Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
I. A biografia de Davi.
II. Os talentos de Davi.
III. Davi, um homem segundo o coração de Deus?
IV. O tempo de Deus na vida do rei Davi.
V. As três unções do rei Davi.
VI. As conquistas do rei Davi.
VII. A restauração espiritual de Davi.
VIII . Davi e o preço da negligência na família
IX. Os cinco Gigantes que Davi não Venceu.
X. Não retires de mim o teu Espírito Santo (Sl 51.11).
XI. A Diferença entre Saul e Davi.
XII. A perpetuidade do reinado de Davi.
XIII. Davi, um tipo de Cristo.
Estamos de volta para falar sobre A perpetuidade do reinado de Davi. Vamos acompanhar!
Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no Livro de Salmos 89.1-5,19-37 que nos diz:
As benignidades do SENHOR cantarei perpetuamente; com a minha boca manifestarei a tua fidelidade de geração em geração.
3 Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo:
4 A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração. (Selá.)
5 E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó Senhor, a tua fidelidade também na congregação dos santos.
19 Então falaste em visão ao teu santo, e disseste: Pus o socorro sobre um que é poderoso; exaltei a um eleito do povo.
20 Achei a Davi, meu servo; com santo óleo o ungi,
21 Com o qual a minha mão ficará firme, e o meu braço o fortalecerá.
22 O inimigo não o importunará, nem o filho da perversidade o afligirá.
23 E eu derrubarei os seus inimigos perante a sua face, e ferirei aos que o odeiam.
24 E a minha fidelidade e a minha benignidade estarão com ele; e em meu nome será exaltado o seu poder.
25 Porei também a sua mão no mar, e a sua direita nos rios.
26 Ele me chamará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus, e a rocha da minha salvação.
27 Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra.
28 A minha benignidade lhe conservarei eu para sempre, e a minha aliança lhe será firme,
29 E conservarei para sempre a sua semente, e o seu trono como os dias do céu.
30 Se os seus filhos deixarem a minha lei, e não andarem nos meus juízos,
31 Se profanarem os meus preceitos, e não guardarem os meus mandamentos,
32 Então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniqüidade com açoites.
33 Mas não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade.
34 Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus lábios.
35 Uma vez jurei pela minha santidade que não mentirei a Davi.
36 A sua semente durará para sempre, e o seu trono, como o sol diante de mim.
37 Será estabelecido para sempre como a lua e como uma testemunha fiel no céu.
I. Entendendo melhor o Salmos 89
O Salmo 89 começa como salmo de louvor, mas termina como salmo de lamentação. Celebra a aliança de Deus com Davi (2 Sm 7) e lamenta depois que os descendentes de Davi não tenham sido fiéis aos termos dessa aliança (2 Sm 7.14). Ainda assim, ao deparar com a infidelidade, o salmo reafirma a fidelidade de Deus à Sua promessa e a realização final dela na pessoa do maior Filho de Davi, o Messias (v. 33-37). O título atribui o salmo a Etã, também conhecido como Jedutum (1 Cr 25.1,3,6).
A forma do salmo é a seguinte:
1) louvor ao Senhor por Sua aliança eterna com Davi (v. 1-4);
2) celebração do Deus que estabeleceu Sua aliança com ele (v. 5-18);
3) recapitulação da aliança (v. 19-37);
4) consternação em uma época de angústia nacional (v. 38-45); 5) queixa ao Senhor para que Se lembre de Sua promessa e restaure a sorte de Seu povo (v. 46-51); (6) apêndice de bem-aventuranças (v. 52).
(2 Sm 7.15). O Senhor prometeu que sua benignidade estaria sempre com o filho de Davi.
89.3,4 — Etã cita as palavras de Deus a Davi em 2 Sm 7. Davi é tratado por Deus como meu escolhido e meu servo (v. 20) — nomes que descrevem sua íntima relação com o Senhor (2 Sm 7.7). A tua descendência ... o teu trono. Deus prometeu a Davi uma descendência e um trono duradouros (2 Sm 7.12,13).
89.5,6 — Todo louvor no céu e na terra pertencem a Deus, que é incomparável. Ninguém, nem os supostos deuses, podem se equiparar à sua força e amor. É esta a mensagem da pergunta: Pois quem no céu se pode igualar ao Senhor? A expressão hebraica para os filhos dos poderosos pode significar também os filhos dos deuses ou seres celestiais. A referência pode ser a outros supostos deuses ou anjos, membros da corte celeste (jó 1.6).
89.19 — O salmo relata a notável intervenção do Senhor na vida de Davi e os detalhes de seu pacto com o rei. Teu santo. Davi foi separado como santo, ou ungido, para o Senhor. Ainda assim, o início de sua vida não foi nada espetacular: era homem do povo, um pastorzinho qualquer (2 Sm 7.18). Neste e em vários outros aspectos, considera-se Davi tipo, ou retrato divinamente traçado, do futuro Salvador. Jesus, de modo semelhante, teve origem humilde, filho de um carpinteiro, no entanto era o Santo, o Ungido, o Filho do Altíssimo.
89.20-23 — Estes versículos usam de linguagem altamente poética para descrever a promessa feita por Deus de proteger o rei. Como se tratava de aliado muito próximo do Deus vivo, um ataque a Davi (ou ao seu sucessor) equivalia a um ataque a Deus.
89.24,25 — A minha fidelidade e a minha benignidade. Esta expressão corrente está aqui em ordem invertida (v. 1,2). Mas a mensagem, evidentemente, é a mesma: Deus sempre será fiel à Sua palavra e demonstrará Seu amor pelo Seu servo. Mar [...] rios. Aqui se faz possivelmente uma referência à expansão das fronteiras de Israel. Mas perceba a linguagem empregada para descrever o controle de Deus sobre a criação (v. 9,10). O Senhor está estendendo ao Seu servo a autoridade que Ele tem sobre a criação.
89.26-33 — Meu pai ... primogênito. Estes termos derivam da aliança de Deus com Davi (2 Sm 7.14). Sua descendência; e o seu trono. Estas palavras são uma repetição das do versículo 4 (v. 36; 2 Sm 7.12,13). Seus filhos. Os termos da aliança com Davi em 2 Samuel 7 incluíam a disciplina de filhos errantes.
89.34-37 — As palavras não quebrarei o meu concerto e as do versículo 35 são bastante fortes para assegurar que a vontade do Senhor é bem firme nesse particular. O povo pode até estar sem fé, mas Deus não Se pode negar a Si mesmo. Apesar dos erros, rebeliões, pecados e apostasias da vida de tantos reis de Judá, Deus determinou conduzir, cumprir, realizar e concluir Seu grandioso plano para a dinastia de Davi (2 Sm 7.1-24).
Encontrei Davi meu servo – Esta é a soma do que Deus havia dito em visões proféticas a seus santos ou pessoas santas, Samuel, Natã e Gade;(1 Sm 16: 1 , 12) . Aqui o salmista começa a argumentar com Deus em relação a Davi, sua posteridade e a perpetuidade de seu reino; agora, as promessas parecem ter fracassado completamente, pois o trono havia sido derrubado e todas as pessoas levadas para o cativeiro. Mas todas essas coisas podem ter referência a Cristo e seu reino; pois temos certeza de que Davi era um tipo do Messias.
Assim, o salmista Etã olha para a aliança e vê nela alguns atributos de Deus ligados ao cumprimento daquilo que Deus garantiu realizar.
1. A fidelidade no cumprimento da promessa (vv.1-4).
Certamente, a palavra “fidelidade” recebe um destaque especial no salmo, sendo utilizada nada menos que sete vezes (vv.1,2,5,8,24,33,49). Se essa verdade é afirmada ao longo de todo o salmo, os primeiros versículos do texto a enfatizam sem parcimônia, não apenas pelo uso da palavra “fidelidade”, mas pela afirmação das consequências naturais de Deus ser fiel. Uma das consequências da fidelidade do Senhor é o tempo de duração do cumprimento da promessa – “para sempre” (v.2): “A lealdade é estabelecida para sempre”.
A ênfase pretendida não deixa que o salmista fale disso apenas uma vez nesse trecho inicial (v.4): “Firmarei para sempre a tua descendência” adiante daqui, a palavra traduzida como “para sempre” reaparece nos vv.28,36,37,52. Outro modo, ainda no v.4, de afirmar a perpetuidade do cumprimento da promessa é dizer que o trono seria estabelecido “de geração em geração”. Por essa causa, também o louvor a Deus duraria para sempre e por todas as gerações (v.1).
2. O seu poder para garantir o prometido (vv.5-18).
Assim como em outros lugares do Antigo Testamento – como, por exemplo, no Salmo 82 –, o escritor lança mão da figura de uma assembleia de deuses. Sua intenção não é ensinar a existência de outros deuses, mas afirmar a supremacia do Deus verdadeiro e único, ao qual nada, nem ninguém pode se igualar poder controla tudo que existe (vv.8,9) e a grandeza da criação revela a ausência de limitações no Criador (vv.11,12). Esse poder se revela soberano também sobre a história das nações e dos exércitos (vv.10,13-18). Olhando sob esse prisma, o salmista vai interpretar as tragédias dos seus dias como “propósitos de Deus” e não como efeito de “incapacidade divina de dominar a história”. É baseado nessa mesma visão que o salmista – e todos nós – pode confiar na promessa de Deus a na fidelidade do seu cumprimento.
3. A generosidade concedida aos eleitos (vv.19-29).
Se o assunto é a aliança de Deus com Davi, o texto lembra que nem sempre Davi foi grande. Assim como Abraão foi escolhido dentre os que adoravam outros deuses (Js 24.2), Davi foi escolhido por Deus do meio do povo e elevado.
Ao dizer “dentre o povo”, a ideia é que Davi não era diferente dos demais, a não ser no fato de Deus o ter separado para realizar nele seus planos benéficos. Por isso, o que sobressai aqui não são as qualidades do rei, mas a bondade de Deus rendida a ele. A generosidade divina para com o menino que se tornou rei se revelou na nomeação real pelo Senhor (v.20), na capacitação para o cargo (v.21), no sucesso militar (vv.22,23), no crescimento como servo de Deus e como rei distinto na história (vv.24-27) e na aliança perpétua que Deus fez com ele (vv.28,29).
4. A graça de caráter incondicional (vv.30-37).
Antes que alguém queira admirar Davi e sua posteridade por haver neles algo que os tenha feito merecer essas inauditas bênçãos de Deus, o salmista vai assegurar que merecimento não é a causa das bênçãos, mas sim a promessa divina – Paulo usa esse mesmo conceito no tocante à promessa de justificação pela fé em Cristo somente independente de obras (Rm 4.1-14). Notamos isso quando o salmista relata a previsão da infidelidade dos descendentes de Davi que se assentariam em seu trono (vv.30,31). Quando isso ocorresse, haveria punição (v.32). Contudo, a promessa do trono perpétuo nunca perderia seu valor e Deus nunca desistiria de cumpri-la (v.33 2Sm 7.15): “Mas eu não retirarei dele a minha lealdade”. Assim, o cumprimento da promessa de Deus não estava atrelado ao merecimento da descendência de Davi, mas ao caráter fiel do próprio Senhor (vv.34-37), demonstrando coerência entre o conceito da “graça”, favor imerecido de Deus, e a “incondicionalidade”, ou seja, ausência de condições favoráveis no homem que levem Deus a beneficiá-lo.
5. A santidade no tratamento dos agraciados (vv.38-51).
Nesse ponto, o salmo parece oferecer uma contradição. O salmista, que enfatizou o conceito da fidelidade de Deus, também baseou sua esperança de um reino perpétuo na ideia da “aliança” que o Senhor firmou com Davi (vv.3,28,34). Contudo, avaliando sua realidade presente, ele diz (v.39): “Tu repudiaste a aliança com teu servo. Profanaste sua coroa [derrubando-a] por terra. Mas isso não quer dizer que Deus se tenha tornado infiel ou tenha desconsiderado a aliança que fez. Pelo contrário, continua sendo fiel ao que prometeu, já que previu punição aos pecados. Essa cláusula condicional dentro da promessa incondicional se deve à santidade do Senhor que não pode aceitar o pecado como se fosse algo normal, nem pode conviver com a iniquidade. Portanto, apesar da certeza do cumprimento da promessa de um trono davídico permanente, os dias do salmista foram marcados pela disciplina aos pecados do rei de Judá. Isso foi sentido na ira de Deus contra o rei dos dias do salmista (v.38), na queda e destruição das fortalezas reais (v.40), no seu escarnecimento pelos inimigos vitoriosos (vv.41-44) e no seu sofrimento e perda de alegria figurados por um envelhecimento precoce (v.45). Eis a razão do clamor do escritor pela mudança da sorte de Israel baseado na esperança de uma restauração futura (vv.46-51).
A expressão “bendito é o Senhor” é utilizada para louvar a Deus diante da revelação do seu caráter e da aplicação do seu poder e graça, como se vê na exclamação adoradora de Jetro, sogro de Moisés: “E disse: Bendito seja o Senhor, que vos livrou da mão dos egípcios e da mão de Faraó; agora, sei que o Senhor é maior que todos os deuses, porque livrou este povo de debaixo da mão dos egípcios, quando agiram arrogantemente contra o povo (Ex 18.10,11). Não se trata de mera constatação histórica, mas da percepção da glória majestosa de Deus, a qual leva o homem a se curvar em louvor diante dele. Essa consciência no salmista é tão grande quanto seu impulso de adorar o Senhor, pelo que encerra o versículo bradando “amém e amém”, atestando a exatidão de toda a “verdade” a respeito da fidelidade gloriosa do soberano.
Nós, servos de Deus, não somos descendentes da linhagem real de Davi, mas não poderia haver maior relevância desse salmo para nossas vidas. Isso porque o cumprimento da promessa da perpetuidade da descendência real de Davi se cumpre na volta de Cristo, filho de Davi segundo a carne (Rm 1.3), para estabelecer o reino prometido (Lc 1.32), trazer julgamento sobre a impiedade e promover justiça e paz no mundo (Is 42.1-4; Mt 25.31,32; At 17.31; Ap 19.11). Além de trazer ao mundo a justiça que ansiamos e aguardamos, por sua graça tomaremos parte nessa tarefa real e na herança de Cristo (Rm 8.17; 1Co 6.3; 2Tm 2.12; Ap 5.10). Por isso, ainda que vivamos em dias nos quais a promessa, apesar da sua confiabilidade, ainda não se vê em pleno cumprimento, não desanimamos de esperar, nem de viver como quem aguarda a vida gloriosa. Antes, nos encorajamos mutuamente e renovamos, a cada dia, nossa fidelidade para com o Deus fiel. E, como quem vai reinar, seguimos o mesmo caminho do nosso rei, que seguiu primeiro para a cruz para, posteriormente, subir ao trono.
Davi havia tomado Jerusalém, feito dela a capital do seu reino, vencido os filisteus, e levado a arca do concerto até lá. Hirão, o rei de Tiro, havia também construído uma casa real para Davi em Jerusalém, para onde ele transferiu a sua família e seus servos. Então Davi disse ao profeta Natã: "Olha, eu moro em casa de cedros, e a arca de Deus se acha numa tenda."
É a primeira vez que Natã é mencionado. Sempre houve um profeta durante o reino de cada um dos reis de Israel. Eram os porta-vozes de Deus para comunicarem ao rei os propósitos de Deus, e de lhe advertirem quando estivessem errando. A maioria dos reis não lhes deram ouvidos. Natã se precipitou aqui: ele respondeu que Davi tinha liberdade para fazer o que quisesse. Parecia ser uma boa coisa, mas não estava dentro dos planos de Deus.
A tarefa que Deus havia dado a Davi era de unificar e governar Israel e destruir os seus inimigos. Era uma grande tarefa e iria exigir que Davi derramasse muito sangue para cumpri-la. 0 templo não devia ser construído por um homem de guerra, mas por um homem de paz. Mas foi Davi quem fez a planta e preparou todos os materiais para que seu filho Salomão o edificasse (l Rs 5 - 7).
Na mesma noite o SENHOR apareceu em visão a Natã, e lhe deu uma mensagem para transmitir a Davi. Nesta mensagem o SENHOR lembra a Davi que desde que o povo havia sido retirado do Egito Ele andara em tenda, ou tabernáculo e nunca havia ordenado a construção de uma casa de cedro.
O SENHOR também recordou a Davi das suas origens humildes e como o havia exaltado até ocupar a posição que tinha. Em seguida fez-lhe promessas a respeito da sua posteridade, que conhecemos como a aliança davídica. Embora o termo aliança não seja usado no texto ele aparece depois (2 Sm 23:5; Sl 89:3, 4, 28, 34-37).
Essa aliança continha as seguintes promessas:
O SENHOR prometeu dar a Davi:
uma casa, significando família e descendência.
um trono, ou seja, autoridade real.
um reino, sua área de autoridade.
perpetuidade, para sempre.
Esta promessa estava sujeita a uma única condição: que houvesse obediência. A desobediência seria castigada com "varas de homens" e com "açoites de filhos de homens". Mas a aliança nunca seria desfeita (2 Sm 7:15; Sl 89:20-37; Is 24:5; 54:3). O grande castigo veio mais tarde na forma de divisão do reino depois de Salomão, e eventualmente com o cativeiro. Desde aquele tempo só um Rei da família de Davi foi coroado, mas com uma coroa de espinhos: o Senhor Jesus Cristo.
A aliança feita nesta ocasião foi confirmada a Maria pelo anjo Gabriel, e é imutável (Sl 89:30-37): Deus ainda dará o trono de Davi ao seu Filho Jesus (Lc 1:31-33; At 2:29-32; 15:14-17). Essa aliança é a base para compreendermos todas as profecias que vêm depois. 0 Novo Testamento começa com as palavras: "Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi…" e encontramos numerosas outras referências ao fato que Ele é descendente e vai ocupar o trono de Davi (Lc 1:30-32; At 2:29-30, 34-36, Rm 1:1-3, Ap 22:16).
Davi humilhou-se diante do SENHOR ao receber a mensagem, aceitando a Sua decisão proibindo que lhe construísse um templo, e feliz com as promessas concernentes ao povo de Israel e à sua própria casa. O seu cumprimento confirmaria o propósito divino de, através dessa nação, abençoar o mundo todo (Gn 12:1-3).
III . Davi é constituído rei
Com a morte de Saul, após quarenta anos de reinado, chegou a hora do “homem segundo o coração de Deus”, que fora outrora ungido pelo profeta Samuel, agora assumir o trono em Israel. Mas ainda assim não seria fácil nem imediato, pois no meio do caminho estava Isbosete, um dos filhos de Saul, que ainda governou Israel (norte) durante dois anos (2Sm 2.10).
O reinado de Davi começaria modesto: apenas sobre a tribo de Judá (sul), que era a sua tribo, com capital em Hebrom, de onde Davi reinou durante sete anos e seis meses, numa espécie de estágio para o reino sobre as demais tribos de Israel, que teve duração total de quarenta anos. De fato, em Davi se cumpriu as Escrituras que dizem: “O teu princípio, na verdade, terá sido pequeno, porém o teu último estado crescerá em extremo” (Jó 8.7).
1 . Três motivos para sua escolha
Após os sete anos de governo sobre Judá, os próprios líderes “de todas as tribos de Israel foram a Davi” para fazê-lo rei sobre todo o povo, confirmando assim a promessa de Deus para Davi e os propósitos do Senhor para Israel. Mas não foi sem razão que os líderes tribais procuraram o filho de Jessé para lhe confirmarem o trono. Ao menos três razões foram apresentadas:
A. “Somos sangue do teu sangue”, disseram eles (2Sm 5.1). Noutras palavras, Davi tinha legítimo direito ao trono pois era “hebreu de hebreus”, e não um estrangeiro a cobiçar o poder. Como previa a Lei de Moisés, o rei escolhido deveria “vir dentre os seus próprios irmãos israelitas” (Dt 17.15). Apesar das divisões por tribo, Davi e os judeus eram um só povo com todo o Israel! Na obra de Deus não pode ser diferente: somente aqueles que são da nossa família espiritual é que podem liderar sobre o povo de Deus. A tragédia de muitas igrejas é confiarem lideranças a pessoas que fizeram adesão à igreja, mas não passaram pela conversão a Jesus Cristo. São membros da igreja local, mas não são membros da igreja universal dos santos! Têm seus nomes no rol de membros, mas não ainda no livro da vida. São até simpáticos, mas não santificados; são desinibidos, mas não cheios do Espírito. Fracassarão eles e os que por eles são liderados!
B. “eras tu quem liderava Israel em suas batalhas” (2Sm 5.2). Davi não estava caindo de paraquedas no governo, pois além de seu “estágio” de sete anos no governo de Judá, ele tinha um histórico de serviços prestados a todo o povo de Israel. Embora Saul outrora visse Davi como um concorrente a ser abatido, o povo na verdade via Davi com estimas, como um valente de Deus, um verdadeiro capitão dos exércitos do Senhor! Trazendo para os nossos dias, reflitamos: quantas pessoas almejam posições de liderança na obra de Deus, mas não trazem as marcas das provações e aprovações da parte do Senhor? Sequer foram experimentados para o ministério, mas veem nos cargos uma forma de serem exaltados e promovidos. Os tais não podem dizer como Paulo: “trago as marcas de Cristo” (Gl 6.17). Marcas de lutas, marcas de vitória sobre as tentações, marcas de serviços prestados à igreja do Senhor, marcas de perseguições superadas pela fé e perseverança, marcas de um discipulado bem-sucedido. Ninguém que não tenha marcas como essas está autorizado para liderar o povo de Deus!
C. “O Senhor te disse: você pastoreará Israel, o meu povo, e será o seu governante” (2Sm 5.2b). O povo de Israel conhecia as promessas de Deus para Davi quanto ao governo, e agora estava consciente de que não devia mais protelar a decisão de fazê-lo seu rei sobre todo o território. Portanto, além de Davi ser um hebreu legítimo e de ter um histórico de serviços prestados ao seu povo, ele tinha uma promessa de Deus. Isso significa que era a vontade de Deus, não a vontade do povo apenas, nem um sonho do próprio Davi, que ele fosse feito rei de Israel. Na obra de Deus hoje é bom que cada um exerça o dom que foi dado por Deus e busque conhecer qual é a vontade do Senhor para sua vida (Ef 5.17), ao invés de ambicionar coisas altivas (Rm 12.16), para que não tem nem o preparo, nem o chamado!
Uma das promessas dadas pelo SENHOR a Davi foi que os inimigos de Israel seriam derrotados e não mais o oprimiriam (2 Sm 7:10, l1). Deus cumpriu esta promessa ajudando Davi a vencer as nações que se lhe opunham. Muitos inimigos são citados aqui:
Os filisteus eram um inimigo perpétuo e inveterado de Israel. Davi terminou a tarefa de expulsá-los, não só do território de Israel, mas mesmo das suas próprias fronteiras. Eles habitavam em uma grande parte daquela terra, especialmente ao sul.
Os moabitas, descendentes de Ló que viviam ao oriente do mar Morto. Eram uma ameaça militar e religiosa constante a Israel (Nm 25:1-3; Jz 3:12-30; l Sm 14:47). Davi matou os maiores e fez dos menores servos para pagar-lhe tributo.
O rei de Zoba, Hadadezer, filho de Reobe, que, ao ser derrotado, permitiu que se cumprisse a promessa de Deus a Abraão que Israel iria controlar o território ao norte até o rio Eufrates (Gn 15:18). 0 rei de Hamate, Toí, ao saber da vitória de Davi sobre Hadadezer, mandou seu filho levar-lhe objetos de prata, de ouro e de bronze para o saudar e congratular-se com ele porque era seu inimigo também.
os edomitas, descendentes de Esaú (Gênesis 36:1), também grandes inimigos de Israel ( 2 Rs 8:20; Jr 49:7-22; Ez 25:12-14). Davi os submeteu e fez deles seus servos.
Com as suas vitórias Davi obteve grande e valioso despojo, que ele consagrou ao SENHOR. 0 seu território se expandiu consideravelmente para o norte, sul e leste - não para o oeste porque já terminava nas praias do mar Mediterrâneo. 0 seu território foi o maior a qualquer tempo ocupado pela nação de Israel.
Davi julgava e fazia justiça a todo o seu povo. 0 seu poder militar estava à altura dos grandes reinos daquele tempo, e o país tinha uma posição estratégica no oriente médio que favorecia o comércio.
O apogeu do reinado de Davi as suas conquistas territoriais e políticas, bem como suas reformas administrativas e religiosas, que engrandeceram ainda mais o povo de Israel. É uma Lição com muita história e informação, e, no entanto, com importantes aplicações práticas, especialmente para os que exercem posição e liderança na Igreja do Senhor. Meditemos atenciosamente em cada ponto deste estudo, claro, com a Bíblia sempre em mãos!
4 . Davi como pastor e chefe
Davi não seria um déspota cruel, opressor do seu próprio povo, antes seria um governante (ou chefe) e, antes mesmo disso, seria um pastor para Israel.
Como pastor, ele reconduziria as ovelhas de Israel de volta à adoração genuína a Deus, sem aquela autolatria promovida por Saul em sua soberba (1Sm 15.12), e trataria com zelo aos seus irmãos, como o pastor que cuida amorosamente das suas ovelhas. Aquele que outrora cuidava das ovelhas de seu pai Jessé, agora cuidará das ovelhas de seu Pai Yavé!
Aliás, por esta ser a vontade de Deus e a expectativa do povo, é que entendemos a real gravidade do pecado de Davi ao cometer deliberado adultério com Bate-Seba e o porquê das tão graves consequências que lhe abateram a família e o reino: é que ao adulterar com a mulher e matar o marido dela, Davi estava pervertendo sua chamada que era para cuidar como um pastor, e não devorar como um lobo impiedoso. Observe que na parábola contada pelo profeta Natã para confrontar Davi, Bate-Seba é comparada a uma “cordeira” (2Sm 12); como pastor de Israel, Davi deveria ter protegido Bate-Seba, ao invés de tê-la usado para saciar sua concupiscência. Ainda que naquela circunstância Deus tenha perdoado Davi, a desgraça não se apartou de sua casa.
5 . Entrando em aliança com o povo
O texto de 2Samuel 5.3 nos informa que Davi fez uma aliança com todo o povo de Israel, mediada pelos seus anciãos, isto é, líderes das famílias. Como confirmação dessa aliança, Davi foi ungido rei pela terceira vez. A primeira vez tinha sido em ambiente doméstico, quando o trono era uma realidade ainda bem distante (1Sm 16.12,13); a segunda vez foi a unção para o reino de Judá, em Hebrom (2Sm 2.3,4). De fato, assim faz todo sentido o verso deste famoso Salmo de Davi: “unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda” (Sl 23.5). A cabeça de Davi, como um cálice, transbordava de tanta unção que fora derramada sobre ele. Seu reino foi afirmado, confirmado e selado pelo Senhor por meio destas três unções!
Diferentemente de outros reis insensíveis que viriam após ele, como seu próprio neto Roboão, o qual recusara ouvir os apelos do povo para um reforma tributária que lhe fosse favorável (e devido a esta recusa acabou desfazendo a unidade do povo e do reino), Davi entendia que precisava estar aliançado com o povo para poder governar sobre ele. Davi age de fato como um pastor e líder, buscando garantir a harmonia com o povo sobre o qual Deus agora lhe colocara como rei.
1. A suprema aliança davídica
O sétimo capítulo de 2Samuel registra para nós a aliança que Deus firmou com Davi, quando este demonstrou interesse em construir um templo ao Senhor. Por boca do profeta Natã, Deus disse a Davi:
“Eu te tomei da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses o soberano sobre o meu povo, sobre Israel. E fui contigo, por onde quer que foste, e destruí a teus inimigos diante de ti; e fiz grande o teu nome, como o nome dos grandes que há na terra. Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino.
Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre” (vv. 8-16)
Não encontramos a palavra Pacto em nosso texto básico, mas nela Davi entendeu claramente que a Palavra de Deus, vinda através do profeta Natã, era o estabelecimento de um Pacto, pois mais à frente ele vai dizer:
3 Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus,
4 é como a luz da manhã, quando sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz brotar da terra a erva.
5 Não está assim com Deus a minha casa? Pois estabeleceu comigo uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura. Não me fará ele prosperar toda a minha salvação e toda a minha esperança (2 Sm 23.3-5)?
Uma aliança eterna. A continuidade está na confirmação das promessas feitas na Aliança com Abraão. E quais foram estas promessas?
A – A promessa de um grande nome
Veja a relação entre o que foi prometido a Abraão e o que aconteceu com Davi:
2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção (Gn 12.2)!
9 E fui contigo, por onde quer que andaste, eliminei os teus inimigos diante de ti e fiz grande o teu nome, como só os grandes têm na terra (2 Sm 7.9).
Deus engrandeceu a Israel pelas mãos de Davi. A Bíblia diz:
17 Assim se espalhou o renome de Davi por todas aquelas terras; pois o SENHOR o fez temível a todas aquelas gentes (1 Cr 14.17).
E Deus cumpre sua promessa de continuidade. Salomão, filho de Davi, o sucede no trono e o Senhor continua a engrandecer o nome de seu povo por meio de Salomão, que realizou a construção do templo, o palácio real e os muros de Jerusalém. A sabedoria e a riqueza de Salomão encantaram o mundo da época e vinha gente para visitá-lo de todos os povos. E isto se refletia também no lado espiritual, pois um destes visitantes disse:
4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara,
5 e a comida da sua mesa, e o lugar dos seus oficiais, e o serviço dos seus criados, e os trajes deles, e seus copeiros, e o holocausto que oferecia na Casa do SENHOR, ficou como fora de si
6 e disse ao rei: Foi verdade a palavra que a teu respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria.
7 Eu, contudo, não cria naquelas palavras, até que vim e vi com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram a metade: sobrepujas em sabedoria e prosperidade a fama que ouvi.
8 Felizes os teus homens, felizes estes teus servos, que estão sempre diante de ti e que ouvem a tua sabedoria!
9 Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é porque o SENHOR ama a Israel para sempre, que te constituiu rei, para executares juízo e justiça (1 Rs 10.5-9).
Deus deu a Abraão um nome famoso na terra, mas engrandeceu mais ainda o nome de sua descendência no tempo da monarquia, ou seja, no tempo de Davi e Salomão. Era a promessa da continuidade.
B – A promessa de uma terra em que o seu povo habitaria em paz
Veja agora a relação entre a promessa feita a Abraão com o reinado de Salomão:
7 Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe aparecera (Gn 12.7).
18 Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates (Gn 15.18).
21 Dominava Salomão sobre todos os reinos desde o Eufrates até à terra dos filisteus e até à fronteira do Egito; os quais pagavam tributo e serviram a Salomão todos os dias da sua vida (1 Rs 4.21).
A promessa da conquista da terra se estendia do Rio do Egito ao Rio Eufrates. Davi realizou esta conquista e seu filho, Salomão, a administrou. Deus prometeu a Abraão aquela terra, mas a Davi, Deus promete que plantaria a Israel naquela terra para jamais ser arrancado e perturbado, caso obedecessem às estipulações do Pacto:
10 Prepararei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei, para que habite no seu lugar e não mais seja perturbado, e jamais os filhos da perversidade o aflijam, como dantes (2 Sm 7.10).
Mais uma promessa cumprida. Deus sempre promete o que cumpre. Se posteriormente, Israel foi levado cativo e retirado desta terra, não fora por causa da infidelidade de Deus, mas sim por causa da transigência de Israel. Mas mesmo diante da transigência de Israel, Deus manteve a Sua Promessa de continuidade, pois Judá voltou de seu cativeiro para a sua terra, apesar de nunca mais ter sido na extensão prometida originalmente.
C – A promessa de continuidade na descendência
Verifique mais uma vez a relação entre a promessa feita a Abraão com Davi:
2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção (Gn 12.2)!
12 Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino (2 Sm 7.12).
O que Deus estava firmando com Abraão e confirmando com Davi era uma dinastia sem fim. Dinastia é a linhagem de sucessores de uma mesma família. Enquanto o reino de Israel teve, aproximadamente, seis dinastias diferentes em sua linha sucessória, Judá, por sua vez, sempre permaneceu com uma única dinastia sucessória: a de Davi. Deus elege a casa de Davi para estabelecer uma linhagem através da qual Deus haveria de trazer ao mundo o Seu Filho, o Descendente que esmagaria a cabeça da serpente, prometido lá em Gênesis a Adão.
A questão de descendência era um drama terrível para Abraão. Ele e Sara eram idosos e Sara ainda era estéril. Mas Davi não passava por este drama, pois ele tinha muitos filhos e Deus lhe prometeu um sucessor pactual, ou seja, um descendente que ande nas estipulações do Pacto. Este descendente construiria o templo pretendido por Davi. Era a promessa de continuidade do Pacto.
E quando olhamos para o lado espiritual, ou seja, para o Israel espiritual, podemos notar a imensidão do cumprimento desta promessa, porque Abraão é apresentado no Novo Testamento como o pai de uma categoria de pessoas, não por vínculo sanguíneo, mas por semelhança espiritual. Jesus introduziu este conceito quando disse:
39 Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão (Jo 8.39).
E quais foram as obras de Abraão? Foram atos de fé. A qualidade de Abraão que o destacou foi a sua fé em Deus. E da forma como esta palavra fé é difundida nos dias de hoje, parece que todo mundo se tornou igual a Abraão! Será que a fé é só isso? Observe que quando Jesus destacou o exemplo de Abraão no texto acima, Ele falou em tons de repreensão dos religiosos, as pessoas que mais falavam de Deus! Estes líderes religiosos usavam manobras políticas, mentiras e até homicídio para manter seu controle sobre o povo. Táticas não tão diferentes quanto ás empregadas por alguns outros religiosos ao longo da história. Jesus frisou as atitudes de Abraão em aceitar a verdade, falar a verdade e agir conforme a verdade.
A fé de Abraão não foi superficial, mas foi a força que orientou cada passo de sua vida, mesmo quando as pessoas ao seu redor não o apoiavam. Quando Deus chamou Abraão para deixar seus parentes e mudar para uma terra desconhecida, este homem foi sem hesitar. Quando Deus prometeu que ele e sua esposa, já velhos, teriam um filho, Abraão acreditou sem vacilar. Quando o Senhor mandou sacrificar este filho da promessa, a fé de Abraão era tão grande que colocou o filho sobre um altar e pegou a faca para matá-lo. Deus não permitiu que o matasse, mas deixou Abraão chegar a este extremo para provar a sua fé. Abraão obedeceu, acreditando que Deus ressuscitaria este filho para ainda cumprir suas promessas. Isso nos mostra que Abraão não obedecia somente quando concordava com Deus ou quando entendia seus propósitos. Este patriarca obedecia porque reconhecia a Soberania absoluta do seu Deus. Paulo, descendente carnal de Abraão, disse que o importante não é a linhagem de sangue, e sim a descendência espiritual:
28 Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne.
29 Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus (Rm 2.28,29).
Paulo levou esta ideia, a qual era muito radical para os judeus da época, ao ponto de tratar todos os cristãos como descendentes de Abraão:
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gl 3.29).
Os verdadeiros descendentes de Abraão demonstram a mesma fé obediente a Deus. Portanto, não se preocupe com a sua genealogia carnal, mas tenha o coração de Abraão! Descendência eterna é a palavra chave da Aliança de Deus com Davi, por isso o assunto continua no próximo ponto.
A Aliança com Davi aconteceu quando Israel gozava de estabilidade política, social e espiritual.
1 Sucedeu que, habitando o rei Davi em sua própria casa, tendo-lhe o SENHOR dado descanso de todos os seus inimigos em redor (2 Sm 7.1),
O que estava faltando a Israel? Eles tinham a terra, prosperidade, paz e segurança sob a liderança do rei Davi. Que mais restava? O que faltava era justamente a garantia da continuidade dessa situação. Deus queria estabelecer um reino que não perecesse e essa garantia veio da forma de um Pacto: A Aliança com Davi.
Quando Davi termina suas conquistas, sentiu no coração o desejo de construir um templo para Deus, a fim de abrigar a Arca da Aliança, pois a mesma permanecia, até então, em uma tenda. Ele procurou o profeta Natã, o qual ficou a favor de sua ideia.
2 disse o rei ao profeta Natã: Olha, eu moro em casa de cedros, e a arca de Deus se acha numa tenda.
3 Disse Natã ao rei: Vai, faze tudo quanto está no teu coração, porque o SENHOR é contigo (2 Sm 7.2,3).
Mas a reação de Deus ao plano de Davi foi a de revelar que, enquanto Davi pretendia construir uma casa fixa para a Arca da Aliança, Deus pretendia realizar com ele uma Aliança sem fim, uma Aliança de continuidade, pretendia estabelecer uma dinastia para Davi, uma linhagem através da qual Deus haveria de trazer ao mundo o Seu Filho o descendente eterno e vitorioso que esmagaria a cabeça da serpente.
Sempre houve progresso nas renovações do Pacto, sempre havia novidades em cada edição. Se a Aliança com Abraão gerava um povo, a Aliança com Davi transformava esse povo em um reino e lhes providenciaria um Rei para governar com justiça e por toda a eternidade. Este reino teria a Lei para viver na terra, o rei para governar com justiça, um trono e uma dinastia sem fim. O aspecto novo mais extraordinário na Aliança de Deus com Davi era a eternidade.
16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre (2 Sm 7.16).
Qual a importância de estabelecer uma dinastia? Por que o Messias não poderia nascer de qualquer tribo de Israel? Por que deveria nascer na casa de Davi? A resposta é: legitimidade! A legitimidade do Messias era um fator muito importante, pois ela destacaria a fidelidade de Deus. A dinastia de Davi era legítima porque fora estabelecida por Deus e selada pelo Pacto.
16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
25 Agora, pois, ó SENHOR Deus, quanto a esta palavra que disseste acerca de teu servo e acerca da sua casa, confirma-a para sempre e faze como falaste.
26 Seja para sempre engrandecido o teu nome, e diga-se: O SENHOR dos Exércitos é Deus sobre Israel; e a casa de Davi, teu servo, será estabelecida diante de ti (2 Sm 7.25,26).
Deus daria a Davi um sucessor em cujas mãos o reino seria entregue e jamais dele seria tirado. A grande questão aqui era saber quem seria esse sucessor. Quem teria tanto poder, sabedoria e longevidade suficiente para garantir o trono e o reino para sempre? Certamente não seria um dos filhos carnais de Davi que o sucederam no trono, pois eles, por mais grandiosos que tivessem sido, pereceram juntamente com suas obras. A Aliança com Davi era um prelúdio da versão final do Pacto, ou seja, a que viria depois dela: A Nova Aliança com Jesus Cristo.
Todo o povo de Israel era consagrado ao Senhor, mas o ápice dessa consagração era a casa de Davi. Como rei de Israel, ele era o pináculo da realeza. Como um tipo e ancestral do Messias, Davi era a mais completa manifestação de realeza debaixo da Soberania de Deus.
Mesmo com o fim da monarquia em Israel a promessa não estava invalidada, pois Deus sempre promete o que cumpre, e o cumprimento da promessa de um descendente de Davi e um reino eterno, ainda levaria um longo tempo para acontecer, pois ela se cumpriria na plenitude dos tempos, que é o nosso último tópico.
Do que foi prometido a Davi ele viu se cumprir, antes dele morrer, a promessa de um descendente: Salomão; a paz no reino de Israel; a prosperidade do reino de Israel; a reputação e a glória do povo de Deus entre as nações. Mas a vinda do sucessor eterno e glorioso, o rei cujo reino jamais passaria, estava reservada para acontecer dali a mil anos. Chegada a plenitude dos tempos assim começa os evangelhos:
1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1.1).
Lucas abre o seu evangelho identificando Jesus Cristo como o cumprimento da Aliança davídica.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus.
32 Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
33 ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim (Lc 1.32,33).
Por que era tão importante, logo de início, anunciar a genealogia de Jesus Cristo? Por uma questão de legitimidade. E também para anunciar que as promessas do Pacto foram cumpridas. O propósito do Novo Testamento em associar o Senhor Jesus Cristo ao Pacto é justamente mostrar a fidelidade de Deus à Aliança. A promessa de Deus a Abraão foi clara e específica: O seu próprio filho será o seu herdeiro.
4 A isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro (Gn 15.4).
Mas a grande questão é a seguinte: esta promessa de descendência deve ser entendida em termos raciais ou espirituais? E como já vimos, o apóstolo Paulo esclarece a questão em sua carta aos Gálatas:
16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo (Gl 3.16).
Todas as promessas feitas a Abraão são cumpridas em Jesus. É por meio do maior Filho de Abraão, Jesus Cristo, que a bênção falada em Gênesis alcançará os povos do mundo. A linhagem racial se torna insignificante quando sabemos que podemos ser herdeiros de Abraão, ainda que não sejamos árabes ou judeus. Jesus nasceu no tempo determinado por Deus como o “descendente” de Abraão. A relação que temos com Jesus se torna fator determinante se pertencemos realmente a Deus ou não. Paulo resume isso ao declarar:
3 Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.3-5).
26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gl 3.26-29).
Louvamos a Deus porque nós, gentios, temos a oportunidade de encontrar a Jesus Cristo nestes últimos tempos. Quando olhamos para o Novo Testamento, no dia de Pentecoste, podemos ver a porta do Evangelho de Deus sendo aberta aos gentios para a conversão.
8 E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?
9 Somos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
10 da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem,
11 tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?
38 Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.
39 Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.
40 Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
41 Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas (At 2.8-11,38-41).
Deus salva a todos, seja de qual descendência for e todos os salvos são inseridos na descendência espiritual de Abraão, por intermédio de Jesus. Que a Igreja seja capaz de reconhecer e compreender esta promessa de Deus. Deus, realmente, quer que a sua mensagem alcance a todos, porque Deus é amor.
A aliança Davídica
indicava um reinado Eterno através de jesus
A confirmação das
promessas feitas a Abraão
Não encontramos a
palavra Pacto em nosso texto básico, mas nela Davi entendeu claramente que a
Palavra de Deus, vinda através do profeta Natã, era o estabelecimento de um
Pacto, pois mais à frente ele vai dizer:
3 Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a
mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no
temor de Deus,
4 é como a luz da manhã, quando sai o sol, como
manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz brotar da terra a erva.
5 Não está assim com Deus a minha casa? Pois
estabeleceu comigo uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura. Não me
fará ele prosperar toda a minha salvação e toda a minha esperança (2 Sm
23.3-5)?
Uma aliança eterna. A
continuidade está na confirmação das promessas feitas na Aliança com Abraão. E
quais foram estas promessas?
A – A promessa de um
grande nome
Veja a relação entre
o que foi prometido a Abraão e o que aconteceu com Davi:
2 de ti farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção (Gn 12.2)!
9 E fui contigo, por onde quer que andaste,
eliminei os teus inimigos diante de ti e fiz grande o teu nome, como só os
grandes têm na terra (2 Sm 7.9).
Deus engrandeceu a
Israel pelas mãos de Davi. A Bíblia diz:
17 Assim se espalhou o renome de Davi por todas
aquelas terras; pois o SENHOR o fez temível a todas aquelas gentes (1 Cr
14.17).
E Deus cumpre sua
promessa de continuidade. Salomão, filho de Davi, o sucede no trono e o Senhor
continua a engrandecer o nome de seu povo por meio de Salomão, que realizou a
construção do templo, o palácio real e os muros de Jerusalém. A sabedoria e a
riqueza de Salomão encantaram o mundo da época e vinha gente para visitá-lo de
todos os povos. E isto se refletia também no lado espiritual, pois um destes
visitantes disse:
4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a
sabedoria de Salomão, e a casa que edificara,
5 e a comida da sua mesa, e o lugar dos seus
oficiais, e o serviço dos seus criados, e os trajes deles, e seus copeiros, e o
holocausto que oferecia na Casa do SENHOR, ficou como fora de si
6 e disse ao rei: Foi verdade a palavra que a
teu respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria.
7 Eu, contudo, não cria naquelas palavras, até
que vim e vi com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram a metade:
sobrepujas em sabedoria e prosperidade a fama que ouvi.
8 Felizes os teus homens, felizes estes teus
servos, que estão sempre diante de ti e que ouvem a tua sabedoria!
9 Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se
agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é porque o SENHOR ama a
Israel para sempre, que te constituiu rei, para executares juízo e justiça (1
Rs 10.5-9).
Deus deu a Abraão um
nome famoso na terra, mas engrandeceu mais ainda o nome de sua descendência no
tempo da monarquia, ou seja, no tempo de Davi e Salomão. Era a promessa da
continuidade.
B – A promessa de uma
terra em que o seu povo habitaria em paz
Veja agora a relação
entre a promessa feita a Abraão com o reinado de Salomão:
7 Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei
à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe
aparecera (Gn 12.7).
18 Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com
Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao
grande rio Eufrates (Gn 15.18).
21 Dominava Salomão sobre todos os reinos desde
o Eufrates até à terra dos filisteus e até à fronteira do Egito; os quais
pagavam tributo e serviram a Salomão todos os dias da sua vida (1 Rs 4.21).
A promessa da
conquista da terra se estendia do Rio do Egito ao Rio Eufrates. Davi realizou
esta conquista e seu filho, Salomão, a administrou. Deus prometeu a Abraão
aquela terra, mas a Davi, Deus promete que plantaria a Israel naquela terra
para jamais ser arrancado e perturbado, caso obedecessem às estipulações do
Pacto:
10 Prepararei lugar para o meu povo, para
Israel, e o plantarei, para que habite no seu lugar e não mais seja perturbado,
e jamais os filhos da perversidade o aflijam, como dantes (2 Sm 7.10).
Mais uma promessa
cumprida. Deus sempre promete o que cumpre. Se posteriormente, Israel foi
levado cativo e retirado desta terra, não fora por causa da infidelidade de
Deus, mas sim por causa da transigência de Israel. Mas mesmo diante da
transigência de Israel, Deus manteve a Sua Promessa de continuidade, pois Judá
voltou de seu cativeiro para a sua terra, apesar de nunca mais ter sido na
extensão prometida originalmente.
C – A promessa de
continuidade na descendência
Verifique mais uma
vez a relação entre a promessa feita a Abraão com Davi:
2 de ti farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção (Gn 12.2)!
12 Quando teus dias se cumprirem e descansares
com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que
procederá de ti, e estabelecerei o seu reino (2 Sm 7.12).
O que Deus estava
firmando com Abraão e confirmando com Davi era uma dinastia sem fim. Dinastia é
a linhagem de sucessores de uma mesma família. Enquanto o reino de Israel teve,
aproximadamente, seis dinastias diferentes em sua linha sucessória, Judá, por
sua vez, sempre permaneceu com uma única dinastia sucessória: a de Davi. Deus
elege a casa de Davi para estabelecer uma linhagem através da qual Deus haveria
de trazer ao mundo o Seu Filho, o Descendente que esmagaria a cabeça da
serpente, prometido lá em Gênesis a Adão.
A questão de
descendência era um drama terrível para Abraão. Ele e Sara eram idosos e Sara
ainda era estéril. Mas Davi não passava por este drama, pois ele tinha muitos
filhos e Deus lhe prometeu um sucessor pactual, ou seja, um descendente que
ande nas estipulações do Pacto. Este descendente construiria o templo
pretendido por Davi. Era a promessa de continuidade do Pacto.
E quando olhamos para
o lado espiritual, ou seja, para o Israel espiritual, podemos notar a imensidão
do cumprimento desta promessa, porque Abraão é apresentado no Novo Testamento
como o pai de uma categoria de pessoas, não por vínculo sanguíneo, mas por
semelhança espiritual. Jesus introduziu este conceito quando disse:
39 Então, lhe responderam: Nosso pai é Abraão.
Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão (Jo
8.39).
E quais foram as
obras de Abraão? Foram atos de fé. A qualidade de Abraão que o destacou foi a
sua fé em Deus. E da forma como esta palavra fé é difundida nos dias de hoje,
parece que todo mundo se tornou igual a Abraão! Será que a fé é só isso?
Observe que quando Jesus destacou o exemplo de Abraão no texto acima, Ele falou
em tons de repreensão dos religiosos, as pessoas que mais falavam de Deus!
Estes líderes religiosos usavam manobras políticas, mentiras e até homicídio
para manter seu controle sobre o povo. Táticas não tão diferentes quanto ás
empregadas por alguns outros religiosos ao longo da história. Jesus frisou as
atitudes de Abraão em aceitar a verdade, falar a verdade e agir conforme a
verdade.
A fé de Abraão não
foi superficial, mas foi a força que orientou cada passo de sua vida, mesmo
quando as pessoas ao seu redor não o apoiavam. Quando Deus chamou Abraão para
deixar seus parentes e mudar para uma terra desconhecida, este homem foi sem
hesitar. Quando Deus prometeu que ele e sua esposa, já velhos, teriam um filho,
Abraão acreditou sem vacilar. Quando o Senhor mandou sacrificar este filho da
promessa, a fé de Abraão era tão grande que colocou o filho sobre um altar e
pegou a faca para matá-lo. Deus não permitiu que o matasse, mas deixou Abraão
chegar a este extremo para provar a sua fé. Abraão obedeceu, acreditando que
Deus ressuscitaria este filho para ainda cumprir suas promessas. Isso nos
mostra que Abraão não obedecia somente quando concordava com Deus ou quando
entendia seus propósitos. Este patriarca obedecia porque reconhecia a Soberania
absoluta do seu Deus. Paulo, descendente carnal de Abraão, disse que o importante
não é a linhagem de sangue, e sim a descendência espiritual:
28 Porque não é judeu quem o é apenas
exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne.
29 Porém judeu é aquele que o é interiormente, e
circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo
louvor não procede dos homens, mas de Deus (Rm 2.28,29).
Paulo levou esta
ideia, a qual era muito radical para os judeus da época, ao ponto de tratar
todos os cristãos como descendentes de Abraão:
29 E, se sois de Cristo, também sois
descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gl 3.29).
Os verdadeiros
descendentes de Abraão demonstram a mesma fé obediente a Deus. Portanto, não se
preocupe com a sua genealogia carnal, mas tenha o coração de Abraão!
Descendência eterna é a palavra chave da Aliança de Deus com Davi, por isso o
assunto continua no próximo ponto.
2 – A aliança de
novidade: um descendente eterno e vitorioso
A Aliança com Davi
aconteceu quando Israel gozava de estabilidade política, social e espiritual.
1 Sucedeu que, habitando o rei Davi em sua
própria casa, tendo-lhe o SENHOR dado descanso de todos os seus inimigos em
redor (2 Sm 7.1),
O que estava faltando
a Israel? Eles tinham a terra, prosperidade, paz e segurança sob a liderança do
rei Davi. Que mais restava? O que faltava era justamente a garantia da
continuidade dessa situação. Deus queria estabelecer um reino que não perecesse
e essa garantia veio da forma de um Pacto: A Aliança com Davi.
Quando Davi termina
suas conquistas, sentiu no coração o desejo de construir um templo para Deus, a
fim de abrigar a Arca da Aliança, pois a mesma permanecia, até então, em uma
tenda. Ele procurou o profeta Natã, o qual ficou a favor de sua ideia.
2 disse o rei ao profeta Natã: Olha, eu moro em
casa de cedros, e a arca de Deus se acha numa tenda.
3 Disse Natã ao rei: Vai, faze tudo quanto está
no teu coração, porque o SENHOR é contigo (2 Sm 7.2,3).
Mas a reação de Deus
ao plano de Davi foi a de revelar que, enquanto Davi pretendia construir uma
casa fixa para a Arca da Aliança, Deus pretendia realizar com ele uma Aliança
sem fim, uma Aliança de continuidade, pretendia estabelecer uma dinastia para
Davi, uma linhagem através da qual Deus haveria de trazer ao mundo o Seu Filho
o descendente eterno e vitorioso que esmagaria a cabeça da serpente.
Sempre houve
progresso nas renovações do Pacto, sempre havia novidades em cada edição. Se a
Aliança com Abraão gerava um povo, a Aliança com Davi transformava esse povo em
um reino e lhes providenciaria um Rei para governar com justiça e por toda a
eternidade. Este reino teria a Lei para viver na terra, o rei para governar com
justiça, um trono e uma dinastia sem fim. O aspecto novo mais extraordinário na
Aliança de Deus com Davi era a eternidade.
16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados
para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre (2 Sm 7.16).
Qual a importância de
estabelecer uma dinastia? Por que o Messias não poderia nascer de qualquer
tribo de Israel? Por que deveria nascer na casa de Davi? A resposta é:
legitimidade! A legitimidade do Messias era um fator muito importante, pois ela
destacaria a fidelidade de Deus. A dinastia de Davi era legítima porque fora
estabelecida por Deus e selada pelo Pacto.
16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados
para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre.
25 Agora, pois, ó SENHOR Deus, quanto a esta
palavra que disseste acerca de teu servo e acerca da sua casa, confirma-a para
sempre e faze como falaste.
26 Seja para sempre engrandecido o teu nome, e
diga-se: O SENHOR dos Exércitos é Deus sobre Israel; e a casa de Davi, teu
servo, será estabelecida diante de ti (2 Sm 7.25,26).
Deus daria a Davi um
sucessor em cujas mãos o reino seria entregue e jamais dele seria tirado. A
grande questão aqui era saber quem seria esse sucessor. Quem teria tanto poder,
sabedoria e longevidade suficiente para garantir o trono e o reino para sempre?
Certamente não seria um dos filhos carnais de Davi que o sucederam no trono,
pois eles, por mais grandiosos que tivessem sido, pereceram juntamente com suas
obras. A Aliança com Davi era um prelúdio da versão final do Pacto, ou seja, a
que viria depois dela: A Nova Aliança com Jesus Cristo.
Todo o povo de Israel
era consagrado ao Senhor, mas o ápice dessa consagração era a casa de Davi.
Como rei de Israel, ele era o pináculo da realeza. Como um tipo e ancestral do
Messias, Davi era a mais completa manifestação de realeza debaixo da Soberania
de Deus.
Mesmo com o fim da
monarquia em Israel a promessa não estava invalidada, pois Deus sempre promete
o que cumpre, e o cumprimento da promessa de um descendente de Davi e um reino
eterno, ainda levaria um longo tempo para acontecer, pois ela se cumpriria na
plenitude dos tempos, que é o nosso último tópico.
3 – O cumprimento da
aliança: Jesus Cristo
Do que foi prometido
a Davi ele viu se cumprir, antes dele morrer, a promessa de um descendente:
Salomão; a paz no reino de Israel; a prosperidade do reino de Israel; a
reputação e a glória do povo de Deus entre as nações. Mas a vinda do sucessor
eterno e glorioso, o rei cujo reino jamais passaria, estava reservada para
acontecer dali a mil anos. Chegada a plenitude dos tempos assim começa os
evangelhos:
1 Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de
Davi, filho de Abraão (Mt 1.1).
Lucas abre o seu
evangelho identificando Jesus Cristo como o cumprimento da Aliança davídica.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a
quem chamarás pelo nome de Jesus.
32 Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai;
33 ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó,
e o seu reinado não terá fim (Lc 1.32,33).
Por que era tão
importante, logo de início, anunciar a genealogia de Jesus Cristo? Por uma
questão de legitimidade. E também para anunciar que as promessas do Pacto foram
cumpridas. O propósito do Novo Testamento em associar o Senhor Jesus Cristo ao
Pacto é justamente mostrar a fidelidade de Deus à Aliança. A promessa de Deus a
Abraão foi clara e específica: O seu próprio filho será o seu herdeiro.
4 A isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: Não
será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro
(Gn 15.4).
Mas a grande questão
é a seguinte: esta promessa de descendência deve ser entendida em termos
raciais ou espirituais? E como já vimos, o apóstolo Paulo esclarece a questão
em sua carta aos Gálatas:
16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao
seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém
como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo (Gl 3.16).
Todas as promessas
feitas a Abraão são cumpridas em Jesus. É por meio do maior Filho de Abraão,
Jesus Cristo, que a bênção falada em Gênesis alcançará os povos do mundo. A
linhagem racial se torna insignificante quando sabemos que podemos ser
herdeiros de Abraão, ainda que não sejamos árabes ou judeus. Jesus nasceu no
tempo determinado por Deus como o “descendente” de Abraão. A relação que temos
com Jesus se torna fator determinante se pertencemos realmente a Deus ou não.
Paulo resume isso ao declarar:
3 Assim, também nós, quando éramos menores,
estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus
enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim
de que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.3-5).
26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a
fé em Cristo Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em
Cristo de Cristo vos revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem
escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois
descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa (Gl 3.26-29).
Louvamos a Deus
porque nós, gentios, temos a oportunidade de encontrar a Jesus Cristo nestes
últimos tempos. Quando olhamos para o Novo Testamento, no dia de Pentecoste,
podemos ver a porta do Evangelho de Deus sendo aberta aos gentios para a
conversão.
8 E como os ouvimos falar, cada um em nossa
própria língua materna?
9 Somos partos, medos, elamitas e os naturais
da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
10 da Frígia, da Panfília, do Egito e das
regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem,
11 tanto judeus como prosélitos, cretenses e
arábios. Como os ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus?
38 Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada
um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.
39 Pois para vós outros é a promessa, para
vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o
Senhor, nosso Deus, chamar.
40 Com muitas outras palavras deu testemunho e
exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
41 Então, os que lhe aceitaram a palavra foram
batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas (At
2.8-11,38-41).
Deus salva a todos,
seja de qual descendência for e todos os salvos são inseridos na descendência
espiritual de Abraão, por intermédio de Jesus. Que a Igreja seja capaz de
reconhecer e compreender esta promessa de Deus. Deus, realmente, quer que a sua
mensagem alcance a todos, porque Deus é amor.
Em breve estaremos de volta (para concluir) com o seguinte tema: Davi, um tipo de Cristo.
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