quinta-feira, 19 de maio de 2022

Série: As 10 Doutrinas bíblicas 2

 


Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com





 Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!      



Uma introdução à Teologia


ÍNDICE

 

1. “TEOLOGIA ” - A DOUTRINA DE DEUS

 

A Existência de DEUS......................................................................

A Revelação de DEUS .....................................................................

A Natureza de Deus e seus Atributos..............................................

A Natureza de Deus e seus Atributos (C o n t.)..........................

A Santidade de Deus ...................................................................

A Trindade Divina...........................................................................

As Obras de Deus ............................................................................

 

2. “CRISTOLOGIA ” - A DOUTRINA DE CRISTO

Cristo no Antigo Testamento .........................................................

A Divindade de Cristo .....................................................................

A Humanidade de Cristo ................................................................

A Morte de Cristo............................................................................

A Ressurreição de Cristo.................................................................

O Sacerdócio de Cristo....................................................................

 

3. “PNEUMATOLOGIA” - A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

 

A Natureza do Espírito Santo .........................................................

O Espírito Santo no Antigo Testamento..........................................

O Espírito Santo no Novo Testamento............................................

O Espírito Santo no Crente..............................................................

O Batismo no Espírito Santo ..........................................................

Os Dons do Espírito Santo .............................................................

 

4. “ANGELOLOGIA” - A DOUTRINA DOS ANJOS

 

A Natureza dos Anjos ....................................................................

Os Anjos Como Agentes de Deus ...................................................

Origem, Rebeldia e Queda de Lúcifer ............................................

Satanás, o Agente da Tentação .....................................................

Satanás na Consumação dos séculos .............................................

 

5. “ANTROPOLOGIA ” - A DOUTRINA DO HOMEM

 

A Origem e a Criação do Homem ...................................................

A Natureza do Homem ..................................................................

O Homem - Imagem e Semelhança de Deus ..................................

O Destino do Homem .....................................................................

Provação e Queda do Homem .......................................................

 

6. “H AMARTIOLOGIA ” - A DOUTRINA DO PECADO

 

A Origem do Pecado.......................................................................

A Natureza do Primeiro Pecado do Homem...................................

A Descrição Bíblica do Pecado........................................................

O Pecado Original e o Pecado Praticado........................................

O Pecado e o Crente ...........................................................

 

7. “SOTERIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

 

A Providência Salvadora..................................................................

Quatro Aspectos da Provisão de Cristo Quanto à Salvação

O Lado Divino da Conversão do Pecador.......................................

A Participação do Homem na Conversão......................................

A Justificação

 


A Regeneração.................................................................................

A Adoção..................................

A Santificação ..............................................................................

Advertências e Promessas...............................................................

A Glorificação..................................................................................


8. “BIBLIOLOGIA

 

9. “ECLESIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA IGREJA

 

A Origem da Igreja...........................................................................

O Que É a Igreja...............................................................................

O Fundamento da Igreja..................................................................

Formação e Administração da Igreja..............................................

A Missão da Igreja...........................................................................

 

10. “ESCATOLOGIA BÍBLICA ” - A D. BÍB . DAS ÚLT. COISAS

 

O Arrebatamento da Igreja.............................................................

Após o Arrebatamento da Igreja.....................................................

A Grande Tribulação.......................................................................

A Volta de Jesus...............................................................................

O Milênio..............................................................................

Eventos Finais..................................................................................


"CRISTOLOGIA"

A DOUTRINA DE CRISTO

Toda a discussão cristológica parte da resposta que se dá à pergunta: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?”, e à crença na declaração: o Verbo era Deus.” A esta pergunta Pedro respondeu solenemente: "... Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”; ao que Cristo respondeu: “... não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.” (Mt 16.16, 17).

A revelação de Cristo não ocorre por canais humanos e naturais, mas é produto da revelação divina através de vidas transformadas pelo Espírito Santo.

Para João Batista, Cristo é: “... o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”

(Jo 1.29). Para os samaritanos que O viram junto ao poço de Jacó, Ele é “... verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4-42). Para Maria Madalena, Ele é “o meu Senhor” (Jo 20.13). Para Tomé, Ele é o “Senhor meu e Deus meu! ” (Jo 20.28). Para o apóstolo Paulo Ele é aquele no qual “subsiste” (Cl 1.17). Para o escritor da Epístola aos Hebreus, Ele é o “sumo sacerdote ..., santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus.” (Hb 7.26). Para Deus, o Pai, Ele é “o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). Para os seres celestiais, Ele é o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19.16). E para você, o que Cristo é?

A encarnação de Deus na pessoa de Jesus Cristo é, sem dúvida, um dos maiores mistérios da doutrina cristã. Deus encarnou-se em Cristo para que no Seu próprio corpo pudesse levar à cruz as penalidades às quais você e eu estávamos sujeitos (Is 53).

A revelação do que Cristo foi, é, fez e fará brota sobrenaturalmente de Deus, através de um coração convertido e de uma alma salva, que mantém contato ininterrupto com Deus. Quanto maior a revelação que o aluno tiver da pessoa e da obra de Cristo, mais útil lhe será para o bem da Sua obra na terra.

 

 

ESBOÇO

 

1. Cristo no Antigo Testamento

2. A Divindade de Cristo

3. A Humanidade de Cristo

4. A Morte de Cristo

5. A Ressurreição de Cristo

6. O Sacerdócio de Cristo

 

I.                   CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO

Cristo revelado na tipologia

Tipologia refere-se a pessoas, eventos ou instituições do Antigo Testamento que servem de sombra ou prefiguração de pessoas e eventos do Novo Testamento. A representação inicial é o “tipo” e a realização é o “antítipo” (Hb 10.1).

Hebreus 5 nos mostra que tanto Arão como Melquisedeque foram “tipos” de Cristo no que diz respeito ao sacerdócio. Um estudo mais detalhado, no entanto, mostrará que Melquisedeque era tão somente um tipo.

Profecias do nascimento de Cristo Ao longo do Antigo Testamento, há profecias que falam a respeito do nascimento de Cristo. As primeiras profecias são veladas, mas, ao se aproximar o momento determinado para o nascimento do Messias, elas se tornam mais claras. Em Miquéias 5.2, há uma profecia referente ao nascimento de Cristo, mostrando o Messias encarnado: “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.

Para Daniel foi dada uma profecia referente ao tempo de vida terrestre do Messias (Dn 9.24-27):

Profecias sobre a vida de Cristo

As profecias messiânicas do Antigo Testamento manifestam as muitas funções desempenhadas por Cristo aqui na terra como:

1. Profeta. Moisés (Dt 18.15) nos mostra o papel de Cristo como profeta.

Jesus (Jo 5.46) confirma ser Ele mesmo o profeta prometido. Portanto, o termo profeta aplicado a Jesus refere-se ao Seu ministério como Mensageiro de Deus. Outro sentido para profeta é o de predizer eventos futuros.

2. Sacerdote. Em 1 Samuel 2.35, lemos uma profecia sobre Samuel: “Então suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho no coração e na mente... e andará ele diante do meu ungido para sempre. ”. Desta maneira, Samuel prefigura o sacerdote perfeito: Jesus, o Messias (o Ungido). Hebreus 6.20 confirma o sacerdócio de Jesus: “onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre...”.

3. Rei. Jeremias 23.5,6 vaticina o papel de Cristo como Rei: “... levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra... será este o seu nome, com que será chamado: S e n h o r , Justiça Nossa”. Ele foi chamado de “Rei de Israel” (Jo 12.13). Muitas referências proféticas a Cristo como Rei da terra serão cumpridas ainda por ocasião da Sua segunda vinda.

4. Alicerce. Isaías vaticina o papel de Cristo como alicerce e pedra angular da revelação divina: “... Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada..." (Is 28.16). Citando este trecho na sua primeira epístola, capítulo 2 e versículo 6, Pedro mostra-o como profecia já cumprida em Cristo.

5. Servo. Isaías também se refere a Cristo como “servo” (Is 52.13), papel por Ele desempenhado inúmeras vezes por Ele, como na ocasião em que lavou os pés de Seus discípulos (Jo 13).

6. Operador de Milagres. Isaías foi quem profetizou os milagres de cura que seriam realizados por Cristo (Is 35.5,6).

Profecias sobre a morte e ressurreição de Cristo

O salmo 22 não se encaixa bem na experiência vital de Davi; embora sofresse certos problemas na vida, é evidente que, neste texto, ele está se referindo a padecimentos mais severos. Também as primeiras palavras do salmo: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? ...” são exatamente as palavras de Jesus na cruz do Calvário (Mt 27.46).

Isaías 53 mostra-nos uma descrição do Messias sofredor, sublinhando o sacrifício de Cristo em substituição aos pecadores (vv.4,5,6). O versículo 9 anuncia o sepultamento de Jesus no sepulcro de José de Arimateia e o versículo 10 explica o motivo teológico da morte do Cristo.

Quanto à ressurreição de Cristo, a profecia mais notável no Antigo Testamento se encontra em Salmos 16.10. Já no Novo, tanto Pedro (At 2.25-31), como Paulo (At 13.34-37) referem-se a este versículo como uma profecia da ressurreição de Jesus dentre os mortos.

 

Profecias da volta de Cristo

Vejamos a seguir que o Antigo Testamento contém muitas profecias a serem cumpridas por ocasião da volta gloriosa de Cristo à terra:

1. Jacó diz que Ele descerá de Judá e declara como o povo Lhe obedecerá e irás após Ele (Gn 49.10-12).

2. Balaão profetizou acerca do segundo advento de Cristo, proclamado em

Números 24.17 .

3. Jó fala da volta de Cristo à terra (Jó 19.25).

4- Salomão. Este salmista dedica o salmo 72 ao glorioso reinado terrestre do Messias no futuro. Muitas das suas profecias são confirmadas também pelos profetas Isaías e Zacarias.

5. Jeremias fala do futuro reinado do Messias (Jr 23.3-8). Suas palavras enfocam especificamente a volta dos israelitas à sua própria terra, durante o reinado do Messias, a quem o profeta chama “Senhor Justiça nossa”.

6. Outros. Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Miquéias, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias também vaticinaram sobre o ministério terreno de Cristo de inúmeras formas e sob diversos enfoques.

 

 

II.                A DIVINDADE DE CRISTO

Apresentaremos neste Texto algumas provas da divindade de Cristo. Desejamos mostrar que, ao tornar-se homem, Cristo em nada limitou a Sua divindade, mesmo ao deixar o esplendor da Sua glória por algum tempo, para assumir a forma humana.

Nomes divinos atribuídos a Cristo

A divindade de Cristo é comprovada pelos nomes divinos a Ele aplicados, conforme consta da Bíblia Sagrada em diversas passagens. Cristo é chamado

1. “Deus”, em João 1.1; Hebreus 1.8; João 20.28.

2. “Senhor”, em Atos 9.17; Atos 16.31.

3. “Filho de Deus”, em Mateus 16.16.

Atributos divinos conferidos a Cristo

Um dos sinais dos tempos tem sido a negação feita por pseudo cristãos quanto à divindade de nosso Senhor Jesus Cristo. Para os tais, tem sido irracional a afirmação da teologia neotestamentária de que Cristo era verdadeiro homem e verdadeiro Deus.

Porém, acima do que eles creem e pregam está o testemunho insofismável das Escrituras Sagradas, que apresentam Cristo nascido de carne como todo homem e, ao mesmo tempo, dotado de atributos inerentes a Deus, o Pai.

A Palavra de Deus declara que Cristo é:

a) Eterno: Apocalipse 22.13; Hebreus 1.12;

b) Onipotente: Mateus 28.18;

c) Onisciente: João 16.30; 21.17; Apocalipse 2.2,19; 3.1,8,15;

d) Onipresente: Mateus 28.20.

Testemunhas quanto à deidade de Cristo

Desde cedo o judeu era instruído a ouvir: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.” (Dt 6.4). Depois do cativeiro na Babilônia, nunca mais a nação israelita se entregou à idolatria. Ainda que Israel como nação tivesse muitas falhas, quando Jesus começou o Seu ministério terreno, a idolatria e o politeísmo não se evidenciaram entre elas.

 

Diante deste fato histórico, destaca-se a importância do culto divino que os judeus convertidos dedicavam a Cristo, o que não fariam se tivessem dúvida da Sua divindade, nos seguintes âmbitos:

a) No Início: Hebreus 1.6; Mateus 2.11; João 1.34;

b) Pelo Povo: João 9.38; Mateus 8.2; 9.18; 15.25; João 11.27;

c) Pelos Discípulos: Mateus 14.33;

d) Pelos Demônios e ímpios: Mateus 27.54; Marcos 3.11; 5.7; Lucas 4.41; 8.28;

e) Por Deus o Pai: Mateus 3.17; Marcos 9.7.

Ofícios divinos atribuídos a Cristo

Vejamos agora cinco ofícios ou ministérios divinos desempenhados por Cristo, cada um dos quais evidencia Sua divindade:

1. Criador: Colossenses 1.16;

2. Sustentador de Todas as Coisas: Colossenses 1.17; Hebreus 1.3;

3. Perdoador: Mateus 9.2;

4- Ressuscitador: João 6.40;

5. Juiz: João 5.22; 2 Timóteo 4.1.

Cristo mesmo Se proclamou divino

Lucas 2.41-52 diz que Jesus Cristo, aos doze anos de idade, já era ciente da Sua relação toda especial com Deus-Pai e da Sua missão específica aqui na terra.

Em João 8.58, vemos que Jesus afirma a Sua própria preexistência. Temos ainda muitas outras palavras de Jesus, como: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Mais tarde esta afirmação de Jesus seria esclarecida quando Ele disse: “Sou Filho de Deus”? (Jo 10.36). Podemos ver ainda outras referências como Mateus 11.27, Marcos 14.61,62; João 10.37,38; 14.9; 17.5.

 

 

III.             A HUMANIDADE DE CRISTO

Ao falarmos da humanidade de Cristo, de modo algum diminuímos a Sua divindade. Jesus Cristo era Deus-Homem; a união destas duas naturezas numa só pessoa é para a mente humana algo inexplicável, porém uma verdade indiscutível.

Nestes últimos dois mil anos, têm-se disseminado muitas doutrinas falsas, formuladas por líderes religiosos que se recusam a aceitar a humanidade-divindade de Cristo. Alguns religiosos acreditavam ser uma simples ilusão a Sua humanidade; outros, não queriam aceitar a Sua eterna divindade. Inventaram absurdas explicações, numa tentativa de apelar para o raciocínio humano. Uma das tais teorias foi a de que Cristo oscilava entre as duas naturezas, sendo, ora divino, ora humano!

Cristo teve parentesco humano Já se tem falado muito acerca do nascimento de Jesus Cristo do ventre da virgem Maria. Evidentemente, tal fato carece de explicação natural, uma vez que foi um acontecimento sobrenatural. Aceitamos pela fé a Palavra de Deus, que diz simplesmente, “... Maria... achou-se grávida pelo Espírito Santo.” (Mt 1.18).

Por outro lado, não há base bíblica para a suposição de que o nascimento de Jesus fosse diferente do nascimento de qualquer outro ser humano. Apesar de certas apresentações artísticas bem intencionadas, a Bíblia não indica a presença de auréola ao redor da cabeça do menino Jesus. Foi por revelação divina, não por evidências físicas, que os profetas Ana e Simeão reconheceram que o recém-nascido era de fato o Messias prometido por Deus (Lc 2). O menino Jesus não Se diferenciava fisicamente nem nada das outras crianças da Sua idade.

Os evangelistas Mateus e Lucas proporcionam genealogias bem detalhadas no sentido de identificarem Cristo com a raça humana, especificamente com Abraão e Davi. Mateus traça a linhagem de Jesus através de José, esposo de Maria, mostrando que Jesus herdou o direito legal de ser rei, por ser José descendente de Salomão e ter-se casado com Maria, pouco antes de Seu nascimento.

Lucas mostra também que Maria era descendente direta de Davi; quando diz que José era filho de Heli (Lc 3.23), quer dizer, na realidade, que era genro de Heli.

Como não era costume incluir nome de mulher nas genealogias, Lucas coloca o nome de José em vez do de Maria. Além disso, era comum entre os judeus o genro ser chamado de filho, por afinidade.

Maria e José guardavam para si o segredo maravilhoso do nascimento miraculoso de Jesus; por isso, os habitantes da Sua cidade viam nele apenas o filho do carpinteiro José que, por sinal, tinha outros filhos.

Cristo submeteu-se às leis do desenvolvimento humano

Dos quatro Evangelhos, somente o de Lucas dá um resumo da infância de Jesus.

Lucas 2.40 diz o seguinte: “Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.”. Em 2.52 acrescenta: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”.

Esses dois versículos mostram que Jesus era sujeito às leis normativas do desenvolvimento humano. Face a eles, pode-se perguntar, logicamente: “Se Jesus é divino e onisciente, como pode Ele crescer em sabedoria?”. A resposta encontra-se em Filipenses 2.7: “antes, a si mesmo se esvaziou,... tornando-se em semelhança de homens...”

Lucas 2.46 diz que quando os pais de Jesus voltaram a Jerusalém em busca do filho, que julgavam perdido em meio à multidão, “... o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.”. Este detalhe da adolescência de Cristo indica que Ele aprendeu muito das Sagradas Escrituras por meio da instrução recebida na sinagoga, no templo e no lar de Seus pais terrenos. Sem dúvida, Jesus aprendeu a ler e a escrever como toda criança da Sua idade. Cresceu em sabedoria, como consequência de Seu estudo pessoal das Escrituras e da Sua comunhão com o Pai.

Com exceção de Sua natureza impecável, parece que a infância de Jesus Cristo decorreu de forma normal. De fato, foram os moradores da Sua própria cidade, Nazaré, os que mais custaram a acreditar que esse menino, cuja infância tinham observado, pudesse ser o Messias: “E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” (Mt 13.58).

Não há qualquer registro bíblico de Jesus haver feito algum milagre durante Sua infância ou juventude. De fato, João 2.11 refere-se à transformação da água em vinho nas bodas de Caná, como sendo o primeiro dos sinais por Ele manifestados.

 

Cristo apresentou aspectos humanos

As passagens a seguir evidenciam as características essencialmente humanas de Jesus Cristo:

1. Aparência de Homem. Hebreus 2.14-17 diz que Jesus tornou-Se carne e sangue como seus irmãos, em todos os aspectos (Mc 6).

2. Chamado “Filho do Homem”. Jesus referiu a Si mesmo como Filho do Homem pelo menos oitenta vezes, identificando-Se com a raça humana. Paulo declara haver um só mediador entre Deus e os homens, “...Cristo Jesus, homem.” (l Tm 2.5).

3. Sentiu-se Cansado. Em João 4, lemos que os discípulos deixaram-nO junto à fonte de Jacó para descansar, após intenso dia de trabalho. Cansado, Cristo adormeceu no barco em que, junto com Seus discípulos, atravessaram o mar da Galileia

(Mt 8. 24,25).

4- Sentiu Tristeza. Jesus sentiu profundamente a dor humana, pois, em pelo menos duas ocasiões, Ele chorou publicamente (Lc 19.41; Jo 11.35).

Porque Cristo Fez-se homem

O estudo sobre a humanidade de Cristo seria incompleto se não nos dirigíssemos à questão fundamental: “Por que Ele fez-se homem?”.

a) Para tornar-Se o sacrifício perfeito para remissão do pecado humano.

João Batista chamou Jesus de “... o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Jo1.29). Jesus reconheceu esta Sua missão em Marcos 10.45 como sendo Ele mesmo a realização, o antítipo dos sacrifícios transitórios do Antigo Testamento.

b) Para ser o perfeito mediador entre Deus e os homens. Jó já desejava um tal mediador: “Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós...” (Jó 9.33). Sendo Deus, Cristo pode interceder junto ao Pai; sendo homem, pode sentir nossas fraquezas e enfermidades.

c) Para vencer a morte. A morte é consequência do pecado (Gn 2.17) para toda a humanidade. Só Cristo passou por esta vida sem pecado; por isso, a morte não exerceu domínio permanente sobre o Seu corpo.

 

 

IV.             A MORTE DE CRISTO

Lembremo-nos de que a principal missão de Cristo, ao tornar-Se homem quando veio à terra, não foi a de ensinar, nem de realizar milagres. E verdade que Ele fez ambas as coisas, mas Deus poderia ter ungido profetas, como no Antigo Testamento, para tais fins.

A principal missão de Cristo foi de morrer pelos pecados do mundo, tarefa que nenhum profeta poderia cumprir.

Eis o motivo da encarnação de Jesus Cristo: a restauração do homem à perfeita comunhão com Deus Pai, através do perfeito sacrifício do Seu Filho. Cristo mesmo declarou: “... o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10.45).

O que Cristo proclamou, da cruz

Muitas vezes, no decorrer do Seu ministério, Jesus Cristo vaticinou a própria morte, especialmente quando previu que a Sua hora se aproximava. Seus discípulos, porém, pareciam não compreender a realidade, nem o significado da morte do Seu Mestre.

Crucificado no Calvário, Jesus declarou o propósito da Sua morte, tanto para os discípulos, como para todos os ouvintes. Vejamos esse propósitos em quatro destaques:

1. Perdão (Lc 23.34);

2. Paraíso (Lc 23.43);

3. Deus Não Pode Suportar Pecado (Mt 27.46);

4. Vitória (Jo 19.30; Lc 23.46).

A cruz trouxe expiação

Expiar implica cobrir as culpas mediante um sacrifício exigido. A palavra é empregada 77 vezes no Antigo Testamento.

Antes mesmo do uso bíblico da palavra expiação (Ex 29.33), o conceito já aparece em Gênesis 3.21, onde temos o sacrifício de animais pelo próprio Deus, para vestir Adão e Eva com suas peles. Isaías 53.6,7 prova que Cristo é nossa expiação.

 

A cruz trouxe redenção

Redimir quer dizer comprar de volta, readquirir uma pessoa ou coisa, mediante pagamento do preço exigido. Tal conceito de redenção, ou resgate, com relação a escravos, foi decretado pela Lei Mosaica (Lv 25.47,48).

A quem é devido o preço da redenção? Evidentemente não é a Satanás. Ele simplesmente escraviza aqueles que escolhem uma vida de pecado. O preço do resgate é devido à santidade de Deus; a nossa dívida é com Deus mesmo. Foi Deus, não Satanás, quem aceitou o “pagamento” mediante o sacrifício de Cristo. O resultado disso foi a derrota eterna de Satanás.

Jesus declarou-se Redentor da humanidade, quando disse que Sua missão era a de “... dar a sua vida em resgate por muitos". (Mt 20.28). A passagem de 1 Timóteo 2.6 fala-nos de Cristo, “o qual a si mesmo se deu em resgate por todos...". Vejamos ainda 1 Pedro 1.18,19 e Gálatas 3.13.

A cruz trouxe reconciliação

Reconciliar significa harmonizar as relações interrompidas entre dois indivíduos, promovendo o mútuo entendimento através da remoção de barreiras e restaurando a comunicação entre ambos. O ato, ou processo de reconciliação, geralmente abrange o ofensor, o ofendido e o mediador.

No caso espiritual, o ofensor é toda a humanidade. A Bíblia afirma: “... todos pecaram e carecem da glória de Deus. ” (Rm 3.23). O ofendido é o Deus Santo, que, dado o estado pecaminoso de Adão e Eva, expulsou-os do Jardim do Éden.

A natureza santa e justa de Deus não tolera a comunhão com pecadores impenitentes, cujo destino é a morte, a separação eterna de Deus (Rm 6.23), a menos que se arrependam e sigam a Cristo, nosso Reconciliador, que veio reconciliar com Deus não os justos, mas os pecadores!

A cruz trouxe propiciação

Lemos, em Êxodo 25.17-22, a respeito do propiciatório construído por Moisés para cobrir a Arca da Aliança. A posição do propiciatório como cobertura da Arca ressalta o fato de, em Cristo, a misericórdia de Deus sobrepor-se à maldição da Lei.

Cristo foi dado por Deus Pai como propiciação pelos pecados daqueles que viessem a ter fé no Seu sangue derramado (Rm 3.24-26).

 

 

V.               A RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Neste Texto, veremos a importância da ressurreição de Jesus Cristo. Mas, qual a evidência que comprova a sua autenticidade? Qual o real significado da ressurreição?

Qual a importância desse evento para a vida pessoal do crente?

Na era da ciência, muitos chamados “cristãos” não aceitam a ressurreição de Cristo como evento literal, por não ser ela suficientemente “popular” ou “racional” no seu entender. A Igreja do primeiro século, porém, pregava a ressurreição com convicção e fervor, sendo sempre esse o tema da sua pregação, pois viviam ainda testemunhas oculares desse fato histórico e incomparável! Tais testemunhas preferiam o martírio a abjurarem sua própria experiência com o Cristo ressurreto!

O apóstolo Paulo vê a ressurreição corporal de Jesus como o fundamento da pregação cristã. Ele declara que, se a ressurreição de Jesus não tivesse ocorrido, o Evangelho inteiro e sua pregação seriam em vão.

A ressurreição de Cristo e sua importância

De todas as religiões existentes no mundo, o Cristianismo é a única que tem seu fundador ressurreto. De fato, os primeiros apóstolos demonstravam a autenticidade do Cristianismo baseado na ressurreição do Senhor Jesus Cristo. È interessante notar que a maioria das mensagens apresentadas no Livro de Atos enfatiza a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo (At 1.22; 4.33 e 17.18-31).

Em 1 Coríntios, o apóstolo Paulo mostra que, sem Cristo ressurreto, não teríamos Evangelho nenhum para anunciar! (I Co 15.14).

Cristo mesmo afirmou que Sua futura ressurreição seria o sinal pedido pelos judeus. Em João 2.19, Ele responde a Seus ouvintes nos seguintes termos: "... Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.”. Os versículos seguintes esclarecem esta declaração como sendo referência à Sua ressurreição corpórea.

A contestação do relato da ressurreição

A recusa de muitos em admitir e confessar o fato da ressurreição não é novidade ainda no século XXI, pois tal atitude se manifestou logo após a ressurreição do Mestre!

 

Lemos em Mateus 28.12-15 que os guardas que fugiram do túmulo de Jesus, após verem o anjo que removera a pedra da porta do sepulcro, foram contar aos chefes dos sacerdotes o que acontecera.

É mais correto concluir que aqueles que não creem, nem aceitam a ressurreição corporal do Senhor Jesus Cristo, adotam tal atitude para, por meio dela, tentarem acalmar a sua consciência e daí evitarem a responsabilidade de responder à chamada pessoal e insistente de Jesus Cristo em seus corações, para que se arrependam, abandonem as vis imaginações humanas e recebam a salvação que Ele lhes oferece graciosamente.

A veracidade do relato da ressurreição

Havendo examinado vários argumentos contrários à ressurreição, as evidências que comprovam a veracidade desse fato histórico são:

1. O túmulo vazio.

2. Os lençóis deixados em ordem.

3. O testemunho dos soldados.

4. Os discípulos como testemunhas.

Os resultados da ressurreição

A ressurreição serve como selo de Deus no ministério e pessoa de Cristo, conforme declara Romanos 1.4: “... foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor”.

Assim, dentre os muitos resultados da ressurreição de Cristo, destacamos:

a) A obra de Cristo aceita pelo Pai;

b) A certeza da justificação;

c) Sua presença no céu como nosso Sumo Sacerdote;

d) Poder ao crente para viver de forma vitoriosa;

e) Garantia da nossa ressurreição;

í) A certeza de um futuro Dia de Juízo.

 

 

VI.             O SACERDÓCIO DE CRISTO

Ao considerarmos o ministério de Cristo glorificado, vemos a importância do Seu ministério sacerdotal a nosso favor. Nossa comunhão com Cristo no presente resulta do Seu ministério como nosso sumo sacerdote perante Deus Pai. Disso está escrito em Hebreus 7.25: “... vivendo sempre (isto é, Cristo) para interceder por eles.”.

Evidentemente, o conceito de sacerdócio remonta ao Livro de Gênesis no Antigo Testamento, sendo comum ao Judaísmo e ao Cristianismo. Neste Texto, porém, visamos a estabelecer a unicidade do sacerdócio de Jesus Cristo, que não é somente diferente, como também superior ao sacerdócio aarônico (ou araônico).

A superioridade do sacerdócio de Cristo é o assunto principal da Epístola aos Hebreus. Como preparo para o estudo deste Texto, é recomendável lermos toda a Epístola aos Hebreus.

Cristo, sumo sacerdote qualificado

No Novo Testamento, a Epístola aos Hebreus trata profundamente do sacerdócio de Jesus Cristo. Em Hebreus 5.1-4 encontram-se enumerados os critérios para o exercício do sacerdócio da ordem levítica:

Qualificações:

1. Tomado dentre os homens.

2. Chamado por Deus.

Funções primordiais:

1. Oferecer tanto dons como sacrifícios pelo pecado.

2. Compadecer-se dos ignorantes e dos errados

O sacrifício expiador de Cristo

Para entendermos bem a Epístola aos Hebreus, devemos ler também o Livro de Levítico, pois em Hebreus vemos plenamente realizado em Cristo o tipo de sacerdócio levítico, prefigurado em seus múltiplos aspectos no Antigo Testamento.

 

Em Levítico, o Dia da Expiação tem destaque especial, prefigurando a obra da redenção por Cristo. Uma vez por ano, naquele solene dia, o sumo sacerdote apresentava dois bodes no altar de Deus. Um deles era imolado e ao outro se imputavam os pecados do povo; após isso, o segundo bode era conduzido do acampamento israelita para o deserto. Esses dois bodes representavam dois aspectos da obra de Cristo em lugar do pecador: o bode morto, a morte de Cristo em lugar do transgressor; o bode vivo (o bode emissário) é uma figura da obra de Cristo removendo para longe as nossas iniquidades, para que não sejam mais lembradas por Deus (Hb 8.12). Por fim, o ato do sumo sacerdote entrar no Lugar Santíssimo tipifica a entrada de Jesus Cristo no céu, levando o sacrifício do Seu próprio sangue por nós (Hb 9.24).

A superioridade sacerdotal de Cristo

Vejamos agora como o sacerdócio de Cristo é superior em todo sentido ao sacerdócio levítico. A Epístola aos Hebreus mostra de maneira magistral a superioridade da obra de Cristo como nosso Sumo Sacerdote, ao revelar:

1. O caráter de Cristo. Em primeiro lugar, o caráter pessoal de Jesus Cristo é superior ao de qualquer todo sacerdote. Só Cristo foi Deus encarnado; só Ele levou uma vida humana sem pecado (Hb 7.26).

2. O perfeito sacrifício de Cristo. Em segundo lugar, o sacrifício oferecido por Cristo foi incomparavelmente superior ao oferecido por outro sacerdote. Todos os demais sacerdotes ofereciam sacrifícios provisórios, que apenas prefiguravam o perfeito sacrifício que Cristo ofereceria de Si mesmo.

Cristo, isento de pecado, como está declarado em Hebreus 7.26, nada precisava oferecer em sacrifício por Si mesmo. Isto O qualificou para ser o eterno antítipo do cordeiro repetidamente sacrificado conforme o ritual judaico.

3. A nova aliança. Hebreus 9.13-15 confirma a superioridade do sacrifício de Cristo e mostra como Seu sacrifício supremo e eterno O qualificou para ser o divino mediador de uma nova e perfeita aliança entre Deus e os homens.

4. O superior santuário de Cristo. Os sacerdotes levíticos desempenhavam suas responsabilidades no tabernáculo levantado no deserto, e, mais tarde, nos templos judaicos. Cristo, porém, não somente ofereceu um sacrifício, como também o ofereceu num santuário superior (Hb 8.1,2).

5. O ministério de intercessão de Cristo é superior. Ao considerarmos a superioridade do ministério intercessor de Jesus Cristo em nosso lugar, ficamos deslumbrados por seu alcance e eficácia (Hb 4-16; 7.25). O ministério intercessor de Cristo é superior porque somente Ele pode interceder por nós, face a face com Deus Pai. Os sacerdotes levíticos não podiam aproximar-se de Deus face a face, por serem pecadores.


Em breve wateremos de volta com a terceira parte deste estudo

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