sábado, 16 de julho de 2022

Série: As 10 doutrinas da Teologia Sistemática 5ª- Antropologia

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com

 


Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!  

As 10 doutrinas da Teologia Sistemática.

 Sumário geral

Capítulo 1

Bibliologia — a doutrina das Escrituras

Capítulo 2

Teologia — a doutrina de Deus

 Capítulo 3

 Cristologia — a doutrina de Cristo

 Capítulo 4

Pneumatologia — a doutrina do Espírito Santo

  Capítulo 5

Antropologia — a doutrina do homem

Capítulo 6

 Soteriologia — a doutrina da Salvação

 Capítulo 7

Eclesiologia — a doutrina da Igreja

 Capítulo 8

Angelologia — a doutrina dos Anjos

Capítulo 9

Hamartiologia - a doutrina do pecado

Capítulo 10

 Escatologia — a doutrina das últimas coisas

 

 

 

Capítulo 5

Antropologia a Doutrina do Homem

 

O fundamento e a razão de ser da vida cristã apoia-se num relacionamento vital entre Deus e o homem. Portanto, para que seja fiel à sua proposição e significado, a teologia deve ater-se não só ao estudo da revelação de Deus, mas também ao do homem.

 

E necessário conhecermos suficientemente o homem para não cairmos em erros irreparáveis. Um erro da nossa parte quanto à origem, propósito da existência e futuro do homem dificulta nossa compreensão do propósito de Deus para com a humanidade como um todo. Convém, pois, que examinando as Escrituras, conheçamos o homem na sua constituição e sua posição dentro do propósito de Deus em geral.

 

O conhecimento sobre o homem e sua natureza, bem como os propósitos divinos para com ele, muito nos servirá no estudo de seu relacionamento com Deus.

 

O Senhor; Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!... Quando vejo dos teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que 0 visites? Contudo, pouco menor 0 fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste.

(SI 8.1,3-5).

As palavras acima foram pronunciadas pelo salmista Davi, extasiado com a grandeza da criação

Da mesma forma, Jó, o patriarca, exclamou: “Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas sobre ele o teu coração, e cada manhã o visites, e cada momento o proves? ” (Jó 7.17,18). Ainda que, no seu tempo, não dispusesse de modernos meios tecnológicos para contemplar as estrelas e o Universo, Davi se sentia deslumbrado ante a glória de Deus, revelada através da sua criação. 

Ao ver os astros, incluindo o Sol, a Lua e as estrelas, ele, reconhecendo a pequenez do ser humano ante a majestosa visão dos horizontes do espaço sideral, fez a pergunta que muitos ainda hoje fazem:


·       Que é o homem mortal?  

·       Que é o homem?

·       Que ser é esse?

·       De onde ele veio?

·       Para onde vai?

 

Essas são algumas perguntas que inquietam aqueles que se debruçam sobre a realidade à sua volta. A essas perguntas e, principalmente, à primeira, há muitas respostas.


Os filósofos, em sua maioria absoluta, formada por materialistas, ateístas ou pretensos agnósticos, respondem que o homem é apenas um “animal que pensa” ou fruto da evolução aleatória das espécies. Eles atribuem a existência do ser humano ao acaso, como se fosse descendente de um animal irracional. Este teria evoluído de um microrganismo unicelular que povoava as águas dos mares. Pascal, a exemplo de Davi, mas com outra visão, indagou:

“Que é o homem diante do infinito”?

 E ampliou a sua indagação:

Afinal que é o homem dentro da natureza?

 Nada, em relação ao infinito; tudo, em relação ao nada; um ponto intermediário entre 0 tudo e0 nada. Infinitamente incapaz de compreender os extremos, tanto o fim das coisas quanto o seu princípio permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é igualmente impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolver Platão (428 a.C.) afirmava que o homem é “um bípede sem penas”. Mas um outro filósofo, que gostava de criticá-lo, matou um galo, o depenou e saiu pelas ruas dizendo: “Eis o homem de Platão”. Francisco de Carvalho, em uma música, diz: “Que bicho é o homem, de onde ele veio para onde vai? De onde ele veio para onde vai? Onde é que entra, de onde é que sai? ” Muitos cientistas e filósofos têm a ideia de que o homem pertence ao reino animal, e isso tem levado inúmeras pessoas a se considerarem parte do mundo zoológico.

Dizem os cientistas: “falando fisicamente, o homem é um animal especializado.

Sua especialização se baseia em três direções principais:

  • A postura ereta.
  • O polegar oposto.
  • O grande desenvolvimento da posição cerebral pré-frontal”.

Descartes supervalorizava a consciência, admitindo que ela seria o âmago ou a essência do ser. Foi ele quem disse: “Penso. Logo, existo”. “Protágoras, de Abdera, dizia, segundo o testemunho de Platão, que ‘o homem é a medida de todas as coisas’. Em outras palavras: não existe verdade absoluta, mas tão-somente opiniões relativas ao homem...”

Aqui vemos as raízes do humanismo, que, hoje, predomina na mentalidade pós-moderna. J. Huxley dizia que “o homem é um macaco um pouco melhorado, e às pressas”. A ciência moderna é ainda mais presunçosa, arrogante e materialista acerca da origem e da natureza do homem. Com mais sofisticação do que os antigos filósofos, os cientistas de hoje são preconceituosos e fechados ao debate quanto à origem do homem, com total desrespeito à ideia de um ser criado à imagem e semelhança de Deus. Disse Horgan, numa visão reducionista sobre o que é o homem: Não somos mais que um monte de neurônios. Mas, ao mesmo tempo, a neurociência até agora provou ser estranhamente insatisfatória. Explicar a mente em termos de neurônios não esclarece nem beneficia muito mais do que explicar a mente em termos de quarks e elétrons. Existem muitos reducionismos alternativos. Nada mais somos que um feixe de genes idiossincráticos. Nada mais somos que um conjunto de adaptações esculpido pela seleção natural. Nada mais somos do que um monte de apetrechos de computação dedicados a tarefas diferenciadas. Somos nada mais que um feixe de neuroses sexuais...־‘ Essa é a visão do materialismo científico.

 

Seus questionamentos e afirmações absurdas resumem as três perguntas filosóficas, que, ao longo dos séculos, incomodam e desafiam a compreensão do homem diante da grandeza do Universo:

·       “Quem sou eu?”,

·       “De onde vim?’'’ e

·       “Para onde vou?”

Eles buscam responder à pergunta sobre o ser humano, sua origem, seu ser e seu destino.

Neste capítulo, desejamos responder aos questionamentos acerca do homem, sua origem e seu destino, à luz da Palavra de Deus, introduzindo, para efeito de reflexão, opiniões externas à Bíblia, a fim de reforçarmos o entendimento dos que creem em Deus e em sua bendita Palavra, que não tem uma ou algumas respostas. Ela tem a resposta! A antropologia humana exalta a teoria da evolução das espécies, por meio do acaso e da chamada “seleção natural”.

 A Antropologia Bíblica fundamenta-se na Palavra de Deus, que afirma categoricamente: “No princípio, criou Deus os céus e a terra... E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn I.I,26a). Esse é o ponto de partida, diante do qual o cristão, que crê na revelação divina, jamais tergiversará diante dos argumentos humanos, materialistas, contrários à fé em Deus.

 

I. A origem do Homem

 

O ser humano, criado à imagem, conforme a semelhança de Deus, teve uma origem especial. Se analisarmos o primeiro capítulo do livro de Gênesis, o livro das origens, observamos que o Criador, ao fazer uso de sua divina inteligência e do seu poder absoluto, soberano, fez surgir o universo a partir do nada.

A criação do Universo e da Terra.

Em tempos de um passado longínquo, alguém chegou a acreditar que a Terra era um imenso plano, nas costas de um elefante, que, por sua vez, firmava-se nas costas de uma tartaruga gigantesca...

Os egípcios criam que o planeta era apoiado sobre cinco colunas. Eram vislumbres das grandes perguntas: “Como tudo começou? ” e “O que é o Universo?” Mas o Gênesis começa com a expressão: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn I.I).

 Essa é a origem do Universo, incluindo o pequeníssimo planeta Terra.

Para que situemos o homem no plano divino da criação, vale a pena relembrar o que foi criado, em cada dia:

  •  No dia primeiro, Deus criou a luz cósmica, fez separação entre a luz e as trevas, e criou o dia, e a noite (Gn I.I-5 ); Ele disse “Haja luz. E houve luz” (Gn 1.3); foi o sobrenatural, que fez acender a primeira energia luminosa do Universo.
  •  N o segundo dia, Deus fez “uma expansão no meio das águas”  provavelmente águas em estado gasoso, acima e abaixo da expansão e criou os céus (Gn 1.6-8).
  • No terceiro dia, Ele ajuntou “as águas debaixo dos céus num lugar” e fez aparecer “a porção seca”, chamando-a de Terra; e ao “ajuntamento das águas”, chamou mares; naquele mesmo dia da criação, o Senhor ordenou que a terra produzisse “erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto que esteja nela sobre a terra” (Gn 1.9-13).
  • No quarto dia, o Senhor criou os luminares para “sinais e para tempos determinados”; dois grandes luminares, o Sol, para iluminar o dia, e a Lua, para alumiar a noite; e fez também as estrelas (Gn I . I 4-19).
  • No quinto dia, Deus determinou que as águas produzissem répteis, e que as aves voassem no céu; fez também as grandes baleias, a partir das águas (Gn 1.20-23);
  • No sexto dia, o Criador determinou que a terra produzisse “alma vivente conforme sua espécie; gado e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie” (Gn 1.24,25). 

 Até aqui, resumimos, segundo a Bíblia, a origem do Cosmos, ou do Universo, incluindo o pequenino planeta Terra, cuja criação foi a partir do nada, o que corrobora o texto de Hebreus 11.3: “Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”. De fato, quando olhamos para uma parede, pensamos que ela é perfeitamente sólida, impenetrável.

 No entanto, sob a lente de um poderoso microscópio eletrônico, poder-se-á constatar que ela está cheia de buracos, e mais: que as partículas não estão em repouso, estáticas, mas em pleno movimento as moléculas, formadas de átomos, com seus elétrons e nêutrons, e partículas subatômicas, estão se movimentando como universos em dimensão micro.

Ao contrário do que dizem os cientistas materialistas, em sua presunção e vanglória, o mundo e o homem não surgiram por acaso, como lemos em Atos 17.24-26: O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas; e de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação. Diz, ainda, a Palavra de Deus, em Salmos 33.6-9: Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espirito da sua boca. EL· ajunta as águas do mar como num montão; põe os abismos em tesouros. Tema toda a terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu. Continuando nossa observação acerca do relato da criação, verificaremos que a criação do homem foi diferenciada da de todos os outros seres e elementos da natureza. Ele não foi feito a partir do nada, mas a partir das substâncias já existentes, como frisamos a seguir, e de um modo distinto da criação dos outros seres e das coisas.

A criação do homem. Ainda no dia sexto da criação Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus 0 criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo 0 animal que se move sobre a terra (Gn 1.26-28). Enquanto os outros seres foram criados sob o impacto do fiat (“faça-se”) de Deus, o homem teve criação de modo bem diferente. Deus hb. Elohim, expressão plural de El concretizou o seu projeto para criar um ser especial, de forma especial, nos atos da criação. Assim, Ele, em conjunto com os outros componentes de sua Unidade, que se consubstanciam na Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), de modo solene e majestático, disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (v.24).

A criação do homem foi o coroamento da criação de Deus: Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados. E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera (Gn 2.1-3). Deus, então, “descansou”, isto é, terminou a sua obra, a criação de todas as coisas.

 

II. O homem foi feito a imagem e semelhança de Deus

 

“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn I.24b). O verbo “fazer”, na primeira pessoa do imperativo, no plural, denota que o Criador não estava sozinho, na criação do homem. A compreensão humana não alcança a grandeza daquele momento único e singular, totalmente distinto de todo processo criador dos demais seres. Apesar disso, pode-se entender que, num ponto do planeta, no Oriente, no sítio do jardim do Eden ou do Paraíso, o Deus Pai, o Deus Filho e Deus Espírito Santo se reuniram solenemente para fazer surgir o novo ser que haveria de revolucionar toda a criação. Por um momento, de modo positivo; por muitos séculos, de modo negativo. Mas, de qualquer forma, ali estava a reunião solene da Trindade para criar o homem à imagem e semelhança de Deus!

 Em Gn 1.26-30, encontramos o homem feito à imagem de Deus;

  • um ser espiritual apto para a imortalidade, v. 2 6b;
  • um ser moral que tem a semelhança de Deus, v.27;
  • um ser intelectual com a capacidade da razão e de governo, vv.26c,28-30.

O homem foi feito para ser dominador da natureza. E não poderia ser de modo diferente. Deus fez o ser humano à sua imagem, conforme a sua semelhança, para ser governante dessa “pequena parte do Universo”; para dominar sobre as criaturas viventes, criadas antes dele. O salmista Davi disse que Deus fez o homem pouco menor que os anjos e lhe deu, no início, domínio sobre toda a criação (SI 8.5-8).

Esse era o plano original de Deus para com o ser humano: ser representante de Deus, com autoridade sobre toda a criação. Como veremos adiante, esse plano foi prejudicado pela Queda, transtornando todo o Universo. O homem à imagem de Deus. Diante da grandeza e da nobreza originais conferidas ao ser humano, o que viria a significar o homem à imagem de Deus? As respostas a essa questão não são completas.

 Há quem diga que a imagem de Deus no homem seria física. Ou que essa imagem seria a postura reta, ou vertical, do esqueleto humano. Não se deve sequer ocupar espaço e tempo com esse argumento, pois Deus, sendo espírito (Jo 4.23), não projetaria imagem física no homem.

As questões sobre a imagem de Deus no homem têm suscitado muitas discussões, desde que os teólogos começaram a se debruçar sobre o estudo acerca da criação e, em especial, do ser humano. Os chamados pais da igreja entendiam que a imagem de Deus no homem seria o conjunto de características morais e espirituais que o levam a ser santo. Mas houve quem entendesse que tais características também seriam corporais.

Irineu e Tertuliano faziam distinção entre imagem e semelhança, considerando a primeira como os aspectos corporais, e a segunda como as características espirituais.

Orígenes e Clemente de Alexandria discordavam dessa afirmação; antes, diziam que a imagem se referia às características próprias do ser humano, enquanto a semelhança dizia respeito às qualidades provindas de Deus não inerentes ao ser humano.

 Já Pelágto via na imagem somente a capacidade de raciocínio que o homem desenvolvia, podendo valer-se do livre-arbítrio. Já os escolásticos concordaram em muitos aspectos com os pais da igreja, mas ampliaram o conceito de imagem de Deus, incluindo a ideia de intelecto, razão, liberdade; a semelhança seria o sentimento de justiça provinda do Criador.

 A imagem de Deus seria algo concedido ao homem de modo natural, e a semelhança, uma espécie de dom sobrenatural, que controlaria a natureza inferior do homem.

 Os reformadores, em geral, não faziam distinção entre a imagem e a semelhança de Deus no homem; eles entendiam que a justiça original faria parte da imago Dei.

Na condição original do ser humano.

A imagem conforme a semelhança de Deus.

 A discussão teológica sobre o significado da imagem de Deus, ou a imago Dei, não tem um consenso efetivo.

Há divergências entre os teólogos. De início, no Gênesis, Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (1.26); no versículo seguinte, lemos: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (v.27).

Notemos que o texto bíblico de Gênesis 1.27 não repete a expressão “imagem, conforme a nossa semelhança”. Parece-nos razoável entender que o ponto central, ou a ideia-chave, do relato bíblico é o registro de que o homem (o ser humano) foi feito “à imagem de Deus” (v.26).

 A passagem deixa claro que tanto o homem como a mulher foram criados à “imagem de Deus”. Com essa expressão, entendemos que o Gênesis demonstra qual é a natureza original do homem ele foi criado à imagem de Deus. A semelhança tem caráter explicativo, indicando a conformidade pela qual aquela imagem de Deus foi impressa no ser criado. Ou expressa o modo ou o modelo daquela imagem. Não há necessidade, pois, de se estudar as duas palavras “imagem” e “semelhança”, separadamente, buscando significados complexos para cada uma delas.

Berkhof afirmou: As palavras “imagem” e “semelhança” são empregadas como sinônimos e uma pela outra, e, portanto, não se referem a duas coisas diferentes. Essa ideia corrobora o nosso entendimento, acentuando que, em Gênesis I .I6 , são empregadas as duas palavras, mas, no versículo 27, somente a primeira delas.

 Chafer também reforça esse entendimento, referindo-se às palavras “imagem” e “semelhança” da seguinte maneira: Em Gênesis 1.26,27, ambas as palavras, “imagem” e “semelhança”, aparecem, mas a palavra “imagem” ocorre três vezes enquanto 0 termo “semelhança” ocorre apenas uma vez.

 Em Gênesis 5, vemos a palavra “semelhança” incluída na genealogia de Adão: “Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez” (v.I). Certamente, o termo “semelhança”, aqui, se refere à imagem de Deus, que é semelhante ao Criador, conforme já explicitado. O homem é distinto e superior aos animais. A diferença entre o homem e os animais é tão grande, em termos qualitativos, a ponto de não haver margem para especulações quanto à origem dos humanos e dos irracionais. O Projeto do Genoma Humano (PGH), iniciado em 1990, constatou, em 2003, que há no corpo humano em tomo de quarenta mil genes, concluindo o sequenciamento de três bilhões de bases que constituem o D N A da espécie humana, com 99,9% de precisão. O que intriga os cientistas e os leva a sonhar com a descoberta do “elo perdido” entre o símio e o homem é o fato de o Projeto Genoma ter concluído que a diferença entre o D N A do homem e do chimpanzé é apenas de 5%. Ou seja, em termos meramente numéricos, o homem e o macaco têm semelhanças quase totais. Entretanto, em termos qualitativos, incluindo-se o raciocínio lógico, a capacidade da fala e habilidades gerais, o homem se distancia do macaco tanto quanto os corpos celestes que estão a anos-luz do nosso planeta. Com apenas 5% de diferença entre o código genético do homem e o do macaco, como pode haver tão grande diferença de conhecimento e de habilidades? Será que se pode esperar que um macaco, um dia, vá compor uma frase, uma página ou escrever um livro? Não há dúvida de que não. A ideia central, na Bíblia, é de que o homem foi feito à imagem de Deus. E jamais poderia ser visto como semelhante aos animais. Como vimos, a diferença qualitativa entre o homem e o animal ultrapassa qualquer visão materialista da natureza do ser humano. Semelhança natural com Deus.

Langston afirma que o homem tem “semelhança natural” com Deus: O homem é uma pessoa como Deus e uma Pessoa, e a semelhança entre um e outro acha-se no espírito, naquilo que o homem é na sua natureza pessoal. Assim sendo, a ‘semelhança natural” entre Deus o homem perdura sempre; porque o homem não poderá jamais deixar de ser uma pessoa como Deus o é.

Não devemos confundir imagem natural com imagem física, pois Deus é espírito e não tem partes físicas, a exemplo do homem.

Strong também afirma que o homem tem “Semelhança natural com Deus, ou pessoalidade”. E acentua: O homem foi criado um ser pessoal e é esta pessoalidade que o distingue do irracional. Pessoalidade é o duplo poder de conhecer a si mesmo relacionado com o mundo e com Deus e determinar o eu com vista aos fins morais. Em virtude dessa pessoalidade o homem pôde, na criação, escolher qual dos objetos de seu conhecimento , eu, o mundo, ou Deus deve ser a norma e o centro de seu desenvolvimento. Essa semelhança natural com Deus é inalienável e, constituindo uma capacidade para a Redenção, valoriza a vida até mesmo dos não regenerados (Gn  9.6; l Co 11.7; Tg 3.9).

 O homem, um ser pessoal, à semelhança de Deus, tem inteligência, vontade e emoções. Tal condição lhe distingue dos animais. Enquanto estes apenas agem por instinto, conforme o que Deus programou para eles, aquele tem autoconhecimento e autodeterminação. O homem imagina, projeta, cria, inventa e produz coisas. O animal apenas repete o que lhe instiga a natureza.

 No hebraico e no grego, as palavras para identificar “a imagem” não contribuem muito para o entendimento do termo em análise. Por isso, as discussões teológicas e filosóficas continuam a deixar muitas lacunas quanto à sua interpretação.

No grego do Novo Testamento, a palavra “imagem” é eikon e pode se referir a uma imagem de escultura. Tem o sentido de representação ou de manifestação. Mas também pode se referir a Cristo, “o qual é imagem do Deus invisível” (Cl I .I 5), ou “o eíkon de Deus”, que não é só uma representação, como o é uma estátua, ou um ídolo; é primeiramente a igualdade na essência de Deus. Assim, surge a questão: o homem, feito à imagem de Deus, é apenas uma representação do Criador, ou tinha algo divino nele, ou participava da real essência de Deus? A palavra hebraica para “imagem” é tselem; e, para “semelhança”, demut. Elas se referem a algo similar ou idêntico ao que representam, ou àquilo de que são à “imagem”. Podemos dizer que o homem era, no seu estado original, no ato da criação, uma imagem ou representação de Deus, tendo características de Deus em sua pessoa, tais como pessoalidade, amor, justiça, santidade, retidão, perfeição moral; tudo isso à semelhança de Deus. Mas o homem não poderia ser igual a Deus. Só Jesus é “o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa” (Hb 1.3); “o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl I . I 5). Semelhança moral com Deus.

 A interpretação do que vem a ser a “semelhança” de Deus no homem tem muitas variantes. Há quem entenda que essa “semelhança” é apenas moral e espiritual. Outros entendem que é mais ampla, incluindo a essência da divindade do Criador. Eles tinham semelhança moral com Deus, pois não tinham pecado, eram santos, tinham sabedoria, um coração amoroso e o poder de decisão para fazer o que era certo (Ef 4.24). Viviam em comunhão pessoal com Deus, que abrangia obediência moral e plena comunhão.

Adão e Eva tinham semelhança natural com Deus. Foram criados como seres pessoais, tendo espírito, mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio”. Na visão acima, a semelhança do homem com Deus é moral, incluindo características especiais, concedidas por Deus, tais como ausência de pecado, santidade, sabedoria, amor e poder para agir de modo certo. E, ao mesmo tempo, tinham semelhança natural, por terem sido criados como seres pessoais, dotados de características próprias da pessoalidade.

Langston disse: O homem foi criado bom. Todas as suas tendências eram boas. Todos os sentimentos do seu coração inclinavam-se para Deus, e nisto consistia a sua semelhança moral com o Criador.

As Escrituras ensinam mui claramente que o homem foi criado natural e moralmente semelhante a Deus, e ensinam também que ele perdeu esta semelhança moral quando caiu pelo pecado.

 Este é um ponto importante: o homem, quando deu lugar ao Diabo e desobedeceu a Deus, pecou; e, assim, perdeu aquela semelhança moral com o Criador. Ficaram, na verdade, os traços daquela semelhança, distorcida, prejudicada, no ser humano.

Esses traços são os sensos de justiça e de ética, e da busca por um Ser supremo, no âmago de sua consciência.

I)                  Há uma lei interior dentro do ser humano.

Na consciência do homem vemos que ele tem um referencial, um juízo de valor que aponta o que é certo e o que errado. Isso se chama faculdade moral, que aprova ou desaprova os atos praticados ou imaginados. Isso é um traço da semelhança moral com Deus, que alertou ao homem para que não pecasse, desobedecendo e se apropriando do fruto da árvore interditada. Paulo fala dessa faculdade moral que há dentro de cada um quando ensina que o homem tem uma lei interior que aprova ou desaprova os seus atos. Podemos chamá-la de lei da consciência. Assim disse o apóstolo Paulo: Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os (Rm 2.14,15). Os animais não têm essa lei interior, que serve de referencial moral, pois sua natureza não comporta essa faculdade.

 

1)    III. Há um padrão moral universal para o homem.

 

Como ser moral, em sua semelhança com Deus, o homem, falível, não pode se guiar apenas por sua consciência, ou seu coração, numa linguagem metafórica. Disse o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações’’ (Jr 17.9,1 0)

O coração, nesse caso, não corresponde ao músculo cardíaco, e sim à consciência, ou à mente humana. Por causa do pecado original, todo o ser do homem ficou imperfeito, e seu coração, sua mente (ou sua consciência), tornaram-se enganosos e perversos. Por isso, o homem precisa de um padrão sublime para servir de referencial para suas ações. Esse padrão não é  nem poderia ser outro, senão a Palavra de Deus. Disse o salmista: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho” (SI 1 19.105). Jesus também afirmou: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.48; Jo 17.23). Esse é, pois, o padrão para o ser humano, ainda que essa perfeição, requerida por Cristo, não possa ser absoluta, e sim relativa, visto que a natureza, atingida pelo pecado, não pode alcançar o grau de perfeição nesta esfera da existência. Só na eternidade, após a ressurreição dos salvos, ou ao Arrebatamento dos que permanecerem fiéis a Deus, nesta vida, é que haverá o estado de perfeição plena, quando os santos chegarão à estatura de varão perfeito (Ef 4.13).

 

2)    O homem foi feito adulto e perfeito.

 

Leite Filho, analisando o homem, ressalta: Um fato relacionado à criação do homem que se faz notório e que passamos a considerar é que o homem foi criado adulto. A cada passo das Escrituras percebe-se uma evidente maturidade dos seres que foram criados, assim também o homem.

Com isto queremos indicar que Deus não criou nenhum óvulo ou embrião, e sim o homem já adulto.

 Certo ensinador afirmou que Adão foi feito menino e cresceu no meio do jardim entre os animais. E um aluno lhe perguntou: “Quem deu de mamar à criança? ”, sentindo-se constrangido com a explicação sem fundamento bíblico do tal “mestre”. Para ter a capacidade reprodutiva, o homem foi feito com todas as suas potencialidades físicas e emocionais. Adão e Eva foram apresentados um ao outro, como marido e mulher, formando um casal, visando a unir-se numa “só carne” (Gn 2.24), para gerarem filhos e perpetuarem a continuidade da raça humana. Quanto à perfeição do homem criado, referimo-nos à sua imagem e semelhança com o Criador, o que lhe conferia, na condição original, uma verdadeira perfeição em relação a seus descendentes, após a Queda. Tal perfeição do ser criado põe por terra os pressupostos da teoria da evolução, de Charles Darwin. O homem não evoluiu a partir de organismos inferiores e chegou ao estágio superior. Ao contrário, ele começou num estágio altamente superior, mas, por causa Antropologia a Doutrina do Homem 2 59 do pecado, perdeu a sua condição privilegiada de um ser especial. Em lugar de evoluir, o homem passou por um processo de involução, espiritual, emocional e fisicamente, depois da Queda. Uma síntese das ideias. Em resumo, a imagem de Deus, no homem, refere-se à imagem espiritual e moral, conforme a semelhança de Deus; e também à imagem natural, pelo fato de o homem ser uma pessoa, à semelhança de Deus, que também é Pessoa. Quanto ao corpo, foi feito por Deus para abrigar a parte espiritual do homem, formada por espírito e alma ( I Ts 5.23; Hb 4.12).

Essa imagem de Deus foi corrompida pelo pecado. Mas, quando o homem se volta para o Criador e aceita a salvação, através de Jesus Cristo, torna-se “a imagem e glória de Deus” (I Co 11.7). Nascido de novo, o salvo é revestido “do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24). O homem, nascido de novo, em Cristo, é “nova criatura” (2 Co 5.17) e se toma participante “da natureza divina” (2 Pe 1.4). Tal participação, no presente, é parcial, pois o homem está sujeito a fraquezas e ao pecado; mas, na glorificação, será restaurada a “semelhança” da “imagem de Deus”, pois “agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (I Jo 3.2). Um dia, o homem será restaurado em sua perfeição original. Disse Paulo: “até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). Na glorificação dos salvos, a expressão “à imagem e conforme a semelhança de Deus” será plenamente entendida, pois o ser humano, totalmente restaurado, elevar-se-á a um nível superior.

 

 Macho e fêmea os criou

 

Essa distinção entre o homem e a mulher é de fundamental importância. Daí ter sido mencionada no texto que narra a criação do ser humano. E também a base para a reprovação de Deus ao homossexualismo, pois, se Ele quisesse que o homem ou a mulher mantivessem relações homossexuais, teria, decerto, feito de modo simultâneo um casal de homens e outro de mulheres. Desde o princípio, Deus os fez “macho e fêmea” (Gn I.27b). Afinal, a ordem para crescer e multiplicar-se sobre a Terra jamais poderia ter sido dada a dois seres de igual sexo! Hoje, nos tempos pós-modernos, o homossexualismo vem sendo tolerado, aceito e até exaltado pela sociedade sem Deus. Isso é uma afronta escarnecedora ao Criador e seu plano para a procriação da espécie humana. Trata-se de um desrespeito ao relacionamento conjugal entre homem e mulher, que se complementam, em sua estrutura física, anatômica e emocional, visando, tanto à procnação em si, quanto ao legítimo prazer no âmbito do matrimônio.

No livro de Gênesis está a base da condenação ao homossexualismo, o que é mais explicito em outros textos das Escrituras, como em Levítico 18.22; 20.13; Deuteronômio 23.17. O princípio de Deus para união sexual entre homem e mulher, no âmbito do matrimônio, é o da heterossexualidade, fundada no amor e no afeto mútuos, visando à formação do lar, através do matrimônio (Hb. 13.4). Abençoados para frutificar e encher a Terra. “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.27). O plano de Deus para o homem incluiu sua frutificação e multiplicação da espécie por toda a Terra. Ele dotou o ser humano da capacidade reprodutiva, através da união sexual entre o homem e a mulher. E somente através dessa união, por meio do matrimônio, o homem cumpre o desígnio do Criador quanto à multiplicação dos seres humanos no planeta. Fora do casamento, pode haver nascimento de pessoas, mas também fora do plano divino. Algumas seitas chegam a afirmar que, sem o pecado de Adão, seria impossível a multiplicação da espécie. Trata-se de uma exegese errônea, baseada em uma hermenêutica falsa, pois, mesmo antes da Queda, que só é registrada em Gênesis 3, já havia a ordem de Deus para que o homem procriasse. O homem foi feito para ser dominador da natureza. “E Deus os abençoou e Deus lhes disse:... enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.27,28).

Uma das marcas da “imagem” de Deus foi EL· ter dado ao homem o “status” e o poder para agir como governante. A aptidão para governar implica em capacidade intelectual adequada para argumentar, organizar, planejar e avaliar. A aptidão para governar implica em capacidade emocional adequada para desejar o mais alto bem-estar dos súditos, apreciar e honrar 0 que é bom, verdadeiro e bonito, repugnar e repudiar o que é cruel, falso e feio, ter profunda preocupação pelo bem-estar de toda a natureza e amar a Deus que 0 criou. A aptidão para governar implica em capacidade volitiva adequada para escolher e fazer a toda hora 0 que é certo, obedecer ao mandamento de Deus indiscutivelmente e sem demora, entregar alegremente todos os poderes a Deus em adoração jovial e participar em uma comunhão saudável com a natureza e Deus.IS Sem dúvida, essa concepção ideal de governo, conferida ao homem, refere-se ao potencial que ele possuía, na condição original, antes da Queda. Na condição original, ele tinha totais condições para dominar a Terra e os seres irracionais. Certamente, tal poder lhe conferia autoridade para controlar o meio ambiente, sem destruí-lo, bem como para cuidar dos animais e se relacionar com eles sem medo ou pavor.

 Hoje, como consequência da perda da autoridade original, as pessoas em geral têm medo de serpentes, de insetos, de feras e de outros seres. A terra improdutiva. O homem necessitaria de um ambiente propício, agradável e frutífero para a sua sobrevivência na Terra. Em Gênesis 2, vemos o relato acerca da criação das condições ecológicas e dos ecossistemas apropriados para a existência da vida humana e animal. Ao que tudo indica, a sequência de eventos, constantes do capítulo I, deixou as condições em potencial para o aparecimento de todo o tipo de vegetação. Porém, ainda faltavam alguns elementos climáticos para que houvesse germinação, crescimento e frutificação vegetal. Em Gênesis 2.5,6, está escrito: “Toda planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra e regava toda a face da terra”.

 

IV. A formação do Homem

 

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). Aqui não há, em relação ao homem, propriamente, uma sequência de fatos, mas uma explicação quanto à forma pela qual ele (Adão) foi criado e o método utilizado por Deus para a sua constituição espiritual e física. Em lugar de apenas dizer: “Faça-se”, “produza”, o Senhor disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn 1.26). N o capítulo 2, é demonstrada a maneira pela qual Ele formou o ser masculino. Deus não fez um boneco de barro, ou de argila, como alguém, de modo infantil, acredita e até prega. Ele fez o homem “do pó da terra”, ou seja, das substâncias ou dos elementos químicos que existem no barro ou no pó da terra. Do pó da terra. Os elementos químicos ou substâncias encontradas no corpo humano são todas encontradas no barro ou na argila. Dos 106 elementos químicos existentes na natureza e conhecidos pelos cientistas, 26 são encontrados no corpo humano.

 Assim, por um processo sobrenatural, Deus extraiu do barro os elementos químicos que formam o corpo humano, os combinou de forma especial e formou o homem do pó da terra. Jó, numa percepção de valor científico concedida por Deus, assim se expressou: “Peço-te que te lembres de que, como barro, me formaste, e de que ao pó me farás tornar” (Jó 10.9). Ele sabia que o homem foi formado “como barro”, e não “de barro”. Deus disse ao homem, após a Queda: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.19). O homem é “pó ”, ou seja, formado de substâncias que estão no pó da terra; e ao pó reverterá, quando o elemento espiritual (espírito+alma) dele se afastar, no processo da morte física.

 A verdadeira ciência, desprovida de preconceito e soberba, confirma o relato bíblico da formação do ser masculino a partir das substâncias que existem no pó da terra. Em 1985, uma pesquisadora da NASA e professora da Universidade de San José, na Califórnia, apresentou resultados de pesquisa científica, demonstrando que a vida humana começou em estratos de argila: o caulim, que contém todos os elementos químicos necessários ao surgimento da vida. Como a cientista acima não se trata de uma pessoa confessamente cristã, ou defensora do criacionismo, ela chegou a afirmar que suas declarações não tinham caráter religioso. No entanto, concluiu que essa seria a melhor hipótese para a origem da vida humana.

 A revista Veja, de 10 de abril de 1985, registrou a referida pesquisa da NASA e acentuou: Sua descoberta fustiga a teoria de que a vida surgiu do mar, hipótese mais aceita entre os cientistas e admitida até mesmo por Charles Darwin, pai da biologia moderna. “Se tivesse que apostar numa resposta, ficaria com a teoria da argila”, escreveu Carl Sagan, americano, autor do best-seller “Cosmos”.  “A argila pode ser comparada a uma fábrica de vida”, acrescentou em Glasgow, na Escócia, o bioquímico Graham Cairns-Smith. Coyne e seus colegas foram mais longe. Eles analisaram as propriedades microscópicas da argila e notaram que os cristais de que é feito o material exibem atributos essenciais á geração de estruturas vivas... cientistas que adotam uma e outra teoria admitem que a vida surgiu a partir do ajuntamento de “tijolos” químicos, substâncias conhecidas como aminoácidos. As divergências começam quando se trata de explicar como os “tijolos” se juntaram em formas cada vez mais complexas até chegar ao DNA, a molécula pesada e orgânica, esta sim capaz de se reproduzir e dar origem a um processo vital.

 E aí que a Bíblia tem a resposta à pergunta: Como os “tijolos” de aminoácidos poderiam se juntar ao acaso e criar formas complexas de vida? Diz a Palavra de Deus: “No princípio criou Deus os céus e a terra... E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;

 E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn I.I, 26, 27). O fôlego da vida. Uma vez formado “do pó da terra”, o homem feito de substâncias materiais não tinha vida. Disse Tiago: “o corpo sem o espírito está morto” (Tg 2.26). Assim, Deus “soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (v.27). Aqui vemos uma distinção fundamental entre o homem e o animal. Quanto a este, Deus apenas disse: “Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie” (Gn 1.24). Em relação ao homem, o Senhor disse “Façamos” e deu-lhe o sopro ou o fôlego da vida. Ele foi feito “alma vivente”, expressão que se aplica, tanto ao homem quanto aos animais, esclarecendo-se, no entanto, que aos animais Deus concedeu vida, mas não o fôlego da vida, concedido exclusivamente ao ser humano.

Chafer afirmou: “Aquele sopro de Deus foi a outorga do espírito, que estava tão longe das outras formas de vida que estão no mundo da mesma forma em que Deus está distante de sua criação”.

 O Jardim do Éden. Foi o primeiro habitat do homem. A palavra “jardim” é a tradução da palavra hebraica “gan”, que designa lugar fechado. A Septuaginta traduz o hebraico por “paraíso”, “paradeison”, termo persa que significa um parque. Éden não é traduzido, mas transliterado para o nosso idioma. Basicamente, significa “prazer ou delícia”.

2’ Os críticos da Bíblia veem no relato do Gênesis apenas uma alegoria ou relato mítico. Porém, a Palavra de Deus se impõe como verdade, como martelo divino, quebrando as bigornas da incredulidade. Diz o Livro Sagrado: “E plantou o Senhor Deus um jardim no Eden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal” (Gn 2.8,9).

Lima afirmou: O primeiro lar foi feito por Deus. Era maravilhoso. Nele, antes da Queda, havia amor; havia paz, união, saúde, alegria, harmonia, felicidade e comunhão com Deus. O ambiente era agradável. Podemos imaginar o dia-a-dia do primeiro casal. O trabalho era suave, resumindo-se na colheita dos frutos e alimentos outros, necessários à manutenção do metabolismo mínimo do corpo, pois não havia desgaste físico como se conhece hoje.

 

 V. A formação da Mulher

 

Em Gênesis 2 encontramos a explicitação sobre a formação do homem e da mulher. Como vimos, “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). Assim, o homem foi formado no sexto dia, a partir das substâncias existentes no pó da terra. Quanto à mulher, a sua formação se deu de modo diferente. O Criador já concluíra, em sua sabedoria, que não seria bom para Adão viver na solidão, mesmo estando no Paraíso. Por isso, declarou: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” (Gn 2.18). Diz a Palavra do Senhor: “Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar.

E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão” (Gn 2.21,22). Vemos que a mulher foi formada a partir de uma das costelas do corpo do homem, extraída por Deus. Ao contemplar a nova habitante do Eden, Adão exclamou, em êxtase: “Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gn 2.23). Poder-se-1a dizer que o Senhor fez a primeira “clonagem” da história do homem, pois, com as células adultas da costela do homem, ele fez um outro ser. N o entanto, foi mais que uma clonagem.

Neste processo científico, o ser “copiado” tem idênticas características do doador das células a serem transplantadas para o tal processo. O que Deus operou foi a criação de um novo ser, semelhante ao primeiro, mas distinto, em sua estrutura emocional e física! Os céticos ironizam o relato da criação do homem, considerando-o uma fantasia, um mito ou uma história antiga sem conexão com a realidade. Porém, a Bíblia é a infalível Palavra de Deus e não contém invencionices humanas. O que ela diz é a verdade. Disse Jesus: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). A vida no Eden. Deus não pôs o homem no Jardim para ficar ocioso, para contemplar as belezas edênicas. O homem foi colocado ali para lavrar e guardar (Gn 2.15). E interessante notar que o trabalho, a atividade da mente e do corpo, desde o princípio, foi dignificado por Deus. Havia trabalho, mas, em compensação, não havia doenças nem dor, tampouco morte. O pranto e a dor eram desconhecidos. A tristeza não existia. Tudo era belo, agradável e bom.

O casal, constituído nos primeiros habitantes humanos do planeta, se deliciava nas noites calmas e amenas do Paraíso. Não havia temor ou pavor da escuridão. O medo era desconhecido. O cenário noturno era tranquilizador. A brisa suave soprava no arvoredo, levando ao casal os odores perfumados das plantas silvestres. O firmamento, ao longe, pontilhado de estrelas brilhantes, nas noites, oferecia um espetáculo de rara beleza. Nas noites de lua, diminuindo o brilho estelar, fazia-se extraordinariamente belo o ambiente paradisíaco. Sem dúvida, com maior intensidade, brilhava o astro noturno. As manhãs e tardes eram agradáveis. Uma temperatura média, adequada ao bem-estar dos habitantes edênicos, era sentida em todo o planeta. A luz solar empolgava-os. Em cada canto se percebia a beleza da criação nos seus mínimos detalhes. O homem sentia-se muito feliz. O ar era puro na mais alta expressão. Os animais, as aves, todos os seres da natureza, nenhum mal causavam ao homem; conviviam na mais perfeita harmonia. O mais importante, no entanto, acontecia em todas as tardes: “... Deus, que passeava no Jardim pela viração do dia...” (Gn 3.8a). O Criador, certamente, em todas as tardes, visitava o Éden, buscando passar bons momentos em agradável diálogo e conversa com o casal, e este sentia, assim, muita comunhão com aquEle. A presença do Criador enchia o primeiro lar de muita paz e de alegria indizível.

 

 VI. A Queda da humanidade

 

Muitas pessoas têm ideias falsas sobre o trágico acontecimento que envolveu o homem, no Paraíso. Há quem afirme que jamais houve tal fato, querendo insinuar que a narrativa bíblica sobre a Queda não passa de uma lenda. Lamentavelmente, entre esses incrédulos estão incluídos muitos que se dizem religiosos. A Bíblia, a Palavra de Deus, a verdade (Jo 17.17), nos afirma que a harmonia do Paraíso foi transtornada quando o Diabo, um antigo querubim que se rebelou contra Deus, foi lançado à Terra. Certamente, por vingança, resolveu atacar a obra-prima da mão de Deus o homem. Sabemos que a causa eficiente para a Queda, no entanto, surgiu de uma atitude errônea do casal. A mulher, Eva, ao invés de honrar o acordo firmado com a voz de Deus, resolveu, usando o seu livre-arbítrio, dar ouvidos à voz do Inimigo, pecando contra o Senhor. Ideias erradas quanto à Queda. Há algumas concepções errôneas quanto à tragédia em apreço:

 I) Há quem afirme que o pecado do primeiro casal foi ter praticado a união sexual. Podemos afirmar, pela Bíblia, que essa afirmação não tem fundamento nas Escrituras. Para tanto, basta observar que, em Gênesis 2, Deus já planejara a existência do pai e da mãe, antes da Queda, o que só tem sentido quando se tem a ideia da geração de filhos (Gn 2.24). O casal foi exortado por Deus a se multiplicar e a encher a Terra (Gn 1.28). Essa multiplicação, evidentemente, só poderia concretizar-se através da união sexual, mostrando o Senhor que o homem e a mulher seriam unidos em “uma só carne” (Gn  2.24). Desse modo, vemos, sem maior necessidade de argumentação, que o ato sexual nada teve a ver com a Queda. Tal ato, pelo contrário, constitui-se numa das maiores expressões do amor de Deus quando realizado de acordo com a sua vontade: entre mando e mulher, unidos pelos laços do matrimônio.

 

1)    Outra expressão errônea é: “A maçã proibida”.

 Isso apenas comprova a ignorância dos críticos gratuitos da Bíblia. Na Mesopotâmia, região onde se situava o Éden, entre os rios Tigre e Eufrates, sequer existem condições climatológicas para a produção de maçãs! A Bíblia nos informa o tipo de fruto produzido pala árvore da ciência do bem e do mal, que era, na realidade, uma árvore concreta, no meio de milhares que existiam no Jardim (Gn 3.3). Não temos dúvida de que esses elementos sejam reais árvore e fruto, mesmo que desconheçamos suas natureza e constituição.

A invencionice da “maçã proibida” é apenas uma dentre muitas demonstrações descabidas dos que querem diminuir o valor da Palavra de Deus. São aqueles que, em sua arrogância, se consideram doutores, mas sequer dão-se ao trabalho de examinar aquilo que combatem. Apesar dessas agressões infundadas e graciosas contra o Livro Sagrado, cumpre-se o que foi dito pelo profeta Isaías: “Seca-se a erva, caem as flores, mas a Palavra de Deus subsiste eternamente” (Is 40.8). A verdade sobre a Queda. De acordo com a Bíblia, Deus pôs o homem no Éden para lavrá-lo e guarda-lo (Gn 2.25). Essa não era a única finalidade, pois sabemos que a presença do homem na Terra tem o sentido de adoração e glorificação ao Criador. O Senhor ordenou ao homem que ele poderia comer de toda a árvore do Jardim, com exceção de uma, a árvore da ciência do bem e do mal, que era, na verdade, um meio de prova, posto por Ele para que Adão e Eva exercessem a sua liberdade de modo consciente. Em sua bondade, Deus deu o direito e a liberdade de o homem apropriar-se de todos os frutos do Jardim, exceto dos produzidos pela árvore proibida. Mas o homem desprezou a bênção de Deus em cada árvore, em cada fruto, em cada folha milhares de bênçãos, e resolveu dar ouvidos à do Diabo. Este enganou a mulher, dando-lhe a entender que poderia desobedecer a Deus sem sofrer as consequências do pecado.

Sabemos que Eva foi enganada por sua própria concupiscência (Tg I.I4b). Satanás fez do amargo, doce; e do doce, amargo (Is 5.20). E a mulher compartilhou o pecado com seu marido, e ambos caíram, perdendo a imagem e a semelhança originais do Criador. Antes da Queda, o homem possuía uma estrutura físico-espiritual excepcional. Tinha conhecimento profundo de Deus; comunhão direta com o Criador; bênçãos da presença dEle no Jardim; paz, segurança e alegria, decorrentes do relacionamento direto, sem intermediários, com o Criador; conhecimento e bem-estar físico inigualáveis, sem doenças, distúrbios emocionais ou físicos; desconhecimento do medo; conhecimento interno e externo em relação à sua pessoa; conhecimento da realidade social e do trabalho, de modo útil e satisfatório (Gn  2.15).

As consequências da Queda. Após a Queda, houve um transtorno total na vida dos primeiros seres criados. Conheceram que estavam nus, dando a entender que, antes, não se constrangiam nessa condição; conheceram o medo; perderam a autoridade sobre a criação; conheceram a desarmonia; a mulher sofreu mudanças em sua parte física e emocional, passando a conhecer a dor de forma acentuada para procriar. O homem, pois, conheceu a maldição da terra; o trabalho passou a ser penoso e fatigante; e o pior: perdeu a vida eterna, que lhe era assegurada, na condição original, e conheceu o aguilhão da morte: física (Gn 2.17; Ef 2.5) e espiritual, que significa separação de Deus.

 

VII. A promessa da Redenção

 

Atacando ao primeiro casal, o Inimigo atingiu todas as pessoas que haveriam de nascer. O pecado passou a todos os homens (Rm 5.12). Entretanto, Deus, o Criador, no seu plano maravilhoso, não deixou escapar nada que fosse necessário ao cumprimento de seus propósitos com relação à humanidade. Ele previu a Redenção do homem, de maneira sublime, como podemos ver em sua Palavra. Deus já houvera elaborado o plano da Redenção. Esta não foi um arranjo às pressas, de última hora. O Senhor não trabalha assim. Tudo o que Ele faz é bem planejado, ordenado e perfeito. A Redenção prevista. Num tempo muito anterior à Queda o resgate, ou a Redenção do homem, foi previsto em seu plano para a humanidade. Diz a Palavra de Deus: “mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós” (I Pe 1.19,20).

 Noutras palavras, na eternidade, um verdadeiro mistério, “oculto em Deus, que tudo criou” (Ef 3.9). Previu Deus, ainda, que a revelação desse mistério seria efetuada através da Igreja de Cristo, “segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 3.10,11).

A Redenção prometida.

No último diálogo, na última reunião, no último contato que Deus teve diretamente com o homem, logo após a Queda, o Senhor prometeu que, da semente da mulher, levantaria alguém que haveria de ferir a cabeça do Diabo (Gn 3.15), propiciando a Redenção da humanidade. Deus não se atrasa. Não deixa para mais tarde.

No próprio Éden, palco da desgraça da humanidade, Ele prometeu a Redenção do homem. Ali, diante do casal em pecado, Deus providenciou túnicas de peles, com que o vestiu, cobrindo-lhe a nudez, a vergonha. Para que o homem pudesse estar diante do Senhor, um animal foi morto, e seu sangue derramado. Aquele animal, um cordeiro, provavelmente, foi morto para que o pecado do homem fosse coberto. Era uma tipificação de Cristo, que haveria de ser morto pelos pecados de todos os homens. A Redenção realizada. A Bíblia diz: “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4). A redenção do homem não chegou atrasada, nem adiantada, mas “na plenitude dos tempos”, no tempo de Deus, ou no kairós, quando Jesus veio ao mundo, nascido de mulher, de uma virgem da Galileia. Deus enviou seu filho ao mundo para, aqui, onde a Queda ocorreu, fosse efetivada a Redenção do homem. Passaram-se milênios, desde que o Criador prometera a Redenção da raça humana, através da “semente da mulher”. Parecia não haver mais esperança para o homem, quando, “na plenitude dos tempos”, Deus desencadeou o seu plano maravilhoso da Redenção, previsto “antes da fundação do mundo”. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu 0 seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou 0 seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo} mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo 3.16,1 7).

O momento culminante da redenção. Depois de pregar a salvação de Deus, enviada por seu intermédio, Jesus entregou-se como “o Cordeiro de Deus” (Jo 1.29), para derramar o seu sangue em propiciação pelos pecados do mundo inteiro. Era o momento culminante no plano da Redenção. Pregado na cruz, contrariando a expectativa de todos, principalmente a do Diabo, Jesus exclamou: “Está consumado” (Jo 19.30).

Tudo o que antes fora escrito, previsto, tipificado como “sombra dos bens futuros” (Hb IO.I) se cumpriu. Ali, naquela tarde sombria, no alto do Gólgota, o Sol se escureceu (M t 27.45) e “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras” (Mt 27.41). E, naquele momento de dimensão cósmica, e de consequências eternas para o Universo e para o homem, Jesus efetuou a “eterna redenção” (Hb 9.12).

A Redenção de Cristo não foi apenas para o homem individualmente. Foi a Redenção da raça, da família. Ao tentar a mulher, o Adversário fez surgir a perdição da humanidade. Mas, através da mulher, numa ironia divina, o Senhor fez nascer o Salvador do mundo.

Na cruz, quando o Senhor Jesus deu o brado de vitória, a Redenção do homem foi consumada. N a ressurreição, vencendo a morte e todos os poderes do mal, o Senhor não deixou dúvidas quanto ao seu plano redentor e expiatório para todos aqueles que nEle creem.

 

VIII. A constituição do ser humano

 

Como vimos, o homem é diferente dos animais, pois, enquanto estes têm instinto e agem segundo essa condição, o homem tem autoconsciência e autodeterminação, por ter pessoalidade; e, como tal, possui o que o irracional não tem: intelecto, vontade e emoções. Quanto aos animais, Deus disse: “produza a terra alma vivente”; quanto ao homem, Deus disse: “Façamos o homem ”. O método usado por Deus para criar o homem foi especial. Diz a Bíblia: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). N o texto acima, vemos dois aspectos: A formação da parte física do homem. A parte física do homem veio “do pó da terra”. Não com o barro, em estado bruto, ou um boneco de barro. Mas, com os elementos químicos que se encontram no barro, ou na argila, Deus, de modo sobrenatural, formou cada parte do corpo humano, combinando-as de maneira jamais compreendida pela mente humana. Hoje, a embriologia e o estudo da genética têm informações sobre a formação do ser humano no ventre da mãe, a partir da união dos gametas masculino e feminino. Mas jamais alcançou a formação do primeiro ser humano, que não foi gerado, e sim criado por Deus. Como Deus combinou os aminoácidos, as proteínas, os sais minerais e demais substâncias para compor o corpo humano é algo que transcende a qualquer especulação científica.

A formação da parte interior do ser humano. Isto é, a alma e o espírito. Diz a Palavra de Deus: “e soprou era seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”.

·       Como foi esse processo?

·       Que fôlego foi esse?

·       De que ele se constituiu, em sua plenitude?

·       Dali surgiu a alma somente?

·       Ou a alma e o espírito?

·       São a mesma coisa, ou entes distintos?

·       Como a alma se propaga?

Não é difícil entender como o corpo humano é gerado no ventre da mãe, sobretudo hoje, com os recursos da ultrassonografia moderna.

Mas, como a alma é gerada? Como ela se multiplica? E o espírito, difere da alma, ou é sinônimo dela? Como a alma entra no embrião? Neste tópico, apenas desejamos refletir sobre essas questões, em submissão ao que está revelado nas Escrituras. E vamos meditar sobre a constituição do homem, segundo algumas concepções e à luz da Palavra de Deus.

Há diversas correntes de pensamento quanto à constituição do homem.

Algumas são indicadas a seguir.


1. Unitarianismo.

Também chamado de monismo. E uma corrente doutrinária que ensina que o homem é um só todo, uma só parte, não havendo qualquer divisão em sua constituição; ou seja, não existe alma ou qualquer parte do ser humano que sobreviva à morte. Para os unitaristas ou monistas, o ser humano se constitui de uma unidade indivisível. Eles não acreditam na existência da alma e do espírito, admitindo que essas expressões referem-se apenas a uma unidade psicofísica do ser humano. As palavras “carne” nos Antigo (hb. basar) e Novo Testamentos (gr. sarx), bem como “corpo” (gr. soma), referem-se ao “ser humano por inteiro, porque, nos tempos bíblicos, ele era considerado unificado”.

 

2. Dicotomismo.

 

Essa doutrina ensina que só há dois elementos, ou partes constitutivas, do homem: a parte material e a imaterial. Baseiam-se no fato de os termos “alma” e “espírito”, às vezes, na Bíblia, serem sinônimos, ou intercambiáveis entre si. E sustenta sua opinião partindo de textos que lhes parecem indicar esse entendimento ( Jó 27.3).

 

3. Tricotomismo.

 

 Os chamados tricotomistas entendem que o homem é formado de três partes distintas: corpo, alma e espírito. Seu ensino honra as Escrituras e se harmoniza com elas, pois, de acordo com a Bíblia, o homem tem uma constituição tríplice, sendo formado de espírito, alma e corpo (I Ts 5.23).

Reflitamos sobre cada uma dessas partes.

 

4. O espírito do Homem

 

Ao soprar no homem o “fôlego de vida”, Deus o fez “alma vivente”, ou um ser que tem vida. Nesse sopro, o Criador infundiu, no interior do homem, sua parte espiritual. Por esse fôlego, ele adquiriu o princípio vital, que o anima. O espírito é a parte imaterial do homem, que, juntamente com a alma, forma “o homem interior”. Disse Paulo: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus” (Rm 7.22). O apóstolo ensinava sobre a luta entre a carne, ou a natureza carnal do homem, e o espírito, que provém de Deus, e acentuava que o “homem interior” tinha prazer na lei de Deus. Em outro versículo, lemos: “Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia” (2 Co 4.16); neste texto, vemos o “homem exterior”, o corpo, e “o interior”, a parte imaterial do homem. Podem os dizer que esse “homem interior” é o conjunto espiritual, formado pela alma e pelo espírito (I Ts 5.23).

 

5. A alma do Homem

 

A palavra “alma”, no Antigo Testamento, é nepesh.

No Novo Testamento é psique, que tem o sentido de “alma” e de “vida”; está ligada ao termo psíquicos, que tem o sentido de “pertencente a esta vida”. E a base das experiências conscientes. A alma pode ter três áreas de significados:

“(a) psyche, no sentido da base impessoal da vida, a própria vida;

 (b) a parte interior do homem;

 (c) uma alma independente em contraste com o corpo”.

No sentido impessoal, a alma equivale à própria vida.

No sentido de ser “parte interior do homem”, refere-se à sua personalidade, ou à pessoa ( 2 Co 1.23).

O texto de Levítico 17.10-15 dá uma diversidade de sentidos à palavra “alma”:

  • “contra aquela alma que comer sangue eu porei a minha face e a extirparei do seu povo” (v. 10); aqui, “alma” significa a própria pessoa.
  •  “Porque a alma da carne está no sangue...” (v.II); neste sentido, “alma” significa a vida do corpo, dos tecidos, que são alimentados pelo sangue.
  •  “Nenhuma alma dentre vós comerá sangue...” (v.I2); novamente, referese à pessoa.
  • “a alma de toda a carne; o seu sangue é pela sua alma”; aí vemos referência à vida de toda a carne, e que o sangue seria derramado pela vida do transgressor.

Tanto nepesh (hb.) como psyche (gr.) indicam o princípio vital da vida humana, física ou animal. Quando Deus disse que o homem fora feito “alma vivente” e, em relação aos animais, que a terra produzisse “alma vivente”, usou a mesma expressão — hb. nepesh hayya.

No entanto, como vimos em item anterior, o homem é distinto do animal, por várias razões:

 autoconhecimento e autodeterminação, por exemplo

 Assim, a alma do homem é profundamente diferente da alma do animal.

No Novo Testamento, vemos várias referências sobre o significado de alma. Jesus disse: “Quem quiser salvar a sua vida [psyche], perdê-la-á...” (Mc 8.35;  Mc 10.45; Mt 20.28). “Não estejais ansiosos quanto à vossa vida...” (Mt 6.25).

Nesse sentido, “alma” se refere à vida. Em sentido teológico, a alma é a sede das emoções e dos sentimentos. Jesus disse: “A minha alma está profundamente triste até a morte” (M c 14.34). A alma se entristece. “È a parte sensível da vida do ego, a sede das emoções do amor (Ct 1.7), do anseio (SI 36.62) e da alegria (SI 86.4)”.

 O texto que melhor distingue alma de espírito é I Tessalonicenses 5.23: “e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Aqui temos a palavra “alma” significando a parte interior do ser, distinta do espírito, porém, intrinsecamente a ele ligada, formando o “homem interior” (Rm 7.22) ;4.12; Lc 1.46,47.

A alma sobrevive à morte porque é energizada pelo espirito, mas alma e espírito são inseparáveis porque o espírito está entretecido na própria textura da alma. São fundidos e caldeados numa só substância.

Como vimos, a alma faz parte do “homem interior” do ser, unida ao espírito. Intrigantes questões têm sido formuladas sobre a origem da alma. A alma é introduzida no corpo; Ela é formada durante a concepção? A alma é preexistente? Há, basicamente, três teorias acerca da origem da alma, todas elas evocando fundamento bíblico. Teoria da preexistência. E um dos fundamentos da doutrina espírita. Segundo essa ideia, as almas existem, em esferas diversas do mundo espiritual, e entram no corpo gerado, no processo chamado reencarnação.

Para os defensores dessa doutrina, a alma peca, na vida presente, e, para se redimir, precisa purificar-se, voltando a se integrar num outro corpo humano, sucessivamente, durante inumeráveis existências. Antes mesmo de ser uma doutrina, codificada por Alan Kardec, principal expoente do espiritismo, a teoria da preexistência da alma teve o apoio de filósofos, como Platão e Filo, e de teólogos cristãos, como Orígenes de Alexandria (185 a 254). Essa teoria tem origem no maniqueísmo, doutrina pela qual se ensinava que o espírito era puro, ao lado da alma, que já preexistia. Quanto ao corpo, seria intrinsecamente mau, bem como a matéria à sua volta.

Tal teoria não tem qualquer fundamento bíblico, pelas seguintes razões:

  • O homem foi feito alma vivente somente após o sopro de Deus, no momento inicial da criação do primeiro ser humano, na face da Terra; antes de Adão, não há qualquer indicação, nas Escrituras, da existência de almas, guardadas numa espécie de “celeiro de almas”, num lugar, nos planetas, como entendem os espíritas.
  • Os maus atos e a depravação do homem são decorrem de uma causa primária: o pecado de Adão, que passou a todos os homens (Rm 5.12).
  • A consequência, pois, é pessoal, individual e responsável; é de cada pessoa que peca, em sua existência atual, e não de pretensas existências anteriores ao seu nascimento;

3.    Deus fez o homem, incluindo sua parte imaterial (espírito+alma) “e viu Deus que tudo que tinha feito era muito bom ” (Gn 1,31). Teoria criacionista.

Trata-se de uma teoria segundo a qual Deus “faz as almas diariamente”, conforme ensinava Aristóteles. Polano dizia que “Deus sopra a alma nos meninos quarenta dias após a concepção, e nas meninas oitenta”; Jerômmo e Pelágio também acatavam esse entendimento, bem como a Igreja Católica Romana e os teólogos reformados, a exemplo de Calvino. Segundo Strong, Lutero se inclinava para o traducionismo. Para Strong, os criacionistas se baseiam nos seguintes textos bíblicos: “e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ec 12.7); “palavra do Senhor... e que forma o espírito do homem dentro dele” (Zc 12.1); “... e as almas que eu fiz” (Is 57.16). Mas a Bíblia não dá respaldo a essa teoria. Teoria participativa.

Leite Filho afirmou: Quando se afirma que a alma é criada é necessário fazer algumas distinções: a criação é uma produção do nada; a alma é produzida na matéria e não da matéria; a produção da alma necessita de uma realidade criada já existente; a ação divina não tem como objetivo uma alma separada e sim o homem completo. De fato, o homem, desde a fecundação, não é “um aglomerado de células”, como dizem os cientistas ateus e materialistas. É um ser completo, composto de espírito, alma e corpo. Toda nova pessoa humana é fruto da ação imediata de Deus e da dos pais: Deus e os pais produzem o sujeito inteiro, mas os pais podem produzi-lo somente enquanto é um ser material vivo, isto é, tem um corpo, e Deus o produz imediatamente enquanto é um ser pessoa, isto é, tem uma alma.

 Mver Pearlman, explicando a origem das almas, após a criação do homem, corrobora com esse entendimento:

A origem da alma pode explicar-se pela cooperação do Criador com os país. No princípio duma nova vida, a divina criação e o uso criativo de meios agem em cooperação. O homem gera o homem em cooperação com “O Pai dos espíritos”. O poder de Deus domina e penetra o mundo (At 17.28; Hb 1.3) de maneira que todas as criaturas venham a ter existência segundo as leis que Ele ordenou. Portanto, os processos normais da reprodução humana põem em execução as leis de vida, fazendo com que a alma nasça no mundo. ” Assim, podemos concluir que a alma humana se forma, segundo as leis da procriação, deixadas por Deus, numa cooperação entre os pais biológicos, e “o pai dos espíritos”(Hb 12.9). Cada vez que um gameta masculino funde-se com um feminino, no casamento, ou fora dele, pela lei do Criador, forma-se um conjunto espírito+alma dentro do homem. Diz a Bíblia: “Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele” (Zc I2 .Ib ). O modo como Deus atua na formação da alma é um mistério ao qual devemos nos curvar, em nosso conhecimento limitado.

 

6. O corpo humano

 

 Na visão tricotômica do ser humano, o corpo tem papel importantíssimo. É através dele que a alma se comunica com o mundo exterior. É no rosto que aparecem as expressões de alegria, tristeza, ira, sono, calma, entusiasmo, rancor, mágoa e tantos outros sentimentos próprios da natureza humana. Diz a Bíblia: “o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Pv 27.19). Graças à ciência, hoje podemos conhecer o corpo humano melhor do que qualquer pessoa do passado, inclusive as que tenham vivido no tempo em que a Bíblia foi escrita. N os dias atuais, podemos conhecer melhor a grandeza, a perfeição (relativa) e o maravilhoso funcionamento do corpo humano, como obra-prima das mãos de Deus, o Criador maravilhoso e absoluto de todas as coisas. A dimensão material do corpo. Em Salmos 139.13-16, Davi exclamou, diante da formação e do desenvolvimento do corpo desde o ventre: Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma 0 sabe muito hem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia

Que maravilhosa declaração e quão diferente da teoria da evolução, que assevera: As origens da vida, do corpo, do homem e da inteligência ocorreram pelo “acaso” cego e sem propósito algum. Apresentaremos a seguir algumas informações sobre o corpo humano, a fim de que sintamos melhor a grandeza da obra criadora de Deus, ao fazer o homem das substâncias que há no pó da terra e lhe dar a vida, tornando-o sua imagem e semelhança. Organização do corpo humano. O esqueleto humano constitui o arcabouço que sustenta os músculos, “protege os órgãos internos e permite uma grande variedade de movimentos”.

E formado por 206 ossos e corresponde a 1 /5 do peso total.

Há 216 tecidos no corpo humano.

O cérebro humano “corresponde a 2% do peso de um adulto médio, mas é responsável por 20% do consumo de oxigênio desse indivíduo... o cérebro tem um trilhão de células nervosas” e seus “sinais trafegam ao longo dos nervos até um máximo de 360 km /h: uma mensagem enviada da cabeça para o pé chega em I /50 de segundo... o cérebro de um homem pesa 1,4 kg; o cérebro de uma mulher pesa 1,25 kg”.33 Há no corpo humano glândulas, grupos de células que produzem hormônios ou substâncias que regulam o funcionamento do corpo. O ser humano produz duzentos hormônios diferentes. O seu sistema imunológico é tão especial, que um só linfócito produz um milhão de anticorpos por hora. De acordo com a Enciclopédia Seleções, “uma pessoa tem 2,5 milhões de glândulas sudoríparas; o nariz humano tem 50 milhões de células receptoras, o que permite identificar os odores variados”. Esses são apenas alguns aspectos da formação e estrutura do corpo humano. Somente uma criação especial, por um Ser supremo e inteligente, poderia conceber, estruturar e dar vida a um sistema tão especial quanto o corpo humano. Mais uma vez temos a expressão de Davi: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (SI 139.14a). Maravilha da procriação. Cada mês, num dos ovários da mulher, um óvulo se desenvolve e cresce. Com um milésimo de milímetro de diâmetro, é lançado numa das trompas de falópio; daí, o óvulo caminha em direção ao útero. Encontrando-se com um espermatozóide, que o penetre, será fecundado.

Num a relação sexual, o órgão masculino lança cerca de duzentos a trezentos milhões de espermatozóides. Um só penetra no óvulo! O seu núcleo se funde como núcleo do óvulo, cada um com 23 cromossomos, formando o ovo ou zigoto, que passa a ter 46 cromossomos. Naquele momento, já estão devidamente programadas, pela molécula do D N A (ácido desoxirribonucléico), todas as características genéticas individuais do novo ser humano. Dentro de poucas horas, o zigoto começa a se dividir em duas, quatro, oito, dezesseis, 32, 64 células, e assim por diante. Essa divisão celular começa a ocorrer, ainda, na trompa, mesmo antes de chegar ao útero. Chegando ao útero, o embrião, na forma de blastocisto se implanta no útero. Começa a gravidez. E a formação de um novo ser humano, e não apenas de “um amontoado de células”, como entendem os cientistas materialistas.

Nos seus primeiros dias, as células que formam o embrião chamam-se células-tronco embrionárias. Conforme registra L im a’6, elas se formam, após a fusão dos gametas masculino e feminino (espermatozóide e óvulo), quando surge um aglomerado de células. Após quatro dias, esse grupo de células começa a formar uma estrutura esférica, chamada blástula, apresentando duas partes, uma interna e outra externa. A parte externa formará a placenta, e a interna, o embrião. E na parte interna que estão as células capazes de gerar todas as células do organismo de um indivíduo.3' Dentro de cinco dias, o embrião forma a blástula ou blastocisto, com aproximadamente cem células. As células internas do blastócito são as que ensejam maior interesse dos pesquisadores, por poderem transforma-se em todos os tecidos do corpo humano, por serem ainda indiferenciadas. Os cientistas materialistas já fazem uso das células-tronco embrionárias na pesquisa, visando a obter a cura de doenças degenerativas, como mal de Alzheimer, mal de Parkinson, diabetes, câncer e outros.

No entanto, com base na Palavra de Deus, entendemos que isso afronta a sacralidade da vida, pois o embrião é um novo ser humano, programado pelas leis da biologia, para se desenvolver com sua individualidade.

Destruir embriões ou praticar o aborto é um crime gravíssimo, que deveria ser considerado hediondo.

 Prosseguindo com a viagem do embrião, vemos que, com quatro semanas, o coração começa a bater, com apenas cinco milímetros de comprimento; com seis semanas, o embrião obtém toda a sua nutrição e oxigênio da placenta e do cordão umbilical; com oito semanas, agora denominado feto, mede 2,5 centímetros, e seus membros são identificáveis. Começa a se mexer, mas a mãe não sente. Com doze semanas, os principais órgãos internos aparecem... com 22 semanas, todos os sistemas do corpo já estão estabelecidos. Se nascer prematuramente, o bebê pode sobreviver com auxílio médico; com 38 semanas, o bebê já está completamente formado, com sua cabeça encaixada (posicionada para baixo com a face voltada para a pélvis), pronto para nascer.

 Diante disso, só a Bíblia pode expressar a grandeza da criação do homem: Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram 0 meu corpo ainda informe... (Sl 139.13-16). Desenvolvimento e morte do corpo.

Todo ser vivo, incluindo o homem, nasce, cresce, desenvolve-se e morre. Essa é uma lei que só admite exceção para aqueles que, na segunda vinda de Jesus, estiverem vivos, no momento do arrebatamento da Igreja. Afora essa exceção, “aos homens está ordenado morrerem uma vez” (Hb 10.27). Em seu desenvolvimento, o homem passa pela infância, adolescência, juventude e idade adulta. Em cada uma dessas fases, seu desenvolvimento físico depende de alimentação, repouso, movimento, relacionamento humano e espiritual. A velhice é a fase do declínio das energias físicas e mentais. Depois, vem a morte. Para os que têm a salvação em Cristo Jesus, a velhice é uma fase de gratidão e esperança quanto ao porvir. Para os que não têm a certeza da vida eterna, a velhice é vista como o fim da vida, sem qualquer esperança de uma vida melhor. A morte que pode ser física ou espiritual é um fato que assusta a maioria das pessoas. Talvez porque o homem não foi programado, originalmente, para morrer. Ela entrou no mundo como consequência do pecado, do rompimento com Deus. Só a salvação em Cristo pode reverter a inclinação para a morte espiritual, que é a separação eterna de Deus. Já existem pessoas que esperam reverter a realidade da morte física através da ciência. Em países ricos, como os Estados Unidos, algumas pessoas já contrataram os serviços de empresas que se propõem a preservar o corpo, congelando-o a 196 graus negativos, a fim de que, um dia, se a ciência descobrir uma solução para o envelhecimento, e para a morte, seus donos possam ser reanimados. E a chamada crio biologia.

Que é a biologia do congelamento da vida.

 A técnica utilizada chama-se hibernação. Nesse processo, o sangue do morto é retirado, substituído por um líquido anticongelante e colocado num cilindro de aço, num estado de suspensão criônica. Espera-se que, alguns séculos mais tarde, a ciência descubra como fazer a “ressurreição tecnológica”.

É o homem mortal desejando a vida eterna por meios errados. Mas há cientistas sérios que afirmam ser perda de dinheiro congelar pessoas. De fato, a lei da morte é inexorável. É consequência do pecado. Deus disse, no Éden, ao primeiro casal: “E ordenou o S e n h o r Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.16,17).

 

7. A dimensão espiritual do corpo

 

Corpo do pecado (Rm 6.6). Nesta passagem, Paulo afirmou que uma vez que somos novas criaturas, devemos saber “que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado”. A expressão: “corpo do pecado” refere-se ao “velho homem”, que, antes de ser transformado por Deus, pela aceitação de Cristo como Salvador, vivia usando o corpo como instrumento para o pecado. Também disse o apóstolo Paulo, em Romanos 6.12-14: Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Homem exterior (2 Co 4.16). Disse Paulo: “Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”. Aqui, o apóstolo, ensinando sobre a ressurreição (2 Co 4.14), acrescenta que não devemos desfalecer diante das lutas que passamos nesta vida, pois, mesmo que o “homem exterior” o corpo se corrompa, envelheça e venha até a morrer, contudo o “homem interior” (espírito+alma), renova-se continuamente. Casa terrestre (2 Co 5.1). Certamente, o apóstolo Paulo se referiu à temporalidade do corpo, em sua constituição física, como invólucro do espírito. De acordo com a Palavra de Deus, o destino do salvo é habitar nos céus, com Jesus, num corpo transformado, semelhante ao seu, quando ressuscitado (Fp 3.21). O corpo celestial que nos será dado por Deus será a “nossa habitação, que é do céu” (2 Co 5.2).

No entanto, enquanto estivermos aqui, não poderemos ter essa condição. O “homem interior” não pode apresentar-se diante dos olhos humanos. Assim, precisa dessa “casa terrestre”, que é o corpo humano, com seus órgãos, tecidos e seus sentidos físicos. E casa temporária, morada passageira, visto que somos, na Terra, “peregrinos e forasteiros” (2 Pe 2 .1 1). Corpo desta morte (Rm 7.24). Ensinando sobre a luta entre a carne (natureza pecaminosa) e o espírito, o apóstolo Paulo, de forma eloquente, disse: Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Paulo se referia ao fato de o pecado utilizar-se dos membros do corpo para praticar a iniquidade e a desobediência contra Deus, o que equivale a experimentar a morte espiritual (Ef 2.1). Corpo abatido (Fp 3.21). Num a visão escatológica, Paulo estimula os filipenses a viver a fé com perseverança e alerta-os contra os “inimigos da cruz de Cristo” (v. 10). E, numa palavra de conforto e esperança, lhes assegura: Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos 0 Salvador; 0 Senhor Jesus Cristo, que transformará 0 nosso corpo abatido, para ser conforme 0 seu corpo glorioso, segundo 0 seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas. O corpo abatido é o corpo em sua condição humana, sujeito às doenças, à fraqueza, ao envelhecimento e à morte. Mas a promessa para os salvos é a de que, se permanecermos fiéis, um dia Deus nos ressuscitará, num corpo glorioso, semelhante ao de Jesus Ele, ao ressuscitar, foi capaz de atravessar as paredes e vencer todas as forças da natureza.

Assim será o corpo do salvo após a ressurreição ou o Arrebatamento da Igreja (I Co 15.42,43). Templo do Espírito Santo (I Co 6.19,20). Mais uma vez, mostrando aos crentes que Jesus ressuscitou e nos ressuscitará, o apóstolo Paulo alerta os cristãos para não darem lugar ao pecado, visto que os nossos membros, do corpo físico, são, na verdade, “membros de Cristo”; e indaga, de modo incisivo: Ou não sabeis que 0 nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. (I Co 6.19,20) Essa é uma exortação de alto significado espiritual, pois demonstra que o corpo físico tem elevado valor espiritual para Deus. Não é, como alguns pensam, que Deus só se interessa pelo espírito e pela alma (homem interior).

Na realidade, Deus quer, pela salvação, alcançar o homem em sua tríplice constituição: espírito, alma e corpo. E isso é corroborado, como vimos, em I Tessalonicenses 5.23. Esta passagem não deixa dúvidas quanto ao valor espiritual do homem, incluindo o seu corpo, que também deve ser conservado irrepreensível para a segunda vinda.

 

IX. O estado intermediário

 

É o estado entre a morte física e a ressurreição, tanto dos salvos como dos ímpios. Sabemos que os salvos terão um destino diferente em relação aos ímpios. A Palavra de Deus nos mostra que os ímpios, antes da ressurreição, irão para um lugar chamado Hades. O texto de Lucas 16 nos dá algumas pistas do além, na história do rico e de Lázaro. Ambos foram sepultados. Neste mundo, o destino dos corpos dos mortos é o pó (Ec 12.7), mas, quanto ao destino do “homem interior”, no fim da vida, há diferença entre o ímpio e o justo. Os ímpios vão para o Hades, uma espécie de ambiente de espera, antes do julgamento. De lá os que morreram perdidos serão enviados ao Inferno (SI 9.17).

O justo é levado ao Paraíso seio de Abraão (v.22), como o infrator que, na cruz, se converteu e ouviu de Cristo: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.42,43). O salvo, após a morte, é consolado (v.25b): “agora, este é consolado”. Os mortos salvos estão “em Cristo” (I T s 4.16), “no Senhor” (Ap 14.13); são bem-aventurados (Ap I4 .I3 a ) e descansam de “seus trabalhos” (Ap 14.13).

 

1. A ressurreição do corpo

 

Ressurreição, segundo o Dicionário Aurélio, é: Ato ou efeito de ressurgir ou ressuscitar; ressurgência. Vida nova; renovação, restabelecimento. Quadro que representa a ressurreição de Cristo. Na doutrina cristã, 0 surgir para uma nova e definitiva vida, distinta e, em certa medida, oposta à existência terrestre, e que, a partir da ressurreição de Cristo, aguarda todos os fiéis cristãos. A última definição acima tem relação com o que ensinam as Sagradas Escrituras. Em relação aos salvos. Após mostrar a vitória de Cristo sobre o império da morte, Paulo afirmou, em I Coríntios 15.42-44: Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual

Será um corpo incorruptível (que não pode mais morrer), glorioso, cheio de vigor, de natureza espiritual

A palavra ressurreição implica em ressurreição do corpo que morreu e foi sepultado; ou de alguma outra forma ficou retido aqui na terra. Se o corpo ressurreto não fosse o mesmo, isto não seria ressurreição. Seria uma nova criação, e o termo na Bíblia seria um absurdo

Não importa como os corpos foram sepultados, se em covas na terra, ou no fundo dos mares e rios, ou queimados. Na realidade, os mesmos corpos mortos serão ressuscitados. No caso dos mortos em Cristo, seus corpos serão transformados (l Co 15.35-38), iguais (semelhantes) ao corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21)

Em relação aos ímpios. A Bíblia não dá muita ênfase à ressurreição corporal dos ímpios a “segunda ressurreição”. Mas alguns versículos nos dão algumas informações interessantes a respeito desse tema:

  • A ressurreição dos ímpios ocorrerá após o Milênio. “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Ap 20.5).
  • Os ímpios ceifarão a corrupção: “Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção” (Gl 6.8a).
  • Será uma ressurreição para opróbrio: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2).
  • Essa ressurreição se dará onde ocorreram as mortes: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia” (Ap 20.13).
  •  Será uma ressurreição para o julgamento final. “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu” (Ap 20 .1 1). Todos os ímpios terão de comparecer ante o Trono Branco: “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono ”. Na terra, já estão condenados (Jo 3.36) e serão lançados no Inferno: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (20.15; SI 9.17).

Os evolucionistas acreditam com toda a fé à semelhança de um fervoroso fiel de uma religião fundamentalista que a vida surgiu da matéria inanimada. E por acaso! N o século passado, o professor A.I. Oparim publicou um trabalho científico, denominado A Origem da Vida, em que usou a metáfora da “sopa química” para explicar a origem da vida orgânica. Segundo ele, os compostos químicos simples, orgânicos, se juntaram, aleatoriamente, e constituíram compostos complexos. E o que chamam de fé científica. Vejamos o que diz um estudo sobre o tema: Eles imaginam que no decorrer de junções químicas aleatórias, moléculas simples se combinaram transformando-se em compostos orgânicos complexos, os quais eventualmente se integraram e se transformaram em organismos auto-reprodutivos. Este cenário vem sendo apresentado como a indiscutível verdade sobre a origem da vida em toda a aula de ciência ao redor do mundo em escolas primárias, secundárias, faculdades e universidades. O rádio, televisão e as publicações de divulgação científica reforçam essas mensagens.

Não há nada científico que comprove que houve essa “sopa química”, em que os elementos simples, como hidrocarbonos e outros, se combinassem aleatoriamente e formassem elementos compostos, que dariam lugar ao aparecimento da vida orgânica. E pura fantasia científica. Experiências em laboratório tentaram reproduzir o cenário inicial da vida, a partir da matéria inanimada, e tudo falhou. Mais uma vez a Bíblia tem a resposta: “No princípio criou Deus os céus e a terra... E disse Deus: façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Não há nada mais lógico do que aceitar o fato de que os elementos químicos compostos, que têm um arranjo extraordinário em organização celular, tenham sido fruto da ação de um Projetista Inteligente Deus, o autor da vida. Teoria dos caracteres adquiridos. Em meados do século XIX, o cientista francês Jean Baptiste de Lamarck publicou um trabalho denominado Filosofia Zoológica, pelo qual defendeu a teoria dos caracteres adquiridos. Por meio de estudos, procurou demonstrar a mutabilidade das espécies; que os tais caracteres seriam resultado do esforço dos seres vivos por sua sobrevivência; e que as necessidades dos seus organismos é que faziam surgir os caracteres. Um exemplo marcante era o da girafa. As girafas, a princípio segundo essa teoria, tinham pescoço curto. Mas, quando escasseou a vegetação mais baixa de que se alimentavam, elas tive­ram que buscar alimentos nas árvores, com galhos mais altos. Assim, de tanto esticarem o pescoço, foram adquirindo um pescoço mais longo e transmitindo essa característica para seus descendentes. A teoria foi aceita durante muito tempo, mas, no fim do século XIX, August Weismann, cientista alemão, fez experimentos com ratos, cortando seus rabos, antes de se acasalarem, durante cerca de 20 gerações sucessivas. Ele constatou que as últimas gerações de ratos de rabos cortados produziam filhos com rabos até mais compridos que seus pais! Assim, ficou constatado que os caracteres adquiridos não passavam de geração a geração, haja vista os fatores externos não poderem afetar os genes, influenciando as próximas gerações. Portanto, a hereditariedade depende dos genes nas células reprodutivas e permanece inalterada em toda a vida do ser vivo. A teoria de Lamarck foi uma das mais influentes, visando a desacreditar a Palavra de Deus quanto à origem das espécies.

 

X. A Teoria da evolução.

 

A teoria da evolução foi apresentada ao mundo, com grande impacto, por meio dos estudos científicos de Charles Robert Darwin (1 8 0 9 -1882). Tendo estudado medicina, na Universidade de Edimburgo, dedicou-se com mais afinco aos estudos naturalistas. Em 18 3 1, embarcou no navio H.M.S. Beagle, pelo qual fez uma viagem de estudos ao redor do mundo. Chegando ao arquipélago de Galápagos — a oeste do Equador, aperfeiçoou as suas ideias acerca da evolução das espécies. Em 1859, Darwin publicou A Origem das Espécies. Sua teoria, que não se sustenta em bases empíricas, é muito aceita, por vários motivos. Um deles é o preconceito arraigado na mente dos cientistas materialistas e de formadores de opinião contra a ideia da criação sobrenatural pelo poder de Deus. Certo articulista, de uma revista publicada no Brasil, afirmou: “Quatro em cada dez americanos rejeitam as teorias evolucionistas de Charles Darwin. Eles rejeitam a ciência em um assunto científico, preferindo aceitar a tese bíblica de que Deus criou todos os seres vivos. Isso é treva”.

0 Diabo realmente cegou os entendimentos dos incrédulos (2 Co 4.4). A teoria da evolução e a seleção natural. De acordo com Darwin, as espécies semelhantes, bem como as diferentes espécies, competem entre si, na luta pela sobrevivência. Nessa competição, vão surgindo variações, de tal forma que os elementos mais fortes eliminam ou suplantam os mais fracos. Darwin chama essa suposta luta de seleção natural. Uma vez que os indivíduos de uma mesma espécie variam entre si, os indivíduos com certas características que lhes trazem vantagens para conseguir alimento ou para escapar de predadores, por exemplo, terão maior probabilidade de sobrevivência.

Para Darwin, é a natureza que se encarrega dessa seleção dos membros das espécies mais aptos para enfrentar a luta pela vida. Ele se baseia na teoria de Herbert Spencer (século XIX), que qualificou esse processo como “a sobrevivência do mais apto”. Os evolucionistas creem que, desde que o primeiro organismo vivo, unicelular, apareceu na Terra, há cerca de 3,5 ou 4,5 bilhões de anos, esse é o processo que cria novas espécies. Darwm concluiu isso apenas por observações, visto que jamais se pode ter ideia de como a vida começou, com toda a sua complexidade, a não ser que se admita o projeto inteligente, teoria em voga nos Estados Unidos, que admite a existência de Deus, o Projetista Inteligente.

Vejamos o que a Palavra de Deus afirma, em Gênesis I .1 1,20,21,24,26,27: E disse Deus: Produza a terra erva verde; erva que dê semente; árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie... E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. E Deus criou as grandes baleias; e todo réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda ave de asas conforme a sua espécie... E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi... E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança... E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus 0 criou; macho e fêmea os criou. Essa é a única e mais lógica explicação para a origem da vida. Deu-se a partir de um Ser pessoal, inteligente, o Deus Todo-poderoso. Apegar-se à teoria da evolução é o mesmo que acreditar que um monte de alumínio, ferro, plástico, fios e tinta pudessem explodir, e, ao acaso, formar um avião Boeing 747. Ou que materiais de construção, como tijolo, barro, areia, ferro e outros, de repente, se agregassem e formassem uma casa. N a realidade, a única coisa que a teoria de Darwin poderia explicar seria a “teoria da extinção de espécies”, e nunca da evolução biológica. As “novas” espécies. A Bíblia afirma que Deus criou os seres vivos, cada um conforme a sua espécie (Gn I.12, 21, 24, 25; 6.20); ou seja, cada espécie é única, ainda que possa sofrer variações, mas nunca uma espécie pode se transformar em outras. Contrariando a fixidez das espécies, como a Bíblia nos apresenta, Darwin afirma que os membros sobreviventes da competição pela vida transmitem as variações a seus descendentes, de modo lento, gradual, durante longos períodos. Tal afirmação é contestada por cientistas abalizados, pois jamais ninguém pôde acompanhar o desenvolvimento das variações em períodos tão longos (milhões e milhões de anos). As observações de Darwin não chegaram a mais de trinta anos. Entretanto, a ideia da transmissão de características ou variações tem sido aceita como se fosse ciência. Na verdade, não passa de especulação. A família dos gatos pode ter várias espécies de felinos. Mas serão sempre gatos. Os membros de uma família podem sofrer variações ou micro-evoluções. O que não ocorre, na verdade, é a chamada macro-evolução, que é a defendida por Darwin, a qual pressupõe as mutações, que resultariam em novas espécies. E isso ocorreria através do processo da hereditariedade. A família dos cães permanece formada por cães, sejam vivos, sejam fossilizados, mesmo havendo grande variedade, como cães domésticos, lobos, chacais, raposas. Em suas variações, há animais grandes, médios e pequenos. E permanecem assim, conforme o relato do Gênesis, “cada um conforme sua espécie”. Uma espécie de planta jamais se transforma em outra. Uma ameba permanece sempre ameba; uma mosca será sempre mosca. Não há qualquer evidência empírica (experimental) que comprove a existência de formas transitórias entre as espécies, ou dos “elos perdidos”, “e menos ainda entre gêneros, famílias e categorias mais elevadas”.

Todas as evidências confirmam a fixidez das espécies, conforme o relato do Gênesis. “E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis, e bestas feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi” (Gn 1.24). O acaso e o tempo criadores da vida? A mais absurda afirmação, no bojo da teoria da evolução, é a de que a vida surgiu por acaso, antecedida do aparecimento da matéria inanimada, por geração espontânea (abiogênese). Acontece que nem Darwm, nem seus discípulos, jamais escreveram uma linha sequer sobre a origem da matéria, ou como ela veio a aparecer. Acreditar que os complexos organismos dos animais, das plantas e do homem puderam surgir e evoluir por acaso é o mesmo que acreditar que as letras do alfabeto, jogadas ao acaso, podem produzir um dicionário! Nem mesmo uma pequena frase pode surgir por acaso. No entanto, os “crentes”, como verdadeiros adoradores de Darwin, acreditam que a vida na terra, com toda a sua complexidade, surgiu de um organismo unicelular e evoluiu até formar o homem! Na verdade, há mais fé num evolucionista do que no mais fanático crente pentecostal ou num fundamentalista islâmico. Como surgiu a vida? Há trinta anos; os químicos Stanley Miller e Harold Urey; da Universidade de Chicago, julgaram ter encontrado parte da resposta. Eles misturaram em um frasco lacrado amostras de hidrogênio, gás metano, amônia e vapor d’água componentes que, acreditavam, formavam a atmosfera primitiva do planeta.

Através de um eletrodo, os químicos dispararam faíscas dentro do frasco, simulando a ação de relâmpagos. Depois de uma semana, obtiveram um líquido rico em aminoácidos. Não havia, contudo, sinais de ΌΝA Os seguidores de Miller e Urey vêm tentando, sem sucesso, montar os “tijolos”.

A Bíblia continua a desafiar os materialistas a encontrarem as respostas que ela já deu sobre a origem da vida: pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (At 17.25). Porém, em sua presunção contra Deus, querem até “fabricar” a vida, tentando imitar a atmosfera primitiva do planeta. Certamente, assim como Darwin, vão gastar muitos milhões de dinheiro em vão. As mutações. A teoria da evolução teve uma ajuda considerável, em 1901. O botânico holandês Hugo de Vries observou que algumas plantas, com características incomuns, transmitiam essas características a suas descendentes. Vries concluiu que as grandes mutações, resultantes das variações ao longo dos tempos, explicariam a evolução. Outros cientistas já entendiam que as mutações seriam repentinas. Tais ideias favoreceriam a evolução, no sentido de que das variações e mutações resultariam novas espécies. Mesmo assim, houve oposição de cientistas a essa teoria. O cientista Rostand levantou objeções quanto ao papel das mutações: As mutações que conhecemos e que são consideradas pela criação do mundo vivo, são, em geral, quer privações orgânicas, deficiências (perda de pigmento), perda dum apêndice, quer a duplicação de órgãos já existentes. Em qualquer caso, nunca produziram nada de realmente novo nem original na disposição orgânica, nada que se possa considerar como base para um novo órgão ou como preparação para uma nova função... Não posso persuadir-me a pensar que 0 olho, 0 ouvido, 0 cérebro humano tenham sido formados deste modo... Não vejo nada que me dê 0 direito de conceber as profundas alterações estruturais, as fantásticas metamorfoses, que teríamos de imaginar na história evolucionista, quando pensamos na transição dos invertebrados para os vertebrados, dos peixes para os batráquios, dos batráquios para os répteis, dos répteis para os mamíferos, Mutação é “uma modificação estrutural real em um gene, de tal modo que algo novo é produzido, e não apenas uma readaptação de algo que já existisse ali. De certa forma, o encadeamento de um segmento da molécula de D N A é mudado, de forma que ‘informações’ diferentes são transmitidas através do código genético, na formação da estrutura descendente... O fenômeno da mutação, portanto, é um componente da maior importância do modelo evolucionista”.

 

 No entanto, segundo a própria teoria da evolução, as mutações ocorrem ao acaso, e não de forma dirigida. Isso não é ciência. O acaso — como provam 3Í matemática e a estatística avançada — não produz nada de organizado, que funcione e se repita segundo as leis estabelecidas. Einstein declarou: “Deus não joga dados”. Vejamos o que disse um estudioso das mutações: Porém, descobriu-se que as mutações são de natureza casual, no que tange à sua utilidade. De acordo com isto, a grande maioria das mutações, certamente bem mais de 99%, são prejudiciais de alguma forma, como é de se esperar em relação aos efeitos de ocorrências acidentais.

 

1. A verdadeira ciência

 

 Não há espaço, neste capítulo, para nos estendermos muito sobre as falácias do evolucionismo. No entanto, entendemos ser muito útil apresentar aos estudantes de teologia, professores de Escolas Dominicais, nas igrejas, ou mesmo ao leitor alguns argumentos verdadeiramente científicos que refutem a diabólica teoria darwinista. A verdadeira ciência, desprovida de preconceito, soberba e academicismo, não comprova a apenas teoria da evolução.

2. Cientistas modernos a têm rechaçado.

Rosen diz que Darwin foi o primeiro a afirmar categoricamente que os organismos vivos partilham ancestrais comuns e se modificam ao longo dos tempos, formando novas espécies errou ao não prever que novos tipos de seres vivos a evolução irá criar daqui para frente.

O ictiologista, estudioso dos peixes, chega a comparar o pensamento de Darwin ao dos criacionistas do grupo de religiosos que acreditam terem sido as plantas e os animais criados por Deus há milhares de anos, exatamente como se apresentam agora. Como ele não diz como a evolução opera, suas mutações nem se refere a seus resultados futuros, é impossível tentar provar que a teoria está incorreta, lamenta Rosen.

 Não há o que lamentar. Darwin errou mesmo ao levantar uma teoria com base em observações jamais comprovadas empiricamente. Em outras palavras, a teoria da evolução é fundada em hipóteses, portanto no acaso e não na ciência dos fatos comprovados. Os defensores da evolução, alguns sequer defendem o criacionismo ou creem em Deus. Matemática desmente evolucionismo.

Carl Sagan, famoso astrônomo, conhecido no mundo inteiro, calculou que a possibilidade de o homem ter evoluído é de aproximadamente um em 2 na Bíblia (Hb 12.1; Sl 51.5), na História, na consciência, no dia-a-dia. Perguntemos a Adão após a sua queda, a Davi, a Jesus. Todos confirmarão que o pecado é uma realidade. Evidências da realidade do pecado. Elas são tão contundentes que é um absurdo negá-lo; é idiotice; é insanidade. Algumas dessas evidências são: cada hospital; cada casa funerária; cada cemitério; cada fechadura de porta; cada caixa forte de banco; cada alarme contra ladrão; cada policial, guarda, soldado; cada tribunal; cada prisão; cada dor, doença, deficiência, morte, tristeza, pranto, guerra. O pecado e sua raiz. A Palavra de Deus menciona a raiz da incredulidade como a geratriz do pecado (Jo 16.9; Hb 3.12) e também a do egoísmo, isto é, do culto ao “eu”, da personalidade (Ez 28.7; Is 14.13,14; Rm 1.25). O egoísmo é uma forma de rebeldia à vontade e à lei de Deus; existe também o egotismo, endeusamento do homem por ele mesmo. O pecado como ato. Olhemos, agora, à luz da Palavra de Deus, para o interior do pecado, a fim de conhecermos detalhadamente os seus aspectos. E importante, aqui, distinguirmos entre ato e estado pecaminosos. A Bíblia apresenta o pecado como um ato nosso, perpetrado por natureza e escolha deliberada:

 Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte (Eg 1.14,15). Segundo a Bíblia, o pecador não sabe escolher o bem; ele sempre opta pelo mal. O filho pródigo não soube escolher o bem; preferiu o pior (Lc 15.11-18). O pecado como um ato praticado é, pois, um efeito, e não uma causa; a causa é o pecado congênito em nossa natureza decaída. O crente carnal também não sabe escolher o bem. Ló, por si mesmo, optou pelo pior, para ele e sua família (Gn 13.11,12). Esaú, de igual modo, vendeu a sua primogenitura por um simples prato de lentilhas (Gn 25.29-34). E Marta não soube escolher o melhor, como sua irmã, que representa um crente consagrado (Lc 10.41,42). O pecado como estado. Em Romanos 6.6, está escrito: “... o nosso velho homem foi com ele [Cristo] crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado” a expressão “corpo do pecado” é uma referência ao corpo como instrumento do pecado; não é a Bíblia querendo dizer que o pecado possui corpo tangível. O pecado como um estado indica que todos os homens estão propensos a pecar. E caracterizado pelo princípio da rebelião contra Deus; trata-se de um poder maléfico; é um princípio gerador do mal. O u seja, é primeiramente uma causa, e consequentemente um efeito. Como causa, o pecado é parte integrante da nossa natureza herdada de Adão. Em resumo, o homem não é culpado apenas pelos pecados cometidos; ele tem dentro de si uma natureza pecaminosa que em si já é pecado. A natureza do pecado. H á o pecado praticado, isto é, cometido, que aparece na Bíblia no plural (I Jo 1.9). Para este tipo de pecado há perdão de Deus, como vemos no “sacrifício pela culpa” (Lv 5.14-19). Mas há também o pecado congênito, mencionado no singular (I Jo 1.7; SI 51.5; R m 7.18,23).

 No caso deste tipo de pecado, só há purificação no sangue de Jesus. Vemos isso tipificado no “sacrifício pelo pecado” (Lv 4.1-12). O pecado e sua prática. Quanto à prática, há o pecado de comissão, que é fazer ou praticar a coisa errada (Tg I.1 5); e o de omissão, que significa deixar de fazer a coisa certa, justa. Assim, pecado não é somente praticar o mal; deixar de fazer o que é certo é também pecado. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado (Tg 4.17). E, quanto a mim, longe de mim que eu peque contra 0 SENHOR, deixando de orar por vós; antes; vos ensinarei o caminho bom e direito (l Sm 12.23).

Mas, ainda quanto ao pecado por omissão, a Palavra de Deus menciona vários exemplos, como o caso do servo inútil, condenado porque não fez nada, apesar de ter recebido bens de seu senhor para cuidar (Mt 25.24-30). Outro exemplo de omissão vemos na parábola das dez virgens. As loucas não se prepararam (Mt 25.3). Temos outro exemplo no julgamento das nações: as omissas para com Israel serão punidas (Mt 25.42-45). Em Números 32.23a, está escrito: “e, se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o Senhor¨. Deixar de cumprir a lei de Deus é tanto pecado quanto transgredi-la (Jz 5.23). A Palavra de Deus diz que os ímpios serão lançados no inferno por omissão: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus” (S l 9.17). Outrossim, todo pecado, seja ele qual for, é praticado primeiramente contra Deus. Davi, além de pecar contra Bate-Seba, Urias e si mesmo, pecou primeiramente contra Deus, o Legislador: “Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos é mal...” (Sl 51.4). O pródigo pecou contra si mesmo e contra a sua família, mas primeiramente contra o seu pai, que na parábola aponta para Deus (Lc 15.21). A origem do pecado dentro do homem. Na Palavra de Deus mencionam-se o pecado da carne (2 Co 7.1) e o do espírito (2 Co 7.1; Sl 66.18). Muitos acham que pecado mesmo é o do assassino, do bandido, do ladrão, do viciado, do imoral, do fornicário, do adúltero, da prostituta; pensam que é o engano, o calote, o furto, o mundanismo e outros pecados predominantemente da carne. Entretanto, os pecados do espírito são às vezes piores que os pecados da carne acima mencionados. Davi cometeu pecados da carne terríveis, a ponto de dizer, ao ser repreendido pelo Senhor: “Pequei contra o Senhor ” (2 Sm 12.13; Sl 51). Mas o pecado do espírito que ele cometeu foi pior, levando-o a confessar: “Gravemente pequei” (I Cr 21.8). “Toda iniquidade é pecado” (I Jo 5.17). Os fariseus do tempo em que Jesus andou na Terra acusavam pessoas que cometiam pecados da carne, como a mulher adúltera que Jesus perdoou, dizendo-lhe: “vai-te e não peques mais” (Jo 8.1-1 1). Contudo, os mesmos fariseus cometiam grandes pecados do espírito (Mt 23).

Vejamos alguns exemplos de pecados do espírito: orgulho, soberba, vangloria, arrogância, inveja, ganância, cobiça, ira, amargura, mau humor, ciúme doentio, hipocrisia, leviandade, irreverência com o que é sagrado, mentira, egoísmo, roubar a Deus, quebra do Dia do Senhor, mau testemunho, desonestidade, negligência na oração e quanto à Bíblia, relaxamento com a obra de Deus. As consequências do pecado.

Na Bíblia são mencionados o pecado para morte e o que não é para morte: “Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore” (I ]0 5.16). O pecado para morte dependendo de sua gradação traz como consequências: sofrimentos, morte espiritual, morte física e até perdição eterna. São pecados que levam o seu praticante à morte física prematura: desobediência deliberada (I Rs 13.26); incesto (I Co 5.5); murmuração (I Co 10.5); profanação (I Co 11.29-32); desvio (Jr 16.5,6); tentar a Deus (Nm 14.29,32,35; 18.22; 27.12-14); falsidade (At 5.10); rebeldia não momentânea, mas como estado (Ef 6.3).

Entretanto, há pecado que não é para morte. Todo pecado é transgressão diante de Deus, mas nem todo pecado é igual aos olhos de Deus. O pecado tem gradação, como se vê nas seguintes expressões bíblicas: “grande pecado” (Êx 32.30,31; I Sm 2.17; Sl 25.11; Am 5.12); “maior pecado” (Jo 19.I I); “muito grande pecado” (I Sm 2.17; 2 Sm 24.10 com I Cr 21.8,17); “muitos pecados” (Lc 7.47); “multidão de pecados” e “multiplicar pecados” (Ez 16.51; Os 13.2; Tg 5.20). Qualquer pecado, mesmo perdoado, não nos exime dos seus maus efeitos, das suas consequências; do seu castigo aqui (Sl 99.8; Nm 14.19-23). O perdão de Deus nos exime da condenação como filhos de Deus, porém o castigo aqui tem a ver com o nosso aprendizado espiritual aqui; há crentes que só aprendem “apanhando”. E mais: o tempo não apaga, não desfaz o pecado: Então, falou 0 copeiro-mor a Faraó, dizendo: Dos meus pecados me lembro hoje (Gn 41.9). ... quando for outra vez, 0 meu Deus me humilhe para convosco, e eu chore por muitos daqueles que dantes pecaram e não se arrependeram da imundícia, e prostituição, e desonestidade que cometeram (2 Co 2.21). O pecado e seu perdão. Quanto ao perdão, a Bíblia menciona o pecado perdoável e o imperdoável em Mateus 12.31,32: Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra 0 Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra 0 Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro. O pecado imperdoável não diz respeito a um ato isolado. Trata-se de um pecado contínuo, não cometido por ignorância (I Tm I.I3). A má interpretação disso tem causado aflição em muitas pessoas, que pensam ter cometido o tal pecado.

No Capítulo 4 desta obra, há uma explicação sobre o pecado imperdoável do ponto de vista da Pneumatologia. Quanto à Soteriologia, tal pecado leva quem o pratica à condenação porque o tal peca contra a única Pessoa da Trindade cuja obra no que concerne à nossa salvação não está concluída. A obra do Pai foi consumada; a do Filho está concluída, mas a do Espírito continua ( Jo 16.8). A consumação do pecado. No que concerne à sua consumação, há o pecado, consciente, deliberado (Mt 25.25; Lc 19.20-23; Js 7.21); e o involuntário, inconsciente, não deliberado (Sl 19.12; 90.8; Jr 17.9; Lv 4.I3-2I; 5.15,17; Nm 15.22-31). Este, ainda que cometido de modo involuntário, por imprudência ou inconsciência, terá a sua devida condenação. Aqui no mundo, se alguém, por ignorância, violar as leis da Física, sofrerá as consequências disso. Por exemplo, se alguém saltar de um prédio de dez andares, mesmo não tendo consciência de que a força da gravidade fará com que o seu corpo se estatele no chão, a sua ignorância não impedirá a sua morte. Quanto ao corpo humano, de acordo com I Coríntios 6.18 que diz: “Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo”, há dois tipos de pecado: contra o corpo, que destrói primeiro o próprio pecador que o comete; e fora do corpo, que arruína primeiro os outros, além de quem o comete. O pecado relacionado ao crente. O pecado conhecido e tolerado na vida do crente gera consequências terríveis, como: perda das bênçãos de Deus, disciplina divina e da igreja, interrupção da comunhão com Deus, cessação de operação divina por meio do crente e perda de galardão no futuro. O julgamento do pecado. Deus nem sempre julga logo o pecado. Se Ele julgasse de imediato, nem este escritor estaria mais aqui. A Palavra do Senhor diz: “Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas liquidardes” (Sl 103.10). Deus dá tempo para que o pecador se corrija, se arrependa, mude. Em certas pessoas, o pecado é logo manifesto e julgado; noutras, isso ocorre depois: “Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; e em alguns manifestam-se depois” (I Tm 5.24). Por quê? O justo Juiz sabe de tudo isso. E, como nos ensina a Palavra de Deus, nada julguemos antes de tempo, até que o Senhor traga à luz as coisas ocultas e manifeste os desígnios dos corações, em sua gloriosa vinda (I Co 4.5). ... nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se... eis que pecastes contra 0 Senhor; porém sentireis 0 vosso pecado, quando vos achar (Nm 32.23).



XI. Como triunfar sobre o pecado. 


Os passos para vencer o pecado, triunfando sobre ele, são os seguintes:

  • Amar a Palavra de Deus, a ponto de escondê-la no coração; isso faz com que o crente vença o pecado (Sl 119.11).
  • Crer no poder do sangue de Jesus, isto é, no sacrifício expiatório que Ele realizou, a fim de que o pecado não tenha domínio sobre nós (I Jo 1.9).
  • Confiar no poder do Espírito Santo, o qual habita em nós e, se Ele exercer pleno predomínio em nosso viver, faz-nos triunfar sobre o pecado (Rm 8.2).
  • O ministério sacerdotal de Cristo. Ele venceu todas as coisas, e, se estivermos nEle, também venceremos o pecado (Hb 4.15,16).
  • A nossa fé depositada em Jesus Cristo também nos faz triunfar sobre o pecado (Fp 3.9).

Finalmente, a nossa total submissão e entrega a Cristo (Rm 6.14). E submissão implica ser obediente à sua vontade e também agradar-lhe por amor.


A nossa recomendação final, ao concluir este tópico sobre a doutrina do pecado é, como diz o escritor sacro: “Evita o pecado!” A Palavra de Deus admoesta: “Meus filhinhos não pequeis” (I Jo 2.1). Lembre-se de que “Obedecer é melhor do que sacrificar” (I Sm 15.22). E “sacrificar”, aqui, também pode significar “remediar”. Evitemos, pois, os pecados vindos de dentro; e, de fora: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro” (I Tm 5.22).

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