Por Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no Livro do Gênesis 45.26; 46.1-6 Que nos diz:
Então, lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive e ele também é regente em toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava.
E partiu Israel com tudo quanto tinha, e veio a Berseba, e ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai.
E falou Deus a Israel em visões, de noite, e disse: Jacó! Jacó! E ele disse: Eis-me aqui.
E disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação.
E descerei contigo ao Egito e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos.
Então, levantou-se Jacó de Berseba; e os filhos de Israel levaram Jacó, seu pai, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.
E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de Canaã e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua semente com ele.
Estamos de volta dando sequência a uma série de
conferências sobre os Patriarcas; Já falamos sobre Abraão;
Isaque e agora estamos no terceiro seguimento falando
sobre Jacó.
Já apresentamos os seguintes temas:
- Sua biografia;
- O seu nascimento;
- Esaú vende a primogenitura;
- Isaque abençoa Jacó;
- A fuga de Jacó;
- A Lei da semeadura;
- Os filhos de Jacó;
- A prosperidade de Jacó;
- A 2ª fuga de Jacó;
- Jacó se conserta com Esaú;
- A conversão de Jacó;
- Jacó inverte as prioridades;
- O episódio de Diná;
- Deus exige a purificação da família de Jacó;
- Jacó sofre diversas perdas na família;
Agora vamos falar sobre "Jacó vai ao Egito".
I.
Viagem de Jacó ao Egito (46.1-7)
Temos aqui outro dos grandes marcos da vida de Jacó, um passo importante na formação de Israel como nação. Abraão havia sido avisado de antemão acerca dessa questão, a qual dificilmente poderia ter sido antecipada sem alguma iluminação divina. Seus descendentes teriam de sofrer um período de quatrocentos anos de exílio e provação (Gn 15.13). Israel, em desenvolvimento, continuaria no exílio até que os pecados dos habitantes de Canaã preenchessem a taça do destino. Então o juízo de Deus haveria de feri-los, e eles perderiam seus territórios. E essa terra seria dada a Israel, como sua pátria (Gn 15.16). Esse seria o primeiro dentre quatro grandes exílios previstos para o povo de Israel, a saber: 1. o exílio egípcio, quando Israel estivesse em formação; 2. o exílio assírio, quando se perderam quase totalmente dez das tribos; 3. o exílio babilônico,quando se perderam quase totalmente duas tribos (Judá e Benjamim), mas das quais voltou um remanescente, provenientes de Levi e de todas as demais tribos; 4. o exílio romano, a começar em 132 D. C. (quando todos os judeus foram expulsos da Palestina e dispersos em várias direções). Foi então que os judeus se dividiram em três grupos principais: Judeus asquenazitas (que foram para países da Europa central e oriental); judeus sefarditas (que ficaram em países em torno do Mediterrâneo, além das ilhas britânicas); judeus orientais (que ficaram na região da Arábia para o oriente, até o Japão). Esse quarto exílio começou a ser revertido com a formação do Estado de Israel, em maio de 1948, graças aos esforços do movimento sionista, iniciado por idealistas judeus do século XIX. Mas nem todos os judeus concordam com o sionismo, do que é prova o fato de que a maior parte dos judeus continua longe da Palestina até hoje. Assim, tem prevalecido sempre a providência de Deus.
Apesar de todos os exílios, vicissitudes e perseguições, tem prevalecido o Pacto Abraâmico. Esse pacto é renovado na passagem à nossa frente. Ver a respeito em Gn 15.18. Uma das provisões desse pacto era a necessidade de um território pátrio, onde Israel pudesse viver como nação, e não apenas como tribos nômades. Com base nessa situação, viria a primeira revelação, e, finalmente, o Cristo, descendente de Judá. E, então, Cristo haveria de abençoar todas as nações da terra (Gl 3.14), por meio do evangelho. Antes, porém, Israel teria de residir temporariamente em Gósen, no Egito.
46.1 De Hebrom a Berseba. Jacó precisava tomar uma decisão muito importante. Era certo deixar a terra de Canaã, onde Abraão tinha habitado? Deixá-la não prejudicaria as provisões do Pacto Abraâmico? Como esse pacto poderia ter cumprimento se a nação de Israel se formasse no Egito? Jacó buscou luzes. E assim sendo, ele foi a Berseba e ofereceu sacrifícios a Yahweh, o Deus de seu pai, Isaque. Ele estava voltando às suas raízes e buscando respostas. Em Berseba Deus havia aparecido a Abraão (Gn 21.33) e depois a Isaque (Gn 26.23). Esse lugar tinha um santuário, um centro do Yahwismo. Era um lugar apropriado para buscar iluminação a respeito da séria decisão que ele teria de tomar. O próprio Faraó tinha-lhe enviado ricos presentes, convidando-o a vir ao Egito (Gn 45.17 ss.). José achava-se no Egito, e Jacó gostaria muito de ir para perto dele. Mas existem coisas mais importantes do que estar na companhia de um filho amado, como fazer a vontade de Deus, sem importar qual seja essa vontade. Mas se alguém puder estar com um filho amado, ao mesmo tempo em que estiver fazendo a vontade de Deus, tal pessoa será duplamente abençoada. A Jacó, pois, foi dada essa bênção.
Berseba ficava a apenas vinte e seis quilômetros de Hebrom, assim o santuário ficava perto, e Jacó sentiu-se impelido a buscar orientação ali.
Deus de seu pai. No hebraico, Elohim.
46.2 Em visões de noite. Algumas vezes as visões são dadas por meio de sonhos, mas é provável que aqui devamos entender a presença divina ou uma teofania. Para receber uma orientação iluminadora, algumas vezes precisamos do toque místico, da iluminação vinda do alto. Jacó era homem de muitas experiências místicas, mediante as quais a presença divina lhe era conferida de variegados modos. Ao que parece, cada movimento importante de Jacó era acompanhado por alguma elevada experiência espiritual, que lhe conferia orientação e poder. (Gn 28.11) Quando ia para a companhia de Labão, Jacó tivera a visão da escada que ia dar no céu. Na oportunidade, foi renovado através dele o Pacto Abraâmico (Gn 31.3,11). Quando voltava para Canaã, depois de ter estado com Labão por vinte anos, recebeu outra iluminação direta (Gn 32.1 ss.). Depois de ter-se separado de Labão, já a caminho de Canaã, Jacó recebeu outra experiência mística iluminadora (Gn 35.1). E, então, foi instruído a ir a Betel, habitar ali e erigir um altar. Foi aí que ele se desfez de certos ídolos (sem dúvida, alguns trazidos por Raquel), quando houve uma renovada dedicação ao Senhor.
Eis-me aqui. A resposta da alma à presença de Deus, a prova da consciência da presença divina. A vida espiritual consiste em mais do que estudo, leitura da Bíblia, oração e meditação. Precisamos, igualmente, do toque místico, a presença de Deus conosco, que nos ilumina o caminho.
“A descida ao Egito, que teria tão decisiva significação para a história da nação de Israel, teve motivo não só no desejo de Jacó ver seu filho perdido fazia tanto tempo (Gn 45.28), mas também na revelação divina dada nas visões da noite!’ .
46.3 Eu sou Deus, o Deus de teu pai. No hebraico, El, Elohim. El indica poder, e Elohim é o Deus Supremo e Poderoso, o plural majestático de El.
“Essa foi a última revelação conferida a Jacó. Depois dessa revelação não há mais registro de outro evento sobrenatural, até a visão da sarça ardente (Êx 3.4). Jacó deveria migrar para o Egito, pois ali os seus descendentes multiplicar-se-iam até se tornarem uma nação. A presença e a bênção de Deus haveriam de acompanhar a ele e a seus descendentes, e, finalmente, haveriam de trazê-los de volta à Terra Prometida. Para o próprio Jacó, além disso, foi dada a promessa de que José cuidaria dele em seu leito de enfermidade e estaria em sua companhia, por ocasião de sua morte” .
Naturalmente, em seu leito de morte, Jacó profetizou acerca de seus filhos (Gn 49), um acontecimento inspirado, mediante o qual Jacó foi capaz de prever, em termos gerais, o futuro dos descendentes de seus filhos, e de dar instruções e bênçãos especiais, que fariam suas vidas diferir das de outras pessoas.
Lá eu farei de ti uma grande nação. O Pacto Abraâmico não falharia meramente porque Israel desenvolver-se-ia no Egito. Bem pelo contrário, as duzentas ou trezentas pessoas (possíveis) que poderiam ter descido ao Egito (como o núcleo original da nação de Israel) seriam abençoadas de modo especial por Deus. Deus as protegeria; a nação se desenvolveria, porque o poder de Deus estava com ela.
Temos aqui outra reiteração do Pacto Abraâmico, em seu mais básico elemento, a grande nação oriunda de Abraão. Cada uma dessas ocorrências frisa alguns poucos itens, embora não o pacto em todos os seus aspectos.
46.4 Eu descerei contigo. A presença divina far-se-ia patente até mesmo no exílio no Egito. Ao mesmo tempo, havia aquela promessa a longo prazo de um futuro livramento do exílio egípcio. O Pacto Abraâmico incluía o exílio no Egito (Gn 15.13), mas também a eventual libertação desse exílio, no tempo determinado (Gn 15.16).
O Toque Pessoal. José era o filho amado de Jacó, do qual estava separado fazia vinte e quatro anos. Jacó ainda viveria por bons dezessete anos no Egito, em companhia de José, e, então, faleceria. Jacó desceu ao Egito quando estava com cento e trinta anos, e viveria cento e quarenta e sete anos. (Gn 47.28). José estaria perto dele quando morresse e fecharia os seus olhos. José “prestaria a ele esse último serviço” . Portanto, Jacó nada teria que temer, nada do que se lamentar; nenhuma ansiedade para vexá-lo, se chegasse a descer ao Egito para ali viver pelo resto de sua vida.
E te farei tornar a subir, certamente. Não devemos pensar aqui no cadáver de Jacó, o qual foi trazido de volta a Macpela, sepultado onde já estavam os corpos de Abraão, Sara, Lia e Isaque, pai de Jacó. Antes, devemos pensar na promessa a longo prazo de que, finalmente, a nação de Israel seria tirada do Egito.
Um de meus filhos queridos teve um sonho perturbador a respeito de minha morte. Ele sonhou que eu era um homem idoso, meus cabelos totalmente encanecidos. Estávamos nas proximidades de uma grande universidade. Ele voltou do campus e me encontrou morto, ao que parecia, por um ataque de coração. Quando ele me contou o sonho, eu lhe disse: “Por que você está preocupado? Esse é um bom sonho. Viverei até tornar-me um homem idoso, pois meus cabelos estavam totalmente brancos. Morrerei de súbito, de um colapso cardíaco, o que significa que não passarei dias sofrendo. Além disso, eu não gostaria de estar em outra companhia, ao morrer, do que na sua”. Ao ler o texto bíblico à nossa frente, lembro-me desse sonho de meu filho. José, o amado filho de Jacó, estaria com ele até o fim. Não haveria queixas, nem lamentações, nem faltaria coisa alguma. Foi assim que Jacó foi encorajado a ir para o Egito.
46.5 Então se levantou Jacó. Ele já havia recebido a sua resposta, que lhe foi dada no santuário em Berseba. E assim, com toda confiança, preparou-se para descer ao Egito. Reencontrar-se com seu filho amado, José, inspirava a sua mente. Seu alquebrado corpo de cento e trinta anos de idade movimentou-se com lepidez e renovada energia.
Os carros enviados pelo Faraó (Gn 45.19) facilitaram em muito a viagem.
Coisa alguma é dita acerca das esposas de Jacó. É possível que todas elas já tivessem morrido por esse tempo. Mas havia várias famílias a serem transportadas, com seus filhos e netos. O vs. 27 mostra que havia setenta homens, pelo que o grupo inteiro deve ter consistido em duzentas a trezentas pessoas ao todo, se incluirmos os servos e servas que faziam parte das casas. Temos aí o núcleo que daria início à nação de Israel no Egito. Os varões são alistados, a começar pelo versículo oito.
46.6 O seu gado e os bens. Mas não certos itens como móveis, instrumentos agrícolas., visto que o Faraó os tinha encorajado a viajar sem bagagem, porquanto receberiam implementos novos no Egito (ver Gn 45.20). É melhor ser abastado do que não ser abastado. Apesar da escassez de alimentos, Jacó ainda era dono de muitos bens.
Toda a sua descendência. Os setenta nomes masculinos que aparecem na lista (v.27). Eram várias famílias com seus respectivos filhos e netos. Deus faria grandes coisas, a partir daquele dia de pequenos começos.
46.7 Toda a sua descendência. Informações a serem supridas nas listas que aparecem em seguida (Vv. 8-27). Quando Jacó desceu ao Egito, estava com cento e trinta anos de idade, cento e quinze anos depois de a promessa ter sido feita a Abraão (Gn 12.1-4). Na verdade, os israelitas não estiveram cativos no Egito por quatrocentos e trinta anos. Apenas cerca de duzentos e cinquenta desses anos foram realmente passados em cativeiro. Essas são cifras aproximadas dadas pela Septuaginta.
Suas filhas e as filhas de seus filhos. O elemento feminino da família de Jacó fica assim vago, porque, usualmente, as mulheres não eram nomeadas nas genealogias (Gn 37.36).
A Família de Jacó (46.8-27) Este texto tem paralelo em Deuteronômio 10.22, que fala em setenta homens. A tradição arredondou o número de homens a setenta, que alguns estudiosos supõem ser mera aproximação, ao passo que outros pensam em um número simbólico, e não real, de descendentes de Jacó.
“Esta seção, vinda de uma tradição sacerdotal distinta, contém uma lista de descendentes de Jacó, com base no número tradicional de setenta (vs. 27; ver Êx 1.5; Dt 10.22). A maioria dos nomes dos líderes ancestrais de clãs aparece na lista sacerdotal do capítulo vinte e seis de Números… o número setenta inclui José e seus dois filhos, que lhe tinham nascido no Egito, além do próprio Jacó”
Enquanto a exposição prosseguir, irei fazendo comparações com as genealogias de Números e de I Crônicas, que abordam os mesmos indivíduos. O vs. 26 diz que o número daqueles que viajaram ao Egito foi de sessenta e seis. Mas o versículo vinte e sete dá o número setenta, porém, como o grande total, ou seja, incluindo os filhos e netos que já estavam no Egito.
II. Visão panorâmica.
Jacó agora temia deixar a terra de Canaã, a terra de seus pais, que Deus lhes havia prometido, e emigrar com toda a sua família para o Egito. Tinha já cento e trinta anos de idade, era soberano na sua terra, e ir para o Egito significava ir para uma terra desconhecida, governada por um poderoso Faraó. No entanto esta parecia ser a decisão certa, e ele partiu para lá, levando consigo tudo o que possuía.
Ao passar por Berseba (capítulos 21:33-22:1,19; 26:33; 28:10), 0 último lugar antes de sair de Canaã ele parou para oferecer sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque.
Deus novamente apareceu a ele em visões de noite, aprovando sua ida ao Egito, e informando-o que lá faria dele uma grande nação (Êxodo 1:7). Em sua onisciência, Deus iria colocar Jacó e sua descendência em uma terra fértil, onde ficariam isolados por quatro séculos dos povos idólatras que os rodeavam, protegidos pelos Faraós egípcios.
Deus prometeu acompanhá-lo ao Egito, e a fazê-lo tornar a subir: promessa cumprida aos seus descendentes após os quatro séculos. Deus prometeu que Jacó morreria na presença do seu filho José, e isso também se cumpriu, sendo o seu corpo levado de volta para Canaã e sepultado ali.
Confortado e agora certo de que ele estava fazendo a vontade de Deus, Jacó prosseguiu em sua viagem, usando os carros que Faraó lhe enviara.
Assim como Jacó passou sua vida em três localidades, podemos dizer que cada localidade representa um nível espiritual de sua vida:
Harã: Jacó chegou ali com as mãos vazias, fugido de sua casa paterna. Era o homem de Deus andando segundo seu próprio entendimento, fugindo das conseqüências dos seus erros. Ele saiu de lá fugindo do seu sogro, e temeroso de encontrar seu irmão Esaú.
Canaã: Ele lutou ao entrar, mas era o homem de Deus lutando com suas próprias forças. O SENHOR o feriu fisicamente, e ele teve que enfrentar desgostos com a maldade de seus filhos.
Egito: desta vez ele não estava mais fugindo por causa dos seus erros, nem andando confiante em suas forças, mas era o homem de Deus andando pela fé. Ele deixou sua terra e levou tudo o que tinha para uma terra estranha porque esse era o plano de Deus, e Deus estava com ele.
São fases da vida cristã pelas quais muitos de nós passamos: houve aquele tempo em que conhecemos o Evangelho de Cristo, e nos voltamos para ele. Seguiu-se um período de luta em que pensávamos que podíamos vencer na vida usando nossas próprias forças, que talvez durou por muitos anos. Depois chegou o tempo em que realmente crescemos na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo e começamos a andar pela fé.
Jacó levou ao Egito toda a sua descendência, bem como seu gado e os bens adquiridos na terra de Canaã. Em seguida encontramos uma relação dos filhos e netos que vieram com ele, importante para os judeus porque indicam as origens de suas tribos, e também para nós porque encontramos a genealogia que nos leva a Jesus Cristo, e é seguida através do resto da Bíblia.
Temos neste trecho a relação de 70 descendentes de Jacó, compreendendo 12 filhos, 1 filha, 53 netos, 4 bisnetos, bem como de suas 10 noras, que não eram descendentes (em Atos 7:14 aparece Azenate).
Como eles não conheciam a terra (e não tinham um mapa), para ter certeza de que estavam indo ao lugar certo, Jacó mandou Judá ir se informar com José sobre como chegar ali. Um grande rebanho de ovelhas, vacas, cabras e camelos não podia ficar errando pelo caminho!
Afinal chegaram, sem maiores problemas ao que parece, à terra de Gósen que José lhes havia indicado. Naquele tempo era uma planície muito fértil, a melhor parte da terra (Gn 47:6,11), a leste do rio Nilo, onde o Faraó mantinha o seu gado (capítulo 47:6). O Faraó Ramessés construiu ali sua cidade, com o seu nome, sendo a região por isso chamada de terra de Ramessés no tempo de Moisés (Gn 47:11).
José foi em seu carro magnífico encontrar-se com seu pai, e houve então um encontro muito emocional entre eles. Jacó declarou-se agora plenamente satisfeito, nada mais precisando desta vida.
José disse depois a todos eles que ia avistar-se com o Faraó para anunciar a chegada da sua família, com todos os seus haveres. O Faraó havia dito que deixassem tudo para trás que ele lhes daria tudo que precisassem. Ao contar-lhe que haviam trazido todos os seus bens (e eram muitos) José far-lhe-ia ver que não eram pobres refugiados que ficariam dependentes do seu sustento: só precisavam de pastagens, pois eram pastores e boiadeiros.
Se realmente este Faraó era descendente de nômades semitas, como muitos pensam, ele teria simpatia para com a família de Jacó. Os egípcios, porém, abominavam os pastores de rebanho, e ficariam muito contentes em vê-los longe de suas cidades, em uma área afastada como a terra de Gósen. Por isso José disse a seus irmãos que, quando Faraó falasse com eles, eles deixassem claro que sempre foram homens de gado, como seus antecessores
.
III. O cálculo do número de pessoas que foram ao Egito.
Filhos e netos de Lia (vs. 15) 33
Filhos e netos de Zilpa (vs. 18) 16
Filhos e netos de Raquel (vs. 22) 14
Filhos e netos de Bila (vs. 25) 07
Dina, uma filha de Jacó 01
total 71 pessoas
Er e Onã morreram em Canaã (vs. 12)
José e dois filhos já estavam no Egito
(vs. 20); portanto -5
Aqueles que migraram para o Egito,
na companhia de Jacó (vs. 26) 66
Os que já estavam no Egito 04
Grande total (vs. 27) 70
Esse total de setenta pessoas era o núcleo da nação de Israel que se desenvolveu no Egito. O trecho de Atos 7.14 dá o número de 75 pessoas. As tradições e os números variam um pouco. A Septuaginta também fala em setenta e cinco pessoas, pelo que sabemos que Estêvão (Atos 7.14) seguiu a Septuaginta, e não o texto hebraico massorético.
Jacó vai ao Egito se encontrar com José Gn 46.1-6
11.1 A mensagem de José para Jacó Gn 45.9, a provisão de tudo que precisa
11.2 A decisão de Jacó, seu reavivamento, oferta de Jaçó
11.3 Jacó desce ao Egito, Deus promete o guardar e levantar a descendência
Quantos eram na família de Jacó quando vieram para o Egito?
70 - Gn 46:27, Ex 1:5
75 - At 7:14
Textos
Foram 70:
Gn 46:27 - E os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram ao Egito, foram setenta.
Ex 1:5 - Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas; José, porém, estava no Egito.
Foram 75:
At 7:14 - E José mandou chamar a Jacó, seu pai, e a toda sua parentela, que era de setenta e cinco almas.
Complemento da DC
Quantos afinal vieram da família de Jacó ao Egito: 66 (Gn 46:26), 70 (vs.27) ou 75 (Septuaginta)?
* A Septuaginta (LXX) diz 75 pessoas.
* O texto Massorético diz 70.
* Em atos, Estevão usa a Septuaginta que era versão grega e afirma 75 pessoas.
Porque as duas versões se "contrariam"? Elas estão realmente se "contradizendo"?
Descontradizendo
Contando:
01.Rubem (filho);
02.Enoque (neto);
03.Palu (neto);
04.Hezrom (neto);
05.Carmi (neto);
06.Simeão (filho);
07.Jemuel (neto);
08.Jamim (neto);
09.Oade (neto);
10.Jaquim (neto);
11.Zoar (neto);
12.Saul (neto);
13.Levi (filho);
14.Gérson (neto);
15.Coate (neto);
16.Merari (neto);
17.Judá (filho);
18.Er (neto)- morto em Canaã;
19.Onã (neto)- morto em Canaã;
20.Selá (neto);
21.Perez (neto);
22.Zera (neto);
23.Hezrom (bisneto);
24.Hamul (bisneto);
25.Issacar (filho);
26.Tola (neto);
27.Puva (neto);
28.Jó (neto);
29.Sinrom (neto);
30.Zebulom (filho);
31.Serede (neto);
32.Elom (neto);
33.Jaleel (neto);
34. Gade (filho);
35. Zifiom (neto);
36. Hagi (neto);
37. Suni (neto);
38. Esbom (neto);
39. Eri (neto);
40. Arodi (neto);
41. Areli (neto);
42. Aser (filho);
43. Imna (neto);
44. Isvá (neto);
45. Isvi (neto);
46. Berias (neto);
47. Será (neto); - irmã deles.
48. Héber (bisneto);
49. Malquiel (bisneto);
50. Benjamim (filho);
51. Bela (neto);
52. Béquer (neto);
53. Asbel (neto);
54. Gera (neto);
55. Naamã (neto ou bisneto);
56. Eí (neto);
57. Rôs (neto);
58. Mupim (neto);
59. Hupim (neto);
60. Arde (neto ou bisneto);
61. Dã (filho);
62. Husim (neto);
63. Naftali (neto);
64. Jazeel (neto);
65. Guni (neto);
66. Jezer (neto);
67. Silém (neto)
68. Diná (filha)
Total = 68 – 02 que morreram = 66 que vieram para o Egito.
Gn 46:26 diz: "Todos os que foram para o Egito (Er e Onã morreram em Canaã) com Jacó, todos os seus descendentes, sem contar as mulheres de seus filhos (Diná era filha e não nora), totalizaram sessenta e seis pessoas".
Por que 70 no vs.27?
vs.27 diz: "Com mais os dois filhos que nasceram a José no Egito, os membros da família de Jacó que foram para o Egito chegaram a setenta".
Continuando a contagem:
66. +
67. Manassés (filho de José no Egito)- conforme vs.27 na NVI;
68. Efraim (filho de José no Egito) - conforme vs.27 na NVI;
69. José (porque se contaram os filhos que lhe nasceram, logicamente se deve contar José também. Pois afinal, ele veio para o Egito e não nasceu no Egito).
70. O próprio Jacó (vs.27 diz: “Todas as pessoas que vieram da casa de Jacó (não contando as esposas, apenas os filhos e as filhas – agora sim o plural pode ser corretamente usado), foram setenta (incluindo Jacó, pois o texto diz da casa e não o exclui da contagem). Jacó também era da casa.
Por que a Septuaginta (LXX) diz 75 pessoas?
Em Gn 46:27, aparece na Septuaginta que José teve nove filhos.
Então o número total seria de 77 pessoas e não de 75.
A razão é que na Septuaginta (LXX), José e Jacó não foram contados, totalizando 75 pessoas.
Como já disse em outros tópicos, a versão mais usada pelos apóstolos e discípulos no NT foi a LXX e não o texto Massorético. Por isso, Estevão disse 75, tendo em mente a tradução da LXX.
Provavelmente o texto massorético deve ter citado apenas os filhos mais importantes para a historicidade de Jacó. Pois Manassés e Efraim foram considerados por Jacó como filhos legítimos e não apenas netos conforme o vs.5 de Gn 48.
O que Gn 48:5 está dizendo é que Jacó abençoou e tomou como filhos apenas os filhos que nasceram antes dele vir para o Egito. O que deixa entrelinhado que outros filhos de José poderiam ter nascido depois disso no Egito.
Já a LXX acrescentou ao texto todos os filhos que nasceram a José no Egito.
Fonte: http://www.dc.golgota.org
IV. Os nove períodos da história de Israel
Muitas nações do mundo se preocupam com Israel porque ela é o centro da história bíblica. Didaticamente a história de Israel pode ser dividida em nove períodos dentro da Bíblia Sagrada.
1. Patriarcal
Existe um período chamado de Patriarcal, que se inicia em Abraão chegando até ao ano da morte de José, passando por Canaã ao Egito. Segundo os historiadores e arqueólogos estas datas chamadas de cronologia aceita que compreende o período de 1921-1635 a.C.
Segundo o relato bíblico, estando em Abrão em Ur dos Caldeus, o próprio Deus o chama para fundar uma nação, que mais tarde seria chamado de o povo escolhido ou o povo eleito, já planejando o SENHOR a redenção da humanidade.
Cumprindo a ordem de Deus, Abrão, posteriormente chamado Abraão, sai da terra de sua parentela em direção à terra que Deus lhe mostraria. O livro de Gênesis narra a obediência irrestrita de Abraão e seguindo a promessa que lhe fora feita pelo SENHOR: “far-te-ei uma grande nação e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome e tu serás uma benção”. (Gn 12.2)
Abraão conheceu o que o mundo tinha de grande em seus dias.
A história dos patriarcas passa por Isaque e Jacó, chegando até José e sua triunfante vitória após anos de servidão. De rejeitado por seus irmãos, por motivo de ciúmes, até a assunção do cargo de governador do Egito.
Abrange o tempo da escravidão no Egito. Estritamente falando, a estada de Israel no Egito inicia-se com a ida dos irmãos de José para comprarem mantimento (Gn 42). O período acha-se descrito nos primeiros 12 capítulos do livro de Êxodo.
2. Israel no Egito
Este período vai desde a morte de José a saída de Israel do Egito, também conhecido como Êxodo, que é também o nome do segundo livro escrito por Moisés. Isto faz parte da profecia que o SENHOR revelou a Abraão em Gn 15.13: “Saibas, decerto, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua; e servi-lo-á e afligi-la-ão quatrocentos anos”.
Para conservação da vida do povo escolhido, Deus fez uma grande obra na vida de José, elevando-o a uma posição honrosa, dando-lhe a maior autoridade da maior potencia do mundo conhecido daquela época.
Vemos que também isto fez com que a promessa feita a Abraão de conquistar a terra que Ele lhe mostraria, ficasse aguardando.
Depois da morte de José, provavelmente num período de 60 anos, “levantou-se um novo rei sobre o Egito que não conhecera a José”. (Ex 1.8)
Começou um período de grande aflição e perseguição, sendo os israelitas escravizados cerca de 430 anos, conforme a profecia em Gn 15.13.
Por volta de quarenta anos antes do êxodo, surge no cenário a figura de Moisés. Foi criado no palácio de Faraó após grande livramento operado por Deus. Recebeu formação superior, sendo criado como príncipe no Egito. Segundo comentários, Moisés durante quarenta aprendeu a ser rei. Depois passou mais quarenta descobrindo que não era nada, para depois ser usado por Deus durante quarenta anos.
Foi um grande legislador e governador. Depois de chamado por Deus em meio a uma sarça ardente, foi mandado apresentar-se a faraó para libertar o povo israelita.
3. Israel no deserto
Compreendido entre o Êxodo até o último acampamento de Israel em Sitim, nas planícies de Moabe (1491 – 1451 a. C.)
A opressão tomara conta dos israelitas e estes começaram a clamar por sua libertação. “E disse o SENHOR: Tenho visto a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores”. (Ex 3.7)
Então disse o SENHOR a Moisés: “e agora, eis que o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo do Egito”. (Ex 3.9,10)
Flávio Josefo, historiador judeu, conta que:
Moisés, certo do auxílio de Deus e do poder que Ele lhe dava para fazer milagres todas as vezes que julgasse necessário, concebeu grande esperança de libertar os hebreus e humilhar os egípcios. Soube nesse mesmo tempo da morte de Faraó, sob cujo reinado ele fugira do Egito. E assim, rogou a Reuel, seu sogro, que lhe permitisse voltar para lá, para o bem de sua nação. E não teve dificuldade em obter o consentimento.
Arão, seu irmão, veio, por ordem de Deus, encontrá-lo na fronteira do Egito, e Moisés narrou-lhe tudo o que acontecera no monte e as ordens que de Deus recebera. Os principais israelitas vieram também ter com ele e, para obrigá-los a crer em suas palavras, fez na presença deles, pelo poder que havia recebido, vários prodígios. O espanto que deles se apoderou certificou-os da verdade, e começaram a esperar tudo do auxílio de Deus. (JOSEFO, 2007, p. 145)
Quem era o governante egípcio no tempo do Êxodo?
Segundo Halley, existe duas explicações ou teses sobre quem era esse famoso governante: Amenotepe II (1450-1420 a.C.) ou Mer-neptá (1238-1229 a.C.).
Se o Êxodo ocorreu sob Amenotepe II, então Totmés III foi o grande opressor de Israel, cuja irmã criou Moisés. Essa irmã seria a famosa Rainha Hatchepsute. Como se ajustam maravilhosamente os fatos do seu reinado com a história bíblica! Ela se interessou pelas minas do Sinai e restaurou o templo em Serabite, obras que Moisés pode ter superintendido, tendo assim oportunidade de se familiarizar com a região do Sinai. E há mais: quando Moisés nasceu, Totmés III seria criança, e Hatchepsute regente; morrendo ela, recrudesceu a opressão contra Israel; deu-se a fuga de Moisés. Aliás, ainda teríamos aí a explicação, em parte, do prestígio de Moisés no Egito.
Se o Êxodo ocorreu sob Merneptá, então Ramsés II foi o grande opressor de Israel, cuja filha criou Moisés.
Assim, Moisés foi criado ou sob o governo de Totmés III, ou de Ramsés II, figurando ambos entre os mais famosos reis do Egito.
E Moisés levou Israel para fora do Egito, ou sob Amenotepe II, ou sob Merneptá.
Após a morte dos primogênitos egípcios, tanto Faraó como o povo em geral estavam dispostos a deixar os israelitas saírem do Egito. E saíram mesmo, levando grandes riquezas. Na caminhada até a terra prometida, Deus operou sinais, prodígios e maravilhas na presença do povo. Uma nuvem os cobria, amenizando as altas temperaturas no deserto e os guiava durante o dia. A noite uma coluna de fogo os aquecia e os conduzia, de modo que podiam andar de dia e de noite.
A travessia do mar Vermelho mostra o tremendo poder e amor que Deus tinha por seu povo. Era o SENHOR cumprindo a promessa feita a Abraão. (Gn 15.14)
Foi durante a permanência de Israel no deserto que a Lei foi dada através de Moisés. Começava a organização política e social de um povo, surgindo uma nação.
As imoralidades e culto aos demônios realizados pelas nações vizinhas fizeram que o SENHOR providenciasse medidas preventivas de modo a manter a santidade de seu povo para pudesse estar junto deles.
Mas o coração duro do povo, que constantemente murmurava dos atos de Deus, e o desejo de voltar à escravidão no Egito, fizeram com o SENHOR se aborrece com eles a ponto de desejar extermina-los, mas Moisés intercedeu e Deus aplacou a sua fúria.
O pecado era tremendo a ponto de fazer um bezerro de ouro para adorá-lo, pois aguardaram Moisés descer do Monte Horebe, onde fora receber as leis de Deus. Como demorou o povo achando que havia morrido, construíram a imagem.
Por isso, peregrinaram quarenta anos no deserto, até morresse toda aquela geração.
Dos que saíram do Egito, somente Josué e Calebe entraram na terra prometida, porque foram fiéis e creram na promessa de Deus.
4. A conquista de Canaã
Este período, compreendido de 7 anos, se passa aproximadamente entre 1451-1444 a. C. Depois da morte de Moisés, Josué assume a responsabilidade de entrar com o povo na terra prometida, terra que mana leite e mel.
O livro de Josué descreve Israel já na sua própria terra. A promessa de Deus a Abraão fora cumprida.
O tabernáculo já havia sido construído por Moisés, agora o povo tinha ordem de avançar e destruir os povos vizinhos. Disse o SENHOR: “todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés”. (Js 1.3) Mas o povo foi fraco e complacente, tornaram-se impotentes para conquistar toda a terra prometida. A terra tinha sido prometida, mas era preciso ser conquistada palmo a palmo.
É neste período que temos a conquista de Jericó, a divisão da terra entre os israelitas e a batalha em que o sol parou.
No livro de Josué capítulo 11.11 está escrito que Josué “queimou com fogo a (cidade) Hazor”. Um arqueólogo chamado Garstang “encontrou as cinzas desse incêndio, com evidência pelo estudo da cerâmica de que isso ocorreu cerca de 1400 a.C.”.
O livro de Josué vai até o ano da sua morte: 1425 a.C., cobrindo, assim, um período de 23 anos.
5. Os Juízes
Compreendido entre 1425-1095 a.C., com mais de 300 anos (Jz 11.26). Este período vai da morte de Josué ao fim do governo de Samuel. Compreende os livros de: Juizes, Rute e l Samuel capítulos 1-9. Foi um tempo de apostasia em Israel.
A forma de governo era teocrática, mas os costumes das nações em derredor que Deus mandara destruir (o que não foi obedecido) começaram a influenciar o modo de vida dos israelitas, principalmente os costumes dos cananeus. Isto trouxe sérios problemas para os filhos de Jacó, devido a proximidade com nações ímpias, porque paulatinamente começaram a concordar com a idolatria daquele povo.
O Período dos Juízes, onde centro religioso nacional ficou em Silo, foi marcado por anarquia, guerra civil, idolatria, invasões estrangeiras e opressões. O livro de Juízes termina afirmando laconicamente que "cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos" (Jz 21.25). Samuel, que era juiz, sacerdote e profeta (l Sm 3.20; 7.9,15) foi o maior líder espiritual desse período. Destaca-se também a atuação de uma mulher como juíza, Débora (Jz 4.4). Para uma sociedade totalmente patriarcal, isso merece ênfase.
Foi neste período que o povo rejeitou a Deus e pediu um rei como o costume das nações da terra. Samuel que foi o último juiz de Israel se entristeceu muito, mas O SENHOR o confortou dizendo que na verdade o povo não o estava rejeitando e sim a Mim, seu próprio Deus.
6. A Monarquia
Compreendido entre 1095-975 a.C., somando um total de 120 anos. Reinados de Saul, Davi e Salomão. É o período áureo e esplendoroso de Israel. Deus fez aliança com Davi, declarando-lhe que jamais lhe faltaria descendente sobre o trono de Israel (2 Sm 7.16), o que se cumpriu no Senhor Jesus Cristo.
Destaques deste período: conquista de Jerusalém por Davi, aumento da área geográfica de Israel através de Davi e Salomão, que nem assim atingiu a área de terra prometida por Deus a Abraão e a construção do Templo, por Salomão. Em 1 Rs 6.7 cita que o Templo foi construído sem se ouvir qualquer barulho.
Entre a saída dos israelitas do Egito até o reinado de Salomão temos um intervalo de 480 anos (l Rs 6.1).
O interessante é que apesar da história estar registrada na Bíblia, muitos céticos acreditam que não houve um rei Davi em Israel, afirmando que isto não passa de um mito, mas Price em seu livro “Arqueologia Bíblica” nos dá uma outra visão:
A despeito das escavações que revelaram uma presença israelita estabelecida na Terra Santa perto da época de Davi — e que até descobriram estruturas na Cidade de Davi relacionadas aos seus dias —, os críticos continuaram a sustentar firmemente o mito Davi, porque nenhuma menção específica a Davi chegara a aparecer em tais escavações. Entretanto, estes críticos foram forçados a reconsiderar suas opiniões com base em novas evidências descobertas em 1993. O desafio para estes revisionistas surgiu através da inscrição num monumento (estela) de quase 3.000 anos, escrito em basalto preto por um dos inimigos estrangeiros de Israel. Descoberto no sítio de Tel Dã, norte de Israel, esta inscrição surpreendente traz as palavras "Casa de Davi".
O arqueólogo que fez esta descoberta é o professor Avraham Biran, diretor da Faculdade de Arqueologia Bíblica Nelson Glueck, da Hebrew Union College. A estela da Casa de Davi coroou 27 anos de descobertas arqueológicas em Tel Dá, o sítio no norte de Israel onde a estela foi encontrada. Quando recentemente visitei o professor Biran em seu escritório no Instituto Judaico de Religião em Jerusalém, visitamos o Museu Skirball (localizado adjacente ao seu escritório), onde muitas de suas descobertas em Tel Dã estão armazenadas. Segurando uma réplica da estela da Casa de Davi, hoje acrescida de novas peças desenterradas em 1994, ele comentou sobre seu conteúdo e contribuição para a história bíblica: ‘Neste fragmento, um rei de Damasco, Ben-Hadade, é manifestamente vitorioso. Ele matou alguém e levou prisioneiros e cavaleiros. Mas o que foi realmente tremendo foi descobrir que ele derrotou um "rei de Israel da Casa de Davi!" Então aqui temos a menção da "Casa de Davi" numa inscrição araméia datada [...] aproximadamente 150 anos depois dos dias do rei Davi’.
7. O Reino dividido
Compreendo entre os anos de 975-606 a.C., com mais de 300 anos. O reino unido durou 120 anos. Depois da morte de Salomão, dividiu-se o reino, sendo que as dez tribos do norte formaram um reino chamado Israel, que tiveram como capital Samaria, e as tribos de Judá e Benjamin formaram o reino do sul, chamado Judá, que tiveram como capital Jerusalém.
O reino do norte durou pouco mais de 200 anos e foi destruído pela Assíria, em 722 a.C. O reino do sul, durou um pouco mais de 300 anos, foi destruído pela Babilônia, entre 605 e 587 a. C..
Este período foi marcado por apostasia, guerras e violências praticadas em nome da religião pagã. Deus levantou diversos homens que falaram em seu nome, chamados profetas. Pregavam contra a imoralidade, a apostasia e a maldade praticada pelo seu povo. Deus os advertia e ameaçava constante que devido ao pecado, o próprio SENHOR enviaria um castigo. A separação das dez tribos "veio de Deus", como castigo da apostasia de Salomão e como uma lição para Judá.
Após a separação cada reino adotou religiões distintas:
Reino do Norte
Jeroboão, fundador do reino do Norte, adotou para manter separados os dois reinos, o culto do bezerro, a religião do Egito, como religião oficial do reino recém-formado. O culto de Deus identificara-se em Judá com a família de Davi. O bezerro veio a constar como símbolo da independência de Israel. Jeroboão incutiu tão profundamente o culto do bezerro no reino do Norte que não pode ser arrancado daí senão com a queda desse reino.
O culto de Baal, introduzido por Jezabel, prevaleceu por uns 30 anos, mas foi exterminado por Elias, Eliseu e Jeú, nunca mais reaparecendo, embora persistisse, com intermitências, em Judá, até ao cativeiro deste.
Todos os 19 reis do Norte seguiram o culto do bezerro de ouro. Alguns deles serviram também a Baal, porém nenhum tentou alguma vez fazer o povo voltar para Deus.
Reino do Sul
Foi o culto de Deus: posto que a maioria dos reis servisse aos ídolos e andasse nos maus caminhos dos reis de Israel, contudo alguns dos reis de Judá serviram a Deus e por vezes houve notáveis reformas no meio desse povo. Entretanto, apesar dos repetidos e enérgicos avisos dos profetas, Judá acabou por abismar-se nas práticas horríveis do culto a Baal e de outras religiões dos cananeus, até que não houve mais remédio.
8. O cativeiro e a restauração
Israel foi levado cativo pela Assíria em 722 a. C. Oséias, 732-723 a.C., último rei de Israel. Reinou 9 anos. Pagou tributo ao rei da Assíria, porém fez uma aliança secreta com o rei do Egito. Vieram então os assírios e aplicaram o último golpe de morte ao reino do Norte. Samaria caiu e seu povo acompanhou o resto de Israel ao cativeiro. Os profetas da época foram Oséias, Isaías e Miquéias. O reino do Norte durara cerca de 200 anos. Cada um dos seus 19 reis andou nos pecados de Jeroboão, seu fundador. Deus enviara profeta após profeta, e castigo após castigo, num esforço para fazer a nação voltar dos seus pecados. Tudo, porém, debalde. Israel aderira aos seus ídolos. Não havia remédio; a ira de Deus manifestou-se e removeu Israel de sua terra.
O Cativeiro de Judá foi consumado em quatro etapas:
605 a.C. Nabucodonosor subjugou Jeoaquim, levou os tesouros do templo, a descendência real, inclusive Daniel, para Babilônia, 2 Cr 36:6-7; Dn 1:1-3.
597 a.C. Nabucodonosor voltou e levou o restante dos tesouros e o rei Jeoaquim, e 10.000 dos príncipes, oficiais e homens principais, todos cativos à Babilônia, 2 Rs 24:14-16.
587 a.C. Voltaram os babilônios, incendiaram Jerusalém, quebraram seus muros, vazaram os olhos ao rei Zedequias e levaram-no algemado para Babilônia, com 832 cativos, deixando só um resto da classe mais pobre na região, 2 Rs 25:8-12; Jr 52:28-30. O sumário de cativos é menor em Jeremias do que nos livros dos Reis, provavelmente porque inclui só os mais importantes. Os babilônios levaram um ano e meio para subjugar Jerusalém. Cercaram-na no 9.° ano de Zedequias, no 10.° mês e no 10.° dia. A queda se deu no ano 11.°, 4.° mês, 9.° dia. Um mês depois a cidade era incendiada, isto é, no 7.° dia do 5.° mês.
Assim, Nabucodonosor levou 20 anos na destruição de Jerusalém. Podia tê-lo feito no princípio, se tivesse querido. Mas quis somente o tributo. Demais disto Daniel, a quem levou para a Babilônia no princípio dos 20 anos, logo se tornou seu amigo e conselheiro. É possível que exercesse sobre Nabucodonosor uma influência aplacadora; até que a persistência de Judá em fazer aliança com o Egito forçou-o a riscar Jerusalém do mapa.
582 a.C. 5 anos após o incêndio de Jerusalém, vieram os babilônios outra vez e levaram mais 745 cativos, Jr 52:30, mesmo depois que um grupo considerável, inclusive Jeremias, fugira para o Egito, Jr 43. A queda de Jerusalém deu ensejo ao ministério dos três grandes profetas, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
O cativeiro de Judá pela Babilônia fora predito 100 anos antes por Isaías e Miquéias, Is 39:6; Mq 4:10. Agora que se realiza, Jeremias prediz que durará 70 anos, Jr 25:11, 12.
Foi o fim do reino terrestre de Davi, que durara 400 anos. Reviveu, em sentido espiritual, com a vinda de Cristo, para consumar-se na glória quando Ele voltar.
Profecias de futura reunião das 12 tribos: Isaías 49.6; Jeremias 3.18; 50.4; Ezequiel 37.21,22; Oséias 1.11; Zacarias 8.13.
Benefícios derivados do cativeiro:
A idolatria foi abolida de vez.
A lei de Moisés passou a ser respeitada e levada a sério.
O estudo da Lei foi difundido e intensificado mediante as sinagogas surgidas.
Renovação da Esperança Messiânica pelo estudo da Palavra de Deus e avivamento espiritual.
Projeção do sentimento nacionalista. O cativeiro também os ensinou isto (Salmo 137).
Do exposto, Israel foi criado no Egito, destruído pela Assíria e Babilônia, e restaurado pela Pérsia.
9. Período interbíblico
Período de mais de 400 anos, compreendido do profeta Malaquias ao início da Era Cristã, com o advento de Cristo. Malaquias deve ter ministrado de 432 a 430, quando deve ter sido encerrado o Antigo Testamento. Este período está profeticamente descrito em Daniel 11 a 12.4.
O Período Interbíblico inicia com Israel sob o domínio persa. "Interbíblico" quer dizer "entre a Bíblia"; isto por que é um período em branco em que não houve revelação divina escrita. Nenhum profeta se levantou nesse período. O domínio persa prosseguiu por mais quase 100 anos.
Período Pérsico, 430-331 a.C.
Ao encerrar-se o Antigo Testamento, lá pelo ano 430 a.C., a Judéia era uma província da Pérsia. Esta havia sido potência mundial por uns 100 anos. Continuou a sê-la por outros 100 anos, durante os quais não se conhece muito acerca da história judaica. O domínio pérsico, na sua maior parte, foi brando e tolerante, gozando os judeus de considerável liberdade.
Período Grego, 331-167 a.C.
Até esse tempo as grandes potências do mundo tinham estado na Ásia e na África. Mas, assomando agourentamente do horizonte ocidental, via-se o poder crescente da Grécia. Os começos da história dos gregos estão envoltos em mito. Julga-se ter começado lá pelo Século 12 a.C., época dos juizes de Israel. Veio depois a guerra de Tróia, e Homero, cerca de 1000 a.C., tempo de Davi e Salomão. O início da autêntica história grega conta-se comumente a partir da primeira olimpíada, 776 a.C. Ocorreu depois a formação dos estados helênicos, 776-500 a.C. Seguiram-se as guerras Pérsicas, 500-331 a.C. E as famosas batalhas: Maratona, 490 a.C.; Termópilas e Sala-mina, 480 a.C. Veio depois a brilhante era de Péricles, 465-429 a.C., e Sócrates, 469-399, contemporâneo de Esdras e Neemias.
Alexandre Magno, 336 a.C., com a idade de 20 anos assumiu o comando do exército grego e, à maneira de meteoro, investiu para o Oriente, sobre as terras que estiveram sob o domínio do Egito, Assíria, Babilônia e Pérsia. Em 331 a.C. o mundo inteiro jazia aos seus pés. Invadindo a Palestina em 332 a.C., mostrou muita consideração pelos judeus, poupando Jerusalém e oferecendo-lhes imunidades para se estabelecerem em Alexandria. Fundou cidades gregas por todos os seus domínios a elas levou a cultura e a língua do seu povo. Após breve reinado faleceu, em 323 a.C.
Morrendo Alexandre, seu império passou a quatro dos seus generais; as duas secções orientais, Síria e Egito, couberam a Seleuco e a Ptolomeu, respectivamente. A Palestina, que ficava entre a Síria e o Egito, pertenceu primeiro àquela, mas logo passou para este, 301 a.C. e permaneceu sob o controle do Egito uns 100 anos, até 198 a.C.
Sob os reis do Egito, chamados "Ptolomeus", a condição dos judeus foi sobretudo pacífica e feliz. Os que estavam no Egito construíam sinagogas em todas as partes onde se estabeleciam. Alexandria veio a ser um centro influente do judaísmo.
Antíoco, o Grande, reconquistou a Palestina, 198 a.C., que voltou para os reis da Síria, chamados "Selêucidas".
Antíoco Epifânio, 175-163 a.C., foi violentamente rancoroso com os judeus; fez um esforço titânico e decidido por exterminá-los e à sua religião. Devastou Jerusalém, 168 a.C., profanou o Templo, em cujo altar ofereceu uma porca, erigiu um altar a Júpiter, proibiu o culto no Templo, impediu a circuncisão sob pena de morte, destruiu todas as cópias das Escrituras que foram encontradas, matando a todos quantos foram achados de posse das mesmas, vendeu milhares de famílias judias para o cativeiro, e recorreu a toda espécie imaginável de tortura para forçar os judeus a renunciar sua religião. Isso deu ocasião à revolta dos Macabeus, uma das mais heróicas façanhas da história.
Período da Independência, 167-63 a.C.
Também chamado período Macabeu ou Hasmoneano. Matatias, sacerdote, de intenso patriotismo e imensa coragem, furioso com a tentativa de Antíoco Epifânio de destruir os judeus e sua religião, reuniu um bando de leais compatriotas e desfraldou a bandeira da revolta. Tinha cinco filhos heróis e guerreiros: Judas, Jônatas, Simão, João e Eleazar. Matatias faleceu em 166 a.C. Seu manto caiu sobre o filho Judas, guerreiro de admirável gênio militar. Ganhou batalha após batalha em condições de inferioridade incríveis e impossíveis. Reconquistou Jerusalém, 165 a.C., purificou e reedificou o Templo. Foi esta a origem da Festa da Dedicação. Judas uniu em si a autoridade sacerdotal e a civil, e assim estabeleceu a linhagem dos sacerdotes-governadores hasmoneanos, que pelos seguintes 100 anos governaram uma Judéia independente. Foram: Matatias, 167-166 a.C.; Judas, 166-161; Jônatas, 161-143; Simão, 143-135; João Hircano I, 135-104, filho de Jônatas. Aristóbulo e filhos, 104-63, indignos do nome dos Macabeus.
Período Romano, 63 a.C. ao tempo de Cristo.
No ano 63 a.C. a Palestina foi conquistada pelos romanos sob as ordens de Pompeu. Antipator, idumeu (edomita, descendente de Esaú) foi designado governador da Judéia. Sucedeu-lhe seu filho Herodes, o Grande, que foi rei da Judéia, 37-4 a.C. Herodes, para obter o favor dos judeus, reedificou o Templo com grande esplendor. Mas era brutal e cruel. Foi este o Herodes que governava Judá quando Jesus nasceu, e que trucidou os meninos de Belém.
Surgiram também na fase acima as seguintes seitas religiosas:
a) Os Fariseus. ("separados"). Inicialmente, primavam pela pureza religiosa. Seu objetivo era conservar viva e ativa a fé em Jeová. Depois, tornaram-se secos, ritualistas e hipócritas, como Jesus os classificou. Eram nacionalistas.
b) Os Saduceus. ("justos"). Eram os aristocratas da época, adeptos do que chamamos hoje racionalismo (At 5.17; 23.8). Eram helenistas, isto é, partidários dos gregos, dos seus sistemas, etc.
c) Os Essênios eram uma ordem monástica, verdadeira irmandade. Praticavam o ascetismo. Viviam nas vizinhanças do mar Morto. A raiz, da qual deriva a palavra "essênio", significa "piedoso". Pareciam uma seita oriental com mistura de judaísmo. Até hoje não está plenamente esclarecida a origem dos essênios.
Referências bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal. 1ª Ed, Revista e Corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
GILBERTO, Antônio. A Bíblia através dos séculos. 3ª ed, Rio de Janeiro: CPAD, 1994.
V. O relato da história sobre a migração para o Egito
O relato Bíblico da chegada de Jacó e sua família no Egito 1878 a.C .(2.238 a.M)
“Estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com Jacó; cada um entrou com sua casa: Rúben, Simeão, Levi e Judá; Issacar, Zebulom e Benjamim; Dã, Naftali, Gade e Aser. Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas; José, porém, estava no Egito.” (Êx 1.1-5)
Esta é a saga da família de Jacó em sua jornada da terra de Canaã para o Egito narrada na Bíblia Sagrada. A terra de Canaã estava sendo assolada por terrível seca que poria em risco a sobrevivência da família de Jacó, havia ainda o fato de Canaã ser uma terra habitada por povos altamente pagãos e envolvidos em conflitos e guerras intermináveis. Toda esta problemática poderia ser nefasta para o futuro da nova nação. José estava no Egito e por mão de Deus, após anos de sofrimento e prova, havia se tornado o primeiro ministro de Faraó. José pede para seu pai vir para o Egito com toda a família e assim Jacó sob a direção de Deus, parte de Canaã para o Egito. Todo este fato ocorreu em 1.878 a.C. ou 2.238 AM.
“E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de Canaã e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua semente com ele. Os seus filhos, e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas, e as filhas de seus filhos, e toda a sua semente levou consigo ao Egito.” (Gn 46.6,7)
“E estes são os nomes dos filhos de Israel, que vieram ao Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó...” (Gn 46.8)
“Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para as ovelhas de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te que teus servos habitem na terra de Gósen.” (Gn 47.4)
“E partiu Israel com tudo quanto tinha, e veio a Berseba, e ofereceu sacrifícios ao Deus de Isaque, seu pai. E falou Deus a Israel em visões, de noite, e disse: Jacó! Jacó! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer ao Egito, porque eu te farei ali uma grande nação. E descerei contigo ao Egito e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos.” (Gn 46.1-4) 6 E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de Canaã e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua semente com ele.
Gênesis 47.7 aponta que Jacó levou consigo para o Egito seus filhos, seus netos, suas filhas e suas netas, isto é, todos os seus descendentes, ao todo setenta almas, compreendendo 12 filhos, 1 filha, 53 netos, 4 bisnetos, bem como de suas 10 noras (Apesar de pertencer ao clã, não foram contadas em virtude do costume antigo de se contar os descendentes diretos). A família de Jacó foi morar no melhor da terra do Egito, em uma região chamada de Gosén.
“E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de Canaã e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua semente com ele. Os seus filhos, e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas, e as filhas de seus filhos, e toda a sua semente levou consigo ao Egito.” (Gn 46.6,7)
“E José fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.” (Gn 47.11)
“Assim, habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e frutificaram, e multiplicaram-se muito.” (Gn 47.27)
Após tratarmos sobre a narrativa Bíblica da chegada da família de Jacó no Egito, seria possível levantar evidências arqueológicas que possam corroborar a narrativa Bíblica da chegada da família de Jacó no Egito sua permanência como povo escravizado e o próprio Êxodo? A resposta é sim, é possível, e é a tarefa a qual vamos trabalhar.
Classificando as evidências arqueológicas
Antes de tratarmos sobre as evidências arqueológicas, devemos ter em vista uma metodologia para separarmos achados concretos de especulações, e interpretações arqueológicas certas das incertas ou especulativas.
Por achados concretos devemos entender todas as descobertas arqueológicas validadas cientificamente por estudiosos reconhecidos (arqueólogos ou historiadores) ou entidades reconhecidas, sejam elas museus, universidades ou fundações. Um achado arqueológico somente poderá ser cientificamente concretizado após muitos estudos que comprovem: a relação do achado com o sítio arqueológico, a datação do achado em relação ao sítio arqueológico por meio das camadas de cerâmica ou por carbono 14 e outros métodos investigatórios que visam corroborar e atestar a descoberta.
Vejamos por exemplo a descoberta dos “Manuscritos do Mar Morto”, ocorrida na região de Qumram em 1947, contendo o livro inteiro de Isaias e outras importantes partes do Antigo Testamento. As pesquisas foram inúmeras e por inúmeras instituições . Hoje por unanimidade sabe-se que os achados são cientificamente concretos e valiosos para o entendimento do processo de escrituração e validação do texto do Antigo Testamento.
Todo achado arqueológico concreto deve ser interpretado à luz de seu tempo e do local ou sítio arqueológico onde foi achado ou mesmo reporta-lo ao seu local de origem e entender o motivo do mesmo encontrar-se neste ou naquele sítio arqueológico. Esta é uma tarefa de decifração histórica com base nos fatos diversos. Podemos assim ter um achado arqueológico concreto com uma interpretação histórica certa ou incerta e especulativa. A interpretação histórica especulativa não deve ser entendida como mentirosa ou falaciosa, mas como especulações histórico cientificas em cima do fato descoberto e que certamente levarão em algum momento a uma interpretação certa da história referente ao achado. Podemos visualizar então esta metodologia pelo fluxo de processo a seguir.
Com base na metodologia apresentada, iremos expurgar os achados sem validação cientifica e nos deter com achados arqueológicos cientificamente concretos, apenas definindo de maneira clara se quanto à interpretação histórica o fato é certo ou incerto, carecendo de estudos e pesquisas.
Evidências arqueológicas da chegada de Jacó e sua família no Egito
Ian Shaw é egiptólogo britânico e catedrático de arqueologia egípcia. Seus trabalhos como arqueólogo se centraram principalmente em Amarna (antiga Avaris). É escritor de vários livros, dentre eles “The Oxford History of Ancient Egypt” ou História do Egito Antigo editado pela Universidade de Oxford. Shaw faz importantes declarações sobre a chegada de povos asiáticos no Egito durante o Segundo período intermediário, (1650-1550 a.C.) citando notáveis pesquisadores. Shaw confirma que o segundo período intermediário é definido pela divisão do Egito e sua fragmentação em duas terras indicando claramente o reino de Avaris como capital dos Hicsos. A invasão e tomada do Egito pelos Hicsos e seu reinado a partir da 15ª dinastia é fato histórico e arqueológico bem conhecido. Shaw apresenta ainda importantes relatos da chegada destes povos asiáticos em período anterior ao segundo período intermediário, já na 12ª dinastia, e ao citar a grande atividade de Amenemhat III (1870 – 1831 a.C.), no âmbito da mineração, arquitetura, declara que ao final de seu reino houve uma grande entrada de povos asiáticos o que certamente encorajou a chegada dos Hicsos. Shaw revela que os Egipcios chamaram estes povos asiáticos de Aamu, para denotar em um senso geral os habitantes da Síria e da palestina e que os atuais egiptólogos os denominam de “povos asiáticos”. O termo Hicsos, ou “povos de outras terras”, muito utilizado e que também “generalizou” estes povos, é um termo grego do termo egípcio “hekau khasut”. Shaw afirma que Amenenhat II (1911 – 1877 a.C.) empreendeu pelo menos uma campanha na palestina contra os “Aamu’s ou Povos Asiáticos” e que há evidências de grande número de asiáticos no Egito até este período, muitos prisioneiros de guerra e outros imigrantes, não necessariamente os Hicsos. Ele cita a história Bíblica dos irmãos de José vendendo-o como escravo (Gn 37. 28-36) como uma fonte que sugere outra maneira pelo qual alguns destes imigrantes chegaram. Nícolas Grimal, egiptólogo francês, também confirma que antes mesmo da ascensão plena dos Hicsos ao poder, houve uma infiltração gradual de povos como os: Aamu, Setjetiu e Mentijiu ou Tetjenu. É importante observar que Nícolas Grimal, assim como Ian Shaw demonstram haver uma clara distinção entre vários povos asiáticos que estão chegando no Egito já na 12ª dinastia como os Aamu, Stjetiu e Mentijiu ou Tetjenu dos Hicsos, o que os atuais egiptólogos chamam a todos de “povos asiáticos”, além disto estes fatos colocam a história Bíblica de José e Jacó dentro do mesmo período histórico em que estes povos asiáticos estão imigrando para o Egito.
Gravuras que existem até hoje dando conta da migração do povo de Israel chegando ao Egito.
Quando olhamos este achado arqueológico, devemos perguntar o porque ele tem levantado tanto questionamento e tantos céticos para desmistificar a descoberta? A resposta é que esta descoberta traz mais problemas para os que não creem na Bíblia do que para os que creem que suas histórias são fatos, pois certamente confirma a chegada de um grupo semítico ou asiático, denominado nos hieroglíficos de Aamu em data ligada ao reinado de Senusret II (1877-1870 a.C.). Visto os “Aamu” não serem especificamente os Hicsos como já determinado, as figuras, inscrições e datação colocam também Jacó e sua família no palco historiográfico e arqueológico como sendo os possíveis “Aamu” chegando ao Egito. Devemos lembrar que as figuras representadas possuíam vestimenta característica de Jacó e seu grupo familiar.
“Israel (Jacó) amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.” (Gn 37.3)
Os verdadeiros estudiosos do assunto, mesmo céticos, não podem negar a possibilidade de que as figuras na tumba 3 de Beni Hasan possam representar sim a chegada de Jacó e seu grupo familiar no Egito, seria loucura fazer tal afirmação e é por este motivo que esta descoberta trouxe um “entusiasmado frenesi” para os estudantes da Bíblia.
A questão se aprofunda mais ainda quando nos reportamos ao historiador judeu Flavio Josefo, que no capítulo 5 de seu livro “Antiguidades” referindo-se ao testemunho dos historiadores egípcios e fenícios acerca da nação dos judeus declara:
“O mesmo Manetom, em outro livro, onde trata do que se refere ao Egito, disse que encontrou nos livros que são tidos por sagrados, entre os de sua nação, que chamavam a esse povo de pastores cativos e nisso ele diz a verdade, porque nossos antepassados ocupavam-se da criação de gado e eram chamados de pastores; não há, pois, motivo de admiração de que os egípcios tenham acrescentado a palavra "cativos", pois que José disse ao rei do Egito que ele era escravo e obteve desse soberano a permissão de mandar buscar seus irmãos.”
Flavio Josefo esclarece que Jacó e seu grupo familiar quando imigraram para o Egito foram chamados de “pastores cativos”(o que não era pejorativo conforme informado). A etimologia da palavra hicsos no egipício significa “soberanos estrangeiros”, em árabe “reis pastores” ou “reis cativos”, desta maneira etimológicamente o termo “Aamu” ou genericamente Hicsos “hekau khasut”, sim pode ser aplicado aos Israelitas. Este esclarecimento dado pelo historiador Flávio Josefo gera enorme probabilidade científica de Jacó e seu grupo familiar terem estado no Egito, não somente isto, mas impede a qualquer cético refutar este fato.
Resumo:
Após José se dá a conhecer aos seus irmãos e para resistir aos cinco anos restantes de fome, por ordem de Faraó, José providenciou carroças para os seus irmãos. Eles deveriam voltar a Canaã a fim de buscar Jacó, o restante da família e criados, num total de setenta pessoas, trazendo-os todos para o Egito. Faraó prometeu dar-lhes a melhor terra do Egito. Esta era uma região fértil, chamada Gósen, onde o povo hebreu fixou residência ao longo de quatrocentos e trinta anos.
Os filhos de Jacó voltaram para Canaã e anunciaram ao idoso pai as alegres novas: “José ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito.” Gênesis 45:26. Inicialmente Jacó não quis acreditar, mas vendo os carros que José enviara, convenceu-se e na plenitude de seus 130 anos de idade, exclamou: “Basta, ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra”( Gn 45.28).
Na viagem para o Egito, eles pararam em Berseba, onde o patriarca Jacó ofereceu sacrifícios a Deus. Ali Deus falou com Jacó e fez-lhe uma promessa que se tornaria central na história dos hebreus: “Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não tenhas medo de descer ao Egito, porque lá Eu farei de ti uma grande nação. Eu descerei contigo ao Egito, Eu te farei voltar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos.” Gênesis 46:3 e 4. De acordo com as palavras proferidas por Deus, José havia de ser aquele que fecharia os olhos de Jacó quando este morresse.
Tendo recebido a informação da vinda de seu pai através seu irmão Judá, que fora enviado à frente, José mandou preparar seu carro, e subiu ao encontro de seu pai, em Gósen. O encontro foi emocionante. De acordo com o relato bíblico, José saltou do carro e apressou-se a dar as boas vindas ao pai e “lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo.” Gênesis 46:29. E Jacó disse a José: “Morra eu agora, já que tenho visto o teu rosto, pois que ainda vives.” (Gn 4630).
Em seguida, com cinco dos seus irmãos, José dirigiu-se à presença de Faraó. Devidamente orientados por José, seus irmãos identificaram-se como criadores de gado e pediram para morar na terra de Gósen. Faraó concedeu-lhes este pedido, disponibilizando a eles as melhores terras. Depois de José apresentar seu pai ao Faraó, providenciou um lugar para seu pai e irmãos e deu-lhes a melhor região do país, na terra de Ramsés, em Gósen, como o Faraó havia ordenado (Gn 47.11). A partir daquele momento, Jacó e toda a sua família tornaram-se dependentes de José.
Antes de morrer, Jacó adotou os dois filhos de José: Manassés e Efraim. Foi então que Jacó indicou que o direito de primogenitura seria de José, sendo Manassés e Efraim encarados como iguais aos filhos do próprio Jacó, tornando-os participantes...
Meus amados irmãos em breve nós estaremos de volta com a sequência deste maravilhoso estudo, e desta feita concluindo este segmento com tema: " Jacó abençoa os seus filhos antes da morte".
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