domingo, 12 de setembro de 2021

Série os Patriarcas, José - 11. José apresenta Jacó a Faraó

 



Por Jânio Santos de Oliveira


 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!



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Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no Livro do Gênesis 47.1-31 Que nos diz:

Então veio José e anunciou a Faraó, e disse: Meu pai e os meus irmãos e as suas ovelhas, e as suas vacas, com tudo o que têm, são vindos da terra de Canaã, e eis que estão na terra de Gósen.
E tomou uma parte de seus irmãos, a saber, cinco homens, e os pôs diante de Faraó.
Então disse Faraó a seus irmãos: Qual é o vosso negócio? E eles disseram a Faraó: Teus servos são pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.
Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para as ovelhas de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te que teus servos habitem na terra de Gósen.
Então falou Faraó a José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;
A terra do Egito está diante de ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem na terra de Gósen, e se sabes que entre eles há homens valentes, os porás por maiorais do gado, sobre o que eu tenho.
E trouxe José a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.
E Faraó disse a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?
E Jacó disse a Faraó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos, poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações.
E Jacó abençoou a Faraó, e saiu da sua presença.
E José fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.
E José sustentou de pão a seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo as suas famílias.
E não havia pão em toda a terra, porque a fome era muito grave; de modo que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.
Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó.
Acabando-se, pois, o dinheiro da terra do Egito, e da terra de Canaã, vieram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos em tua presença? porquanto o dinheiro nos falta.
E José disse: Dai o vosso gado, e eu vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.
Então trouxeram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca de cavalos, e das ovelhas, e das vacas e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano por todo o seu gado.
E acabado aquele ano, vieram a ele no segundo ano e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o dinheiro acabou; e meu senhor possui os animais, e nenhuma outra coisa nos ficou diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;
Por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra por pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; e dá-nos semente, para que vivamos, e não morramos, e a terra não se desole.
Assim José comprou toda a terra do Egito para Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre eles; e a terra ficou sendo de Faraó.
E, quanto ao povo, fê-lo passar às cidades, desde uma extremidade da terra do Egito até a outra extremidade.
Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham porção de Faraó, e eles comiam a sua porção que Faraó lhes tinha dado; por isso não venderam a sua terra.
Então disse José ao povo: Eis que hoje tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra.
Há de ser, porém, que das colheitas dareis o quinto a Faraó, e as quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento, e dos que estão nas vossas casas, e para que comam vossos filhos.
E disseram: A vida nos tens dado; achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó.
José, pois, estabeleceu isto por estatuto, até ao dia de hoje, sobre a terra do Egito, que Faraó tirasse o quinto; só a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.
Assim habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e frutificaram, e multiplicaram-se muito.
E Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos, de sorte que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.
Chegando-se, pois, o tempo da morte de Israel, chamou a José, seu filho, e disse-lhe: Se agora tenho achado graça em teus olhos, rogo-te que ponhas a tua mão debaixo da minha coxa, e usa comigo de beneficência e verdade; rogo-te que não me enterres no Egito,
Mas que eu jaza com os meus pais; por isso me levarás do Egito e me enterrarás na sepultura deles. E ele disse: Farei conforme a tua palavra.
E disse ele: Jura-me. E ele jurou-lhe; e Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.


Estamos de volta dando sequência a uma série de conferências sobre os Patriarcas; Já  falamos sobre Abraão; Isaque e Jacó; agora estamos no quarto e último personagem analisado entre os Patriarcas. Neste seguimento vamos falar de José do Egito filho de Jacó por parte de Raquel.

Já falamos sobre:

    1. A sua biografia;
    2.   Os seus sonhos;
    3.   A sua ida ao Egito;
    4. O intérprete de sonhos;
    5. Do cárcere para o palácio;
    6. Os filhos de Jacó descem ao Egito;
    7. José prova os seus irmãos;
    8. José planeja reter Benjamim;
    9. José se dá a conhecer aos seus irmãos
    10. Jacó vai ao encontro de José no Egito.


    Agora falaremos sobre "José apresenta Jacó a Faraó" 


    I. Análise preliminar do texto.

    (47.1-6)

    Em termos atuais, pode-se dizer que José deu vistos de entrada para a família de Jacó. Mas a permissão para a residência temporária de alguns anos tinha de vir do próprio Faraó (V. 1). Sabedor dos procedimentos egípcios, o próprio José cuidou da manei­ra mais apropriada de abordar Faraó. Os cinco irmãos selecionados (2) fizeram o apelo que José os instruiu a fazer. Ressaltaram o fato da terrível necessidade que os motivou a se mudar para o Egito (V.4).
    Faraó ficou impressionado e, felizmente, deu permissão para habitarem na terra de Gósen. Faraó também fez um pedido inesperado. A família de Jacó recebeu a oferta de empregos privilegiados na economia egípcia: “Se sabes haver entre eles homens capa­zes, põe-nos por chefes do gado que me pertence” (6, ARA).

    O Homem de Deus se Encontra com Faraó (47.7-12)

    O próximo passo era apresentar Jacó a Faraó (7), ocasião repleta de contrastes interessantes. O povo considerava Faraó um ser divino, o filho do sol e regente sobre uma nação politeísta.' Jacó já havia tido vários encontros pessoais com o único Deus verdadeiro e estava em relação de concerto com Ele. Neste momento, Faraó tinha o poder de receber ou rejeitar Jacó, mas Jacó tinha a promessa do verdadeiro Deus de que Ele levaria os israelitas de volta para Canaã, e não haveria Faraó que impedisse isso. O povo esperava que Faraó tivesse poder sobre todos os aspectos da vida do Egito. Mas foi José, filho de Jacó, que de fato governou o país durante o período de crise. Com o decorrer do tempo, a linhagem faraônica acabou, mas os descendentes de Jacó e sua crença religi­osa ainda estão em vigor hoje.
    Faraó notou que Jacó era idoso, cuja idade estava muito acima da expectativa de vida do egípcio comum. Quando perguntado: Quantos são os dias dos anos de tua vida? (8), Jacó revelou sua idade, mas não se vangloriou. Homens de vida longa têm suas recordações de tragédia. Mesmo cento e trinta anos (9) eram poucos compara­dos com a idade dos antepassados de Jacó. Este era outro contraste entre o homem-deus de vida curta e a longevidade de um homem de Deus.
    Quando entrou e quando saiu da presença de Faraó, Jacó o abençoou (7,10). O texto de Hebreus 7.7 declara que, “sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior”.
    Sob o cuidado atento de José, a família de Jacó prosperou. Todas as coisas necessá­rias lhes foram providenciadas. A terra de Ramessés (V.11) aludia a Gósen e era um título comum na ocasião em que o Pentateuco foi escrito.

    O Programa de Prosperidade de José (47.13-26)

    A seca, que no Egito (13) era a falta da inundação do rio Nilo em seus movimentos regulares de verão, continuou deixando as pessoas sem colheita. O plano de armazenamento de grãos implementado por José mostrou-se inestimável. Mas a porção de mantimentos não era dada de graça. Os alimentos tinham de ser comprados com qualquer coisa que o povo tivesse. Não se conheciam moedas ou cédulas nos dias de José, assim o dinheiro (V.14) que as pessoas levavam era provavelmente metais preciosos e jóias. Quando estes produtos acabaram, o governo recebia gado (V.16), em seguida terras de particulares e, por último, as pessoas se tornaram escravas em troca de pão (V.19).

    Teoricamente, toda a terra, gado e as pessoas pertenceram a 

    Faraó, e em certos períodos da história do Egito esta era a 

    verdadeira situação. Mas ocorreram períodos de fraqueza no poder 

    quando as propriedades e empreendimentos particulares 

    governavam. A fome era um meio pelo qual se restabelecia o antigo 

    absolutismo. Houve somente uma exceção. A terra dos sacerdotes 

    (V. 22) não pôde ser tocada pela classe governante.

    Para amenizar o sofrimento do povo (V.23), José lhes deu sementes com a condição de que um quinto da produção seria paga ao governo. Esta cifra é muito menor que os 50% ou mais que os meeiros têm de pagar, e é imposto mais baixo que muitos cidadãos pagam em países civilizados de hoje.

    O Voto de José para seu Pai (47.27-31)

    Durante dezessete anos (28) o patriarca morou no Egito, vendo sua família prosperarna terra de Gósen (27). Sentindo o fim se aproximar, chamou a José (29). Israel queria assegurar-se que seus restos mortais seriam colocados na cova de Macpela. Usando termos comuns à linguagem de concerto, como graça e usa comigo de benefi­cência e verdade,ele pediu solenemente que José jurasse que o enterraria em Canaã conforme as promessas de Deus registradas em 28.13-15 e em 35.11,12. Quando José fez o voto, agiu segundo o costume (ver 24.2) pondo a mão debaixo da coxa de Jacó. Era sublime momento de fé para Jacó e, assim que José se comprometeu, o patriarca agoni­zante adorou. O versículo 31 declara que Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama (31). Em Hebreus 11.21, seguindo a Septuaginta, lemos: “Jacó [...] adorou encosta­do à ponta do seu bordão”. No idioma hebraico, a diferença é mittah, “cama”, e matteh, “bordão”. Levando em conta que os manuscritos hebraicos só tinham consoantes, a dife­rença surge de duas tradições distintas de pronúncia.



    47.2 É provável que o número cinco tivesse alguma significação esotérica para os egípcios ( 43.34 e 45.22). • N. Hom. A maravilha da mão do Senhor sobre a vida de Jacó: 1) A grandeza de seu propósito depois de transformá-la em uma poderosa nação, Deus haveria de promover-lhe o retorno à terra de Canaã (46.3, 4); 2) A realidade da direção divina - Jacó não podia deixar de certificar-se da mão orientadora do Bom Pastor em tudo quanto ocorrera desde o dia em que lhe chegara aos ouvidos o desaparecimento de José, até o instante em que lhe fora dado encontrar-se com ele; 3) A sabedoria do amor divino - Jacó teve de abrir mão, temporariamente, dos bens acumulados na terra da Promessa, a fim de recebê-los outra vez e para sempre de modo centuplicado.
    47.9 A resposta dada a Faraó, isto é, de que tinha cento e trinta anos, que seriam “poucos e maus”, se nos parece estranha, devemos Ter em mente que tal expressão corresponderia a uma necessária etiqueta a quem estivesse falando ao rei que era considerado como um Deus que vive eternamente. Aquele Faraó seria, provavelmente, um hicso, cujo nome teria sido Apepi III.
    47.11 A terra de Ramessés (Gósen), assim era chamada desde o reinado de Ramessés II ( Êx 1.11), que transferiu sua capital de Tebas para o Delta, ao norte do Egito.
    47.14 Canaã aparece referida em conexão com o Egito, talvez pelo fato de que por aquele tempo, este último país exercia domínio sobre os povos que habitavam o território de Canaã.
    47.20-26 O resultado da política esclarecida de José foi que os antigos proprietários de terras tornaram-se em arrendatários da coroa, passando a cultivar as terras de Faraó, pagando-lhe, por isso, um quinto da produção, como imposto (quantia módica, quando comparada, por exemplo, com a exigida pelos sírios aos judeus, que era um terço ou metade da produção da terra, conforme 1 Macabeus 10.30). Confirmando o relato bíblico, fontes de informações, egípcias atestam que o sistema feudal fora introduzido entre os anos de 1700 a 1500 a.C. Longe de ficarem ressentidos pela medida imposta, os egípcios se mostraram reconhecidos, admitindo que José tinha preservado suas vidas (V.25). • Qualidades essenciais na vida de José: 1) Sua discrição - desde o principio até o fim, a sabedoria de que era dotado demonstra que o Espírito de Deus estava sobre ele (41.38); 2) Sua prontidão - sem hesitação, nem dúvidas, nem fraqueza de ânimo - nele se cumpria, a admoestarão registrada em Cl 3.23: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor”; 3) A integridade de seu caráter - não fora José portador desta excepcional qualidade, muitas vidas se teriam arruinado. Tais qualidades devem ser mormente atribuídas ao próprio Deus que assim orientara e conferira seu Espírito a José, estando este cercado pelas influências pagãs do Egito.
    47.29 Pôr a mão debaixo da coxa era a maneira pela qual se fazia um juramento deveras sério (24.2).
    47.30 O lugar da sepultura era importante porque simbolizava a, continuidade do povo que se originou em Abraão e será perpetuado para um futuro distante, segundo as promessas da aliança.

    47.31 Se inclinou - para prestar culto, em gesto de reverência e gratidão ( Hb 11.21).



    II. Visão panorâmica do texto.




    Quando os filhos de Jacó retornaram a Hebrom da segunda viagem, eles carregavam todos os tipos de bens e provisões adicionais, bem como carros de transporte egípcios. Quando seu pai saiu ao encontro deles, seus filhos lhe disseram que José ainda estava vivo, que ele era o governador de todo o Egito e que queria que toda a sua família se mudasse para o Egito. Jacó simplesmente não podia acreditar no que ele estava ouvindo, seu filho José estava vivo e ele o veria novamente antes de morrer (Gn 45:16-28).
    Jacó e toda sua família, reuniram-se com todos os seus animais e começaram a sua jornada para o Egito. No caminho, Jacó parou em Berseba a noite para fazer um sacrificio ao Senhor. Deus garanti-lhe que estaria com ele e que veria seu filho José antes de morrer. Continuando sua jornada para o Egito, quando se aproximaram, Jacó enviou seu filho Judá para descobrir onde eles deveriam ir. Eles foram orientados a ficarem em Gósen. Foi depois de vinte e dois anos que Jacó viu seu filho José mais uma vez. Eles se abraçaram e choraram juntos por um bom tempo. Então, Jacó disse: “Agora já posso morrer, pois vi o seu rosto e sei que você ainda está vivo” (Gn 46:1-30).

    Chegou a hora de a família de José conhecer pessoalmente o faraó do Egito. Depois que José preparou sua família para o encontro, os seus irmãos vieram antes ao Faraó pedindo formalmente que deixasse seu gado pastar nas terras egípcias. O Faraó fez menção que se houvesse algum homem competente em sua casa para supervisionar o gado egípcio. Finalmente, o pai de José foi levado para encontrar o Faraó. O Faraó tinha uma grande consideração por José, fazendo com que fosse igual, era uma honra conhecer seu pai. Assim, Jacó conseguiu abençoar o Faraó. Os dois conversaram um pouco, o Faraó perguntando a idade de Jacó que tinha 130 anos naquela época. Após a reunião, as famílias foram encaminhadas a morarem na terra de Ramsés, onde moravam na província de Gósen. A família de Jacó adquiriu muitos bens e multiplicou-se extremamente durante dezessete anos, mesmo com a pior fome de sete anos. (Gn 46: 31-47: 28)


    III. Jacó Abençoa o Faraó (Gn 47.7-10).


    No Antigo Egito, o Faraó era mais que um rei. Era também o administrador máximo, o chefe do exército, o primeiro magistrado e o sacerdote supremo do Egito. Era-lhe atribuído caráter divino. Dos muitos deuses adorados no Egito, o próprio Faraó era talvez o deus mais admirado.
    O poder e a força do Faraó variou ao longo dos séculos, mas é certo que quanto maior o poder e a influência que o Egito tinha no mundo de sua época, mais relevante e respeitado era o Faraó.
    Os últimos capítulos de Gênesis nos remetem a um tempo em que o Egito reinava absoluto no mundo. Após sete anos de fartura, o mundo amargou sete anos de terrível miséria, e graças ao sonho de Faraó e à revelação de José, somente o Egito tinha se preparado para este período, de modo que "de toda a terra vinha gente ao Egito para comprar trigo de José, porquanto a fome se agravava em toda parte" (Gênesis 41.57). Portanto, o Faraó deste período era O GRANDE FARAÓ, que passou a ser dono de todas as terras do Egito, e até mesmo o povo egípcio era escravo de Faraó (Gênesis 47.20-21).

    Os hebreus, porém, eram um povo insignificante, com apenas 70 pessoas, e que habitou numa pequena terra do Egito, cuidando de suas ovelhas e bois. Mas José era o segundo homem no poder, e possuía toda o reconhecimento, confiança e gratidão do Faraó.
    Chegou então o dia em que José apresentaria sua família ao Faraó. Para não cansá-lo, levou apenas metade de seus dez irmãos (Gênesis 47.2). E obviamente ele lhe apresentou seu pai.

    Ah, Jacó! Agora ele se chamava Israel - o príncipe de Deus!
    No alto de seus 130 anos, Jacó saiu do Egito com toda sua família e com tudo o que possuía. Parou no caminho para adorar a Deus e, durante a noite, teve uma visão. O Senhor lhe chamou pelo nome, e Israel respondeu: "Eis-me aqui!". Deus o consolou, dizendo: "Não temas!" e prometeu fazer dele uma grande nação (Gênesis 46.1-2).
    Foi com esta convicção que Israel se aproximou de Faraó. Ele pensava: E daí se dizem que ele é dono de toda a terra? A terra não pertence a Faraó. Ela pertence a SENHOR DEUS DE ISRAEL. Não importa se dizem que esse tal de Faraó é poderoso e admirável... Eu conheço o Único e Verdadeiro Deus, cujo Nome é Admirável e cujo Poder sobrepõe a todo poder e autoridade debaixo dos céus, pois Ele é o Deus dos Céus e da Terra, Ele é o Rei do Universo. Quem se importa se este Faraó constrói pirâmides a fim de nelas ser enterrado com toda sua riqueza e ostentação, na esperança de um dia ressuscitar? Eu conheço o Deus da Vida, o Pai da Eternidade, que no princípio criou os céus e a terra, e emprestou ao homem o fôlego de vida. Eu sei em quem tenho crido e também sei que é Poderoso pra fazer infinitamente mais do que tudo aquilo que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós (Ef 3.20)!
    A presença de Jacó foi impactante. O homem já chegou abençoando o Faraó! (47.7). Imagine a cena:
    José chega: "Ó grande Faraó, eis que lhe apresento meu pai, Jacó".
    Jacó, repleto de autoridade, atropela: "Eu te abençôo, filho, em nome do Deus Todo Poderoso, Javé, o Senhor dos Exércitos, o Criador dos Céus e da Terra. Eu profetizo a misericórdia do Senhor sobre a sua vida, para que você um dia o conheça, e lhe seja grato por lhe ter colocado aonde estás. Eu te abençoo por teres ouvido a mensagem que Ele te deu através dos sonhos, e por teres escutado à interpretação de seu profeta. Bendito és tu, filho, porque tu honras o povo que Deus escolheu, e tua posteridade será bendita enquanto abençoar e tratar bem o povo do Senhor, aqueles em quem são benditas todas as famílias da terra.
    Imagino José perplexo, mas Faraó mais perplexo ainda, tentou se desfazer do "velhinho", perguntando-lhe a idade somente para humilhá-lo, lembrando que ele estava perto da morte: "Quantos anos você tem?"
    Ah, a Sabedoria! Devemos responder ao insensato segundo a sua insensatez (Provérbios 26.5), e sempre devemos estar prontos para responder a qualquer que nos pedir a cerca da esperança que há em nós (1 Pedro 3.15).
    Jacó então respondeu: "São 130 anos da minha peregrinação". Jacó mostrou a Faraó que esses 130 anos eram apenas um caminho, uma jornada, uma busca. Aquele que conhece o Deus da Eternidade sabe que toda a sua vida é apenas um balde no oceano. Israel sabia que ao deixar esta vida, ele se encontraria com o Deus de seus pais. Ele não temia a morte, pois para ele era apenas um fechar de olhos (Gênesis 46.4).
    Imagino depois desta resposta o velho Isael, cheio do Espírito Santo, repetindo sem temor as bênçãos sobre o Faraó, e retirando-se da sua presença sem ser despedido. Não em uma atitude de rebeldia, mas em uma atitude de determinação, postura, confiança, certeza que só tem aquele que sabe quem ele é.


    IV. As delícias da terra de Gósen.

    Ao receber os irmãos no Egito, promete José ao velho pai que ainda se encontrava em Canaã: “Assim manda dizer teu filho José: Deus me pôs por senhor em toda terra do Egito; desce a mim, não te demores. Habitarás na terra de Gósen e estarás perto de mim, tu, teus filhos, os filhos de teus filhos, os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens. Aí te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome; para que não te empobreças, tu e tua casa e tudo o que tens” (Gn 45.9-11).
    Ali, em Gósen, longe dos egípcios, os filhos de Israel haveriam de engrandecer-se como nação. Deixariam de ser dispersas e frágeis tribos, para se apresentarem como um povo forte, valoroso e único.

    1. Gósen, uma terra excelente. Localizada no delta oriental do Egito, era Gósen uma terra de excelências. Ampla, fértil e mui receptiva, mostrava-se ideal a quem se entregava às lides do campo e à pecuária. Sendo os israelitas dados à agricultura e afeitos ao gado, receberam a oferenda do Faraó como algo providencial e divino.
    A região de Gósen, embora isolada dos grandes centros, não distava muito de Mênfis, sede da corte egípcia, possibilitando a José visitar regularmente a família.

    2. Refúgio espiritual. Jacó, acompanhado de seus filhos e netos, chegou a Gósen como peregrino do Senhor. Ele sabia que, apesar da amável acolhida de Faraó, o destino de sua família era a terra que Deus prometera a seu pai, Isaque, e a seu avô, Abraão. Por isso, seus descendentes teriam de preservar a fé no Deus Único e Verdadeiro. Caso contrário, perderiam a sua identidade espiritual e teológica.

    Os israelitas eram uma ilha monoteísta cercada por um politeísmo militante, agressivo e sedutor. Os deuses egípcios achavam-se presentes em todas as cerimônias estatais, sociais e domésticas. Ali estava o orgulhoso Amom, chefe dos deuses e senhor de todos os ventos. Logo mais, apresentava-se Anúbis, a divindade que controlava a morte; não faltava aos funerais.
    Como os egípcios davam-se às ciências ocultas, incensavam à erudita Ramras, simbolizada por uma coruja. Dokten era a deusa da guerra. Logo mais erguia-seAnukis, guia do Nilo e de todas as águas. Àpis, visto no boi, era o senhor da fertilidade. Não se pode esquecer a libertina Hathor. Simbolizada por uma vaca, era a diva do amor e da prostituição cultual. Isis, a senhora da magia, não faltava às celebrações do Faraó, pois entretinha o soberano com seus truques baratos e tolos.

    Pelas ruas de Mênfis, era mais fácil encontrar uma divindade do que uma pessoa. Em Gósen, porém, habitaria um povo, cujo Deus não era representado na criatura, porquanto é o criador dos Céus e da Terra. Não habitava em templo algum, pois nem o céu dos céus seria capaz de contê-lo. Ali, naquele lugar isolado geográfica, social e espiritualmente, permaneceria Israel por quatro séculos.

    Se os israelitas habitassem em meio aos egípcios, teriam desaparecido em duas ou três gerações. Primeiro, assimilariam a religião do Nilo. Em seguida, ver-se-iam casando-se com as idólatras e dando-se em idolatrias. Providencialmente, Deus isolou-os naquele recanto, para que não se contaminassem quer pela religião egípcia, quer pela cananeia. Aliás, o panteão cananeu era muito mais perverso, criminoso e deletério que o egípcio.

    3. Refúgio histórico. Ali, naquele refúgio, os hebreus tiveram condições de preservar a História Sagrada. Remontando a Noé, num primeiro momento, e, depois, ao próprio Adão, eles sabiam que descendiam do ramo messiânico da progênie humana. E, que, através de uma de suas famílias, viria o Desejado de todas as nações.

    Como o Gênesis ainda não havia sido escrito, fazia-se imprescindível que suas tradições orais e registros genealógicos se mantivessem incólumes. Por esse motivo, os israelitas não se misturariam, quer aos egípcios, quer aos cananeus. Doutra forma, a História Primeva transformar-se-ia num corolário de mitos, fantasias e blasfêmias.

    A História Sagrada, que tinha agora os israelitas como guardiões, não poderia ter o mesmo destino que tivera entre os camitas e jafetitas. Os filhos de Cam desviaram-se logo, pervertendo a verdade divina. Quanto aos descendentes de Jafé, também não demoraram a transviar--se. O resultado de toda essa apostasia é descrito pelo apóstolo Paulo:
    “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.22- 25).

    Infelizmente, até os próprios filhos de Sem caíram na idolatria. Naquele momento, portanto, havia apenas uma família que ainda resguardava a História Sagrada. Caso viesse a transviar-se, jazeríamos hoje em trevas teológicas e históricas. Não saberíamos como responder a estas perguntas: “Quem fez o Céu e a Terra? E de onde eu vim?”. Felizmente, em Gósen, o Senhor, preservando os hebreus, preservou os primórdios da História Sagrada.

    4. Refúgio moral e ético. Resguardando-se da religião egípcia, os israelitas resguardar-se-iam também da moral dos que a seguiam. Os deuses do Nilo não eram melhores do que os da Grécia. Aliás, só mudavam de nome. Amom, por exemplo, era adorado pelos gregos como o adúltero e vingativo Zeus. Já a desavergonhada Hathor era conhecida nas cidades helenas como Afrodite, leviana e alcoviteira. Se os deuses não tinham moral, o que dizer de seus adoradores? Amom jamais poderia exigir dos que o incensavam: “Sede santos, porque eu sou Santo”. Santidade, aliás, era um atributo desconhecido nos panteões egípcio e cananeu. Por essa razão simples e óbvia, era imperioso que os filhos de Israel se isolassem da sociedade egípcia.

    Os templos pagãos em nada diferiam de um bordel. Hathor, por exemplo, não se limitava à prostituição; incestuosa, apresentava-se como filha e esposa de Rá. Se os deuses eram tão libertinos e promíscuos, por que censurar o povo? As mulheres egípcias, altivas e vaidosas, não se resguardavam ao marido. Entregavam-se às aventuras extraconjugais como faziam suas deusas. Haja vista a mulher de Potifar que intentou levar José ao pecado.

    Não se tem notícia de sacrifícios humanos no antigo Egito. Entretanto, os servos do Faraó sepultavam-se com ele nas mastabas e pirâmides, a fim de o servirem na outra vida. Quanto à escravidão, era não somente praticada, mas institucionalizada em todo o país.

    5. Refúgio cultural. Entre os israelitas e os súditos do Faraó, havia um abismo cultural e religioso intransponível. Antes de tudo, porque todo pastor de rebanho era abominação aos egípcios (Gn 46.34). Estes não conseguiam entender como aqueles sacrificavam ao Deus invisível os animais, que, para eles, eram sagrados. Nenhum natural da terra ousaria levar ao holocausto um boi, porque estaria queimando o venerado Ápis, responsável pela fertilidade de suas terras.

    Isolados culturalmente, os hebreus tiveram condições de preservar seus costumes, sua língua, sua ética e, principalmente, sua religião. Em tudo isso, é impossível não ver a providência divina. A região de Gósen, pois, teve um papel importantíssimo na história israelita. Foi o útero no qual Deus gestou o seu povo antes de introduzi-lo na Terra da Promissão.



    V. Como administrar no tempo das vacas magras? (Gn 47.13:21).

    Jose, o administrador contratado por Faraó para gerenciar uma crise econômica financeira de grande escala, nos ensina quatro lições necessárias para aplicarmos no tempo de turbulência financeira de vacas magras.




    1. O trigo faltou em todo Egito e somente Faraó tinha armazenado nas vacas magras seguindo a orientação de José.

    As pessoas usam os recursos financeiros para comprar o trigo.



    2. O dinheiro acaba e José pede seus cavalos, vacas, ovelhas e jumentos; (Bem móvel)

    Por qual razão quero ter dois gados se não tenho trigo? Nos dias de hoje: por qual razão quero ter dois carros se não tenho recursos financeiros? Ou mesmo um? Pior é quando este é financiado e não paguei nem a metade.

    Algumas crises só serão geridas se houver mudança radical de comportamento.



    3. Os Cavalos, vacas, ovelhas e jumentos (bem móvel) acabaram, foram todos usados na compra do trigo para se alimentarem. Então o que restou foi o bem imóvel (as terras). Para aplicação nos dias de hoje teríamos a opção de refinanciar ou numa ação mais radical fazer o distrato do financiamento.



    4. Acabaram as terras e as pessoas se tornaram escravas. Obvio que esta sugestão não se aplicaria ao nosso tempo pois temos a liberdade concedida desde 1888.

    No entanto um ponto é importante ressaltar: Eles usaram a mão de obra para gerar riquezas sobre as sementes que José concedeu.

    Todos receberam um dom específico e é com este serão capazes de gerar riquezas. Pode ser um esforço braçal ou mesmo intelectual.

    Para aqueles que vivem um tempo de vacas magras as lições de administração sugeridas por José podem ser úteis para passarmos pela crise financeira.

    O paradoxo deste cenário é que a dívida por si só já nos coloca em uma situação de escravo, conforme descrita em provérbios 22.7 “O devedor é escravo do Credor”

    Como consultor tenho acompanhado algumas famílias na reestruturação financeira e em tempo de vacas magras é necessário fazer mudanças radicais.

    Um ponto importante destacado no verso 18, do capítulo 47: “...não ocultaremos ao meu senhor que o dinheiro acabou...”. A honestidade das pessoas diante da realidade financeira que estavam vivendo foi importante para receberem de José um novo direcionamento.



    VI. O que a história de José do Egito pode ensinar sobre economia ao futuro presidente.



    Fonte: especiais.gazetadopovo.com.br

    Volta e meia a Bíblia aparece de alguma forma nas campanhas eleitorais no Brasil e nessa eleição não foi diferente. Ao longo do primeiro turno, diversos candidatos se apoiaram em ensinamentos bíblicos para discutir, principalmente, temas morais durante a campanha. Mas a Bíblia também pode ensinar uma lição importante sobre economia para o futuro presidente do Brasil.

    O livro sagrado traz, por exemplo, a história de José do Egito. Ele interpretou o sonho do faraó sobre as sete vacas gordas e as sete vacas magras como uma profecia de que o Egito teria sete anos de fartura seguidos de sete anos de escassez. A partir disso, o faraó administrou as colheitas para estocar parte da produção nos anos de fartura para que a população não passasse fome nos anos ruins.

    O Brasil vive uma história de José do Egito ao contrário. Gasta nos anos de fartura e fica na penúria durante as crises econômicas. Um exemplo disso é a relação entre o gasto público e o PIB. Dados do Tesouro Nacional mostram que o percentual de despesas em relação ao PIB não para de crescer, ao passo que o crescimento do PIB tem caído desde, pelo menos 2010.

    DESEJOS PARA O BRASIL: Um estado leve e ágil, com gastos que cabem no orçamento

    Em 2013, o Brasil ainda fechou o ano em superávit – quando as receitas são maiores que as despesas. O PIB naquele ano cresceu 10,7% em relação ao ano anterior e o governo gastou 17,3% do PIB com despesas primárias – 13% somente com despesas obrigatórias, como pagamento de pessoal e previdência.

    Em 2014, o Brasil fechou o ano no negativo pela primeira vez desde a década de 1990. O PIB cresceu apenas 8,3% em relação a 2013, mas o governo gastou mais: 18,1% do PIB em despesas primárias – 13,4% em despesas obrigatórias.

    Em 2015, mais uma vez o PIB cresceu menos em relação ao ano anterior: 3,7%. O governo gastou 19,4% do PIB em despesas primárias – 15,2% em despesas obrigatórias.

    Em 2016 e 2017, o PIB voltou a apresentar um crescimento, ainda tímido, na casa dos 4% em cada ano, mas as despesas primárias – e as obrigatórias – continuaram apresentando um crescimento maior do que em anos interiores.

    Despesas estão vinculadas a gastos difíceis de cortar

    Parece óbvio que para resolver o problema do desequilíbrio das contas públicas a solução é cortar despesas. O problema é que as despesas, que sobem mais que o PIB, estão vinculadas a gastos difíceis de cortar, como pagamento do funcionalismo e de previdência.

    Só para se ter uma ideia, em 2017, o gasto com previdência correspondeu a R$ R$ 557,2 bilhões – 54,2% das despesas obrigatórias e 40,2% de tudo que o governo arrecadou no ano.

    No mesmo ano, o gasto com pagamento de servidores públicos correspondeu a outros R$ 284 bilhões – 27,6% das despesas obrigatórias e 20,5% de tudo que foi arrecadado.

    Só com essas duas despesas, o Brasil gastou mais de 60% do que arrecadou.

    As causas para o problema

    Para o professor de economia da Universidade Positivo (UP), Walcir Soares Júnior, uma das causas para esse aumento de despesas em tempos de crise é o fato de a economia ser cíclica e o governo não conseguir suavizar os ciclos.

    “Todo mundo sabe que você sempre vai ter um pico, e esse pico vai subir e vai descer, é um ciclo. A gente só não sabe quanto tempo vai durar esse ciclo. A questão é o desalinhamento. A política pública deveria servir para suavizar esses ciclos”, diz o economista.

    O professor da Faculdade de Economia e Administração da USP de Ribeirão Preto, Luciano Nakabashi, destaca que há gastos que são vinculados ao PIB e não podem ser cortados quando a economia não vai bem. “Quando o PIB aumenta, tem muitos gastos que são vinculados. Então, quando aumenta a receita, esses gastos aumentam automaticamente. E quando o PIB cai, você não pode reduzir o gastos”, explica.

    Há, ainda, outro problema, apontado pelo professor de economia da PUC-PR, Masimo Della Justina, que é justamente o que José do Egito ensinou ao faraó. “Se recomenda sempre que no período de prosperidade o governante faça provisão, uma caixinha. Então existe o que a gente chama de superávit primário, que é um dos mecanismos que o governo utiliza para essa provisão”, explica.

    “No caso do Brasil, tanto no período em que a economia estava crescendo, tanto quanto depois que começou a entrar em recessão, o governo começou a gastar esse superávit e não fez essa provisão. Nesse aspecto as contas públicas só pioram”, completa o professor da PUC.

    DESEJOS PARA O BRASIL: Economia rica e competitiva

    Soares destaca, porém, que o simples corte de gastos não serve para resolver o problema do desequilíbrio das contas. “Ao mesmo tempo em que não é bom gastar demais, também não é bom gastar de menos. Por um lado, você tem inflação quando você gasta muito e não tem produtos suficientes na economia, e por outro você tem deflação. Nós temos uma visão de que o correto seria ter sempre [dinheiro] sobrando e na verdade, não. O correto é ter um equilíbrio de nem superávit nem déficit”, defende o economista da UP.

    Justina ainda destaca um componente político que explica o desajuste das contas públicas. Em tempos de crise, segundo o economista, o governo deveria cortar na própria carne, reduzindo o número de secretarias, departamentos e ministérios, mas isso é muito difícil por causa do presidencialismo de coalizão – quando o governo troca cargos em ministérios por apoio no Congresso, por exemplo.

    “Os deputados e senadores colocam pressão sobre o presidente para ele não tomar atitudes que vão representar corte de gastos. Nosso modelo político de presidencialismo de coalizão se torna muito caro nesse sentido. Ele tira do presidente a liberdade de agir de forma mais racional durante o ano”, explica Jusina.

    Sem poder cortar despesas obrigatórias, investimentos são afetados

    Quando o governo federal tem dívidas que não pode deixar de honrar, como pagamento de pessoal e aposentadoria, acaba cortando gastos onde dá. Enquanto as despesas obrigatórias do governo continuaram crescendo mesmo a partir de 2014, quando o governo começou a fechar no vermelho, as despesas discricionárias – aquelas que não são obrigatórias – passaram a cair. O problema é que, entre as despesas discricionárias estão os gastos com investimentos, inclusive em infraestrutura.

    Em 2014, o governo gastou 4,6% do PIB com despesas discricionárias. Somente 1,34% do PIB foi aplicado em investimentos. Esse valor caiu em 2015 para 0,93% do PIB – que já cresceu menos em relação ao ano anterior. Em 2016 houve um pequeno aumento nos gastos com investimentos – 1% do PIB –, mas o valor voltou a cair em 2017, para 0,7%.

    “Se você pegar a carga tributária na época Fernando Henrique, era em torno de 25%, 26%, hoje é 34%, 35%. Fora o que o governo gasta a mais do que arrecada, que é bem mais que esses 34%, 35%. Chega próximo dos 40%”, explica Nakabashi. “Mesmo assim, o investimento é menor do que era relativamente ao PIB por causa dessa dinâmica de aumento de gastos”, completa o economista.

    DESEJOS PARA O BRASIL: Mais espaço para a iniciativa privada

    Além de afetar os investimentos, o desequilíbrio pode levar ao não pagamento das dívidas por parte do governo federal. “A gente gasta em torno de 13% do PIB com Previdência. Pode chegar um momento em que o governo não tem como pagar. Aí não paga. A gente vê isso em alguns estados acontecendo”, alerta Nakabashi.

    Se nada for feito, segundo o economista, a situação pode levar a uma paralisia do governo. “A gente está vendo [paralisia]. Você pega o Rio de Janeiro, que parou de pagar funcionários”, exemplifica. “A gente viu a questão do corte de gastos com emissão de passaporte. São coisas pequenas, mas que se a gente continuar nessa trajetória vai começar a afetar cada vez mais setores da economia”, completa Nakabashi. “Enquanto não resolver isso a perspectiva é de piora nas contas públicas”, sentencia.

    O que o próximo presidente pode fazer para fugir da maldição do Faraó

    Os economistas apontam para uma série de medidas que podem ajudar o Brasil a fazer como o faraó do Egito e ajustar o desequilíbrio econômico.

    “A meu ver, uma coisa que é quase unânime, é a necessidade de reformas. Fala-se da reforma da Previdência, da reforma agrária, da reforma política. A reforma política tiraria esse componente político da questão econômica. A questão econômica não pode ter um componente político. O Banco Central deveria ser independente para tomar suas decisões com relação à proteção da estabilidade da moeda e com relação ao que o país precisa e não com o que o governo está pedindo”, diz Soares. “Acho que o primeiro desafio do próximo governo seria fazer essa desarticulação política dessas questões que são econômicas”, completa o economista.

    Nakabashi também destaca a importância de uma reforma da Previdência urgente para ajudar a reequilibrar as contas públicas. “Alguns benefícios já estão sendo cortados. Hoje quem entra em cargo público federal tem um teto do INSS. Mas o principal hoje é aumentar bastante a idade”, aponta.


    Outra reforma fundamental, segundo o economista da USP, é a desvinculação de gastos ao aumento do PIB. “A questão de desvincular os gastos das receitas, para que não aconteça esse aumento automático quando você aumenta o PIB. Porque quando cai, não só você não pode reduzir, mas você tem de aumentar outros gastos, como seguro desemprego. Tem outros gastos que tendem a aumentar em tempo de crise”, explica.

    Soares aponta outra saída, que não passa necessariamente por cortes. “O corte de gastos, em um primeiro momento, é a primeira resposta que temos quando estamos em um cenário de déficit. Mas ao invés de focar no corte de gastos, deveríamos focar o no aumento de receitas, no estímulo das empresas a exportar, assim você tem um aumento no PIB, um aumento no crescimento do país e isso vai tornar o cenário mais propício para as pessoas que produzem”, propõe.

    Justina também propõe que o governo corte gastos na própria carne com mais eficiência para superar o desequilíbrio das contas. “Tem que diminuir o tamanho do governo federal, teria que rever postos e cargos comissionados, teria que rever ministérios, teria que fazer um enxugamento grande na máquina federal”, propõe o economista. “Não é só fazer rearranjo, é ver como eficazmente o próximo presidente pode reduzir drasticamente os compromissos financeiros enxugando a máquina federal”, pondera.

    Outra medida importante é não esquecer a lição que a Bíblia tem a ensinar. “O governante teria que fazer aquilo que a gente chama de políticas anticíclicas. Quer dizer, em momentos de crescimento o governante gasta menos e faz provisão, de maneira que quando a economia cresce mais lentamente ou entra em um processo de recessão, o governo tenha provisão para manter aqueles gastos que são constitucionais, obrigatórios”, aponta Justina.

    Trajetória de crescimento já pode mudar a economia do país

    Para Nakabashi, caso as medidas consideradas cruciais para o reequilíbrio das contas públicas sejam tomadas, mesmo que a solução efetiva venha apenas a médio e longo prazo, o fato de o país estar no rumo certo já pode trazer benefícios para a economia.

    “A questão das expectativas acaba sendo muito importante. Quando você mostra que a trajetória é boa, as pessoas começam a investir hoje. Quando você tem o mesmo nível de dívida em relação ao PIB, um déficit alto, mas uma trajetória de melhora, isso afeta as expectativas de melhora futura e já afeta investimentos hoje”, sugere o economista.



    “O que nós precisamos é tornar esse momento atual propício para o investimento, tornar o investidor mais confiante de que ele pode investir e vai ter demanda. Com isso ele emprega mais gente, o que gera mais salário, que gera mais despesas, que gera um círculo virtuoso de crescimento no país. O governo tem um papel preponderante nisso, baixando taxas de juros, estimulando o trabalhador, estimulando as empresas a investirem no país”.


    Em breve estaremos de volta dando sequência a esta série de mensagens sobre José quando falaremos sobre " os últimos dias de José".

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