segunda-feira, 18 de julho de 2022

Série: A vida terrena de Jesus. 6ª parte

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com




Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!   


      


I.       Capítulo 1- Resumo da vida terrena de Cristo.

A.      Introdução à vida terrena de Cristo.

B.      A manifestação da vida terrena de Cristo.

C.      A conclusão da vida terrena de Cristo.

II.      Capítulo 2 -A preparação para a manifestação de Jesus.

A.      A necessidade de um Salvador.

B.      Conhecendo o a sociedade judaica nos tempos de Jesus.

C.      Jesus e os grupos político-religiosos de sua época.

III.     Capítulo 3- Jesus dos 12 aos 30 anos.

A.      Os anos “ocultos” de Jesus.

B.      Os anos perdidos de Jesus.

C.      Algumas especulações infundadas.

D.      As evidências bíblicas.

IV.     Capítulo 4- O caráter do Ministério de Jesus.

A.      Jesus, o Templo e a Sinagoga.

B.      Jesus, o Mestre da Justiça.

C.      Jesus e a cobiça dos homens.

D.      Jesus e a implantação do Reino de Deus.

V.       Capítulo5 - O Ministério de Jesus.

A.      O começo do ministério de Jesus na terra.

B.      A humanidade de Jesus Cristo e a sua deidade.

C.      O Ministério de Jesus.

D.      Eu sou Jesus.

VI.      Capítulo 6 - Um resumo das parábolas de Jesus.

 A.      Por Que Jesus Ensinou Por Parábolas?

B.      O público alvo das parábolas.

C.      3. Interpretando uma parábola.

VII.     Capítulo 7- O Senhorio de Jesus Cristo sobre os demônios.

A.      A atuação dos demônios no novo testamento.

B.      O endemoniado gadareno.

C.      Jesus expulsa um demônio de um homem mudo.

VIII.    Capítulo 8 - A Cura Divina no ministério de Jesus Cristo.

A.      A origem e a natureza das enfermidades.

B.      A cura divina como parte da salvação.

C.      Jesus cura os enfermos.

IX.   Capítulo 9 - Os 35 milagres de Jesus.

A.      Os perigos que rondam os milagres

B.      O contraste entre cura e a religiosidade.

C.      O Propósito dos Milagres de Jesus Cristo.

X.     Capítulo 10 - O resumo do Ministério de Jesus.

A.      1º ano do anonimato ou Obscuridade.

B.      2º ano da popularidade.

C.      3º ano da perseguição ou Rejeição.

 

 Capítulo 6- Um resumo das parábolas de Jesus.

 




As parábolas de Jesus são uma das principais ferramentas utilizadas por ele para a comunicação dos mistérios do Reino de Deus.

 

Por meio delas o Senhor Jesus utiliza figuras de linguagem e exemplos do dia-a-dia do povo, para revelar os mistérios do Reino de Deus, de forma que pudesse ser compreendido. Mas iss nem sempre acontecia (Mateus 13.13).

 

"Jesus falou todas estas coisas à multidão por parábolas. Nada lhes dizia sem usar alguma parábola". (Mt 13:34)

 

1. Por Que Jesus Ensinou Por Parábolas?

 

Estudos recentes revelam que os discursos que se utilizam de histórias, exemplos e figuras de linguagens são altamente compreendidos. Além de ser mais rapidamente memorizados eles possuem a capacidade de permanecer por mais tempo na memória dos ouvintes.

Visto que a linguagem do Reino de Deus é elevada, celestial, as parábolas são uma espécie de tradução dessa mensagem. Elas estão relacionadas ao dia-a-dia do povo, possuem aplicação prática e linguagem simples, direta, objetiva.

Portanto, são uma poderosa ferramenta para a comunicação dos mistérios de Deus.

Na sua grande maioria, os ensinamentos de Jesus foram transmitidos através de parábolas, entretanto, as narrativas de Jesus não tinham por objetivo transmitir lições de ordem moral ou comportamental, e nem estabelecer uma filosofia de vida.

Qual o motivo de Jesus fazer uso de parábolas? Era somente uma predileção do Mestre dos mestres? Tem relação com o gosto das pessoas, que preferiam ouvir boas estórias?

Jesus fez uso de parábolas ao ensinar o povo de Israel devido as profecias do Antigo Testamento, que vaticinava que o Cristo ensinaria utilizando especificamente esse recurso.

“Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade.” (Sl 78.2);

 

“Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.” (Mt 13.35).

 

Uma das maneiras que os filhos de Israel dispunham para identificar quem era o Cristo enviado de Deus, era observar qualquer dentre os seus irmãos que anunciasse as palavras de Deus por intermédio de parábolas, e comparar com o que foi predito pelos profetas.

 

Desde que Deus falou ao povo de Israel através do profeta Moisés, ficou evidente que  Deus falava abertamente somente com Moisés, e com o restante do povo, Deus falava através de enigmas.

 

“E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Nm 12.6-8).

 

O motivo de Jesus fazer uso de parábolas é bem claro:

 

“E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.” (Mt 13.12-13).

 

Através da questões apresentadas acima, fica evidente que havia um motivo específico para Jesus fazer uso de parábolas, e não era somente uma questão de predileção de Jesus ou do povo de Israel por parábolas, enigmas e símiles.

 

“Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado.” (Is 6.9-10);

 

“Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar.” (Jo 12.49).

 

 2. O público alvo das parábolas

Após analisar o objetivo das parábolas, e sabendo que, primeiramente, Jesus veio para os seus concidadãos, ou seja, os judeus, mais elemento deve ser considerado ao analisar as parábolas.

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (Jo 1.11).

Quando Jesus comissionou os seus discípulos a evangelizar, foi dada uma ordem para não irem aos gentios, antes aos judeus:

 

“Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;” (Mt 10.6).

 

‘Ovelhas perdidas’ era uma das figuras utilizadas pelos profetas para fazer referência aos judeus dispersos entre os gentios.

 

“Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar do seu repouso.” (Jr 50.6).

 

A linguagem utilizada por Jeremias possui algumas figuras, sendo que ‘ovelhas perdidas’ refere-se aos filhos de Israel, e outeiros e monte refere-se às nações estrangeiras, ou seja, por causa dos líderes de Israel (pastores), o povo de Israel passou a andar de nação para nação por ser levado cativo.

 

Jesus foi bem enfático com relação a esse aspecto do seu ministério, embora vários gentios foram beneficiados:

 

“E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mt 15.24).

 

Outro versículo que demonstra que Jesus tinha por alvo os judeus quando contava parábolas, encontra-se em Marcos:

 

“E ensinava-lhes muitas coisas por parábolas, e lhes dizia na sua doutrina:  E sem parábolas nunca lhes falava; porém, tudo declarava em particular aos seus discípulos.” (Mc 4.2 e 34).

 

O tratamento que Jesus dispensava a multidão era diferente do tratamento dispensado aos discípulos, pois esses recebiam a explicação das parábolas, enquanto aqueles não. Isto significa que Deus não queria salvá-los? Não. Deus queria salvá-los, mas o povo de Israel não se deixava convencer pela palavra.

 

A palavra de Deus anunciada pelos profetas era a bússola que indicava quem era o Cristo, mas o povo queria identificar o Cristo através de sinais e maravilhas. Os falsos cristos que apareceram ao longo da história, sempre se apresentaram abertamente dizendo ser o Cristo. Jesus, por sua vez, não falou abertamente ao povo que era o Cristo, pois para serem salvos tinham que crer nas Escrituras, o testemunho vivo que Deus deu acerca do seu Filho.

 

“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” (Jo 5.39);

 

“Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; porque o testemunho de Deus é este, que de seu Filho testificou. Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibas que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (1 Jo 5.9-13).

 

As parábolas, além de ser um dos parâmetros para se identificar o Cristo, era o modo que o povo poderia compreender acerca das coisas celestiais, pois nem mesmo as terrenas compreendiam.

 

“E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender.” (Mc 4.33);

 

Ao conversar com Nicodemos, Jesus disse: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?” (Jo 3:10), o que demonstra que até os mestres do povo desconheciam as coisas de Deus.

 

3. Interpretando uma parábola

O Novo Testamento possui um grande número de parábolas, conforme a lista que se segue:

 

Sal da terra e luz do mundo (Mateus 5.13-14);

Os dois caminhos (Mateus 7.13-14);

O administrador desonesto (Lucas 16.1-9);

O amigo importuno (Lucas 11.5-8);

As bodas (Mateus 22.1-14);

O bom samaritano (Lucas 10.29-37);

A casa vazia (Mateus 12.43-45);

Duas portas, dois caminhos (Mateus 7.13-14);

Coisas novas e velhas (Mateus 13.51-52);

O construtor de uma torre (Lucas 14.28-30);

O credor incompassivo (Mateus 18.23-35);

O dever dos servos (Lucas 17.7-10);

As dez virgens (Mateus 25.1-13);

Os dois alicerces (Mateus 7.24-27);

Os dois devedores (Lucas 7.40-43);

Os dois filhos (Mateus 21.28-32);

A dracma perdida (Lucas 15.8-10);

O fariseu e o publicano (Lucas 18.9-14);

O fermento (Mateus 13.33);

A figueira (Mateus 24.32-33);

A figueira estéril (Lucas 13.6-9);

O filho pródigo (Lucas 15.11-32);

A grande ceia (Lucas 14.15-24);

Jejum e casamento (Lucas 5.33-35);

O joio (Mateus 13.24-30,36-43);

O juiz iníquo (Lucas 18.1-8);

Os lavradores maus (Mateus 21.33-46);

Os meninos na praça (Mateus 11.16-19);

A ovelha perdida (Lucas 15.3-7);

O pai vigilante (Mateus 24.42-44);

A pedra rejeitada (Mateus 21.42-44);

A pérola de grande valor (Mateus 13.45-46);

Os primeiros lugares (Lucas 14.7-11);

A rede (Mateus 13.47-50);

O rei que vai para a guerra (Lucas 14.31-32);

O remendo com pano novo (Lucas 5.36);

O rico e Lázaro (Lucas 16.19-31);

O rico sem juízo (Lucas 12.16-21);

O semeador (Mateus 13.3-9,18-23);

A semente (Mc 4.26-29);

A semente de mostarda (Mateus 13.31-32);

O servo fiel (Mateus 24.45-51);

Os servos vigilantes (Mc 13.33-37);

Os talentos (Mateus 25.14-30);

O tesouro escondido (Mateus 13.44);

Os trabalhadores da vinha (Mateus 20.1-16);

O vinho e os odres (Lucas 5.37).

Como interpretá-las? O que se deve observar?

 

A primeira observação a ser feita refere-se ao público ao da parábola. Jesus estava falando aos seus discípulos? À multidão? Aos escribas e fariseus?

 

Só é possível compreender a parábola das Cem ovelhas, se analisarmos o público alvo da parábola. Observe:

 

“E CHEGAVAM-SE a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?” (Lc 15.1-4).

 

O discípulo Lucas descreve uma dinâmica a volta de Jesus. Vários cobradores de impostos judeus (publicanos) e pessoas reprováveis aos olhos dos judeus se aproximavam de Jesus interessados em ouvi-Lo, e a uma certa distância estavam os fariseus e escribas observando. O escribas e fariseus censuravam a atitude de Jesus receber e comer com aquelas pessoas consideradas réprobas.

 

Diante da crítica dos escribas e fariseus, Jesus se volta para eles e propõe a seguinte parábola: quem dentre vocês, escribas e fariseus, que tendo cem ovelhas, perde uma delas, não deixa as noventa e nove onde estão (deserto), e não sai atrás da extraviada até acha-la?

 

Ao final, Jesus declara:

 

“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lc 15.7).

O que Jesus evidenciou aos escribas e fariseus? Que os publicanos e pecadores eram a ovelha que se perdeu e o pastor saiu a procura. Como os publicanos e pecadores, diante da mensagem de Jesus, mudavam de concepção em como serem salvos (se arrependiam), havia alegria nos céus, ou seja, se salvavam.

 

Por outro lado, os escribas e fariseus, eram as noventa e nove ovelhas que, diante do pastor, permaneciam na condição que estavam, pois achavam que eram justos por descenderem da carne de Abraão, e que por isso não necessitavam de Cristo.

 

Essa parábola aplica-se a igreja de Cristo? Não! A parábola se aplica ao povo Israel, que por ser descendentes da carne de Abraão, se sentiam seguros, a salvo, como ovelhas juntas em um aprisco.

 

Ora, mas o Cristo foi enviado se não as ovelhas perdidas da casa de Israel, ou seja, aos publicanos e pecadores, e não aqueles que se achavam justos, ou seja, os religiosos.

 

“E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” (Mt 15.24).

 

A parábola das Cem Ovelhas é uma repreensão aos escribas e fariseus que estavam criticando a atitude de Jesus se assentar e comer com pessoas que os religiosos consideravam pecadoras.

 

Mas, o que os cristãos têm a aprender com a parábola das Cem Ovelhas? O que aprender, se a parábola não se aplica a igreja?

 

Ora, como igreja de Cristo, os cristãos são estão sujeitos à repreensão que consta da parábola, mas aprendemos por intermédio da parábola que a igreja de Cristo é constituída de ovelhas perdidas que o pastor encontrou, que sejam judeus ou gentios, enquanto as noventa e nove ovelhas no deserto representam a casa (descendência) de Israel que rejeitou a Cristo.

 

Querem dar outro significado aos elementos que compõe a parábola das Cem Ovelhas que não os elementos apontados por Jesus é torcer a parábola e a mensagem de Jesus. Anunciar que os desviados são a ovelha perdida, como se a igreja de Cristo fosse as noventa e nove ovelhas no deserto, é corromper por completo o ensinamento de Jesus.

 

Há parábolas que se aplicam a igreja? Sim!

 

A parábola do Credor Incompassivo foi contada aos discípulos de Jesus, portanto, se aplica única e exclusivamente a igreja de Cristo.

 

Pelo contexto da parábola, vê-se que Jesus estava instruindo os seus discípulos acerca do dever de perdoarmos as ofensas dos nossos irmãos.

 

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;” (Mt 18.15).

 

Jesus estava tratando de ofensa entre irmãos, ou seja, ofensas entre membros do seu corpo, diferente da parábola do Samaritano Indulgente, que a temática é uma reprimenda de Jesus a um certo doutor da lei, tentando se justificar, perguntou quem era o seu próximo.

 

Depois de ser instruído sobre o dever de perdoar o irmão arrependido, o discípulo Pedro questionou acerca de quantas vezes era necessário perdoar.

 

“Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete. Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;” (Mt 18.21-23).

 

Logo em seguida, Jesus conta a parábola do Credor Incompassivo, cuja máxima é:

 

“Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.” (Mt 18.35).

 

As parábolas encerram em si ensinamentos formidáveis e de valor inestimáveis, porém, se o interprete não observar o contexto da parábola, o público alvo para quem foi contada e se a função da parábola é repreender, ensinar ou estabelecer uma reflexão, não terá valor algum para a salvação do ouvinte. A parábola será tão somente uma estória que o ouvinte atribuirá um valor moralizante, o que não reflete o objetivo real da parábola, que é evidenciar o reino dos céus aos homens.


A palavra parábola vem do grego parabole, que significa pôr as coisas lado a lado. Uma parábola visa esclarecer o ouvinte por meio de histórias simples, facilmente apreensíveis e memorizáveis, de onde se possa extrair uma moral. Isto torna muito mais fácil a compreensão e assimilação da doutrina que se pretende transmitir. Neste período, temos a considerar algumas parábolas proferidas por Jesus e cujos passos mãos significativos vamos de seguida apreciar algumas delas:

 

1. Parábola dos dois devedores (Lc 7:41-43)

 

Está enquadrada dentro de um contexto. De resto, uma característica de Lucas. Esta é uma história simples, retrato imaginário de uma situação real possível. Jesus nunca utiliza um universo do absurdo. Todas as suas parábolas se desenrolam dentro de um universo do possível. As histórias podem relatar casos históricos mas são casos do dia-a-dia, casos de coisas e pessoas com as quais contactamos diariamente. A linguagem utilizada é muito compreensível - fala de dinheiro, dívida e perdão. Uma parábola acerca do perdão e da misericórdia.

 

2. Parábola do rico insensato (Lc 12:16-20)

 

Também enquadrada no seu contexto, Dirigida à multidão. Parábola contra a avareza. Um homem rico que não tinha planos que ultrapassavam o concreto e o imediato. Jesus não condena a riqueza em si, mas a avareza. Não é o dinheiro que é o mal mas o amor ao dinheiro que é a raiz de todos os males. Um apelo ao interior e não ao exterior.

 

3. Parábola da festa nupcial (Lc 12:36-38)

 

Dirigida aos discípulos, no seguimento de doutrina. Parábola sobre a vigilância, prontidão e preparação prévia. Referência à Sua vinda.

 

4. Parábola do mordomo fiel (Lc 12:42-48)

 

Em resposta a Pedro e no seguimento da parábola anterior. Relações servo-senhor. Sobre a vigilância.

 

5. Parábola da figueira (Lc 13:6-9)

 

Parábola com um ambiente campesino. Figueira e frutos. A figueira simboliza Israel (Jeremias 24:3; Oseias 9:10). O proprietário estará figurando Deus. O vinhateiro está tomado pelo Messias. Será uma parábola que pinta a falha de Israel em reagir favoravelmente ao tratamento divino, com a nação e revela o seu julgamento divino.

 

6. Parábola do semeador (Mt 13:1-23; Mc 4:1-20; Lc 8:4-15)

 

Esta é uma parábola bastante conhecida. Foi apresentada à multidão, junto ao mar. A sua explicação foi dada particularmente aos Discípulos. Fala do semeador e de 4 tipos diferentes de terreno. Sobre o resultado da pregação. Sobre o mistério do Reino de Deus. O resultado não nos pertence, mas ao terreno sobre o qual cai a semente lançada pelo semeador (pregador). Até aqui, a multidão era mais atraída pelas Suas curas do que pelos Seus ensinamentos. Agora, Jesus preocupa-se com o ensino e preparação dos Seus discípulos.

 

7. Parábola da candeia (Mc 4:21-25; Lc 8:16-18)

Fala da função da candeia. Vem no seguimento da anterior. Parábola sobre a posição do crente - atitude de testemunhar e brilhar.

 

8. Parábola da semente (Mc 4:26-29)

 

Parábola de ambiente campestre. Relativa ao Reino de Deus. Sobre o crescimento do Reino. Este não vem do semeador, mas da semente e da terra, princípio ativo e vivificador que faz brotar a vida.

 

9. Parábola do trigo e do joio (Mt 13:24-30, 36-43)

 

Parábola sobre o Reino dos Céus. Sobre o crescimento e mistura que nele vamos encontrar. «Pelos seus frutos os conhecereis». A explicação é dada particularmente aos Discípulos em 36-43. Não é o facto de haver palha no meio que impede haver bom fruto.

 

10. Parábola do grão de mostarda

(Mt 13:31-32; Mc 4:30-34; Lc 13:18-19)

 

Vem no seguimento da parábola anterior, com o mesmo ambiente. Sobre o Reino dos Céus. Sobre o crescimento. Antecipa o crescimento e desenvolvimento da Igreja como poder universal. As aves simbolizam o poder do maligno na apostasia. Vide o simbolismo das aves no Velho Testamento: Ez 17:23; 31:5; Sl 104:12; Dn 4:12,21.

 

11. Parábola do fermento

(Mt 13:33-35; Lc 13:20-21)

 

No seguimento da anterior. Sobre o crescimento do Reino de Deus, Note-se que Lucas usa de preferência a expressão «Reino de Deus», enquanto Mateus prefere a de Reino dos Céus.

 

 12. Parábolas do tesouro escondido (Mt 13:44), da pérola (Mt 13:45-46); da rede (Mt 13:47-51)

 

Todas sobre o Reino de Deus e o seu valor (pérola e tesouro escondido), bem como os resultados (rede).

 

 

Destas parábolas, podemos sintetizar dizendo que Jesus utilizou uma linguagem que as pessoas podiam entender. As Suas histórias são sempre histórias possíveis, embora possam ser ficcionadas. O ambiente é o ambiente de todos os dias. A imagística, isto é, as imagens usadas para ilustrar as histórias, é própria de ambiente campestre ou marítimo, conforme a situação geográfica em que Jesus se encontrava. Em todo o caso, própria de uma civilização do tipo da judaica.

 

Muitas delas foram contadas à multidão e explicadas particularmente aos Discípulos, enquanto outras foram exclusivamente aos Apóstolos. O tema versado vai desde a vigilância e atitude de oração e de perdão até às características do Reino de Deus.As parábolas de Jesus são uma das principais ferramentas utilizadas por ele para a comunicação dos mistérios do Reino de Deus.

 

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