quinta-feira, 19 de maio de 2022

Série: As 10 Doutrinas bíblicas 6

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com





 Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!      



Uma introdução à Teologia


ÍNDICE

 

1. “TEOLOGIA ” - A DOUTRINA DE DEUS

 

A Existência de DEUS......................................................................

A Revelação de DEUS .....................................................................

A Natureza de Deus e seus Atributos..............................................

A Natureza de Deus e seus Atributos (C o n t.)..........................

A Santidade de Deus ...................................................................

A Trindade Divina...........................................................................

As Obras de Deus ............................................................................

 

2. “CRISTOLOGIA ” - A DOUTRINA DE CRISTO

Cristo no Antigo Testamento .........................................................

A Divindade de Cristo .....................................................................

A Humanidade de Cristo ................................................................

A Morte de Cristo............................................................................

A Ressurreição de Cristo.................................................................

O Sacerdócio de Cristo....................................................................

 

3. “PNEUMATOLOGIA” - A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

 

A Natureza do Espírito Santo .........................................................

O Espírito Santo no Antigo Testamento..........................................

O Espírito Santo no Novo Testamento............................................

O Espírito Santo no Crente..............................................................

O Batismo no Espírito Santo ..........................................................

Os Dons do Espírito Santo .............................................................

 

4. “ANGELOLOGIA” - A DOUTRINA DOS ANJOS

 

A Natureza dos Anjos ....................................................................

Os Anjos Como Agentes de Deus ...................................................

Origem, Rebeldia e Queda de Lúcifer ............................................

Satanás, o Agente da Tentação .....................................................

Satanás na Consumação dos séculos .............................................

 

5. “ANTROPOLOGIA ” - A DOUTRINA DO HOMEM

 

A Origem e a Criação do Homem ...................................................

A Natureza do Homem ..................................................................

O Homem - Imagem e Semelhança de Deus ..................................

O Destino do Homem .....................................................................

Provação e Queda do Homem .......................................................

 

6. “H AMARTIOLOGIA ” - A DOUTRINA DO PECADO

 

A Origem do Pecado.......................................................................

A Natureza do Primeiro Pecado do Homem...................................

A Descrição Bíblica do Pecado........................................................

O Pecado Original e o Pecado Praticado........................................

O Pecado e o Crente ...........................................................

 

7. “SOTERIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

 

A Providência Salvadora..................................................................

Quatro Aspectos da Provisão de Cristo Quanto à Salvação

O Lado Divino da Conversão do Pecador.......................................

A Participação do Homem na Conversão......................................

A Justificação

 


A Regeneração.................................................................................

A Adoção..................................

A Santificação ..............................................................................

Advertências e Promessas...............................................................

A Glorificação..................................................................................


8. “BIBLIOLOGIA

 

9. “ECLESIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA IGREJA

 

A Origem da Igreja...........................................................................

O Que É a Igreja...............................................................................

O Fundamento da Igreja..................................................................

Formação e Administração da Igreja..............................................

A Missão da Igreja...........................................................................

 

10. “ESCATOLOGIA BÍBLICA ” - A D. BÍB . DAS ÚLT. COISAS

 

O Arrebatamento da Igreja.............................................................

Após o Arrebatamento da Igreja.....................................................

A Grande Tribulação.......................................................................

A Volta de Jesus...............................................................................

O Milênio..............................................................................

Eventos Finais..................................................................................


"HAMARTIOLOGIA"

A DOUTRINA DO PECADO

São os mais diversos os conceitos emitidos pelos estudiosos, ao longo da História, acerca da origem do pecado. Irineu, bispo de Lião, na Gália (130-208 d.C), foi talvez, o primeiro dos pais da Igreja antiga, a assegurar que o pecado no mundo se originou da transgressão voluntária de Adão no Éden.

Muitas outras opiniões quanto ao assunto surgiram também. Por exemplo, os gnósticos ensinavam que o contato da alma com a matéria tornava aquela imediatamente pecadora. Esta falsa teoria isentou o pecado do seu caráter voluntário e aético, como apresentado nas Escrituras.

Evidentemente, Deus, na Sua onisciência, já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do homem; porém, evitemos compreender erroneamente este fato. Estudemos os atributos de Deus, bem como o que a Bíblia discorre sobre este particular para não lançarmos sobre Deus a responsabilidade como de do pecado.

Deus é santo (Is 6.3) e não há nEle nenhuma injustiça (Dt 32.4; SI 92.15). O pecado não teve sua origem na terra, mas no mundo angelical; daí passou a Adão, até que tornou-se um flagelo universal.

O pecado e suas consequências são o assunto que estudaremos ao longo desta Lição.

 

ESBOÇO 1. A Origem do Pecado

2. A Natureza do Primeiro Pecado do Homem

3. A Descrição Bíblica do Pecado

4. O Pecado Original e o Pecado Praticado

5. O Pecado e o Crente

 

 

I.                   A ORIGEM DO PECADO

Na Bíblia, o mal moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza, falha, erro, fracasso, equívoco ou deslize, define-se claramente como pecado, iniquidade, delito, dívida, transgressão, contravenção e injustiça. A luz do ensino geral das Escrituras, o homem é apresentado como pecador e transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia diz acerca disso? Para responder a estas perguntas devemos considerar o seguinte os seguintes aspectos:

1. Deus não é o autor do pecado. Evidentemente, Deus, na Sua onisciência, já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter cuidado para, ao considerar este assunto, não lançar sobre Deus a causa ou a autoria do pecado. Esta ideia está excluída da Bíblia. Jó 34-10 diz: "... longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do 7odo-Poderoso o cometer injustiça..”. Também em 1 João

1.5 a Bíblia declara: “... Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.”.

Deus é santo (Is 6.3) e não há nEle nenhuma injustiça (Dt 32.4; SI 92.15).

Tiago diz: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.” (Tg 1.13). Deus odeia o pecado e a prova disto é que Ele enviou Jesus Cristo como provisão para destruir o pecado e salvar os homens.

O como, o quando e o onde da origem do pecado estão encobertos por um véu de mistério nas Escrituras. Deus sabe que a compreensão disso em nosso estado atual está além de nossa capacidade e também sabe que a ampla revelação disso, além daquilo que está na Bíblia, traria mal, confusão e desordem à nossa mente. Devemos aspirar “as profundezas de Deus” (I Co 2.10) e não “as profundezas de Satanás” (Ap 2.24; Dt 29.29.

2. O pecado teve origem no mundo angelical. Se quisermos conhecer a origem do pecado, devemos ir além da queda do homem, descrita no capítulo 3 de

Gênesis, e atentar para algo terrível e tenebroso que aconteceu no mundo dos anjos.

Deus criou os anjos como seres dotados de relativa perfeição; porém, Lúcifer e legiões de anjos se rebelaram contra Deus, pelo o que caíram em terrível condenação.

O tempo exato dessa rebelião e queda não é dado a conhecer na Bíblia, porém, em João 8.44, Jesus fala do Diabo como aquele que é homicida desde o princípio; e 1 João

3.8 diz que o Diabo peca desde o princípio.

A Bíblia não revela a época desse “princípio”. Bem pouco se diz a respeito do pecado que ocasionou a queda dos anjos. Porém, quando adverte Timóteo para que nenhum neófito seja designado como bispo, “... para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do Diabo.” (l Tm 3.6), concluímos que o pecado do Diabo foi a soberba e o desejo de se tornar igual a Deus.

3. A origem do pecado na raça humana. A Bíblia ensina que a origem do pecado na história da raça humana foi a transgressão voluntária de Adão no Éden. Foi por Adão que “entrou” o pecado no mundo. O homem deu ouvido à insinuação do tentador de que, se ele se colocasse em oposição a Deus, tornar-se-ia igual a Deus.

Tomando do fruto que Deus proibira, Adão caiu, abrindo a porta de acesso ao pecado no mundo. Ele não apenas pecou, como também tornou-se servo do pecado. E assim o pecado foi transmitido a todos os descendentes de Adão.

Vejamos como a Bíblia descreve este triste incidente da história humana:

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Pois, assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, peia desobediência de um só homem, muitos se tomaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tomarão justos. (Rm 5.12,18,19).

 

 

II.                A NATUREZA DO PRIMEIRO PECADO DO HOMEM

De acordo com o relato sagrado, o primeiro pecado do homem consistiu em haver Adão comido da árvore do conhecimento do bem e do mal, em desacato à ordem do Senhor: da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2.17).

Não sabemos que tipo de árvore era essa, a do conhecimento do bem e do mal.

Pode ter sido uma macieira, uma pereira ou outra árvore frutífera. Certamente não haveria nada de pecaminoso em se comer do fruto dessa árvore se Deus a respeito dela não houvesse dito: "... da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás...”. Os termos bem e mal aqui têm alcance muito mais amplo e profundo do que podemos imaginar. O texto bíblico cita estes termos, mas não os detalha. Hoje, bem e mal são muito “relativos”, dependendo da consciência do leitor estar alinhada ou não à Palavra de Deus.

Sua natureza formal

Porque razão a árvore do Éden é chamada “árvore do conhecimento do bem e do mal” não nos é declarado na Bíblia.

Qualquer que seja o significado que se dê à árvore do conhecimento do bem e do mal, deve-se ter sempre em mente que a finalidade da sua designação por Deus foi simplesmente a de provar o homem, criado à Sua imagem e semelhança. Adão deveria ser resoluto em submeter-se à vontade de Deus, de modo incondicional.

Sua natureza material

A essência do pecado de Adão consistiu no fato de se opor a Deus, recusando submeter-se à Sua vontade e impedindo que Deus determinasse o curso da sua jornada.

Adão tomou as rédeas da sua vida das mãos de Deus, determinando o seu futuro por si mesmo. O homem, deste modo, separou-se de Deus como se nada lhe devesse. Com sua atitude, Adão estava como que levantando os punhos para Deus e dizendo: “Eu não preciso mais de ti. ”.

 

Sua natureza universal

Ainda que muitos tenham opiniões diferentes quanto à natureza do pecado e, de igual modo, quanto à sua origem, bem poucos negam o fato de que o pecado é um tormento no coração do homem, em todos os quadrantes da terra. Seja em grandes cidades, como São Paulo, Nova Iorque e Tóquio, ou nas mais esquecidas aldeias do interior da África, o pecado é um flagelo incessante.

A própria história das religiões testificam da universalidade do pecado. A pergunta de Jó 25.4: “Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher?” é feita tanto por aqueles que conhecem a revelação de Deus, quanto por aqueles que a ignoram.

Quase todas as religiões dão testemunho do conhecimento universal do pecado, e da necessidade de reconciliação com um Ser superior. A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita.

Os mais antigos filósofos gregos, em sua luta contra o problema do mal, foram levados a admitir a universalidade do pecado, ainda que incapazes de explicar esse fenômeno.

A universalidade do pecado está registrada em muitas passagens da Bíblia.

Destacamos as seguintes: Gênesis 6.5; 1 Reis 8.46; Salmos 53.3; 143.2; Provérbios 20.9; Eclesiastes 7.20; Isaías 53.6; 64.6; Romanos 3.1-12,19,20,23; 5.12; Gálatas 3.22; Tiago 3.2,8,10.

 

III.             A DESCRIÇÃO BÍBLICA DO PECADO

Dada a importância do assunto de que trata este Texto, tendo em vista os falsos conceitos do pecado, chamamos a atenção para as particularidades do ensino bíblico apresentadas a respeito, a seguir.

O pecado é uma classe específica de mal

Comparativamente, o que ouvimos e lemos hoje sobre o mal, em geral, ultrapassa em muito o que ouvimos e lemos a respeito do pecado; isto, talvez* devido à opinião comum de que mal e pecado são a mesma coisa. Porém, é bom lembrar que nem todo mal é pecado. O pecado não deve ser confundido, por exemplo, com o mal físico sob a forma de prejuízos e calamidades. O pecado é a causa do mal, enquanto que o mal é o efeito do pecado.

Os termos bíblicos para designar o pecado são diversos, mas, em geral, ele é apresentado como fracasso, erro, iniquidade, transgressão, contravenção, delito, ofensa, dívida, ausência da lei e injustiça. A característica principal do pecado, em todos os seus aspectos, é que ele é cometido, primeiramente, contra Deus, conforme mostram as seguintes referências: Salmos 51.4, Romanos 8.7 e Lucas 15.18.

O pecado tem sempre relação com Deus

E impossível ter-se um conceito correto do pecado sem vê-lo à luz da pessoa de Deus e Sua vontade, pois é compreendendo-o assim que ele é interpretado como “falta de conformidade com a lei de Deus”. Esta é a definição formal mais correta do pecado.

As passagens seguintes mostram claramente que as Escrituras consideram o pecado em relação a Deus e à Sua lei, contrariando-os.

“Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem. ” (Rm 1.32).

“se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores.” (Tg 2.9).

 

O pecado inclui tanto a culpa como a corrupção da pessoa

A culpa é um estado em que a pessoa sente o merecimento do castigo pela violação de uma lei moral. Ela expressa também a relação que o pecado tem com a justiça e com o castigo da lei. Possui significado duplo, pois a culpa tanto denota a qualidade própria do pecado, como denota a culpabilidade que nos faz dignos do juízo e do castigo divinos.

A culpa potencial. A culpa pode ser removida por meio de um substituto, mediante a satisfação das exigências da lei divina (Mt 6.12; Rm 3.19; 5.18; Ef 2.3).

Corrupção é a contaminação inerente a cada pecador; é uma realidade na vida de todo indivíduo. Todo aquele que é nascido de Adão tem em si a natureza manchada pelo pecado (Jó 14.4; Jr 17.9; Mt 7.15-20; Rm 8.5-8; Ef 4.17-19).

O pecado tem lugar, primeiramente, no coração

O pecado não reside em nenhum outro lugar, senão no coração, o âmago da alma, de onde flui a vida. O coração de que fala a Bíblia é o centro das influências que põem em operação o intelecto, a vontade e os afetos. Em seu estado pecaminoso, o coração torna o homem objeto do desagrado de Deus.

Sobre o coração como invólucro do pecado escreveu o profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”

(Jr 17.9). Ler Provérbios 4.23; Mateus 15.19,20; Lucas 6.45 e Hebreus 3.12.

 

 

IV.             O PECADO ORIGINAL E O PECADO PRATICADO

O “pecado original”

O estado pecaminoso em que nasce o ser humano é definido teologicamente como “pecado original”. Segundo Berkhof, ele é chamado assim porque

"1. Se deriva de Adão o tronco original da raça humana:

2. está presente na vida de cada indivíduo desde o momento do seu nascimento, pelo que não pode ser considerado como resultado de simples imitação:

3. é a raiz interna de todos os pecados atuais que maculam a vida do homem.”

Devemos, porém, evitar o erro de pensar que o termo “pecado original” implique que este pecado integrasse a constituição original da natureza humana. Isto equivaleria a dizer que Deus criou o homem como pecador, o que é absolutamente herético.

Dentre os vários elementos constitutivos do “pecado original”, distinguimos, para efeito de estudo, estes dois aspectos:

1. A Culpa Original. A palavra culpa, com relação ao pecado original, expressa a relação que a justiça tem com o pecado, e, como diziam os teólogos mais antigos, a relação que o pecado tem com a pena da Lei. Adão respondeu por sua própria culpa, mas a natureza adâmica pecaminosa, propensa ao pecado, afetou sua descendência.

2. A Corrupção Original. A corrupção original do homem inclui a ausência da justiça original e a presença da propensão ao mal em todo ser humano. É a tendência da natureza decaída, herdada de Adão, que condiciona o homem para pecar.

 

O “pecado praticado”

O pecado se originou num ato de livre vontade de Adão como representante da raça humana; uma transgressão da lei de Deus e uma corrupção da natureza humana, que deixou o homem exposto ao juízo e ao castigo divinos. E esta natureza humana corrompida, herdada de Adão, a fonte de onde flui todos os pecados praticados.

“Pecados praticados” são os atos externos pecaminosos, executados por meio do corpo. São também todos os maus pensamentos conscientes e igualmente palavras e atitudes pecaminosas. São os pecados individuais, de fato.

O pecado original é um só, enquanto que o pecado praticado desdobra-se em diferentes classes, incluindo pensamentos, atos e atitudes.

O que o apóstolo João escreveu em sua primeira epístola universal pode nos ajudar a compreender a diferença entre “pecado original” e “pecados praticados”.

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça.” (l jo 1.8,9- ).

A palavra “pecado”, no singular, citada no versículo 8, é uma referência precisa e direta ao pecado original, ou seja, à natureza decaída do homem, enquanto que a palavra “pecados”, no plural, citada no versículo 9, refere-se ao pecado praticado, no nosso dia-a-dia.

A classificação dos pecados praticados

É impossível classificar todos os pecados praticados, pois, variam de classe e de grau, e podem diferenciar-se em mais de um aspecto. Os católicos romanos fazem uma bem conhecida distinção entre pecados veniais e pecados mortais, porém eles mesmos não identificam com clareza a distinção entre pecado venial e mortal.

A mais extensa lista de diferentes classes de pecados mencionados na Bíblia é a apresentada pelo apóstolo Paulo na Epístola aos Gálatas:

 “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, os que tais coisas praticam  não herdarão o reino de Deus.” (G1 5.19-21).

Cada uma dessas classes abarca uma infinidade de pecados. O Novo Testamento determina a gravidade do pecado de acordo com o grau de conhecimento que se tenha a respeito dele. Os gentios, vivendo no pecado porque não conhecem a Deus, são culpados, sim, aos olhos dEle; porém, aqueles que já abraçaram o Evangelho e têm a revelação de Deus, são muito mais culpados quando pecam. Com isto concordam passagens bíblicas, como: Mt 10.15; Lc 12.47,48; Jo 19.11; At 17.30; Rm 1.32; 2.12; l Tm 1.13,15,16.

O pecado pode ser tanto por comissão como por omissão. Isto quer dizer que, aquele que não faz o bem que deveria fazer é tão pecador diante de Deus quanto aquele que derrama o sangue do seu próximo.

 

V.               O PECADO E O CRENTE

A luz divina, que agora está no crente, fá-lo ver e entender a malignidade, a gravidade e as consequências do pecado, o que não acontece com o incrédulo, que vive nas trevas espirituais.

O significado e a gravidade do pecado são compreendidos pelo crente mais do que por qualquer outra pessoa. Ao longo de toda a narrativa bíblica, o crente é advertido contra o “... pecado que tão de perto nos rodeia...” (Hb 12.1 - ARC) e a caminhar para o alvo, que é a semelhança da estatura e perfeição do Senhor que o comprou com o Seu precioso sangue. Por isso, ao ouvido de cada crente, hoje, deve continuar a soar a advertência solene do Mestre:“... vai e não peques mais.” (Jo 8.11).

Está o crente sujeito a pecar?

A descoberta de que após aceitarmos a Jesus como Salvador e sermos novas criaturas e ainda assim estarmos sujeitos a pecar é uma grande lição preventiva para o crente evitar o pecado.

Infelizmente, é possível o crente pecar. A Bíblia expõe este inditoso fato, bem como o dia-a-dia do crente. Só no Novo Testamento há capítulos inteiros, como, por exemplo Romanos capítulos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a natureza divina que nele habita e a sua natureza humana pecaminosa, mostrando a possibilidade do crente vir a pecar, se deixa de vigiar e de depender do poder vencedor de Cristo. Vem ao caso citarmos outra vez 1 João 1.8,9.

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”.

Mostramos no Texto anterior que “pecado”, no singular, citado no versículo 8, é uma referência direta à natureza decaída do homem, donde provêm todos os “pecados”, no plural, citado no versículo 9. E evidente, portanto, que o crente possui duas naturezas: a pecaminosa, propensa ao pecado, e a divina. Esta última é implantada no crente através da sua união e comunhão com Cristo, a Videira Verdadeira, sobre a qual fala João 15. Enquanto a primeira natureza estiver vencida, dominada e subjugada pelo crente, este prosseguirá de vitória em vitória. E pelo Pai, pelo Filho, e pelo Espírito que o crente sempre triunfa (G1 5.24; Rm 8.2,13; Jo 14.23).

Qual a causa do pecado do crente?

São muitas as causas que podem levar o crente a pecar, porém, vamos citar apenas as três principais, e também mais conhecidas, que são:

1. A nossa natureza pecaminosa (Rm 7.21-25).

2. O mundo que está sob o domínio de Satanás (ljo 2.15-17; 5.19).

3. Falta de oração e de cuidadoso estudo das Escrituras (Ef 6.10-18).

O crente que relaxa no hábito da oração e da leitura e estudo da Bíblia incorre em sérios riscos espirituais, podendo se tornar presa fácil do adversário.

 

Quais as consequências do pecado conhecido e tolerado na vida do crente?

Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, vale destacar as seguintes:

a) A perda da comunhão com Deus (l jo 1.5,6; SI 51.11);

b) Motivos para os incrédulos blasfemarem de Deus (2Sm 12.14);

c) Perda do galardão (I Co 3.13-15);

d) Possível morte prematura (At 5.1-11; I Co 11.30);

e) Dar mau exemplo a todos (I Co 8.9,10);

f) Endurecimento do coração (Hb 3.13).

Como o crente deve lidar com o pecado?

Quanto ao crente enfrentar o pecado, a Bíblia ensina que ele deve:

1. reconhecê-lo (SI 51.3);

2. evitá-lo (l Tm 5.22);

3. detestá-lo (Jd v. 23);

4. resisti-lo com confiança em Deus (Tg 4.7,8);

5. confessá-lo e, ao mesmo tempo, buscar o perdão de Deus (l jo 1.9);

6. abandoná-lo (Pv 28.13).

O apóstolo João escreveu: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.” (l jo 2 .1).



Em breve estaremos de volta com a 7ª parte


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