quinta-feira, 19 de maio de 2022

Série: As 10 Doutrinas bíblicas 1

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com





 Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!      



Uma introdução à Teologia


Apresentação

 


Escrito em linguagem de fácil compreensão, esta matéria apresenta um resumo das doutrinas cardeais da fé cristã, visando a oferecer ao aluno e ao obreiro que militam pela causa do Senhor uma visão da grandeza e da importância dos elementos essenciais dessa fé, que são as doutrinas bíblicas.

O que se destaca mais na Bíblia é o seu conteúdo doutrinário. Suas doutrinas são enfáticas na condenação dos falsos ensinos, como, nas passagens que advertem contra: a “... tradição dos homens...” (Cl 2.8); contra a “... doutrina dos fariseus...” (Mt

16.12); contra os “... ensinos de demônios...” (l Tm 4.1); contra os que ensinam "... doutrinas que são preceitos de homens. ” (Mc 7.7); contra os que são “levados ao redor por todo vento de doutrina...” (Ef 4.14).

Entretanto, se por um lado a Bíblia condena o falso, por outro admoesta com veemência à aquisição do conhecimento sobre a prática da sã doutrina “toda a Escritura é... útil para o ensino ...” (2Tm 3.16). Portanto, segundo as Escrituras, a doutrina é

“boa” (l Tm 4 .6 ); “sã” (l Tm 1.10); “segundo a piedade” (l Tm 6 .3 ); “de Deus” (Tt 2.10); e “de Cristo” (2 Jo v. 9).

É mister que, na qualidade de guardiões da verdade, ensinemos ao rebanho do Senhor “todo o conselho de Deus” (At 20.27 - ARC), em especial pela época em que nos encontramos, marcada pela crescente proliferação de doutrinas heréticas, que confundem até mesmo um grande número de pessoas salvas.

Evitamos aqui realçar exageradamente alguns aspectos da doutrina cristã e, de igual modo, subestimar outros. Toda Escritura é boa e útil para o ensino e para a educação dos santos. O conhecimento que a Igreja adquire da vontade de Deus para a sua vida como um todo, ou para os seus membros em particular, depende do ensino constante, abundante e equilibrado da doutrina cristã como a temos na Bíblia.

No tocante à Trindade Santa, este livro apresenta: a Doutrina de Deus, definindo Sua natureza e seus principais atributos naturais e morais; a Doutrina de Cristo, Sua humanidade, humilhação, obra e glorificação, com ênfase em Sua pessoa face o contexto geral da doutrina cristã; a Doutrina do Espírito Santo, nos dias do Antigo e do Novo Testamento, como também nos dias de hoje, com especial enfoque ao batismo no Espírito Santo, aos dons e ao fruto do Espírito.

 

O presente estudo inclui uma abordagem à Doutrina dos Anjos, o papel que desempenham na obra do Senhor e a relevância que exercerão na consumação dos séculos; à Doutrina do Homem, enfatizando-se os elementos de sua natureza e as consequências resultantes de sua queda no Éden; à Doutrina do Pecado, diferenciando-se o “pecado original” do “pecado praticado” e suas decorrências sobre a vida do homem.

Quanto à Doutrina da Salvação, são destacados os principais elementos nela operantes, lançando luz sobre a controversa questão da “predestinação” e da possibilidade de o crente perder a salvação por não perseverar na fé em Cristo até o fim; a Doutrina da Igreja e o papel que exerce no plano da salvação; e, finalmente, a Doutrina das Últimas Coisas, como elemento catalisador de esperança e bênçãos para a Igreja de Cristo, em sua condição de peregrina na terra.

Que o Espírito Santo nos acompanhe ao longo das páginas deste estudo, revelando-nos as verdades bíblicas que nos tornam aptos para o desempenho da responsabilidade de sermos “sal da terra” e “luz do mundo”.

 


 ÍNDICE

 

1. “TEOLOGIA ” - A DOUTRINA DE DEUS

 

A Existência de DEUS......................................................................

A Revelação de DEUS .....................................................................

A Natureza de Deus e seus Atributos..............................................

A Natureza de Deus e seus Atributos (C o n t.)..........................

A Santidade de Deus ...................................................................

A Trindade Divina...........................................................................

As Obras de Deus ............................................................................

 

2. “CRISTOLOGIA ” - A DOUTRINA DE CRISTO

Cristo no Antigo Testamento .........................................................

A Divindade de Cristo .....................................................................

A Humanidade de Cristo ................................................................

A Morte de Cristo............................................................................

A Ressurreição de Cristo.................................................................

O Sacerdócio de Cristo....................................................................

 

3. “PNEUMATOLOGIA” - A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

 

A Natureza do Espírito Santo .........................................................

O Espírito Santo no Antigo Testamento..........................................

O Espírito Santo no Novo Testamento............................................

O Espírito Santo no Crente..............................................................

O Batismo no Espírito Santo ..........................................................

Os Dons do Espírito Santo .............................................................

 

4. “ANGELOLOGIA” - A DOUTRINA DOS ANJOS

 

A Natureza dos Anjos ....................................................................

Os Anjos Como Agentes de Deus ...................................................

Origem, Rebeldia e Queda de Lúcifer ............................................

Satanás, o Agente da Tentação .....................................................

Satanás na Consumação dos séculos .............................................

 

5. “ANTROPOLOGIA ” - A DOUTRINA DO HOMEM

 

A Origem e a Criação do Homem ...................................................

A Natureza do Homem ..................................................................

O Homem - Imagem e Semelhança de Deus ..................................

O Destino do Homem .....................................................................

Provação e Queda do Homem .......................................................

 

6. “H AMARTIOLOGIA ” - A DOUTRINA DO PECADO

 

A Origem do Pecado.......................................................................

A Natureza do Primeiro Pecado do Homem...................................

A Descrição Bíblica do Pecado........................................................

O Pecado Original e o Pecado Praticado........................................

O Pecado e o Crente ...........................................................

 

7. “SOTERIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

 

A Providência Salvadora..................................................................

Quatro Aspectos da Provisão de Cristo Quanto à Salvação

O Lado Divino da Conversão do Pecador.......................................

A Participação do Homem na Conversão......................................

A Justificação

 


A Regeneração.................................................................................

A Adoção..................................

A Santificação ..............................................................................

Advertências e Promessas...............................................................

A Glorificação..................................................................................


8. “BIBLIOLOGIA

 

9. “ECLESIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA IGREJA

 

A Origem da Igreja...........................................................................

O Que É a Igreja...............................................................................

O Fundamento da Igreja..................................................................

Formação e Administração da Igreja..............................................

A Missão da Igreja...........................................................................

 

10. “ESCATOLOGIA BÍBLICA ” - A D. BÍB . DAS ÚLT. COISAS

 

O Arrebatamento da Igreja.............................................................

Após o Arrebatamento da Igreja.....................................................

A Grande Tribulação.......................................................................

A Volta de Jesus...............................................................................

O Milênio..............................................................................

Eventos Finais..................................................................................


 

 

TEOLOGIA"

A DOUTRINA DE DEUS

Não obstante ser um livro que trate essencialmente sobre Deus e o Seu relacionamento com o homem, a Bíblia não assume como objetivo maior provar a existência de Deus. A existência de Deus é fato indiscutível, e, portanto pacífico, no decorrer de toda a narrativa bíblica.

Assim como a Bíblia, a sã teologia não se propõe a dissecar o Ser de Deus, mas a apresentado ao nível da compreensão do homem. Evidentemente, como Ser eterno, onisciente, onipresente e santo, Deus não pode ser aquilatado em Sua plenitude pelo homem, cuja capacidade é limitadíssima em si mesma.

Se a própria Bíblia diz que nem os céus, nem o céu dos céus podem conter Deus (l Rs 8.27), como a nossa ínfima compreensão seria capaz de aquilatá-lO? Comece onde começar, a nossa jornada na pesquisa sobre Deus será consumada quando nos virmos diante da declaração de Jesus à mulher samaritana: “Deus é Espírito...” (Jo 4.24).

Diante desta declaração de Jesus Cristo, concluímos quão magnífico e ilimitado é Deus, e quão insignificante e resumida é a nossa capacidade no que tange explicá-ÍO.

  Este é sem dúvida um resumo geral sobre a teologia bíblica


ESBOÇO

1. A Existência de Deus

2. A Revelação de Deus

3. A Natureza de Deus e seus Atributos

4. A Natureza de Deus e seus Atributos (Cont.)

5. A Santidade de Deus

6. A Trindade Divina

7. As Obras de Deus

 

 

I.                   A EXISTÊNCIA DE DEUS

Formas de negação da existência de Deus

Ao fazer um estudo comparativo entre as religiões, podemos afirmar que existem aqueles que não creem em Deus como um Ser Supremo e pessoal, e há os que não creem nEle como a Bíblia ensina. Vejamos as formas de negação da existência de Deus:

1. Ateísmo: os ateístas negam a existência de Deus e estão subdivididos em duas classes: o ateu prático e o ateu teórico.

2. Agnosticismo: palavra de origem grega que significa não saber. Os agnósticos alegam crer unicamente no que se pode ver e apalpar.

3. Deísmo: admite que Deus existe, contudo, rejeita por completo a Sua revelação à humanidade.

4. Materialismo: afirma que os diferentes comportamentos físicos e psíquicos humanos são simplesmente movimentos da matéria.

5. Panteísmo: ensina que, no Universo, Deus é tudo e tudo é Deus. Deus é não apenas parte do Universo, mas o próprio Universo.

Provas bíblicas da existência de Deus

Na Bíblia, em sua primeira página, encontramos a inequívoca declaração: “No princípio... Deus...” (Gn l.l). Ainda que tenha a existência de Deus como fato plenamente razoável, independente da fé, a sã teologia não se propõe a demonstrá-la por meio de argumentos humanamente lógicos. A pessoa que, para provar a existência de Deus, vai além do que a Bíblia diz e do que a criação testifica, pode levar o inquiridor a resultados inúteis ou desnecessários.

Fé na revelação bíblica

O cristão que teme a Deus através da fé, aceita a verdade da Sua existência segundo a revelação contida na Bíblia, pois ela não só revela Deus como Criador de tudo, mas também como e como Dirigente. A Bíblia mostra esta revelação como a base da fé em Sua existência.

 

Deus estava em Cristo

Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo escreveu que Deus estava em

Cristo...” (2Co 5.19). Desta forma, temos na Pessoa de Jesus Cristo a maior expressão da existência de Deus; a maior revelação que o próprio Deus poderia fazer ser de Si mesmo ao homem (Jo 1.1,14).

Cristo, a expressão humana de Deus

Sendo, pois, a pessoa de Jesus Cristo a maior revelação de Deus ao homem, no Novo Testamento, e principalmente no Evangelho Segundo João, Ele declara ser igual ao Pai quanto à Sua essência, natureza e eternidade.

A Bíblia e o próprio Jesus identificam-nO como Deus nas passagens: “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10.30). Em diversos lugares da Bíblia, Cristo é identificado como:

- Deus (Hb 1.8);

-Filho de Deus (Mt 16.16,17);

- Primeiro e Último - Alfa e Ômega (Is 41-4; Ap 1.8);

- Santo (At 3.14; Os 11.9);

- Senhor (At 9.17);

- Perdoador de pecados (Mc 2.5,10);

- Doador da vida imortal e da ressurreição (Fp 3.21) e

- Juiz dos vivos e dos mortos (2Tm 4.1).

Evidências racionais da existência de Deus

Filósofos e pensadores têm buscado na filosofia argumentos racionais sobre a existência de Deus. Alguns desses aspectos provêm de Platão e de Aristóteles. Vejamos:

1. Argumento Ontológico: diz que o homem tem imanente em si a ideia de um ser absolutamente perfeito e, por conseguinte, deve existir um Ser absolutamente perfeito.

2. Argumento Cosmológico: em geral, encerra a ideia de que tudo o que existe no mundo deve ter uma causa primária ou uma razão de ser.

3. Argumento Teológico: mostra que o mundo, ao ser considerado sob qualquer aspecto, revela inteligência, ordem e propósito, denotando a existência de um Ser sábio.

4. Argumento Moral: parte do raciocínio que deduz a existência de um Supremo Legislador e Juiz, com absoluto direito de governar e corrigir o homem.

 

5. Argumento Histórico: a exposição principal é a que sustenta que, entre todos os povos e tribos da terra, é comum a evidência de que o homem é um ser religioso em potencial.

O testemunho do Espírito Santo no crente

Para o crente é difícil entender como as pessoas não creem na existência de Deus e como elas aceitam a mentira em detrimento da verdade e, com isso, cumprem as palavras de Romanos 1.22,28; 1 Timóteo 4.1; e 2 Tessalonicenses 2.10-12.

Como provar a realidade de Deus? Não se pode provar a existência de Deus por meios naturais, mas sim, por meio da fé.

O Espírito Santo é a chave da revelação de Deus. A Palavra apresenta-O como o “... Espírito da verdade...” (Jo 16.13). Notemos aqui que a declaração do Espírito é verdadeira.

 

 

II.                A REVELAÇÃO DE DEUS

Deus Se revela através da natureza

Em Salmos 19.1-6, o rei Davi descreve a natureza como o primeiro embaixador divino, mostrando que os céus narram a glória de Deus.

A Natureza é o espelho de Deus. A criação toda revela o Criador. Gênesis 1 e Salmos 104 mostram que Deus fez cada coisa para um fim determinado, colocando cada uma também em seu devido lugar.

A Bíblia apresenta também o perigo da rejeição desta revelação. Em Romanos, temos a denúncia divina contra os que, tendo contemplado as maravilhas da Sua criação não O glorificaram como Deus, mas consideraram-se “sábios” ante seus próprios olhos (Rm 1.18-21).

 

Ainda em Romanos 1.23-28, vemos uma lista dos pecados cometidos por esses “sábios” infiéis, que altiva e atrevidamente prosseguem desviados de Deus. Os versículos mencionados dizem que:

a) Eles mudaram a glória de Deus, incorruptível, em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de animais;

b) Eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo à criatura, em lugar do Criador;

c) Por causa das suas perversões, tais homens foram abandonados por Deus e entregues às paixões vis;

d) Deus os entregou a uma disposição mental reprovável para praticarem coisas inconvenientes.

Deus Se revela a Israel

Deus fez do povo de Israel o centro de revelação para, através dele, abençoar toda a humanidade.

A revelação de Deus na história de Israel é constante e patente. Deus atesta o favor divino, bem como Sua provisão para com o povo que Ele escolheu para Si.

A base da atitude religiosa de Israel foi a, aliança que Deus estabeleceu entre Si e a descendência de Abraão. Aliança com a qual Deus se comprometeu perante a descendência de Abraão de ser o Seu Deus, dispondo-a a invocá-lO como o Senhor

Todo-Poderoso. Em Gênesis 15, vemos as bases estabelecidas através de seu ancestral  Abraão.

A principal ênfase da revelação de Deus a Israel recai sobre a Sua fidelidade à aliança feita com o patriarca, Sua paciência e misericórdia, e Sua lealdade aos Seus próprios propósitos (Hb 6.13,14).

Deus Se revela aos profetas

O homem pode conhecer a Deus por meio de Sua expressa revelação, manifesta através do auxílio dos seguintes termos: Deus Se revela (Gn 37.7,13); Deus Se deixa ver (Gn 12.7); Deus torna conhecida a Sua vontade; Deus também fala, fato atestado pela tão conhecida expressão bíblica: “Assim diz o Senhor”.

Deus dá ao homem a liberdade de conhecê-lO, com o objetivo de revelar-Se como bem lhe apraz através da criação.

Deus se revela para os que são Seus escolhidos, que O buscam, que O servem e andam em comunhão com Ele. Amós escreveu que “... o S e n h o r Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Am 3.7). Deus manifestou seus segredos não só pelo que lhes deu a ver, mas também pelas palavras que lhes fora dita.

Deus Se revela aos apóstolos

Foram os apóstolos os primeiros a receber o impacto da revelação divina em pessoa - a pessoa de Cristo. O apóstolo Paulo foi quem recebeu de Deus profundas revelações (Cl 1.26,27; G1 1.11,12).

A revelação transformadora foi a que fez com que os apóstolos se tornassem diferentes, humildes, fervorosos, destemidos e vitoriosos. De posse de tal revelação, pregaram o Antigo Testamento, escreveram, viveram e morreram pelo Novo Testamento. Pela visão que tiveram de Deus, de frágeis se tornaram valentes bandeirantes da fé, com a decisão de mudar o mundo.

 

Deus Se revela à igreja

Quanto à revelação de Deus nos últimos dias à Igreja, a Epístola aos Hebreus diz: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. ” (Hb 1.1,2)

Ao precisar Se ausentar fisicamente, Jesus disse que Sua ausência seria ocupada por um Agente revelador de Deus à Igreja (Jo 14.16,17).

Se grandiosa foi a revelação dada por Deus a Israel através da Lei, por intermédio de Moisés, maior é a revelação de Deus através de Cristo, comunicada pelo Espírito Santo à Igreja, para nos dar provas da grandeza de Deus, não apenas aos homens, mas aos principados e potestades que pertencem aos lugares celestiais.

 

 

III.             A NATUREZA DE DEUS E SEUS ATRIBUTOS

A vida de Deus

A expressão “EU SOU ” (Êx 3.14) já seria suficiente para atestar a vida de Deus.

Porém, inúmeras outras passagens bíblicas reiteram Sua existência, como em Hebreus 11.6, que diz que “é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe...”.

Deus é a própria vida (Jo 5.26): dEle, nEle, por Ele e para Ele emana tudo e todos os seres criados, animados e inanimados. Todos nós dependemos de pelo menos duas pessoas para existir - nossos pais. Deus não, Ele existe por si mesmo. Eis porque Ele pode, com autossuficiência, dizer de si próprio: “Eu sou o que sou”. Apesar de ser uma realidade espiritual, Deus pode assumir qualquer forma visível, entretanto homem algum jamais viu sua face (Êx 33.20; Mt 1.23; 11:27; Jo 1.18).

A Bíblia apresenta Deus como um Ser supremo, vivo e Todo-Poderoso que faz com que as coisas aconteçam de acordo com a Sua vontade (Jr 10.10-16).

No Antigo Testamento, era comum os profetas falarem da existência de Deus comparando-a com a de os deuses pagãos. Exemplos:

1. Moisés disse que o Deus vivo falou do meio do fogo (Dt 5.26);

2. Davi disse que Golias estava afrontando os exércitos do Deus vivo (I Sm 17.36);

3. Ezequias disse que Rabsaqué, mensageiro do rei da Assíria, fora enviado para afrontar o Deus vivo (2Rs 19.4).

Quanto à vida de Deus no Novo Testamento, encontramos os seguintes registros:

a) Pedro declarou ser “...Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16);

b) Paulo exortou os habitantes de Listra a se converterem ao Deus vivo (At 14.15);

c) Paulo declarou que os cristãos de Tessalônica haviam deixado os ídolos, convertendo-se ao Deus vivo (l Ts 1.9);

d) Paulo chama a Igreja de propriedade do Deus vivo (lTm 3.15);

e) Paulo diz termos postos a nossa esperança no Deus vivo (lTm 4.10).

 

A espiritualidade de Deus

Deus é Espírito: possui personalidade plena, podendo ter uma comunhão direta com Suas criaturas, feitas à Sua imagem. Não está sujeito a limitações, como os seres humanos. Não é composto de nenhum elemento material, não pode ser visto com os olhos naturais e nem aprendido pelos sentidos naturais. Isso se opõe ao falso ensino do Materialismo, pois Deus não pode ser entendido pela lógica humana.

Aparições Teofânicas: “Ninguém jamais viu a Deus...” (Jo 1.18) declara o apóstolo João em seu Evangelho. O que ele quer dizer é que nenhum homem viu a Deus como Ele é, isto é, Sua essência. Deus pode manifestar-se em forma corpórea, o que chamamos de “Teofania”. No Antigo Testamento, Deus apareceu em forma de anjo - anjo do Senhor (Gn 16.9); “Anjo” da Sua presença (Êx 32.34; 33.14); “o anjo da Aliança” (Ml 3.1).

A personalidade de Deus

O ensino de que Deus é um Ser pessoal se opõe ao Panteísmo, doutrina filosófica que defende que Deus é tudo e tudo é Deus, que Deus é o Universo e o Universo é Deus, que Ele não existe separado daquilo que se alega ser Sua criação.

Personalidade é o conjunto das características que define a individualidade de uma pessoa, ela abarca aspectos visíveis que distinguem uma pessoa de outra, é a identidade pessoal. Em relação a Deus, a revelação da Sua personalidade se deu já pelos vários nomes e títulos dados a Ele que muito revelam Seu caráter, Suas ações e relações pessoais e governo. Um dos nomes que Deus Se faz conhecer é “Jeová”. Vejamos outros títulos pelos quais Deus é conhecido:

a) Eu Sou (Êx 3.14);

b) Jeová-Jiré = O Senhor proverá (Gn 22.13,14);

c) Jeová-Nissi = O Senhor é minha bandeira (Êx 17.15);

d) Jeová-Rafá = O Senhor que sara (Êx 15.26);

e) Jeová-Shalom = O Senhor é nossa paz (Jz 6.24);

f) Jeová-Raa = O Senhor é meu pastor (SI 23.1);

g) Jeová-Tisidiquênu = Senhor, Justiça Nossa (Jr 23.6);

h) Jeová-Sabaot = O Senhor dos Exércitos (ISm 1.3);

i) Jeová-Samá = O Senhor está presente (Ez 48.35);

j) Jeová-Elion = O Senhor Altíssimo (SI 97.9);

1) Jeová-Mikadiskim = O Senhor que vos santifica (Êx 31.13).

 

A personalidade de Deus pode ser reconhecida através dos seguintes aspectos:

1. Pelos pronomes pessoais empregados para distingui-lO: Tu e Te (Jo 17.3) e E le e lO (SI 116.1,2).

2. Pelas características e propriedades de personalidade que Lhe são atribuídas: tristeza (Gn6.6); ira (l Rs 11.9); zelo (Dt6.15); amor (Ap3.19); e ódio (Pv 6.16).

3. Pelo relacionamento que mantém com o Universo e com os homens: como Criador de tudo (Gn 1.1); como Preservador de tudo (Hb 1.3); como Benfeitor de todas as vidas (Mt 10.29,30); como Governador e Dominador das atividades humanas (Rm 8.28) e como Pai de Seus filhos espirituais (G1 3.26).

A auto existência de Deus

Sabemos que Deus existe por Si mesmo. Estudos errôneos em tomo desse ensino, como, por exemplo, o de Lactâncio (apologista africano do século III), que afirma que antes de todas as coisas, Deus foi procriado de Si mesmo. Um erro parte de que a existência de Deus deve ser explicada, pois tudo parte de um princípio, isto é, tudo tem uma causa, um porquê.

Observamos que Deus é independente de tudo fora de Si mesmo. Para Pendleton, as causas da existência de Deus estão nEle mesmo, e que nEle há vida inerente. Diferente da vida das criaturas, a vida de Deus não provém de fontes externas. Se no universo não existissem criaturas, essa não-existência em nada afetaria a existência de Deus. A Bíblia afirma que antes que existisse vida em qualquer outro lugar, Ele “... tem vida em si mesmo” (Jo 5.26). A existência das criaturas depende do Criador. A razão de Sua existência encontra-se nEle e não pode se encontrar o mistério de Sua existência.

A eternidade de Deus

Do princípio ao fim, a Bíblia nos mostra que Deus não tem princípio nem fim de dias: é um Deus eterno (Gn 1.1; Dt 33.27).

A Bíblia descreve a eternidade de Deus de maneira que Sua duração corresponde a idades sem fim (SI 90.2; Ef 3.21). Eternidade, no sentido estrito da palavra, aplica-se ao que transcende a todas as limitações temporais. A eternidade de Deus é diferente do tempo cronológico. Ele é o “EU SOU”. Podemos definir a Sua eternidade como a perfeição divina pela qual Ele se eleva sobre as limitações temporais.

Nas Sagradas Escrituras, a palavra eternidade é usada em três sentidos diferentes: o figurado, o limitado e o literal. O tempo cronológico tem passado, presente e futuro.

Deus não é assim. Para Ele, o passado e futuro se fazem no eterno presente.

 

A imutabilidade de Deus

O fato de Deus existir por si mesmo, bem como Sua eternidade, são argumentos legítimos em abono de Sua imutabilidade. Na qualidade de um Ser infinito, absolutamente independente e eterno, Deus não está sujeito à mudança (Ml 3.6).

Imutabilidade é a perfeição através da qual Deus não está sujeito a qualquer mudança no Seu Ser, Sua natureza, Sua essência, Sua perfeição, Seus propósitos e promessas (Tg 1.17).

Deus é imutável, isto é, Deus não muda. Mas, então, o que nos diz Gênesis 6.6? “então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração”.

Aqui, o termo arrepender-se significa mudança de atitude de Deus em consequência do arrependimento do homem. O homem arrepende-se daquilo que cometeu, enquanto Deus se arrepende no sentido de suspender uma ação que é para abençoar os pecadores.

Portanto, cumpre o que a Bíblia diz: “Deus não é homem para que minta; nem filho do homem para que se arrependa.” (Nm 23.19).

A onisciência de Deus

A Bíblia afirma que Deus é perfeito em todo o conhecimento e sabedoria (Is 40.28). Seu conhecimento é imensurável (SI 147.5; Mt 10.29,30).

A palavra onisciência deriva de duas palavras latinas, omnis e scientia, e significa conhecimento de tudo, isto é, Deus tem o conhecimento sobre todas as coisas.

A onisciência de Deus inclui tudo, desde a eternidade, o plano total dos séculos, o que acontece em todos os lugares, tanto o bem como o mal e conhece os filhos dos homens, seus caminhos e suas obras. Pela Sua capacidade de saber de todas as coisas, Deus conhece a natureza e tudo o que se refere às atitudes dos seres humanos. Não há nada em que os olhos de Deus não estejam presentes.

A onipotência de Deus

A palavra onipotência provém de dois termos latinos: omnis e potentia, que, juntos, significam todo poder. A Bíblia declara: "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.” (Jó 42.2).

A onipotência de Deus não significa o exercício de Seu poder para fazer aquilo que é incoerente aos Seus atributos e à natureza das coisas, como, por exemplo, fazer com que um acontecimento histórico passado volte a acontecer.

 

Podemos ver a onipotência de Deus aplicada no domínio da natureza; no domínio da experiência humana; nos domínio das coisas celestiais e no domínio dos espíritos malignos.

A onipresença de Deus

O atributo da onipresença significa que Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo. Ele vê todas as nossas ações e atitudes não importa o lugar onde nós estejamos (SI 139.7-12). No entanto, Deus não está presente em vários lugares com um mesmo sentido e propósito.

A onipresença de Deus aplicada à vida e experiências humanas tem a ver com a verdade que consola os corações dos crentes. A Sua infalível presença é constituída em gloriosa porção e possessão. Ê também uma verdade sondadora (Hb 4.13; SI 139).

 

IV.             A NATUREZA DE DEUS E SEUS ATRIBUTOS (CONT.)

A veracidade de Deus

Ao longo da narrativa bíblica são manifestas Sua veracidade, que é transparecer a verdade, e a fidelidade de Deus (SI 31.5).

A veracidade é um dos múltiplos aspectos da perfeição divina, pois Deus é ao mesmo tempo veraz e perfeito. A mentira não faz parte da natureza de Deus, pois ao tratarmos com Ele estamos tratando com um Ser verdadeiro e que está disposto a cumprir com todas as Suas santas e boas palavras (Jr 1.12).

Fidelidade é outro aspecto da veracidade divina. Deus é fiel, pois nEle se cumprem todas as Suas promessas feitas ao Seu povo (SL 117.2).

 

O conselho de Deus

O conselho de Deus é eterno em relação ao mundo material e espiritual que abrange todos os Seus eternos propósitos e decretos, inclusive a criação e a redenção, levando em consideração o livre arbítrio do homem (Ef 1.11).

A abrangência do conselho divino é limitada à compreensão do homem, mas Deus, ainda que em parte, aprouve revelar ao homem o Seu plano.

O conselho divino é aplicado a todas as coisas em geral (Is 14.26,27) e também às coisas em particular, que estão subdivididas em naturais e espirituais.

Redenção é um dos propósitos do conselho de Deus, que diz respeito à salvação do homem. Ler Efésios 1.3-5.0 propósito de Deus para com o homem inclui os seguintes elementos:

a) Criar o homem;

b) Prover a salvação em Cristo, suficiente para todos;

c) garantir a salvação a todos aqueles que O aceitarem livre e espontaneamente;

d) julgar aqueles que livre e voluntariamente rejeitarem a graça salvadora de Deus em Cristo, por meio do Evangelho.

Ao surgir a Reforma Protestante, várias doutrinas foram reexaminadas e colocadas em confissões de fé. Dentre elas podemos destacar a predestinação, que foi difundida por João Calvino. Mas este ensino foi questionado e discordado pelo teólogo holandês Jacob Arminius que, segundo ele, a salvação é um ato soberano do conselho de Deus que o homem pode aceitar ou rejeitar, pois o homem é dotado do livre arbítrio.

Jacob Arminius teve em John Wesley a maior expressão do seu pensamento e doutrina quanto à predestinação, como parte do conselho de Deus.

A sabedoria de Deus

Podemos considerar a sabedoria de Deus como aspecto particular do Seu perfeito conhecimento. Faz-se necessário saber que a sabedoria e o conhecimento são distintos.

Conhecimento é adquirido através do estudo, enquanto que a sabedoria é o resultado do conhecimento adquirido pela prática da vida e pela intuição. Isso é imperfeito no homem, mas em Deus se caracteriza por Sua absoluta perfeição. Ler Jó 12.13.

A sabedoria de Deus estabelece uma relação com a Sua inteligência; aquela perfeição de Deus por meio da qual Ele aplica o Seu conhecimento para alcançar Seus fins, conforme a maneira que Lhe glorifica.

 

Podemos encontrar a Sua manifestação na obra de Criação (SI 19.1-4), na providência (SI 33.10,11) e na redenção (Rm 11.33).

A soberania de Deus A soberania de Deus é a soma de alguns dos Seus atributos, dentre os quais se destacam: a onipotência, onisciência e onipresença. O Criador e Sua vontade são apresentados como a causa de todas as coisas. À soberania de Deus submetem-se todos os exércitos dos céus e os habitantes da terra (Is 33.22).

A soberana vontade de Deus é aquela perfeição do Ser divino, da qual por um simples ato, deleita-se em Si mesmo como Deus.

O soberano poder de Deus não só encontra expressão na vontade divina, mas no Seu poder de executar a Sua vontade.

A vontade de Deus Como um ser existente em Si mesmo, dominador e sustentador do Universo que criou pelo seu poder, Deus é soberano e dotado de vontade própria. Sua vontade e seu querer independem de motivação exterior (SI 135.6).

O querer divino envolve fatos como os seguintes:

- a criação dos anjos (Ne 9.6; Cl. 1.16);

- a criação dos céus e da terra (G n l.l);

- a recriação do planeta Terra (Gn 1.2-23);

- a formação do homem (Gn 1.26);

- a formação da mulher (Gn 2.18,21-25);

- a sustentação do Universo; e

- a renovação dos céus e da terra na consumação dos séculos (2Pe 3.13; Ap 21.1).

A vontade de Deus concernente a Israel envolve os seguintes elementos: a chamada de Abrão para sair da sua terra; a promessa de um filho e o nascimento miraculoso de Isaque; a eleição de Jacó como cabeça da família e como pai dos doze patriarcas; a eleição de José ao elevado posto de governador do Egito, a libertação de Israel do Egito; a condução de Israel durante quarenta anos pelo deserto, até sua monumentosa entrada em Canaã, a Terra Prometida, e a preservação histórica de Israel, (apesar de rejeitar Jesus como o Messias) para fazê-la nação próspera na consumação do século.

 

A justiça de Deus

Alguns teólogos conceituam que a justiça de Deus é como “uma forma de Sua santidade” ou “santidade transitiva”, termos que costumamos chamar de justiça relativa ou absoluta. A ideia principal de justiça está ligada à da Lei. Lei à qual Deus não está sujeito, mas que entre os homens ela deve ser seguida e obedecida.

A justiça divina, antes de qualquer outra coisa, é governativa de Deus. Ela tem a ver com aqueles que Deus usa como governante dos bons ou dos maus. Por causa dessa virtude, Deus tem instituído um governo moral no mundo e imposto uma lei justa ao homem, com recompensa para aqueles que são obedientes e castigo para os que são transgressores (Rm 6.23). Relacionadas à justiça governativa de Deus encontram-se as justiças:

a) distributiva (se relaciona com a distribuição das recompensas e dos castigos - Is 3.10; Rm 2.6 e IPe 1.17);

b) remunerativa (recompensa aos homens e aos anjos - Dt 7.9,12,13; 2Cr 6.15; SI 58.11; Mq 7.20; Mt 25.21,34; Rm 2.7; Hb 11.26);

c) retributiva (aplicação de castigo da Sua parte. Ê uma manifestação da ira divina (Rm 1.32; 2.9; 12.19; 2Ts 1.8).

Bondade de Deus

À luz das Escrituras, a bondade de Deus é tratada de duas formas: genérica e específica. Portanto, a Sua bondade se manifesta em diversos níveis, abrangendo os santos anjos, os filhos de Israel, a Igreja.

A bondade de Deus não deve ser confundida com Sua ternura. A ideia principal é que Ele, em todo o sentido, corresponde perfeitamente ao ideal expresso na Sua Palavra. A bondade, no sentido transcendente da palavra, mostra absoluta perfeição e perfeita felicidade em Si mesmo.

A bondade de Deus para com as Suas criaturas pode ser definida como a perfeição que O leva a manter o cuidado com as Suas criaturas (SI 145.9,15,16).

A bondade de Deus, quando manifestada, assume o mais elevado caráter de amor, amor que distingue aos quais se destina. Podemos definir o amor divino como a perfeição de Deus pela qual Ele é impulsionado a comunicar-se com as Suas criaturas.

Deus é absolutamente bom em Si mesmo, Ele ama o homem mesmo quando ele está fraco (Jo 3.16).

 

A graça de Deus

A palavra graça é uma tradução do hebraico hessed, do grego charis e do latim gratia. No geral, pode-se dizer que graça é dádiva gratuita da generosidade para com alguém que não tem o direito de reclamá-la.

A graça de Deus é o manancial de bênçãos espirituais concedidas aos pecadores.

(Ef 1.6,7; 2.7-9; Tt2.11; 3.4-7). No entanto, a Bíblia com frequência fala da graça de Deus como salvadora, e outras vezes ela aparece com um sentido mais amplo (Is 26.10; Jr 16.13).

A misericórdia de Deus

A misericórdia de Deus é definida como bondade ou amor de Deus para com aqueles que precisam de uma ajuda espiritual. Tratando de misericórdia, Deus Se revela compassivo e piedoso para aqueles que estão em situação de miséria espiritual e precisando de um socorro (Dt 5.10; SI 57.10, 86.15; 103.13).

A longanimidade de Deus

Longanimidade é indicada pela expressão erek aph, significando literalmente grande rosto e também lento para ira. Na Sua longanimidade Deus contempla o pecador em seu estado de pecado, apesar das admoestações, chamando-o ao arrependimento (Êx 34.6).

 

 

V.               A SANTIDADE D E DEUS

Deus é santo

A palavra hebraica kadosh é traduzida por santo, e, de acordo com os dicionários teológicos, denota apartar-se ou separar-se do mal e dedicar-se ao serviço divino.

A santidade de Deus significa Sua pureza moral, isto é, Ele não pode pecar nem tolerar o pecado. Uma vez que a palavra santo é separado, isto quer nos mostrar separados quanto ao espaço; Ele está no céu, e o homem na terra. Ele está separado quanto à natureza e caráter. Ele é perfeito e o homem, imperfeito; Ele é divino, o homem é humano e carnal; Ele é moralmente perfeito, o homem é pecaminoso.

Deus é santo em Si mesmo. Só Deus possui em Si mesmo a santidade. Quando a palavra santo é aplicada a pessoas e objetos é um termo que expressa relacionamento com Jeová, pelo fato de estarem separados para o Seu serviço. E quando separados devem viver em consagração e de acordo com a lei da santidade divina.

A natureza da santidade de Deus

A santidade de Deus é um dos atributos transcendentais e é falada, algumas vezes, como uma perfeição central e suprema.

A Bíblia enfatiza a santidade de Deus. Não associemos a santidade de Deus com os outros aspectos: amor, graça, misericórdia, etc. Podemos chamá-la de “a majestosa santidade” de Deus (I Sm 2.2).

Reconhece-se que a santidade de Deus é parte daquilo que está fora do alcance da razão humana, “absoluta impossibilidade de aproximação”. Santidade que faz com que o homem reconheça a sua inferioridade perante a majestade do altíssimo.

A santidade de Deus e os Dez Mandamentos

Ao libertar Israel do Egito, no Sinai, Deus outorgou-lhe leis e fez com a nação uma aliança de proteção que tinha como base a Sua santidade. Proteção que acompanharia o povo e, a partir disso, Israel seria tratado de acordo com a atenção que desse aos mandamentos de Deus.

Resumo dos Dez Mandamentos (Êx 20):

1. “Não terás outros deuses diante de mim” (v. 3);

2. “Não farás para ti imagem de escultura...” (v. 4);

3. “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão...” (v. 7);

4- “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (v. 8);

5. “Honra teu pai e tua m ãe...” (v. 12);

6. “Não matarás” (v. 13);

7. “Não adulterarás” (v. 14);

8. “Não furtarás” (v. 15);

9. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (v. 16);

10. “Não cobiçarás a casa do teu próximo...” (v. 17).

A santidade de Deus é estabelecida em moldes compreensíveis e o interesse em Deus é revelado em comunicar uma partícula desse Seu atributo àqueles que Ele escolhe como povo Seu e propriedade Sua. Os três primeiros mandamentos expressam o “santo zelo”; o quarto lembra Israel da guarda do sábado e dia do descanso e o quinto é uma ordem para os filhos em relação aos pais.

A manifestação da santidade de Deus

O homem, ao reagir perante a santidade de Deus, é tomado de pasmo e sentimento de insignificância, sentindo, assim, seu pecado. Um exemplo está em Isaías 6. 1-7.

Mediante a um Deus tremendamente Santo, o homem em seu estado de “profano”, não é digno de estar na presença dEle, pois a indignidade do homem poderia manchar a santidade de Deus.

Revelada na lei moral manifesta nas consciências, a santidade de Deus ela é gravada por Deus nos corações e revelada através da Sua Palavra.

A mais sublime revelação da santidade de Deus está em Jesus Cristo, a quem a Bíblia apresenta como “O Santo e o Justo ” (At 3.14). Vemos também a santidade de Deus através do corpo vivo de Cristo, revelada na Igreja.

 

 

VI.             A TRINDADE DIVINA

Falsos conceitos sobre a Trindade

O falso e o verdadeiro andam sempre em posição paralela. Durante séculos, as verdades doutrinárias sempre tiveram quem fossem contra. Da mesma forma, a doutrina da Trindade também sempre teve inimigos para combatê-la.

1. O Conceito Ariano. Por volta dos idos de 320 d.C., Ario, um dos

presbíteros da Igreja de Alexandria, na África, combateu a Trindade inicialmente negando a eternidade e a divindade de Cristo. Esse ponto de vista o colocou em choque com Alexandre, que cria na Trindade constituída pelo Pai, Filho e Espírito Santo, como três pessoas igualmente incriadas e eternas.

2. O Concílio de Niceia. Este embate entre Ario e Alexandre alcançou proporções tão exacerbadas que foi necessário o Concílio de Niceia para combater a opinião de Ario, que negava a divindade de Cristo.

3. As “Testemunhas de Jeová” e a Trindade. Diversos pensamentos têm sido expressos em oposição à Trindade, dentre eles podemos destacar os “Russellitas”, que chamam a si mesmos de “Testemunhas de Jeová”, as quais negam a divindade de Cristo e a pessoa do Espírito Santo.

O que a bíblia nos ensina sobre a Trindade

Depois de trazer à existência a todas as coisas através de um simples e poderoso “HAJA”, quis Deus formar o homem, quando disse: “...FAÇAMOS o homem à NOSSA imagem, conforme a NOSSA semelhança...” (Gn 1.26). A respeito do homem após a queda, disse Deus: “... Eis que o homem se tomou como um de NOS...” (Gn 3.22). No relato bíblico da confusão das línguas em Babel, lemos ainda Deus dizendo: “Vinde, DESÇAMOS E CONFUNDAMOS ali a sua linguagem...” (Gn 11.7). Na visão de Isaías, quando de seu chamado, lemos que Deus perguntou: “... A quem enviarei, e quem há de ir por NOS?...” (Is 6 .8 ).

Foi a propósito que pusemos em DESTAQUE os verbos e pronomes pessoais e possessivos, tais como: FAÇAMOS, NOSSA, NÓS, DESÇAMOS E CONFUNDAMOS, para mostrar que em todos os casos bíblicos citados, mais de uma pessoa, portanto a Trindade, fizeram-Se presentes em ação. Além dos casos citados, é no Novo

Testamento que encontramos o maior número de provas que ratificam o ensino bíblico sobre a Trindade, como: Mateus 3.16,17; 28.19; 1 Coríntios 12.4-6; 2 Coríntios 13.13; Efésios 4.4-6; 1 Pedro 1.2; Judas 20,21; Apocalipse 1.4,5.

A Trindade Definida

Tanto no Antigo como no Novo Testamento, títulos divinos são atribuídos, distintamente, às três pessoas da Trindade.

1. A respeito do Pai: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” (Ex 20.2).

2. A respeito do Filho: “Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28).

3. A respeito do Espírito Santo: “Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?... Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.3,4).

Cada pessoa da Trindade é descrita na Bíblia como sendo:

Descrição 0 Pai O Filho O Espírito Santo

Onipresente Jr 23.24 Mt 18.20 Si 139.7

Onipotente Gn 17.1 Ap 1.8 Rm 15.19

Onisciente At 1518 Jo 21.17 1Co 2.10

Criador Gn 1.1 Jo 1.3 Jó 33.4

Eterno Rm 16.26 Ap 22.13 Hb 9.14

Santo Ap 4.8 At 3.14 1Jo 2.20

Santificador Jo 10.36 Hb 2.11 1Pe 1.2

Fonte da Vida Eterna Rm 6.23 Jo 10.28 Gl 6-8

Ressuscitador 1Co 6.14 Jo 2.19 1Pe 3.18

Inspirador dos Profetas Hb 1.1 2Co 13.3 Mc 13.11

Supridor de Ministros à Sua Igreja Jr 3.15 Ef 4.11 At 20.28

Salvador 2Ts 2.13 Tt 3.4-6 1Pe 1.2

 

Na Confissão de Fé Presbiteriana , encontra-se o consenso geral do Cristianismo a respeito da Trindade: “Na unidade da divindade há três Pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade - Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Filho”.

Deus-Pai

O título “Pai” nem sempre é dado a Deus, nas Escrituras, com o mesmo sentido.

Vejamos.

1. Deus - o Pai de toda a criação: aplica-se à primeira pessoa da Trindade a quem, de maneira especial, a revelação divina atribui a obra da criação (I Co 8.6).

2. Deus — o Pai de Israel: aplica-se a Deus para expressar a relação teocrática, na qual Ele permanece com Israel, Seu povo do Antigo Testamento (Dt 32.6).

3. Deus - o Pai dos Crentes: no Novo Testamento, “Pai”, referente a Deus, assume uma dimensão completamente nova, quando fala da paternidade de Deus para aqueles que nasceram da Palavra e do Espírito (Mt 5.45).

4- Deus - o Pai de Jesus Cristo: num sentimento diferente, “Pai” se aplica à primeira pessoa da Trindade em relação à segunda pessoa, isto é, Cristo (Mt 3.17).

Deus Filho

Das três pessoas da Trindade, o Senhor Jesus Cristo foi a segunda a ser revelada corporalmente aos homens.

Os atributos inerentes a Deus-Pai relacionam-se harmoniosamente com Cristo, provando a Sua divindade; por isso, a Bíblia O apresenta como sendo:

01. O Primeiro e o Último (Is 41.4; Cl 1.15,18; Ap 1.17; 21.6);

02. O Senhor dos senhores (Ap 17.14);

03. O Senhor de todos e Senhor da glória (At 10.36; ICo 2.8);

04. O Criador (Jo 1.3; Cl 1.16; Hb 1.2,10; Ap 3.14);

05. O Rei dos reis (Is 6.1-5; Jo 12.41; lTm 6.15; Ap 1.5; 17.14);

06. O Juiz (Mt 16.27; 25.31,32; 2Tm 4.1; At 17.31);

07. O Pastor (Is 40.10,11; SI 23.1; Jo 10.11,12);

08. O Cabeça da Igreja (Ef 1.22);

09. A Verdadeira Luz (Lc 1.78,79; Jo 1.4,9);

10. O Fundamento da Igreja (Is 28.16; Mt 16.18);

11. O Caminho (J° 14.6; Hb 10.19,20);

12. A Vida (Jo 11.25; Cl 3.4; ljo 5.11,12);

13. O Perdoador de pecados (SI 103.3; Mc 2.5; Lc 7.48-50);

14- O Preservador de tudo (Hb 1.3; Cl 1.17);

15. O Doador do Espírito Santo (Mt3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33; At 1.5);

16. O Eterno (l Tm 1.17; Ap 22.13);

17. O Santo (At 3.14);

18. O Verdadeiro (Ap 3.7);

19. O Onipresente (Ef 1.20-23);

20. O Onipotente (At 1.8);

21. O Onisciente (Jo 21.17);

22. O Santificador (Hb 2.11);

23. O Mestre (Lc 21.15; G1 1.12);

24- O Ressuscitador de Si mesmo (Jo 2.19);

25. O Inspirador dos profetas (IPe 1.11);

26. O Supridor de ministros à Sua Igreja (Ef 4.11);

27. O Salvador (Tt 3.4-6).

O Filho como mediador entre Deus e os homens

Como enviado do Pai e mediador entre Deus e o homem:

1. O Filho dependia do Pai (Jo 5.19,36; 6.57);

2. O Filho foi enviado pelo Pai (Jo 6.29; 9.29);

3. O Filho estava sob a autoridade do Pai (Jo 10.18);

4- O Filho recebeu autoridade delegada pelo Pai (Jo 10.18);

5. O Filho recebeu do Pai a Sua mensagem (Jo 17.8; 8.26,40);

6. O Reino do Filho foi estabelecido pelo Pai (Lc 22.29);

7. O Filho entregará o Seu reino ao Pai (I Co 15.24);

8. O Filho, como enviado do Pai, lhe está sujeito (I Co 11.3; 15.27,28)

Deus-Espírito Santo

A Bíblia apresenta a pessoa do Espírito Santo, quando diz que:

01. Ele cria e dá vida (Jó 33.4);

02. Ele nomeia e comissiona ministros (Is 48.16; At 13.2; 20.28);

03. Ele aponta o lugar onde os ministros devem pregar (At 16.6,7);

04- Ele instrui sobre o que os ministros devem pregar (I Co 2.13);

05. Ele falou através dos profetas (At 1.16; I Pe 1.11,12; 2Pe 1.21);

06. Ele contende com os pecados (Gn 6.3);

07. Ele reprova (Jo 16.8);

08. Ele consola (At 9.31);

09. Ele nos ajuda em nossas fraquezas (Rm 8.26);

10. Ele ensina (Jo 14.26; I Co 12.3);

11. Ele guia (Jo 16.13);

12. Ele santifica (Rm 15.16; I Co 6.11);

13. Ele testifica de Cristo (Jo 15.26);

14- Ele glorifica a Cristo (Jo 16.14);

15. Ele tem poder próprio (Rm 15.13);

16. Ele tudo sonda (Rm 11.33,34; I Co 2.10,11);

17. Ele age segundo a Sua vontade (I Co 12.11);

18. Ele habita com os santos (Jo 14-17);

19. Ele pode ser entristecido (Ef 4-30);

20. Ele pode ser envergonhado (Is 63.10);

21. Ele pode sofrer resistência (At 7.51);

22. Ele pode ser tentado (At 5.9).

Por toda a Bíblia, atributos divinos conferidos ao Pai e ao Filho são também conferidos ao Espírito Santo, entre os quais se destacam:

1. Eternidade (Hb 9.14);

2. Onipresença (SI 139.7-10);

3. Onipotência (Lc 1.35);

4. Onisciência (I Co 2.10).

 

 

VII.          AS OBRAS DE DEUS

Os decretos divinos em geral

No plano divino, existem obras que envolvem o próprio Deus e a Ele exclusivamente pertencem. Mas também há aquelas que envolvem as Suas criaturas.

O Catecismo Menor de Westminster faz uma definição concernente ao decreto de Deus, como: “Seu propósito eterno, segundo o conselho de sua própria vontade, em virtude da qual tem preordenado para sua própria glória tudo o que sucede”. Desse modo, devemos entender que: o decreto divino é único: está relacionado com o conhecimento de Deus; está relacionado a Deus e ao homem, e tem a ver com a capacidade de Deus operar.

Para entendermos o decreto divino, devemos caracterizá-lo como:

1. fundado na sabedoria de Deus;

2. eterno;

3. eficaz;

4. imutável;

5. incondicional;

6. absoluto;

7. universal.

A criação em geral

A fé da Igreja em relação à criação é expressa no primeiro artigo do Credo dos Apóstolos.

A palavra criação pode ser definida como aquele que ato livre de Deus, por meio do qual, segundo o conselho de Sua soberana vontade é para Sua própria glória, no princípio produziu todo o Universo, visível e invisível, sem o uso de matéria preexistente e assim lhe deu existência distinta da Sua própria existência. Segundo as Escrituras, a criação foi um Ato do Deus Trino, um Ato Livre de Deus e um Ato Temporal de Deus.

 

A criação do mundo espiritual

Há muitas indagações a respeito dos anjos. Seriam eles seres reais? Segundo a Bíblia, eles foram criados por Deus como seres especiais e com propósitos claramente mostrados ao longo das narrativas bíblicas.

Quanto à natureza dos anjos, podemos considerar o seguinte: eles são seres criados, espirituais, inteligentes, gloriosos e poderosos.

A criação do mundo material

“No princípio, criou Deus os céus e a terra." (Gn l. 1). Aqui, Moisés faz um resumo da obra criadora de Deus que, ao longo da narrativa bíblica, observamos com mais detalhes. E o dogma fundamental da verdadeira religião, que é o oposto das falsas filosofias e religiões.

Semana da recriação

Ao observarmos o relato de Moisés, vemos que ele descreve as variadas fases da ação divina, em um período de seis dias, nos quais três são dedicados à formação dos espaços habitáveis e três, para o povoamento. Vejamos um a um.

1º. dia: a Luz (Gn 1.3);

2°. dia: o Firmamento (Gn 1.6-8);

3º. dia: a Terra Firme (Gn 1.9-13);

4° dia: o Sistema Solar (Gn 1.14-19);

5º. dia: a Fauna Marinha (Gn 1.20-23);

6º. dia: os Animais Terrestres (Gn 1.24,25).

A criação do homem

A Bíblia nos dá um duplo aspecto da origem do homem. Vejamos as seguintes conclusões:

a) A criação do homem foi precedida de um solene conselho divino;

b) A criação do homem é um ato imediato de Deus;

c) O homem foi criado segundo um tipo divino;

d) Os elementos da natureza humana se distinguem;

e) O homem foi criado coroa da criação.

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