quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Série os Patriarcas - Jacó- 11. A conversão de Jacó

Por Jânio Santos de Oliveira


 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena


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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!



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Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no Livro do Gênesis 32.22-32  Que nos diz:

E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque.
E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha.
Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu.
E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele.
E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares.
E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.
E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.
E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva.
E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.
Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido (Gn 32.22-32).


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Estamos de volta dando sequência a uma série de

conferências sobre os Patriarcas; Já  falamos sobre Abraão;

Isaque e agora estamos  no terceiro seguimento falando

sobre Jacó.

  Já apresentamos os seguintes temas:
  • Sua biografia;
  •  O seu nascimento;
  • Esaú vende a primogenitura;
  •  Isaque abençoa Jacó;
  •  A fuga de Jacó;
  • A Lei da semeadura;
  • Os filhos de Jacó;
  • A prosperidade de Jacó;
  • A 2ª  fuga de Jacó;
  • Jacó se conserta com Esaú.
Agora vamos falar sobre  A conversão de Jacó .  .  




I. Análise preliminar do texto.



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Jacó Luta fisicamente com Deus (32.24-32)

Jacó teve  um encontro com Deus para fortalecer sua intimidade com o Senhor. Depois do último encontro ele ainda teve vários problemas familiares. Precisou se reconciliar com seu irmão Esaú e principalmente com seu sogro Labão. Então recomeçou uma nova vida depois que atravessou o vau de Jaboque, onde lutou com Deus. Na verdade cremos que Jesus preencarnado se encontrou com Jacó para abençoá-lo (Oséias 12.3,4).

 Lutava com ele um homem, ate ao romper do dia. Na solidão da escura noite. Jacó encontrou-se com um homem que lutou com ele. O hebraico 'abaq, “dar voltas” ou “lutar”, tem alguma ligação com a palavra Jaboque. Depois de uma longa luta, o visitante desconhecido exigiu que Jacó o soltasse. Jacó recusou-se a fazê-lo até que o estranho o abençoasse. O “homem” pediu a Jacó que declarasse o seu nome, o qual significa suplantador. Então o estranho disse que daquele momento em diante ele teria um novo nome com um novo significado.
A palavra Israel pode ser traduzida para aquele que luta com Deus, ou Deus luta, ou aquele que persevera, ou, pode ser associado com a palavra 'sar, “príncipe”. O “homem” declarou: Lutaste com Deus .. . e prevaleceste. Era uma certeza da vitória no seu relacionamento com Esaú, como também certeza de triunfo ao longo do caminho. Na titânica luta, Jacó percebeu a sua própria fraqueza e a superioridade dAquele que o tocou. No momento em que se submeteu, tornou-se um novo homem, que pôde receber as bênçãos divinas e tomar o seu lugar no plano divino. O novo nome, Israel, dá ideia de realeza, poder e soberania entre os homens. Estava destinado a ser um homem governado por Deus, em vez de um suplantador inescrupuloso. Por meio da derrota alcançara o poder. Todo o resto de sua vida ficaria aleijado; mas sua manqueira seria um lembrete de sua nova realeza.
Peniel (ou Penuel) significa face de Deus. O i e o u são simplesmente vogais de ligação entre os substantivos pen e el. É provável que se localize a cerca de 11,2 ou 12,8 kms do Jordão no Vale de Jaboque. Jacó vira a lace de Deus e continuara vivo. Jamais esqueceria essa incrível experiência.
Em resposta à luta, Deus mudou seu nome para Israel (28), “aquele que luta ou prevalece com Deus”. A mudança de nome, como se deu com Abraão e com Sara, indicava mudança de status e mudança do ser interior. Jacó não tinha certeza de quem estava lutando com ele até ao término do combate. Levantou-se e, mostrando sua nova mentalidade, chamou o lugar Peniel (30), que significa “face a face com Deus”. Sua própria inaptidão física lhe seria testemunha constante de que a batalha realmente havia ocor­rido. Seus descendentes também tinham de comemorar o fato abstendo-se de comer a coxa (32), ou o músculo do nervo ciático, de animais que costumavam comer.
Em 32.22-30, vemos como “Jacó se Torna Israel”. 1) Jacó, o suplantador, 27; 2) Jacó, o lutador, 24-26; 3) Jacó, o prevalecedor, 28 .
A luta noturna de Jacó gerou as características básicas das experiências espirituais significativas de homens e mulheres do Antigo e do Novo Testamento. Charles Wesley entendia que o episódio de Peniel era um tipo da experiência cristã em que se baseou para compor seu famoso hino “Vêm, Tu, o Desconhecido”.
O fato de o pecado contra os outros também ser um ato que afeta a relação de Deus com o homem é central neste episódio. Jacó não tinha de enfrentar somente Esaú; teve de enfrentar Deus em primeiro lugar. Aliás, Deus o enfrentou na agitação da culpa para levá-lo a um pleno reconhecimento da pecaminosidade do seu ser e da necessidade de mudança radical.
Jacó lidava com um problema difícil. Se ele não conseguisse resolver de forma real a sua alienação de Esaú, ou procurasse tratá-la de maneira desonesta e inadequada, ele corria o risco de inflamar ainda mais a raiva de Esaú. Semelhantemente, se ele não confessasse seu pecado a Deus, ele incorreria no desgosto divino.
A princípio, Jacó tendeu a se servir de expedientes impróprios. Ele temia o poder de Esaú e amava a vida e a riqueza que tinha. Estava inclinado a sacrificar parte de seu séquito a Esaú para escapar com a vida e algumas posses. Resolveu, então, enviar presentes e mediadores entre ele e Esaú. Na oração, reconheceu que era indigno, mas não admitiu que era pecador. Queria a bênção, mas detestava repudiar sua natureza enganosa.
Mas Jacó foi vitorioso, porque se firmou em sólida base espiritual no decorrer da luta. Afirmou o domínio de Deus sobre sua vida e reivindicou as promessas que Deus lhe deu em Betel e em Harã. Apoiou seu futuro na validade e fidelidade de Deus em cumprir o que havia prometido. Declarou suas necessidades, pediu ajuda e, com determinação, esperou a bênção, ainda que lhe custasse a confissão do pecado de sua perver­são interior. Testemunhou publicamente acerca da ajuda de Deus dando um nome ao lugar.' Jacó estabeleceu uma máxima evangélica básica: fé é aceitação da misericórdia imerecida de Deus.




Jacó precisou lutar para receber a vitória. Estava no Jaboque, lugar de ‘luta’, mas aquele local se tornou Peniel porque contemplou a ‘face de Deus’.
Este encontro foi uma preparação para a Aliança:
         -A Bênção (v.26 e 29), Jacó sabia que precisava ser abençoado;
         -Novo Nome (v.27,28), não Jacó ‘o trapaceiro’ e sim Israel ‘o príncipe’;
         -Sinal Visível (v.25, 31,32), ficou mancando para ter uma marca em seu corpo.
Quando você estiver passando por um vale, faça como Jacó, lute com Deus implorando sua bênção. Precisamos parar de ser espertos para resolver nossos problemas para sermos príncipes recebendo a herança e a vitória que Deus nos dá. Busque a face de Deus e você vencerá.



A experiência de Jacó no Vau de Jaboque é um dos mais extraordinários relatos de quem se encontra com Deus e sofre de maneira permanente uma transformação radical. A história é de fuga, mas se transforma em encontro, num achar a si mesmo e ver Deus. É Deus quem vai ao encontro do Jacó que tem uma história de fugas, para neste encontro ser o Deus que ele, Jacó, vê.
Um fato comum a todo ser humano é que ele é um ser em fuga. Estamos sempre fugindo de alguma coisa, de fatos da vida, de realidades, de verdades, de nós mesmos e de Deus. Geralmente o ser humano pensa em encontro com Deus, quando pensa que vai morrer, quando sente a presença da morte, por alguma razão, já que ela é a travessia inegociável para a prestação de contas com Deus.
Existe, no entanto, um "lugar-momento" que é único na vida quando teremos que decidir fazer a travessia que Deus nos chama, sem a presença da morte, muito embora escolher atravessar ou não, também seja uma escolha de vida ou de morte. É o momento em que Deus nos dá a oportunidade para avaliar nossas vidas, a nós mesmos, nosso caráter e Deus. Neste lugar-momento devemos ter a coragem de olhar para dentro de nós mesmos e descobrir quem somos de verdade.



II.                   Definição de Vau de Jaboque


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Lugar de tratamento de caráter.

 Lugar de ficar a sós com Deus; lugar de confronto e submissão; lugar de se render à vontade de Deus. É lugar de receber o “selo - marca” da promessa para um novo caminhar com Deus. O “Vau de Jaboque “ é lugar de luta pessoal, entre você e o Senhor; lugar onde Deus transforma a maldição em benção.  É Peniel: local de “Ver Deus face a face e sua alma ser salva”; é lugar de mudança de vida e troca de nome.
Jaboque! Isso pode ter significado nada para você até agora - mas após esta mensagem, deverá se tornar uma das mais importantes palavras de seu vocabulário espiritual.
Jaboque é o lugar onde Jacó lutou com o Senhor. É onde ele fez sua rendição total a Deus. É onde recebeu um novo caráter, e um novo nome: Israel. É onde deitou abaixo seu último ídolo, ele mesmo, e teve sua maior vitória.
Jaboque quer dizer: "lugar da travessia". Também representa luta; esvaziar e transbordar. Que tremenda verdade é revelada nesse local chamado Jaboque.
- Não pode haver vitória gloriosa sobre o ego e o pecado enquanto você não for ao Jaboque. Chega uma hora em que precisamos "resolver as coisas com Deus". Temos de enfrentar a nós mesmos, e nos esvaziar de todos maus desejos e ambição própria.


Um novo ciclo Israel passou a vivenciar após passar pelo vau de Jaboque.



III. Aspectos do caráter de Jacó antes do encontro com Deus.


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Jacó integra a lista dos três patriarcas hebreus que marcaram a história de Israel: Abraão, Isaque e Jacó. Sua história foi pontilhada de episódios dramáticos desde o seu nascimento. Jacó tinha tremendos problemas de caráter, era enganador, oportunista e ganancioso (Gn 27.18-29, 42-43). Os gêmeos Esaú e Jacó não eram diferentes apenas em aparência, mas também em personalidade. Jacó e Esaú já haviam lutado antes de nascer e, durante o parto, Jacó agarrou o calcanhar de seu irmão. Esse gesto foi interpretado como indicação de que Jacó faria seu irmão tropeçar e se aproveitaria dele
2.1 Jacó: um homem de caráter oportunista. Antes de seu nascimento, Jacó havia sido escolhido por Deus para receber o direito de herança e a bênção (Gn 25.22,23). Assim, não havia necessidade alguma de elaborar tramas nem de se aproveitar do irmão. Quando seu Esaú chegou com fome e pediu-lhe para comer do seu guisado, ele poderia ter-lhe oferecido de sua comida, compartilhando sua refeição. No entanto, numa prova de oportunismo e ambição, disse logo: “Vende-me, hoje, a tua primogenitura” (Gn 25.31) . Aí, podemos ver duas atitudes que demonstram o caráter respectivo dos dois irmãos. De um lado, vemos Jacó usando de esperteza e ambição. De outro, vemos Esaú desprezando o precioso direito de primogenitura (LIMA, 2017, p. 50).
2.2 Jacó: homem de caráter aproveitador. O primogênito era santificado ou consagrado a Deus (Êx 13.2, Nm 3.13; Lc 2.23; Nm 3.12); a herança do primeiro filho era o dobro do que os demais filhos receberiam (Dt 21.17); o primeiro a nascer tinha o direito de assumir a liderança do pai sobre o grupo, o clã, a tribo ou o reino (2 Rs 3.27). Jacó poderia ter compartilhado da sua sopa com seu irmão, que estava faminto e cansado, mas não fez isso. Ele aproveitou-se da ocasião para obter um direito que, pela Lei, não era dele, querendo, de fato, usurpar o direito de primogenitura do seu irmão.
2.3 Jacó: homem de caráter enganador. Jacó tornou-se enganador e farsante querendo desesperadamente, ser amado e aceito por seu pai, estando disposto a fazer qualquer coisa para ganhar a aprovação de Isaque, mesmo que isso significasse enganar […] Jacó seguindo o mau exemplo da mãe, enganou seu pai, mentiu, enganou e usou o nome de Deus em vão (Gn 27.14-25).
2.4 Jacó: um homem de caráter calculista. Conhecedor do comportamento leviano do irmão, Jacó não apenas propôs trocar algo tão insignificante, como um prato de sopa de lentilhas, por algo tão valioso, como também exigiu que Esaú fizesse um juramento que garantisse que sua troca seria respeitada por toda a vida. “Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó” (Gn 25.33; Hb 12.16). Só depois do juramento “ deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas” (Gn 25.34) .
2.5 Jacó: um homem de caráter fraco. Jacó já não era mais um adolescente; porque, quando foi induzido por sua mãe a mentir e enganar seu pai ele sabia que tal proposta era errada (Gn 27.11,12). Sua mãe insistiu na prática do erro, chamando para si a maldição daquele engano, daquele arranjo fraudulento. Jacó, por sua vez, não teve força moral para ficar firme e, mesmo contrariado, fez tudo o que sua mãe lhe obrigara (Gn 27.6-17). Um filho deve honrar seus pais, pois é mandamento de Deus (Ef 6.1), mas não tem obrigação de compactuar com a mentira e a trapaça (Ef 5.10,11).
2.6 Jacó: um homem de caráter mentiroso. Ao chegar à presença de Isaque, que estava cego, este perguntou: “Quem és tu, meu filho?” (Gn 27.18). Era a hora da verdade, ainda assim, Jacó mentiu sobre seu nome: “Eu sou Esaú, teu primogênito. Tenho feito como me disseste ” (v. 19). Onde estava o temor de Deus na vida de Jacó? Responder ao pai que era o irmão? Isaque ficou admirado, pensando ser Esaú, e também como teria retornado tão rápido com a caça. Mais uma vez mentiu sobre a comida e sobre o Senhor: “Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro” (v. 20). Ao abraçar Jacó, Isaque disse: “A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú” (v. 22). Confuso, Isaque perguntou: “Es tu meu filho Esaú mesmo?”  (v. 24), e assim Jacó mentiu novamente sobre sua identidade: “ e ele disse: Eu sou” (vs 24-29). Depois que Isaque havia terminado a refeição, pediu a Jacó que o beijasse, e esse beijo foi a sexta mentira. Como Jacó podia afirmar que amava o pai enganando-o?
2.7 Jacó: um homem de caráter briguento. No currículo da vida de Jacó várias lutas existiram por isso o texto diz: “ porque lutaste com Deus e com os homens ” (Gn 33.28). Vejamos essas lutas em sua vida: a) lutou com seu irmão no ventre de sua mãe (Gn 25-27), b) lutou com seu pai (Gn 27), c) lutou com seu sogro (Gn 29-31), d) lutou com suas esposas (Gn 30), e, por fim, e) lutou com Deus em Peniel (Gn 33).


IV . Definição do nome Israel.

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No antigo Israel, mantinha-se o costume de associar o nome ao caráter pessoal. A Bíblia registra, em algumas passagens, Deus substituindo nomes em razão de uma mudança de caráter. O nome Israel é derivado do hebraico “Yishrael”, cuja composição é realizada a partir da soma dos vocábulos “yishra”, que pode ser traduzido como “lutador” ou “príncipe”, e “El”, cuja principal significado é “Deus”. O nome Jacó “enganador” agora foi mudado para “príncipe que luta com Deus” ou “príncipe que vê Deus”. Israel é categorizado como um nome teofórico (nome que contém elementos alusivos a Deus), a expressão “Theo” vem do grego e significa “Deus” e a palavra “fórico” quer dizer “carregar, possuir, portar” .


V . Aspectos de Jacó após o encontro com Deus.

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1 Jacó: um homem de caráter transformado. Todo homem tem oportunidade de mudar quando ele tem um encontro com Deus. Jacó necessitava de uma mudança, e para transformar essa situação seria necessário “ver a face de Deus”. No encontro com Deus o homem nunca sai como entrou, Jacó entrou como “enganador” no vau Jaboque (lugar de travessia, lugar de esvaziamento), e lá recebeu um novo caráter, e um novo nome. Não pode haver transformação enquanto não formos “esvaziado” do velho homem. Chega a hora em que precisamos “resolver as coisas com Deus”, pois o nosso Jaboque tem de ser enfrentado a sós (Gn 32.24-a), e temos que nos esvaziar de todos maus desejos e ambição. Depois de Jaboque veio Peniel (face de Deus) e o velho Jacó saiu como “Israel” (Gn 32.27,28), e o encontro com Deus transformou o velho Jacó num novo homem com um novo nome. É impossível ter um encontro com Deus e não mudar (Os 12.4,5) .

2 Jacó: um homem de caráter agradecido. Surpreendentemente, Jacó passou a ver as coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus e fez-lhe um voto, dizendo: “ Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai  de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gn 28.20-22). Nesse fato, vemos que Jacó tinha consciência do valor do dízimo como expressão sincera de gratidão a Deus, a exemplo do que fizera Abraão, seu avô, perante Melquisedeque (Gn 14.18-20). A atitude de Jacó demonstra sua gratidão a Deus de forma antecipada.
4.3 Jacó: um homem de caráter esforçado. Ao chegar à casa de Labão, seu tio, Jacó revelou-se um homem trabalhador. Em lugar de receber um salário em dinheiro, preferiu trabalhar sete anos por Raquel, a quem amava. Mas, na noite de núpcias, ele experimentou, em termos de engano, o resultado daquilo que plantara. Jacó foi enganado pelo sogro e, em lugar de casar-se com Raquel, acabou casando-se com Léia. Só depois de mais sete anos de trabalhos foi que Jacó casou-se com Raquel, sua amada (Gn 29.21-30), e ainda Labão “mudou o seu salário dez vezes” (Gn 31.7).
4.4 Jacó: um homem de caráter na direção de Deus. Após ser enganado pelo sogro, Jacó reuniu sua família e fugiu de Harã. Sua saída de Harã foi por direção de Deus, com quem ele aprendeu a relacionar-se. “E disse o Senhor a Jacó: Torna à terra dos teus pais e à tua parentela, e eu serei contigo” (Gn 31.3). Ao explicar o plano de fuga à família, Jacó repetiu o que ouvira da parte de Deus: “Eu sou o Deus de Betel, onde tens ungido uma coluna, onde me tens feito o voto; levanta-te agora, sai-te desta terra e torna-te à terra da tua parentela” (Gn 31.13).
4.5 Jacó: um homem de caráter quebrantado e temente a Deus. Jacó lembrou-se do passado e de sua desavença com o irmão e, temeroso, dividiu a família em dois bandos para que um pudesse escapar em caso de ataque. Sua angústia era grande, porém sua oração revela seu temor “ sou indigno de todas as beneficências e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo” (Gn 32.9-12). Ele enviou três grupos de servos, cada um levando presentes para aplacar uma possível agressão por parte de Esaú, mas somente o pedido de perdão resolveu o problema (Gn 32.11-21). A experiência do encontro de Jacó com Esaú mostra que, quando Deus age na vida das pessoas, seu caráter é transformado. Jacó orou ao Senhor (Gn 32.11,12), ele inclinou-se em terra (Gn 33.3), e abraçou e beijou seu irmão recebendo perdão (Gn 33.4).






 VI. O genuíno encontro de Jacó com Deus.




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Jacó põe em prática o seu plano (Gn 31.2-21)

Jacó viu os anjos de Deus e pôde lembrar que quando saíra de casa, fugindo da face de seu irmão, contemplou anjos no seu sonho, e ao retornar, os anjos novamente foram vistos por ele. Mas ele tinha um encontro familiar que não podia esperar e assim coloca em prática seu plano.

1. Jacó luta com Deus (Gn 32.22-32)

Após ter enviado, na frente, presentes ao seu irmão Esaú, o velho Jacó teve a oportunidade de isolamento. Ele ficou na solidão da noite, e misteriosamente começou a lutar com um homem desconhecido nas margens do rio Jaboque. A luta durou a noite inteira e marcou,  mais uma vez, a história de vida do patriarca.

2. Um homem lutou com ele (Gn 32.22-26)

Jacó entendeu a sua necessidade de ter um momento a sós com Deus. E assim o fez. Gn. 32:22-24a (“E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha. Jacó, porém, ficou só”). É interessante notar que Jacó fez passar tudo que tinha, tudo que possuía para ficar a sós com Deus. Ele entendeu que o Vau de Jaboque era a oportunidade da sua vida.
É curioso, significante, observar que só no momento que estava a sós com Deus, o varão apareceu a Jacó. Quanto é grande o número de pessoas que não tiveram ainda seu encontro, sua experiência própria  (pessoal) com Deus. Cada um em caráter particular precisa ter, viver, buscar sua experiência individual com Deus.
As referências a "o Anjo do Senhor" (note o artigo definido "o", e não o indefinido "um"; e note a inicial maiúscula em "Anjo") ou a "O Anjo de Deus" (idem), no Velho Testamento, são convenções de grafia para indicar teofanias (aparições de Deus em forma humana) ou, mais técnica e precisamente falando, para indicar cristofanias (aparição do Verbo eterno, a segunda pessoa da Trindade, em forma humana, antes de Sua encarnação, antes de tomar carne no ventre de Maria). A prova disso é que, nesses contextos, tal "Anjo" é diretamente dito ser Deus, ou é dito ter os atributos (ou exercer as ações) prerrogativas, exclusivas, identificatórias de Deus.
Vamos analisar mais uma vez o texto de Gênesis 32:
24. Jacó, porém, ficou só; e ali lutou com ele um Varão, até a aurora subir.
25 E vendo Este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com Ele.
26 .E o Varão disse: Deixa-Me ir, porque já a aurora subiu. Porém ele disse: Não Te deixarei ir, se não me abençoares.
27. E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó.
28. Então o Varão disse: Teu nome não mais será chamado Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.
29. E Jacó Lhe perguntou, e disse: Dize-me, peço-Te, o Teu nome. E disse: Por que perguntas pelo Meu nome? E abençoou-o ali.
30.E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha vida está preservada.
31. E saiu-lhe o sol, quando atravessava Peniel; e manquejava da sua coxa.
32. Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até ao dia de hoje; porquanto o Varão tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido.

3. A luta durou toda a noite (Gn 32.26-28)

Vemos nesta passagem o quanto Jacó foi perseverante na luta pela sua benção. Gn. 32:24-26  (“Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares.”)
Jacó não desistiu em nenhum momento da luta. Jacó não parou, lutou a noite toda e pela manhã estava com a mesma disposição. Vemos sem dúvida nenhuma o valor predominante desta virtude na conquista desta grande vitória de Jacó. Nem os quatro períodos da noite, nem o cansaço, nem a intensidade da luta, nem o deslocamento da coxa, nem a insistência do Anjo pôde barrar ou impedir Jacó de receber sua benção.
O que tem te impedido de ser abençoado, de ser vitorioso? O que tem conseguido tirar você da luta? O que tem roubado a sua perseverança na obra de Deus? Muitos não estão rompendo porque não são perseverantes. Que Deus nos Ajude!

4. Jacó ferido (Gn 32.25)

Jacó recebeu o Toque Divino Gn. 32:25 (“E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele.”). Muitos servos de Deus receberam o Toque de Deus (O Toque Divino). ISAIAS recebeu esse Toque Divino Is. 6:6-7 (“Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado.”). JEREMIAS recebeu esse Toque Divino Jr. 1:8-9 (“Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o SENHOR. E estendeu o SENHOR a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca;). PEDRO e os demais Apóstolos receberam esse Toque Divino At 2:1-3 (“E, CUMPRINDO-SE o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.”). PAULO recebeu esse Toque Divino At 9:3-4 (“E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?”).

JACÓ recebeu o Toque Divino da Mudança e recebeu transformações importantes:

Física – Quando o Senhor tocou no seu corpo (Coxa);

Moral – Quando o Senhor tocou no seu caráter

 – o Senhor tocou no coração de Jacó, na identidade dele, mudou seu procedimento completamente;

Espiritual – Seu novo viver confirmou-se ao ser-lhe mudado o nome. Jacó passou a ser outro servo de Deus depois desse Toque. Muitos precisam receber esse toque para ter sua vida espiritual mudada.
Muitos precisam receber esse toque:

  • Para ser renovado.
  • Para ser transformado.
  • Para ser usado por Deus na sua obra.

Você não pode continuar sua vida sem passar o Vau de Jaboque, você não pode prosseguir sem antes passar uma noite com Deus no Vau de Jaboque.

5. Deus muda o nome de Jacó (Gn 32.27-30)

Jacó passou a ser chamado de Israel que significa “o que luta com Deus”. O fraco Jacó torna-se o poderoso Israel, pois o seu nome também pode ser traduzido como “aquele que luta com Deus e prevalece”. Até aquele momento, ele era Jacó o agarrador de calcanhar, e podia ter até alguma espiritualidade, mas era apenas Jacó, mas Deus veio para torná-lo Israel, o que tem as promessas eternas de Deus.

1. Deus mudou Jacó / 3.2. Israel, nome dado por Deus (Gn 32.28)

A experiência de Jacó no Vau de Jaboque é um dos mais extraordinários relatos de quem se encontra com Deus e sofre de maneira permanente uma transformação radical. A história é de fuga, mas se transforma em encontro, num achar a si mesmo e ver Deus. É Deus quem vai ao encontro do Jacó que tem uma história de fugas, para neste encontro ser o Deus que ele, Jacó, vê.
Um fato comum a todo ser humano é que ele é um ser em fuga. Estamos sempre fugindo de alguma coisa, de fatos da vida, de realidades, de verdades, de nós mesmos e de Deus. Geralmente o ser humano pensa em encontro com Deus, quando pensa que vai morrer, quando sente a presença da morte, por alguma razão, já que ela é a travessia inegociável para a prestação de contas com Deus. É diante dela que temos a coragem de rever nossos conceitos, avaliar nossas motivações e pesar a vida. A morte é tão forte que o autor de Provérbios quando quer citar a força do amor se inspira na força da morte, ao escrever que “...o amor é tão forte como a morte...” (Ct 8:6).
Existe, no entanto, um "lugar-momento" que é único na vida quando teremos que decidir fazer a travessia que Deus nos chama, sem a presença da morte, muito embora escolher atravessar ou não, também seja uma escolha de vida ou de morte. É o momento em que Deus nos dá a oportunidade para avaliar nossas vidas, a nós mesmos, nosso caráter e Deus. Neste lugar-momento devemos ter a coragem de olhar para dentro de nós mesmos e descobrir quem somos de verdade. Este é um momento sem engano, sem mentiras e onde temos que trabalhar com nossa ganância, nosso egoísmo, nossa futilidade. É o momento em que o nosso secreto vem à luz. Este é o Momento Jaboque: momento de nos acertarmos com Deus.
O Jaboque era um afluente do rio Jordão e quer dizer “lugar de travessia”. Era um lugar abandonado, ermo. O momento Jaboque precisa ser enfrentado a sós. Mais do que um lugar Jaboque é um tempo, um tempo de luta pessoal e com Deus. É um tempo especial onde Deus trata conosco não apenas em relação ao nosso pecado, mas em relação ao nosso caráter.
Jacó já não era o moço e seu amadurecimento veio de várias maneiras, inclusive por intermédio de suas constantes fugas. Jacó sempre foi um homem com problemas e em desespero e em constante processo de conciliação. Ele precisava de tratamento no seu caráter. Como a maioria dos seres humanos, Jacó sempre negociava, tentava o apaziguamento, cedia ao perigo. Como seu próprio nome significava era alguém que se acostumara a enganar, suplantar, a negociar. Jacó era alguém que mantinha uma resistência secreta no fundo do seu coração à vida e a Deus.
Jacó havia tido uma experiência muito interessante em Padã-Arã, quando estava a procura de uma esposa entre seus parentes. Ele tem um sonho que é contado assim na Bíblia: E sonhou: e eis uma escada era posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; e eis que o Senhor estava em cima dela, e disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, ta darei a ti e à tua semente; e a tua semente será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua semente serão benditas todas as famílias da terra. (Gn 28:12-14). Ele fica tão impressionado com a experiência que dá o nome àquele lugar de Betel, que significa “Casa de Deus”. O que mais impressiona Jacó, no entanto, não é a presença de Deus e sim a benção prometida, pois sua experiência é apenas religiosa. Ele confunde religiosidade com espiritualidade, e, por isso trata logo de fazer uma proposta bastante interessante, para ele Jacó: E Jacó votou um voto, dizendo: Se Deus for comigo,e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestidos para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo (Gn 28:20-22).
É muito fácil perceber a familiaridade dessas palavras de Jacó. Elas ecoam em nossa consciência como uma acusação. Quantas vezes tentamos fazer um acordo com Deus nos mesmos termos: Senhor, me abençoe! Faça-me prosperar em todos os meus projetos! Dá-me muito alimento! Vista-me muito bem! Cuida muito bem de mim! Aí, então, te servirei, te darei o dízimo! Dá-me para que eu possa te devolver, me abençoa, para que eu possa te abençoar!
No sonho de Jacó a cena é incrivelmente impressionante: Deus está presente, o céu aberto, anjos estão à mostra, Deus fala. Que cena maravilhosa e tremenda e tudo que Jacó vê é uma oportunidade para ser próspero, se dar bem na vida. Tudo o que fala é sobre terra, alimento, roupas, prosperidade e sucesso em tudo. Sua experiência foi puramente religiosa. Esse é um lugar comum nos nossos dias. Corações cheios de cobiça estão em Betel, interpretando o relacionamento com Deus como bênçãos materiais. Nosso vocabulário é vasto. Conhecemos os termos religiosos, muitos até clamam pelo sangue de Jesus sem nunca ter sido lavado por ele. Só vemos o que podemos tirar disso tudo. Para muitas pessoas a obra de Jesus no Calvário significa somente riqueza, prosperidade e com isto ignoram o verdadeiro significado da vitória de Cristo na cruz. Não queremos suportar as dificuldades e tudo o que for necessário para ganhar a riqueza incorruptível. Existem multidões em Betel reclamando seus direitos, reivindicando. Para muitos Betel é um lugar apenas da religião. Ignoram que na verdadeira Casa de Deus uma luta interior é travada. Há luta na alma, no coração, uma luta íntima, pois é com isso que o Senhor trata. É isto que ocorre em Jaboque.
Jaboque é transformação do caráter. Isso acontece por pelo menos três razões: Primeiro porque Jaboque é um lugar de desespero. É um lugar de vida e de morte. E um milagre precisa acontecer dentro de nós, pois é nele que vemos como somos, sem blefe, sem máscara, onde somos feridos e nossa realidade é exposta. Segundo porque Jaboque é um lugar de transformação, onde Deus nos pergunta o nome, quem somos, não porque não saiba, por desconhecer, para nos chamar atenção para nosso verdadeiro caráter. Ao perguntar o nome a Jacó, deseja fazê-lo enxergar quem ele é, enganador, suplantador. Deus estava na verdade dizendo: Jacó olhe para você mesmo, veja no que você se tornou. Não invente desculpas dessa vez. Pelo menos uma vez na vida, enfrente a realidade. Enfrente a verdade, seja honesto. Não pode haver vitória se você continuar mentindo a si mesmo. É aqui, como Jacó, que nos descobrimos irremediavelmente religiosos, que descobrimos nossa própria farsa e tentamos justificar nosso pecado. Por fim, Jaboque pode ser um ponto final, a fronteira última, onde nos encontramos com a justiça e o juízo de Deus e nos vemos completamente carentes e necessitados do amor e da misericórdia de Deus. Nunca venceremos sem isso. No Jaboque temos que enfrentar nossa própria mentira.
É no Jaboque que confessamos nosso pecado, dizendo que somos adúltero, mentirosos, enganadores, que já não acreditamos em Deus, que vivemos uma fé falsa e uma teologia descaracterizada e humanizada. Que nossos valores precisam mudar. Que não amamos a Deus, não amamos sua obra, não amamos sua igreja. Não temos apego às coisas celestiais. Somos pessoas que precisam ser transformados. No Jaboque temos a oportunidade de dizer que estamos cansados de representar ser espiritual e abençoado. No Jaboque, nosso encontro é espiritual e muda nosso caráter. Deus quer nos transformar em novas pessoas, de corações puros, de mãos limpas e não apenas nos dar coisas materiais.
Jacó precisou de uma noite de combate com sua própria natureza. Isso mudou não só seu corpo, mas sua alma. Ele acertou sua conta com o Senhor. Quando o Senhor tocou Jacó, o deixou frágil, quebrado, enfraquecido. Não existe encontro com Deus sem que saiamos feridos, expostos e marcados para sempre. Eu acredito que este é um dos maiores milagres que Deus pode fazer conosco: Destruir nossa arrogância, nossa presunção. Aleijar nossos esforços humanos e nos tornar totalmente dependentes dEle. Saímos do Jaboque mancando, humilhado e aleijado.
Sua experiência foi tão transformadora que Jacó muda o nome daquele lugar de Jaboque para Peniel, “tenho visto a Deus face a face e a minha alma foi salva”. Ele já não fala mais de acordo para bênçãos materiais, sua voz se refere a Deus e a sua bondade em Cristo. Só agora Jacó compreende seu sonho: O céu aberto significa acesso irrestrito a Deus, o Pai. Um novo caminho lhe aberto. Sentar-se nos lugares celestiais é uma benção maior do que as riquezas materiais. Significa que Deus tem algo mais excelente para nós. Podemos ter uma alegria imensurável, ouvir a voz do Senhor em meio as mais variadas e terríveis circunstâncias e abraçar os valores celestiais que nos conduzem a uma de vitória plena.

 2. O significado de Peniel (Gn 32.30)

No Vau de Jaboque Jacó teve uma real visão de Deus. Gn. 32:29-31 (“E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.”). Aquela visão mudou a mentalidade de Jacó, mudou o sentimento de Jacó, mudou a personalidade de Jacó, mudou a identidade de Jacó, aquela visão mudou o caráter de Jacó.
Jacó chamou o nome daquele lugar Peniel que significa “A FACE DE DEUS”
Quando a pessoa tem a visão da face de Deus de duas uma acontece, ou a pessoa morri ou muda de vida ( é transformado ). Em Gn 32:31 (“ E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa.”) mostra que Jacó “Passou a Peniel”, Ele passou pelo Peniel de Deus e você? já teve essa visão de Deus? Já passou pelo Peniel de Deus? Peniel espiritualmente falando, fala do lugar, da fase ou da situação que Deus usa para nos transformar e mudar nosso caráter e nossa identidade. Peniel representa o lugar, o momento ou a circunstância em que temos um encontro verdadeiro com Deus.



Já não te chamarás Jacó, e, sim, Israel. Gênesis 32:27, 28.
Madrugada em Jaboque...
Duas figuras engalfinhadas numa luta estranha.
Os primeiros albores da aurora já rompem a escuridão do vale.
Os montes circundantes contemplam a cena em reverente silêncio.
Em meio a duas tremendas emoções – a fuga de Labão e o encontro com Esaú – Jacó, o usurpador, encontra-se face a face com Deus.
Ali estava ele... No vale de Jaboque... Na encruzilhada de dois terríveis caminhos.
Lutando, lutando, até o romper do dia.
Olhos desavisados e sem discernimento olhariam aquele quadro com horror.
Mas, ali se desenrolava o encontro decisivo que nortearia uma família, um povo, e a própria História.
  • Ali, o enganador transformava-se em príncipe.
  • Ali, um simples mortal lutava com Deus e prevalecia.
  • Ali, traçava-se a linha-mestra das grandes transformações espirituais do mundo.

Jacó, edificador de colunas, ungidor de pedras, neto de um construtor de altares.
Jacó, o sonhador.
Jacó, o homem-misterioso, o aproveitador de oportunidades, o ladrão de bênçãos.
Ladrão de bênçãos?
Sim. Para ele, a benção teria de vir, mesmo usando o engodo, a mentira e o fingimento.
Incrível, tremendo, porém glorioso paradoxo!
Para ele, a bênção teria de vir, mesmo que, para isto, tivesse de aproveitar-se de um caçador fraco, cansado e incapaz de raciocinar.
Para ele, a bênção teria de vir, mesmo que fosse necessário usar de violência. Mesmo que fosse necessário lutar.
Em plena madrugada.
No vale de Jaboque.
- Não te largarei!
- Larga-me, mortal!
- Não te largarei!
- Que queres te faça?
- Não te largarei, enquanto não me abençoares.
Onde estão as esposas, por quem trabalhara duramente durante catorze anos?
Onde estão as crianças que, com lutas, delas nasceram?
Onde estão os servos que, debaixo da proteção de Deus, foram gerados?
Nada interessa, a não ser a bênção.
-Não te largarei, enquanto não me abençoares!
-Abençoar-te-ei, Israel, príncipe do Senhor, porém não andarás mais à vontade como dantes.
E Jacó atravessou o vale manquejando de uma perna.
Aleijado para sempre!
No entanto, conquistara a bênção!
Na travessia do mar vermelho Moisés não passou só mais com ele uma grande multidão de remidos que deixava o Egito.
Na travessia do Jordão Josué não atravessou só mais, com os sacerdotes e um grande exército.
Na teologia do vau de Jaboque não podemos passar acompanhados. Não dá para levar amigos. "Jacó porém ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia" (Gn 32:24).
Na teologia do vau de Jaboque não se pode esconder nada, temos que ser transparentes.
É lá que confessamos tudo que somos.
É lá que nos rendemos a Deus.
É lá que nosso nome é mudado, nosso modo de andar é alterado. Chega uma hora em que precisamos "resolver as coisas com Deus". Chega a hora que temos que enfrentar a nós mesmos, nos esvaziar de toda a nossa ambição, de todo o nosso ego.
Jaboque é onde o Jacó em nós dá o último suspiro. É onde Deus trata conosco não apenas em relação ao pecado, mas em relação ao nosso próprio caráter.
O grande problema hoje é que, muitos já não estão mais preocupados com o que Deus pensa ao seu respeito e sim, com que os outros pensam. Não importa se a mensagem não vem de Deus mais sim se agradou ao público, pois é a platéia que o faz um “grande pregador, líder, pastor, superintendente, dirigente” ou qualquer outra coisa desse tipo.
Pra que descer ao vau de Jaboque, mudar pra que? Tudo esta indo muito bem!
Esquecem que se o Jacó que há em nós não for mudado para Israel, mais na frente vamos nos encontrar com Esaú e ai só Deus sabe o que vai acontecer.

VII.   As dez Lições do Vau do Jaboque.

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1.  Se você quer vencer é preciso confiar nas promessas de Deus.
(v.9 ) Disse mais Jacó: Deus de meu Pai Abraão e Deus de meu Pai Isaque, ó Senhor, que tinha me dito; torna a tua terra e a tua parentela, e far-te-ei bem”

2. Lição do Vau Jaboque – Precisamos sempre reconhecer as nossas deficiências e confiar na eficiência do Senhor.
(V.10) Menor sou eu em todas as beneficências e que toda fidelidade que tivesse com teu servo.


3. Orar com objetivo bem definido.
(V.11) “ Livra-me, peço te, da mão do meu irmão, da mão de Esaú, porque tenho medo dele, para que não venha ferir a mãe junto com os filhos.

4.  Ter prazer de estar a sós com o Senhor. (V24)
 Jacó. Porém ficou só, e lutou com ele um varão, até que a alva subia.
Nós saímos muito rápido da presença do Senhor.
Nós não perseveramos na oração com o Senhor.

5.  Quem obedece e pratica o que Deus pede Recebe as recompensas (v28-29).
Então, disse: Não chamara mais o teu nome Jacó, mas Israel, pois, como príncipe lutasse com Deus e com os homens prevalecestes. E Jacó perguntou e disse: Dai-me peço- te, a saber, o teu nome. E disse: por que perguntas pelo meu nome? E abençoou ali.

6. Em um encontro com Deus o alvo não é o que você tem, mas o que precisa ser (v.24).

1.No versículo 24 Jacó diz: “passa as mulheres, passa as empregadas, passa os 11 filhos, passa os bens, passa as posses”. Depois que tudo e todos passam, na sequência fica apenas ele e Deus.

7. Em um encontro com Deus a pessoa é posicionada e projetada, para ser transformado e abençoado (v.24).

O versículo 24 diz: “e lutava com ele um homem”, e o versículo 26 diz: “eu só te largo quando me abençoares”.



8.  Em um encontro com Deus não há resistências que fiquem de pé.

O versículo 25 diz: “tocou-lhe na articulação da coxa, deslocando a junta”.

 Na anatomia, a articulação é um dispositivo orgânico que ligam dois ou mais ossos entre si. É justamente ali que se centraliza a força de um lutador quando este está em posição de luta, permitindo que o mesmo possa está bem apoiado em sua resistência.

DEUS SABE COMO DESARTICULAR O HOMEM.”

9. Em um encontro com Deus, enxergamo-nos, quem realmente somos.

 No versículo 26, Deus pergunta a Jacó: “como te chamas? “qual é o teu nome?

 Quando ele responde Jacó, ele declara de fato, quem realmente é (mentiroso, enganador, malandro, trapaceiro...)

10. Em um encontro com Deus a sua vida e o seu caráter são alterados pra melhor.

 No versículo 28 Deus disse: “Não te chamarás mais Jacó, mas Israel”

Deus estava dizendo – “Jacó, você não vai mais precisar viver como Jacó, a sua vida e caráter vai ser alterado pra melhor.”


Não pode haver vitória alguma contra qualquer pecado que assedia, sem que haja o enfrentamento no ponto final em Jaboque! Hoje seu Jaboque é aqui, Deus marcou uma briga com você hoje aqui, e se Ele tiver que te fazer tombar ferido no chão Ele o fará, mais o propósito Dele cumprirá em tua vida.  Ele foi Liberto de si mesmo. "Então, disse: Já não te chamarás Jacó e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste" (Gn 32:38). Você vai sair mancando de Jaboque, humilhado e aleijado – mais bradando: "Ó Senhor-- fiz minha rendição total. O meu ídolo foi esmagado. Um dos maiores milagres que o Senhor pode operar a nosso favor, é aleijar nossos esforços humanos e nos tornar totalmente dependentes dEle.  Jacó mudou o nome de Jaboque para "Peniel". Peniel significa "a face de Deus".

Que esse mesmo Deus que transformou a vida de Jacó em Israel possa mudar o curso da nossa trajetória espiritual. Pois assim acontecendo poderemos contemplar permanentemente a face do Senhor em sUa presença nas mansões celestiais, amém!


A vida de Jacó foi totalmente transformada depois que ele atravessou o vale de Jaboque e encontrou-se com Deus. Existem “vales” em nossas vidas que servem para transformação de nosso ser, pois assim como Jacó, precisamos nos moldar e transformar nosso caráter para ficarmos com nossa personalidade como a de Cristo.


Meus amados irmãos em breve nós estaremos de volta com a sequência deste maravilhoso estudo, e desta feita com tema: " Jacó inverte as prioridades".

 

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