Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
As 10 doutrinas da Teologia Sistemática.
Sumário geral
Capítulo 1
Bibliologia — a doutrina das Escrituras
Capítulo 2
Teologia — a doutrina de Deus
Capítulo 3
Cristologia — a doutrina de Cristo
Capítulo 4
Pneumatologia — a doutrina do Espírito Santo
Capítulo 5
Antropologia — a doutrina do homem
Capítulo 6
Capítulo 7
Eclesiologia — a doutrina da Igreja
Capítulo 8
Angelologia — a doutrina dos Anjos
Capítulo 9
Hamartiologia - a doutrina do pecado
Capítulo 10
Escatologia — a doutrina das últimas coisas
Capítulo 8 - Angelologia a Doutrina dos anjos.
Angelologia é o tratado acerca dos anjos; é o estudo, a doutrina sobre os seres angelicais.
O que são os Anjos? O que fazem? Onde habitam? Como são organizados? De que modo agem? Estas perguntas têm sido feitas por diferentes pessoas em diferentes lugares e em diferentes épocas. Essas perguntas, em parte, serão tratadas a seguir, segundo o relato bíblico.
Os anjos foram criados por Deus (Ne 9.6; Cl 1.16). Deus os criou mais elevados do que os homens, em tudo (SI 8.4,5). Criados em inumerável quantidade (Jó 25.3; Dt 33.2; Ap 5.11; Dn 7.10), eles não devem ser adorados (Ap 22.9; 19.10; Cl 2.18) e estão sujeitos ao Senhorio de Cristo (Ef 1.20,21; Fp 2.9-11; Cl 2.10; I Pe 3.22).
Por Seu extraordinário poder, Deus tem à Sua disposição todos os meios para fazer com que as coisas aconteçam, entre os quais se destacam os Seus anjos, comparados pelo salmista a “ventos” e “labaredas de fogo” (SI 104-4). E Deus os tem usado através da história do Seu povo, tanto nos dias bíblicos como nos dias de hoje, com finalidades as mais diversas, para o bem do Seu povo. Os anjos são Seus agentes, não apenas com o propósito de abençoar os Seus amados, mas também de castigar os inimigos do Seu povo.
Na consumação dos séculos, os anjos terão papel decisivo nos eventos finais. Os anjos bons se manifestarão na glória com Cristo (Mt 16.27), cooperarão na ressurreição dos mortos (l Ts 4.16), no ajuntamento dos escolhidos, na ceifa final, no julgamento das nações e na extinção total da iniquidade (Mt 13). Os anjos maus, sob o comando de Satanás, afligirão os homens com sofrimentos terríveis e, por fim, serão condenados ao inferno de chamas eternas.
Sobre este palpitante assunto trata esta Lição.
I. Quem são os anjos
Em hebraico, a palavra "anjo” é malak; em grego, angelos. No grego clássico, o termo tinha o significado de “mensageiro”, razão pela qual os tradutores da Septuaginta utilizaram a palavra para verter o hebraico mal(e)ak ou mal’ak, cujo significado primário era o mesmo.
Da forma latina angelus provém o termo português “anjo”, do século XV, precedido de uma forma arcaica angeo.
Angelologia, tratado sobre anjos, na linguagem teológica.
Angelos é usada poucas vezes no Novo Testamento para mensageiros humanos (Lc. 7.24; 9.52;Tg 2.25; Lc 9.52).
Na maioria das vezes, a palavra refere-se aos mensageiros de Deus que habitam o céu e assistem em sua presença.
Os anjos são, pois, segundo as Escrituras, uma ordem de seres sobrenaturais ou celestiais, cuja atividade é adorar a Deus e também servirem como mensageiros de Deus a favor do povo salvo (Hb 1.13,14).
1. A existência dos anjos.
A Bíblia Sagrada revela a presença de anjos desde o seu início, no seu primeiro livro Gênesis.
Havia, nos tempos do Novo Testamento, entre os judeus, alguns que não acreditavam na existência de anjos: “Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito” (At 23.8a).
Da mesma forma, nos dias hodiernos, há muitas pessoas que não somente duvidam, mas negam a existência dos anjos, principalmente os anjos decaídos que estão sob o domínio de Satanás. Bendizei ao Senhor; anjos seus, magníficos em poder; que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra. Bendizei ao Senhor; todos os seus exércitos, vós, ministros seus, que executais 0 seu beneplácito (Sl 103.20,21).
O texto bíblico em apreço mostra que os anjos existem para servir a Deus de muitas maneiras:
- Para bendizer ao Senhor (em adoração e culto).
- Para cumprir a suas ordens (em relação ao que ocorre no mundo).
- Para obedecer à Palavra de Deus (inclusive quanto aos seus santos na Terra).
- Para ministrar em nome de Deus a favor dos santos.
- Para fazer o que agrada a Deus (porque as hostes celestiais estão sob o seu comando).
2. Os anjos foram criados por Deus; por esta razão, não são eternos.
Em Colossenses I . I 6, a Bíblia afirma com clareza que Jesus Cristo é o seu Criador. (Ne 9.6). A palavra “anjo” aparece 292 vezes em 35 livros da Bíblia.
O termo anjo, na Bíblia, é comum para qualquer mensageiro. Daí, somente no estudo do contexto é que se pode averiguar se a referência diz respeito a um mensageiro humano ou a um enviado angelical, por Deus.
Há também outros termos usados para designar os seres angelicais como querubins, serafins, espíritos ministradores, sentinelas, filhos de Deus, carros de Deus, santos, estrelas da alva, tronos, potestades, dominações, autoridades, exército dos céus, coros celestiais e milagres.
Alguns eruditos incluem os 24 “anciãos” e os 4 “seres viventes”, de Ap 4.4,6,8,10 entre os seres angelicais.
Os anjos como seres celestiais são mencionados nas Escrituras 108 vezes no Antigo Testamento, e 165, no Novo Testamento. Jesus deixou bem claro o fato da existência dos anjos bons, bem como dos anjos maus, enfatizando a existência de Satanás. Os cristãos primitivos criam na existência dos anjos, crença essa que acompanha a Igreja durante toda a sua história.
Agostinho, Lutero, Calvino e outros teólogos de nomeada, não somente demonstraram a crença na existência dos anjos, como também a sustentaram e a defenderam.
A crença na existência e doutrina dos anjos está fundamentada na Bíblia Sagrada, a suprema autoridade sobre o assunto, principalmente nos ensinamentos de Jesus e dos apóstolos.
3. A época da criação dos anjos.
Antes da criação do mundo nada existia a não ser o próprio Deus. “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo I.I-3 ). O Verbo divino “ é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele” (Cl I. 7). Após o sexto dia da Criação, nenhuma nova criatura está revelada nas Escrituras. “Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados. E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito” (Gn 2.1,2). Não há como precisar a época exata em que os anjos foram por Deus criados, mas possivelmente isso se deu antes da criação do mundo. Tudo leva a crer que eles já existiam antes da fundação da terra e da criação do homem.
Onde estavas tu quando eu fundava a terra?
Faze-mo saber; se tens inteligência.
Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes?
Ou quem estendeu sobre ela o cordel' Sobre que estão fundadas as suas bases; ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam? (Jó 38.1-7).
As estrelas da alva (estrelas personificadas) e os filhos de Deus (anjos) são descritos como expressando imensa alegria pela grandeza da terra enquanto observavam Deus construí-la.
Eles estavam lá, mas Jó não estava
A rebelião dos anjos sob a liderança de Lúcifer ocorreu no céu (Is 14.12-15; Ez 28.12-19; 2 Pe 2.4; Jd v.6).
Que os anjos não existem desde a eternidade é mostrado pelos versículos que falam de sua criação (Ne 9.6; SI 148.2,5; Cl I . I 6). O Salmo 148 afirma: “Louvai-o, todos os seus anjos... pois mandou Ele e logo foram criados”.
II. A natureza dos anjos
1. São criaturas.
Os anjos não consistem meramente de forças físicas ou morais, mas são seres espirituais reais e distintos, mas imateriais e incorpóreos fisicamente, criados por Deus (SI 148.2-5; Cl 1.16,17; I Pe 3.22). A Palavra de Deus menciona muitas vezes um inumerável exército de Deus constituído de anjos (SI 68.17; Mt 26.53; Hb 12.22; Ap 5.11).
O Catecismo Maior de Westminster nos diz o seguinte: Deus criou todos os anjos, como espíritos mortais, santos, excelentes em conhecimento, grandes em poder, para executar os seus mandamentos e louvarem 0 seu nome, todavia sujeitos a mudança. Os anjos foram criados de uma única vez, simultaneamente (Cl I .I 6); são imutáveis, não podendo aumentar, nem diminuir o seu número, conforme declarou o Senhor Jesus: “... pois na ressurreição, nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu” (Mt 22.28-30). Em Lucas 20.36, Jesus ensinou que, uma vez criados, os seres celestiais jamais morrem.
Em razão dos anjos serem criaturas, não aceitam adoração (Ap 19.10; 22.8,9).
A Bíblia Sagrada proíbe terminantemente que o homem os adore (Cl 2 .18).
São incorpóreos fisicamente. A luz de Hebreus I.I 4 “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”, os anjos são descritos como sendo espíritos. Eles não estão limitados às condições físicas e materiais, pois são capazes de aparecer e desaparecer, sem serem vistos, a qualquer momento, além de se movimentarem de forma extremamente rápida (Dn 9.21). Que os anjos são incorpóreos está claro em Efésios 6.12: “a nossa luta não é contra a carne nem sangue, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Sl 104.4; Hb 1.7,14; At 1912; Lc 7.21; 8.2; 11.26; Mt 8.16; 12.45).
Os anjos não têm corpos materiais, “pois um espírito não tem carne e nem ossos” (Lc 24.39) e são invisíveis (Cl I . I 6).
Por serem espíritos sem corpo físico, os anjos não têm alma. Seu “corpo” é imaterial, espiritual. Precisamente porque os anjos não são almas, mas apenas espíritos ê que eles não podem possuir a mesma essência rica que o homem, cuja alma é o ponto de união em que se encontram o espírito e a natureza.
E verdade que, no aparecimento dos anjos aos homens, eles assumiram uma forma humana visível. Este fato, entretanto, não prova a sua materialidade; pois os espíritos humanos no estado intermediário, embora desincorporados, têm em seu relacionamento como o corpo aparecido em forma humana material: como Moisés, no Monte da Transfiguração, também Elias foi reconhecido como homem; e os anciãos que apareceram e conversaram com João no Apocalipse, também tinham forma humana (Ap.5.5; 7.13). Segundo o teólogo Charles Hodge, ficou decidido no Concilio de Nícéia, em 784, que os anjos possuíam corpos compostos de éter ou luz; opinião baseada em Mateus 28.3 e Lucas 2.9, além de outros textos que se referem à sua aparência luminosa, bem como à glória que os acompanha. Já o Concilio Laterano, em 12 15, decidiu que os anjos eram incorpóreos, decisão essa acatada pela Igreja, por bíblica.
A Bíblia Sagrada, a inerrante Palavra de Deus, silencia sobre a substância desses espíritos angélicos. Entretanto, apesar de serem seres espirituais, os anjos podem assumir forma humana que pode tocar as coisas, bem como ingerir alimentos sólidos como os três anjos que apareceram a Abraão (Gn 18.1-8). Semelhante experiência teve Ló, seu sobrinho: “E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se com o rosto à terra... E porfiou com eles muito, vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram...Aqueles homens porém estenderam as suas mãos e fizeram entrar a Ló consigo na casa, e fecharam a porta” (Gn 18.1-10) São imortais. Como espíritos puros (imateriais e incorpóreos), os anjos não estão sujeitos à morte. Jesus deixou claro que os anjos não morrem, ao ensinar aos saduceus que os santos serão semelhantes aos anjos, após a ressurreição. E, respondendo Jesus; disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento; mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dos mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento; porque, já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição (Lc 20.35-36). São numerosos.
A Bíblia Sagrada mostra que os anjos são inumeráveis. A Palavra de Deus sempre se refere a eles como sendo multidões. São do doutor Arno Clemens Gaebelein estas palavras: “Quão vasto é o número deles, somente o sabe aquele cujo nome é “Jeová Sabaote”, o Senhor dos Exércitos”.
Tomás de Aquino afirmou: Deve-se dizer, portanto, que os anjos, enquanto são substâncias imateriais, constituem uma multidão imensa, e superam toda multidão material.
E o que diz Dionísio: (Os exércitos bem-aventurados dos espíritos celestes são numerosos, superando a medida pequena e restrita de nossos números materiais).
E a razão disto é que tendo Deus a perfeição do universo como finalidade principal na criação, quanto mais perfeitas são algumas coisas, em tanta maior abundância Deus as criou:" Vejamos algo do testemunho bíblico acerca do número dos anjos: Disse, pois: O Senhor veio do Sinai e lhes alvoreceu de Seir, resplandeceu desde o monte Parã; e veio das miríades de santos; à sua direita, havia para eles o fogo da lei (Dt 33.2). Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército celestial em pé junto a ele, à sua direita e à sua esquerda (l Rs 22.19).
Acaso, têm número os seus exércitos? (Jó 25.3).
Os carros de Deus são miríades, milhares de milhares. O Senhor está no meio deles, como em Sinai, no santuário (Sl 68.1 7) ...e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de Jogo em redor de Eliseu (2 Rs 6.17). Um rio de Jogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros (Dn 7. Z 0). Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? (Mt 26.53). Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus... (Lc 2.13). Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos (Hb 12.22). Daí o apóstolo João admitiu ter visto junto ao trono de Deus, “milhões de milhões, e milhares de milhares” de anjos ao redor do trono (Ap 5.11). São seres dotados de personalidade e inteligência.
2. Os anjos são seres pessoais.
E o que se depreende da leitura de Lucas I . I 9, que diz: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus”. O texto mostra claramente que este anjo tinha plena consciência de sua existência e de sua personalidade.
3. Os anjos são também seres emotivos (Jó 38.7).
Possuem inestimável conhecimento e sabedoria (2 Sm 14.20) e, apesar de serem espíritos, são racionais; prestam adoração inteligente (Sl 148.2); contemplam a face de Deus com entendimento (Mt 18.10); são conscientes de suas limitações (Mt 24.36); alegram-se quando um pecador se arrepende de seus pecados (Lc 15.10); têm ciência de sua inferioridade em relação a Cristo, o Filho de Deus (Hb 1 .4 1 4 ־ ;(anelam perscrutar as coisas do Reino de Cristo (I Pe I . I 2). Além disso, são mansos, não retêm ressentimentos pessoais, nem injuriam seus opositores (2 Pe 2.11); são reverentes: a atividade mais elevada executada por eles é a adoração a Deus (Ap 7.11); são santos (Ap I4.I0) e leais; apesar da rebelião que houve nos céus, os anjos eleitos permaneceram fiéis ao Senhor. Quanto à sua inteligência, leia ainda Daniel 10.14 e Apocalipse 17.7.
Em sua Teologia Elementar, Bancroft assevera: Sem dúvida, os anjos foram criados espíritos inteligentes, cujo conhecimento teve início em sua origem, continuando a se ampliar até os nossos dias.
As oportunidades de observação que os anjos têm, e as muitas experiências que, nesse sentido, conforme podemos supor; devem ter tido, juntamente com as revelações diretas da parte de Deus, devem ter-se adicionado grandemente ao acúmulo da sua inteligência original. Além de elevada sabedoria e inteligência, os anjos têm vontade própria e poder de decisão: caíste desde o céu, a estrela da manhã, filha da alva.
Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei 0 meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo (Is 14.12-14).
E aos anjos que não guardaram 0 seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia (jd v.6).
Apesar da sua extraordinária inteligência, os anjos não possuem onisciência, atributo exclusivo de Deus. Eles não conhecem os pensamentos dos corações, pois esse conhecimento é próprio, exclusivo de Deus, como diz o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração” (Jr 17.9,10). São poderosos.
Os anjos têm elevado poder, conforme as palavras de Davi: “Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens” (Sl 103.20; 2Pe 2.11; Gn 19.10-13,24,25; Lm 4.6). Na Bíblia Sagrada, os anjos são chamados de “os poderosos” e “os poderosos de Deus”. Esses seres celestiais, como já adiantamos, deslocam-se com espantosa velocidade, podendo se transportar dos Céus à Terra instantaneamente: “Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53).
A Palavra de Deus ensina que os anjos são seres sobre-humanos criados superiores aos homens: Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste (Sl 8.4,5).
Tu 0 fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e o constituístes sobre as obras das tuas mãos (Hb 2. 7).
Enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor (2 Pe 2.11).
O Antigo Testamento destaca pelo menos três ações poderosíssimas dos anjos em relação à proteção e a preservação do povo de Deus.
Com relação ao castigo de Davi, um anjo destruiu setenta mil pessoas em Israel em três dias (2 Sm 24.15,16).
Numa única noite, um só anjo destruiu 185.000 soldados do exército do orgulhoso rei da Assíria (2 Rs 19.35,36).
Na luta que requereu muita resistência espiritual,
Daniel foi consolado e confortado pelo anjo que lhe apareceu, o qual lhe revelou que o arcanjo Miguel veio ajudá-lo (Dn 10.12,13).
No Novo Testamento mencionam-se ações extraordinárias de manifestação de poder dos anjos: na ressurreição de Cristo (Mt 28.2), na libertação dos apóstolos Pedro e João da prisão (At 5.19,20) e na futura prisão de Satanás (Ap 20.1-3). Além de dotados de poder, constituindo o exército de Deus, uma hoste de heróis poderosos, está sempre pronta para fazer o que o Senhor mandar (Sl 103.20; Cl I . I 6; Ef 1.21; 3.10; Hb I . I 4) enquanto que os anjos maus são o exército de Satanás, empenhados em destruir a obra do Senhor (Lc 11.21; 2 Ts 2.9; I Pe 5.8).
III. Categorias de anjos
Da tradição pós-bíblica popular e também da rabínica entre os judeus, e dos comentários da Patrística, surgem ideias contrastantes quanto à hierarquia entre os anjos. Fala-se de nove grupos, resultantes das cinco classes citadas pelo apóstolo Paulo:
- principado,
- poder,
- potestade,
- domínio e
- trono (Ef 1.21; Cl I . I 6)
E mais os anjos,
- arcanjos,
- querubins e
- serafins.
Segundo a tradição, foi Cirilo de Jerusalém o primeiro a introduzir essa concepção da Angelologia na teologia cristã do Oriente, seguida, no Ocidente, por Gregório Magno.
Quando a Bíblia Sagrada se refere a principados (Ef 3.10), potestades Cl 2.10), tronos (Cl I . I 6) e domínios (Ef 1.21; Cl I . I 6), não alude a espécies de anjos, mas à diversificação dos níveis de autoridade exercida pelos seres angelicais.
Neste particular, optamos pela divisão clássica dos doutos pentecostais. Anjos. São seres espirituais criados, dotados de apurado juízo moral e alta inteligência, porém desprovidos de corpos físicos (Sl 103.20; Hb 2.20; Mt 28.2; Sl 8.5).
A Bíblia Sagrada somente menciona especificamente o nome de três anjos: Miguel, Gabriel e Lúcifer este último com a ressalva de que por causa de seu terrível e inominável pecado de rebelião contra Deus, tornou-se Satanás.
Sobre ele discorreremos ao tratarmos da demonologia. Gabriel, cujo nome quer dizer “homem de Deus” ou “herói de Deus”. Significa, também, “o poderoso”, evidenciando o que o nome sugere.
A Palavra de Deus não menciona Gabriel como arcanjo. Ele aparece nas Sagradas Escrituras quatro vezes, como porta-voz de Deus ou como revelador do propósito divino.
A primeira menção a Gabriel encontra-se registrada em Daniel 8.15-27, em que ele fala ao profeta Daniel a respeito do fim dos tempos.
A segunda, diz respeito à grandiosa revelação escatológica (as setenta semanas proféticas concernentes a Israel, em Dn 9).
A terceira, trata do seu aparecimento ao sacerdote Zacarias, anunciando o nascimento de João Batista: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te estas alegres novas” (Lc I . I 9).
A quarta, ocupa-se do anúncio do nascimento de Jesus a Maria:
“No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem... a virgem chamava-se Maria” (Lc 1.26,27).
1. Arcanjo.
A palavra “arcanjo” (gr. archangelos) significa “anjo principal”. O prefixo “arch” sugere tratar-se de um anjo chefe, principal ou poderoso.
Na Bíblia Sagrada, mais precisamente em Judas v.9 e I Tessalonicenses 4.16, aparece a menção de apenas um arcanjo: Miguel. Seu nome em hebraico significa: “Quem é como Deus:”, talvez para representar uma resposta a Lúcifer, cujo coração se elevou dizendo: “Serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.14).
Assim, Miguel, acrescido do vocábulo “arcanjo” (Jd v. 9), denota que nenhum ser criado pode ser “semelhante a Deus”. Nas Escrituras, Miguel é descrito como: o arcanjo (Jd v.9); o líder das hostes angélicas no conflito com Satanás e os seus anjos maus (Ap 12.7); um dos primeiros príncipes (Dn 10.13); “vosso Príncipe” (D n 10.21); e o grande príncipe, “defensor dos filhos do teu povo” (Dn I2 .I).
2. Querubins.
Querubim origina-se do hebraico kerub, cujo significado é “guardar”, “cobrir”. Parece que os querubins constituem uma categoria ainda mais elevada de anjos relacionados com os propósitos retributivos e redentores de Deus para com o homem (Gn 3.24; Êx 25.22).
No hebraico, querubim é um vocábulo correlato com um verbo acadiano que significa “bendizer”, “louvar”, “adorar”.
Os querubins estão diretamente ligados à santidade de Deus e à sua adoração (Êx 25.20,22; 26.31; Nm 7.89; 2 Sm 6.2; I Rs 6.29,32; 7.29; 2 Rs 19.15; I Cr 13.6; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16; Ez 1.5-26; 9.3; I0.I-22; 11.22).
O assunto é um tanto obscuro} mas da posição dos querubins junto ao portão do Eden, sobre a cobertura da arca da aliança e em Apocalipse 4, concluímos que ehs têm a ver com a vindicação da santidade de Deus contra 0 orgulho presunçoso do homem pecador, “para que não estenda a mão e tome também da árvore da vida” (Gn.3.22-24), apesar do seu pecado. Sobre a arca da aliança, que é da mesma essência do propiciatório, eles viam o sangue aspergido que falava, um tipo da perfeita manutenção da justiça divina pelo sacrifício de Cristo (Êx.25.1 7-20; Rm.3.24-26).
As criaturas viventes (ou querubins) parecem ser seres reais da ordem angélica. Os querubins ou seres viventes não são idênticos aos serafins (Is.6.2-7). Aqueles parecem relacionar-se com a santidade de Deus ultrajada pelo pecado, os serafins, com a impureza do povo de Deus.
A passagem de Ezequíel é altamente figurativa, mas o efeito foi a revelação da glória Shequiná do Senhor ao profeta.
Tais revelações estão invariavelmente ligadas com novas bênçãos e serviços. Os querubins receberam a missão de guardar a entrada do jardim do Eden, como guardiães da santidade de Deus (Gn 3.24). As Sagradas Escrituras dizem que Deus está entronizado acima dos querubins, ou que Ele viaja com os querubins (Sl 18.10; Ez 10.1-22).
Havia dois querubins de ouro sobre a arca da aliança, com suas asas estendidas sobre a arca. “Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel” (Êx 25.22; v. 18-21).
3. Serafins.
O vocábulo “serafim” origina-se da raiz hebraica sarap, que quer dizer: “ardentes”, devido o fogo; fogo do Senhor. Os serafins são mencionados somente em Isaías 6.2-7. Pouco se sabe acerca desses elevados seres angelicais. Acredita-se que constituem a ordem mais elevada de anjos e que a característica que os distingue é um flamejante amor a Deus. No texto em apreço, aparecem acima do trono do Senhor, clamando e proclamando os atributos da santidade do Senhor dos Exércitos.
Veja a seguinte explicação a respeito dos serafins: Além dos seus rostos e pés reverentemente cobertos, as asas e vozes dos serafins estavam em perfeita prontidão para cumprir a sua missão e cantar em um antifônico coro a sua tríplice expressão de santidade ao Senhor dos Exércitos. O padrão de serviço deles é reverência, prontidão e júbilo; e é o que mais apropriadamente condiz com Aquele cujo majestoso esplendor enche toda a terra!
Não é de estranhar que os fundamentos dos umbrais das portas do Templo se moviam e começavam a encher-se com a fumaça da Shekinah celestial! Seres viventes. Seres viventes é um título que, tudo indica, representa esses anjos, manifestando a plenitude da vida divina, sua atividade incessante e permanente participação na adoração a Deus. Para alguns eruditos, como já vimos, os seres viventes que circundam o trono de Deus, citados em Ezequiel 1.5-14 e Apocalipse 4.6-8, são identificados como querubins (Ez 10.20').
Com os seus semblantes de leão, boi, homem e águia, representam os seres mais poderosos de partes diversas de toda a criação divina 'animais selvagens, animais domesticados, seres humanos e pássaros׳ [e adoram a Deus continuamente: “Não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir’’ (Ap 4.8).
Anjos das napes. Em sua classificação dos anjos, o escritor Mver Pearman inclui os anjos das nações. Baseando-se em Daniel 10.13,20, ensina que cada nação tem seu anjo protetor, o qual se empenha pelo bem-estar dela. O referido autor assim se expressou: Era tempo de os judeus regressarem do cativeiro (Dn 9.1,2), e Daniel se dedicou a orar e a jejuar pela sua volta. Depois de três semanas, um anjo apareceu-lhe e deu como razão da demora o fato de que o príncipe, ou anjo da Pérsia, havia-se oposto ao retorno dos judeus.
A razão talvez fosse por não desejar perder a influência deles na Pérsia. O anjo lhe disse que a sua petição para 0 regresso dos judeus não tinha apoio a não ser o de Miguel, o príncipe da nação hebraica (Dn 10.21).
O príncipe dos gregos também não estava inclinado a favorecer a volta dos judeus (Dn 10.20).
A palavra do Novo Testamento “principados” pode referir-se a esses príncipes angélicos das nações; e o termo é usado tanto para os anjos bons como para os maus (Ef 3.10; Cl 2.15; Ef 6.12).
4. Anjos eleitos.
Todos os anjos foram criados igualmente bons e santos. N o princípio, todos os anjos estavam em estado de liberdade portanto, de provação. Muitos deles pecaram e, por essa razão, “Deus não poupou a anjos quando pecaram” (2 Pe 2.4). Os demais não pecaram, mas guardaram o seu estado original em que foram criados. Por isso, eles “agora estão confirmados em sua santidade, são incapazes de pecar; são anjos santos (Mt 25.31) e fruem eterna alegria e comunhão com Deus (Mt 18.10), o que devem exclusivamente à bondade de Deus”.
A Bíblia Sagrada se refere a esses anjos bons como eleitos: “Conjuro-te, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que, sem prevenção, guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade” (I Tm 5.21)
. Segundo Pearlman, os anjos eleitos são certamente aqueles que, em seu estado probatório, permaneceram fiéis a Deus, na rebelião de Satanás
Anjos com designações específicas. Existem anjos que somente são conhecidos através do serviço que realizam.
Vejamos alguns deles:
- Anjos de juízo (Gn 19.13; 2 Sm 24.16; 2 Rs 19.35; Sl 78.49; Ez 9.1,5,7).
- Anjo destruidor (I Cr 21.15).
- Anjo vigilante (Dn 4.12,23).
- Anjo do Concerto (M l 3.1).
- Anjo da cura (?) (Jo 5.1-4).
- Anjo das águas (Ap 16.5).
- Anjos do vento (Ap 7.1).
- Os sete anjos (Ap 8.2).
- Anjo do abismo (Ap 9.11).
Anjo do Senhor. Em muitos textos dos primeiros livros da Bíblia a proteção de YHW H (Jeová ou Javé) em favor de Israel é personificada na expressão “Anjo de Jeová” (Gn. 16.7-14; 18.2; 21.17-19; 22.11-I4; 3 I .II -I 3 ; Êx.3.2-6).
Este anjo, que algumas vezes aparece como “o Anjo de Deus” ou como “o meu anjo”, é representado como um ser celestial enviado por Deus para tratar com os homens como seu agente pessoal e porta-voz. A expressão “Anjo do Senhor” é mencionada na Bíblia Sagrada mais de cinquenta vezes no Antigo Testamento. Em algumas passagens, a expressão aponta apenas para algum ser angelical, criado. Em outras citações trata-se da presença pessoal de Jeová.
As vezes, a expressão “Anjo do Senhor” trata-se de um anjo peculiar, agindo e falando como representante de Deus. Em um bom número de citações bíblicas “o anjo do Senhor” fala como o próprio Deus, na primeira pessoa do singular.
Vejamos alguns exemplos:
- A Agar (Gn 16.7; 21.17).
- A Abraão (Gn 22.11,15),
- A Jacó (Gn 3 I.II-I3 ),
- A Moisés (Êx 3.2),
- Aos israelitas no Êxodo (Ex 14.19).
- Em Boquim (Jz 2.1,4);
- A Balaão (Nm 22.22-36);
- A Josué (Js 5.13-15),
- A esposa de Manoá (Jz 13.2-22);
- A Gideão (Jz 6. I I) ;
- A Davi (I Cr 21.16);
- A Elias (2 Rs 1.3,4);
- A Daniel (Dn 6.22)
- E a José (Mt 1.20:2.13).
A maneira pela qual esse Anjo do Senhor é descrito distingue-o de qualquer outro.
A ele é atribuído o poder de perdoar ou reter pecados (Êx 23.20-23). Duas coisas sumamente importantes são ditas acerca dEle: primeiro, que o nome do Senhor está nEle (Êx 23.20-23); segundo, que Ele é o rosto do Senhor, isto é, o rosto do Senhor pode ser visto nEle (Êx 32.34; 33.14).
Por isso, tem o poder de salvar (Is 63.9) e de recusar o perdão (Ex 23.21).
Pearlman afirmou: Não se pode evitar a conclusão de que este anjo misterioso não é outro senão o Filho de Deus, o Messias, o Libertador de Israel, e o que seria o salvador do mundo.
Portanto, o Anjo do Senhor é realmente um ser incriado.
Tudo indica que “Anjo do Senhor” é a expressão usada no Antigo Testamento para designar o próprio Cristo em várias de suas manifestações (ou teofonias) antes da sua encarnação.
Teofania (gr. theophanía') é uma palavra composta pelos vocábulos theos e phainei (“aparecer”), referente a alguma manifestação visível de Deus, na forma como Ele quiser. Como termo teológico, indica qualquer manifestação temporária e normalmente visível de Deus. Deve ser distinguida da manifestação divina permanente, em Jesus Cristo, chamada encarnação. Quase todos os casos de teofania encontram-se no Antigo Testamento.
5. Os Anjos e o Anjo do Senhor.
Mediante a seguinte explanação podemos ampliar o conhecimento do assunto em andamento:
(a) Em Juízes 2.1, o anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco (o grifo dos pronomes foi acrescentado). Comparada esta passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto dos israelitas. Foi ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8; 26.2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno (Gn 17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Ex 20.1,2) e Ele os levou à terra prometida (Js 1.1,2).
(b) Quando o anjo do Senhor apareceu a Josué, este se prostrou e o adorou (Js 5.14). Essa atitude tem levado muitos a crer que esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8,9).
(c) Ainda mais explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse, em linguagem bem clara: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Ex 3.6; Gn 16.7 ; Ex 3.2 ).
6. Outras categorias
Anjo da Igreja. Não há entre os comentadores da Bíblia uma uniforme compreensão da expressão “as sete estrelas são os anjos das sete igrejas”, ditas por Jesus ao apóstolo João em Apocalipse 1.20. Alguns eruditos, como Orígenes de Alexandria, afirmam que esses anjos eram seres angelicais designados para proteger as igrejas, fundamentando essa assertiva em Daniel 10.13 e 12.1. Outros entendem explicar que se tratava de homens enviados pelas sete igrejas para se informarem do estado de saúde do apóstolo João, agora bastante idoso, e conduzirem às igrejas mencionadas o livro citado em I .I I . ... cada carta está endereçada a um leitor humano (“.anjo”, que traduzido do grego também significa “mensageiro”) da congregação local. Seres realmente angelicais, como poderíamos supor, não precisariam de uma carta que os informasse a respeito da vontade de Deus!13 Considerando que há repreensões e censuras nas referidas cartas, estas não devem ter sido remetidas a anjos. Stanley M. Horton comentou: ... desde que os pastores são os estagnadores do rebanho, eles é quem eram os responsáveis pela leitura do livro em voz alta à igreja (Ap 1.3).14 Assim sendo, os “anjos das sete igrejas” refere-se aos pastores responsáveis perante Deus pelas igrejas locais: “Escreve ao anjo da igreja que está em Efeso” (Ap 2.1); “E ao anjo da igreja que está em Esmirna escreve” (Ap 2.8); “E ao anjo da igreja que está em
Pérgamo escreve” (Ap 2.12);
“E ao anjo da igreja de Tiatira escreve” (Ap 2.18);
“E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve” (Ap 3.1);
“E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve” (Ap 3.7);
“E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve” (Ap 3.14). Anjo da Guarda. Muitos perguntam se cada ser humano tem um anjo da guarda; isto é, um anjo pessoal que os guarda.
A Bíblia Sagrada declara que Deus envia anjos para nos proteger: “Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Sl 91.11,12). Estes versículos foram citados por Satanás na ocasião em que ele tentou Jesus no deserto (Mt 4.6; Lc 4.10,11; Sl 34.7; Mt 18.10; Hb I .I 4. 4).
Há algum tempo distorções e aberrações doutrinárias com destaque na área do demonismo. Em grande parte elementos que lidam com libertação de endemoninhados divulgam mais a atuação dos demônios do que a Palavra de Deus. Um alerta ao crente sobre isso acha-se em Apocalipse 2.24. E deveras oportuna a explicação de Stanley Horton sobre essa questão: ... ao lermos a Bíblia, percebemos como é notável a total ausência de semelhantes especulações e práticas. A Bíblia encoraja-nos a resistir as forças enganadoras das trevas, e não estudá-las e amarrá-las. Nenhum esforço é feito na Bíblia para levar-nos a conhecer melhor o Diabo.
O enfoque exclusivo recai em conhecer melhor a Deus, resistindo, ao mesmo tempo, quaisquer tentativas de Satanás de obter a nossa atenção.
Submeter-se a Deus e resistir ao Diabo é o conselho que Tiago nos deu (Tg 4. 7). Quando Jesus comissionou os discípulos para realizarem a missão evangelizadora, Ele lhes outorgou autoridade e poder sobre todos os demônios (Lc 9.1; 10.19) e sobre toda enfermidade e todo mal (Mt 10.1).
O Antigo Testamento faz referência aos demônios (Lv 17.7; 2 Cr 11. 15; Dt 32.17; Sl 106.37).
O Novo Testamento menciona repetidas vezes a palavra “demônio”, significando espírito maligno. Belzebu é o príncipe dos demônios (Mc 3.22).
A Bíblia Sagrada silencia sobre a origem dos demônios.
Por certo, isto faz parte do mistério que envolve a origem do mal (Dt 29.29; I Co 4.5; Ap 2.29).
Alguns entendem que os demônios são anjos caídos que pecaram juntamente com Satanás. Os religiosos fariseus, bem como os escribas diferençavam entre anjo e espírito (At 23.8,9).
O historiador judeu Flávio Josefo asseverou que nas escolas teológicas judaicas dos fariseus, principalmente, era ensinado que os demônios, capazes de possuir e de controlar um corpo vivo, são espíritos de mortos partidos deste mundo, especialmente aqueles de caráter vil e de natureza perversa.
No Antigo Testamento: 2 Cr 18.21; Is 8.19; Os 4.12; 5.4; Zc 13.2).
No Novo Testamento, além dos Evangelhos, há referências aos demônios. Em I Coríntios 10.19-21, o apóstolo Paulo discorre sobre as práticas tenebrosas dos gentios incrédulos, adorando a demônios representados por ídolos, em suas reuniões devotadas à idolatria. Ele adverte à igreja sobre a infiltração de tal satanismo nas reuniões de Ceia do Senhor.
No Novo Testamento: (Mt 4.24; 8.16; Mc 1.32-34; Lc 4.41; 6.18; 7.21; 8.2, 27-33; 9.1; 10.17; At 16.16-18; 19.16; I Tm 4 .I;Tg 2.19; Ap 9.20; 16.14.)
Diferenças entre demônios e anjos caídos.
A diferenças entre demônios e anjos decaídos: ... os primeiros são espíritos desencarnados, isto é, sem corpo; enquanto os outros anjos possuem um corpo espiritual (Lc 20.35,36).
E evidente que os demônios não possuem corpos porque estão constantemente procurando entrar nos corpos dos homens afim de usá-los como se fossem seus (Mc 9.25; Mt 12.43-45).
Em Mt 8.31 notamos que eles (os demônios) apossaram-se até dos corpos dos porcos.
Os demônios estão sob a autoridade de Satanás (Mt I2.24b; Ef 6.12). Eles sabem quem é Jesus (Mc 1.24), conhecem o seu destino final (Mt 8.29), conhecem, a verdade fundamental do monoteísmo bíblico (Tg 2.19) e também possuem um sistema doutrinário atraente, permissivo, maligno, enganador (I Tm 4.1-2). Os demônios são a força motriz promotora da idolatria; daí, adorar falsos deuses é praticamente o mesmo que adorar demônios. “Antes, digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios” (I Co 10.19,20). Grande parte da atividade destruidora de Satanás é delegada a inumeráveis demônios.
Eles podem habitar no corpo dos incrédulos (Mt 1.32,34,39; 3.11,15; 6.7.13; 16.17; Lc 4.41; 8.29,30).
São capazes de falar através das vozes das pessoas que eles possuem (At 19.15; 16.17,18; Mc 1,26; At 8.1).
Nestes últimos tempos que precedem a volta de Jesus, os demônios desenvolvem intensa atividade na propagação do ocultismo, da imoralidade, da violência e da crueldade. Eles atacarão de muitas maneiras, através de muitos métodos e meios, a Palavra de Deus e a sã doutrina (Mt 7.22,23; 24.24; 2 Co 11.14,15; I T m 4.1).
Uma intensa e maior atividade dos demônios acontecerá nos dias do predomínio do Anticristo e seus seguidores (2 Ts 2.9-11; Ap 13.2-8; 16.13,14).
Essa ação maligna e destruidora em todas as camadas, atividades e instituições da sociedade já ocorre encobertamente nos dias atuais. “Porque já o mistério da injustiça opera” (2 Ts 2.7). Deus revelou ao apóstolo João, conforme lemos em Apocalipse 9.1-3, o que acontecerá por ocasião da Grande Tribulação, quando for tocada a quinta trombeta: E o quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como a fumaça de uma grande fornalha e, com a fumaça do poço, escureceu-se o sol e o ar.
E da fumaça vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder como o poder que têm os escorpiões da terra.
Esses seres infernais podem ser uma espécie desconhecida de agentes demoníacos sob Satanás para aqueles tempos de juízo divino sobre a humanidade impenitente, que recusando sempre o convite de Deus para a salvação, encheu a medida de seus pecados ( I Ts 2.16; Gn 15.16; }o 12.39,40'׳. Orlando S. Bover chama a atenção para um detalhe, no mínimo curioso, ao lembrar que os gafanhotos (insetos) não têm rei (Pv 30.27), mas esses de Apocalipse 9 “tinham sobre si rei” (v.I I). São de Bover estas palavras: O nosso Rei se chama Jesus, isto é, Salvador. Mas o rei sobre esses demônios, na forma de gafanhotos, chama-se em hebreu Abadorn e“destruição”j e em grego, Apoliom (“destruição”). Esse rei ficará obcecado com seu desejo de levar seus exércitos para destruírem o mundo.
A Bíblia a revelação divina não desce a detalhes sobre esses seres misteriosos. Devemos silenciar onde a Bíblia assim o faz. Jesus e os demônios. Em seu ministério terreno, Jesus sempre desfez e anulou o poder de Satanás e o demonismo, pois Ele veio ao mundo para desfazer as suas obras. “Quem comete pecado é do Diabo, porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do Diabo” (I Jo 3.8). Jesus derrotou Satanás, no deserto, ao ser por ele tentado; também o venceu ao expulsar os demônios e, de modo pleno, através da sua morte e ressurreição (Jo 12.31; 16.I I ; Cl 2.15; Hb 2.14). Ele aniquilou o domínio de Satanás. Possessão demoníaca. Esse fato horroroso ocorre quando um ou mais demônios ocupam e habitam o corpo de uma pessoa, exercendo controle e influência diretos sobre ela, com prejuízo para suas funções mentais, emocionais, nervosas e físicas. Samuel Costa psicólogo clínico e professor de teologia no Rio de Janeiro, ao tratar do transtorno de transe e possessão demoníaca, de uma pessoa, afirma, referindo-se ao Código Internacional das Doenças (CID-IO), que há no endemoninhado uma perda temporária tanto do senso de identidade pessoal quanto da consciência plena do ambiente em que ela se encontra. Segundo Costa, em alguns casos, a pessoa age como se fosse outra personalidade, espírito, divindade ou “força”. Tomando por base o espírito do homem, o autor afirma: transe é o estado de mediunidade que algumas pessoas apresentam quando incorporam algum “espírito” ou “entidade”.
Sérglas, citado por Isaías Paím, discorre que una clínica observa-se que a possessão é acompanhada do sentimento de desdobramento da personalidade e se manifesta em sua forma típica no delírio de possessão demoníaca.
Nesses casos, o enfermo não só escuta a voz do demônio e sofre as suas injúrias, como o traz consigo; ele se tornou a sua morada, é seu escravo e deve obedecer a sua vontade, executa os atos que ele determina; não tem domínio nem mesmo sobre os seus pensamentos. Somente o demônio fala, age, pensa, sem que o possuído possa se opor à sua poderosa influencia.
Quando o endemoninhado ouve na oração o nome de Jesus, geralmente ele fala; quando está incorporado na pessoa fala usando a terceira pessoa. Ex.: incorporado numa mulher, o demônio pode dizer: “ela é minha”. Ele nunca fala como se fosse a própria pessoa; o tom de voz é modificado.
Não aparece a voz da pessoa; a pessoa adquire força excepcional; nenhum remédio, nem mesmo fortes injeções conseguem debelar o mal; geralmente, quando o Diabo sai, a pessoa não fica debilitada; tudo parece normal e ela nem fica sabendo o que aconteceu'' Jesus mostra em Lucas 13.11, que certas enfermidades são efeito direto da ação ou opressão de demônios.
No caso da mulher paralítica, mencionada no texto de Lucas 13.10-16, que ocorreu dentro de uma sinagoga, o seu sofrimento provinha de um espírito, ou seja, de um emissário de Satanás. As pessoas que se envolvem com espiritismo, magia, feitiçaria, estão lidando com espíritos malignos, ficando abertas à possessão demoníaca (At 13.6-10; 19.19; G! 5.20; Ap 9.20,21).
Os judeus estavam terminantemente proibidos por Deus, sob pena de morte, de se comunicarem com os espíritos familiares (Lv 20.6,27; D t 18.10,11; Is 8.19). No caso do rei Saul e a feiticeira de En-Dor (I Sm 28.6-25), o que ocorreu na realidade foi uma sessão espírita na qual atuou um espírito demoníaco familiar, personificando e fingindo ser o profeta Samuel, o qual havia morrido cerca de dois anos antes. Quem falava não era Samuel, mas o demônio que conhecia Saul, como conhecera o próprio Samuel, bem como sua história anterior.
Jesus ensinou que é impossível aos mortos comunicarem-se com os vivos aqui nesta terra.
Há um abismo intransponível entre as duas partes do Hades (Lc 16.26-31). Jesus investiu seus discípulos de autoridade divina para a expulsão de todo tipo de demônio (Lc 9.1), mas os discípulos precisavam de fé em Deus para terem êxito nesta missão (M t 17.18-21; Mc 9.25-29). Oração e jejum dos discípulos podem ser também um requisito para a expulsão de demônios, como revela o último versículo das duas passagens supra mencionados.
Há casos em que há necessidade da fé de outras pessoas para que ocorra a libertação de alguém (Mc 9.23,24; Mc 6.6,7). Jesus faz um solene alerta àquelas pessoas antes possessas por espíritos malignos e que receberam a libertação: Quando 0 espirito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não 0 achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada. Então, vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, habitam ali; e 0 último estado desse homem é pior do que o primeiro (Lc 11.24-26 ; Mt 12.43.45).
O fato de uma pessoa ter sido liberta pelo poder de Deus, de espírito maligno, não a torna sempre imune aos ataques de Satanás. O espírito imundo (demônio) tendo sido expulso, fará tudo para retornar à mesma pessoa que antes ele possuía (Lc 1 1.24b,25), mas Ele não poderá retornar, se essa pessoa estiver integralmente ocupada pelo Espírito Santo (I Co 6.19; 2 Co 6.16). O crente e os demônios. Nenhum crente verdadeiro, em quem habita o Espírito Santo, pode ficar endemoninhado.
O Espírito e os demônios nunca poderão habitar no mesmo corpo (Jo 14.23; I Co 6 .I9 ;T g 3.11,12). As Sagradas Escrituras ensinam que um crente fiel, sendo templo de Deus e do Espírito Santo não pode ser habitado por demônios: E que concórdia há entre Cristo e BelialP Ou que parte tem o fiel com 0 infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; eu serei 0 seu Deus, e eles serão o meu povo (2 Co 6.15,16).
O nosso ser inteiro, como diz a Escritura é templo do Espírito Santo. Assim sendo, o templo do nosso ser não deve admitir ser habitado por admitir ídolos. “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente” (2 Co 6.16). Referimo-nos aqui aos ídolos no coração, dos quais falou o profeta Ezequiel (14.3-7) e também o apóstolo João (I Jo 5.20).
0 crente vivendo em comunhão com Cristo, recebe dEle poder e autoridade sobre os espíritos malignos, mesmo os de maior poder do mal: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos fará dano algum”. (Lc 10.19). Uma comparação desta passagem com a de Salmos 91.13 ensina-nos que palavras “serpentes” e “escorpiões” referem-se aos mais poderosos e perigosos poderes do mal.
Tudo isso está sujeito à autoridade de um crente, desde que a sua espiritualidade seja genuína e sua vida esteja de acordo com a Palavra de Deus. C o n c l u sã o Anjos de Deus são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb I . I 4). Estão continuamente conosco, guardando-nos, encorajando-nos e ajudando-nos. Agradeçamos a Deus pelo seu amor e solicitude, inclusive pelo no ministério dos seus anjos a nosso favor. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31, 37-39) Ao estudarmos este assunto das Escrituras, podemos conhecer melhor nosso Inimigo, sabermos também dos recursos do arsenal de Deus que estão a nossa disposição e que o Deus forte fortalece o seu povo e os livra e os guarda das, e nas tribulações. Não podemos suplantar as distorções sobre a Angelologia fugindo delas; a igreja deve conhecer a verdade bíblica sobre este assunto para explorar o real valor dos anjos de Deus e sua missão entre nós. Infelizmente, a igreja não tem valorizado devidamente a Angelologia. E, pois, muito raro ouvirmos um sermão bíblico, não-especulativo, e sim, expositivo, sobre o assunto. E os bons livros auxiliares a respeito são poucos. Tudo isso dificulta o estudo e a devida compreensão do assunto. Esperamos que este capítulo sobre o assunto contribua para a continuação do seu estudo, resultando em um maior esclarecimento da doutrina em consideração.
IV. Origem, rebeldia e queda de lúcifer
Nos dois Textos anteriores, estudamos sobre a natureza dos anjos e a posição que exercem como agentes que Deus usa para fazer como que determinadas coisas aconteçam. Neste Texto, trataremos de um anjo denominado Lúcifer, um dos seres mais elevados dentre os demais anjos criados por Deus no princípio.
1. O querubim ungido de Deus
Ao tratarmos dos anjos, estamos lidando com o mundo invisível dos espíritos; mundo que se constitui em verdadeiro desafio à mente e à força humana. A Bíblia parece sugerir que a mais exaltada posição do reino dos espíritos era ocupada no princípio por Lúcifer, uma criatura perfeita em todos os seus caminhos, desde a sua criação (Ez 28.12-15).
Lúcifer é descrito como “o sinete da perfeição", o que, no original hebraico significa um padrão de perfeição. Também ele é descrito como “cheio de sabedoria e formosura", o ser mais belo e sábio de toda a criação de Deus. Ele esteve no “Éden, jardim de Deus”, e “no monte santo de Deus”.
2. Rebelião e queda de Lúcifer
A maior catástrofe da história da criação universal foi, sem dúvida, a rebelião e complô contra Deus por parte de Lúcifer, e a consequente queda de possivelmente um terço dos anjos que se juntaram a ele em sua perfídia.
Lúcifer, “O Filho da Alva", foi criado, como todos os demais anjos, para glorificar a Deus. Entretanto, ao invés de ser fiel a Deus e honrá-lO para sempre, Lúcifer intentou reinar sobre o céu e a criação, em lugar de Deus. Ele queria para si a supremacia e a autoridade devida exclusivamente ao Altíssimo (Is 14.12-17).
3. Os cinco “eis” de Lúcifer
A queda e a deposição de Lúcifer foram procedidas de cinco “eis” que demonstravam o seu espírito insubmisso e exaltado (Is 14.13,14). Foram eles:
- “... Eu subirei ao céu...
- ... acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono...
- ... no monte da congregação me assentará...
- ... subirei acima das mais altas nuvens...
- ... serei semelhante ao Altíssimo."
O orgulho tomara conta da mente e do coração de Lúcifer. Sua decisão de usurpar a posição de Deus mostra a arrogância que dominava o mais profundo do seu ser. E impossível que um reino tenha dois soberanos supremos. Ora, a Deus, sendo realmente o Deus único, só restava uma coisa - depor Lúcifer e expulsá-lo. Foi isto o que aconteceu inevitavelmente.
Deposto da presença do Altíssimo, Lúcifer, transformado em Satanás, tornou-se chefe das potestades doar (Ef2.2) e o príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14-30). Desde então, tornou-se o arquiinimigo de Deus e dos que amam a Jesus Cristo.
4. A personalidade de Satanás
Na década de 1960, apregoou-se com euforia a morte de Deus e a inexistência do Diabo. Tais ensinos divulgavam o fim da crença no invisível mundo dos espíritos.
Porém, ao começar a década de 1970, os homens, a mesma mídia e as mesmas religiões voltaram a afirmar que Deus nunca morrera e nem pode morrer, e que o Diabo jamais deixou de existir. Começou , desde então, uma grande corrida em busca do invisível e das revelações do além, principalmente no que diz respeito aos anjos. Hoje estamos presenciando a Babel em que muitos estão envolvidos, inclusive, enganados pelos anjos maus.
Que se entende por personalidade? Personalidade é a forma de vida pessoal, caracterizada por fim a existência autoconsciente, dotada de intelecto, afetividade e vontade. Deus não criou Satanás como tal, com uma personalidade maligna e deturpada. Ele tornou-se assim porque pecou (Ez 28.19) e encheu-se de exaltação e rebeldia. Satanás é uma pessoa, com todos os atributos de uma pessoa (Jo 8.44). Deus quer que os homens conheçam os fatos relativos a Satanás, pelo que muito tem revelado sobre ele nas Escrituras. Em 2 Coríntios 2.11, escreveu o apóstolo Paulo: “para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois, não lhe ignoramos os desígnios".
IV. Satanás, o agente da tentação
A vida do ser humano é uma batalha constante, do berço à sepultura. O crente tem paz com Deus mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 5.1); pode desfrutar dessa paz rendendo-se ao Espírito de Deus que nele habita (Fp 4.7). O crente possui paz interiormente, mas exteriormente experimenta conflitos constantes com o mundo e com o Diabo (Mt 10.34; Jo 14.27).
O testemunho bíblico “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal." (1:1 6.12).
“Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, " como leão que ruge procurando alguém para devorar" (I Pe 5.8).
Ao ser destronado dos céus, como vingança contra Deus, Satanás tentou Adão e Eva no Éden e os conduziu à queda. Tendo sido vencido por Cristo no monte da tentação e no Calvário, desde então tem procurado vingar-se na pessoa daqueles que constituem a Sua Igreja na terra.
A vida aqui é uma batalha
Todo crente espiritual sabe que esta vida não é nenhum lazer espiritual, mas uma batalha. Sabe que Satanás é um adversário e por isso vive em constante vigilância
e escudado na proteção e provisão do Deus Todo-Poderoso. Para que o crente triunfe nesta batalha, é necessário que ele não só esteja guardado sob as asas do Senhor, mas que conheça as diferentes maneiras de agir do adversário de sua alma. Paulo escreveu: “... que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois, não lhe ignoramos os desígnios.”
(2Co 2.11). ( Ef 6.10-18.)
Assim age Satanás devemos sempre ter em mente o seguinte :
- Satanás tem acesso à presença de Deus, apresentando-se como acusador dos filhos de Deus.
- Algumas vezes Deus permite que Satanás aflija os seus filhos.
- Satanás se deleita em fazer os homens amaldiçoarem a Deus, a duvidarem do Seu amor e de Suas benevolências.
- Satanás é restringido por Deus em suas atividades.
- Satanás algumas vezes pode controlar os elementos da natureza para causar destruição entre o povo e Deus.
- Algumas vezes Satanás pode promover o banditismo, o furto e até mesmo o homicídio, com seus esforços para levar os homens a duvidarem da benevolência o do amor de Deus.
- Satanás é capaz de mentir até perante Deus.
- Satanás aflige os corpos dos homens para conseguir suas covardes finalida9. Satanás destrói a harmonia doméstica e arruína a reputação de um homem para conseguir os seus propósitos.
- Satanás não para diante de nada. em seus esforços para fazer os homens se desviarem de Deus.”
Em Cristo somos mais do que vencedores
Escrevendo aos Coríntios, Paulo diz que Deus... nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (I Co 15.57). E evidente que esta vitória, no que tange à provisão de Deus, é-nos oferecida instantaneamente; mas, por outro lado, a Bíblia mostra que esta batalha, no que diz respeito ao crente, é ganha por etapas. Porém, é necessário que o crente esteja devidamente preparado e armado para alcançar triunfos pela fé em Cristo, nesta luta. Vejamos o que a Bíblia nos apresenta como armas e condições para vencer nesta luta:
- Submetei-vos a Deus (Tg 4-7; IPe 5.6);
- Sede sóbrios e vigilantes (I Pe 5.8);
- Resisti ao Diabo (Tg 4.7; I Pe 5.9);
- Fortalecei no poder de Deus (Ef 6.10);
- Revesti-vos de toda a armadura de Deus (Ef 6.11,13);
- Cingi-vos com a verdade (Ef 6.14);
- Vesti-vos da couraça da justiça (Ef 6.14);
- Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz (Ef 6.15);
- Embraçai o escudo da fé (Ef 6.16; ljo 5.4);
- Tomai o capacete da salvação (Ef 6.17);
- Empunhai a espada do Espírito (Ef 6.17);
- Orai em todo tempo no Espírito (Ef 6.18).
V. Satanás na consumação dos séculos
Enquanto Satanás prosseguir em seu presente papel neste mundo, o pecado será praticado livremente, a impiedade prevalecerá, as religiões falsas se multiplicarão e os homens sem Deus serão seus súditos e escravos. Satanás precisa, pois, ser dominado e posto fora de combate antes da inauguração do reino milenial de Cristo.
1. Satanás durante a Grande Tribulação
A Grande Tribulação ocorrerá no espaço de tempo entre o arrebatamento da Igreja e a manifestação de Cristo em glória com os Seus santos e anjos. Durante esse tempo, quando ocorrerá o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro no céu, o Anticristo, como preposto de Satanás, tornar-se-á senhor e soberano sobre a Terra.
Por intermédio do Anticristo (a Besta) e do Falso Profeta, Satanás assumirá o monopólio espiritual e político do mundo. Nessa época, coisas horríveis, jamais imaginadas pela mente humana, terão lugar na Terra. Acerca dos que aqui habitarem naqueles dias, diz o mensageiro do Senhor, no Livro de Apocalipse: “... Ai da terra e do mar, pois, o Diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.” (Ap 12.12).
2. Satanás e o Armagedom
O tempo da Grande Tribulação culminará com a guerra do Armagedom, quando os exércitos das nações, por Satanás incitadas e rebeladas contra Deus entrarão no território de Israel para destruí-lo. Será um tempo de grande aflição para Israel, que, indefeso, sentir-se-á acuado frente aos bem armados exércitos adversários. Sobre o que acontecerá naqueles dias, disse o Senhor a Daniel, o profeta:
E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro (Dn 12:1).
Nesse momento de amargura para Israel, aparecerá no céu o sinal da vinda do Filho do Homem, para quem os exércitos opressores se voltarão e contra quem tentarão pelejar.
Vejamos o que escreve o apóstolo João:
19 E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército.
20 E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.
21 E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes.
Apocalipse 19:19-21
Sem disparar um só projétil, assim Israel será salvo!
3. A prisão de Satanás por mil anos
Com a aparição de Cristo com poder e glória nas nuvens dos céus, acompanhado dos Seus santos e anjos, terá fim a Grande Tribulação e iniciar-se-á o período áureo da terra - o Milênio. Porém, para que o reino milenial de Cristo seja estabelecido, é necessário que Satanás seja preso. É exatamente isso que acontecerá.
“Então, vi descer do céu um anjo; tinha na mão a chave do abismo e uma grande corrente. Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, : fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações até se completarem os mil anos. Depois disto, é necessário que ele seja solto pouco tempo.” (Ap 20.1-3).
4. Soltura e prisão eterna de Satanás
Completado o período do reinado de Cristo, com justiça, paz e restauração de tudo na terra, Satanás será solto por um pouco de tempo (Ap 20.3).
“Quando, porém, se completarem os mil anus, Satanás será solto d a sua prisão e sairá a seduzir as Nações nos cantos d a terra,
(Ap 20.7-10).
Como vimos, Satanás, como opositor de Deus, será posto então no seu devido lugar, o inferno, quando então serão estabelecidos “... novo céu e nova terra...” (Ap
21.1), onde os salvos habitarão por toda a eternidade.
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