sábado, 16 de julho de 2022

Série: As 10 doutrinas da Teologia Sistemática 4ª- Pneumatologia

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com

 


Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!  

As 10 doutrinas da Teologia Sistemática.

 Sumário geral

Capítulo 1

Bibliologia — a doutrina das Escrituras

Capítulo 2

Teologia — a doutrina de Deus

 Capítulo 3

 Cristologia — a doutrina de Cristo

 Capítulo 4

Pneumatologia — a doutrina do Espírito Santo

  Capítulo 5

Antropologia — a doutrina do homem

Capítulo 6

 Soteriologia — a doutrina da Salvação

 Capítulo 7

Eclesiologia — a doutrina da Igreja

 Capítulo 8

Angelologia — a doutrina dos Anjos

Capítulo 9

Hamartiologia - a doutrina do pecado

Capítulo 10

 Escatologia — a doutrina das últimas coisas

 

Capítulo 4

 

Pneumatologia — a Doutrina do Espírito Santo


O século passado foi assinalado por crescente interesse a respeito do Espírito Santo.

Nesse século, muitas pessoas foram despertadas a buscar a Deus por um reavivamento espiritual que, afinal, veio emanado profusamente do Espírito Santo. Esse reavivamento estendeu-se rapidamente por toda parte, de modo que o mundo inteiro tem sentido o impacto deste movimento realizado por Deus. Numerosos movimentos evangélicos têm participado desse reavivamento, sob a crença comum de que as experiências do dia do Pentecostes, no primeiro século da Era Cristã, podem ser ou estão sendo duplicadas nestes dias.

O testemunho específico dos chamados pentecostais é a Doutrina do Batismo no Espírito Santo, cujo recebimento é atestado inicialmente por evidências físicas, mediante o falar em línguas estranhas.

A Bíblia ensina que, antes da Segunda Vinda de Cristo, o Espírito Santo deverá ocupar um lugar preeminente na Igreja. E tarefa do Espírito Santo adornar a Igreja – a noiva de Cristo, para o iminente encontro com Ele. Portanto, como crentes participantes da gloriosa experiência pentecostal, precisamos de instrução adequada a respeito da natureza e dos ministérios do Espírito Santo com todas as bênçãos que Ele nos concede.

Precisamos saber tudo o que Ele pode e quer ser na Igreja, como um todo e em cada crente, individualmente.

Os que são batizados no Espírito Santo precisam saber tudo acerca dEle e de seu trabalho, pois uma coisa é havermos recebido uma maravilhosa experiência, e outra, bem diferente, é estarmos aptos para falar dela a outros, de modo inteligível e convincente. Necessitamos, portanto, de aptidão para falarmos com segurança, não somente para defendermos nossa posição relativa à doutrina, como também conduzirmos outros à mesma experiência da qual desfrutamos.

Para o crente e a igreja, a doutrina do Espírito Santo é altamente prioritária e indispensável, uma vez que o próprio título “Espírito Santo” denota regene­ração, recriação, vivificação, dinamismo, espiritualidade (Jo 6.63; 3.6b; Tt 3.5).

O mesmo título denota santidade, santificação (“Santo”).

 

I. A divindade do Espírito Santo

Acerquemo-nos deste sublime assunto com reverência, santo temor e oração, tendo em mente que se trata de um assunto assaz difícil, haja vista o Espírito Santo não falar de si mesmo (Jo 16.13). O eterno Deus, o Pai, revela muito de si mesmo nas Páginas Sagradas; de igual modo, o Filho. Mas o divino Consolador, não. Daí tratar-se este assunto de um insondável mistério, do qual devemos nos acercar primeiramente pela fé em Cristo (Rm 3.27). A terceira Pessoa da Trindade não aparece com nomes revelados, como o Pai e o Filho, e sim com títulos descritivos das suas natureza e missão no mundo, entre os homens, bem como através de seus atos realizados. “Espírito Santo” não é rigorosamente um nome como apelativo, e sim um título descritivo da sua natureza (Espírito) e da sua missão principal (Santo), a de santificar-nos nesta dispensação. Ele habita nos servos do Senhor Jesus. As suas operações, portanto, são invisíveis, nas profundezas do nosso interior. Todos esses fatos mencionados tomam o estudo sobre o Espírito Santo muito difícil, cabendo aqui a pergunta: “Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-poderoso?” (Jó 11.7). O Espírito Santo, como Deus, age de maneira multiforme. Em I Coríntios 2.4-12, o Espírito de Deus é mencionado de modo enfático como devendo ter toda primazia em nossas vidas, em nosso meio e em nosso trabalho. O espírito do homem, mencionado no versículo I I , só entende as coisas humanas, terrenas, naturais (Pv 20.27; 27.19; Jr 17.9). Nossa santificação deve, pois, prevalecer em nosso espírito, e daí abranger alma e corpo (I Ts 5.23). N a primeira passagem em apreço, o “espírito do mundo” também é mencionado (v. 12), o qual é pecaminoso e nocivo ao cristão. O aviso sobre isso, na Palavra de Deus, é enfático e claro (I Jo 2.15-17; 5.19; Jo 14.30; 17.14,16).

 

Seis diferentes “coisas” aparecem na passagem de I Coríntios 2.9-16:

 

  • as que Deus preparou para os que o amam (v.9);
  • as das profundezas de Deus (v. 10);
  • as do homem (v.11);
  • as de Deus (v.11);
  • as espirituais (v. 13); e
  • as do Espírito de Deus (v. 14).

Um a dessas “coisas” alude à esfera humana; as demais são da parte de Deus. Isso denota a sua multiforme ação. Ainda tomando como base o texto de I Coríntios 2.4-14, vemos que o Espírito Santo é mencionado juntamente com o Senhor Deus (vv.5,7,9-12,14) e o Senhor Jesus Cristo (v.8; também os vv.2,I6), o que já denota a divindade do Espírito Santo. Essa sublime verdade da Trindade Santa vê-se também através da Bíblia em muitas outras passagens, como I Coríntios 12.4-6.

 

II. Os Atributos Divinos do Espírito Santo

 

1. Onipotência.

 

O divino Consolador tem pleno poder sobre todas as coisas (SI 104.30).

O Espírito Santo tem poder próprio. É Ele que flui a vida, em suas dimensões e sentidos bem como o poder de Deus (SI 104.30; Ef 3.16; At 1.8). Isso é uma evidência da deidade do Espírito Santo. Ele tem autoridade e poder inerentes, como vemos em toda a Bíblia, máxime em o Novo Testamento. Em I Coríntios 2.4, na única referência (no original) em que aparece o termo traduzido por “demonstração do Espírito Santo”, designa-se literalmente uma demonstração operacional, prática e imediata na mente e na vida dos ouvintes do evangelho de Cristo. E isso ocorre pela poderosa ação persuasiva e convincente do Espírito, cujos efeitos transformadores foram visíveis e incontestáveis na vida dos ouvintes de então, confirmando o evangelho pregado pelo apóstolo Paulo (I Co 2.4,5). Era nítido o contraste entre a ação poderosa do Espírito e os métodos secos e repetitivos dos mestres e filósofos gregos da época, que tentavam convencer e conseguir admiradores e discípulos mediante demonstrações encenadas de retórica, dialética e argumentação filosófica; isto é, “sabedoria dos homens” (v.5). Que diferença faz o evangelho de poder do Senhor Jesus Cristo, o qual “é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê” (Rm 1. 16)1 Paulo reconhecia que os mestres gregos o superavam em capacidade acadêmica e humana (2 Co 10.10; 1 1.6). Mas a sabedoria, a oratória e a argumentação filosófica deles era tão-somente um espetáculo teatral, vazio, que atingia apenas os sentidos dos espectadores. No apóstolo Paulo, ao contrário, operava, nesse sentido, o poder de Deus (I Co 2.4,5; Cl 1.29; I Ts 1.5; 2 Co 13.10).

O poder do Espírito Santo, que evidencia a sua deidade, é também revelado em passagens como Lucas 1.35, Jó 26.13 e 33.4, Salmos 33.6 e Gênesis 1.1,2. Esse divino poder, como já afirmamos, é liberado através da pregação do evangelho de Cristo:

  • Na conversão dos ouvintes (At 2.37,38).
  • No batismo com o Espírito Santo para os novos crentes (At 10.44).
  • Na expulsão de espíritos malignos (At 8.6,7; Lc 11.20).
  • Na cura divina dos enfermos (At 3.6-8).
  • Na obediência dos crentes ao Senhor (Rm 16.19).

 

2. Onisciência. 

Esta é mais uma evidência da deidade do Espírito Santo, o qual sabe e conhece todas as coisas (I Co 2.10,11). Isso é um fato solene, mormente se considerarmos que Ele habita em nós: “habita convosco, e estará em vós” (Jo 14.17). A primeira parte dessa declaração de Jesus indica a permanência do Espírito Santo em nós (“habita convosco”); e a segunda, a sua presença constante dentro de nós (“e estará em vós”). Alguém pode habitar numa casa e não estar presente nela em determinada ocasião. Porém, o Espírito Santo quer estar sempre presente no crente, como uma das maravilhas dessa “tão grande salvação” (Hb 2.3). Aos que amam a Deus, o Espírito Santo revela as infinitas e indizíveis bênçãos preparadas para os salvos, já nesta vida, e muito mais na outra (I Co 2.9,10).

O profeta Isaías, pelo Espírito, profetizou essas maravilhas (64.4; 52.15). Os demais profetas do Antigo Testamento também tiveram a revelação divina dessas coisas miríficas que os santos desfrutarão na glória (I Pe I.10-12). O Espírito também revelou aos escritores do Novo Testamento essas maravilhas consoladoras, inclusive a Paulo (I Co 2.10). Ele é o nosso divino Mestre na presente dispensação da Igreja (I Co 2.13), como já estava predito em Provérbios 1.23. Concernente a esta missão do Espírito Santo, Jesus declarou: “Esse vos ensinará todas as coisas” (Jo 14.26). O texto de Lucas 12.12 também é bastante elucidativo quanto a mais esta ação do Espírito na igreja. 


3. Onipresença.


 O Espírito Santo está presente em todo lugar (SI 139.7-10; I Co 2.10). Atentemos para duas ênfases contidas nesses textos que evidenciam a onipresença do Espírito: “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face?” e “O Espírito penetra todas as coisas, até as profundezas de Deus”. Eternidade. Ele é infinito em existência; sem princípio; sem fim; sem limitação de tempo (H b 9.14). Ele estava presente no princípio, quando todas as coisas foram criadas (Gn 1.1,2). Outros atributos. O Espírito de Deus é denominado Senhor (2 Co 3.16-18); é descrito como Criador (Jó 26.13; 33.4; SI 33.4; 104.3; Gn 1.1,2; Ez 37.9,10); e é classificado e mencionado juntamente com o Pai e o Filho, o que, claramente, é uma grande evidência da sua divindade.

1) Na fórmula doutrinária do batismo nas águas (Mt 28.19). Aqui a Bíblia não diz “nos nomes”, como se as três Pessoas da santíssima Trindade fossem uma só, mas “em nome” singular , distinguindo cada Pessoa existente em Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

2) Na invocação da bênção tríplice sobre a igreja (2 Co 13.13).

 3) Na doutrina da habitação do Espírito Santo no crente (Rm 8.9).

4) N a descrição bíblica do estado do crente diante de Deus (I Pe 1.2).

5) Nas diretrizes ao povo de Deus (Jd vv.20,2I). Aqui o Espírito Santo é mencionado primeiro; em seguida, o Pai; por fim, o Filho.

6) Na doutrina da unidade da fé cristã (E f 4.4-6). Aqui também o Espírito é mencionado em primeiro lugar, seguido do Senhor Jesus e de Deus, o Pai.

7) Na saudação bíblica às sete igrejas da Ásia (Ap 1.4,5).

 

 III. A personalidade do Espírito Santo

 

O que é personalidade? É o conjunto de atributos de várias categorias que caracterizam uma pessoa. No seu aspecto psíquico, a personalidade consiste de intelecto, sensibilidade e vontade.

Os três são também chamados de inteligência, afetividade e autodeterminação. No Espírito Santo vemos essa triplicidade de atributos da personalidade, a saber: intelecto: “ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus” (I Co 2 .1 1); sensibilidade: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus” (E f 4.30); e vontade: “[O Espírito] repartindo particularmente a cada um como quer” (I Co 12.1 1) e “a intenção do Espírito” (Rm 8.27). Como membro da unidade trina de Deus, o Espírito Santo é, pois, uma Pessoa. O fato de o Espírito ser um com Deus, com Cristo e, ao mesmo tempo, distinto dEles é parte, como já dissemos, do grande e insondável mistério da Trindade Santa para a mente humana. O Espírito de Deus não é tão-somente uma influência, um poder, uma energia, uma unção  como os heréticos concluem por si e assim ensinam, mas uma Pessoa divina e real.

Do Espírito Santo como o Consolador divino está escrito que Ele veio para estar conosco em lugar de Jesus. Ora, Jesus é uma Pessoa divina e real; para substituir uma tal Pessoa, só outra Pessoa do mesmo quilate divino (Jo 16.6,7). Em João, Jesus refere-se ao Espírito Santo empregando o pronome pessoal e determinativo “Ele” ekeinos ( 14.26, 15.26 e 16.8,13,14). Por sua vez, o divino Espírito Santo chama-se a si mesmo de “Eu” (At 10.19,20). E isso é uma irrefutável e inegável evidência da sua personalidade. Atos do Espírito Santo. Não podemos falar da Pessoa do Espírito Santo sem mencionar o livro de Atos dos Apóstolos, cujo título mais apropriado deveria ser Atos do Espírito Santo. Este é um livro-chave no estudo da Pneumatologia. Quem pretende entender essa matéria não pode deixar de estudá-lo, haja vista o que está escrito em Atos 1.2: “até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera”.

Muitos dos exemplos citados neste capítulo procedem do livro de Atos dos Apóstolos.

 Vejamos de maneira resumida como a terceira Pessoa da Trindade agia nos tempos da igreja primitiva, tomando como base os 28 capítulos desse livro:

 

  •  Capítulo I — A promessa do Espírito Santo (vv.4,5).
  •  Capítulo 2 — O derramamento do Espírito Santo (vv. I -4).
  •  Capítulo 3 — milagres pelo Espírito Santo (vv.8-I0).
  •  Capítulo 4 — ousadia pelo Espírito Santo (vv.29-3I).
  •  Capítulo 5 — a deidade do Espírito Santo (vv.3,4).
  •  Capítulo 6 — trabalho no poder do Espírito Santo (vv.2-5).
  •  Capítulo 7 — pregação inspirada pelo Espírito Santo (vv.5I,55).
  • Capítulo 8 — expansão da igreja pelo Espírito Santo (vv.I-8,I5- 17,39).
  •  Capítulo 9 — conversão pelo Espírito Santo (vv.I-6,3I).
  •  Capítulo 10 — Céu aberto para salvar pelo Espírito Santo (w. 19,20,44).
  • Capítulo I I — salvação para todos pelo Espírito Santo (vv.II-I4).
  • Capítulo 12 — livramento pelo Espírito Santo (vv.5-I I).
  • Capítulo 13 — obra missionária dirigida pelo Espírito Santo (vv.2-9,52).
  • Capítulo 14 — confirmação da obra pelo Espírito Santo (vv.2I-27).
  • Capítulo 15 — assembleia de líderes sob o Espírito Santo (vv.8,28).
  • Capítulo 16 — prisão desfeita pelo Espírito Santo (vv.23-34).
  • Capítulo 17 — avanço incessante da igreja pelo Espírito Santo (Vv.22-30).
  • Capítulo 18 — liderança da igreja através do Espírito Santo (Vv.9-11,21-23).
  • Capítulo 19 — demonstração de poder pelo Espírito Santo (w.2,11-20).
  • Capítulo 20 — revelação concedida pelo Espírito Santo (vv.22-3I).
  • Capítulo 21 — previsão de fatos pelo Espírito Santo (vv.4,I I).
  • Capítulo 22 — presença constante do Espírito Santo (vv.6-30).
  • Capítulo 23 — proteção contínua do Espírito Santo (vv. 10-24,35).
  • Capítulo 24 — coragem contínua pelo Espírito Santo (vv.I0-I6).
  • Capítulo 25 — convicção total pelo Espírito Santo (vv.6-12,23-26).
  • Capítulo 26 — heroísmo pelo Espírito Santo (todo o capítulo).
  • Capítulo 27 — consolação pelo Espírito Santo (vv.9,10,21-25,35).
  • Capítulo 28 — progressão da igreja pelo Espírito Santo (vv.23-3I).

 

Deus é uno e, ao mesmo tempo, triúno (Gn 1.1,26; 3.22; 11.7; Dt 6.4; I Jo 5.7). O Pai, o Filho e o Espírito são três divinas e distintas Pessoas. São verdades bíblicas que transcendem a razão humana e as aceitamos alegremente pela fé. A fé em Deus deve preceder a doutrina (I Tm 4.6). Se a unidade composta do homem — espírito, alma e corpo — continua como um fato inexplicável para a ciência e para os homens mais sábios e santos, quanto mais a triunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo! As três divinas Pessoas da Trindade são co-eternas e iguais entre si. Mas, em suas operações concernentes à criação e à redenção, Deus, o Pai, planejou a criação de tudo (E f 3.9); Deus, o Filho, executou o plano, criando (Jo 1.3; Cl I 6; Hb 1.2; 1 1.3); e Deus, o Espírito Santo, vivificou, ordenou, pôs tudo, todo o universo, em ação: desde a partícula infinitesimal e invisível até ao supermacroscópico objeto existente (Jó 33.4; Jo 6.63; G1 6.8; SI 33.6; Tt 3.5). O u seja, o Pai domina, o Filho realiza, e o Espírito Santo vivifica, preserva e sustenta.

Na redenção da humanidade, o Pai planejou a salvação, no céu; o Filho consumou-a, na terra; e o Espírito Santo realiza e aplica essa tão grande salvação à pessoa humana. Entretanto, num exame cuidadoso da Bíblia vemos que, em qualquer desses atos divinos, as três Pessoas da Trindade estão presentes. Uma tentativa de definição do trino Deus é: Deus Pai é a plenitude da divindade invisível (Jo I.1 8). Deus Filho é a plenitude da divindade manifesta (Jo I.I-I7 ). Deus Espírito Santo é a plenitude da divindade operando na criatura (I Co 2.12-16). Para os sentidos físicos do homem, por condescendência de Deus, vemos as três Pessoas da Trindade no batismo de Jesus. O Pai eterno falou do céu, o Espírito Santo desceu em forma visível de pomba — uma alegoria, e o Filho estava sendo batizado no rio Jordão, para cumprir toda a justiça (Mt 3.16,17).

 

IV. A atuação do Espírito Santo a partir do Pentecostes

 

A Palavra de Deus alerta, em Romanos 1.23-26, quanto a mudanças indevidas e seus resultados funestos para a igreja. Daniel menciona “mudanças” como uma das características do tempo do Anticristo. Essas mudanças são muitas e injustificáveis, como a teologia da libertação, o culto da prosperidade, além de um elevado número de fatos e eventos registrados na Bíblia transformados em doutrina pelos falsos mestres.

 Em 2 Coríntios 4.2, lemos sobre o perigo da falsificação da Palavra de Deus e o que devemos fazer para não sermos enganados: “antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade”. H á um padrão bíblico para a igreja (2T m 1.13; Hb 8.5). E os que a edificam devem atentar para o que está escrito em I Coríntios 3.10: “Segundo a graça de Deus que foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele”, pois a obra de cada um se manifestará (v. 13). Cuidado, os edificadores da igreja; os que fazem discípulos para o Senhor (Mt 28.19). Existem quatorze palavras-chaves ou frases, em Atos 2, que marcaram o primeiro Pentecostes, indicando fatos que devem acompanhar a verdadeira ação do Espírito Santo através dos tempos:

“Pentecostes” (v.I); “todos” (vv. 1,4,17,21,39,43,44); “reunidos” (v.I); “céu” (v.2); “som” (v.2); “vento” (v.2); “casa” (v.2); “línguas” (v.3); “fogo” (v.3); “cheios” (v.4); “nações” (v.5); “zombaria” (v. 13); “Pedro” (v. 14); e “Palavra de Deus” (vv. 16-36).

Meditemos, pois, nessas palavras, tendo em mente o contexto do primeiro derramamento pentecostal, e comparemos isso com o que ora ocorre em nosso meio. O significado de Pentecostes. Em Levítico 23, Deus estabeleceu sete festas sagradas para Israel observar, as quais prefiguravam, de antemão, todo o curso da história da igreja. Essas festas sagradas falam também do caráter alegre que caracterizaria a igreja, pois festa pressupõe alegria. E Jesus sempre foi um homem alegre, apesar de viver à sombra da horrenda cruz! Das sete festas sagradas de Israel, a quarta era a de Pentecostes (Lv 23.15,16), também chamada de Festa das Semanas (Dt 16.10) e Festa das Colheitas (Ex 23.16). A Festa de Pentecostes ocorria no terceiro mês, Sivã, e durava um dia — dia 6 de Sivã, mês que corresponde mais ou menos ao nosso junho. A Festa de Pentecostes era precedida de três outras festas conjuntas: Páscoa: 14 de Abibe (um dia); Pães Asmos: de 15 a 22 de Abibe (sete dias); Primícias: 16 de Abibe (um dia). As três levavam oito dias e eram celebradas no mês de Abibe, o primeiro do calendário sagrado de Israel. O primeiro mês do calendário civil eraTisri, que corresponde mais ou menos ao nosso outubro. Três outras festas seguiam o Pentecostes: Trombetas: em I o de Tisri (um dia); Tisri era o início do ano civil de Israel; Expiação: em 10 deTisri (um dia), “o grande dia da Expiação”; eTabernáculos: de 15 a 21 de Tisri (sete dias). Essas três últimas festas eram todas celebradas num mesmo mês (Tisri). Pneumatologia — a Doutrina do Espírito Santo 181 Pentecostes era a festa central das sete que o Senhor determinou para Israel observar, conforme Levítico 23. Ou seja, eram realizadas três festas antes de Pentecostes, e três, depots (3 + 1 + 3 ). Isso fala da importância do batismo com o Espírito Santo para a igreja, e do equilíbrio espiritual que resulta dele. Ninguém sabe, ao certo, o dia do Natal de Cristo, nem o da sua morte, porém todos sabem o dia da sua ressurreição (primeiro dia da semana), bem como o dia de Pentecostes (quinquagésimo dia após as Primícias). Depois das Primicias, contavam-se sete semanas, vindo a seguir o dia de Pentecostes (7x7 semanas+I dia=50 dias). Há, pois, uma profecia típica na Festa de Pentecostes, que falava da ressurreição de Cristo (Lv 23.15; I Co 15.20). Isso mostra também que sem Páscoa isto é, o Cordeiro de Deus morto e ressurreto não teríamos Pentecostes! Mas faz-se necessário explicar a profecia típica da Festa de Pentecostes.

Na festa das Primícias era movido perante o Senhor um molho (um feixe) de espigas de trigo (Lv 23.10,11). Na Festa de Pentecostes eram movidos perante o Senhor dois pães de trigo (Lv 23.15-17). Isso falava da igreja, que seria composta de judeus e gentios formando um só corpo, o Corpo de Cristo (Ef 2.14; Jo 11.52). Quanto ao feixe de espigas, isso fala de união, mas os pães vão além: representam unidade (Ef 4.3). Num a espiga, como é fácil verificar, os grãos estão presos a ela, mas distintos uns dos outros. Comparemos o trigo de Josué 5.10-12 com o de João 12.24. Num feixe de espigas, os grãos estão simplesmente presos à espiga, mas distintos uns dos outros. Num pão é diferente: o trigo é o mesmo, enquanto os grãos passaram por um multiforme processo, formando agora um todo  um corpo único. O derramamento pentecostal fez isso na formação da igreja, conforme lemos em Atos 2, e quer continuar fazendo o mesmo hoje. Todos reunidos. As palavras “todo ” e “todos” aparecem diversas vezes em Atos, especialmente no capítulo 2 (vv. 1,4,17,21,39,43,44). Como o vocábulo “todos” é inclusivo, todos os salvos são candidatos ao batismo com o Espírito Santo. Observe, contudo, que a salvação não é o batismo com o Espírito Santo; este deve seguir-se à salvação. Os discípulos do Senhor, juntamente com as mulheres  M aria e outras (At 1.13,14)  já eram salvos antes do dia de Pentecostes. A Palavra de Deus elimina qualquer dúvida nesse sentido. Em Atos 2.38,39, fica claro que o batismo com o Espírito Santo é destinado a pessoas salvas, membros do corpo de Cristo. 

Retrocedendo um pouco na leitura, vemos a ênfase: “sobre meus servos e minhas servas” (v. 18). E Paulo perguntou aos varões de Éfeso: “Recebestes vós já o Espírito Santo quanto crestes?” (At 19.2), numa demonstração de que o revestimento de poder é subsequente à experiência do novo nascimento. Por isso, Jesus salientou que o mundo não pode receber o Espírito de Deus (Jo 14.17).

 Em Atos 2.1, está escrito: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Isso mdica não somente união, mas unidade no Espírito Santo ( v.4). Acabaram-se as discordâncias, as contendas, as divergências pessoais em torno das coisas de Deus, e todos estavam ali, juntos, reunidos. Mentalizemos, pois, João, Pedro, Tomé, unidos... Um som vindo do céu. 

No dia do prometido derramamento de poder celestial, a Palavra de Deus diz que veio do céu um som como de um vento (At 2.2). O que está ocorrendo atualmente em sua vida, em sua igreja, em seu movimento religioso? Isso tudo vem mesmo do céu? O u vem simplesmente dos homens? (Jr 17.9). Ou vem do astuto Enganador? Ê importante que reflitamos sobre a origem daquilo que sentimos. O verdadeiro revestimento de poder do Espírito vem do Alto (Lc 24.49; At 11.15), mas a Palavra de Deus nos alerta quanto a “outro espírito” (2 Co 11.4 ). Observemos que o Espírito Santo veio primeiramente como um som. 

Um som para despertar os dormentes; para acordar do sono espiritual. Um som para alertar de perigo; para avisar. Um som para convocar para o trabalho; para reunir (I Co 14.8). U m som para a igreja louvar a Deus, com “música de Deus” (I Cr 16.42; Cl 3.16). O som que veio do céu era como de um vento. Isto é, não houve vento natural de fato, e sim algo semelhante a seus efeitos sonoros, circundantes e propulsores. O que isso representa?


  • 0 vento fala de força impulsora, como nas velas dos barcos, nos moinhos.
  • O vento separa a palha do grão (SI 1.4; Mt 3.12); o leve do pesado.
  • O vento move e movimenta água, árvores.
  • O vento fertiliza, levando o pólen, a vida (Cl 4.16; Jo 3.5,8).
  • O vento limpa árvores, campos.
  • O vento não tem cor: favoritismo, individualismo, discriminação.
  • O vento não pertence a um clima único; é universal.
  • O vento move-se continuamente ( Ec 1.6; Gn 1.2).
  • O vento não tem cheiro, mas espalha perfume; aqui é importante refletir sobre o papel do Altar do Incenso, no Tabernáculo.( 2 Co 2.14,15).
  • O vento, quando se move, é infalivelmente sentido, notado. 11) O vento refresca e suaviza no calor.
  • O vento o ar alimenta e vivifica (pulmões, a vida orgânica).
  • Em Ezequiel 37.8-10, naquela visão que Deus deu ao profeta sobre um vale de ossos secos, vemos nos corpos: ossos, nervos, carne, pele, mas não vida, até que o Espírito assoprou sobre eles. Aleluia! Há muitos crentes por aí que têm de sobra “ossos, nervos, carne e pele”, porém falta-lhes a vida abundante do Espírito.
  • O vento é misterioso (Jo 3.8). Cabe aqui um aviso: devemos ter cuidado com as falsificações, isto é, os ventos nocivos, que não provém do Espírito de Deus (Mt 7.25; E f 4.14).

A casa ficou cheia. O som como de um vento veemente e impetuoso encheu toda a casa (At 2.2). Aquele primeiro derramamento do Espírito ocorreu numa residência, numa casa de família. Isso leva-nos a refletir sobre o importante papel da família cristã cheia do Espírito Santo, para a igreja. A família, como primeira instituição divina na terra, foi o meio pelo qual Deus iniciou o ciclo da história humana. Foi por meio dela, ainda, que Ele fundou a nação que traria o Messias ao mundo. E, por fim, o Senhor serviu-se de uma família para que dela nascesse o Messias. E devido a grande importância que a família tem para todos e para tudo na face da terra que o Inimigo com todas as suas hostes luta para destruí-la, inclusive dentro da igreja. Mas observemos como Deus cuida da família:

  • Em Atos 2.17, vemos que todos os membros da família estão incluídos na promessa pentecostal: “vossos filhos e vossas filhas, vossos jovens e vossos velhos”.
  •  Antes de julgar o mundo com um dilúvio, Deus proveu salvação para Noé e toda a sua família (Gn 6.18).
  • Em Exodo 12.3,4, vemos que o Senhor instruiu cada família a tomar um cordeiro para si. Na noite em que Ele julgou os egípcios, os israelitas foram milagrosamente salvos pelo sangue do cordeiro.

Na expressão “serás salvo tu e tua casa” (At 16.31) vemos a promessa de Deus para os chefes de família. Línguas como que de fogo. O texto de Atos 2.3 mostra que línguas como que de fogo foram repartidas. O verdadeiro Pentecostes tem algo para se ouvir do céu (“veio do céu um som”); para se ver do céu (“foram vistas por eles línguas”); e para repartir, também vindo do céu (“línguas repartidas”). Línguas estranhas seguem-se ao derramamento do Espírito; não o precede “Foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas” (At 2.4). Línguas, no derramamento pentecostal, indicam o evangelho falado, pregado, cantado, comunicado. Porém, são línguas “como que de fogo”, e não língua de flores. Vários dons do Espírito Santo são exercidos através da língua, da fala. Deus usou as línguas estranhas como sinal externo do batismo com o Espírito Santo, para demonstrar sua inteira posse e controle da nossa língua, ao batizar-nos (Tg 3.8). 

Mediante a comparação dos textos de Atos 2.4, 10.44-46 e I I. 15, vemos, pela lei da primeira referência, que as línguas estranhas são a evidência física inicial do batismo com o Espírito Santo. As línguas estranhas são apresentadas, também, como um dos dons do Espírito Santo (I Co 12.10,30). Quando comparamos as passagens de Atos 2.17 e 19.6, vemos que os dons espirituais podem ser concedidos por Deus no momento do batismo com o Espírito. Como foi o seu batismo? Como você foi ensinado sobre essas coisas da Bíblia? Essas línguas são “como que de fogo”, isto é, fogo sobrenatural, celestial, e não fogo estranho.

 

Vejamos a aplicação espiritual desse ״fogo do céu”:

  • O fogo alastra-se, comunica-se.
  • O fogo purifica. Contra a impureza espiritual, a principal força é o Espírito Santo.
  • O fogo ilumina. E o saber; o conhecimento das coisas de Deus. 4) 
  • O fogo aquece. A igreja é o corpo de Cristo. Todo corpo vivo é quente.
  • O fogo, para queimar bem, depende muito da madeira; se é boa ou ruim.
  • O fogo tanto estira o ferro duro, como a roupa macia.
  • Foi o fogo do céu que fez do Templo de Salomão a Casa de Deus (2 Cr 7.1; I Co 3.16). “Quem nasce sob o fogo não esmorece sob o sol”. Cheios do Espirito Santo.

 A caixa dágua, quanto mais cheia e mais alta, mas pressão e peso tem! Observe que, no dia de Pentecostes, não somente os crentes foram cheios, mas também o ambiente: a casa (At 2.2). Os símbolos e figuras manifestos ali falam de poder, como fogo e vento. Cheios do Espírito, usufruímos o poder, a energia e a força, mesmo não sabendo definir plenamente essas gloriosas manifestações do Espírito ( Jo 3.8). As nações.

No dia de Pentecostes, vemos que as nações estavam presentes (At 2.5). Jesus já havia feito a declaração sobre isso, em Atos 1.8. E aqui devemos refletir sobre evangelização e missões (Mc 16.15), obras que devemos fazer impulsionados pelo poder do Espírito Santo. Não há como negar aqui a realidade de que o verdadeiro movimento pentecostal terá de ser um movimento missionário, nacional e mundial! O verdadeiro movimento pentecostal, missionário, ora pelas missões; contribui para as missões; promove as missões! E um movimento que vai ao campo missionário.

A igreja que não evangeliza, muito breve deixará de ser evangélica.

 Por isso, devemos encarar com amor e responsabilidade, sob a orientação do Espírito, a obra da evangelização à nossa volta, levando sempre em conta o fenômeno da transculturação relacionado com Missões. A pregação da Palavra de Deus. Diante da manifestação do Espírito de Deus no dia de Pentecostes, muitos zombaram, dizendo: “Estão cheios de mosto” (At 2.13). Esses zombadores não eram pessoas ímpias, e sim religiosas. Hoje não acontece a mesma coisa? H á muitos zombadores e críticos religiosos. A Palavra de Deus afirma que, no último tempo haveria escarnecedores (Jd v. 18). E, quando não aparece um Judas Iscariotes do lado de dentro da igreja, surge um Pilatos do lado de fora, ainda se defendendo (Mt 27.24). Não obstante, devemos continuar a fazer, como Jesus, a obra que Deus nos confiou, pois sempre haverá críticos e zombadores. Pedro, então, cheio do Espírito Santo, pôs-se em pé e, além de dar uma resposta aos zombeteiros, pregou a Palavra de Deus (At 2.14,15). 

Reflitamos sobre este homem de Deus. Quem era Pedro antes do Pentecostes? Depois daquele dia em que o poder do Espírito desceu sobre ele, nunca mais foi o mesmo! Daí para a frente ele jamais mudou (I Pe I.I-5 ; 2,4). A teologia modernista, liberalista e especulativa está permeando o mundo. Que, à semelhança de Pedro, coloquemo-nos em pé e, pelo poder do Espírito, respondamos às suas críticas infundadas, pregando o evangelho. Qual foi, então, a resposta de Pedro? Ele disse: “isto é o que foi dito pelo profeta Joel”. Observemos que a primeira pregação da igreja foi pura exposição da Palavra de Deus (At 2.16-36). Nossos ministério e congregação experimentam um abundante e poderoso ministério da Palavra? E a pregação e o ensino pentecostal devem ter “endereço” certo: o coração do ouvinte  “E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração” (At 2.37). Há atualmente um esvaziamento da Palavra de Deus no púlpito de inúmeras igrejas. O tempo que deveria ser da Palavra do Senhor é ocupado por música e canto profissionais  não o genuíno louvor  e atividades sociais, restando alguns minutos para a pregação da Palavra de Deus. 

Daí o elevado número de “retardados espirituais” nessas igrejas. Como está a sua igreja, em particular? E preciso vigilância com os chamados hinos especiais duplos e triplos de cantores, conjuntos e corais. Vemos, em Exodo 30.34-38 e 2 Crônicas 29.27, como são necessários equilíbrio e dosagem na adoração a Deus. Considere, aqui, o texto de I Coríntios 14.40 à luz da expressão “porão em ordem”, relacionada com o holocausto ao Senhor (Lv 1.7,8,12).

V. Como manter o poder do Espirito.

Há algumas coisas que ocorreram no primeiro Pentecostes que trazem à tona as condições da nossa parte para usufruirmos o verdadeiro poder pentecostal em nossos dias:

  • Obediência à vontade do Senhor (Lc 24.49; At 1.12-14). A desobediência é um entrave à operação divina em nossa vida (At 5.32).
  • União e unidade entre os crentes (At  I .4; 2.1; Ef 4.3). Imaginemos João, Pedro, Tomé e outros, em conjunto com as mulheres, com as suas diferenças, todos reunidos...
  • Oração perseverante e unânime (At I.I4 ). Mas, além de valorizarmos tais condições, que possibilitam o usufruto do poder do Espírito, não podemos ignorar a importância de o conservarmos.

Na Lei havia apagador de fogo (Ex 25.38), mas na Graça, não (Mt 12.20; I Ts 5.19)! Nesta última referência, a mensagem para nós é clara: “Não apagueis o Espírito” (ARA), como temos enfatizado ao longo desta obra. A conservação do poder do Espírito Santo vem pela constante renovação espiritual do crente. Em Tito 3.5 está escrito que a regeneração é seguida da renovação ( At 4.8,31; 6.5; 7.55; 11.24; 13.9,52; Rm 12.2; 2 Co 4.16; E f 4.23; 5.18; Cl 3.10). A vida espiritual renovada também recebe destaque no livro de Salmos (92.10; 103.5; 104.30; 1 19.25,37,40,50,88,93,97,154,156,159). Se não atentarmos para a necessidade da contínua renovação espiritual, corremos o risco de “terminar na carne” (Gl 3.3).

 

 VI Ministrações do Espírito ao crente

Em razão de suas operações dinâmicas (Gn 1.2), o Espírito Santo é mais mencionado no Antigo Testamento como “Espírito”. Já no Novo Testamento, Ele é mais citado como “Espírito Santo”, o que destaca seu principal ministério na igreja: santificar o crente. Essa distinção de oficio do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento é claramente percebida em 2 Coríntios 3.7,8. O versículo 8 assevera: “Como não será de maior glória o ministério do Espírito? ” O novo nascimento pelo Espírito (Jo 3,3-8). O novo nascimento abrange a regeneração e a conversão, que são dois lados de uma só realidade. Enquanto a regeneração enfatiza o nosso interior, a conversão, o nosso exterior. Quem diz ser nascido de novo deve demonstrar isso no seu dia-a-dia. A expressão “de novo” (v.3), de acordo com o texto original, significa “nascer do Alto, de cima, das alturas”. Isto quer dizer que se trata de um nascimento espiritual realizado pelo Espírito Santo. O homem natural, portanto, desconhece esse novo nascimento (vv.4-12; Jo 16.7-11 ;T t 3.5).

A habitação do Espirito no crente (Jo 14.16,17; Rm 8.9).

No Antigo Testamento, o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.1 Ib), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espírito habita no crente (Jo 20.21,22). Este privilégio é também reafirmado em I Coríntios 3.16; 6.19; 2 Coríntios 6.16; e Gaiatas 4.6. O testemunho do Espirito de que somos filhos de Deus (Rm 8.15,16). Esse testemunho é uma plena convicção produzida no crente pelo Espírito Santo de que Deus é o nosso Pai celeste (v. 15) e de que somos filhos de Deus: Ό mesmo Espírito testifica... que somos filhos de Deus” (v. 16). E, pois, um testemunho objetivo e subjetivo, da parte do Espírito Santo, concernente a nossa salvação em Cristo.

 A atuação do Espirito Santo para a salvação. É a vida de fé (Rm I.17), “pelo Espírito” (G1 5.5). Tal fé, segundo Atos 11.24, procede do Espírito, a fim de que o crente permaneça fiel por meio da manifestação do fruto do Espírito (Gl 5.22b). Uma coisa decorre da outra. Os heróis de Hebreus 11 venceram “pela fé”, porque o Espírito a supria (2 Co 4.13; Hb 10.38). A santificação posicionai do crente. A santificação sob este aspecto é perfeita e completa “em Cristo”, mediante a fé. Ela ocorre por ocasião do novo nascimento (I Co 1.2; Hb 10.10; Cl 2.10; I Jo 4.17; Fp I.I), sendo simultânea com a justificação “em Cristo” (I Co 6.11; G1 2.17a). O batismo “do”ou “pelo”Espírito Santo (I Co 12.13; G13.27; Rm 6.3). Este batismo “do” ou “pelo” Espírito é algo tão real, apesar de ser espiritual, que a Bíblia o denomina como “batismo”. Em todo batismo, é evidente, há três pontos inerentes: um batizador; um batizando; e um meio em que o candidato é imerso. O batismo “com” ou “no”Espírito Santo (At 1.4, 5, 8; 2.1-4; 10.44-46; 11.16; 19.2-6). A evidência física desse glorioso batismo são as línguas sobrenaturais faladas pelo crente conforme o Espírito concede. È uma ministração de poder do Alto pelo Espírito, provida pelo Pai, mediante o Senhor Jesus (Jo 14.26; At 2.32,33). Como esse assunto merece um tópico à parte, o analisaremos abaixo.

 No batismo pelo Espírito Santo, o batizador é o Espírito de Deus (I Co 12.13); o batizando é o novo convertido; e o elemento em que o recém-convertido é imerso, a Igreja, como corpo místico de Cristo (I Co 12.27; E f 1.22, 23). Portanto, o Espírito Santo realiza esse batismo espiritual no momento da nossa conversão, inserindo o crente na Igreja (M t 16.18). Logo, todos os salvos são batizados “pelo” Espírito Santo para pertencerem ao corpo de Cristo — a Igreja, mas nem todos são batizados “com” ou “no” Espírito. A santificação progressiva do crente (I Pe 1.15,16; 2 Co 7.1; 3.17,18). Essa verdade é declarada no texto original de Hebreus 10.10,14.

 No versículo 10, a ênfase recai sobre o estado ou a posição do crente — santo: “Temos sido santificados”. O versículo 14, no entanto, não só reafirma o estado anterior, “santo”, como declara o processo contínuo de santificação em nosso viver aqui e agora proveniente de tal posição: “sendo santificados”. A oração no Espirito (Rm 8.26, 27; Ef 6.18; Jd v.20; Zc 12.10; I Co 14.14, 15). Esta ministração do Espírito no crente, capacita-o a orar, inclusive a interceder por outros. Logo, só podemos orar de modo eficaz se formos assistidos e vivificados pelo Espírito Santo. A “oração no Espírito” de que trata Judas, no versículo 20, refere-se a essa capacidade concedida pelo Espírito. O Espirito Santo como selo e penhor (2 Co 1.22; Ef I.I3, 14; 4.30; 2 Co 5.5). Devemos observar que, nos tempos bíblicos, o selo era usado para designar a posse de uma pessoa sobre algum objeto ou coisa por ela selada. Por conseguinte, indicava propriedade particular, segurança e garantia. Este selo, portanto, não é o batismo com o Espírito Santo, mas a habitação do Espírito no crente, como prova de que o mesmo é propriedade particular de Deus. Juntamente com o selo é mencionado o “penhor da nossa herança” (Ef I.I4). De modo semelhante ao selo, o penhor era o primeiro pagamento efetuado na aquisição de uma propriedade. Mediante esse “depósito”, a pessoa assegurava o objeto como sua propriedade exclusiva. Assim, o Senhor deu-nos o Espírito Santo, como garantia de que somos sua propriedade exclusiva e intransferível. O Senhor Jesus “investiu” em nós imensuráveis riquezas do Espírito como penhor ou garantia de que muito em breve Ele virá para levar para Si sua propriedade peculiar, a Igreja de Deus (T t 2.14). A unção do Espírito para o serviço. Jesus, nosso exemplo, foi ungido com o Espírito Santo para servir (At 10.38; Lc 4.18,19). Assim também a igreja recebeu a unção coletiva do Espírito (2 Co 1.21,22), mas alguns de seus membros são individualmente ungidos para ministérios específicos, segundo os propósitos de Deus.

Vejamos a unção do Espírito sobre o crente, conforme I João 2.20,27.

  • “Tendes a unção do Santo”. Esta unção santifica e separa o crente para o serviço de Deus.
  • “E sabeis tudo”. Também proporciona conhecimento das coisas de Deus em geral.
  • “Fica em vós” (v.27). Ê permanente no crente.
  • “Unção que vos ensina todas as coisas” (v.27).
  •  E didática, pois possibilita ensino contínuo das coisas de Deus.
  • “E verdadeira” (v.27).

Não falha, pois procede da verdade, que é Deus.

1)    “E não é mentira” (v.27). É sem dolo; sem falsidade.

É possível que houvesse entre certos líderes daqueles dias uma falsa unção, que imitava a verdadeira.

 Na conclusão de 2 Coríntios 3, prorrompe jubiloso o sacro escritor, a respeito da glória do ministério do Espírito: “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (v. 18). Todas essas maravilhosas ministrações e dádivas do Espírito Santo, dispensadas aos filhos de Deus (2 Co 3.8), são necessárias para fazermos a obra do Senhor no poder do Espírito, a fim de que muitas almas sejam salvas.

 

VII. O batismo com o Espírito Santo

 

Para compreender melhor a obra do Espírito, o leitor deve meditar profundamente nas seguintes referências: João 7.37-39; Lc 24.49,52; At 1.12-14; 2.1-4.

O comentário que se segue é um desdobramento desses textos, dentro dos limites do espaço de que dispomos. Dos cerca de quinhentos irmãos que viram Jesus ressurreto e ouviram o seu chamado para o cenáculo em Jerusalém (Lc 24.49), apenas uns 120 deles atenderam ( I Co 15.6). O que acontecera aos demais que lá não foram? Nem todos buscam com fé, sede e perseverança conhecer a obra do Espírito Santo. A promessa no Antigo Testamento. Há várias promessas de Deus, no Antigo Testamento, do derramamento do seu Espírito sobre o seu povo, mas a principal é a que foi proferida pelo profeta Joel, uns oitocentos anos antes do advento de Cristo (Jl 2.28-32). A promessa no Novo Testamento. João Batista, o arauto de Jesus, foi homem cheio do Espírito Santo. Em todos os quatro Evangelhos ele confirma a promessa divina do batismo (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32,33; At I I . 16).

 Em Marcos 16.17, Jesus declarou: “falarão novas línguas”. Os críticos alegam que os versículos 9 a 20 do Evangelho Segundo Marcos não constam de certos manuscritos bíblicos antigos do Novo Testamento e que, portanto, esses versículos não são autênticos. Pouco importa o que os críticos digam. Deus não precisa de veredicto do homem na sua Palavra e nos seus assuntos. E o que dizer dos milhões que em todo o mundo falam em novas línguas sobrenaturais pelo Espírito hoje? Em Lucas 24.49, Jesus denominou a promessa como “a promessa de meu Pai”. O batismo com o Espírito Santo foi o último assunto de Jesus aos seus, antes da sua ascensão (vv.50,5I). Isso mostra que esse revestimento de poder do Alto é de inestimável relevância para o povo salvo. A declaração de Jesus, em João 7.38,39, deve ser estudada juntamente com Atos 2.32,33. O apóstolo Pedro, após ser batizado com o Espírito Santo e pregar no dia de Pentecostes, encerrou o seu sermão citando a promessa do batismo, agora cumprida no cenáculo em Jerusalém (At 2.1-4).

O cumprimento ia promessa. No Antigo Testamento, o privilégio especial do povo de Deus Israel foi receber, preservar e comunicar a revelação divina, as Santas Escrituras (Rm 3.1,2; 9.4; 2 Co 3.7). Já o privilégio especial do povo de Deus no Novo Testamento, a Igreja, é receber o Espírito Santo: na conversão (Jo 3.5; 14.16,17; 16.7; 2 Co 3.8,9; Rm 8.9); no batismo com o Espírito Santo; e, subsequentemente, através da vida cristã (At 4.8,31; 9.17; 13.9,52; E f 5.18).

O Espírito Santo já foi derramado, segundo a palavra profética de Joel 2.28-32, mas não ainda na sua plenitude. Todos os sinais sobrenaturais mencionados na referida profecia, bem como no texto paralelo de Atos 2.16- 21, ainda não se cumpriram em plenitude. Também em Joel 2.28, diz Deus: “derramarei o meu Espírito”, enquanto em Atos 2.17, o mesmo Deus diz: “derramarei do meu Espírito”.

Pequenas palavras com grande significado e alcance nos desígnios divinos.

 Concepções errôneas.

Muitos crentes não tem recebido o batismo com o Espírito Santo por não entenderem claramente a doutrina do batismo com o Espírito Santo.

Algumas das concepções erradas são:

  •        Pensam que o batismo é o mesmo que salvação
  •     O   batismo com o (ou “no”) Espírito Santo não é a salvação. A salvação é uma milagrosa transformação que se efetua na alma e na vida da pessoa que, pela fé, recebe Jesus Cristo como seu Salvador. Sua origem está na graça de Deus (Rm 3.24; Tt 2.11). Seu fundamento é o sangue de Jesus Cristo (Rm 3.25; I Jo 2.2). Seu meio de recepção ou apropriação é a nossa fé em Cristo (At 16.31; Ef 2.8). Os discípulos de Jesus que foram batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes já eram salvos, como já mostramos. Na conversão, recebemos vida de Deus; no batismo com o Espírito recebemos poder de Deus.
  •        Acreditam que o batismo é a habitação do Espírito no crente. Porém, o batismo não é a habitação interior do Espírito em nós. Na habitação, Ele está dentro; no batismo, Ele enche em plenitude. É uma experiência indizível; indescritível; por isso, cada filho de Deus deve usufruir esta experiência!
  •        Confundem o batismo com a santificação.

No entanto, o batismo com o Espírito Santo não é a santificação do crente.

A santificação posicionai é, a um só tempo, instantânea e completa, no momento do milagre da nossa regeneração. E a nossa santificação objetiva, “em Cristo” (Hb 10.10). Também não é a santificação subjetiva e progressiva na nossa vida cristã diária neste mundo (Hb 10.14).

 Aqui diz a Palavra literalmente: “os que estão sendo santificados”, como na Versão ARA

O que é o batismo com 0 Espírito. É um revestimento e derramamento de poder do Alto, com a evidência física inicial de línguas estranhas, conforme o Espírito Santo concede, pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus (Lc 24.49; At 1.8; 10.46.1 Co 14.15,26). Já o batismo “do” Espírito, como vemos em I Coríntios 12.13, Gálatas 3.27 e Efésios 4.5, trata-se de um batismo figurado, apesar de ser real. Todos aqueles que experimentam o novo nascimento, que é também efetuado pelo Espírito Santo (Jo 3.5), são por Ele imersos, batizados, feitos participantes do corpo místico de Cristo, que é a sua Igreja, no sentido universal (Hb 12.23; I Co I2.I2ss). Nesse sentido, todos os salvos são batizados pelo Espírito Santo. Já quanto ao batismo com o Espírito, conquanto seja para todos os salvos, nem todos são batizados. A Escritura Sagrada, ao tratar de Israel como o povo escolhido de Deus da antiga dispensação, declara: Έ todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar” (I Co 10.2). “Batizados em Moisés” tem o sentido de “para unirem-se a Moisés”; “para pertencerem a Moisés”. O grandioso milagre da travessia de Israel pelo meio do mar, com a presença da nuvem divina protetora no alto, separou aquele povo sob Moisés como um corpo. O mar era ali algo material, mas a nuvem divina era sobrenatural. Em I Coríntios 10.2, na expressão “batizados em Moisés”, a partícula original é eis, que significa: “para ingressarem, unirem-se, pertencerem a”.

Certas denominações, por desconhecerem ou rejeitarem o batismo com o Espírito Santo conforme Atos 1.5 e 2.4, confundem-no com esse batismo de que estamos tratando. A evidência física inicial do precioso batismo com o Espírito são as línguas estranhas sobrenaturais conforme o Espírito conceder (At 2.4; Mc 16.17). Embora o batismo seja um dom, uma dádiva de Deus para seus filhos (At 2.38,29), ele precede os dons espirituais mencionados nas epístolas, principalmente em I Coríntios I2 .I-II. Jesus empregou o termo “batismo” ao referir-se ao ato do batismo com o Espírito Santo (At 1.5; 11.16).

João Batista, o precursor de Jesus, homem cheio do Espírito, também se referiu ao batismo com o Espírito mediante o termo “batismo” (Mt 3.11; Mc 1.8).

Três condições para receber 0 batismo no Espírito.

  •  Em todo batismo há três condições para que esse ato se realize:
  •   Um candidato a ser batizado;
  • Um batizador do candidato;

·       E um elemento ou meio em que o candidato vai ser imerso.

 No batismo de que estamos tratando o batismo com o Espírito Santo, o candidato é o crente; o batizador é o Senhor Jesus; e o elemento ou meio em que o candidato é imerso é o Espírito Santo.

O batismo com o Espírito Santo, a um só tempo, é:

  • Uma ditosa promessa da parte de Deus “a promessa do Pai” (At 1.4).
  • Uma dádiva celestial inestimável “o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
  • Uma imersão do crente no espiritual e sobrenatural de Deus “sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1.5). A partícula original desta referência também permite a tradução “batizados no Espírito Santo”.
  • Um revestimento de poder do Alto (Lc 24.49). 


E como alguém, estando já vestido espiritualmente, ser revestido de poder do céu. O termo “revestido”, no original, conduz essa ideia. As línguas estranhas. Por meio das línguas estranhas, o crente edifica-se a si mesmo, espiritualmente (I Co 14.4). Línguas da parte do Espírito é o único dos dons, do qual está escrito que edifica o seu portador. Os demais dons edificam a igreja. Daí o apóstolo Paulo tanto falar em línguas em suas devoções pessoais diante de Deus (I Co 14.18; 39). As línguas são apresentadas na Bíblia como um meio de o crente falar a Deus. Isto é, falar “a” Deus na dimensão do Espírito Santo, “em linha direta” (I Co 14.2). Também em línguas, pelo Espírito, “falar das maravilhas de Deus” (At 2.11). Elas também são um meio de o crente, em seu espírito, orar a Deus, e também interceder, na dimensão do Espírito Santo (I Co 14.14,15; Rm 8.26; Ef 6.18; Jd v.20). Por meio das línguas, o crente louva e adora a Deus, inclusive cantando, dando graças a Deus (I Co 14.15-17; Ef 5.19), falando de suas grandezas e magicando a Deus (At 2 .1 1; 10.46). De acordo com I Coríntios 14.21,22, as línguas são também um “sinal” para os descrentes: “sinal para os infiéis”. Leia também Isaías 28.11.

 As línguas são, ainda, apresentadas nas Escrituras como dom do Espírito Santo: dom de “variedade de línguas” e dom de “interpretação das línguas” (I Co 12.10,28,30; 14.5,13,26-28). Como receber 0 batismo com 0 Espírito. A luz da Palavra de Deus, o batismo com o Espírito Santo é para pessoas de qualquer nação ou “toda carne” (At 2.17); de ambos os sexos ou “filhos e filhas” (At 2.17); de qualquer idade ou “vossos mancebos e vossos velhos” (At 2.17); de qualquer camada social ou “os meus servos e as minhas servas” (At 2.18). Enfim, o batismo no Espírito é para os judeus, o povo escolhido por Deus (At 1.13,14); os samaritanos, o povo misto e menosprezado (At 8.17); os romanos, o povo tido como auto-suficiente (At 10.44-46); os gregos, povos gentílicos (At 19.6); e para os anônimos e desconhecidos — dos quase 120 irmãos batizados com o Espírito Santo no dia de Pentecostes, somente doze deles são mencionados por nome (At I 3-15). Os demais não são mencionados.

O batismo é para quem já tem 0 Espírito Santo. “Habita convosco” (Jo 14.17); “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). E também a “tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.39). Sendo o candidato já salvo.

O batismo com o Espírito Santo é para quem já é salvo. Os discípulos, ao serem batizados no dia de Pentecostes, já tinham os seus nomes escritos no céu (Lc 10.20); já eram limpos diante de Deus (Jo 15.3); já tinham em si vida espiritual, assim como o galho da videira está unido ao seu tronco (Jo 15.4,5,16); já tinham sido por Cristo enviados para o seu trabalho, dotados de poder divino (Mt 10.1; Lc 9.1,2; 10.19). E preciso crer com convicção na promessa divina do batismo. O batismo é chamado “a promessa do Pai” (Lc 24.49; At 1.4; 2.16,32,33). E somente pela fé em Cristo que recebemos o batismo (G13.14). Não é por mérito, haja vista ser um dom, uma dádiva de Deus para seus filhos. Buscando 0 batismo com sede, em oração (At 1.4,14; Jo 7.37-39; Lc I I.I3 ). Adorando a Deus com perseverança. 

Louvando sempre a Deus. Bendizendo ao Senhor. Alegrando-se em Deus. Assim fizeram os candidatos antes do derramamento do Espírito, no dia de Pentecostes (Lc 24.52,53). Vivendo em obediência à vontade do Senhor (At 5.32). Para você que busca o batismo, há alguma área da sua vida não submissa totalmente a Cristo; Cuidando o crente da sua espiritualidade. Em João 15.2, Jesus disse: “Limpa toda aquela que dá fruto”. É o crente separando-se do mundo quanto à sua iniquidade e pecados — “o mundo não pode receber”, disse Jesus, referindo-se ao Espírito Santo (Jo 14.17). Perseverando em unidade fraternal. Isso também eles fizeram antes de receberem o poder do Espírito (At I.14). Os resultados do batismo com 0 Espírito.

Os resultados e efeitos desse glorioso batismo em nossa vida são muitos.

 

  • Edificação espiritual pessoal, mediante o cultivo das línguas estranhas (I Co 14.4,15). Edificar, como está na Bíblia, não é exatamente o mesmo que construir. Paulo foi tão grandemente edificado na sua vida cristã em geral e como obreiro, pelo muito que o Espírito operou nele mediante as línguas (I Co 14.18). Línguas não faladas em público, mas consigo e com Deus.
  • Maior dinamismo espiritual, mais disposição e maior coragem na vida cristã para testemunhar de Cristo e proclamar o evangelho; para efetuar o trabalho do Senhor. Compare, nesse sentido, os discípulos de Jesus, antes e depois do batismo com o Espírito Santo, como foi o caso de Pedro — compare Marcos 14.66-72 com Atos 4.6-20.
  • Um maior desejo e resolução para orar e para interceder (At 2.42; 3.1; 4.24-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26).
  • Uma maior glorificação do nome do Senhor “em espírito e em verdade” (Jo 4.24), nos atos e na vida do crente (Jo 16.13,14).
  • Uma maior consciência de que Deus é o nosso Pai celeste, e que nós somos seus filhos (Rm 8.15,16; G1 4.6).
  • O batismo é também um meio para a outorga por Deus, dos dons espirituais “falavam línguas e profetizavam” (At 19.6).

O derramamento do Espírito sobre o crente é chamado de batismo (At 1.5; Mt 3.11). Em todo batismo, como já vimos, tem de haver três condições: o candidato a ser batizado, o batizador e o elemento em que o candidato vai ser imerso. No batismo “com o” ou “no” Espirito Santo, o candidato é o crente; o batizador, o Senhor Jesus; e o elemento ou o meio em que o crente é imerso, o Espírito Santo.

 Há diferença entre ser cheio do Espírito Santo e ser batizado com o Espírito Santo. Uma garrafa pode estar cheia de água, e não “batizada” em água. Ela estará cheia de água e “batizada” quando estiver cheia de água e imersa em água ( Dt 34.9; Mq 3.8; Lc 1.67). Quanto à passagem de João 20.22, é preciso esclarecer que ali Jesus não se referiu ao batismo pentecostal. Faz-se, pois, necessária uma abordagem aqui, de três diferentes sopros divinos vistos nas Escrituras. O primeiro vivificou e animou o homem material, Adão (Gn 2.7).

O segundo vivificou e animou o homem espiritual, o crente (Jo 20.22). O terceiro sopro da parte de Deus, o batismo pentecostal, capacita o crente para o serviço do Senhor (At 2.2). O primeiro homem o homem natural, adâmico teve uma vocação terrena (I Co 15.47); o novo homem, criado em Cristo ressurreto, tem uma vocação especial, celestial, santificante (Hb 3.1; Ef 4.24). Portanto, como homens espirituais, necessitamos desse sobre-excelente e indispensável poder derramado sobre a igreja, e a promessa desse derramamento do Espírito é extensiva a todos nós. Se você ainda não é batizado com o Espírito Santo, busque incessantemente essa gloriosa dádiva celestial. Mas, se você já o é, atente para o que diz a Palavra de Deus, em I Coríntios 14.1: “Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar”.

 

 VIII. Os dons do Espírito Santo

 

O grande pregador e pastor inglês C.H. Spurgeon, em um dos seus escritos relata a história de uma velhinha que morava numa instituição para idosos po­bres que ele certo dia visitou. Nos pertences dessa senhora foi encontrado um documento bancário antigo, que lhe fora entregue como lembrança por alguém muito rico. Com permissão da velhinha, o pastor Spurgeon levou o documento a um banco e ficou sabendo que se tratava de uma elevada quantia em depósito, suficiente para aquela senhora viver muito bem pelo resto da vida. Partindo desse fato, Spurgeon concluiu que muitos crentes vivem em estado de grande pobreza espiritual por ignorarem as infinitas riquezas espirituais que estão a seu dispor, em Cristo, se as buscarem, conforme lemos em Efésios 3.8. Neste contexto, está a riqueza dos dons espirituais. Daí São Paulo escrever aos coríntios: “Acerca dos dons espirituais, não quero irmãos que sejais ignorantes” (I Co 12.1). A igreja da atualidade precisa mais e mais conhecer, buscar, receber e exercitar a provisão divina imensurável que há nos dons espirituais, para o seu contínuo avanço, edificação, consolidação e vitória contra as hostes infernais, e, ao mesmo tempo, glorificar muito mais a Cristo. Princípios doutrinários. Pelo menos dois princípios devem ficar bem patentes aqui, concernentes aos dons espirituais:

  • Uma pessoa que recebeu do Senhor dons do Espírito não significa que ela alcançou um estado de perfeição e que é merecedora das bênçãos de Deus. As manifestações e operações do Espírito Santo por meio de um crente jamais devem ser motivo de orgulho, seja ele quem for.
  • Assim como o crente não é salvo pelas obras, mas tão-somente pela graça divina (Ef 2.8; Tt 3.5), assim também os dons do Espírito Santo nos são concedidos pela graça de Deus para que ninguém se engrandeça “segundo a graça" (Rm 12.6).

 Na igreja de Corinto, certos crentes imaturos receberam dons espirituais e se descuidaram de crescer na fé e na doutrina. Problemas surgiram daí, afetando toda aquela igreja. Definição dos dons. Em seu sentido geral, o termo “dom ” tem mais de um emprego. H á os dons naturais, também vindos de Deus na criação, na natureza: a água, a luz, o ar, o fogo, a vida, a saúde, a flora, a fauna, os alimentos.

Há também os dons por Deus concedidos na esfera humana: os talentos, os dotes, as aptidões, as prendas, as virtudes, as qualidades, as vocações inatas.

O dom espiritual é uma dotação ou concessão especial e sobrenatural pelo Espírito Santo, de capacidade divina sobre o crente, para serviço especial na execução dos propósitos divinos para e através da Igreja. “São como que faculdades da Pessoa divina operando no ser humano” como aqui estudados não são simplesmente dons humanos aprimorados e abençoados por Deus. Foi a poderosa e abundante operação dos dons do Espírito que promoveu a expansão da igreja primitiva como se vê no livro de Atos dos Apóstolos e nas Epístolas. Foi dotada de dons espirituais que a igreja de então continuou crescendo sem parar e triunfando, apesar das limitações da época, da oposição e das perseguições. A obra missionária também avançou celeremente como fogo em campo aberto. As principais passagens sobre os dons espirituais são sete (I Co 12.1-11,28-31; 13; 14;Rm 12.6-8; Ef 4.7-16; Hb 2.4; 1 Pe 4.10,11). Além destas referências, há muitos outros textos isolados através da Bíblia sobre o assunto.

Abordaremos a partir de agora os cinco principais termos bíblicos designadores dos dons.

Estes termos descrevem a natureza dos dons.

  • Pneumatika (I Co 12.1). Os críticos e opositores dos dons alegam que, no original, aqui, não consta a palavra “dom ”. Não consta neste versículo, mas consta a seguir, em I Coríntios 12 e nos capítulos seguintes. O referido termo refere-se às manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo através dos dons ( I Co 12.7; I4.I).
  • Charismata (I Co 12.4; Rm 12.6). Falam da graça subseqüente de Deus em todos os tempos e aspectos da salvação.
  • 3) Diakonai (I Co 12.5). Isso fala de serviço, trabalho e ministério prático. São ministrações sobrenaturais do Espírito através dos membros da igreja como um corpo (I Co 12.12-27).
  • Energemata (I Co 12.6). Isto é, os dons são operações diretas do poder de Deus para a realização de seus propósitos e para abençoar o povo ( w.9,I0).
  • Phanerosis  I Co 12.7). Os dons são sobrenaturais da parte de Deus; mas, conforme o sentido do termo original, aqui, eles operam igualmente na esfera do natural, do tangível, do sensível, do visível.

 

1. Dons de manifestação do Espírito

 

Vamos agora classificar ou agrupar os dons com o objetivo de entender melhor o assunto. A primeira classificação é a dos dons de manifestação do Espírito em número de nove, conforme I Coríntios 12.8-10. Esses dons são formas de capacitação sobrenatural de pessoas, para a “edificação do corpo de Cristo” como um todo, e também para a bem-aventurança de seus membros, individualmente (vv.3-5,12,17,26

 

 Os capítulos 12 a 14 de I Coríntios têm a ver com esses maravilhosos dons. Eles são de atuação eventual, inesperada e imprevista (quanto ao portador do dom), tudo dependendo da soberania de Deus na sua operação. Esses dons manifestam o saber de Deus, o poder de Deus e a mensagem de Deus. Dons que manifestam o saber de Deus (I Co 12.8-10). 

Esses dons manifestam a multiforme sabedoria de Deus:

  • A palavra da sabedoria (v.8). E um dom de manifestação da sabedoria sobrenatural, pelo Espírito Santo. E um dom altamente necessário no governo da igreja, pastoreio, administração, liderança, direção de qualquer encargo na igreja e nas suas instituições.
  • A palavra da ciência (v.8). “Ciência” equivale, aqui, a “conhecimento”. Ê um dom de manifestação de conhecimento sobrenatural pelo Espírito Santo; de fatos, de causas, de ensinamentos, de ensinadores.
  • O dom de discernir os espíritos (v.IO). No original, os dois termos que designam este dom estão no plural. 

E um dom de conhecimento e de revelação sobrenaturais pelo Espírito Santo. E um dom de proteção divina para não sermos enganados e prejudicados por Satanás e seus demônios, e também pelos homens. 

Uma das principais atividades de Satanás é enganar (Ap 12.9; 20.8,10; I Tm 4.1). Os homens também enganam (Ef 4.14; I Jo 2.26; 2 Jo v.7). Líderes em geral inclusive de música pastores, evangelistas, mestres, precisam muito deste dom para não serem enganados. Dons que manifestam o poder de Deus (I Co 12.9,10).

Esses dons manifestam o poder dinâmico de Deus: 

  • A fé (v.9). E um dom de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo. Superação e eliminação de obstáculos, sejam quais forem, e de impedimentos; liberação do poder de Deus; intercessão. Não se trata aqui da fé no seu sentido salvífico (Ef 2.8); ou fé como fruto do Espírito (G1 5.22); ou fé significando o corpo de doutrinas bíblicas (G1 1.23); ou fé como o aspecto puramente espiritual da vida cristã (2 Co 13.5). Trata-se da fé chamada “fé especial”, “fé miraculosa”. Este dom opera também em conjunto com vários outros dons.
  • 0 dom de curar. Ou “dons de curas”, literalmente (v.9). Isto é, este dom é multiforme na sua constituição e na sua operação. Ê uma sublime mensagem para os enfermos, não importando a sua doença. São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura das doenças e enfermidades do corpo, da alma e do espírito, para crentes e descrentes. Esses “dons de curas” operam de várias maneiras: através da Palavra; através de outro dom; uma palavra de ordem; um olhar; mãos. Os dons de curas abrangem o ser humano em sua totalidade; já o dom da fé, além do ser humano, abrange tudo mais, conforme os planos e propósitos de Deus.
  • A operação de maravilhas (v. 10). N o original, os dois termos que designam este dom estão no plural: “operações de maravilhas”. São operações de milagres extraordinários, surpreendentes, pasmosos; prodígios espantosos pelo poder de Deus, para despertar e converter incrédulos, céticos, oponentes, crentes duvidosos. ( Jo 6; At 8.6,13; 19.11; Js 10.12-14).

 Dons que manifestam a mensagem de Deus (I Co 12.10). 

Esses dons manifestam a mensagem da parte de Deus, poderosa, vivificante, criativa, edificante e consoladora (E em torno desses três últimos dons que ocorre mais falta de disciplina e de ordem nas igrejas, como também ocorreu em Corinto.).

  • A profecia (v. 10). E um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para “edificação, exortação e consolação” do povo de Deus (I Co 14.3). E um dom necessário a todos os que ministram a Palavra; que trabalham com a Palavra ( Lc 1.2b; I Tm 5.7). O grau da profecia na igreja hoje não é o mesmo da “profecia da Escritura” (2 Pe 1.20), que é infalível — a profecia da Bíblia. A profecia na igreja deve ser, pois, julgada. De fato, a Bíblia declara: “Em parte profetizamos” (I Co 13.9). A profecia da igreja está sujeita a falhas por parte do profeta; daí a recomendação bíblica de I Coríntios 14.29: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”. Por que a profecia é denominada o principal dom, conforme I Coríntios 13.2 e 14.1,5,39? Porque a profecia edifica a igreja como um corpo, e não apenas como indivíduos. Também porque a profecia é um meio de expressão de muitos dons (I T m 4.14a). A maior parte do tempo do culto deve ser para a ministração da Palavra de Deus, e não para a profecia, conquanto seja esta tão importante (I Co 14.29).
  • A variedade de línguas (v. 10). É um dom de expressão plural, como indica o seu título. É um milagre linguístico sobrenatural. Nem todos os crentes batizados com o Espírito Santo recebem este dom (I Co 12.30). Já as línguas como evidência física inicial do batismo, todos ao serem batizados no Espírito Santo as falam. As mensagens em línguas mediante este dom devem ser interpretadas para que a igreja receba edificação (I Co 14.5,27). O crente portador deste dom, ao falar em línguas perante a congregação, não havendo intérprete por Deus suscitado, deve este crente falar somente “consigo e com Deus” (I Co 14.4,28), isto é, falar em silêncio.
  • A interpretação das línguas (v. 10). Ê um dom de manifestação de mensagem verbal, sobrenatural, pelo Espírito Santo. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Tradução tem a ver com palavras em si; interpretação tem a ver com mensagem. As línguas estranhas como dom espiritual, quando interpretadas, assemelham-se ao dom de profecia, mas não são a mesma coisa. O dom de interpretação é um dom em si mesmo, e não uma duplicação do dom de profecia ( I Co 12.10,30; 14.5,13,26-28).


2. Dons de ministérios práticos

 

São administrações de serviços práticos, individuais e em grupo (Rm 12.6-8; I Co 12.28-30). Nestas passagens, eles aparecem juntamente com os demais dons espirituais, e sob o mesmo título original charismata “dons da graça”. São dons de ministração residentes no portador, pela natureza de sua finalidade junto às pessoas ou grupos: assistência, serviço, socorro, auxílio, amparo, provisão. São dons residentes nos seus portadores, pela natureza e objetivos de sua ação. Estes dons têm sido pouco estudados na igreja. Daí os equívocos e dúvidas existentes. São da mesma natureza espiritual e sobrenatural dos demais dons da graça de Deus. A Bíblia os coloca em conjunto com os demais dons (I Co 12.28). Ela usa para esses dons o mesmo termo original empregado para os dons de I Coríntios 12.4-10: charismata (Rm 12.6-8). Ministério (Rm 12.7). Ministração, servir, prestar serviço material e espiritual, sem primeiramente esperar recompensa, reconhecimento, retribuição, remuneração, com motivação e capacitação mediante este dom. E servir capacitado sobrenaturalmente pelo Espírito. Ensinar (Rm 12.7). Ensinar no sentido didático, como deixa claro o original. E o dom espiritual de ensinar, tanto na teoria, como na prática; ensinar fazendo; ensinar a fazer; ensinar a entender; treinar outros. Educar no sentido técnico desta palavra.

 Não confundir com o ministério do ensino, que tem a ver com ministros do evangelho, segundo Efésios 4.11; Atos 13.1 (“profetas e mestres”). Exortar (Rm 12.8). Exortar, aqui, é como dom: ajudar, assistir, encorajar, animar, consolar, unir pessoas desunidas, que não se falam; admoestar. Repartir (Rm 12.8). O sentido no original é dar generosamente, doar, oferecer, distribuir aos necessitados em primeiramente esperar recompensa ou reconhecimento, movido pelo Espírito Santo. Este dom ocupa-se da benevolência, beneficência, humanitarismo, filantropia, altruísmo. Presidir (Rm 12.8). E conduzir, dirigir, organizar, liderar, governar, orientar com segurança, conhecimento, sabedoria e discernimento espiritual. Isso em se tratando de igreja, congregação, instituição, etc. Para alguém presidir desta maneira, só mesmo tendo de Deus este dom! A tendência natural de quem lidera e preside é ser duro, dominar somente pela autoridade, ser insensível. Exercitar misericórdia (Rm 12.8). Este dom refere-se a assistência aos sofredores, necessitados, carentes; fracos, enfermos, presos, visitação, compaixão. Socorros (I Co 12.28). Literalmente “achegar-se para socorrer”. É o caso de enfermos, exaustos, famintos, órfãos, viúvas.

É um dom de ação plural. Governos (I Co 12.28). E um dom plural no seu exercício. Ê dirigir, guiar e conduzir com segurança e destreza. O termo original sugere pilotar uma embarcação com segurança, destreza e responsabilidade.

 

3. Dons na área do ministério

 

Esses dons são enumerados em Efésios 4.11 e I Coríntios 12.28, 29, a saber: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores ou mestres. Alvos e resultados dos dons espirituais. De acordo com I Coríntios 12.7, “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil”. 

Vejamos quais são os alvos e resultados dos dons espirituais:

  •  A glorificação do Senhor Jesus em escala muito além da natural e humana (Jo 16.14).
  • A confirmação da Palavra de Deus anunciada, pregada e ensinada (Mc 16.17-20; Hb 2.3,4).
  • O crescimento constante e real, em quantidade e qualidade, da obra de Deus na igreja, na evangelização e nas missões (At 6.7; 19.20; 9.31; Rm 15.19).
  • A “edificação” espiritual da igreja de Deus como um corpo e como membros individualmente (I Co 12.12-27). Jesus afirmou: “Eu edificarei a minha igreja” (Mc 16.18), mas na ocasião Ele não disse como ia edificar. Mas em Atos e nas Epístolas vemos que é em parte através desses dons divinos de que estamos a tratar. 
  • O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.11,12). Isso jamais é possível por parte do homem, ou das coisas desta vida, mas é possível para Deus (Lc 18.27). O exercício dos dons do Espírito. Toda energia e poder sem controle é desastroso. Estudando I Coríntios 14.26,32,33 e 40, vemos que Deus nos concede dons, mas não é responsável pelo mau uso deles, por desobediência do portador à doutrina bíblica, ou por ignorância desta. 


A eletricidade quando domada nas subestações, torna-se apropriada ao consumo doméstico, mas nas linhas de alta tensão é letal e destruidora. Também não adianta ter um bom freio no carro sem o seu potente motor, como muitos fazem nas igrejas mornas, frias e secas. Elas têm freio e direção no “carro”, porém falta-lhes o ativo e poderoso motor. O uso dos dons na igreja deve ser regulado e equilibrado pela Palavra de Deus, corretamente entendida, interpretada e aplicada. A Palavra e o Espírito interpenetram-se e combinam-se em sua operação conjunta na igreja. A Palavra é a espada do Espírito, e o Espírito interpreta e emprega a Palavra.

Na igreja, a predominância da doutrina do Senhor corrige erros, evita confusão e repara estragos. Ela, quando ensinada e aplicada, neutraliza o fanatismo, que é zelo religioso sem entendimento são exageros, práticas antibíblicas, emocionalismo, gritaria e outros desmandos. Por sua vez, quando o Espírito predomina, neutraliza o formalismo, que é excesso de regras, regulamentos, legalismo, rotina religiosa, formalidades secas e enjoativas, mornidão, fórmulas, ritos e coisas assim. Quem recebe dons de Deus, a primeira coisa a fazer é procurar conhecer o que a Palavra ensina sobre o exercício deles. Em Corinto havia abuso dos dons, enquanto em Tessalônica havia carência deles, por tanto refreio. E de pasmar em nossas igrejas a carência da doutrina bíblica sobre essas manifestações do Espírito  os dons espirituais. O resultado disso aí está em muitos lugares: fanatismo, práticas antibíblicas, meninices, confusão, escândalo e desonra para o evangelho que pregamos.

No exercício dos dons e de outras manifestações do Espírito Santo, ninguém que aja desordenadamente e cause confusão, dentro da congregação e fora dela, venha a dizer que está agindo assim por direção do Espírito Santo. Ele não é o autor de tais coisas! Responsabilidade quanto aos dons.

É preciso haver responsabilidade quanto aos dons, a fim de que não haja mau uso deles.

  • Conhecer os dons. “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (I Co 12.1).
  • Buscar os dons. “Procurai com zelo os melhores dons” (I Co 12.31).
  • Zelar pelos dons. “Procurai com zelo os dos espirituais” (I Co I4 .I).
  • Ser abundante nos dons. “Procurai progredir neles, para a edificação da igreja” (I Co 14.12).
  • Ter autodisciplma nos dons. “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (I Co 14.32).
  • Ter decência e ordem no exercício dos dons. “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (I Co 14.40). Portanto, poder, sinais, curas, libertação e maravilhas devem caracterizar um genuíno avivamento pleno de renovação espiritual e pentecostal. N o entanto, tudo deve ser livre de escândalos, engano, falsificação, e segundo a decência e ordem que a Palavra de Deus preceitua (I Co 14.26-40).

4. O mau uso dos dons espirituais

 

O uso dos dons na igreja deve ser regulado e equilibrado pela Palavra de Deus. A Palavra e o Espírito interpenetram-se, combinam-se em sua operação conjunta na igreja. A Palavra é a espada do Espírito (Ef 6.17), e o Espírito interpreta e usa a Palavra. A predominância da doutrina do Senhor corrige erros, evita confusões e repara estragos. Quando aplicada e observada, a doutrina do Senhor neutraliza o fanatismo, que é zelo sem entendimento, exagero, práticas antibíblicas, emocionalismo.

Por sua vez, a predominância do Espírito Santo neutraliza os extremos do formalismo, que é excesso de regras, regulamentos, legalismo, rotina, formalidade, mornidão, fórmulas, ritos.

Os dons espirituais não devem operar sem o fruto do Espírito (G1 5.22; I Co 13; Jo 15.1-8). Quem recebe os dons, a primeira coisa a fazer é procurar conhecer o que diz a Palavra sobre o exercício deles. Havia abuso dos dons em Corinto, e carência deles em Tessalônica (I Co 14; I Ts 5.19,20). A igreja de Corinto. Os cultos da igreja de Corinto eram notadamente pentecostais (I Co 12; 13; 14). Segundo o apóstolo Paulo, nenhum dom faltava àquela igreja (I Co 1.7). Todas as manifestações espirituais do Espírito Santo tinham lugar ali (I Co 12.4); as diversidades de ministérios do Senhor Jesus (I Co 12.5); e as diversas operações do próprio Deus (I Co 12.6). N o entanto, a igreja estava envolvida em diversas dissensões e litígios (I Co 1.10; 6 .I -I I; I I . 18), pecados morais graves (I Co 5), além de desordem no culto de adoração a Deus (I Co 11.17-19). Outrossim, os crentes eram imaturos e carnais (I Co 3.1-4).

A desordem era tal que o próprio culto tornou-se um entrave para o progresso espiritual dos crentes.

  • Dissensão ou partidarismo (I Co 11.18; 1.10-13; 3.4-6). “Ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões”. O termo “dissensões” empregado em I Coríntios I I . 17 e 1.10 descreve a destruição da unidade cristã por meio da carnalidade. Em vez de gratidão a Deus, para promover a comunhão uns para com os outros e “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (E f 4.3), os crentes reuniam-se para o culto com “espírito faccioso”.
  • Carnalidade (I Co 3.1-3). “Não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais” (v.I). Havia membros da igreja de Corinto guiados e cheios do Espírito Santo (I Co 1.4-9; Rm 8.14), mas muitos eram carnais (v.I). Carnal, como já vimos, é o crente, ele ou ela, cuja vida não é regida pelo Espírito (Rm 8.5-8); que tem muita dificuldade de entender os assuntos espirituais (I Co 2.14) e vive em contendas, difamações. A mente e a língua do carnal é malfazeja até durante o sono (Rm 8.5; G1 5 .I9 -2 I; Pv 4.16). Esse tipo de crente é uma perturbação no culto de adoração a Deus.
  • Intemperança (I Co I I.2I). Na liturgia da igreja primitiva era comum a Ceia do Senhor ser precedida por uma festividade chamada de agápe ou festa de amor (2 Pe 2.13; Jd v.I2).

No entanto, alguns crentes coríntios em vez de fortalecerem o amor e a unidade cristã antes da Ceia do Senhor, embriagavam-se. Os ricos se fartavam de tudo, enquanto os pobres padeciam fome (v.2I). Isso alguns faziam “para sua própria condenação” ou castigo (v.29). Esses cristãos cometiam o erro de transformar uma festa espiritual, o culto, em uma festa profana. Veja as consequências disso nos versículos 30,31. Muitos crentes, em Corinto, eram ignorantes quanto ao uso correto dos dons espirituais (I Co I2 .I; 14.26-33). A manifestação dos dons espirituais é “dada a cada um para o que for útil” (I Co 12.7). Os propósitos de Deus neles é edificação, consolação, exortação, crescimento espiritual e aperfeiçoamento do corpo de Cristo (I Co 14.3, 26; Ef 4 .II-I4 ; Rm 12.4-8). Mas, para que assim seja, é necessário que haja sabedoria, ordem e decência quanto ao uso dos dons (I Co 12.1; 14.40). O crente não é proibido de falar em línguas, nem o profeta de profetizar no culto (I Co 14.39), contanto que seja conforme a doutrina bíblica (I Co 14.12, 19,26, 39). A expressão-chave do ensino contido em I Coríntios 14.26-40 é: “Faça-se tudo para edificação” (v.26). “Edificação” quer dizer “construir como um processo”, ou seja, crescimento sólido, gradual, uniforme e constante na vida do crente. Os cristãos de Corinto ignoravam o propósito evangelístico e edificador do culto na vida espiritual do crente (I Co 14.23-25), pois exibiam vaidosamente seus dotes espirituais, provocando balburdia e dissensões (I Co 14.27-30). A Bíblia recomenda que todos, pelo Espírito Santo, falem em línguas e profetizem (I Co 14.5), mas que também exerçam os dons espirituais com sabedoria, ordem e decência (I Co 14.26-33,37-40), a fim de que o nome do Senhor seja glorificado (I Co 14.25), o incrédulo seja convertido (I Co 14.22-25) e a igreja edificada (I Co 14.26). Visões e revelações. É de pasmar o descaso em nossas igrejas, da carência do ensino da Palavra sobre essas manifestações do Espírito — os dons espirituais. O resultado aí está em muitos lugares: fanatismo, práticas antibíblicas, meninices, confusão, escândalo e desonra para o evangelho, ou desprezo e indiferença dos crentes pelos dons.

Um exemplo disso é o caso de “visões” e “revelações”.

Revelações em si não são um dom.

Há pessoas por aí afora dizendo-se portadoras do “dom de revelação”. Não há especificamente tal dom. Sonhos, visões e revelações sobrenaturais, sim, podem ser expressões do dom da ciência (I Co 12.8). Deus criou não somente coisas visíveis, mas também as invisíveis (Cl I.I6 ). Por sua vez, coisas invisíveis podem se tornar visíveis. Deus, que criou e sustenta todas as coisas, também as controla como quer. Igrejas inteiras, famílias e crentes à parte têm padecido muito por causa de falsas visões, revelações e sonhos da parte de visionários, às vezes fanáticos, outras vezes mentecaptos, e ainda por cima trapaceiros. E necessário que, sem sufocar o genuíno entusiasmo e fervor espiritual, ou provocar frieza na fé, os dirigentes de trabalho, através da doutrina bíblica, regulem e controlem essa intensa “onda” de visões e revelações falsas, que tanto perturbam e prejudicam os crentes na fé. Todo poder sem controle é desastroso. Deus nos concede poderosos dons, mas não é responsável pelo mau uso deles, por desobediência do portador à doutrina bíblica, ou ignorância desta. O fogo em casa é indispensável, quando sob controle no fogão, mas como incêndio... é um sinistro! A eletricidade, nas linhas de alta tensão é letal; nas subestações é domada, tornando-se apropriada ao consumo doméstico, Um carro é utilíssimo quando dotado de bons freios. Por outro lado, de nada adianta bons freios se o carro não tiver um potente motor... O que acontece em igrejas mornas e secas? Têm freios e direção, mas lhes falta o ativo e poderoso “motor” do Espírito. No autêntico exercício dos dons espirituais o Espírito santo é soberano. O fato registrado em Atos 19.11,12 não significa doutrina sobre o assunto nem modelo para ser copiado. Expulsão de demônio à moda de exorcismo.

O costume hoje em dia praticado por determinadas pessoas, de chamar endemoninhados à frente, praticar expulsão de demônios à moda de exorcismo, manipulando as pessoas, expulsando demônios “à prestação”, como se eles estivessem saindo da vítima aos poucos, é prática reprovável e antibíblica. Os demônios são expulsos, sim, por direção e poder do Espírito Santo, mas de maneira bíblica, original, sem deixar dúvidas, confusão, nem escândalos. Jesus nos mandou chamar pecadores e expulsar demônios... Em muitos lugares, está ocorrendo o inverso: estão chamando demônios e expulsando os pecadores. Sim, pois estes saem confusos, iludidos, escandalizados, sem saber ao certo se estiveram num culto santificado a Deus, ou numa sessão espírita! Em muitos lugares, os pecadores saem piores do que chegaram. É isso operação dos dons espirituais? Nunca! Poder manifesto de Deus não significa escândalo, promiscuidade, desordem, grosseirismo e puro emocionalismo, que, uma vez passado, Pneumatologia — a Doutrina do Espírito Santo 205 só resta frustração, engano, medo e revolta interior. Isso que pode ser atuação dos chamados “espíritos familiares” (Is 8.19) é mais uma operação diabólica para confundir os neófitos e perturbar a boa marcha do trabalho do Senhor. Falsos obreiros. Tenhamos cuidado! Está dito na Palavra de Deus que não somente houve entre os fiéis falsos profetas, mas que haverá também, nos dias atuais (2 Pe 2.1). Deus não é de confusão. A ausência de continuado e metódico ensino bíblico sobre a Pessoa do Espírito Santo e suas genuínas operações resulta nisso. O inimigo aproveita a ignorância dos crentes; ele aproveita enquanto os trabalhadores dormem, para semear a má semente. Não se confunda gritos, trejeitos, gestos desconexos, pulos, linguagem impressionante, barulho emotivo e algaravia pública com o real poder do Espírito Santo. Espiritualidade e poder de Deus não implicam desordem e escândalo para gregos, judeus e Igreja de Deus.

Há uma série de pretensos obreiros desautorizados acolhidos por certos grupos religiosos, promovendo por si próprios movimentos ditos carismáticos, mas sem qualquer base bíblica, sem conhecimento da doutrina, sem experiência cristã e ministerial, sem cultura bíblica e secular, sem ordem, de ministério irregular, inescrupulosos, irreverentes, gananciosos, explorando o povo e as igrejas, iludindo a fé dos incautos e aproveitando-se da credulidade das massas, até que os escândalos provoquem uma reação negativa e acabe tudo em nada! Os tais obreiros ostentando a coleção inteira de sinais de um falso profeta, em lugar de procurarem expulsar demônios, e praticar curandeirismo, eles é que deviam ser expulsos! Dizendo-se autorizados por Deus, arrogam-se autoritários, não aceitando qualquer conselho bíblico, chegando a ponto de quererem provar seus erros mediante a Palavra de Deus! Poder, sinais e maravilhas devem caracterizar um genuíno avivamento, pleno de renovação espiritual e pentecostal, mas livre de escândalos, enganos, falsificação e mistificação; dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua.

 O certo é que esses pseudo-obreiros estão causando sérios estragos dentro e fora da igreja, especialmente na área da expulsão de demônios, cura divina, revelações, visões, profecia e línguas estranhas. Não duvidamos de que muitas dessas pessoas tenham recebido uma chamada divina para um ministério de poder, mas estragaram-na porque começaram a laborar fora do plano divino revelado nas Escrituras. Como em 2 Reis 6.5, perderam o ferro do machado; só têm o cabo agora. Se eles deram fruto a princípio, não permaneceram assim. A vitória e a aprovação divina iniciais não significam continuidade da operação divina nem frutos permanentes, caso a pessoa saia do plano bíblico: “para que deis fruto, e o vosso fruto permaneça”. Assim disse Jesus (Jo 15.16).

Quem reconhece ter recebido um ministério de pregação acompanhado de sinais e maravilhas, pelo poder de Deus, exerça-o, mas segundo a doutrina bíblica, apegado sempre à Palavra. Não é nunca possível um tal ministério frutificar mais e mais e permanecer assim, sem o instrumento humano conservar-se na humildade, na simplicidade e na pureza doutrinária da Palavra de Deus.

Um obreiro pode receber o mais rico ministério de libertação e conservar-se profundamente bíblico, dentro dos ditames de ética ministerial e da Palavra de Deus. O espirito do profeta e o Espirito do Senhor.

Precisamos fazer a nossa parte, a fim de que o Espírito realize a dEle. E isso está relacionado com a liturgia, conjunto dos elementos que compõem o culto cristão (At 2.42-47; I Co 14.26-40; Cl 3.16).

Embora seja possível liturgia sem culto, não há culto sem liturgia (Is I .II -I 7 ; 29.13; Mt 15. 7-9; I Co I I . 17-22).

A parte litúrgica compreende diversas partes do culto: oração (At 12.12; 16.16); cânticos (I Co 14.26; Cl 3.16); leitura e exposição da Palavra de Deus (Rm 10.17; Hb 13.7); ofertas (I Co 16.1,2); manifestações e operações do Espírito Santo (I Co 14.26-32); e bênção apostólica (2 Co 13.13; N m 6.23-27). Tom ando como base o livro de Atos dos Apóstolos e as Epístolas (At 2.1-4; Ef 5.19; Cl 3.16), vejamos como era o culto, nos tempos do Novo Testamento.

A promessa da efusão do Espírito (Jl 2.28) cumpriu-se no dia de Pentecostes (At 2.16-18), quando os que estavam reunidos foram “cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.1-4). Essa experiência pentecostal repetiu-se em outras ocasiões:

  •  Em Samaria (At 8.14-20);
  • Na vida de Paulo (At 9.17);
  • Na casa de Cornélio (At 10.44-48);
  • E em Éfeso (At 19.1-7). Manifestações espirituais como essas foram acompanhadas de: falar em outras línguas (At 2.4; 19.6); poder (At 8.18,19);

Exultação a Deus (At 10.46); ousadia, poder e graça na pregação (At 4.31,33); e mensagens proféticas (At 19.6). O culto dos crentes primitivos que, nos primeiros dias da igreja em Jerusalém, não se distinguia muito da liturgia judaica (At 3.1), passou a ser dinâmico, espontâneo e com manifestações periódicas dos dons concedidos pelo Espírito Santo (Rm 12.6-8; I Co 12.4-11,28-31). Se alguém reconhece que tem recebido dons espirituais para um ministério de poder, o primeiro passo não é sair fazendo demonstrações pueris, escandalosas e antibíblicas. Não. O primeiro passo é conhecer o que a Bíblia ensina sobre um determinado ministério. Sabemos que a capacidade espiritual do obreiro vem de Deus, mas do seu preparo ele deverá cuidar, segundo está escrito: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). E mediante a Palavra de Deus que ele se torna hábil para toda boa obra (2T m 3.17). Ninguém que cometa escândalos e pratique as coisas negativas mencionadas neste tópico venha a dizer que agiu assim movido pelo Espírito Santo, porque Ele não é autor de desmandos, sejam quais forem. Que surgiriam tais coisas em nossos dias, sabemo-lo pela Bíblia (2 Pe 2.1,2), porém que elas e seus promotores permaneçam entre nós como sendo nossos, e dos nossos, não (I Jo 2.19)

 

IX. A plenitude do Espírito Santo

 

A recomendação da Bíblia aos crentes pentecostais é: “Não vos embriagueis com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). “Enchei-vos do Espírito”.

O verbo traduzido por “enchei-vos” traz no original quatro lições importantes:

  • E um imperativo pois se trata de uma ordem.
  • Está no plural por isso, aplica-se a todos os crentes.
  • Está na voz passiva o que significa que a ação de estarmos cheios do Espírito é atribuição dEle.
  • Está no tempo presente contínuo isto é, designa uma ação constante, contínua, perene.

Portanto, pode ser traduzido como “Deixai-vos encher continuamente do Espírito”. Enchendo-nos continuamente do Espírito para cultuar a Deus. Os crentes de Éfeso só poderiam continuar enchendo-se do Espírito, se já estivessem cheios dEle anteriormente.

Na verdade, eles já haviam sido batizados com o Espírito, conforme Atos 19.1-7. Quando o crente é cheio e se mantém renovado pelo Espírito Santo, o culto cristão é caracterizado por: “salmos, e hinos, e cânticos espirituais” (Ef 5.19). O fruto do Espírito. Em I Coríntios 2.14— 3.3, vemos que Deus divide toda a humanidade em três grupos de pessoas.

Apenas três, e isso no sentido espiritual:

  • o homem natural, literalmente controlado pela sua alma (2.14);
  • o homem espiritual, literalmente controlado pelo Espírito Santo (2.15); e
  • o homem carnal, controlado, literalmente, pela sua natureza carnal (3.3).

 Ninguém escapa dessa classificação divina. Todos nós somos um desses "homens”. Identifique-se! O homem natural não é salvo. É irregenerado. E chamado de “natural” porque vive segundo a natureza adâmica, decaída. O homem espiritual é aquele que o Espírito Santo governa e rege seu espírito, sua alma e seu corpo. Nele, o seu “eu”, pela fé em Cristo, está mortificado, crucificado (Rm 6.11; Gl 2.19,20). Já o homem carnal, na conceituação bíblica, é o crente espiritualmente imaturo e que assim continua através da vida “meninos em Cristo” (I Co 3.1). A vida do crente carnal é mista, dividida, fracassada. Esse crente vive em conflito interior entre a sua natureza humana e a divina, sendo a sua alma o campo de batalha (Gl 5.13-26). O homem espiritual é o crente cheio do Espírito Santo, isto é, aquele em cuja vida o fruto do Espírito tem amadurecido (Gl 5.22,23; E f 5.9; Jo 15.1-8, 16). A evidência de que alguém continua cheio do Espírito é a manifestação do fruto do Espírito de Deus em sua vida (M t 3.8; 7.20). Se um cristão afirma ser nascido de novo, mas seu modo de viver dentro e fora da igreja desmente o que afirma, isso é uma contradição, um escândalo e uma pedra de tropeço para os descrentes e os cristãos mais fracos. É pela sua habitação e presença permanente no crente, regendo-o em tudo, que o Espírito produz o seu fruto, como descrito em Gálatas 5.22.

 

1. Pecados contra o Espírito Santo

 

Os pecados contra o Espírito Santo afetam terrivelmente a santidade. Ele é o Espírito Santo; o Espírito que nos santifica. Ele é muito sensível; é tanto que é simbolizado pela pomba. O único pecado imperdoável só pode ser cometido contra Ele; não contra o Deus Pai, nem contra o Deus Filho. Isso deve nos servir de alerta quanto ao pecado! Há seis principais pecados contra o Espírito Santo; que consistem em palavras, atitudes e atos. Entre os pecados por palavras, acham-se as afrontas verbais e as blasfêmias. As atitudes e os atos constam da resistência ao Espírito, e da recusa contínua de se cumprir a vontade de Deus. Resistir ao Espírito Santo. A resistência ao Espírito é o pecado inicial que se comete contra o Consolador (At 7.51). É dizer “não” continuamente ao convite da salvação; recusar ouvir e ler a Palavra de Deus; recusar os impulsos interiores do Espírito Santo dentro de nós (orar, testemunhar, apartar-se do mal). Resistir ao Espírito é também rebelar-se contra a autoridade divina (Is 63.10). Não só a direta, que é infrequente na Bíblia: mas a autoridade divina indireta, isto é, delegada por Deus. Esta é a forma predileta de Deus governar entre os homens, através da família (autoridade social); do governo (autoridade civil); e da igreja (autoridade religiosa).

Esse pecado, cometido por incrédulos e crentes, consiste ainda em adiar a decisão de obedecer ao Senhor. É, em resumo, resistir à voz de Deus, de todas as formas. E, uma vez cometida essa ofensa, as demais parecerão de somenos importância, visto que o coração do ofensor, afetado terrivelmente pela iniquidade, considerará o pecado algo comum e corriqueiro. O pecado de resistir ao Espírito pode ser compreendido pelo modo como Estêvão concluiu seu sermão diante dos anciãos de Israel: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7.51).

O pecado daqueles homens não era um ato isolado, mas contínuo: resistir “sempre” ao Espírito Santo. Quem resiste ao Espírito Santo recusa, de forma consciente, a vontade divina expressa pela terceira Pessoa da Trindade, mediante a Palavra de Deus e por meio de seu trabalho em nossos corações. A palavra “resistir”, empregada por Estêvão, no original, vai além de uma mera resistência. Significa lutar contra; lutar com afoiteza. O povo de Israel até hoje sofre as consequências de sua resistência contínua ao Espírito de Deus (I Ts 2.15,16). Os ouvintes de Estêvão “lutavam” contra o Espírito, empregando naquela peleja todas as suas forças ( Zc 7.12; Gn 6.3; Is 30.1; Ne 9.30; Ez 8.3,6). O povo de Deus fez isso por rebeldia contumaz, e o Espírito do Senhor voltou-se contra eles. Que relato terrível e condenatório (Is 63.10)! O leitor tem resistido ao Espírito Santo? Insultar ao Espírito Santo. Insultar ou agravar o Espírito Santo é um pecado que consiste em insultar, agravar, ultrajar a terceira Pessoa da Trindade. E rejeitar continuamente a Jesus isso pode ser uma pessoa, uma família, uma comunidade, uma nação. É um pecado cometido por incrédulos e crentes. Acostumados com o culto levítico, e sob perseguição por causa do evangelho de Cristo, os cristãos de origem judaica começaram a deixar a igreja e a retornar ao judaísmo centrado no Templo em Jerusalém. Em Hebreus 10.29, eles são incisivamente exortados a não fazê-lo: “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Aqueles irmãos cometeram três horrendos pecados: o de pisar o Filho de Deus; o de ter por comum o sangue da aliança; e o de agravar o Espírito Santo.

Agravar, como aqui é empregado, é afrontar, ultrajar, debochar, zombar, injuriar, insultar com desdém. Quem ultraja ao Espírito rejeita a Palavra de Deus com menosprezo e zombaria, continuamente. Além disso, tem o sangue redentor de Jesus como coisa sem valor, sem importância; rejeita com desdém e escárnio as ofertas da graça de Deus. Essa recusa ultrajante se deve ao fato de o crente 'ou descrente) não valorizar (negligenciar) os dons graciosos de Deus: o dom da salvação; o dom do Espírito; os dons espirituais. Tentar 0 Espírito Santo. E pecar conscientemente até quando o Espírito Santo suportar. É um pecado cometido também por incrédulos e crentes. Implica mentir ao Espírito (ora, Ele é a verdade: I Jo 5.6); enganar os servos de Deus como congregação, como corpo; e ser hipócrita.

O hipócrita devia saber que o Espírito Santo sonda e conhece os corações. Ananias e Safira cometeram esse pecado; mentiram ao Espírito; enganaram os servos de Deus; e quiseram mostrar-se melhores do que os outros, sem o serem, conforme lemos em Atos 5.1-10. ... Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade e reteve parte do preço, sabendo também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos. Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás 0 teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus  Então, Pedro lhe disse [a Safira]: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar 0 Espírito do Senhor? E logo caiu aos seus pés e expirou. E, entrando os jovens, acharam-na morta e a sepultaram junto de seu marido. A mentira ao Espírito Santo está categoricamente exemplificada na passagem em que Pedro, pelo Espírito Santo, denuncia a mentira de Ananias e Safira: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3). Qual é o sentido da palavra “mentira” aqui? O termo original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade. Ananias e Safira certamente ensaiaram essa mentira, como pode ser visto no versículo 9. Quais são as implicações de se mentir ao Espírito Santo? Quem mente ao Espírito Santo, menospreza a sua deidade; Ele é Deus (vv.3,4).

Como a terceira pessoa da Santíssima Trindade, Ele é onisciente, onipresente e onipotente. Isso significa que o Espírito Santo tudo sabe e tudo conhece. Logo, mentir e tentar o Espírito do Senhor (v.9), é testar a tolerância de Deus, isto é, pecar até enquanto Deus suportar, ( Nm 14.22,23; Dt 6.16; Mt 4.7). Entristecer 0 Espírito Santo. N a Epístola aos Efésios, exorta-nos Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (Ef 4.30,31).

O que é entristecer o Espírito Santo? O vocábulo original tem a ver com agravo, dor, aflição, angústia. Entristecer ao Espírito, um pecado cometido por incrédulos e crentes, consiste em fazer tudo aquilo que não agrada ao Espírito de Deus, como ser ingrato para com Deus; ser negligente na vida espiritual; ser esquecido das bênçãos divinas recebidas e das coisas de Deus em geral; ser rebelde, desobediente de modo contínuo para com Deus ( Is 63.10); ser mundano, o que implica infidelidade espiritual (Tg 4.5); e ser carnal (Gl 5.16). O que pode entristecer o Espírito Santo?

Toda conversação maligna e corrupta, que estimule os desejos pecaminosos e a luxúria, contrista o Espírito Santo.

O Espírito Santo também é entristecido quando, desprezando a vontade divina, preferimos seguir nossos desejos e ambições; quando o cristão não reverencia a sua presença manifesta e ignora a sua voz; e quando o crente não busca a sua vontade e direção. E importante considerar aqui os “nãos” divinos constantes de Efésios 4.26-30: Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes; trabalhando com as mãos e fazendo o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais 0 Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção. Muitos falsos ensinadores têm afirmado que não existem proibições para os crentes; os tais afirmam que é proibido proibir.

Mas, como vemos na referência acima, a Palavra de Deus apresenta muitos “nãos”, como:

  • “Não pequeis”.
  • “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”.
  • “Não deis lugar ao diabo”.
  • ” Não furte mais”.
  • “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe”.
  • “Não entristeçais o Espírito Santo”.

O Decálogo também consiste de tremendos “nãos” divinos! Será que sabemos ensinar mais do que Deus, que usa “nãos”? Apagar 0 Espírito Santo. Escrevendo aos crentes de Tessalônica, Paulo exortou-os: “Não extingais o Espírito” (I Ts 5.19). Como o Espírito Santo é comparado ao fogo, apagar ou extinguir o Espírito é abafar, reprimir, sufocar o calor e a luz provenientes dEle. E, pois, reprimir a voz do Espírito dentro de nós; opor-se à operação dEle em nosso meio; não se renovar espiritualmente; impedir a sua operação pelo mundanismo, materialismo e humanismo (Mc 4.19; Lc 8.14). Extinguir o Espírito Santo  um pecado cometido apenas por crentes é ser fanático religioso; desviar-se para “a direita” (observe que, em Isaías 30.21, o primeiro tipo de desvio para o qual Deus chama atenção é para “a direita”); enfim, é não dar ouvido a Ele, até que a sua voz não seja mais ouvida: Porém entendeste a tua benignidade sobre eles por muitos anos e protestaste contra eles pelo teu Espírito, pelo ministério dos teus profetas; porém eles não deram ouvidos; pelo que os entregaste na mão dos povos das terras (Ne 9.30).

Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra (Jo 8.43). O termo traduzido por “extinguir”, referente ao Espírito Santo, tem o sentido colateral de apagar aos poucos uma chama, um fogo que está a arder. Portanto, extinguir o Espírito é agir de modo a impedir, suprimir ou limitar a manifestação do Espírito do Senhor. Quando perdemos o primeiro amor, extinguimos ou apagamos de nossas vidas o Espírito de Cristo (Ap 2.4). Qual é o perigo de se extinguir o Espírito Santo? A extinção das operações do Espírito Santo na vida da igreja quando não é letal, a adoece e debilita, sem que ninguém o perceba. Mais tarde, resta somente a lembrança do passado quando o fogo do céu ardia. Sempre que for detectada a falta de operações do Espírito Santo em nosso meio, devemos clamar a Deus sem cessar por um avivamento espiritual. A extinção do Espírito Santo leva a igreja à mornidão espiritual (Ap 3.14-22). O fogo é o grande agente purificador natural, assim como o Espírito Santo é o grande agente purificador divino. Sendo assim, arrume bem a lenha (ponha ordem na vida; coloque a “lenha” em ordem); limpe o local do fogo (tire de sua vida “cinza”, “areia”, “água”, “coisas estranhas”, como as doutrinas falsas); areje o fogo (sem ar fresco, bom, o fogo se apaga); alimente o fogo (com lenha boa [Pv 26.20], combustível bom, o que é caro; o fogo é sempre bom; a lenha às vezes é ruim); e mantenha o equilíbrio do fogo isso requer “acendedores” e “apagadores” de “ouro puro” (Êx 25.38; 37.23). Blasfêmia contra 0 Espírito Santo. Este pecado é cometido por incrédulos (Mt 12.31,32; Mc 8.28-30; Lv 2 4 .1 1-I4). Implica atribuir continuamente os atos divinos a Satanás ( Mt 12.24). E a blasfêmia contínua, deliberada, consciente e abusiva contra o Espírito Santo. Trata-se de um “eterno pecado” (Mc 3.29). O pecado em apreço não pode ser cometido por ignorância (I Tm I.I3 ); não é cometido mediante uma fraqueza isolada, impensada; torna-se imperdoável, não porque Deus não queira ou não possa perdoar, mas porque o pecador, através desse pecado, afasta para longe de si a única Pessoa, o Espírito Santo, que podia convencê-la do tal pecado. Encontrava-se o Senhor Jesus numa sinagoga em Cafarnaum, a sua cidade, quando lhe trouxeram um endemoninhado cego e mudo. Jesus por sua compaixão libertou totalmente o homem possesso. Os fariseus alegaram que Ele operara tal milagre pelo poder do chefe dos demônios. Era o cúmulo do pecado deles contra o Espírito Santo (Mt 12.24). Jesus lhes disse: “Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.31,32; Mc 3.28-30; Lc 12.10). Os adversários de Jesus blasfemavam contra Ele e o Espírito Santo, declarando consciente, proposital e seguidamente que Jesus operava milagres pelo poder de Satanás, o chefe dos demônios (Mt 9.32-34; 12.22-24; Mc 3.22; Lc 11.14,15). Com essa blasfêmia, eles estavam rejeitando de modo deliberado o Espírito Santo que operava em Jesus, o Messias (Mt 12.28; Lc 4.14-19; Jo 3.34; At 10.38). A blasfêmia deliberada e consciente contra o Espírito Santo é imperdoável. O ser humano pode chegar a tal cegueira espiritual a ponto de blasfemar contra o Espírito. (Mt 23.16, 17, 19, 24, 26).

A blasfêmia contra o Espírito de Deus é a consequência de pecado similares que a precedem, como:

  •  Rebelar-se e resistir ao Espírito (Is 63.10; At 7.51).
  • Abafar e apagar o fogo interior do Espírito (I Ts 5.19; Gn 6.3; Dt 29.18- 21; I Ts 4.4).
  • O endurecimento total do coração cauterização da consciência e cegueira total. Chegando o ser humano a este ponto, torna-se réprobo quanto à fé (2 Tm 3.8) e passa a chamar o mal de bem e o bem de mal (Is 5.20). 

A blasfêmia contra o Espírito do Senhor é imperdoável porque sendo Ele o que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 1 6 .7 -1 1), e, que intercede por nós (Rm 8.26,27), é recusado, rejeitado e blasfemado (I Sm 2.25). Isso porque a obra salvífica do Pai e a do Filho estão completas, mas a do Espírito Santo continua até que todos os salvos cheguem ao céu (Ap 22.11)

 

As igrejas somente poderão lograr bom êxito em qualidade e quantidade quando se mantiverem nos padrões da sã doutrina e revestidas do poder do Alto. De poder de baixo (humano, terreno) não temos falta, mas necessitamos sempre do poder do Alto, que põe a igreja em marcha (Lc 24.49). É impensável um crente ou uma igreja sem o Espírito Santo. Não devemos cometer nenhum pecado contra Ele, a fim de que o mantenhamos conosco e em nós. Que o Senhor nos ajude a sermos sadios na fé, maduros no entendimento e zelosos na manutenção da chama do autêntico avivamento espiritual.

 

 2. Avivamento pelo Espírito

 

 Na Epístola aos Colossenses escrita no ano 61, aproximadamente, há menções da igreja de Laodicéia (2.1; 4.13,15,16) e dos crentes laodicenses (4.16).

Neste mesmo versículo, há também uma ordem para que a epístola em apreço fosse lida na igreja dos laodicenses, e que a epístola que viesse de Laodicéia fosse lida pelos colossenses. A Epístola de Laodicéia não foi incluída no cânon sagrado do Novo Testamento. A razão disso não está revelada — talvez fossem mensagens preventivas de Deus contra a mornidão e o formalismo espirituais, que estariam em formação naquela igreja. Deus previne, avisa e adverte de antemão, e às vezes chamando as pessoas pelo nome, como: “Abraão, Abraão”, “Simão, Simão”, “Moisés, Moisés”, “Saulo, Saulo”. A carta de Jesus à igreja em Laodicéia, por meio de João (Ap 3.14-22), é de aproximadamente 96 d.C. Se tudo foi assim, aquela igreja esfriou aos poucos, até chegar ao estado crítico descrito em Apocalipse, Necessidade de avivamento.

 Quando, em que estado de coisas e em que situação a igreja carece de um real avivamento do Espírito Santo?

Quando nela prevalecem as seguintes características negativas:

  • Calmaria espiritual, paralização espiritual, indiferença e comodismo (Ez 37.9).
  • Sonolência espiritual (Ef 5.14).
  • Insensibilidade espiritual, mas também insensibilidade moral e social ( Ef 4.19; Pv 23.35; I Tm 4.2).
  • Secularismo — ou mundanismo. E o crente conformar-se com o mundo; “dar na forma [fôrma] do mundo”, como diz literalmente Romanos 12.2 e não vos conformeis com este mundo”. É a contextualização da igreja com o mundo, o que está muito em voga hoje.
  • Postura do crente apenas defensiva quanto ao mal e ao pecado, e não de repúdio, aversão, horror e de combate espiritual contra ele.
  • Quando, na igreja, prevalece entre os crentes a hibernação espiritual (Ap 3.11). E o estado do crente que permanece meio-morto. Tem nome de que está vivo espiritualmente, mas na realidade está morto, sem vida, sem fervor, sem entusiasmo e sem condições de reagir a um tal estado de coisas. Uma igreja nesse estado pode ter: uma boa estrutura eclesiástica (“ossos”, Ez 37.3); muita organização (“nervos”, v.8); muito movimento e vaivém (“carne”, v.8); muito boa aparência (“pele”, v.8); mas tal igreja não tem vida espiritual vibrante, transbordante e dinâmica, pela ausência do “Espírito de vida” (Ez 37.8,9; Rm 8.2).
  • Também quando entre os crentes prevalece o desinteresse pelos cultos e passam a se interessar mais pelas coisas e passatempos seculares, profanos, tentando eles com isso preencher o seu vazio espiritual. 

Nesse estado, a perda de cultos pelo crente não lhe traz falta. Vem, por fim, o abandono da Casa de Deus (Hb 10.25; SI 27.4; 84.2,10; I22.I; Ag 1.4,9). No livro de Atos, vemos como Deus fez surgir a igreja avivada no Espírito Santo, coisa que os crentes de Israel desconheciam. Cremos e oramos que do mesmo modo Ele avivará poderosamente a sua igreja, nesses últimos dias que precedem a volta de Jesus. O avivamento espiritual, como no princípio, é uma necessidade em nossos dias. Hoje, muitas igrejas pensam estar experimentando um reavivamento, quando, na verdade, tudo não passa de inovação, misticismo, falsificações e mudanças injustificáveis na liturgia do culto. Características de um avivamento.

 Quais são, pois, à luz da Palavra do Senhor, as características de um genuíno avivamento, promovido pelo Espírito de Deus?

 

3. A contrição total

Num verdadeiro avivamento, há contrição total pelo Espírito Santo. Contrição é arrependimento, humilhação e confissão de pecados e males de todos os tipos, na presença do Senhor; é quebrantamento espiritual em nosso íntimo, acompanhado de profundo arrependimento de pecados. E tudo isso deve ser demonstrado também em nosso exterior, pela poderosa ação do Espírito Santo. Esses estados da alma têm a ver com o pecado, no seu duplo aspecto: como delito praticado e como estado imanente no ser humano isto é, a pecaminosidade da natureza humana. Desta forma do pecado, o crente precisa ser sempre vencedor, pelo “sangue da sua cruz [de Cristo]” (Cl 1.20), como bem nos mostra a passagem de Romanos 6. E num tal contexto espiritual que o avivamento se instala, e o Espírito Santo assume a primazia, predominando e prevalecendo. Infelizmente, quem retarda e impede o avivamento da igreja não são os incrédulos; somos nós, os crentes, inclusive obreiros. Basta ler passagens como 2 Crônicas 7.14 para se chegar a tal conclusão.

Um real avivamento inclui, sim, os obreiros da igreja ( Zc 3.3). Qual era o problema da igreja de Efeso? Seu pastor deixara o primeiro amor (Ap 2.4). E o da igreja de Sardes? Seu pastor estava morto no seu estado espiritual e não sabia (Ap 3.1). E o problema da igreja de Laodicéia? Seu pastor era morno (Ap 3.16). Meditemos sobre o termo “perfeito”, concernente ao crente no contexto do avivamento. O referido termo aparece em passagens como Deuteronômio 18.13; Mateus 5.48; 2 Coríntios I3 .I I e Colossenses 1.28. Ele, em suma, diz-nos que o nosso inteiro ser deve ser oferecido a Deus; tudo deve estar à disposição dEle: espírito, e alma, e corpo. Não retenha nada! Ponha tudo no altar. Em Marcos 12.30, vemos uma pormenorização disso: nossa afeição (“de todo o teu coração, e de toda a tua alma”); nossa cognição (“e de todo o teu entendimento”); e nossa volição (“e de todas as tuas forças”). Sim, um avivamento começa e continua pela reconsagração total do crente a Deus. Que façamos a oração do profeta Habacuque: “Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor , a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (3.2).

 

2)    4. O perdão e reconciliação.

 

No avivamento de Israel (I Rs 18), Deus usou como instrumento humano o profeta Elias. No cumprimento de sua missão, o primeiro passo deste profeta foi “reparar o altar do Senhor, que estava quebrado” (vv.30-32). Em seguida, ele colocou no altar doze pedras que representavam as doze tribos israelitas, completas e unidas, e não apenas dez, o que representaria incompletude e divisão de Israel, como era o caso do Reino do Norte (dez tribos), ao qual o profeta pertencia. E notável o fato de Elias trabalhar com doze pedras no altar, sendo ele do reino das dez tribos! O que pode fazer um povo dividido e desunido? Se, por acaso, realizarem alguma coisa de bom, os males de sua desunião e da sua rebeldia atrofiarão tudo o que se fizer. Em Ezequiel 37, no grandioso avivamento ali retratado, “cada osso se uniu ao seu osso” (vv.7,I7). Imagine um osso unindo-se a um corpo que não era o seu e, por conseguinte, diferente na idade, na altura, etc. Isso daria numa imensa e confusa babel, em que cada um estaria sem identificação, sem dono, sem direção; e logo a seguir: deformações, anomalias, teratias, como indivíduos e como grupo. Não é isso que está acontecendo por toda parte com os chamados movimentos avivalistas de renovação carismática? Sim, um avivamento não é só de quebrantamento de espírito, mas também de perdão total, com reconciliação entre os crentes, inclusive obreiros. Pessoalmente, este autor tem visto, em nosso país, obreiros causando, fomentando e acalentando inimizades no ministério. E ainda apresentam “justificativas”, além de, pior ainda, acharem que isso que fazem é uma virtude! Em Atos 4.32, no primeiro avivamento da igreja, a Bíblia diz: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam”. Deus pode fazer isso hoje, num reavivamento — a unidade espiritual do seu povo. Portanto, o avivamento genuíno envolve amplo perdão e reconciliação de uns com os outros; isto é, união e, sobretudo, unidade. O que pode fazer um povo descontente, dividido e desunido?

 

3)    5. A generosidade e abundância financeira.

 

Em Jerusalém ocorreu um avivamento de ampla e contínua generosidade entre os crentes, de abundância financeira, nas contribuições para a obra de Deus em geral: nos dízimos, nas ofertas, nas doações, na mão-de-obra voluntária, nos auxílios; enfim, na cooperação de todas as formas (Atos 4.32-37). Mas também deve haver restituição aos outros, de tudo o que for alheio, que, porventura, esteja em nosso poder. No avivamento espiritual sob o rei Ezequias, vemos em ação a liberalidade financeira, espontânea, do povo, movida pelo Espírito de Deus (2 Cr 31.5-10). No avivamento de Jerusalém ocorreu o mesmo. E que ocorra da mesma forma em nossos dias!

 

4)    6. A santidade interior e exterior.

 

 Segundo o modelo bíblico, o reavivamento resulta em santidade do crente em toda a sua maneira de viver (I Pe 1.15). Se um avivamento não resultar nisso — nessa mudança de vida — tudo não passará de mero entusiasmo, mecanicismo e emoção, como acontece com certos “avivamentos” orquestrados pelos homens. O avivamento sob Esdras e Neemias, nesse sentido, obteve grandiosos resultados (Ne 8; 9.1-38; 10.1-39; 13). A santificação deve ocorrer em “todo o vosso espírito, e alma, e corpo” (ITs 5.23). Isso significa que devemos ser santos em nosso viver, e em nossa conduta isto é, em nosso caráter, internamente, e em nosso proceder, externamente. Nossa vida natural é uma série diuturna de hábitos, práticas e costumes, que podem ser bons ou maus, ou um misto dos dois. E evidente que um povo santo, porque pertence a Deus, deve ter costumes santos. Mantenhamo-nos, pois, separados do mundo pecaminoso. Reflitamos sobre a advertência da Palavra de Deus registrada em Eclesiastes 10.8: “Quem fizer uma cova cairá nela, e quem romper um muro, uma cobra o morderá”.

 

“Abrir uma cova”, aqui, é iludir o povo; é fazer o povo errar e deixá-lo nesse estado. “Cova” é armadilha, embuste, laço, simulação. “Romper um muro” é eliminar a separação do pecado; é ficar indefeso às investidas do mal; é renunciar à condição de “povo peculiar” (Ex 19.5; Tt 2.14).

 

5)    7.A evangelização e missões.

 O avivamento promovido pelo Espírito Santo move e leva a igreja a evangelizar e a fazer missões entre os povos. Evangelização e missões são dois lados de um só assunto — de um mesmo trabalho para Deus ( At 1.8; 5.42; 8.4; 13.1-4). E este trabalho é a atividade principal de uma igreja avivada, um fato patente no livro de Atos dos Apóstolos, mas também na história subsequente da igreja, sempre que ela é reavivada.

 

6)    8. O louvor e adoração.

 

Num a igreja realmente avivada, ouvem-se os “cânticos espirituais”, mencionados em Efésios 5.19. O “som” vindo do céu ( At 2.2), quando do derramamento inicial do Espírito sobre a igreja, fala disto. O sentido de ‘espirituais”, aqui, vai muito além daquele que lhe é comumente atribuído nos dias de hoje. Uma igreja com avivamento do Espírito não precisa de artistas, de atores da música secular e de animadores de auditório como se a Casa do Senhor fosse um palco para comediantes, nem de shows musicais, nem de torcida, nem de assovios, por parte daqueles que só buscam chamar a atenção para si mesmos. Isso não é avivamento; é aviltamento!

 A igreja carece, sim, de “verdadeiros adoradores” que adorem a Deus em espírito e em verdade, conforme Jesus disse em João 4.24. Temos, atualmente, na igreja, não muito do verdadeiro louvor e adoração que agrada ao Senhor, porque tais coisas precisam ser precedidas de sacrifício espiritual ao Senhor (2 Cr 29.27,30; Hb 13.15; SI 50.23, “sacrifício de louvor”). Evitemos brincar de crente, de culto e de igreja. Isso só acontece numa igreja em que não há real avivamento. Em Mateus 6.2 e noutras passagens similares, Jesus verbera duramente contra os fariseus, chamando-os de hipócritas, porque brincavam de crente, simulavam, encenavam, fingiam espiritualidade. Pessoas assim são vazias de avivamento e poder; vazias do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

 

7)    9. A renovação e batismo com 0 Espírito.

 No genuíno avivamento há batismo com o Espírito Santo, com línguas estranhas, e manifestação dos dons espirituais ( SI 92.10; Ef 5.18). Outrossim, a operação de milagres pelo Espírito Santo, como os “sinais” prometidos por Jesus em Marcos 16.17,18, são uma realidade, num avivamento bíblico norteado pela doutrina (At 2.42,43).

 

8)    10. A intercessão e jejum.

A oração intercessória e o jejum, de modo constante, são partes integrantes dos avivamentos reais, segundo a história da igreja (At 2.42; 2 Cr 7.14; SI 119) aqui temos várias vezes o Salmista orando “vivifica-me” ou “aviva-me”. Que busquemos, pela oração intercessória, o avivamento, como fez o profeta Habacuque (c. 609-605 a.C.), o qual profetizou durante o declínio espiritual que se seguiu ao reinado de Josias (Hc 3.2).

 

9)    11. A Palavra de Deus.

A poderosa Palavra do Senhor sempre tem sido o instrumento inicial de Deus em todos os avivamentos (Ne caps. 8-10; Ed caps. 8-10). E não pode ser diferente hoje: “Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor , e como o martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23.29). O avivamento de que necessitamos deve ser de busca e de ensino da Palavra de Deus. Precisamos de um poderoso avivamento de ensino da Palavra de Deus, no templo, no lar, nos educandários da igreja, nas publicações, nos hinos cantados. (At 2.42; 5.42). Esse movimento de ensino da Palavra, por sua vez, conduz à salvação dos pecadores (At 13.12; SI 51.13; Lc 20.1). O avivamento pelo ensino da Palavra é necessário para que vidas sejam “moldadas” (Mt 28.19) por meio da “disseminação do conhecimento das coisas do Senhor” (Mt 28.20). Por exemplo, o avivamento espiritual que precedeu o primeiro advento de Cristo teve como instrumento divino a Palavra de Deus (Lc 3.2).

 

12. A destruição de ídolos.

O verdadeiro avivamento leva o crente a destruir os ídolos do coração. Sem uma vida avivada no Espírito, as coisas naturais desta vida logo se tornam “deuses” dentro de nós, como: riquezas, sucesso, posição ou status, cultura acadêmica, trabalho extremado de modo a deixar-nos sem tempo para a adorar a Deus, glutonaria, diversões e passatempos “inocentes”, vaidades do espírito humano. São nesses casos ídolos do coração (Ez 14.3,4,7). Um tal ídolo em nossa vida é tudo aquilo que nela toma o lugar do verdadeiro Deus, e que ocupa o nosso coração, todo nosso tempo e toda nossa atenção. Samuel, o admirável homem de Deus, no avivamento dos seus dias, exortou o povo a destruir os seus próprios ídolos (I Sm 7.3-6). Deus é o Senhor absoluto da nossa vida, ou somos nós que mandamos em nós mesmos? Não há meio-termo, pois Deus não divide o seu senhorio, nem a sua glória com ninguém. Jacó, ao experimentar um avivamento do céu em sua vida, deu um basta nos ídolos de casa (Gn 35.1-4). Em I João 5.21, está escrito: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”. Ora, tratando-se aqui de cristãos, a referência é a ídolos do coração. O modelo do avivamento pelo Espírito. Não há dúvidas de que a solução divina para neutralizar, deter e restringir os males que acossam os santos nesse tempo do fim é um verdadeiro avivamento, segundo o modelo da Palavra de Deus: sem inovações descabidas, sem distorções, sem manipulação humana, sem intermediários. O Espírito Santo é soberano. Que o Senhor nos avive segundo a sua Palavra, como bem disse o Salmista (119.25,154).

Em Levítico 10, dois sacerdotes ofereceram “fogo estranho” perante o Senhor e foram mortos no mesmo instante, ali mesmo. '*Fogo estranho” era o fogo profano, não-sagrado, não aprovado por Deus; fogo não obtido do altar dos sacrifícios. Desse tipo de logo existe muito por aí, atualmente. Se a Lei continuasse em vigor hoje, os cemitérios estariam repletos de falsos avivalistas mortos. Atestado de Óbito: “Morte espiritual prematura por falsa identidade ideológica cristã”. Mas esse avivamento segundo o modelo bíblico — promovido pelo Espírito, pois “o Espírito é o que vivifica” (Jo 6.63) — é harmônico e equilibrado (Èx 25.37,38; I Rs 7.49,50). O fogo sagrado das lâmpadas do candelabro era regulado, para que não se apagasse, mas também para que não se excedesse. Para isso, havia acendedores ou espevitadores (lit., “avivadores”), bem como reguladores do fogo (lit., “ajustadores do fogo, da chama”). Nunca devemos interpretar a Bíblia à luz das nossas experiências espirituais, mas interpretar as nossas experiências espirituais à luz da Palavra de Deus. Do contrário, cairemos no experiencialismo extremado e antibíblico, como estamos vendo acontecer nos dias de hoje. Avivamento na casa de Deus e no lar. Somente o verdadeiro avivamento nos leva a amar, zelar e ser assíduos, na Casa de Deus. Leia em sua Bíblia estas passagens: Levítico 19.30; Salmos 27.4; 84.10; 93.5; Eclesiastes 5.1 e João 2.13-17. A Casa do Senhor vem sofrendo hoje, em muitos sentidos; tudo por falta de avivamento dos que a frequentam. O avivamento deve acontecer igualmente na família, no lar cristão. Não podemos ter igrejas avivadas, despertadas, renovadas, santificadas, com lares distanciados de Deus, indiferentes e mesmo refratários ao avivamento espiritual. Há várias passagens que comprovam esse avivamento a partir da família (Gn 35.1-7; Ne 8.2,3; Ed 8.21; 10.1; 2 Cr 20.13; 31.18; Êx 38.8).

 Vemos, em Deuteronômio 20.5, que uma casa “edificada” precisa ser também “consagrada”. O avivamento pentecostal que ocorreu na origem à igreja, no dia de Pentecostes, ocorreu num lar, numa casa de família, e continuou assim (At I.1 3; 5.42; Rm 16.5; I Co 16.19; Cl 4.15; Fm v.2). É oportuno lembrar que o termo “lar”, no seu original latino, indica uma laje fortemente aquecida na cozinha da casa isto é, o lugar onde permanecia aceso o fogo da casa; daí advém a palavra “lareira”. O avivamento espiritual (ou reavivamento) é uma intervenção divina na vida da igreja, onde e quando Deus quer, em resposta ao clamor da igreja despertada para um avivamento (2 Cr 7.14). Precisamos, pois, nesses últimos dias, de um real avivamento — bíblico, soberano, poderoso, divino, sobrenatural, irresistível e duradouro , incomparavelmente maior do que todos os precedentes, conforme a palavra profética de Joel 2.28. Em Atos 2.17,18, está escrito: “E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão” (At 2.17,18). Mas a plenitude da promessa pentecostal, conforme Joel 2.29,31 enfatizada por Pedro de modo parcial , aguarda um pleno cumprimento futuro, como já vimos: “derramarei o meu Espírito”. E esse avivamento atingirá a igreja, em geral, e as suas instituições.

 

“Aviva, ó Senhor, a tua obra!”

 

X. A cooperação do Espírito na obra missionária

Ao aceitar o convite divino para a maravilhosa salvação em Cristo (Mt 11.28; Tt 3.5), recebemos a bendita tarefa de anunciar as virtudes do Senhor Jesus Cristo, que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (I Pe 2.9). Ele nos confiou “a palavra desta salvação” (At 13.26). Mas, para termos êxito nessa Grande Comissão do Senhor, conforme Marcos 16.15, precisamos da capacitação do Espírito Santo (Jo 14.17; Mc 16.20; 2 Co 3.5), pois é Ele quem nos unge para evangelizar (2 Co 1.21) e convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11). A Grande Comissão. A Grande Comissão de Jesus à sua igreja abrange a evangelização à nossa volta e a obra missionária (M t 28.19; Mc 16.15). Jesus derramou do poder do Espírito sobre os seus servos, no dia de Pentecostes (At 2.17), para que se tornassem suas testemunhas tanto na cidade onde estavam como em outras, até à extremidade da terra (At 1.8). A urgência da evangelização. Evangelizar significa “anunciar as boas novas” (Hb 4.2; Rm 10.15). E isto é uma obrigação de cada salvo: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” (I Co 9.16). Nos últimos momentos entre os seus discípulos, Jesus enfatizou o dever de cada crente proclamar o Evangelho no poder do Espírito (At 1.6-8; Lc 24.47-49). Não nos esqueçamos de que a evangelização deve ser pessoal, isto é, pessoaa-pessoa, e igualmente em massa, como em tantos casos relatados no Novo Testamento (At 8.6, 26-35). Esse assunto é muito urgente! Quem passa desta vida para a outra sem Jesus está perdido para sempre. Portanto, embora o número de evangélicos brasileiros seja expressivo algo em torno de 20% da população, a maioria não se preocupa com a evangelização. Sabemos também que o principal movimento pentecostal do mundo está em nosso país. Por isso, “não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20). O Brasil é hoje o país com mais espíritas no mundo, e o primeiro colocado, na América Latina, em prostituição infantil. Além disso, temos aqui milhares de alcoólatras e viciados em outras drogas, bem como um número expressivo de menores abandonados. Estes e outros dados alarmantes devem nos despertar para a urgência da evangelização. Deus conta conosco. O Pai estabeleceu o plano de salvação (Ap 22.17; G1 4.4,5; Ef 2.8,9), o Filho pôs o plano em execução (Jo 17.4; 19.30), e o Consolador convence os pecadores e os converte, realizando o milagre do novo nascimento (Jo 16.8-11; 3.5). Deus quer usar aqueles a quem Ele salvou para a salvação da humanidade: a família; a vizinhança; os estrangeiros; os ricos e pobres; etc. Ele quer salvar a todos (I Tm 2.4). A urgência da obra missionária. Esta envolve a transculturação (I Co 9.20- 22; Cl 3.11), haja vista os diversos costumes e cultura dos povos do mundo, que influenciam na implantação, na formação e na preservação de igrejas autóctones. Nem todo crente pode ir para o campo missionário, mas todos podem interceder em oração, contribuir financeiramente, e ajudar de muitas outras maneiras (Rm 10.8-17). “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”. “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (At 2.47b; 5.14). Depois da plena evangelização de Jerusalém (At 5.28), o Senhor permitiu uma perseguição e dispersão dos crentes, que levaram as boas novas a Samaria, Judéia e outras regiões daquele país (At 8.1-5; 9.31; I I . 19-24). Não demorou muito para que o mundo conhecido ouvisse o Evangelho, graças à ação do Espírito naqueles crentes fervorosos, cheios de graça e de poder (Rm 10.18; 15.19; Cl 1.6,23). O desafio principal da igreja. O mundo de hoje conta com mais de seis bilhões de habitantes. Destes, cerca de dois bilhões nunca ouviram a mensagem de salvação! O número de evangélicos em todo o mundo não chega a um bilhão, segundo os centros de informação missionária. N a igreja primitiva, todos evangelizavam incessantemente em toda parte, no poder do Espírito, com sinais e milagres (At 8.4,6,7). Precisamos em todo tempo estar revestidos do poder do Alto, para dar continuidade a essa urgente obra, a fim de que, como eles, alvorocemos o mundo para Cristo (At 17.6). Em I Coríntios 1.22,23, vemos a importância da Grande Comissão de Jesus Cristo. Enquanto uns (com o os judeus) se preocupam com sinais, e outros (como os gregos), em buscar sabedoria, nosso objetivo deve ser a evangelização de todos, em todo o mundo. Tem os hoje muitos pregadores eloquentes nos templos; mas é o poder do Espírito que faz de nós ganhadores de almas, no mundo.

1.  Assistência do Espírito na evangelização pessoal.

O Espírito Santo dirige os nossos passos, como no caso de Filipe relatado em Atos 8.26-38. Ele também ajuda-nos a superar os obstáculos apresentados pela pessoa evangelizada (Jo 4.7-29), desde que nos preparemos (I Pe 3.15), firmando-nos em seu poder, e não em nossas palavras (I Co 2.1-5). Assistência do Espírito na pregação em público. O segredo do êxito, em cruzadas evangelísticas, é buscar, em oração, a assistência do Consolador. Tomando como base às campanhas realizadas pela igreja primitiva, vemos o que acontece quando se prega a Palavra de Deus, no poder do Espírito Santo: salvação de almas (At 2.41; 4.4); sinais miraculosos (At 8.6,7); grande alegria (At 8.8); e batismo com o Espírito Santo (At 8.14-17). Assistência do Espírito na obra missionária.

 

 Em Atos 13, vemos como a assistência do Espírito Santo é imprescindível à obra missionária:

  • Escolha. Em Antioquia havia cinco profetas e doutores, e o Espírito de Deus escolheu o primeiro e o último da lista: Barnabé e Saulo (w. 1,2). Por que não o primeiro e o segundo? Porque a chamada é um ato soberano dEle (Hb 5.4).
  • Envio. Eles foram também enviados pelo Espírito (vv.3,4). A igreja apenas os despediu, pois é Ele quem escolhe e envia (Mc 3.13,14).
  • Capacitação. Paulo e Barnabé manejavam bem a Palavra de Deus (w .16-44), eram cheios do Espírito, de ousadia (v.46) e tinham autoridade divina para repreender os que se lhes opunham (vv.5-I2; At 4.31).
  •  Direção. Guiados pelo Consolador, eles faziam discípulos numa cidade e partiam para outra (vv.46-5I). Graças à direção e à providência do Espírito, o evangelho, tendo alcançado a Europa (At 16.6-10), chegou tempos depois a América do Norte, de onde vieram para o Brasil os missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, pioneiros do Movimento Pentecostal em nosso país! Antes de sua ascensão, Jesus mencionou os aspectos da obra missionária. O alvo: “ensinai todas as nações” (Mt 28.19).

A abrangência: “todo o mundo... toda criatura” (Mc 16.15). A mensagem: “o arrependimento e a remissão dos pecados” (Lc 24.47). O modo: “assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21). E o poder: “recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós” (At 1.8). Para alcançar o alvo, em toda a sua abrangência, pregando a mensagem certa e de modo apropriado, precisamos do poder do Alto (Lc 24.49). Portanto, “Não extingais o Espírito” (I Ts 5.19).

 

2. A renovação pelo Espírito

 

Há vários fatores que ocasionam o envelhecimento ou a decadência espiritual. Os mais comuns são a rotina, a imaturidade, a frieza, o descaso e, por fim, a estagnação da vida cristã. Há crentes que perdem o entusiasmo e o fervor dos primeiros dias de fé, acostumando-se a uma vida sem poder, testemunho, oração, consagração e crescimento. Nesta situação, se não houver uma reversão imediata, o crente pode desviar-se dos caminhos do Senhor, o que será ainda pior. Aquele fervor espiritual do início da conversão deveria ser conservado, mantendo assim aberto o caminho da renovação pelo Espírito Santo (Lv 6.13; Jó 14.7-9; SI 92.10; 119.25; Lm 5.21; T t 3.5). O que é renovação espiritual. Renovar significa “tornar novo”, “recomeçar”, “refazer”, “reaver”, “retornar”.

N a renovação espiritual, o Espírito Santo restaura e revigora a obra que anteriormente havia iniciado na vida do crente (SI 103.5; Rm 12.2; Ap 2.4,5; SI 51.10; Cl 3.10).

 Renovar espiritualmente é:

  • Retornar às experiências espirituais do passado. No início da fé cristã, o crente recebe do Senhor bênçãos extraordinárias que antes da conversão jamais poderia obter: fortificação pela fé em Cristo, certeza de vida eterna, batismo com o Espírito Santo, dons sobrenaturais, milagres, comunhão com Deus, santidade, vida cristã vitoriosa e tantas outras maravilhas que acompanham a salvação. O amoroso Pai tem prazer de, no início da jornada da fé, encher o crente de vida, graça e poder espiritual. Ele nos eleva muito além das experiências puramente humanas. Todavia, infelizmente, muitos esfriam na fé e perdem o contato com a Fonte da Graça. Só o Senhor, por meio do seu Santo Espírito, pode revigorar aqueles que perderam a força e a altitude das águias (Is 40.28-31).
  • Restabelecer as bênçãos perdidas. E difícil aceitar que o crente possa perder algo que recebeu de Deus. Alguém imagina que o Pai celestial jamais retirará as bênçãos de seus filhos, especialmente as espirituais. Porém, a Bíblia é categórica ao afirmar que, se não cuidarmos bem da nossa vida espiritual, poderemos, sim, perder as bênçãos advindas do Senhor. A Palavra de Deus nos diz que podemos perder o amor (Ap 2.4), a alegria da salvação (SI 51.12), a fé (I Tm 6.10), a firmeza em Deus (2 Pe 3.17), o poder (Jz 16.20) e muitas outras bênçãos do Alto. E por isso que somos advertidos a guardar o que temos (Ap 2.25; 3.11). Graças a Deus que, pela renovação espiritual, o Senhor nos restaura completamente e torna a dar-nos as bênçãos perdidas (SI 51.10; Os 2.15; Lm 5.21-23). O Grande Oleiro é plenamente capaz de fazer um novo vaso, com o barro do vaso que se quebrou (Jr 18.1-4
  • Receber novas bênçãos. As promessas de Deus jamais falham. Em Deus “não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17; Hb I.I0 -I2 ). A conversão inclui grandes e ricas promessas de Deus para a vida do crente, as quais Ele cumpre fielmente. Na renovação espiritual, o Senhor nos dá as bênçãos prometidas que até então não tínhamos recebido (Is 45.3), e nos anima a conquistarmos muito mais (Js 18.3). Além disso, as bênçãos que Ele nos concedeu no passado (Ef 1.3), continuarão no presente, porque suas promessas são fiéis para todos os tempos (At 2.39; 2 Co 1.20). Como ocorre a renovação.

 De acordo com a Palavra de Deus, a renovação deve ser:

1)    Diária.

 Assim como o corpo físico revigora-se diariamente, nosso homem interior precisa de constante renovação para manter-se fortalecido e plenamente saudável espiritualmente. Conforme nos orienta a Palavra de Deus, a renovação espiritual deve ocorrer “de dia em dia” (2 Co 4.16). N o Tabernáculo, tudo deveria estar sempre pronto, a fim de que o culto diário ao Senhor nunca fosse interrompido. Os sacerdotes cuidavam para que o fogo do altar nunca se apagasse. A cada manhã, este era alimentado com nova lenha e novos holocaustos (Lv 6.12,13). O mesmo se dava com as especiarias do altar do incenso e o azeite do castiçal. Tudo era renovado continuamente na presença do Senhor (Ex 27.20,21; 30.7).

Da mesma forma Deus quer que nos apresentemos — sempre prontos e renovados espiritualmente diante dEle (2 Co 4 .16). 2) Consciente e desejada. Precisamos ter consciência da urgente necessidade da renovação espiritual: “... transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Rm 12.2). Assim como a chuva cai sobre as plantações, gerando e produzindo fruto (SI 65.7-13), devemos pedir ao Senhor que envie sobre nós, sua lavoura, uma abundante chuva de renovação (I Co 3.10; SI 72.6,7; Os 6.3). Quando essa chuva começar a cair, o Espírito Santo certamente fará maravilhas, a começar pelas vidas renovadas. Aleluia! A renovação enseja a operação do Espírito. A renovação mantém o crente afastado do mundo. Em Efésios 4.25-31 encontramos uma relação de vícios e práticas mundanas, emanadas do velho homem, que muitas vezes atingem sorrateiramente a vida do crente. Precisamos não somente abandonar, mas abominar as coisas que entristecem o Espírito de Deus: “Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as”. Pela renovação espiritual nos mantemos firmes no processo de despirmo-nos do velho homem e revestirmo-nos do novo (Ef 4.22-24). I': A renovação aprofunda o crente na Palavra de Deus. Quando somos renovados, nosso espírito é impelido pelas verdades eternas da Palavra (Jo 6.63) e nossa fé cresce abundantemente (Rm 10.17; 2 Ts 1.3). 2) A renovação dá poder ao crente. “Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças” (Is 40.31). No dia de Pentecostes, todos os crentes foram cheios do Espírito Santo (At 2.4). Não obstante, pouco tempo depois foram cheios novamente; do mesmo poder e pelo mesmo Espírito (At 4.30,31). Como já vimos, o sentido de Efésios 5.18 é de enchimento contínuo. Sempre o crente deve buscar mais e mais do poder do Alto.

2)    A renovação torna.

0 crente sensível à direção do Espírito. Quando somos renovados ficamos bem atentos à voz do Espírito, para sermos conduzidos e instruídos por Ele (At 16.6,7; 10.19). Se o Espírito Santo conhece todas as coisas em seus pormenores, pode nos guiar com precisão. Só um crente renovado tem sensibilidade espiritual para ouvir e obedecer a voz do Senhor: “Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is 30.21). A necessidade da renovação. Quem permanece renovado não perde o ânimo. Muitas vezes as lutas e tribulações nos fazem diminuir o passo, reduzir o ritmo de nossa corrida e até pararmos. Para não sermos vencidos na batalha contra o mal, busquemos a renovação espiritual em Cristo. Não podemos parar! Não há espaço para o desânimo: “Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos” (v. 14); “Levantai-vos, e andai, porque não será aqui o vosso descanso” (Mq 2.10). Leia também I Reis 19.7 e Hebreus 10.38. Como já vimos, podemos perder a bênção de Deus por entristecermos o Espírito Santo (Ef 4.30). Temos de zelar para que as causas desse mal sejam imediatamente removidas. Precisamos alcançar o perdão de Deus mediante a nossa purificação no sangue de Jesus. Isaías confessou o pecado de seus lábios, e foi purificado (Is 6.4-8). O mesmo se deu com o profeta Jeremias (Jr 1.4-10; 20.7-11). Louvado seja o nome do Senhor, que continua perdoando e renovando o seu povo pelo fogo santo! Em meio a esses difíceis dias que a igreja atravessa, os quais precedem a volta de Jesus, busque uma poderosa e sincera renovação do Senhor para sua vida. Não deixe fora nenhuma área da sua vida. Se você já é batizado com o Espírito Santo, peça a Deus uma renovação dessa preciosa bênção. Aproxime-se mais do Senhor! Somente pela renovação espiritual poderemos vencer este mundo. “É já hora de despertarmos do sono” (Rm I3 .I I). E, renovados, sigamos “... a paz com todos e santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).


XI. O Espírito Santo e a santificação do crente


Salvação e santificação são obras realizadas por Jesus no homem integral: espírito, alma e corpo. A Bíblia afirma que fomos eleitos “desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito” (2Ts 2.13). Esta verdade está implícita em João 19.34. Do lado ferido do corpo de Jesus fluíram, a um só tempo, sangue e água. Isto é, o sangue poderoso de Cristo nos redime de todo pecado, mas a água também nos lava de nossas impurezas pecaminosas. Cristo morreu “para nos remir de toda iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tt 2.14).

A salvação e a santificação devem andar juntas na vida do crente. A santidade de Deus. A Bíblia diz que nosso Deus é santíssimo: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3; Ap 4.8). A santidade de Deus é intrínseca, absoluta e perfeita (Lv 19.2; Ap 15.4). E o atributo que mais expressa sua natureza. N o crente, porém, a santificação não é um estado absoluto, é relativo assim como a lua, que, não tendo luz própria, reflete a luz do sol (Hb 12.10; Lv 2I.8b). Deus é “santo” (Pv 9.10; Is 5.16); e, quem almeja andar com Ele, precisa viver em santidade, segundo as Escrituras. O que não é santificação. O próprio Pedro enganou-se a respeito da santificação (At 10.10-15). 

1. O que não é a santificação bíblica.

  • Extenorídade (Mt 23.25-28; I Sm 16.7). Usos, práticas e costumes. Estes últimos, quando bons, devem ser o efeito da santificação, e não a causa dela (Ef 2.10).
  • Maturidade cristã. Não é pelo tempo que algo se torna limpo, mas pela ação contínua da limpeza. A maturidade cristã varia, como se vê em I João 2.12,13: “Filhinhos”; “pais”; “mancebos”; “filhos”.
  • Batismo com 0 Espírito Santo e dons espirituais. O batismo com o Espírito Santo e os dons espirituais em si mesmos não equivalem à santificação como processo divino e contínuo em nós (At 1.8; I Co 14.3). Santificar e santificação. “Santificar” é “pôr à parte, separar, consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso estritamente pessoal”. Santo é o crente que vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. 
  • E exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do pecado.

2. A santificação do crente tem dois lados:

  • sua separação para a posse e uso de Deus; e
  • a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal conhecido, para obedecer e agradar a Deus.

Ela tem também três aspectos: posicionai, progressiva e futura. A santificação posicionai (Hb 10.10; Cl 2.10; I Co 6.11). No seu aspecto posicional, a santificação é completa e perfeita, ou seja, o crente pela fé torna-se santo “em Cristo”. Deus nos vê em Cristo perfeitos (Ef 2.6; Cl 2.10). Quando estamos “em Cristo”, não há qualquer acusação contra nós (Rm 8.33,34), porque a santidade do Senhor passa a ser a nossa santidade (I Jo 4.17b).

A santificação progressiva. E a santificação prática, aplicada ao viver diário do crente. Nesse aspecto, a santificação do crente pode ser aperfeiçoada (2 Co 7.1). Os crentes mencionados em Hebreus 10.10 já haviam sido santificados, e continuavam sendo santificados (w. 10,14). A santificação futura. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5.23). Trata-se da santificação completa e final (I Jo 3.2). Leia também Efésios 5.27 e I Tessalonicenses 3.13.

 

3. A santificação como um processo

 

O crescimento do crente “em santificação” ocorre à medida que o Espírito o rege soberanamente, e o crente, por sua vez, o busca, em cooperação com Deus: “Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (I Pe I.1 5). O lado divino da santificação progressiva. São meios que o Senhor utiliza para santificarmos em nosso viver diário. Esses recursos divinos são: o sangue de Jesus Cristo (Hb 13.12; I Jo 1.7,9); a Palavra de Deus (SI 12.6; 119.9; Jo 17.17; E f 5.26); o Espírito Santo (Rm 1.4; I Pe 1.2; 2 Ts 2.13); a glória de Deus manifesta (Êx 29.43; 2 Cr 5.13, 14); e a fé em Deus (At 26.18; Fp 3.9; Tg 2.23; Rm 4 .1 1).

O lado humano da santificação progressiva. Deus é quem opera a santificação no crente, embora haja a cooperação deste.

Os meios coadjuvantes de santificação progressiva são:

  • O próprio crente. Sua atitude e propósito de ser santo, separado do mal para posse de Deus, são indispensáveis. E o crente tendo fome e sede de ser santo (Mt 5.6; 2 Tm 2.21, 22; I Tm 5.22).
  • O santo ministério. Os obreiros do Senhor têm o dever de cooperar para a santificação dos crentes (Ex 19.10,14; Ef 4.11,12).
  • Pais que andam com Deus. Assim como Jó (Jó 1.5), os pais devem cooperar para a santificação dos filhos. Eunice, por exemplo, colaborou para a integridade de Timóteo, seu filho (2 T m 1.5; 3.15). Por outro lado, pais descuidados podem influenciar negativamente seus filhos, como no caso de Herodias que influenciou a Salomé (M c 6.22-24).

As orações do justo (SI 51.10; 32.6). A oração contrita, constante e sincera tem efeito santificador.

  • A consagração do crente a Deus (Lv 27.28b; Rm 12.1,2). A rendição incondicional do crente a Deus tem efeito santificador nele.
  • Estorvos à santificação do crente.
  •  Estorvos são embaraços que impedem o cristão de viver em santidade, tais como:
  • Desobediência. Desobedecer de modo consciente, contínuo e obstinadamente à conhecida vontade do Senhor (Ex 19.5,6).
  • Comunhão com as trevas. Comungar com as obras infrutíferas das trevas (Rm 13.12); com os ímpios, seus costumes mundanos e suas falsas doutrinas (Ef 5.3; 2 Co 6.14-17).
  • Áreas da vida não santificadas. Alguns aspectos reservados da vida do crente que não foram consagrados a Deus devem ser apresentados ao Senhor. Como, por exemplo, mente, sentidos, pensamento, instintos, apetites e desejos, linguagem, gostos, vontade, hábitos, temperamento, sentimento. Um exemplo disso está em Mateus 6.22,23. A necessidade de santificar-se. Para esse tópico aconselhamos a leitura meditativa de 2 Coríntios 7.1 e 1 Tessalonicenses 4.7. Vejamos por que é necessário seguir a santificação: 1) A Bíblia ordena. A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei do pecado” (Rm 7.23:8.2). Daí ela ordenar que sejamos santos (I Pe I.I6;Lv 11.44,*Ap 22.11); o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; I Co 3.17). 2) Só os santos serão arrebatados. O Senhor Jesus que é santo virá buscar os que são consagrados a Ele (I Ts 3.13; 5.23; 2 Ts I.I0; H b 12.14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (I Ts 4.3). 3) A santidade revelada de Deus. Uma importante razão pela qual o crente deve santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, é revelada através do procedimento justo e da vida santificada do crente (Lv 10.3; Nm 20.12). Então, o crente não deve ficar observando, nem exigindo santidade na vida dos outros; ele deve primeiro demonstrar a sua!
  • 0s ataques do Diabo. Devemos atentar para o fato de que o Inimigo centraliza seus ataques na santificação do crente. A principal tática que o Adversário emprega para corromper a santidade é o pecado da mistura. Isso ele já propôs antes a Israel através de Faraó (Ex 8.25), o que abrange mistura da igreja com o mundanismo; da doutrina do Senhor com as heresias; da adoração com as músicas profanas; etc. Em muitas igrejas hoje a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação do mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25 pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo. Estejamos, pois, preparados para o Encontro com Jesus nos ares, avivados para o Arrebatamento (I Ts 4.16,17).


XII. O Espírito Santo e a Segunda Vinda de Cristo


O assunto da Segunda Vinda de Cristo é parte inerente da pregação do evangelho (Mt 24.14). Foi isso que o apóstolo Pedro deixou bem claro no dia de Pentecostes, na primeira mensagem evangelística registrada na Bíblia (At 2.14-21). A vinda de Jesus é a nossa sublime e bem-aventurada esperança. O próprio Senhor afirmou que voltaria para levar os seus (Jo 14.3, 18; Ap 22.20). Como será a vinda de Cristo  Segundo as Escrituras, a segunda vinda terá duas fases: “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13).

  • A volta de Jesus para a Igreja. Nesta ocasião Jesus levará sua Igreja para o céu, num instante e em segredo quanto ao mundo. Nessa primeira fase, Ele virá até as nuvens (I Co 15.52; I Ts 4.16,17).
  • Na segunda fase, virá com todos os santos e anjos, descendo sobre o monte das Oliveiras publicamente, repleto de glória e de poder. Nesse momento, livrará a Israel, que estará sucumbindo sob as forças do Anticristo, e julgará as nações, e estabelecerá com poder e justiça o Reino Milenial (Zc 14.4; Mt 24.30; Ap 1.7; I9.I I; 20.6).

No Arrebatamento da Igreja, Jesus virá para os seus santos; na sua manifestação em glória, com os seus santos (Cl 3.4). O derramamento do Espírito Santo em escala mundial (At 2.16,17; J1 2.28). Com esse sinal da segunda vinda vem também a operação de milagres e prodígios, a dinamização e expansão do evangelho e o avanço da obra missionária. Através dos séculos, o Senhor nunca deixou de derramar do Espírito Santo sobre o seu povo, ora mais, ora menos. Mas, a partir de 1901, o derramamento do Espírito Santo tem sido cada vez maior. E somos testemunhas disso. Conservemos, pois, a doutrina bíblica do Espírito Santo. Mantenhamo-nos com a chama do Pentecostes acesa! Afinal, somente os avivados podem fazer a última oração registrada na Bíblia: “Ora, vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).

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