Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
As 10 doutrinas da Teologia Sistemática.
Sumário geral
Capítulo 1
Bibliologia — a doutrina das Escrituras
Capítulo 2
Teologia — a doutrina de Deus
Capítulo 3
Cristologia — a doutrina de Cristo
Capítulo 4
Pneumatologia — a doutrina do Espírito Santo
Capítulo 5
Antropologia — a doutrina do homem
Capítulo 6
Capítulo 7
Eclesiologia — a doutrina da Igreja
Capítulo 8
Angelologia — a doutrina dos Anjos
Capítulo 9
Hamartiologia - a doutrina do pecado
Capítulo 10
Escatologia — a doutrina das últimas coisas
Capítulo 2 - Teologia
Introdução à Teologia
Não obstante ser um livro que trate essencialmente sobre Deus e o Seu relacionamento com o homem, a Bíblia não assume como objetivo maior provar a existência de Deus. A existência de Deus é fato indiscutível, e, portanto pacífico, no decorrer de toda a narrativa bíblica.
Assim como a Bíblia, a sã teologia não se propõe a dissecar o Ser de
Deus, mas a apresentado ao nível da compreensão do homem. Evidentemente, como
Ser eterno, onisciente, onipresente e santo, Deus não pode ser aquilatado em
Sua plenitude pelo homem, cuja capacidade é limitadíssima em si mesma.
Se a própria Bíblia diz que nem os céus, nem o céu dos céus podem conter
Deus (l Rs 8.27), como a nossa ínfima compreensão seria capaz de aquilatá-lO?
Comece onde começar, a nossa jornada na pesquisa sobre Deus será consumada
quando nos virmos diante da declaração de Jesus à mulher samaritana: “Deus é
Espírito...” (Jo 4.24).
Diante desta declaração de Jesus Cristo, concluímos quão magnífico e
ilimitado é Deus, e quão insignificante e resumida é a nossa capacidade no que
tange explicá-ÍO.
Este é sem dúvida um resumo geral sobre a teologia bíblica
As Teorias inadequadas
Há vários sistemas de
crenças em Deus que divergem dos ensinos bíblicos e inúmeras tentativas de
explicar o relacionamento dEle com Universo e o homem. Essas teorias
inapropriadas levam o homem a se distanciar do Criador, como veremos.
Ateísmo.
O termo vem de duas palavras gregas: da
partícula negativa a, “negação” ou “privação”; e de tbeos, “Deus”. A ideia é da
negação do Senhor, isto é, “Deus não existe”. Essa palavra aparece apenas uma
vez no Novo Testamento, com o sentido de “sem Deus” (Ef 2.12), e não de negação
da existência divina. O ateísmo é uma teoria contraditória em si mesma, pois,
para negar a existência do Deus verdadeiro, apoia-se na pressuposição de que
Ele existe! A Palavra do Senhor chama os ateus de néscios, haja vista
afirmarem: “Não há Deus” (SI 14.1; 53.1). Na prática, o ateísmo é um modo de
vida sem relação alguma com a crença em Deus. Seus adeptos vivem como se Ele
não existisse: “Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas
cogitações são: Não há Deus.
Contudo, mesmo se autodenominando ateus, não
conseguem explicar o vazio de suas almas. Os ateus não conseguem entender
sequer o que se passa com eles mesmos. No entanto, ainda que haja alguém que
admita não sentir a necessidade de Deus em sua vida, isso jamais invalidará a
inquestionável realidade da existência dEle. Agnosticismo. E a negação do
conhecimento (gr. gnosis) ou do conhecer (gr. ginosko). O termo “agnosticismo”
foi empregado pela primeira vez pelo biólogo e filósofo inglês Thom as Henry
Huxley. Desapontado com as declarações dogmáticas da igreja, que lhe pareciam
sem fundamento, recusou-se a opinar sobre temas teológicos. Huxley usou a
palavra em questão a fim de expressar a ideia de crença suspensa — de quem não
crê nem deixa de crer. Por conseguinte, os agnósticos não têm opinião formada
sobre Deus; não negam nem afirmam a sua existência; não são contra nem a favor
do Todo-Poderoso.
Evolucionismo.
Essa teoria ensina que organismos biológicos
evoluíram num longo processo através das eras. A seleção natural,
evolucionismo, ou darwmismo, é a teoria da sobrevivência dos mais fortes. Há
duas formas de evolucionísmo: o ateísta e o teísta. O primeiro excluí Deus da
criação; o segundo parte do princípio de que o Senhor criou os materiais
originais e que o processo evolutivo se encarregou do desenvolvimento deles até
à perfeição.
Políteísmo.
E a prática da adoração
a mais de uma divindade. Esse vocábulo vem da língua grega polys, “muito ”; e
theos, “deus”. Isso significa que o politeísta serve e adora a vários deuses. Não
se trata do simples fato de ele reconhecer a existência daqueles, e sim de
obedecer a um sistema oposto ao monotcísmo (gr. monos, “único”), crença no
único Deus verdadeiro, revelado nas Escrituras (Dt 6.4).
Hcnoteísmo.
Este termo (do adjetivo
numeral grego hen, “ um ” , e de theos) foi empregado por Max Muller,
historiador das religiões alemão, a fim de indicar o sistema de adoração a um
só Deus, admitindo, todavia, a existência de outros deuses. E, pois, um sistema
que se situa, paradoxalmente, entre o monoteísmo e o políteísmo.
Matcrialísmo.
Não é o mesmo que materialidade; trata-se da
doutrina pela qual se afirma que a matéria é a realidade última, a única coisa
existente. Nessa teoria não há lugar para Deus, tampouco para qualquer classe
de realidade espiritual, transcendental ou imaterial. Panteísmo. Os defensores
dessa teoria postulam a identidade do Todo-Poderoso com o Universo. Trata-se da
crença filosófica ou religiosa do hinduísmo, a qual esteve presente nos
pensamentos grego e romano. E a doutrina de que Deus é tudo, e tudo é Deus; ela
não separa a criatura do Criador, associando-o ao próprio Satanás, que segundo
a teoria em apreço também é um deus.
Em suma, nada há que
não seja Deus; nada existe além dEle. Deísmo.
Doutrina pela qual se afirma a existência de
Deus, mas, ao mesmo tempo, assevera que Ele está muito longe de nós, a ponto de
não se envolver com os assuntos humanos, como um relojoeiro que dá corda a um
relógio e se esquece dele. E a doutrina dos epicureus, contrária ao teismo,
ensinado pela ortodoxia cristã; ou seja, Deus “não está longe de cada um de
nós” (At 17.27), e sim interessado no ser humano (Hb II.6 ). Monismo. Trata-se
de uma forma de panteísmo. Deus e a natureza, segundo essa teoria, muito comum
no hinduismo, dissolvem-se em uma única realidade impessoal. O termo vem do
grego monos, “só, único”, empregado pela primeira vez por Christian von Wolff,
filósofo alemão.
A existência de Deus
Não há, na revelação bíblica, a preocupação em
provar que Deus existe. Isso pode ser notado no primeiro versículo da Bíblia:
“N o princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn I.I).Tal declaração denota que
não há nas Santas Escrituras a intenção de persuadir o leitor a crer na
existência do Todo-Poderoso. A existência dEle é um fato consumado, uma verdade
primária, que não necessita de comprovação. Deus transcende à existência.
Deus está além de todas
as causas finitas. O conhecimento da sua existência pode vir da intuição, da
razão, porém as Escrituras Sagradas são a sua única fonte confiável. Intuição.
Todo ser humano é religioso por natureza. O homem tem anseio pelas coisas de
Deus e sente o desejo de buscá-lo. Há tribos que não usam roupas nem sabem
edificar uma casa; outras, sequer têm conhecimento suficiente para acender um
fogo. Entretanto, nenhuma há que não possua crenças num ser superior. Por mais
primitivo que seja o seu culto, e estranho o seu conceito de divindade, há um
denominador comum: o anseio e a busca de Deus. A religiosidade humana é um fato
universal e incontestável.
E disse o salmista,
inspirado pelo Espírito: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim
suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus
vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” (SI 42.1,2).
Como se vê, a crença
universal na existência de Deus explica-se pela intuição. O conhecimento acerca
dEle é intuitivo este termo significa “relação direta (sem intermediário) com
um objeto qualquer”.
E um conhecimento direto ou uma relação direta
com o objeto; percepção natural, algo inato, inerente ao ser da pessoa. E a
Palavra de Deus atesta essa crença intuitiva, em Rom anos 1.19,21; 2.14,15: Porquanto
o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho
manifestou... porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus,
nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram; e 0 seu coração
insensato se obscureceu. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem
naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são
lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando
juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer
defendendo-os. Razão.
Os teólogos estão
divididos quanto à possibilidade de a razão poder provar a existência de Deus.
O s argumentos fundamentados na razão são mais conceitos filosóficos do que
teológicos. Segundo Strong, cada argumento isolado apresenta os seus senões; ou
seja, não é conclusivo juntos se completam. Por outro lado, outros, como Wayne
Grudem, acreditam que tais argumentos provam ser irracional negar a existência
de Deus: São de fato tentativas de analisar as evidências especialmente as
evidências da natureza, de modos extremamente cuidadosos e logicamente
precisos, a fim de convencer as pessoas de que não é racional rejeitar a ideia
de que Deus existe.
Razão é a faculdade humana de observar a ordem
do Universo e aplicá-la a seus pensamentos e atitudes. Aristóteles desconhecia
o conceito judaico-cristão de criação. No entanto, nas suas observações chegou
à conclusão de que Deus existe. Seu argumento para provar a existência de Deus
está no movimento dos seres, na ordem existente no mundo, nos graus de perfeição
e na experiência psicológica. Pela lógica, qualquer movimento supõe uma força
externa atuando sobre o ser, o que Aristóteles chamou de “motor”. Cada motor
recebe o movimento de outro; e assim por diante.
O motor que é imóvel que
não pode ser movido por outro seria o primeiro, isto é, a Perfeição Absoluta,
Deus. Ele é o princípio da causa primeira.
A ideia aristotélica
foi retomada, na Idade Média, por Tomás de Aquino, que a empregou na explanação
das Cinco Vias (em sua obra Summa Contra Gentiles), com o objetivo de “provar”,
de forma racional, a existência de Deus. Essa parte da citada obra tornou-se
conhecida como o argumento cosmológico e o argumento teleológico.
No entanto, alguns, como Alister E. Mc Grath,
afirmam que não há nela indícios de que a intenção fosse provar a existência de
Deus, haja vista a fé de Tomás de Aquino firmar-se na revelação, e não nessas
cinco vias.
Nesse argumento tomista, “Deus é conhecido a
partir do exterior. Olhamos para o mundo e descobrimos a necessidade lógica da
existência de um ser superior”, afirmou Paul Tillich, que o considerou um a
análise, e não um argumento: ( são verdadeiros não enquanto argumentos, mas
enquanto análise)
Na doutrina dos argumentos; em favor da
existência de Deus, encontramos provavelmente a melhor análise da finidade da
realidade aparecida nos escritos do passado.
Eis as cinco vias:
1)
Experiência do
movimento.
Todas as coisas nesse
mundo se encontram em constante movimento, e nenhum movimento é feito pela sua
própria força. Tudo o que se move, movimenta-se pela ação de outra força. Logo,
para todo movimento existe um a causa anterior. Assim, é natural aceitar a
existência de um a primeira e única causa que deu origem à gigantesca cadeia de
causalidade do Universo. Tal causa primária e única é o pró p rio Deus. Vem os
aqui o argumento cosmológico, reformulado séculos depois.
2)
Subordinação das
causas.
E a relação de causa e
efeito, conhecida com o argumento etiológico. Etiologia é “pesquisa ou
determinação das causas de um fenômeno”.
E a causa primeira e
original, com um a todos os efeitos, é Deus.
Contingência dos seres.
Os seres humanos são contingentes; não estão no mundo por necessidade. Assim,
por que estamos aqui, e qual a causa de nossa existência? Sem a existência de
um primeiro Ser os seres contingentes também deixariam de existir. E o tal Ser
é Deus.
4) Graduação das
perfeições transcendentais. E o argumento axiológico.
3)
A axiologia é a teoria
dos valores.
Haja vista o termo
grego axioma, originalmente, “dignidade” ou “valor”. Os valores morais, como a
bondade, a verdade e a nobreza, têm uma origem e uma causa. Por isso, deve
haver uma bondade, uma verdade e uma nobreza em si mesmas Bondade Absoluta,
Verdade Absoluta e Nobreza Absoluta, bem como um Ser supremo (Deus), no qual
estejam todos esses valores.
4)
Ordenação a um fim.
E o argumento
teleológico. Teleologia “é a parte da filosofia natural que explica os fins das
coisas”, conhecido, também, por argumento do desígnio, uma vez que a inegável
ordem, a harmonia e o planejamento do Universo constituem-se provas
irrefutáveis de um propósito inteligente. Tomás de Aquino acreditava ser
possível o homem conhecer a Deus pela razão, tendo por base exclusiva a
natureza.
Argumentos que confirmam
a existência de Deus
O termo “argumento”, em
si, significa qualquer razão, prova, demonstração, indício, motivo capaz de
captar o assentimento e de induzir à persuasão ou à convicção.
Os argumentos abaixo são explicações racionais
e filosóficas que confirmam a existência de Deus fora da esfera teológica e têm
por objetivo convencer as pessoas de que não é racional negar a existência de
Deus. Cosmológico. Este argumento apresenta a evidência de que Deus existe e é
a primeira causa. Como o mundo não se explica por si mesmo, esse argumento
“assume, basicamente, que a existência do Universo é algo que precisa ser
explicado”,16 considerando que cada efeito deve ter uma causa (e depende dela)
para a sua existência. H aja vista a natureza não poder produzir a si mesma. A
validade dessas verdades pode convergir para a dedução conclusiva de que “o
Universo é causado por uma criação direta de uma causa eterna e
auto-existente”.
1 Antes que os montes
nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a
eternidade, tu és Deus (Sl 90 .2).
E: Tu, Senhor, no
princípio, fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos (Hb 1.10). Porque
toda casa é edificada por alguém, mas 0 que edificou todas as coisas é Deus (Hb
3.4). Teleológico. Este pode ser incluído na categoria do argumento cosmológico;
é a quinta via de Tomás de Aquino. A palavra grega é telos, “fim”, “propósito
”, pois trata dos fins, do desígnio, do propósito racional. A ordem e o
planejamento do Universo deixam evidente o seu propósito. Com isso, faz-se
Teologia a Doutrina de Deus 59 necessária a existência de um a m ente
inteligente e infinita, responsável por esse desígnio. Aquele que fez o ouvido,
não ouvirá? E o que formou o olho, não verá? Aquele que argui as nações, não
castigará? E o que dá ao homem o conhecimento, não saberá? (Sl 94.9,10).
Ontológico.
Ontologia é o ramo da
filosofia que trata da investigação teórica dos caracteres fundamentais do ser.
Christian F. von Wolff dividiu a metafísica em quatro partes:
· ontologia,
· psicologia,
· cosmologia racional e
· teologia.
O termo grego onontos
significa “ser”; “refere-se àquilo que possui uma existência real e
substancial. Equivale a substância ou essência”. Paul Tillich chama Deus de
“Ser em e de si mesmo” na parte dois de sua teologia Sistemática. Isso tem
implicação com o verbo “ser”, em hebraico, de onde vem o tetragrama YHWH —
Yahveh ou Yahweh.
O significado desse verbo, em Exodo 3.14, “EU
SOU O QUE SOU ” (ou, na Septuaginta, ego eimi ho on, “Eu Sou o Ser” ou “Eu Sou
Aquele Que E ”) revela Deus como um Ser que tem existência própria; existe por
si mesmo. Deus é, pois, o imutável, o que causa todas as coisas; é
auto-existente, aquEle que é, e que era, e que há de vir, o Eterno: “Porque,
como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si
mesmo” (Jo 5.26). Esse argumento “infere a existência de Deus a partir da
natureza do pensamento”.
Anselmo de Cantuária,
em sua obra Proslogion, publicada em 1078, considera o Senhor como “aquEle a
respeito de quem não se concebe nada maior”. E a ideia do Ser mais perfeito, pois
há na mente humana esse pensamento. Como poderia tal ideia chegar ali se não
existisse o tal Ser? Se é apenas um a ideia sem existência real, não seria o
Ser mais perfeito.
Segundo Paul Tillich, ainda, Anselmo “queria
encontrar Deus no próprio pensamento. Achava que antes do pensamento sair para
o mundo deveria estar perto de Deus”.
Moral ou antropológico. Esta formulação veio
de Immanuel Kant; baseia-se no fato de existir no homem uma consciência que
estabelece a distinção entre o bem e o mal, dando a ele senso de responsabilidade
e de razão existencial (Rm 2.14,15).
O fato de existir essa
lei moral, per se, torna evidente a existência de um Legislador ou Promulgador
Supremo, a quem todos os humanos hão de prestar contas. O homem é um ser moral,
responsável pelos seus atos diante de Deus (Ec 12.14). Outro fator importante
desse argumento é que nem sempre os bons são recompensados, e os maus, punidos.
Assim, o mundo se tornaria um caos sem a existência de um justo e supremo Juiz.
Nesse caso, o argumento em apreço é válido para mostrar que a nossa própria
natureza moral nos obriga a crer num Deus pessoal. O testemunho da natureza. O
testemunho da natureza não apresenta a divindade com os mesmos detalhes das
Escrituras. Contudo, é suficiente para mostrar com clareza a existência do
Criador, o seu poder e a sua sabedoria. Os céus manifestam a glória de Deus e
0firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e
uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as
suas vozes em toda a extensão da terra, e as suas palavras, até ao fim do
mundo. Neles pôs uma tenda para 0 sol (SI 19.1-4). A natureza é uma prova
irrefutável da existência do Criador, assim como um relógio e um automóvel
pressupõem um idealizador. E claro que os tais não vieram à existência do nada
ou por acaso. Alguém planejou e pensou em todos os detalhes, para obter um bom
funcionamento tanto do relógio como do automóvel. Isso se aplica também ao
Universo: Alguém sábio e perfeito planejou-o e o trouxe à existência. A ordem
natural das coisas testifica contra a insensatez dos ateus; e o Novo Testamento
mostra que a própria criação exige do raciocínio humano a existência do
Criador. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o
seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas
coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis (Rm 1.20). Deus se
revelou a si mesmo ao seu povo. Essa revelação é a sua Palavra, manifestada no
Senhor Jesus Cristo (Jo I.1 8). Tudo o que sabemos dEle é o que Ele mesmo
revelou na sua santa Palavra. Daí ter dito: “EU SOU O QUE SOU ” (Ex 3.14). Mesmo
assim, as Escrituras mostram, até nos seus detalhes, que a criação, em si,
torna o ateu indesculpável ou inescusável diante de Deus.
O conhecimento de Deus
Com o podem os saber se Deus é um Ser
cognoscível ou incognoscível? O termo “cognoscível” vem do latim cognitio e
significa “conhecimento”. N as Escrituras empregam-se diversos termos, com
vários significados, para o conhecimento e seus derivados. A Palavra de Deus
exorta o ser humano a conhecer ao Senhor. Mas, qual o significado desse conhecimento?
O Deus incognoscível.
A incognoscibilidade divina é oriunda dos seus
atributos incomunicáveis — como a infinitude e a imensidão: “a sua grandeza,
inescrutável” (SI 145.3); “o seu entendimento é infinito” (SI 147.5) — e da
limitação do entendimento humano. Deus revelou-se a si mesmo na Bíblia, mas
pode ser considerado incognoscível quando se trata do conhecimento pleno do seu
Ser e de sua essência. Com o Ele é infinitamente incomparável, o homem jamais
poderá esquadrinhá-lo e compreendê-lo como é, em essência e glória. Eis que
isto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é 0 que temos ouvido
dele! Quem, pois, entenderia o trovão do seu poder? (Jó 2 6 .1 4 ). Eis que
Deus é grande, e nós 0 não compreendemos, e o número dos seus anos não se pode
calcular ( Jó 3 6 .2 6 ). Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz
grandes coisas que nós não compreendemos (Jó 3 1 .5 ). Tal ciência é para mim
maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir (Sl 139.6). Não sabes, não
ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, nem se
cansa, nem se fatiga? Não há esquadrinhação do seu entendimento (Is 40 .28). A
quem me fareis semelhante, e com quem me igualareis, e me comparareis, para que
sejamos semelhantes? (Os 4 6 .5 ). Oh profundidade das riquezas, tanto da
sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis, os seus caminhos! (Rm 11.33). A grandeza de Deus ultrapassa os
limites do raciocínio humano. Se Ele pudesse ser plenamente conhecido e
esquadrinhado pela razão humana, deixaria de ser Deus. Ele transcende a tudo
que é matéria e finito, a tudo que há no Universo. Analisando o assunto dessa
maneira, é correto e verdadeiro afirmar que o Senhor é um Ser incognoscível. O
Deus cognoscível. O Deus verdadeiro e incognoscível revelou-se a si mesmo em
sua Palavra. Assim, o homem pode conhecê-lo — haja vista ser Ele também
imanente — o suficiente para que exista um relacionamento entre ambos. Em
virtude da infinita grandeza do Criador, esse conhecimento acerca dEle é
comparável ao reflexo de um espelho, como um enigma ( I Co 13.12), pois “em
parte, conhecemos e, em parte, profetizam os” (I Co 13.9). Nesse sentido, Deus
é cognoscível, conquanto esse conhecimento não signifique simplesmente o fato
de alguém possuir informações sobre Ele. Trata-se de uma expressão que denota a
auto revelação de Deus, em Jesus Cristo, para a vida eterna.
Naquele tempo, respondendo Jesus, disse:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos
sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te
aprouve, Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece 0
Filho, senão 0 Pai; e ninguém conhece 0 Pai, senão 0 Filho e aquele a quem 0
Filho 0 quiser revelar (Mt 11.25-27). Saber algo sobre uma pessoa não é a mesma
coisa que conhecê-la. N a primeira acepção, é o mero conhecimento intelectual;
na segunda, diz respeito ao relacionamento pessoal. O Senhor Jesus é o único
que possui o conhecimento perfeito e absoluto do Pai e, por isso, o único com
autoridade para revelá-lo aos homens. O conhecimento intelectual é, em si mesmo,
o resultado de um processo de aprendizagem ou informação por meio dos cinco
sentidos, auxiliados por intuição e razão. O conhecimento mencionado em João
17.3 é místico envolve comunhão, fé, obediência e adoração, além de um viver em
humildade na dependência de Deus, e não simplesmente intelectual. Qualquer
pessoa, mesmo que não seja cristã, tem a capacidade intelectual para aprender a
doutrina de Deus, bem como acerca de sua natureza e de seus atributos. Basta
ler ou estudar qualquer tratado de teologia sistemática. Isso, entretanto, não
é um relacionamento pessoal nem comunhão com Deus.
Um Deus pessoal
Não é possível
conciliar panteísmo e cristianismo. O Deus revelado na Bíblia é pessoal,
transcendente e imanente. O que é a imanência? E o relacionamento do Criador
com o mundo criado, principalmente com o ser humano e a sua história. Se ele
pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o
seu fôlego; toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó (Jó
34.14,15). Todos esperam de ti que lhes dês 0 seu sustento em tempo oportuno.
Dando-lhe tu, eles 0 recolhem; abres a tua mão, e enchem-se de bens. Escondes 0
teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras a respiração, morrem e voltam ao
próprio pó (Sl 104.27-29). A transcendência denota que Deus é um Ser não
pertencente à criação, que transcende a toda matéria e a tudo que foi criado.
Ele é independente e está, nesse sentido, separado da criação, haja vista
existir antes da fundação do mundo.
Porque, assim como os céus
são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os
vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos
(Is 55.9). E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela
glória que tinha contigo antes que o mundo existisse (Jo 17.5). Pai, aqueles
que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que
vejam a minha glória que me deste; porque tu me hás amado antes da criação do
mundo (Jo 17.24). Muitos tratados de teologia sistemática apresentam a
personalidade ou a pessoalidade de Deus entre os seus atributos. N a verdade,
ela é a essência do Ser divino. Os argumentos cosmológico, teleológico,
ontológico e antropológico, usados em favor da existência de Deus, valem também
para comprovar a sua personalidade. Em linguagem antropomórfica, mencionam-se,
em diversas passagens das Escrituras, os membros do corpo humano como elementos
da composição divina: face, dedos, mãos, braços, pés, olhos, ouvidos, narinas...
E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas
do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus (Ex 31.18). E falava
o Senhor a Moisés face a face... E disse mais: Não poderás ver a minha face,
porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá (Ex 33.11,20). O Deus eterno
te seja por habitação, e por baixo de ti estejam os braços eternos (Dt 33.27).
Pela repreensão do Senhor, pelo sopro do vento dos seus narizes (2 Sm 22.16).
Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra (2 Cr 16.9).
Porque a boca do Senhor o disse (Is 5 8.14) . Eis que a mão do Senhor não está
encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não
poder ouvir (Is 59.1). Essa figura de linguagem da Bíblia, em si, talvez não
seja conclusiva. Todavia, em razão de ser ela antropomórfica e não zoomórfica
(forma de animal) nem cosmomórfica (forma de corpos celestes), mostra certa
semelhança com o homem. A personalidade humana, portanto, serve como evidência
da personalidade divina. E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme
a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus,
e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a
terra. E criou Deus o homem á sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea
os criou (Gn 1.26, 27).
Os termos “imagem ” e
“semelhança”, mencionados no texto acima, implicam um a correspondência entre
as naturezas divina e humana. Conquanto tal semelhança seja infinitamente
perfeita em Deus, há similaridades nessas faculdades, presentes em toda a
Bíblia. 05 elementos que se combinam para formar a personalidade são:
intelecto, sensibilidade e vontade; mas todos esses poderes agem, a fim de
exigir uma liberdade tanto da ação externa quanto da escolha dos fins para os
quais a ação for direcionada. O intelecto deve dirigir, a sensibilidade deve
desejar, e a vontade deve determinara direção dos fins racionais. Não pode
haver personalidade, seja humana, angelical ou divina, à parte desse complexo
de essenciais.
O filósofo e teólogo inglês Hasting Rashdall, em sua análise sobre a personalidade,
assinalou cinco elementos: consciência, permanência, identidade auto distintiva,
individualidade e atividade.
Nas Escrituras, encontram os um Deus que age,
galardoa e castiga; sente, ama e odeia; pensa e raciocina; adverte, julga e se
com única com as suas criaturas, principalmente as inteligentes. E Jesus lhes
respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também (Jo 5.1 7). Porque
eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz 0 SENHOR; pensamentos de paz e
não de mal, para vos dar o fim que esperais (Jr 29.1 l). Vinde, então, e argui-me
[arrazoemos, ARA], diz 0 SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como
o carmesim, se tornarão como a branca lã (Is 1.18) Eu vos amei, diz o Senhor;
mas vós dizeis: Em que nos amastes Não foi Esaú irmão de Jacó disse o SENHOR;
todavia amei a Jacó e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e
dei a sua herança aos dragões do deserto (Ml 1.2,3).
Deus se revelou a si
mesmo nas Escrituras Sagradas como Ser pessoal. Ele é autoconsciente e auto determinante.
O termo “autoconsciente” é mais que
consciência de si mesmo: Não significa “consciência de si” no sentido de cognição
(intuição, percepção) que o homem tenha de seus atos ou de suas manifestações,
percepções, ideias; tampouco significa retorno à realidade “interior”, de
natureza privilegiada; é a consciência que tem de si um princípio “infinito”,
condição de toda realidade.
O vocábulo “autodeterminante”
significa “a liberdade absoluta, incondicional e, portanto, sem condições nem
graus; é livre, aquilo que é causa de si mesmo”. E a ação a partir do interior;
é o mesmo que agir por si mesmo, sem a influência de qualquer intervenção
externa. E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos
filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós (Ex 3.14). Mas, se ele está contra
alguém, quem, então, o desviará? O que a sua alma quiser isso fará (Jó 23.13).
Que anuncio o fim desde 0 princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda
não sucederam; que digo: 0 meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade
(Is 46.10). Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito,
que propusera em si mesmo (Ef 1.9).
O que são os atributos
de Deus
Os atributos são
propriedades ou qualidades, virtudes ou perfeições próprias de um ser.
O termo “atributo”, no
âmbito teológico, aplicado a Deus, é uma referência às suas características ou
qualidades essenciais, que descrevem quem Ele é, o que faz e o que possui.
Atributos divinos são as perfeições do Todo-poderoso reveladas nas Escrituras e
conhecidas em função da relação dEle com o homem, nas suas diversas obras. São
perfeições próprias da essência de Deus. Atribuir características a Deus, por
mais elevadas que sejam essas qualidades, parece um a tentativa de definir o
Ser divino. E definir implica “estabelecer limites precisos”, como o
significado do próprio verbo latino definir.
Quando usamos o termo
“atributo”, não queremos com isso afirmar que o Todo-Poderoso seja limitado à
soma total de todas essas qualidades. Deus vai além dos limites que o homem
pode imaginar. E, em face dessas suas infinitude e transcendência, não é
possível defini-lo; mas podem os descrevê-lo, parcialmente, com base naquilo
que Ele mesmo revelou na sua Palavra. Esses atributos são geralmente
classificados em dois grupos principais, nos tratados de teologia sistemática.
O primeiro reúne todos aqueles atributos exclusivos da divindade ou deidade,
como infinitude, imensidão, eternidade, transcendência, etc. São os atributos
incomunicáveis, chamados de atributos naturais, absolutos ou, ainda, de
imanentes (ou intransitivos). O segundo grupo congrega os atributos “que
encontram alguma ressonância nos seres hum anos”,2׳ transmitidos, ainda que em grau infinitamente inferior,
humanidade, como justiça, bondade, amor.
São conhecidos como
atributos comunicáveis, porém há outros nomes para eles, como atributos morais,
relativos, ou, ainda, emanentes (ou transitivos). Charles Hodge afirma que “o
objetivo da classificação é a ordem, e o objetivo da ordem é a clareza”.
Contudo, ele reconhece que são poucos os temas que “se tem pensado e trabalhado
mais extensamente do que neste. Entretanto, é provável que o benefício não
tenha sido proporcional ao trabalho”.
Com fins didáticos, tal separação dos
atributos visa à clareza das definições das qualidades divinas exclusivas, as
quais não encontram analogia no homem aquelas que, apesar de, no Todo-Poderoso,
serem perfeitas e infinitas, encontram certa correspondência no ser humano.
Deus, pois, em certa medida, comunica alguns atributos; partilha-os com as suas
criaturas livres e inteligentes: os seres espirituais, no Céu, e humanos, na
Terra.
Os atributos incomunicáveis de Deus
Perfeição. A perfeição
como atributo significa que Deus é perfeito de m odo absoluto, infinito e
único. Não se trata de um a mera combinação de perfeições individuais; Ele é a
origem de todos os atributos. Isso diz respeito a tudo que faz, pensa,
determina: “O caminho de Deus é perfeito” (SI 18.30). Deus age em perfeita harmonia
com as suas natureza e santidade, e ninguém jamais poderá se assemelhar a Ele:
“Porventura, alcançarás os caminhos de Deus ou chegarás à perfeição do
Todo-poderoso?” (Jó II .7 ). Espiritualidade. Este termo não é a mesma coisa
que a qualificação “espiritual”; está relacionado com o substantivo “espírito”
; no caso do salvo, relaciona-se ao Espírito Santo. A Palavra de Deus afirma:
“Deus é Espírito ” (Jo 4.24). Seu Ser, portanto, não se com põe de matéria.
Jesus disse que “espírito não tem carne nem ossos” (Lc 2 4.39). Um espírito é
um a substância material, invisível e indestrutível. E mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de
quadrúpedes, e de répteis (Rm 1.23). O qual é imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação (Cl 1.15). Ora, ao Rei dos séculos, imortal,
invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém! (ITm 1.1
7).
O termo grego traduzido por “ imortal” ( I Tm
1.17), em nossas versões portuguesas da Bíblia, é aphthartos, que literalmente
significa “incorruptível”. Aparece em Romanos 1.23.
Ser espírito, por
conseguinte, não implica impessoalidade, e sim qualidade de perene,
imperecível. O Senhor Jesus disse que Deus tem voz e forma, mas isso é
incomparavelmente infinito: “Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu
parecer” (Jo 5.37). Infinitude. Consiste no fato de que para Deus não há
limites no tempo e no espaço. Ele é maior do que qualquer coisa que exista,
como escreveu Anselmo de Cantuária (argumento ontológico), e transcende o
Universo, existindo desde antes da fundação do mundo: “antes que o mundo
existisse... porque me hás amado antes da criação do mundo ” (Jo 17.5, 24). Não
há barreira nem limite na natureza do Todo-Poderoso. A sua infinitude é a base
dos atributos da eternidade e da imensidade. Ele é infinito e, ao mesmo tempo,
pessoal. Essa característica é peculiar ao Deus revelado na Bíblia. Sua
imensidade diz respeito ao espaço; Ele transcende a todo o espaço do Universo.
Neste não há um único lugar onde alguém possa se esconder do Senhor. Grande é o
Senhor e muito digno de louvor; e a sua grandeza, inescrutável (Sl 145.3).
Grande é 0 Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir
(Sl 147.5). Eis que os céus e até o céu dos céus te não poderiam conter (l Rs
8.27). Esconder-se-ia alguém em esconderijos; de modo que eu não o veja? diz o
SENHOR.
Porventura, não encho eu os céus e a terra? diz
o Senhor (Jr 23.24). Eternidade. A ideia filosófica de eternidade não está
clara no Antigo Testamento. Contudo, quando se refere a Deus, o conceito é de
duração infinita de tempo, sem início nem fim: “O teu trono está firme desde
então; tu és desde a eternidade” (Sl 93.2); “Mas tu és o mesmo, e os teus anos
nunca terão fim” (Sl 102.27). Deus é o autor do tempo; não está sujeito a ele;
existe desde “antes dos tempos dos séculos” ( Tt 1.2), ou “antes dos tempos
eternos”, conforme a Tradução Brasileira. Isso está muito claro na expressão:
“EU SOU O QUE SOU ” (Êx 3.14). Esta passagem fala tanto da auto-suficiência
como da auto-existência divinas. A eternidade denota que Deus é livre de toda a
distinção temporal de passado o u de futuro. Não teve Ele um começo nem terá
fim em seu ilimitado Ser. A Bíblia o apresenta com o qualificativo “eterno” que
existe desde a eternidade. E plantou um bosque em Berseba e invocou lá o nome
do Senhor, Deus eterno (Gn 21.33).
O Deus eterno te seja
por habitação, e por baixo de ti estejam os braços eternos; e ele lance 0
inimigo de diante de ti e diga: Destrói-o Dt 33.2 ,). Antes que 0s montes
nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a
eternidade, tu és Deus (SI 90.2). Não sabes, não ouviste que o Eterno Deus, 0
SENHOR, o Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem se fatiga Não há
esquadrinhação do seu entendimento (Is 40.28). Έ: Tu, Senhor; no princípio,
fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos; eles perecerão, mas tu
permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, e, como um manto, os
enrolarás, e, como uma veste, se mudarão; mas tu és 0 mesmo, e os teus anos não
acabarão (Hb 1.10-12) citação de Salmos 102.25-27. Imutabilidade. Tudo na vida
muda; transforma-se; é o princípio de Lavoisier. Até mesmo o Céu e a terra mudam
e envelhecem, mas Deus permanece o mesmo (Hb 1.10-12). Ele é imutável; nEle não
há mudança nem sombra de variação; o Senhor não muda a sua natureza, tampouco o
seu caráter e os seus atributos; nem em consciência nem em propósito. Porque
eu, 0 Senhor, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos
(Ml 3.6). Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das
luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação (Cl 1.17).
Essa é a garantia de
que Deus jamais mudará de opinião no que diz respeito às suas promessas. Mas
ser imutável não significa imobilidade. Daí a Bíblia registrar o
“arrependimento ” de Deus: “Então, arrependeu-se o Senhor de haver feito o
homem sobre a terra” (Gn 6.6); “Arrependo-me de haver posto a Saul como rei...
E o Senhor se arrependeu de que pusera a Saul rei sobre Israel” ( I Sm
15.11,35); “e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez”
(Jn 3.10). Deus está presente na eternidade; para Ele, passado, presente e
futuro são a mesma coisa; jamais será apanhado de surpresa.
Entretanto, como Ser
pessoal, tem emoções e reage ao pecado. N a verdade, a mudança ocorre primeiro
no ser humano, como vemos em todos os episódios mencionados acima (Gn 6.6; I Sm
15.11,35; Jn 3.5-10). Em função disso, o Senhor “arrepende-se”, mudando o tratamento
em relação ao ser humano, conquanto a sua natureza permaneça imutável. O
emprego de mais esse antropomorfismo, nas páginas sagradas, tem deixado alguns
desavisados um tanto confusos, porém reafirmamos que Deus é perfeito e
imutável. O arrependimento humano é mudança de mente e de coração; já o Senhor
não pode mudar nem alterar a sua mente. Deus não é homem, para que minta; nem
filho de homem, para que se arrependa; porventura, diria ele e não 0 fiaria? Ou
falaria e não 0 confirmaria? (Nm 23.19). E também aquele que é a Força de
Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se
arrependa (l Sm I5.29).
Portanto, nós, os seres humanos, mudamos em
nossa conduta; e, por essa razão, perdemos, muitas vezes, as bênçãos de Deus.
Mas, quando isso acontece, a mudança não teve origem no Senhor, e sim em nós,
que de alguma forma fracassamos (2 Cr 15.2). Onipresença e imensidade (ou
imensidão). Há diferença entre onipresença e imensidade? O termo “onipresença”
não aparece na Bíblia; vem do latim omni, “tudo ”, e praesentia, “presença”. Com
o atributo divino, na Teologia, a ideia “indica precisamente a presença cheia
de Deus em todas as criaturas”.
O vocábulo “imensidade”
vem, também , do latim immensitas, de immensus, “imenso, desmedido, não mensurado
”. Como termo técnico teológico indica que “a essência divina é sine mensura,
sem medida e satura todas as coisas”. Assim “immensitas”é um atributo essencial
de Deus em sua diferença para o mundo, visto que a “omnipraesentia” é um
atributo relativo que expressa a indeterminada presença de Deus: Deus é
“illocalis”, ou sem-local, e sua presença intensiva, “indívisibilis”, e
“incomprehensibilis”:,l Segundo Strong, a onipresença “significa que Deus, na
totalidade da sua essência, sem difusão ou expansão, multiplicação ou divisão,
penetra e ocupa o Universo em todas as suas partes”, enquanto que imensidade “é
infinitude em relação ao espaço. A natureza de Deus não está sujeita à lei de
espaço. Deus não está no espaço”.
Assim, a natureza divina não tem extensão nem
está sujeita a nenhuma limitação espacial. Chafer considera essa diferença da
seguinte maneira: É provável que os termos onipresença e imensidão representem
ideias ligeiramente diferentes. A onipresença naturalmente relaciona Deus ao
Universo, onde outros seres estão como presente com Ele, enquanto que a
imensidão sobrepassa toda a criação e estende-se infinitamente
O espaço veio a existir
com a criação; logo, o Criador transcende às dimensões espaciais, como lemos em
Jeremias 23.23,24: Sou eu apenas Deus de perto, diz o SENHOR, e não também Deus
de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não 0 veja? diz
0 SENHOR. Porventura, não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor
A diferença, de fato,
entre os atributos em análise pode ser resumida da seguinte forma: a imensidade
de Deus fala de sua essência imensa, que não tem limite, enchendo todo o
Universo, em relação ao espaço; já a onipresença diz respeito à presença do
Todo-Poderoso em relação às criaturas. Em um alto e santo lugar habito e também
com 0 contrito e abatido de espírito (Is 57.15).
O Senhor olha desde os
céus e está vendo a todos os filhos dos homens; da sua morada contempla todos
os moradores da terra (Sl 33.13,14). Os olhos do Senhor estão em todo lugar,
contemplando os maus e os bons (Pv 15.3).
Onisciência.
A palavra “onisciência”
vem do latim omniscientia omni, “tudo”; e scientia, “conhecimento”, “ciência”.
E o atributo divino para descrever o conhecimento perfeito e absoluto que Deus
possui de todas as coisas, de todos os eventos e de todas circunstâncias por
toda a eternidade, passada e futura. Trata-se do conhecimento, da inteligência
e da sabedoria em graus perfeito e infinito: “Não há esquadrinhação do seu
entendimento” (Is 40.28). Esse conhecimento é simultâneo, e não sucessivo. A
onisciência de Deus excede todo o entendimento humano; é um desafio à nossa
compreensão, mas é também uma realidade revelada. Tens tu notícia do equilíbrio
das grossas nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito nos conhecimentos?
(Jó 37.16). E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as
coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar (Hb
4.13). Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que 0 nosso
coração e conhece todas as coisas (l Jo 3.20). Presciência. Deus conhece o fim
desde o princípio; Ele está presente na eternidade. Isso envolve a presciência,
conhecimento antecipado, na ótica humana, pois o Senhor não está limitado ao
tempo.
Como vimos, presente,
passado e futuro são a mesma coisa para o Senhor, posto que Ele sabe tudo,
desde as coisas grandiosas como o número das estrelas, incluindo-se os nomes
delas: “conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes” (Sl
147.4), até ao pequenino pardal: “nenhum deles cairá em terra sem a vontade de
vosso Pai” (Mt 10.29). Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade: que
eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o
fim desde 0 princípio e; desde a antiguidade, as coisas que ainda não
sucederam; que digo: 0 meu conselho será firme, e fiarei toda a minha vontade
(Is 46.9,10). Deus, na sua presciência, não interfere na liberdade humana, ou
seja, no livre arbítrio. Ele sabe de antemão todos os acontecimentos futuros
sem interferir diretamente na decisão de cada pessoa. Além de saber tudo sobre
os seres humanos, somente Ele conhece o coração deles. ... só tu conheces o
coração de todos os filhos dos homens ( l Rs 8.39). Porque esquadrinha o Senhor
todos os corações e entende todas as imaginações dos pensamentos (l Cr 28.9).
Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces0 meu assentar e o meu
levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas 0 meu andar e 0 meu
deitar; e conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha
língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces (Sl 139.1-4). Antes que eu te formasse
no ventre, eu te conheci; e; antes que saísses da madre, te santifiquei e às
nações te dei por profeta (Jr 1.5).
Onipotência.
O termo significa “ter
todo poder, ser todo-poderoso”.
A Bíblia ensina que Deus é onipotente; um de
seus nomes revela esse atributo, ΈΪ Shaddai (hb.), como veremos mais adiante no
estudo sobre os nomes de Deus. Os cristãos reconhecem que Deus pode todas as
coisas: “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). Ele é chamado nas
Escrituras de “Onipotente”, o Ser que tudo pode. Aquele que habita no
esconderijo do Altíssimo, á sombra do Onipotente descansará (Sl 91.1). Ah!
Senhor JEOVA! Eis que tu fizeste os céus e a terra com 0 teu grande poder e com
0 teu braço estendido; não te é maravilhosa demais coisa alguma (Jr 32.1). ...
nada há que seja demasiado difícil para ti (Jr 32.1 -7)
As especulações sobre a
significação de onipotência foram discutidas por teólogos e pensadores cristãos
da Idade Média, como Anselmo de Cantuária, Tomás de Aquino, Guilherme de Occam
e Duns Scotus. Isso significa que Deus realiza contradições lógicas como
círculo quadrado, triângulo redondo ou pode criar água seca? Ou, ainda, criar
uma pedra tão pesada que ele mesmo não a possa levantar? Isso nos parece mais
especulações falaciosas do que lógicas, pois o termo “onipotência”, no âmbito
teológico, como atributo divino, indica poder ilimitado de Deus ad extra,
“externo”; ou seja: “a omnípotentia Dei está limitada somente pela essência ou
natureza do próprio Deus e por nada externo a Deus”.
Esse conceito responde a essas especulações ou
objeções. O atributo em foco diz respeito ao poder irresistível de Deus, que
age conforme a sua vontade, pelo qual Ele trouxe o Universo à existência; pela
sua vontade e pelo poder de sua Palavra: “Porque falou, e tudo se fez; mandou,
e logo tudo apareceu” (SI 33.9); “O norte estende sobre o vazio; suspende a terra
sobre o nada” (Jó 26.7). O poder de Deus está relacionado com o seu propósito ,
com a sua natureza e com a sua essência. Por meio desse ilimitado poder, pela sua
Palavra, o Senhor criou o Universo e sustenta todas as coisas. As Escrituras
ensinam “que Deus não pode mentir” ( Tt 1.2). Deve isso ser interpretado com o
limite de seu poder? Não, pois essa passagem enfatiza o imutável caráter de Deus,
haja vista ser Ele “a verdade”. Afirmar que Deus não pode impedir o fenômeno
tsunami que abateu o sul da Ásia, em 26 de dezembro de 2004, é heresia. Ora,
Ele não impediu porque não quis. O sofrimento humano é consequência do pecado,
e o Senhor tem um propósito em tudo isso, o qual nós não conseguimos entender.
Os Atributos
comunicáveis de Deus
Santidade. Deus é
absolutamente santo; sua santidade é infinita e inigualável; Ele é santo em si
mesmo, em sua essência e em sua natureza. No entanto, está escrito: “Santos
sereis, porque eu, o Senhor , vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). Esta passagem,
citada no Novo Testamento (I Pe I .6), enfatiza que o Senhor exige santidade de
seu povo porque Ele é santo. Vemos, pois, que a santidade está em Deus e deve
estar em seus seguidores. Isso explica um a dúbia classificação, apesar de
haver uma abissal e incomparável diferença entre a santidade de Deus e a do ser
humano. O termo “santo” hb. qadosh e gr.
hagios significa “separação” ou “brilho”, “brilhante”;36 é especificamente divino.
A etimologia de qadosh é ainda incerta; parece ser um a combinação que indica
“queimar no fogo”, num a referência à oferta queimada, porém a ideia básica é
de “separar, retirar do uso com um ”.'
Esse é o pensamento do
Antigo Testamento: “para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo
e o limpo” (Lv 10.10). Santidade significa afastar-se de tudo o que é
pecaminoso. Os antigos hebreus levavam-na com seriedade. A Palavra de Deus
chama de santas as duas partes do Tabernáculo. O Senhor ordenou essa construção
com o objetivo habitar no meio dos filhos de Israel: E me farão um santuário, e
habitarei no meio deles (Ex 25.8). Pendurarás o véu debaixo dos colchetes e
meterás a arca do Testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação
entre 0 santuário e o lugar santíssimo (Ex 26.33). A santidade de Deus é
singular por causa de sua majestade infinita e também em virtude de Ele ser
totalmente distinto e separado, em pureza, de suas criaturas. Essa santidade é
a plenitude gloriosa da excelência moral do Todo-Poderoso, que nEle existe e
que nEle originou-se; não deriva de ninguém: “Não há santo como é o Senhor ” (I
Sm 2.2). Toda a adoração deve ser nesse espírito de santidade. Nenhum atributo
divino é tão solenizado nas Escrituras como esse.
O SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem
é como tu, glorificado em santidade, terrível em louvores (Ex 15.11). E
clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é 0 Senhor dos
Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória (Is 6.3). E os quatro animais
tinham, cada um, respectivamente, seis asas e, ao redor e por dentro, estavam
cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo,
Santo é0 Senhor Deus, 0 Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de vir (Ap
4.8). Quem te não temerá, ó Senhor; e não magnificará 0 teu nome? Porque só tu
és santo; por isso, todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque
os teus juízos são manifestos (Ap 15.4). A santidade de Deus é o princípio da
sua própria atividade: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal” (Hb
I.1 3), bem como a norma para as suas criaturas: “Segui a paz com todos e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Verdade e fidelidade.
Verdade é um atributo relacionado com a fidelidade de Deus. Ela diz respeito à
sua veracidade e é algo próprio da natureza divina. Já a fidelidade, do latim
fdelitas, é a garantia do cumprimento das promessas dEle: “Deus é consistente e
constante em suas promessas e em sua graça”.38 E, pois, um atributo relacionado
com a imutabilidade de Deus. O termo “verdade” (hb. ’emeth) “tem o sentido
enfático de certeza, confiança”.39 Daí derivam as palavras ’emuna, “fé”, “fidelidade”,
“firmeza” (Hc 2.4) e ’amen, “amém”, “verdadeiramente”, “de fato”, “assim seja”.
Esse vocábulo aplica-se duas vezes a Deus, em Isaías 65.16, onde foi traduzido
por “verdade” (gr. aletheia, na Septuaginta, “sinceridade” ou “franqueza”),
cuja ideia é “não oculto”, “não escondido”; veritas, em latim, que denota,
ainda, “precisão”, “rigor”, “exatidão de um relato”.
Todas essas qualificações reúnem-se em Deus,
em grau absoluto e infinito. A “veritas Dei”, ou verdade de Deus, e em última
análise a correspondência, de fato, a identidade do intelecto... e a vontade...
de Deus com a... essência de Deus. Deus é a verdade em si mesmo, num senso
absoluto.
Verdade
e fidelidade não são diferentes nomes de um mesmo atributo, embora
inseparáveis; são distintos, pois não pode haver fidelidade sem verdade. A
verdade m ostra que Deus é real; é tudo aquilo que em sua Palavra Ele afirma
ser; e nEle podem os confiar.
Tal confiança envolve
tanto a verdade com o a fidelidade. Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos
os seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e
reto ê (Dt 32.4). Nas tuas mãos encomendo 0 meu espírito; tu me remiste, Senhor,
Deus da verdade (Sl 31.5). De sorte que aquele que se bendisser na terra será
bendito no Deus da verdade; e aquele que jurar na terra jurará pelo Deus da
verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas e estão encobertas
diante dos meus olhos (Is 65.16). Eu sou o caminho, e a verdade e a vida... (jo
14.6). Jesus, pois, é fiel e justo para nos perdoar: “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
a injustiça” ( I Jo 1.9). Amor. Este atributo é o tem a central das Escrituras,
demonstrado de forma suprema em Jesus Cristo. A Palavra de Deus afirma
expressamente “Deus é amor” ( I Jo 4 .8,16, ARA ). Esta declaração significa
que o amor de Deus não precisa de um objeto para existir; é independente;
constitui-se parte da natureza divina; pode ser definido com o a inclinação
natural da essência divina para a bondade.
O amor de Deus é desde a eternidade; foi
revelado no relacionamento entre as Pessoas da Trindade, haja vista Jesus ter
dito: “porque tu me hás amado antes da fundação do mundo” (Jo 17.24). E também
depois da criação esse amor permaneceu: “O Pai ama o Filho” (Jo 3.35). Tal amor
é eterno, infinito e incomparável, manifesto a Israel, a todos os homens e a
todas as criaturas no Céu e na Terra. Έ faço misericórdia em milhares aos que
me amam e guardam os meus mandamentos (Ex 20.6). Há muito que o SENHOR me
apareceu, dizendo: Com amor eterno te amei; também com amável benignidade te
atraí (Jr 3 1.3). Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu 0 seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna (Jo 3.16). Mas Deus prova 0 seu amor para conosco em que Cristo morreu
por nós, sendo nós ainda pecadores (1 Jo 5.8). Deus comunicou aos seres humanos
alguma ressonância desse amor. Deus criou o homem com capacidade para amar; e,
hoje, “nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (I Jo 4.19). É, pois, sua
vontade que nos amemos uns aos outros; é o segundo grande mandamento que Jesus
declarou e que vem desde a Lei de Moisés: ... amarás ao teu próximo como a ti
mesmo (Lv 19.18; Mt 22.39; Mc 12.31). O meu mandamento é este: Que vos ameis
uns aos outros, assim como eu vos amei... Isto vos mando: que vos ameis uns aos
outros (Jo 15.12,17). Bondade. A bondade de Deus é um dos seus atributos
morais. Deus é bom em si mesmo e para as suas criaturas. Ê a perfeição dEle que
o leva a tratá-las com benevolência. Essa bondade é para com todos: “ O Senhor
é bom para todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras” ( S l
145.9). Deus é a fonte de todo o bem. Jesus disse: “Não há bom, senão um, que é
Deus” (Mt 19.17). Nessa bondade estão envolvidos também o amor e a graça. São
três conceitos distintos, mas o amor é a bondade divina exercida em favor de
suas criaturas morais, em grau incomparável e perfeito: Porque Deus amor o mundo
de tal maneira que deu seu o Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Mas Deus prova o seu amor para
conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Misericórdia,
graça e longanimidade. Estes três atributos são correlatos, porém distintos
entre si; manifestam a bondade de Deus.
Misericórdia é o termo
teológico para compaixão; trata-se da disposição de Deus para socorrer os oprimidos
e perdoar os culpados. A graça é o favor imerecido de Deus para com o pecador;
é a bondade para quem apenas merece o castigo. Já a longanimidade é a demonstração
de paciência; é ser lento para 1rar-se; retardar a ira. Passando, pois, o Senhor
perante a sua face, clamou: JEOVA, 0 SENHOR, Deus misericordioso e piedoso,
tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em
milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado
não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre
os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração (Èx 34.6,1).
Misericordioso e piedoso é o SENHOR; longânimo e grande em benignidade (Sl
103.8). Mas, quando apareceu a benignidade e caridade de Deus, nosso Salvador,
para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas,
segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da
renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus
Cristo, nosso Salvador (Tt 3.4-6). Por meio desses atributos, Deus não concede
ao homem aquilo que ele merece, mas o que ele precisa, pois merecíamos o
castigo (Rm 6.23). Ele se apiedou de nós e enviou o seu Filho para nos salvar:
“o Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo I.I4 ). Justiça.
A justiça (ou a
retidão), com o atributo divino, pode ser definida com o a conformidade de Deus
com a sua lei m oral e espiritual; a harmonia da natureza divina com a sua
santidade; é essa santidade exercida sobre as suas criaturas. A justiça de Deus
pode ser, segundo os escolásticos, interna ou externa.
O Senhor é o autor da
moral, como Juiz soberano do Universo e Criador de todas as coisas; tem o
direito de decretar a sua Lei e exigir de suas criaturas inteligentes
obediência e santidade. A natureza perfeita dEle é manifesta em seus atributos,
e a sua santidade é o parâmetro para a raça humana.
Deus revelou a sua vontade na sua Palavra. Quando
a lei a expressão máxima da santidade de Deus é violada, essa santidade do
Senhor exige a manifestação de sua ira: “Porque do céu se manifesta a ira de
Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em
injustiça" (Rm 1.18).
Esse atributo é
manifesto no castigo do pecado e na premiação do justo: “o qual recompensará cada
um segundo as suas obras” (Rm 2.6). A Bíblia declara, com todas as letras, que
somente Deus é justo, considerando justiça como atributo, no sentido absoluto
de perfeição: Deus é um juiz justo (Sl 7.11). Longe de ti que faças tal coisa,
que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe ti seja.
Não faria justiça o Juiz de toda a terra? (Gn 18.25). Justiça e juízo são a
base do teu trono; misericórdia e verdade vão adiante do teu rosto (Sl 89.14).
Ante a face do Senhor,
porque vem, porque vem a julgar a terra; julgará 0 mundo com justiça e os
povos, com a sua verdade (Sl 96.13). Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho
todos juntos; quem fez ouvir isso desde a antiguidade? Quem, desde então, 0
anunciou? Porventura, não sou eu, 0 SENHOR? E não há outro Deus senão eu; Deus
justo e Salvador, não há fora de mim (Is 45.21). Sabedoria.
A sabedoria é mais que
o conhecimento ou a inteligência; trata-se da capacidade mental para entender
todas as coisas, um aspecto particular da onisciência de Deus. Esse atributo é
conhecido como sapientia Dei, “sabedoria de Deus”, ou omnisapientia,
“toda-sabedona”. É a correspondência do pensamento divino com o summum bonum,
“sumo bem” de todas as coisas; é “a sabedoria do conselho divino pela virtude a
qual Deus sabe todas as causas e efeitos e as ordena aos seus próprios fins e
pela qual ele essencialmente cumpre seu próprio fim para e por meio de todas as
coisas criadas”.
Com sabedoria Ele arquitetou, planejou e criou
tudo o que existe: “Todas as coisas fizeste com sabedoria”. (Sl 104.24); “Com
ele está a sabedoria e a força; conselho entendimento ele tem ” (Jó 12.13). E m
Jesus Cristo “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl
2.3), e “para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação e
redenção” ( I Co 1.30). Há ressonância desse atributo nas criaturas
inteligentes. Deus é a fonte de sabedoria; é nEle que devemos buscá-la, pois a
sua Palavra “dá sabedoria aos símplices” (Sl 19.7; I I 9.130). E, se algum de
vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não 0
lança em rosto; e ser-lhe-á dada (Tg 1.5). Com quem tomou conselho, para que
lhe desse entendimento, e lhe mostrasse as veredas do juízo, e lhe ensinasse sabedoria,
e lhe fizesse notório o caminho da ciência? (Is 40.14).
Oh profundidade das
riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os
seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o
intento do Senhor Ou quem foi seu conselheiro (Rm 1 1.33,34).
Os nomes de Deus
Os nomes de Deus não
são apenas um apelativo nem simplesmente uma identificação pessoal. Inerentes à
sua natureza, eles revelam as suas obras e os seus atributos. Não aparecem nas
Escrituras para meramente fazer uma distinção dos deuses das nações pagas. Quando
elas mencionam os nomes divinos, revelam o poder, a grandeza e a glória do Todo
Poderoso, além de enfatizarem os seus atributos. Nos tempos do Antigo
Testamento, um nome era empregado não simplesmente para distinguir uma pessoa
das outras, mas para mostrar o caráter e a índole de um indivíduo.
Houve até casos de
mudanças de nomes como consequência de uma experiência com Deus (Gn 17.5,15;
32.28). Com referência a Deus, o nome representa Ele próprio. O nome do Senhor
está ligado ao conceito de sua soberania e glória: “Então haverá um lugar que
escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome” (Dt 12.1 1).
Esta passagem ensina que, nesse lugar escolhido por Deus, o santuário, Ele estaria
presente. Sua presença nos cultos seria constante e habitaria nesse santuário.
Deus falou a Davi, pelo profeta Natã, que o seu descendente construiria uma
Casa ao seu nome (2 Sm 7.12,13). Em outras palavras, o filho de Davi haveria de
edificar uma Casa para o Senhor Deus de Israel. Na bênção sacerdotal, Moisés
conclui a mensagem com essas palavras: “Assim porão o meu nome sobre os filhos
de Israel, e eu os abençoarei” (Nm 6.27). Que significam as menções das
passagens acima? Que Deus habitaria no meio dos filhos de Israel, segundo a
bênção do sumo sacerdote. No “Pai Nosso ” Jesus ensinou-nos a abrir a oração
santificando o nome de Deus: “Santificado seja o teu nome” (Mt 6.9). Este texto
ensina que o próprio Deus deve ser honrado, venerado, adorado e tem ido por
todas as suas criaturas. É um reconhecimento da suas bondade e santidade. Até
hoje, em Israel, os judeus chamam Deus de hashem, palavras hebraicas que significam
“o nome”. Isso é bíblico: “a arca de Deus, sobre a qual se invoca o Nome, o
nome do Senhor dos Exércitos” (2 Sm 6.2). Elohim.
A transcrição do termo hebraico é ’elohim e
’eloah. O nome Elohim não aparece em nenhum a outra língua, exceto na língua
hebraica. Além disso, não se encontra em outras literaturas antigas extrabíblicas,
nem mesmo no Talmude dos judeus. “Isto é posteriormente apoiado pelo fato de
que a forma ,elohim ocorre apenas no hebraico e em nenhum a outra língua
semítica, nem mesmo no aramaico bíblico”.
O nome Elohim é o plural de Eloah, No
singular, aparece apenas 57 vezes no Antigo Testamento hebraico, sendo 41 só no
livro de Jó. N o plural, encontramos 2.570 vezes.43 Eloah é o nom e El
acrescido da letra hebraica he.4i Esse substantivo vem do verbo hebraico ’ala e
significa “ser adorado”, “ser excelente”, “ser tem ido” e “ser reverenciado”. O
substantivo, como nome, revela a plenitude das excelências divinas, daquEle que
é supremo. Deus é apresentado pela primeira vez na Bíblia com esse nome: “N o
princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn I.I). E usado para expressar o conceito
universal da deidade. Essa passagem apresenta os primeiros vislumbres da
Trindade, pois o verbo barn, “criou”, no singular, e o sujeito ’elohim, “Deus”,
no plural, revelam a unidade de Deus na Trindade. A Trindade é vista no nome
Elohim à luz do contexto bíblico. A declaração, “façamos o homem ” revela a
existência de mais de uma Pessoa na divindade, e não mais de um Deus.
Somente o Deus Filho e
o Deus Espírito Santo tiveram participação na criação juntamente com o Deus Pai
(João 1.3; Cl I . I 6; Jó 33.4). Os rabinos reconheceram a pluralidade nesse
nome; porém, como o judaísmo é uma religião que defende o monoteísmo absoluto,
não admite Jesus Cristo como 0 Messias de Israel é difícil para eles entenderem
essa pluralidade. Para explicá-la, eles argumentam que Elohim é um plural de
majestade ou de excelência, mas isso é um a determ inação rabínica posterior.
Segundo o rabino Shlom o ibn Yitschaki, “O plural de majestade não significa
haver mais de uma pessoa na divindade”.
Gesenius afirma que
esse nome divino denota plural, expressando uma ideia abstrata ou de
intensidade.
Elohim é poucas vezes empregado com outro
propósito que não seja o Deus revelado na Bíblia. O Antigo Testamento faz
menção dos deuses do Egito: “... e sobre todos os deuses do Egito” (Ex 12.12) e
de outras nações: “D entre os deuses dos povos que estão em redor de vós, perto
ou longe de ti, desde uma extremidade da terra até à outra extremidade” (Dt
13.7; Jz 6.10). O termo é usado, ainda, com relação às imagens dos cultos
pagãos: “Não fareis outros deuses comigo; deuses de prata ou deuses de ouro não
fareis para vós” (Ex 20.23).
As Escrituras mencionam
usos irregulares desse nome para seres sobrenaturais ( I Sm 28.13) e para
juízes (Sl 82.6). Aparece também com relação às divindades pagãs individuais
cerca de vinte vezes, como Baal (Jz 6.31; 1 Rs 18.24,25,27) e outros.
Para os pagãos, o(s)
seu(s) deus(es) significava(m) “a plenitude das excelências divinas”. O que o
Deus de Israel representava para o povo hebreu essas divindades representavam
para os pagãos. Daí o emprego de ’dohim (plural) atinente a uma divindade pagã
individual. Quando ’elohim se refere às divindades, traz o verbo, os pronomes e
o adjetivo no plural, o que representa multiplicidade. Quando é aplicado ao
Deus de Israel, os pronomes, o verbo e o adjetivo vêm geralmente no singular;
salvo exceções. El.
A transcrição do termo
hebraico é ’el. O nome El parece ser a raiz de Eloah e de seu plural Elohim,
mas ainda há discussão sobre o assunto.48 É um “termo semítico muito antigo
para deidade”.
E usado para identificar o Deus de Israel (Nm
23.8). A palavra vem da forma acádica ’illu, um dos nomes mais antigos de Deus.
Não se sabe com certeza se a palavra ’el vem do verbo ’ul, “ser forte”, ou do
verbo “ser preeminente”, de idêntica raiz. MEl é o nome mais usado na Bíblia
para mencionar as divindades pagãs.
É empregado com
frequência em ugarítico, porém aparece também com relação ao Deus de Israel.
Não é mencionado em nossas Bíblias, em português exceto em algumas variantes no
rodapé. O que encontramos é o vocábulo “Deus” em seu lugar, ou “deus”, em caso
de divindades pagãs. Só é possível encontrá-lo na Bíblia Hebraica.
Os nomes ’el, ’el
‘elyon e ’eloah no plural, ’elohim, registrados nas Escrituras Hebraicas, foram
traduzidos na Septuaginta por theos, o mesmo usado, no Novo Testamento Grego,
para “Deus”. El Elyon.
A transcrição do termo
hebraico é ’el ‘elyon. O nome Elyon é traduzido em nossas versões por “Altíssimo”,
e El Elyon, por “Deus Altíssimo”. Este nome (ou título) é um adjetivo que se
deriva do verbo hebraico ‘ala’ e significa “subir”, “ser elevado”;52 designa
Deus como o Alto e Excelente, o Deus Glorioso.
Trata-se de um nome
genérico, porque também é aplicado a governantes mas nunca vem acompanhado de
artigo quando se refere ao Deus de Israel. E abençoou-o e disse: Bendito seja
Abrão do Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; e bendito seja o Deus
Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de
tudo (Gn 14.19,20). N o texto acima, o nome de Deus vem acompanhado de El, mas,
às vezes, vem sozinho: “Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante
ao Altíssimo” (Is 14.14). Elyon pode ser encontrado sozinho nas Escrituras ou
com binado com outros nomes de Deus ( Nm 24.16; D t 32.8; SI 7.17; 9.2; 57.2; Dn
7.18, 22,27).
El Shaddai. Abraão adorava
o Deus El Sbaddai, “Deus Todo-poderoso” (Gn I7 .I), e Melquisedeque, rei e
sacerdote de Salem, era adorador do El Elyon, Quando ambos se encontraram,
descobriram que adoravam o mesmo Deus, conhecido por eles por nomes diferentes
(Ex 6.2). Shadday, ’adona(y׳ (e YHWH são nomes
específicos, pois nas Escrituras Sagradas só aparecem aplicados ao Deus verdadeiro.
A transcrição do termo
hebraico é shadday, o “nome de um a deidade”; “nome de deidade identificada com
Yaweh”; “mais poderoso, Todo-Poderoso, um epíteto de Jeová”. “Esse é um dos
nomes de Deus no Antigo Testamento, sendo que algumas versões o deixam sem
traduzir (e.g., BJ), e outras traduzem por ‘Todo-poderoso’”. Há ainda muita
discussão sobre o étimo desse nome, que aparece 48 vezes na Escrituras
Hebraicas, sendo sete delas antecedidas do nome El. Desde a antiguidade os
rabinos diziam que ele vem de she, pronome relativo hebraico “que”, “quem ”,
forma reduzida de ’asher, combinado com day, “suficiência”, “provisão
necessária”, “suficiente”. Isso dá a ideia de “ser poderoso”, “ser forte” e
“ser potente”. A Septuaginta traduziu dezesseis vezes shadday por
pantokrator,5s “Todo-Poderoso, Soberano universal”, que aparece dez vezes no
Novo Testamento.
Pantokrator é mencionado, às vezes, sem
tradução na versão em apreço, e outras vezes é substituído por theos. Jerônimo
empregou Omnipotens na Vulgata Latina. Isso indica que desde o período pré-cristão
já se usava o termo “Todo-Poderoso” para shadday, o que justifica a explicação
rabínica acima. Outros afirmam que a palavra vem do acádico sadu, “montanha,
cadeia de montanha”.
Assim, Shaddai seria “Deus da montanha” ou a
“morada de Deus”.
H á ainda os que acreditam que o termo vem do
verbo hebraico shadad, “devastar, destruir”.62 Nesse caso, o nome significaria
“meu destruidor”.
Shaddai, “Todo-Poderoso”, era um nome
apropriado para o período patriarcal, durante o qual os patriarcas viviam numa
terra estranha e estavam rodeados pelas nações hostis. Eles precisavam saber
que o seu Deus era o Onipotente: “Eu sou o Deus Todo-poderoso [,el shadday];
anda em minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1).
O termo shadday aparece
com frequência na era patriarcal.
Só no livro de Jó esse
nome ocorre 3 1 vezes. Deus declarou a Moisés: “E eu apareci a Abraão, e a
Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-poderoso; mas pelo meu nome, o Senhor , não
lhes fui perfeitamente conhecido” (Ex 6.3). No texto hebraico aparece o termo
’el shadday para “Deus Todo-poderoso”, e o tetragrama YHWH, para “ Senhor ” . Isso
significa que Deus era conhecido pelos patriarcas por El Shaddai. Ele se
revelou primeiro aos patriarcas do Gênesis com esse nome; depois do Sinai, os
hebreus identificaram o seu libertador Jeová com o El Shaddai dos seus
antepassados. Adonai. A transcrição do termo hebraico é ’adona(y). O nome
Adonai é mencionado no Antigo Testamento 449 vezes, sendo que, em 134 vezes,
aparece sozinho; e, em conexão com YHWH, 3 I5 .
E um nome de Deus, e não meramente um pronome
de tratamento nele se expressa a soberania de Deus no Universo. Segundo
Gesenius, Adonai é “usado somente para Deus”.
O nome aplica-se somente ao Deus verdadeiro e
significa “meu Senhor”; também nunca é usado como pronome de tratamento. Para
este caso, o hebraico usa ’adoní ou ’adon, “senhor”. Ana dirigiu-se a Eli
usando o pronom e ’adoní, “não, senhor meu, eu sou um a mulher atribulada de espírito”
(I Sm I . I 5); “Ah! Meu senhor, viva a tua alma, meu senhor” (1.26). Isso funciona
ainda hoje em Israel. Quando antecedido do artigo definido, o termo em apreço
refere-se, exclusivamente, ao Deus verdadeiro — ele aparece precedido pelo
artigo definido nove vezes nas Escrituras Hebraicas (Êx 23.17; 34.23; Is 1.24;
3.1; 10.16,33; 19.4; Mq 4.13; Ml 3.1). Os nomes Adonai e Jeová são tão sagrados
para os judeus que eles evitam pronunciá-los na rua, no seu quotidiano. O
segundo nem sequer nas sinagogas é pronunciado. N o dia-a-dia chamam Deus de
ha-shem, “O Nome”. Dizer “César é senhor” seria reconhecer a divindade dele.
Era por isso que os cristãos primitivos recusavam-se a chamar César de senhor.
O apóstolo Paulo disse: “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo
Espírito Santo” ( I Co 12.3). Essa declaração reivindica a divindade de Cristo só
é possível reconhecer o senhorio de Cristo pela revelação do Espírito Santo. Se
Cristo fosse um mero senhor, não haveria necessidade de o Espírito Santo
revelá-lo. Ê claro que o termo grego kyrios corresponde aos nomes hebraicos
Adonai e YHWH, sendo usado tanto para o Pai como para o Filho. Nomes compostos
de YHW H ou Jeová. A Palavra de Deus mostra-nos com clareza que Deus se deu a
conhecer, nos tempos do Antigo Testamento, por vários nomes inerentes à sua
natureza e à circunstância de sua revelação. Para Abraão, Ele apareceu como a
provisão para o sacrifício em lugar de Isaque, seu filho, com o nome YHW H (Jeová)
Yireh, que significa: “o Senhor proverá” (Gn 22.14). Prometendo livrar os
filhos de Israel daquelas pragas e enfermidades que sobrevieram aos egípcios,
Ele se manifestou como YHWH Rapa’, isto é, “o Senhor que sara” (Ex 15.26). Numa
época de angústia, nos dias difíceis dos juízes de Israel, Ele apareceu a
Gideão como YHWH Shalom, isto é, “o Senhor é paz” (Jz 6.24). A todos que
peregrinam na terra Ele apresenta-se como YHW HRa‘a, que significa “o Senhor é
meu Pastor” ( Sl 23.1). Na justificação do pecador, Ele aparece como YHWH
Tsideqenu, que quer dizer “o Senhor , justiça nossa” (Jr 23. 6).
Na batalha contra o mal
e o vil pecado, mostra-se como YHWH Nissi, “o Senhor é a minha bandeira” (Ex
17.15). E, no Milênio, será chamado de YHW H Shamma, isto é, “o Senhor está
ali” (Ez 48.35). O TETRAGRAMA YHW H YHWH, tetragrama hebraico grafado
geralmente como Yahveh ou Yahweh, é o nome pessoal do Deus de Israel, que em
nossas versões aparece como Jeová, Javé ou Senhor . As quatro consoantes
hebraicas do nome divino se tornaram impronunciáveis pelos judeus desde o
período interbíblico. Isso para evitar a vulgarização do nome: “Não tomarás o
nome do Senhor, teu Deus, em vão” (Ex 20.7), pois é assim que eles interpretam
o terceiro mandamento do Decálogo. Os judeus pronunciam ’adona(y) toda vez que
encontram o nome sagrado nas Escrituras durante a leitura da sinagoga. Isso é
observado ainda hoje.
Na Idade Média, os
rabinos inseriram no tetragrama YHW H as vogais de Adonai. Isso resultou na
forma YeHoWaH. Só a partir de 1520 depois de tomarem conhecimento desse fato os
reformadores difundiram o nome Jeová. Yahweh vem do verbo hebraico haya, que
significa “ser”, “estar”, “existir”, “tornar-se”, “acontecer”. Esse verbo
aparece ligado a esse nome em Exodo 3.14: “EU SOU O QUE SOU ”.
Na poesia hebraica,
usa-se com frequência a forma reduzida Yah: “JÁ é o seu nome; exultai diante
dele” (Sl 68.4, Tradução Brasileira). Talvez isso justifique a presença da
letra “a” no nome Yahweh. Pela gramática hebraica, “y” denota “quem sempre
existiu”. O significado desse verbo, na passagem de Exodo 3.14, é que Deus é o
que tem existência própria; existe por si mesmo. E o imutável, o que causa
todas as coisas; é auto-existente, aquele que é, que era e que há de vir; o
Eterno (Gn 21.33; Sl 90.1,2; Ml 3.6, Ap 1.8). Até hoje os judeus religiosos
preferem chamá-Lo de “O Eterno”. É assim que a Bíblia na Linguagem de Hoje emprega
esse nome no lugar YHW H em Exodo 3.13, Deus deu a Moisés o significado desse
tetragrama. Em virtude de os judeus não pronunciarem o tetragrama YHWH, a
pronúncia original perdeu-se ao longo dos séculos.
Mas existe uma tradição
de que os samaritanos pronunciavam o nome como labe. Como a letra “b ”, já no
grego daqueles dias, tinha o som de “v”, como ainda hoje na Grécia, então
Yahweh (Iavé) parece ser a pronúncia mais apropriada. Clemente de Alexandria
escreveu o tetragrama como Jeoue. Há, portanto, evidências históricas de que
Yabweh (ou Iavé) era a pronúncia primitiva. Êxodo 3.14 é a única fonte bíblica
que parece lançar luz sobre a pronúncia correta de YHWH. Já o texto de Êxodo
6.3 mostra que os patriarcas do Gênesis conheciam esse nome, mas não sabiam a
forma e o significado dele: Έ eu apareci a Abraão, e a Isaque, e a Jacó, como o
Deus Todo-poderoso; mas pelo meu nome, o Senhor, não lhes fui perfeitamente
conhecido”. Yahweh é o nome do pacto com Israel: Έ Deus disse mais a Moisés:
Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor , o Deus de vossos pais, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome
eternamente, e este é meu memorial de geração em geração” (Ex 3.15). A partir
dessa teofania, durante a história dos filhos de Israel, foi-lhes dado o nome especial
e peculiar de Deus. O Novo Testamento grego substituiu as quatro consoantes Y,
H , W e H por kyrios, que quer dizer “Senhor”. Por essa razão, as nossas
versões traduziram YHW H por Senhor. O texto da versão Almeida Revista e
Corrigida (ARC), edição de 1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, grafa o nome
com todas as letras maiúsculas: “ Senhor ” , seguindo instruções das Sociedades
Bíblicas Unidas. YHW H não aparece uma vez sequer no Novo Testamento grego; em
seu lugar aparece o nome Senhor (hyrios).
O apóstolo Paulo citou
Isaías 1.9, onde aparece o nome Yahweh Tsebaot. Em Romanos 9.29, porém, ele
empregou Kyrios Sahaoth, como as demais citações do Antigo Testamento ( J1
2.32; Rm 10.13). Existem atualmente mais de cinco mil manuscritos gregos do
Novo Testamento incluindo papiros e lecionários espalhados em museus e
mosteiros de toda a Europa. Datados desde o século II d.C. até ao advento da
imprensa, no século XV, nenhum deles traz o tetragrama YHWH. Isso porque Jesus
é, no N ovo Testamento, o mesmo que Jeová no Antigo. Sendo Jesus o próprio
Jeová, não pode YHW H configurar nos manuscritos gregos do Novo Testamento. Ser
o mesmo Deus não significa ser a mesma Pessoa. Esse assunto será discutido mais
adiante, quando discorrermos sobre a Santíssima Trindade.
Os dias da criação de
Deus
Há uma parte da
teontologia que trata da obra da criação, dos decretos divinos e da
providência.
O que a Bíblia ensina
sobre o planejamento, a origem e a manutenção de todas as coisas no Céu e na
Terra? E desse assunto que nos ocuparemos a partir de agora, o qual envolve
governo e preservação de todas as criaturas de Deus. Deus criou o Universo do
nada, ex nihilo.
É o que ensina a
Bíblia.
A narrativa do primeiro
capítulo de Gênesis deve ser entendida à luz do contexto bíblico. E o ponto de
partida da criação é: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O
verbo hebraico bara’, “criou”, “denota o conceito de ‘iniciar alguma coisa
nova’ em um certo número de passagens”. Trata-se, pois, de um termo
essencialmente teológico. Tal verbo é empregado somente com referência à
atividade de Deus, exceto em outras construções ou graus do verbo hebraico estrutura
peculiar às línguas semíticas, que altera o seu significado. Essa ideia do fiat
divino é apoiada em toda a Bíblia. Deus trouxe o Universo à existência do nada
e de maneira instantânea, pela sua soberana e livre vontade. Porque falou, e
tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu (Sl 33.9). Pela fé, entendemos que os
mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê
não foi feito do que ê aparente (Hb 11.3). Digno és, Senhor; de receber glória,
e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram
criadas (Ap 4.11). A creatio ex nihilo, da teologia judaico-cristã, invalida
todo o sistema panteísta; e de igual modo, no período da Grécia antiga, o
pensamento grego, pelo qual se defendia a ideia da eternidade da matéria — a qual
é antibíblica e, portanto, inaceitável aos judeus e cristãos. Desde o
surgimento do darwmismo a narrativa da criação tem sido reavaliada e
reinterpretada por muitos teólogos.
Hoje, a origem do
mundo, conforme o relato de Gênesis, é interpretada e reinterpretada por
diversos sistemas teológicos e filosóficos tendenciosos.
O primeiro versículo da
Bíblia revela a origem do Universo, sem explicar detalhadamente com o e quando
isso aconteceu. Trata-se da criação original. O relato dos dias da criação é
interpretado por alguns como períodos de mil anos cada; outros procuram
associá-los às supostas eras geológicas; ainda outros os definem como dias
literais de restauração, haja vista o Universo ter vindo à existência “no princípio”
(Gn I .I ) . Muitos tentam adaptar o darwinismo à Bíblia; defendem a creatio ex
nihilo seguida da evolução, nas longas eras geológicas, ajustando-as aos dias
mencionados em Gênesis 1.5 a 2.3. O termo hebraicoyom, “dia”, e seu
correspondente grego hemera às vezes indicam certo período: “eis aqui agora o
dia da salvação” (2 Co 6.2); nem sempre denotam, na Bíblia, dia literal, de 24
horas. A palavra “dia” é “cercada de muitos temas teológicos relacionados à
soberania de Deus”, como lemos em Salmos 90.4 e 2 Pedro 3.8: “Porque mil anos
são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite”;
“Mas, amados, não ignoreis um a coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos,
e mil anos, como um dia”.
Para alguns teólogos,
haveria uma certa correspondência entre os supostos seis períodos geológicos e
a narrativa do livro de Gênesis, seguindo, em linhas gerais, aos mesmos
estágios.
Os chamados dias da
criação seriam, nesse caso, “dias da recriação” ou “restauração”. Isso é a
chamada teoria do intervalo. Entretanto, o contexto bíblico m ostra que o
Universo apareceu perfeito, o que chamamos de “Terra original”. Onde localizar
o antigo habitat do querubim ungido, mencionado em Ezequiel 28.12-16? O que
dizer da queda de Lúcifer, citada em Isaías 14.12-14? Em que momento não havia
chuva na Terra (G n 2.5,6)? Deus teria criado a Terra caótica? Segundo a teoria
em apreço, as passagens bíblicas acima falam da Terra em seu estado original,
quando Deus a criou “no princípio ” ( I . I ) , pois, em seguida, o texto
sagrado registra: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face
do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2).
A Palavra de Deus afirma que Deus não criou a
Terra vazia: “o Deus que formou a terra e a fez; ele a estabeleceu, não a criou
vazia” (Is 45.18). No hebraico, “sem forma e vazia” é tohu wabohu. O profeta
Isaías empregou o termo tohu que significa “confusão, espaço vazio, sem forma,
nada, nulidade, vacuidade, vaidade, deserto, caos”.
E o profeta Jeremias usou a mesma expressão de
Gênesis 1.2: “Observei a terra, e eis que estava assolada e vazia; e os céus, e
não tinham a sua luz” (Jr 4.23). Ainda segundo a teoria em análise, a Terra
“tornou-se” ou “veio a ser” sem forma e vazia, o que nos levaria a admitir se
tal interpretação estiver correta que
“não pode, portanto, haver qualquer objeção gramatical contra traduzir Gênesis
1:2: Έ a terra veio a ser vazia e deserta...” ' 0 Teria, pois, havido conquanto
a Bíblia não assevere isso de maneira clara um a catástrofe universal que
transformou a Terra original num caos. Teria, ainda, havido um período de tempo
que não se pode calcular entre Gênesis I .I e 1.2.
De acordo com a mesma interpretação, é
possível que o referido caos tenha resultado da queda de Lúcifer.
Veja a passagens de
Isaías 14.12-14: Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste
lançado por terra; tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu
subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus} exaltarei o meu trono, e no
monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima
das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.
A Vulgata Latina usa o
termo lucífer, “portador de luz”, em lugar de “estrela da manhã”. Daí Lúcifer
ter se tornado um dos nomes de Satanás. O Senhor Jesus falou de sua queda: “Eu
via Satanás, como raio, cair do céu” (Lc 10.18). O relato seguinte trata de
restauração, pelo mesmo poder da Palavra que “criou os céus e a terra”.
A criação do homem
No primeiro dia, Deus
trouxe a luz à existência (G n 1.3).
No segundo, criou a
expansão ou o firmamento — hb. raqia (Gn 1.6-8). No terceiro, “disse Deus: A
juntem -se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca” (Gn
1.9).
Essa porção seca, que
Deus chamou de Terra (v. 10), foi criada naquele momento ou já existia submersa
nas águas, tendo sido criada “no princípio”?
O apóstolo Pedro afirma
que a Terra “foi tirada da água e no meio da água subsiste” (2 Pe 3.5).
No terceiro dia,
surgiram os continentes com os seus relevos e a vegetação (Gn 1.9-13).
Os corpos celestes o
Sol, a Lua e as estrelas apareceram no quarto dia (Gn I . I 4-19).
As aves e os animais
marinhos, no quinto (Gn 1.20- 23).
Os animais terrestres,
no sexto (Gn 1.24, 25). E, finalmente, Deus fez o homem, também no dia sexto: E
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e
domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e
sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus
o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou (Gn
1.26,27). A raça humana teve a sua origem em Deus, através de Adão: “O primeiro
homem, Adão, foi feito em alma vivente” (I Co 15.45); “de um só fez toda a
geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra” (At 17.26). Adão, o
primeiro homem, foi criado no sexto dia como a coroa de toda a criação; ele
recebeu de Deus a incumbência para administrar a terra e a natureza. O ser humano
não é meramente um animal racional, mas um ser espiritual, criado à imagem e
semelhança de Deus. O homem recebeu diretamente de Deus o sopro de vida em suas
narinas: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus
narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7).
Em Salmos 8.3-5, a
Bíblia revela que o homem foi feito um pouco menor do que os anjos: Quando vejo
os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o
homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que0 visites?
Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra 0
coroaste. Portanto, não há, nas Escrituras Sagradas, nada que apoie o
darwinismo e as suas várias interpretações inverídicas. O homem e os animais
surgiram na Terra da mesma forma como eles são hoje.
Os decretos de Deus
O s decretos divinos,
também chamados de conselhos divinos, dizem respeito à vontade e ao propósito
de Deus para a criação; são deliberações incondicionais que nasceram do
desígnio e do propósito de Deus. Tudo o que o Senhor quis, ele fez, nos céus e
na terra, nos mares e em todos os abismos (Sl 135.6). Que anuncio o fim desde o
princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo:
0 meu conselho será firme, e fiarei toda a minha vontade (Is 46.10). Nele,
digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme
0 propósito daquele que faz todas as coisas, segundo 0 conselho da sua vontade
(Ef l.ll). O termo grego boulç, usado para “conselho”, nas duas passagens acima
(Is 46.10, Septuaginta), significa “intenção”, “propósito ”, “resolução” e
abrange a totalidade da vontade de Deus. Isso tem implicações com a
Soteriologia, a doutrina da salvação, e envolve as questões da predestinação.
Há na teologia cristã duas escolas principais
sobre o assunto: o calvinismo e o arminianismo.
Calvinísmo.
Depois de A gostinho de Hipona, os
escolásticos desenvolveram um a filosofia agostiniana durante a Idade Média.
João Calvino, por sua vez, era o maior perito do pensamento agostiniano no
século X IV .
O calvinismo registrado
nas Institutas da Religião Cristã é diferente do cunho eclesiástico e
“governamental” do Sínodo de Dort, reduzido a definições teológicas
compactadas, transformadas em polêmica contra os cinco pontos levantados pelos
Remonstrantes, que se definiram como arminianos.
Com a resposta do
Sínodo, ao refutar cada um dos desses pontos, resultaram os cinco pontos do
calvinismo. Quer dizer, portanto, que o calvinismo, conforme o conhecemos, não
foi produzido por João Calvino, tampouco foi um resumo das Institutas; foi, na
verdade, fruto de um embate teológico. A soberania de Deus ocupava lugar
central no sistema de Calvino, e não a predestinação. Paul Tillich declarou: O
centro de onde emanam todas as demais doutrinas de Calvino é a doutrina de
Deus, Alguns acham que sua doutrina fundamental é a da predestinação. Essa
opinião é facilmente refutável uma vez que na primeira edição das “Institutas”,
a doutrina da predestinação nem mesmo havia sido desenvolvida. Foi só nas
edições posteriores que passou a ocupar espaço proeminente. ‘4 Esse também é o
entendimento de Alister E. M cG rath 75 e de Justo L. Gonzalez.
Segundo o calvinismo, os decretos divinos são
absolutos, eternos e imutáveis, incluindo a antecipação do destino de todos os
homens. Por outro lado, para o arminianismo depois modificado por João Wesley,
todo o conhecimento de Deus é imediato, simultâneo e completo; todas as coisas
lhe são conhecidas como presente de eternidade a eternidade; logo, os decretos
divinos não devem ser interpretados como determinações de antemão. Deus criou o
homem dotado de livre-arbítrio; sua Queda, portanto, foi divinamente permitida,
e não decretada. Por mais de vinte séculos, temos tido a predestinação e o
livre-arbítrio colocados em mútua oposição, em extremos forçados que nunca
chegam a um acordo. Temos por detrás desse debate teológico um problema
filosófico; o debate, na realidade, é entre o determinismo e o livre-arbítrio,
debate que já acontecia muitos séculos antes de Cristo. O determinismo foi usado
entre os estóicos para os ciclos históricos predeterminados, como necessários,
pelo logos divino.
Os muçulmanos usam o
termo kismet, “destino fatal”, frio e implacável, vinculado à pessoa de Alá.
Alguns vocábulos são traduzidos por “predestinação” no Novo Testamento grego. Nós,
porém, entendem os que tudo pode ser mudado mediante a fé em nosso Deus
pessoal. As profecias, ao invés de predizerem um futuro friamente predestinado,
são apelos para nos convertermos dos nossos maus caminhos, a fim de termos um futuro
bem diferente esses apelos são feitos à nossa consciência e pressupõem o nosso
livre-arbítrio
A providência Divina
O termo “providência”
não aparece nas Escrituras Sagradas, porém a doutrina é bíblica. Ela consiste
na atividade de Deus para preservar a sua criação até ao seu destino final.
Isso implica governo, soberania e preservação, haja vista ser Ele o Criador de
todas as coisas.
O Universo lhe
pertence: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória,
pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36). Deus é o único soberano do Universo
e tem o controle de tudo: “E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas
subsistem por ele” (Cl I.1 7). Esses aspectos, por si só, afastam qualquer
ideia panteísta ou deísta. Preservação é o cuidado divino em conservar e manter
todas as coisas criadas. Isso inclui o homem, os demais seres viventes e toda a
natureza: “Abres a mão e satisfazes os desejos de todos os viventes” (SI
145.16). Deus cuida de todos os viventes, desde a estrutura mais simples até a mais
complexa.
O que seria do mundo
sem a vontade preservadora de Deus? Tu só és Senhor, tu fizeste o céu, o céu
dos céus e todo 0 seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo
quanto neles há; e tu os guardas em vida a todos, e0 exército dos céus te adora
(Ne 9.6).
O Todo-Poderoso é, por
conseguinte, o Criador e o Mantenedor do Universo. Ele está no controle de tudo
e sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3), como Paulo
asseverou em Atos 17.24-27: O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo
Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem
tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa;
pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas; e de
um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra,
determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação, para
que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, pudessem achar, ainda que não está longe de
cada um de nós.
A doutrina da Trindade
No estudo dos atributos
de Deus, vimos a sua unidade. Ao discorrer sobre os seus nomes, analisamos o
sentido do plural de majestade no nome divino Elohim. Tendo isso em mente,
podem os afirmar, à luz da Palavra de Deus, que a doutrina da Trindade não com
promete a unidade de Deus.
Nessa última parte da
Teologia (ouTeontologia), trataremos da história, do conceito e dos fundamentos
bíblicos da doutrina da Trindade.
Não há contradição
entre o monoteísmo do Antigo Testamento e a Trindade cristã, haja vista o mesmo
e único Deus subsistir eternamente em três Pessoas. Ele é um só Senhor em três
Pessoas, e não três Deuses. Cada Pessoa da Trindade é Deus. A Palavra do Senhor
descarta a ideia de triteísmo (três Deuses) e de unicismo.
A Trindade pode ser
definida como a união de três Pessoas o Pai, o Filho e o Espírito Santo em um a
só divindade. Tais Pessoas, embora distintas, são iguais, eternas e da mesma
substância. O u seja, Deus é cada um a dessas Pessoas.
As Escrituras Sagradas
ensinam que há um só Deus, e que Ele é um só. Elas ensinam que o Pai é Deus
pleno, com todos os atributos da divindade ( I Co 8.6); e que o Filho é Deus, e
não apenas parte da divindade: “porque nele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade” (Cl 2.9). E elas também asseveram que o Espírito Santo
é Deus, como lemos em Atos 5.3,4: Disse, então, Pedro; Ananias, por que encheu
Satanás 0 teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte
do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em
teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos
homens, mas a Deus.
A Trindade no
tetragrama YHWH.
A Palavra de Deus
afirma que a Trindade é Deus. Vemo-la no tetragrama YHWH. Nesse caso, quando
lemos o nome “Deus” ou “Senhor ”, nas Escrituras, precisamos entender que esses
termos podem ser aplicados à Trindade, isoladamente ou da mesma maneira, ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Analisemos algumas passagens bíblicas que
revelam a unidade na Trindade: 1) “E há de ser que todo aquele que invocar o
nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá
livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes que o Senhor chamar”
(Jl 2.32). Neste texto, o tetragrama, segundo o Novo Testamento, é um a
referência ao Senhor Jesus (Rm 10.13). 2) “E sobre a casa de Davi e sobre os
habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão
para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um
unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito”
(Zc 12.10).
Temos, nesta passagem,
um a profecia escatológica; o Deus Jeová de Israel promete proteger Jerusalém e
seus moradores
Observe a expressão: “e olharão para mim, a
quem traspassaram”. Quem foi ao Céu traspassar a Jeová? Trata-se, naturalmente,
de um a referência a Jesus, quando foi traspassado no Gólgota: “E outra vez diz
a Escritura: Verão aquele que traspassaram” (Jo 19.37). 3) “E disse ela: Os
filisteus vêm sobre ti, Sansão. E despertou do seu sono e disse: Sairei ainda
esta vez com o dantes e me livrarei. Porque ele não sabia que já o Senhor se
tinha retirado dele” (Jz 16.20).
O contexto desta
referência mostra que YHW H se refere ao Espírito Santo (Jz 15.14). Esses dados
da revelação nos parecem complexos, mas essa aparente complexidade não é
sinônima de contradição. Não há, na verdade, contradição nas Escrituras;
estamos lidando com um Ser que é infinito. Como escreveu Chafer: “A doutrina
como apresentada nas Escrituras é, portanto, aceitável ainda que não
explicável”.' Deuteronômio 6.4. “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único
Senhor ”. É evidente que esta passagem bíblica refere-se ao Deus Trino, à Trindade
como veremos abaixo.
Nela, temos tanto o termo “Deus” como o
tetragrama YHWH. A sua ênfase é o monoteísmo, que se tornou ao longo dos
séculos a confissão de fé dos judeus. Ainda hoje, os judeus religiosos recitam
esse versículo três vezes ao dia. O termo hebraico usado para “único” indica
unidade composta: No famoso Semá de Deuteronômio 6.4... a questão da
diversidade dentro da unidade tem implicações teológicas. Alguns eruditos têm
pensado que, embora “um” esteja no singular o י uso da palavra abre
espaço para a doutrina da Trindade.‘
A expressão hebraica
YHW H ’ehad traduz-se também por “Jeová é um ”; esta construção hebraica
aparece em Zacarias 14.9: “naquele dia um só será Jeová, e um só o seu nome” (
Tradução Brasileira). A palavra apropriada hebraica para “unidade absoluta” é
yahid, que traz a ideia de “solitário, isolado”, mas não é esse é o termo usado
em Deuteronômio 6.4. Em Gênesis 2.24, a palavra ,ehad é usada para dizer que o
marido e a mulher são ambos “uma só carne”. O Novo Testamento não contradiz o Antigo,
porém torna explícito o que dantes estava implícito: a unidade de Deus não é
absoluta; e sim composta. O Antigo Testamento revela a unidade na Trindade, ao
passo que o Novo revela a Trindade na unidade. Teologia a Doutrina de Deus 93 A
doutrina da Trindade não neutraliza nem contradiz a doutrina da unidade; nem
esta anula a da Trindade, que, conforme pregada pelos cristãos que seguem a
Palavra do Senhor, consiste em um só Deus em três Pessoas, e não três Deuses;
isso seria apenas um a tríade, e não a Trindade.
O desenvolvimento
histórico da doutrina da Trindade
O termo “trindade” não
aparece nas Escrituras Sagradas; é um a formulação posterior. O fato de a
nomenclatura vir depois do fechamento do cânon sagrado não significa que a
doutrina da Trindade não exista ou que não seja bíblica. De caráter teológico,
a palavra em apreço foi atribuída à divindade, no final do segundo século, por
Tertuliano de Cartago, ao escrever contra o unicismo: Todos são de um, por
unidade de substância, embora ainda esteja oculto 0 mistério da dispensação que
distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os três, Pai, Filho e
Espírito Santo; três contudo, não em essência, mas em grau; não em substância,
mas em forma, não em poder; mas em aparência, pois eles são de uma só
substância e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só Deus que
esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espírito
Santo. Depois da metade do segundo século, surgiu um movimento em tom o do monoteísmo
cristão, o monarquianismo.
Seus defensores
dividiam-se em dois grupos: os dinâmicos (diziam que Cristo era Filho de Deus
por adoção); e os modalistas (ensinavam que Cristo apenas era uma forma
temporária da manifestação do único Deus). Tertuliano chamou-os de
monarquianistas gr. monarcbia, “governo exercido por um único soberano”.
Monarquianismo dinâmico. Os principais representantes da cristologia dinâmica
ou adocionista foram Teodoro de Bizâncio e Paulo de Samosata. Teodoro, “o
curtido r”, discípulo dos alogoi, grupo que rejeitava a doutrina do Logos e
aceitava o Evangelho de João com certa ressalva, foi o primeiro monarquianista
dinâmico de importância. Chegou a Rom a, em 190, e foi ex-comungado em 198.
Para os monarquianistas dinâmicos, Jesus era apenas um homem de vida santa que
nasceu de uma virgem, sobre o qual desceu o Espírito Santo, por ocasião do seu
batismo, no rio Jordão.
Alguns de seus discípulos rejeitavam qualquer
direito divino em Jesus, enquanto outros afirmavam que Ele teria se tomado
divino, em certo sentido, por ocasião da sua ressurreição. Hipólito (170-236)
rebateu todas essas falaciosas crenças (Refutação de Todas as Heresias, VII,
23).
O mais famoso
monarquianista dinâmico foi Paulo de Samosata, bispo de Antioquia entre 260 e
272. Descrevia o Logos como atributo impessoal do Pai. Eusébio de Cesaréia
disse que ele “nutria noções inferiores e degradadas de Cristo, contrárias à
doutrina da igreja, e ensinava que quanto à natureza Ele [Jesus] não passava de
homem com um .”
Eis o que Paulo de Samosata afirmava: O Logos
e o Espírito eram qualidades divinas e não pessoas. Eram poderes ou
potencialidades de Deus, mas não pessoas no sentido de seres independentes.
Jesus era um homem inspirado pelos poderes de cima. O poder do Logos habitara
Jesus como num vaso como nós habitamos nossas casas. A unidade que Jesus tinha
com Deus era da vontade e do amor; não de natureza.
Suas ideias foram examinadas
por três sínodos, entre 264 e 269, e o último excomungou-o. Monarquianismo modalista.
Não negava a divindade do Filho nem a do Espírito Santo, mas, sim, a distinção
dessas Pessoas, o que é diametralmente oposto aos ensinos do Novo Testamento,
que assevera que há uma unidade composta de Deus em três Pessoas distintas.
Os modalistas pregavam
a unidade absoluta de Deus, coisa que nem mesmo o Antigo Testamento ensina.
Para apoiar tal ensino, “mutilaram ” textos neotestamentários. Seus principais
representantes foram: Noeto, Práxeas e Sabélio. Segundo Hipólito, Noeto era
natural de Esmima e ensinava que Cristo era o próprio Pai, e que o próprio Pai
nasceu, sofreu e morreu (Contra Todas as Heresias, 10.23). Cipriano, bispo de
Cartago, chamou tal heresia de patripassionismo (Epístolas, 72.4), do latim
Pater, “Pai”, e passus de patrior, “sofrer”. Práxeas foi discípulo de Noeto, e
o seu principal opositor foi Tertuliano. Em Contra Práxeas 1, Tertuliano disse:
“Práxeas fez duas obras do demônio em Roma: expulsou a profecia e introduziu a
heresia; afugentou o Parácleto e crucificou o Pai”. Dessa última escola
destacou-se o bispo Sabélio, que se tom ou um grande líder desse movimento (por
isso, os seus seguidores foram chamados de sabelianistas ou sabelianos). Por
volta de 215, Sabélio já ensinava suas doutrinas em Roma. Pai, Filho e Espírito
Santo são nomes, são “prosopa” (semblantes, faces), e não seres independentes.
São reais em energias consecutivas; um vem depois do outro, aparecendo 0 mesmo
Deus em faces diferentes. Trata-se do mesmo Deus agindo na História por meio de
três semblantes. O “prosopon” do Pai aparece na sua obra criadora, como doador
da lei. O ‘‘prosopon” do Filho aparece do nascimento à ascensão de Jesus. A partir
da ascensão de Jesus surge o semblante do Espirito} doador da vida.81 Hipólito,
em Contra Todas as Heresias, refutou essas idéias, que hoje são defendidas
pelos unicistas. Arianísmo. E o nome da doutrina formulada por Ário e do
movimento que ele fundou em Alexandria, no Egito, na primeira metade do quarto
século. Ário era presbítero em Alexandria, no ano 318, quando a controvérsia
começou. Sua doutrina contrariava a crença ortodoxa seguida pela da igreja. A
controvérsia girava em torno da eternidade de Cristo. Atanásio (296-373), o
inimigo implacável da doutrina de Ário, dizia que o Filho é eterno e da mesma
substância do Pai; ou seja, homoousios, “da mesma substância; consubstanciai; o
termo central para o argumento de Atanásio contra Ario e a solução do problema
trinitariano oferecido no Concilio de Nicéia (325 d.C.)”. Ário, por outro lado,
dizia que o Senhor Jesus não era da mesma natureza do Pai; era criatura, criado
do nada, uma classe de natureza inferior à do Pai, nem divina e nem humana um a
terceira classe entre a deidade e a humanidade.
Segundo Ário, “Somente Deus Pai seria eterno e
não gerado. O Logos, o Cristo pré-existente, seria mera criatura. Criado a
partir do nada, nem sempre existira”.
Os seus seguidores usavam a palavra anomoios “dessemelhante;
um termo usado pelos arianistas extremistas da metade do quarto século, os assim
chamados anomoianos, para arguir que a essência do Pai é totalmente dessemelhante
da do Filho ”. Depois do Concilio de Nicéia, a controvérsia continuou, mas
havia um grupo intermediário, semi-niceno, meio atanasiano e meio-ariano, que
afirmava ser o Filho de natureza similar ou igual, e não da mesma natureza ou
substância do Pai. Apoiavam-se no termo bomoiousios “de substância similar,
aparência”; “de substância semelhante; um termo usado para descrever a relação
do Pai para o Filho pelo partido não atanasiano, não ariano na igreja, seguindo
o Concilio de Nicéia”.
Essa discussão chamou a atenção do povo e também
ganhou conotação política, considerada, hoje, como a maior controvérsia da história
da igreja cristã. O imperador rom ano Constantino enviou mensageiros, com o
propósito de uma conciliação, porém foi tudo em vão. Constantino, então,
convocou um concilio na cidade de Nicéia, na Bitínia, Ásia Menor hoje Ismk,
naTurquia, aberto em 19 de junho de 325, com a participação de 318 bispos
provenientes do Oriente e do Ocidente, mas apenas vinte apoiaram a causa
arianista, não obstante a sua grande popularidade.
Em Nicéia, o credo
aprovado era decisivamente anti-arianista; apenas dois bispos não o assinaram.
Até Eusébio da Nicomédia, arianista, assinou o credo elaborado nesse concilio.
Depois, os pais capadócios Basílio de Cesaréia, Gregário de Nazianzo e Gregário
de Nissa se encarregaram de “elucidar, definir e defender a doutrina
trinitariana”.
A formulação da doutrina da Trindade é o
resultado dessas controvérsias cristológicas, na tentativa de harmonizar o
monoteísmo com a deidade absoluta do Filho. Como uma doutrina, ela é uma
indução humana das afirmações da Escritura; mas a indução, por ser feita com
justeza, ê tão parte do ensino de Deus em sua palavra como ê qualquer uma das
doutrinas que têm sido formalmente enunciadas ali.
O Credo Niceno. Este, como vimos, veio do
Concilio de Nicéia, que tratou da controvérsia arianista. Seu conteúdo enfatiza
a divindade de Jesus Cristo e é, ao mesmo tempo, uma resposta à cristologia de
Ario: Cremos em um só Deus, Pai Onipotente, Criador de todas as coisas visíveis
e invisíveis. Em um só Senhor Jesus Cristo, Verbo de Deus, Deus de Deus, Luz de
Luz; Vida de Vida, Filho Unigênito, Primogênito de toda a criação, por quem
foram feitas todas as coisas; 0 qual foi feito carne para nossa salvação e
viveu entre os homens, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e subiu ao Pai
e novamente virá em glória para julgar os vivos e os mortos. Cremos também em
um só Espírito Santo. O Credo de Atanásio ou Atanasiano, Depois do Concilio de
Nicéia, em 325, muitos documentos circulavam nas igrejas sobre o assunto. O
credo que hoje chamamos de Atanasiano expressa o pensamento de Atanásio e tudo
o que defendeu durante toda a sua vida, conquanto não haja indícios confiáveis
de que o texto seja de sua autoria. Esse credo não foi mencionado no Concilio
de Êfeso, em 4. 3 1, nem no da Calcedônia, em 451, tampouco no de
Constantinopla, em 38 1 . “O credo popularmente atribuído a Atanásio é, de m
odo geral, considerado um cântico eclesiástico de autoria desconhecida, do
século IV ou V ”.
Assim declara o Credo Atanasiano: A fé
universal é esta: que adoremos vim Deus em trindade, e trindade em unidade; Não confundimos as Pessoas, nem separamos a
substância.
1. Todo aquele que
quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal.
2. A qual, a menos que
cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.
3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um
único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.
4. Não confundindo as
pessoas, nem dividindo a substância.
5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é
outra, e a do Espírito Santo outra.
6. Mas no Pai, no Filho
e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna
majestade.
7. O que o Pai é, o
mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.
8. O Pai é não criado,
o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.
9. O Pai é ilimitado, o
Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.
10. O Pai é eterno, o
Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
11. Contudo, não há
três eternos, mas um eterno.
12. Portanto não há
três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um
ilimitado.
13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho
é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.
14. Contudo, não há
três onipotentes, mas um só onipotente.
15. Assim, o Pai é
Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.
16. Contudo, não há
três Deuses, mas um só Deus.
17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor,
e o Espírito Santo é Senhor.
18. Contudo, não há
três Senhores, mas um só Senhor.
19. Porque, assim como
compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus
e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há
três Deuses ou Senhores.
20. O Pai não foi feito
de ninguém, nem criado, nem gerado.
21. O Filho procede do Pai somente, nem feito,
nem criado, mas gerado.
22. O Espírito Santo
procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.
23. Portanto, há um só
Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três
Espíritos Santos. 24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é
maior ou menor.
25. Mas todas as três
pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito
acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser
cultuada.
26. Logo, todo aquele
que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.
27. Mas também é
necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do
nosso Senhor Jesus Cristo.
28. É, portanto, fé
verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
é tanto Deus como homem.
29. Ele é Deus eternamente
gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.
30. Perfeito Deus,
perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.
31. Igual ao Pai com relação à sua divindade,
menor do que o Pai com relação à sua humanidade.
32. O qual, embora seja
Deus e homem, não é dois mas um só Cristo.
33. Mas um, não pela
conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua
humanidade.
34. Um, não, de modo
algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.
35. Pois assim como uma
alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um
só Cristo.
36. O qual sofreu por
nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.
37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus
Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
38. Em cuja vinda, todo
homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de sua obras.
39. E aqueles que houverem feito o bem irão
para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
40. Esta é a fé
Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser
salvo.
De sorte que por meio
de todas, como acima foi dito, tanto a unidade na trindade como a trindade na
unidade devem ser adoradas. Mais longo que o Niceno, trata-se de um credo que
enfatiza, de m odo mais pormenorizado, a Trindade. Durante a Idade Média,
dizia-se que Atanásio o escrevera no seu exílio, em Roma, e ofereceu-o ao bispo
de Roma, Júlio I, para servir como confissão de fé. Desde o século IX se
atribui o credo a Atanásio.
Na verdade, o Credo
Atanasiano traz esse nome porque Atanásio defendeu tenazmente a ortodoxia
cristã; no entanto, o autor do tal credo é desconhecido. Mencionado pela
primeira vez em um sínodo, realizado entre 659-670, o credo em apreço serve
como teste da ortodoxia desde o século V II, para os catolicismos romano e
ortodoxo, bem como para o protestantismo.
O Credo Atanasiano
afirma: “Adoramos um Deus em trindade e trindade em unidade. Não confundimos as
Pessoas, nem separamos a substância”. No trinitarianismo que honra as
Escrituras Jesus é Deus Todo-poderoso. No
unicismo, Deus é Jesus. Os modalistas e unicistas de hoje confundem as Pessoas
da Trindade. Mas a Palavra de Deus não nos deixa em dúvida, como já vimos: as
três Pessoas são distintas.
No batismo de Jesus, o
Espírito Santo veio sobre Ele, e o Pai falou desde o Céu, como lemos em Mateus
3.16,17: E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram
os céus, e viu 0 Espírito de Deus descendo corno pomba e vindo sobre ele. E eis
que uma voz dos céus dizia: Este é 0 meu Filho amado, em quem me comprazo.
Há inúmeras referências
nos Evangelhos em que Jesus deixou claro que é uma Pessoa, e o Pai outra: “E na
vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu
sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me
enviou” (Jo 8.17,18). A Bíblia apresenta as três Pessoas em condições de
igualdade (Mt 28.19). Jesus disse: “Eu e o Pai somos um ” (Jo 10.30). No Antigo
Testamento. “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn I.I).
A Trindade está implícita
no nome divino Elohim isso já foi
antecipado no estudo sobre os nomes de Deus. O nome hebraico usado para Deus é
Elohim, onde vemos os primeiros vislumbres da Trindade. O verbo está no
singular bara, “criou”, e o sujeito, no plural, Elohim, “Deus”, o que revela a
unidade de Deus na Trindade.
Na criação do homem, a
Trindade está presente, como lemos em Gênesis 1.26: E disse Deus: Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do
mar, e sobre as aves dos céus, e sobre0 gado, e sobre toda a terra, e sobre
todo réptil que se move sobre a terra. As três Pessoas da Trindade atuaram em
conjunto. O Filho criou todas as coisas e também o homem (Jo I . I -3; Cl I 6); da mesma forma, o Espírito Santo (Jó
33.4; SI 104.30) e o Pai (Pv 8.22-30). Ou seja, quando falamos do Criador,
devemos ter em mente a Trindade, pois as três Pessoas agiram juntas na gloriosa
obra da criação de todas as coisas. Então, disse 0 SENHOR Deus: Eis que o homem
é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua
mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente (Gn 3.22).
Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua
do outro (Gn 11.7). Ora, por que “um de nós”, se Deus é único? Porque essa
unidade é, na verdade, um a triunidade. Da mesma forma, encontramos isso em
Gênesis 1 1.7. Por que “desçamos e confundam os”, e não “vou descer e confundir”?
Se a Trindade não fosse uma verdade bíblica, que fazer com essas passagens?
Dizer que Deus estava falando com os anjos é admitir que os anjos são divinos.
Fica, pois, clara e patente a realidade da Trindade nessas passagens
mencionadas. “E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o
Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3). Outro
ponto igualmente importante é essa visão do profeta Isaías, através da qual ele
viu o “Senhor”, hb. Adonai (v.I). Esse mesmo Deus disse: “A quem enviarei e
quem há de ir por nós?” (v.8). Notemos, novamente, a pluralidade presente na
unidade divina. Mas outro detalhe que não devemos perder de vista, ainda na passagem
em apreço, é o fato de o profeta, inspirado pelo Espírito, dizer que a Terra
está cheia da glória de Jeová dos Exércitos. Ora, isso está associado ao que
retrata o Novo Testamento acerca de Jesus, em João 12.39-41: Por isso; não
podiam crer; pelo que Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos e endureceu
lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração,
e se convertam, e eu os cure. Isaías disse isso quando viu a sua glória e falou
dele. Ainda em Isaías 6 lemos, nos versículos 8 a 10: Depois disso, ouvi a voz
do Senhor; que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse
eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Então, disse ele: Vai e dize a este povo:
Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis.
Engorda o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos;
não venha ele a ver com os seus olhos, e a ouvir com os seus ouvidos, e a
entender com 0 seu coração, e a converter-se, e a ser sarado. O texto sagrado m
ostra que é o Deus de Israel quem fala por meio do profeta.
No entanto, o apóstolo
Paulo, sob a inspiração divina, afirma que é o Espírito Santo quem fala,
conforme lemos em Atos 28.25-27: E, como ficaram entre si discordes, se
despediram, dizendo Paulo esta palavra: Bem falou 0 Espírito Santo a nossos
pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo e dize: De ouvido, ouvireis
e de maneira nenhuma entendereis; e, vendo, vereis e de maneira nenhuma
percebereis. Porquanto o coração deste povo está endurecido, e com os ouvidos
ouviram pesadamente e fecharam os olhos, para que nunca com os olhos vejam, nem
com os ouvidos ouçam, nem do coração entendam, e se convertam, e eu os cure.
Isso significa que o
Espírito Santo é o mesmo Deus de Israel. E isso é uma evidência de que a visão
de Isaías revela a Trindade. Essa doutrina, portanto, em bora não tenha sido
bem esclarecida nos tempos dos patriarcas, reis e profetas hebreus, para não
confundir o povo com os deuses das religiões politeístas das nações vizinhas de
Israel, está implícita no Antigo Testamento. No Novo Testamento. A Trindade só
pôde ser ensinada explicitamente com o advento do Filho, o Senhor Jesus, e com
a manifestação do Espírito Santo, como veremos a partir de agora. “Portanto,
ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito S anto” (Mt 28.19). Apesar de a Bíblia ensinar que há a unidade de
Deus, convém-nos nunca perder de vista que “a Bíblia também ensina que Deus não
é uma mônada estéril, mas existe eternamente em três pessoas”.
Esse relacionamento das
três Pessoas é visto em Gênesis 1.26; 3.22; 1 1.7; Isaías 6.8; e João 17.5. A
expressão “em nome” está no singular. O unicismo afirma que esse “nome” é
Jesus; portanto, o nome dEle, segundo esse falacioso movimento moderno, é “Pai,
Filho e Espírito Santo”. Esta interpretação não honra a Palavra de Deus. No
singular, a palavra “nome” é distributiva, como no texto hebraico de Rute 1.2.
Em bora apareça no plural, na ARC — “e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom
” , no hebraico, está no singular, shem, “nom e” (veshem shene-banav, “e o nome
dos dois filhos”). O mesmo ocorre na Septuaginta: onoma, “nome” (kaí onoma tois
dysín buioís, “e o nome dos dois filhos”). Observe que o nome, na passagem
acima, refere-se tanto a Malom quanto a Quiliom; essa é a mesma construção de Mateus
28.19, “e não faz confusão entre eles. Se tivesse sido empregado o plural, ‘nomes’,
a Bíblia precisaria dar mais de um nome a cada”.
O texto sagrado
menciona, por conseguinte, três Pessoas distintas em um a só divindade. “Em
nome” quer dizer em nome de Deus, do único Deus que subsiste eternamente em
três Pessoas. Essa declaração de Jesus, na fórmula batismal, tem como base o
conceito da triunidade de Deus. Jesus não disse: “Em nome do Pai, em nome do
Filho e em nome do Espírito Santo”. Isso porque Ele mencionou um só nome: o nome
do Deus Todo-poderoso, subsistente em três Pessoas.
O Filho e o Espírito
Santo estão igualados nessa passagem.
O batismo no nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, no nome da Trindade. “Ora, há diversidade
de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o
Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera
tudo em todos” (I Co 12.4-6). Aqui o apóstolo Paulo mostra o aspecto
trinitário. Como, na Trindade, não existe primeiro e último (as três Pessoas
são iguais), são mencionadas, nessa passagem, na ordem inversa em relação à
constante de Mateus 28.19. A passagem de I Coríntios 12 a 14 trata dos dons do
Espírito Santo. O termo “Senhor” (12.5) se refere ao Filho, e “Deus” (12.6), ao
Pai. O nome “Deus”, theos, no Novo Testamento grego, quando vem acompanhado do
artigo e sem outra qualificação, refere-se sempre ao Pai.
O culto cristão é adoração a Deus, e Deus,
portanto, é quem opera no culto. Há um só corpo e um só Espírito, como também
fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé,
um só batismo; um só Deus e Pai de todos; 0 qual é sobre todos, e por todos, e
em todos (Ef 4.4-6). Novamente, encontramos, no texto acima, a fórmula
trinitária: o Deus-Pai, o Deus-Filho e o Deus-Espírito. Cada uma das três
Pessoas desempenha um papel na igreja. Essa verdade, ensinada primeiramente aos
crentes de Efeso, consta também do Credo de Atanásio não se deve confundir as
Pessoas; Pai é Pai, Filho é Filho, e Espírito Santo é Espírito Santo. Um só
Pai, um só Filho e um só Espírito Santo. Há, portanto, um Pai, não três Pais;
um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo, não três Espíritos Santos. E
nesta trindade não existe primeiro nem último; maior nem menor. Mas as três
Pessoas são co-eternas, são iguais entre si mesmas; de sorte que por meio de
todas, como acima foi dito, tanto a unidade na trindade como a trindade na
unidade devem ser adoradas.
As três Pessoas estão
presentes, atuando cada um a na sua esfera de atuação, em perfeita harmonia e
perfeita unidade: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão
do Espírito Santo seja com vós todos” (2 Co 13.13).
Esta é a mais bela
bênção das epístolas paulinas, conhecida como a “bênção apostólica”, que
poderia também ser chamada de “bênção trinitariana”.
No Antigo Testamento,
também há uma bênção tríplice, a sacerdotal; nela Deus aparece três vezes. Ele
determinou que o sacerdote assim abençoasse os filhos de Israel: “ O Senhor te
abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia
de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz” (Nm 6.24-26). Como
se vê, existe harmonia entre os dois Testamentos quanto à doutrina da Trindade.
Há outras inúmeras
passagens bíblicas que mostram textualmente que cada u m a dessas Pessoas é
Deus absoluto, além de enfatizarem os seus atributos divinos e as suas operações
e obras, as quais serão mencionadas no fim deste capítulo.
As três Pessoas da
Trindade
As Escrituras Sagradas
afirmam que existe um só Deus; e Deus é um só. O Pai é o Deus-Jeová, da mesma
forma que o Filho e o Espírito Santo são, igualmente, o mesmo Deus-Jeová.
Trata-se, não de três Deuses, e sim de um só Deus que subsiste em três Pessoas.
Por mais que tentemos explicar a Trindade, ela é um mistério. “Verdadeiramente
tu és o Deus que te ocultas, o Deus de Israel, o Salvador” (Is 45.15), ou: “tu
és Deus misterioso” (ARA). Se o Todo-Poderoso pudesse ser sondado e
esquadrinhado pela mente humana, seria limitado e deixaria de ser Deus. O termo
“Pessoa”, empregado para definir as três identidades distintas da Trindade, em
certo sentido é inadequado. Daí os pais da igreja evitarem o seu uso para
identificar o Pai, o Filho e o Espírito Santo na Trindade. O vocábulo, do grego
prosopon, significa “rosto, face, expressão” — literalmente, “aquilo que
aparece diante dos olhos”, “aparência”, “aspecto”, “manifestação”. “Pessoa” é
“um termo menos técnico que hípostasis ou subsístentia, usados para se referir
às Pessoas da Trindade ou à Pessoa de Cristo”.
Seu equivalente latino é persona, termo
empregado por Tertuliano com o sentido de “máscara”, a fim de refutar as heresias
dos sabelianistas. A conotação, no caso, era com as máscaras que os atores
usavam para representar personagens no teatro grego.
Aplicando o termo em
análise ao que chamamos de Pessoas da Trindade, alguém poderia ser induzido a
crer no sabelianismo ou no modalismo. Por essa razão, os pais da igreja
preferiam chamar as Pessoas divinas de bomoousios, “um ser” ou hípostasis.
Hipóstase significa “forma de ser ou de existir”, que vem de duas palavras
gregas hypo, “sob”; e istathai, “ficar”. Nas discussões teológicas sobre a
doutrina da Trindade, na era patrística, tal palavra foi aplicada como sinônimo
de ousia, “essência, ser”.
O reformador protestante Calvino preferia
chamá-la de Subsístentia.
A palavra “pessoa” diz respeito à parte
consciente do homem que pensa, decide e sente; constitui o caráter, a
identidade e a individualidade. Por isso, não devemos confundir pessoa com
homem. No caso deste, a sua pessoa é o seu “eu”. E até possível o uso
alternativo de pessoa e homem como ser, indivíduo, sujeito, personalidade,
identidade, caráter, mas isso nunca deve acontecer quando o assunto diz
respeito às três Pessoas da Trindade. No caso do Deus trino, é necessário haver
restrição. Não são três seres, indivíduos ou sujeitos, e sim três identidades
conscientes. A natureza de Deus é uma, enquanto as Pessoas divinas, três. A
Trindade é a união de três identidades pessoais em um só Ser ou Indivíduo
trata-se, pois, de uma só existência ou essência.
A divindade e os atributos Divinos do Filho
As Escrituras enfatizam textualmente, de
maneira inconfundível, a divindade do Senhor Jesus Cristo e os seus atributos
divinos, como lemos em Isaías 9.6: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos
deu; e o principado está sobre seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso,
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
Na profecia messiânica
acima mencionam-se o nascimento e o ministério de Jesus. Dos nomes
apresentados, um mostra expressamente que Ele é Deus Forte, e o outro revela um
atributo incomunicável exclusivo da deidade, a eternidade Pai da Eternidade.
Analisemos outras passagens: Eis que vêm dias, diz 0 Senhor, em que levantarei
a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e prosperará, e praticará o juízo
e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro:
e este será o seu nome, com que o nomearão: O Senhor Justiça Nossa (Jr 23.5,6).
O nome “O Senhor Justiça Nossa” é, em hebraico, YHWH Tsidkenu. Temos, pois,
outra profecia messiânica pela qual são mencionados atributos e títulos de
Jesus: Renovo de Davi, Renovo justo, Rei de toda a Terra, Salvador de Israel.
Tais descrições estão reveladas no Novo Testamento na Pessoa de Jesus (Rm 1.3;
At 3.14; 4.12; Ap 19.16). Por fim, o Renovo de Davi, o Messias, é chamado de Jeová
Justiça Nossa. E fugireis pelo vale dos meus montes porque o vale dos montes
chegará até Azei) e fugireis assim como fugistes do terremoto nos dias de
Uzias, rei de Judá; então, virá 0 Senhor, meu Deus, e todos os santos contigo,
ó Senhor (Lc 14.5). A profecia acima é escatológica e fala do grande livramento
de Jerusalém, por ocasião da Segunda Vinda de Jesus.
O Messias é chamado de “Jeová, meu Deus”, com
todos os santos com Ele. Comparemos a profecia de Zacarias com a citada em
Judas v.I4: “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão,
dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos”. No princípio
era 0 Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que
foi feito se fez (Jo 1.1-3).
Na segunda parte do
primeiro versículo, em grego, aparece o artigo definido antes do nome de Deus,
ton theon, “o Deus”. E já vimos, anteriormente, que tbeos, no Novo Testamento
grego, quando acompanhado de artigo e sem outra qualificação, refere-se sempre
ao Deus-Pai. O nome theos, na terceira cláusula da passagem, é predicativo do
sujeito, anteposto ao verbo e sem o artigo definido: kai theos en ho logos, “e
o Verbo era Deus”. Segundo Martinho Lutero, “a falta de um artigo é contra o
sabelianismo e a ordem da palavra é contra o arianismo”.
Portanto, o Senhor
Jesus Cristo é Deus e tem todos os atributos do Pai, conquanto não seja a
primeira Pessoa da Trindade. Em Romanos 9.5, está escrito: “Dos quais são os
pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito
eternamente. Amém”. Há, neste texto, em português, um problema de pontuação.
Como na antiguidade não havia sinal gráfico para pontuar, a construção
apresentada na versão Almeida Revista Atualizada (ARA) e na Tradução Brasileira
é natural. Acerca desse emprego Robertson afirmou: Esta é a maneira natural de
tomar o sentido da oração, cuja pontuação própria e literal é a seguinte: “O
qual é sobre todas as coisas Deus bendito pelos séculos... ” A interposição de
um ponto e seguido depois de “sarka” (ou de um ponto e vírgula) e a iniciação
de uma nova oração para a doxologia tem um resultado mui brusco e forçado.
O termo sarka, de sarx, é a palavra grega para
“carne”. A pontuação pode, por conseguinte, mudar o sentido da mensagem. Que,
sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus (Fp 2.6). O
texto sagrado acima afirma que o Senhor Jesus não considerou usurpação o ser
exatamente igual a Deus, e isso ensina a deidade absoluta de Jesus Cristo. O
verbo grego traduzido por “sendo” é hyparcho, “ser, estar em existência”. Portanto, “tem o sentido de um estado
permanente: Cristo existia e existe eternamente na forma de Deus”.
Assim, em Fp 2.6, a
expressão: ,‘que sendo em forma de Deus” implica sua deidade preexistente,
anterior ao seu nascimento e sua deidade que continua depois.
A palavra expressa a continuação de um estado
ou condição anterior.
Outra palavra que
devemos considerar, nessa passagem, diz respeito ao substantivo morphe, que
significa “forma”, na sua essência, e não simplesmente aparência. Morphe
“denota ‘a forma ou traço especial ou característico’ de uma pessoa ou coisa. E
usado com significado particular no Novo Testamento, somente acerca de Cristo,
em Fp 2.6, nas frases: ‘sendo em forma de Deus’ e ‘tomando a forma de servo’.”
O substantivo morphe aparece apenas três vezes
no Novo Testamento grego (Fp 2.6,7; Mc 16.12). Contrasta-se com schema, que
significa “forma”, no sentido de aparência externa, e não como essência e
natureza, como acontece com o primeiro. “Que, sendo em forma de Deus” mostra
que Jesus era Deus antes da sua encarnação, assim como 2 Coríntíos 8.9, onde o
apóstolo usa a mesma construção: “que, sendo rico, por amor de vós se fez
pobre”. É correto afirmar que Jesus não era rico antes de sua encarnação? Não,
absolutamente! No texto de Filipenses encontramos a mesma coisa: “sendo em
forma de Deus tomou a forma de servo”. O verdadeiro Deus tornou-se verdadeiro
Homem.
A passagem enfatiza a humildade.
Evidentemente, os cristãos devem imitar a Cristo, não disputando com os irmãos
os seus privilégios, pois Ele, sendo Deus, não fez uso de suas prerrogativas,
mas assumiu a forma de Servo, mantendo-se fiel até a morte. Da mesma maneira,
os cristãos devem seguir tal exemplo de humildade e fidelidade. A ênfase do
texto, pois, não indica que eles sejam “em forma de Deus”. O termo grego
harpagmon, traduzido por “usurpação”, significa “apoderar-se, arrancar
violentamente”.
Não existe a questão em
Cristo tentar arrebatar ou apoderar-se da igualdade com Deus: ele é igual a
Deus, porque o fato de ele ser igual a Deus, não é usurpação; Cristo é Deus em
sua natureza. Tampouco existe a questão de Cristo tentar reter essa igualdade
pela força. A questão fundamental é, antes, que Cristo não usou sua igualdade
com Deus como desculpa para auto-afirmação, ou autopromoção; ao contrário; ele
a usou como ocasião para renunciar a todas as vantagens ou privilégios que a
divindade lhe proporcionava, como oportunidade para auto-empobreamento e auto-sacrifício
sem reservas. “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”
(Cl 2.9). As palavras “divindade” e “deidade” no texto grego é theotes, que só
aparece uma vez no Novo Testamento grego. Essa essência divina ou deidade
absoluta, disse o apóstolo Paulo, habita corporalmente em Cristo Deus-Homem e
Homem-Deus.
Aguardando a
bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso
Senhor Jesus Cristo (Tt 2.13). Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo,
aos que conosco alcançaram igualmente
preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo (2 Pe l. I). O
apóstolo Paulo empregou um só artigo, que significa “do”, para o “grande Deus e
nosso Salvador Cristo Jesus”.
A presença de um só
artigo, nessas passagens e a mesma coisa acontece em 2 Pedro I . I, revela a
menção de uma só Pessoa.
O texto sagrado apresenta, pois, de maneira
direta e inconfundível que Jesus é o “grande Deus”, o “nosso Deus e Salvador”.
Além de todos os textos que ensinam explicitamente que o Senhor Jesus é Deus,
encontramos os atributos incomunicáveis (exclusivos) da divindade do Pai no
Filho. Jesus Cristo é:
· Eterno (Is 9.6; M q 5.2; Jo I . I -3; 8.58; H b 13.8);
· Onipotente (M t 28.18; E f 1.21);
· Onipresente (M t 18.20; 28.20);
· Onisciente (Jo 2.24, 25; 16.30; 21.17; Cl 2.2,3);
· e Criador (Jo I.I-3 ; Cl 1.16-18; H b 1.2,10).
Divindade e atributos
divinos do Espírito Santo
As Escrituras revelam
textualmente, de maneira inconfundível, a divindade do Espírito Santo, além de
seus atributos divinos, iguais aos do Pai e do Filho. O divino Consolador é
igual em poder às outras Pessoas da Trindade, tendo também um nome: “em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Diante desta passagem, seria
um absurdo se o Espírito Santo não fosse Deus! O Espírito do SENHOR falou por
mim, e a sua palavra esteve em minha boca. Disse 0 Deus de Israel, a Rocha de
Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine
no temor de Deus (2 Sm 23.2,3). Sucedeu, pois, no sexto ano, no mês sexto, no
quinto dia do mês, estando eu assentado na minha casa, e os anciãos de Judá,
assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor JEOVA caiu sobre mim... E
estendeu a forma de uma mão e me tomou pelos cabelos da minha cabeça; e o
Espírito me levantou entre a terra e 0 céu e me trouxe a Jerusalém em visões de
Deus, até à entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde
estava colocada a imagem dos ciúmes, que provoca 0 ciúme de Deus (Ez 8.1,3).
O profeta Ezequiel afirmou que “a mão do
Senhor JEOVÁ” caiu sobre ele; em seguida, declarou que “o Espírito me levantou
entre a terra e o céu”. Isso revela que o Deus de Israel é o mesmo Espírito
Santo. Teologia a Doutrina de Deus Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu
Satanás 0 teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte
do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti E, vendida, não estava em
teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos
homens, mas a Deus (At 5.3,4). De acordo com a passagem supramencionada, a quem
Ananias mentiu, ao Espírito Santo ou a Deus? Observe que Deus e o Espírito
Santo são uma mesma divindade. Ora, 0 Senhor é 0 Espírito; t; onde está o
Espírito do Senhor; aí há liberdade. E todos nós, com 0 rosto desvendado,
contemplando, como por espelho, a glória do Senhor; somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor; 0 Espírito (2 Co
3.17,18). Além de todos os textos que ensinam explicitamente que o Espírito
Santo é Deus, encontramos também na Palavra de Deus todos os atributos da
divindade.
O Consolador é:
· Eterno (Gn 1.2; H b 9.14);
· Onipotente (Zc 4.6; Lc 1.35; Rm 15.13,19);
· Onipresente (SI 139.7-10; I Co 3.16; Jo 14.17);
· Onisciente (Ez 1 1.5; Rm 8.26,27; I Co 2.10,11; Lc 2.26; IT
m 4.1; I Pe I.I I);
· E Criador (Jó 26.13; 33.4; SI 104.30).
As obras de cada pessoa
da Trindade
Para concluir este
capítulo, citaremos algumas referências que corroboram o estudo sobre a
Trindade. É muito importante que o estudioso do assunto leia todas as passagens
abaixo. Cada uma das três Pessoas da Trindade é autora do novo nascimento: o
Pai (Jo I.I3 ), o Filho (I Jo 2.29) e o Espírito Santo (Jo 3.5, 6); e cada uma
delas ressuscitou Jesus: o Pai (At 2.24; I Co 6.14), o próprio Filho (Jo 2.19;
10.18) e o Espírito Santo (I Pe 3.18).
De acordo com as
Escrituras, cada Pessoa da Trindade habita nos fiéis:
· O Pai (Jo 14.23; I Co 14.25; 2 Co 6.16; E f 4.6; I Jo 2.5;
4 .I2 -I6 ),
· O Filho (Jo 17.23; 2 Co 13.5; Gl 2.20; E f 3.17; I Jo 3.24;
Ap 3.20) e
· O Espírito Santo (Jo 14.17; Rm 8.11; I Co 3. 16; 6.19; 2 Tm
I.I4 ;Tg 4.5).
Além disso, cada uma dá
a vida eterna:
· O Pai (I Jo 5.11),
· O Filho (Jo 10.28)
· E o Espírito Santo (G1 6.8).
O Pai, o Filho e o
Espírito deram aos apóstolos poder para operar milagres:
· O Pai (At 15.12; 19.1 1; H b 2.4),
· O Filho (At 4.10, 30; 16.18)
· E o Espírito Santo (At 2.2-4; 10.44-46; 19.6; Rm 15.19);
E falaram pelos profetas e apóstolos:
· O Pai (Jr 1.9; Lc 1.70; At 3.21),
· O Filho (Lc 21.15; 2 Co 13.3; I Pe I .I I )
· E o Espírito Santo (2 Sm 23.2; M t 10.20; Mc 13.II).
Cada uma delas inspirou
as Escrituras:
· O Pai (Ex 4.12; 2 Tm 3.16; Hb I.I),
· O Filho (2 Co 13.3; I Pe I . I I )
· E o Espírito Santo (2 Sm 23.2; Mc 12.36; At 11.28; 2 Pe I.2
I);
E guiou o povo de Deus:
· O Pai (Dt 32.12; SI 23.2; 73.24; Is 48.17),
· O Filho (M t 16.24; Jo 10.4; I Pe 2.21)
· E o Espírito Santo (SI 143.10; Is 63.14; Rm 8.14; G1 5.18).
Não há dúvidas, à luz
da Palavra do Senhor, quanto à Trindade, pois cada uma das Pessoas, ainda,
distribui os dons espirituais:
· O Pai (I Co 12.6; Hb 2.4),
· O Filho (I Co 12.5)
· E o Espírito Santo (Jo 14.26; I Co 12,8-11);
e santifica os fiéis:
· O Pai (Jo 14.23; I Co 14.25; 2 Co 6.16; E f 4.6; I Jo 2.5;
4.12-16),
· O Filho (Jo 17.23; 2 Co 13.5; G1 2.20; E f 3.17; I Jo 3.24)
· E o Espírito Santo (Jo 14.17; Rm 8.11; I Co 3.16; 2 Tm I.I4
;T g 4.5).
Finalmente, cada uma
delas dá missão aos profetas; envia os apóstolos e ministros:
· O Pai (Is 48.16; Jr 25.4; I Co 12.28; G1 I.I),
· O Filho (Mc 16.15; 2 Co 5.20; G1 I.I; E f 4 .1 1)
· E o Espírito Santo (Is 48.16; At 13.2,4; 16.6-7; 20.28);
E ensina os fiéis:
· O Pai (Is 48.17; 54.13; Jo 6.45),
· O Filho (Lc 21.15; Jo 15.15; E f 4.21; G1 1.12)
· E o Espírito Santo (Lc 12.12; Jo 14.26; I Co 2.13).
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