias vezes José tem que procurar um lugar em que estivesse sozinho, para poder chorar.
Pessoas quando envolvidas com vingança, não choram enquanto a executam. E a Torá enfatiza o estado emocional quase que incontrolável em que José estava, repetindo isso por três vezes, excluindo a possibilidade de José estar agindo movido pelo desejo de vingança. Aqueles que pagam o mal com mal, tem satisfação em fazê-lo.
E José não demonstra nenhuma satisfação no que fazia. Na verdade, ele estava agindo contra a sua vontade, e isso o causava uma dor indescritível, expressada por seu choro. Sabendo-se disso, a pergunta em questão permanece com toda a sua força:
O que José estava querendo, quando agia daquela forma com seus irmãos em seus encontros?
José estava trabalhando, em seus irmãos, um complexo conceito que envolve retorno, reflexão e arrependimento . É uma ideia que está presente no centro do pensamento bíblico. É o que os profetas chamavam ao povo de Israel e fazer.
Como está escrito:
“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” Isaías 55:7
E há uma condição ainda mais profunda para se completar o arrependimento.
O arrependimento perfeito ocorre quando há a oportunidade de repetir a ofensa que foi uma vez cometida, mas o indivíduo se guarda para não pecar novamente, não por medo, mas por causa do arrependimento.
Assim que entendemos esses pontos, a lógica das ações de José começa a se tornar clara. O drama que ele submete seus irmãos não tem nada a ver com sonhos, ou com vingança. Muito pelo contrário, José não está agindo por ele mesmo, mas sim pelo bem de seus irmãos.
Lembrando do que aconteceu com suas intervenções, sua primeira iniciativa foi acusá-los de um crime que eles não tinham cometido (de serem espias), aprisionando-os por três dias, para ver se isso os lembraria de um outro crime que eles haviam cometido (vender seu irmão mais novo para ser escravo).
O efeito foi certeiro e imediato:
“Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia.
E Rúben respondeu-lhes, dizendo: Não vo-lo dizia eu: Não pequeis contra o menino; mas não ouvistes; e vedes aqui, o seu sangue também é requerido.
E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre eles”.( Gn 42:21-23)
No primeiro encontro com José, seus irmãos confessam e demonstram remorso e arrependimento.
O segundo estágio acontece distante de onde José estava, mas mesmo assim ele saberia se tinha ocorrido ou não. Ele está mantendo Simeão como prisioneiro, e disse a seus irmãos que somente o libertaria se eles trouxessem Benjamin.
Conhecendo seu pai, como conhecia, José calculou que Jacó só permitiria que Benjamin os acompanhasse se ele tivesse certeza de que seus filhos não deixariam que acontecesse a Benjamin o mesmo que aconteceu com ele. E isso se concretiza quando Judá diz para seu pai:
“Eu serei fiador por ele, da minha mão o requererás; se eu não o trouxer, e não o puser perante a tua face, serei réu de crime para contigo para sempre” ( Gn 43:9).
A segunda condição para o arrependimento é alcançada: O compromisso de não repetir as suas ofensas. Judá se compromete em não deixar acontecer com Benjamin a mesma ofensa que ocorreu com José, quando este era mais novo.
O terceiro estágio é uma obra prima de José. Ele constrói uma cena, para ver se seus irmãos tinham realmente mudado.
Eles o haviam vendido no passado para ser escravo, e agora coloca seus irmãos em uma posição em que eles serão grandemente tentados a repetir o mesmo erro, abandonando Benjamin à condenação da escravidão.
É por isso que José manda um de seus subordinados colocar sua taça de prata no saco de grãos de Benjamin, para que ele fosse acusado de furto, e tivesse como sentença a escravidão, e diz para seus outros irmãos que eles podem ir livremente para casa.
José, efetivamente, recria o passado. Benjamin, assim como José, é filho de Raquel, e por isso era muito provável que seria invejado e desprezado por seus outros irmãos, filhos de Lea e das concubinas de Jacó.
O ressentimento dos irmãos de José foi aumentado pela inveja que sentiram quando o avistaram vestindo a multicolorida túnica que seu pai o tinha presenteado. E José também recria uma situação de desigualdade.
Quando ele convida seus irmãos para uma refeição, ele arranja para que eles sentassem em ordem de idade, enfatizando que Benjamin era o mais novo.
“E assentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do que os homens se maravilhavam entre si” ( Gn 43:33).
E ele se assegura de que Benjamin recebesse mais do que todos os seus irmãos, para ver se essa desigualdade causaria algum tipo de inveja ou protesto da parte dos mais velhos:
“E apresentou-lhes as porções que estavam diante dele; porém a porção de Benjamim era cinco vezes maior do que as porções deles todos. E eles beberam, e se regalaram com ele”( Gn 43:34).
Tanto quanto fosse possível, as condições do primeiro crime, o que os irmãos cometeram contra José, estavam recriadas.
Seu irmão mais novo, filho de Raquel está próximo de ser tomado como escravo no Egito. Seus irmãos têm motivos para o invejarem, como invejaram a José. Mas desta vez eles reagem de forma diferente. Eles se oferecem para se juntarem ao seu irmão na prisão:
“Então disse Judá: Que diremos a meu senhor? Que falaremos? E como nos justificaremos? Achou Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achado o copo” ( Gn 44:16).
Mas José não aceita:
“Mas ele disse: Longe de mim que eu tal faça; o homem em cuja mão o copo foi achado, esse será meu servo; porém vós, subi em paz para vosso pai” ( Gn 44:17).
O momento de julgamento se inicia. José oferece aos seus irmãos uma saída muito simples, bastava que eles caminhassem e fossem embora, e não teriam mais nenhum problema, porém estariam mais uma vez abandonado um de seus irmãos.
Mas é nesse momento que Judá diz, “Agora, pois, fique teu servo em lugar deste moço por escravo de meu senhor, e que suba o moço com os seus irmãos” ( Gn 44:33).
A história chega ao seu clímax. Judá, o mesmo irmão que tinha sido o responsável direto pela venda de José ao Egito para ser escravo (Gn 37:27), agora se oferece para sacrificar a sua própria liberdade, para salvar Benjamin da escravidão.
As circunstâncias são similares às que ocorreram muitos anos antes, mas agora o comportamento de Judá é dramaticamente oposto ao que foi no passado.
Ele teve a oportunidade e as condições de repetir a mesma ofensa que cometeu contra José, mas ele não comete mais o mesmo erro.
Judá demonstra que atingiu os três estágios do arrependimento, e fazendo assim, José revela sua identidade, e o drama termina:
“E disse José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai?”( Gn 45.3)
Não foram os sonhos, nem a vingança, mas o arrependimento que dirigia as ações de José. Seus irmãos uma vez o venderam como escravo. Ele sobreviveu, e mais do que isso, ele prosperou. Ele sabe, e diz isso mais de uma vez, que tudo o que aconteceu com ele foi parte dos planos de Deus.
Sua preocupação não era mais com ele mesmo, mas com seus irmãos. Será que eles sobreviveram? Será que eles perceberam a gravidade do crime que cometeram? Será que são capazes de se arrependerem, e de mudarem?
Toda a sequência de eventos ocorridos entre a chegada deles no Egito e a revelação da identidade de José, é um longo exercício para se alcançar o arrependimento.
Deus sabe que não somos perfeitos, e sabe que cometemos erros. Mas o Senhor quer que aprendamos com nossas falhas e que venhamos a assumir um compromisso de não mais errarmos.
Judá, ao passar no teste de José, demonstrou que os filhos de Israel tinham se tornado mestres do arrependimento, capazes de aprender e de crescer através de seus erros.
E é de lá, da tribo de Judá, que se levantou aquele que veio para ensinar a todos os povos o caminho do arrependimento e do perdão.
“E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações”( Lc 24:47).
Mesmo depois de entendermos que o perdão é essencial na vida do cristão, muitas vezes surge a pergunta: “Como posso saber se realmente perdoei completamente?”
Há várias evidências importantes que caracterizam o perdão total. Porém, nada como ver o perdão exemplificado na vida de alguém para se obter um quadro vivo e aplicá-lo à nossa vida. E nenhum dos personagens bíblicos, com exceção de Jesus Cristo, ilustra melhor o que é perdão do que José no livro de Gênesis.
Injustiças Sofridas por José
Vamos recordar as principais injustiças praticadas contra José, para entender melhor o que ele perdoou.
Em primeiro lugar, por pouco não foi morto pelos irmãos. No fim, resolveram lançá-lo numa cova e, depois, vendê-lo como escravo (Gn 37.18-24). É verdade que José tivera atitudes prepotentes, por saber que era o filho preferido do pai e por ter recebido sonhos indicando que estaria acima dos irmãos. Mas nada justificava a atitude destes em querer matá-lo ou vendê-lo como escravo para os ismaelitas.
Em segundo lugar, ele foi injustiçado pela esposa de Potifar, que o comprara dos ismaelitas. Ao invés de ser premiado por sua fidelidade em resistir à sedução daquela mulher, ele foi lançado na prisão.
Em terceiro lugar, ele foi esquecido pelo copeiro de Faraó. José havia interpretado corretamente o sonho desse homem, que se cumpriu quando foi restaurado à sua função no palácio. Antes da sua libertação, José pediu-lhe que intercedesse em seu favor diante de Faraó.
José tinha muitas razões para se amargurar, até contra Deus, que permitiu que tudo isso acontecesse na sua vida. Dá até para discernir uma nota de autopiedade na sua afirmação ao copeiro na prisão: “E, aqui, nada fiz, para que me pusessem nesta masmorra” (Gn 40.15).
Perdão Exemplificado na Vida de José
Não sabemos muito sobre o que se passou no coração de José durante todo esse processo. O que as Escrituras mostram é que José realmente perdoou a seus irmãos e não guardou mágoa contra Deus.
IV. As lições que podemos aprender.
Veja os pontos principais que despontam no final da sua história e as lições que podemos aprender sobre as características que identificam perdão total.
1. José manteve em segredo o mal que seus irmãos lhe fizeram. Quando José revelou sua identidade aos irmãos no Egito, em Gênesis 45, ele pediu que todos os outros se retirassem de sua presença. Ele não queria que ninguém no Egito soubesse o que havia acontecido 22 anos antes, para que ninguém ficasse contra seus irmãos. Uma das maiores provas de que houve perdão é quando não queremos espalhar aos outros o que o ofensor nos fez. É assim que nós também fomos perdoados: Deus afastou nossos pecados de nós assim como o Oriente é distante do Ocidente (Sl 103.12). Todos nós temos esqueletos escondidos em nossos armários, conhecidos geralmente somente por nós mesmos. É confortante saber que Deus perdoa totalmente todos os nossos pecados e jamais revelará aos outros o que sabe a nosso respeito. Foi assim que José perdoou aos seus irmãos.
2. José não queria que os seus irmãos se sentissem intimidados ou temerosos perto dele. Ele se revelou aos seus irmãos com lágrimas e compaixão, não como alguém que quisesse castigá-los ou deixá-los desconfortáveis. Quando ainda não perdoamos totalmente, sentimos prazer em perceber que o ofensor sente medo ou intimidação por nossa causa. Isso prova que ainda há amargura em nosso coração. “O perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo”, escreveu o apóstolo João (1 Jo 4.18. José percebeu que seus irmãos estavam “atemorizados perante ele” (Gn 45.3); por isso, chamou-os para perto, conversou com eles e os abraçou. Não há, em todas as suas palavras, nenhum sinal de mágoa, de superioridade, ou de que irá finalmente, após tantos anos, olhar nos olhos deles e recriminá-los pelo que fizeram. Pelo contrário, há uma sincera demonstração de querer deixá-los livres de qualquer sentimento de barreira ou afastamento.
3. José não queria que seus irmãos continuassem se sentindo culpados. “Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui…” (Gn 45.5). Quem não perdoa totalmente quer exatamente o contrário: que a pessoa fique muito triste, que demonstre arrependimento, que sinta o quanto prejudicou o ofendido. Muitas vezes, podemos até dizer que perdoamos, mas fazemos tudo para deixar o ofensor se sentindo extremamente culpado. José quis liberar seus irmãos dessa sensação de culpa, embora em momento algum negou o ato terrível que haviam praticado contra ele. Pelo contrário, mostrou que Deus estava acima da intenção deles e que o enviara ao Egito com uma missão de salvar vidas (vv. 5-8). Foi exatamente assim que Jesus perdoou a seus discípulos depois da ressurreição. Não disse uma palavra sobre a covardia deles, quando fugiram na hora em que mais precisava do seu apoio, ou sobre o que Pedro fizera para negá-lo. Simplesmente apareceu onde estavam trancados e lhes disse: “Paz seja convosco” (Jo 21.19).
4. José até argumentou que fora Deus quem o enviara para o Egito. Com isso, estava preservando a dignidade de seus irmãos, evitando qualquer referência à sua própria justiça ou ao erro deles (Gn 45.5-8). “Deus me enviou aqui na frente porque sabia da fome que viria e quis preparar um meio para preservar nossa família e muitas outras vidas”, ele lhes disse. Não há como superar um perdão como esse. Quando perdoarmos dessa maneira, é porque chegamos lá – experimentamos o perdão total! É aqui que tocamos numa das questões mais difíceis para nossa mente humana compreender ou aceitar: como Deus pode fazer com que um ato criminoso, um terrível pecado contribua para seu plano? Do jeito que José colocou para seus irmãos, parecia até que não haviam feito nada de errado. Outro grande exemplo disso é o fato de Bate-Seba figurar entre os ascendentes de Jesus na genealogia em Mateus 1. Será que foi pela vontade de Deus que Davi tomou a mulher de Urias ou que os irmãos de José o venderam como escravo? Claro que não! O fato de Deus ser capaz de transformar os piores erros humanos em eventos que cooperam para o bem do seu plano não significa que Deus planejou que fosse assim ou que o ato não tenha sido condenável. Pelo contrário, é uma glória maior para Deus conseguir tirar o bem de tais situações e perdoar aquele que praticou o mal. Os irmãos de José ficaram atônitos – tanto assim que anos depois ainda não haviam-se convencido de que seu perdão fosse para valer.
5. José ajudou seus irmãos a evitar seu maior temor: ter de contar toda a verdade para o pai. Outra vez, se não houvesse perdão, José teria até prazer em imaginar a consternação com que seus irmãos teriam de encarar o pai e contar o que realmente acontecera há tantos anos e como o haviam enganado e feito sofrer por tanto tempo. José, porém, não somente os liberou do sentimento de culpa em relação a si próprio, como também lhes deu instruções precisas sobre como falariam com o pai. Não precisavam tocar em nada do passado, nem revelar o que haviam feito. Só precisariam dizer que o filho José estava vivo, que era governador no Egito e que estava convidando toda a família para ser sustentada por ele lá. Jacó continuaria pensando que seus outros filhos nada tinham a ver com o sumiço de José. E assim ficou até a sua morte. Muitos cristãos zelosos e legalistas com certeza diriam que os filhos de Jacó não poderiam ser perdoados sem confessar tudo ao pai. Embora a confissão de pecados seja bíblica e necessária, muitas vezes aquilo que já foi tratado por Deus no passado não precisa ser remexido. Ainda temos muito a aprender sobre a natureza de Deus e o perdão.
6. José manteve sua atitude de perdão até o final de sua vida. Perdão total é um compromisso para toda a vida. Quantas vezes, ficamos decepcionados quando alguém que nos havia “perdoado” levanta a questão novamente, mostrando que ainda não a esqueceu nem a conseguiu superar. A impressão é que a pessoa não foi sincera quando disse que perdoou, mas isso nem sempre é verdade. Dependendo da profundidade da ferida, pode ser necessário voltar muitas vezes ao mesmo ponto e perdoar novamente. Perdão total é um compromisso que precisa ser renovado continuamente, assim como nossas alianças com Deus e uns com os outros. Dezessete anos depois da reunião de José com seus irmãos, Jacó faleceu. Imediatamente, os irmãos se encheram novamente de temor, achando que agora José finalmente aproveitaria para se vingar deles. Será que agora lhes retribuiria “todo o mal que lhe fizemos” (Gn 50.15). Até inventaram uma história para dizer que o pai deixara instruções para que José lhes perdoasse. José, ouvindo isso, chorou. Seus irmãos ainda não haviam acreditado no seu perdão. “Não temais”, ele lhes respondeu. “Acaso estou eu em lugar de Deus?” Isso nos ensina que reter o perdão de alguém é colocar-se no lugar de Deus. Não temos direito de fazer isso. Quem vai julgar é Deus. Nosso papel é perdoar. José voltou a afirmar a mesma coisa que lhes dissera tantos anos atrás: que Deus pegou o ato pecaminoso (“vós, na verdade, intentastes o mal contra mim”) e o transformou em bem, para conservação de vida. Portanto, nada mudara em seu perdão incondicional; ele continuaria sustentando a seus irmãos e a suas famílias. Quem já enfrentou situações injustas sabe que não é suficiente perdoar uma vez; é preciso perdoar, perdoar e perdoar novamente, tantas vezes quantas a tentação de se amargurar surgir em nossos corações.
Que Deus queira nos iluminar no sentido de fazer com que possamos perdoar àqueles que nos fere e nos afligem. José não foi vingativo com os seus irmãos, apenas os submeteu a uma prova, visando saber se de fato eles já estavam arrependidos pelos erros cometidos contra a sua pessoa.
Ao se certificar que de fato eles já estavam redimidos foram todos perdoados.
Em breve estaremos de volta dando sequência a esta série de mensagens sobre José quando falaremos sobre " Jacó vai ao encontro de José no Egito ".
Nenhum comentário:
Postar um comentário