Por: Jânio Santos de Oliveira
Uma introdução à Teologia
ÍÍNDICE
1. “TEOLOGIA ” - A DOUTRINA DE DEUS
A Existência de DEUS......................................................................
A Revelação de DEUS .....................................................................
A Natureza de Deus e seus Atributos..............................................
A Natureza de Deus e seus Atributos (C o n t.)..........................
A Santidade de Deus ...................................................................
A Trindade Divina...........................................................................
As Obras de Deus ............................................................................
2. “CRISTOLOGIA ” - A DOUTRINA DE CRISTO
Cristo no Antigo Testamento .........................................................
A Divindade de Cristo .....................................................................
A Humanidade de Cristo ................................................................
A Morte de Cristo............................................................................
A Ressurreição de Cristo.................................................................
O Sacerdócio de Cristo....................................................................
3. “PNEUMATOLOGIA” - A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
A Natureza do Espírito Santo .........................................................
O Espírito Santo no Antigo Testamento..........................................
O Espírito Santo no Novo Testamento............................................
O Espírito Santo no Crente..............................................................
O Batismo no Espírito Santo ..........................................................
Os Dons do Espírito Santo .............................................................
4. “ANGELOLOGIA” - A DOUTRINA DOS ANJOS
A Natureza dos Anjos ....................................................................
Os Anjos Como Agentes de Deus ...................................................
Origem, Rebeldia e Queda de Lúcifer ............................................
Satanás, o Agente da Tentação .....................................................
Satanás na Consumação dos séculos .............................................
5. “ANTROPOLOGIA ” - A DOUTRINA DO HOMEM
A Origem e a Criação do Homem ...................................................
A Natureza do Homem ..................................................................
O Homem - Imagem e Semelhança de Deus ..................................
O Destino do Homem .....................................................................
Provação e Queda do Homem .......................................................
6. “H AMARTIOLOGIA ” - A DOUTRINA DO PECADO
A Origem do Pecado.......................................................................
A Natureza do Primeiro Pecado do Homem...................................
A Descrição Bíblica do Pecado........................................................
O Pecado Original e o Pecado Praticado........................................
O Pecado e o Crente ...........................................................
7. “SOTERIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
A Providência Salvadora..................................................................
Quatro Aspectos da Provisão de Cristo Quanto à Salvação
O Lado Divino da Conversão do Pecador.......................................
A Participação do Homem na Conversão......................................
A Justificação
A Regeneração.................................................................................
A Adoção..................................
A Santificação ..............................................................................
Advertências e Promessas...............................................................
A Glorificação..................................................................................
8. “BIBLIOLOGIA
9. “ECLESIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA IGREJA
A Origem da Igreja...........................................................................
O Que É a Igreja...............................................................................
O Fundamento da Igreja..................................................................
Formação e Administração da Igreja..............................................
A Missão da Igreja...........................................................................
10. “ESCATOLOGIA BÍBLICA ” - A D. BÍB . DAS ÚLT. COISAS
O Arrebatamento da Igreja.............................................................
Após o Arrebatamento da Igreja.....................................................
A Grande Tribulação.......................................................................
A Volta de Jesus...............................................................................
O Milênio..............................................................................
Eventos Finais..................................................................................
DOUTRINAS BÍBLICAS
|
"ANTROPOLOGIA"
: A DOUTRINA DO HOMEM
O fundamento e a razão
de ser da vida cristã apoia-se num relacionamento vital entre Deus e o homem.
Portanto, para que seja fiel à sua proposição e significado, a teologia deve
ater-se não só ao estudo da revelação de Deus, mas também ao do homem.
E necessário
conhecermos suficientemente o homem para não cairmos em erros irreparáveis. Um
erro da nossa parte quanto à origem, propósito da existência e futuro do homem
dificulta nossa compreensão do propósito de Deus para com a humanidade como um
todo. Convém, pois, que examinando as Escrituras, conheçamos o homem na sua
constituição e sua posição dentro do propósito de Deus em geral.
O conhecimento sobre o
homem e sua natureza, bem como os propósitos divinos para com ele, muito nos
servirá no estudo de seu relacionamento com Deus.
ESBOÇO
1. A Origem e a Criação
do Homem
2. A Natureza do Homem
3. O Homem - Imagem e
Semelhança de Deus
4. O Destino do Homem
5. Provação e Queda do
Homem
I.
A ORIGEM E A CRIAÇÃO DO
HOMEM
A Bíblia nos apresenta
um duplo relato da origem do homem, harmônico entre ambos; o primeiro, no
capítulo 1, versículos 26 a 30, e o outro, no capítulo 2, versículos 7, 8 e 15
do Livro de Gênesis. Partindo destes textos e de todos os seus contextos que
tratam da obra da criação, quanto à criação do homem, obtemos os ensinos que se
seguem.
1. A criação do homem
foi precedida por um solene conselho divino
Por inspiração divina,
antes de tratar da criação do homem com maiores detalhes, Moisés nos leva a
conhecer o decreto de Deus quanto a essa criação, nas seguintes palavras: “...
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..." (Gn 26).
O termo “façamos",
no plural, é uma das evidências da triunidade de Deus. Alguns eruditos, porém,
são da opinião de que esta palavra expressa o plural de majestade; outros a
tomam como plural de comunicação, no qual Deus inclui os anjos em diálogo com
Ele; todavia, outros o consideram como o plural de auto-exortação.
Todavia, um exame dos
textos bíblicos cuidadoso, profundo, imparcial, honesto, despretensioso e
isento de ideias preconcebidas mostra que estas três últimas afirmações são
contrárias àquilo que o texto bíblico realmente expressa e que também pensam e
expressam os pensadores e teólogos da fé cristã e conservadores creem; isto é,
que o plural “façamos" seja uma alusão direta à Trindade Divina, em
conselho para a formação do homem.
2. A criação do homem
foi um ato imediato de Deus
Algumas das expressões
usadas no relato bíblico mostram que a criação do homem aconteceu de uma forma
imediata, ao contrário do que aconteceu na criação dos demais seres da criação
em geral. Por exemplo, vejamos as expressões: “E disse (Deus): Produza a terra
relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua
espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra...” (Gn 1.11). “Disse também
Deus: Povoem as águas de enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a
terra, sob o firmamento dos céus." (Gn 1.20). Comparemos estas declarações
com: “Criou Deus, pois, o homem...” (Gn 1.27).
Qualquer indício de
mediação na obra da criação contida nas primeiras declarações referentes à
criação das aves dos céus e dos seres marinhos independe da declaração da
criação do homem. Isto é, Deus planejou a criação do homem como um ato distinto
e imediatamente a efetuou.
3. O homem foi criado
segundo um tipo divino
Com respeito aos demais
seres vivos, tais como os peixes, as aves, os animais terrestres e aquáticos,
lemos que Deus os criou “segundo a sua espécie”, isto quer dizer que eles
possuem forma tipicamente próprias, porém, dentro de suas espécies. O homem não
foi criado assim e muito menos relacionado a tipos de criaturas inferiores. Com
respeito a ele, disse Deus: “... Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança...” (Gn 1.26). Assim, em todo o relato bíblico, o homem foi
alvo de providências e cuidados especiais, ao ser criado e formado por Deus no
princípio.
4. Os elementos da
natureza humana se distinguem
Em Gênesis 2.7 vemos a
distinção clara entre a origem do corpo e da alma. O corpo foi formado do pó da
terra, material preexistente. Na criação da alma, no entanto, não houve emprego
de material preexistente, mas sim o surgimento duma nova criação por Deus. A
Bíblia diz que o Senhor Deus soprou nas narinas do homem “... o fôlego de vida,
e o homem passou a ser alma vivente.” (Gn 2.7). Outras passagens das Escrituras
que falam da dupla natureza do homem são: Eclesiastes 12.7; Mateus 10.28; Lucas
8.55; 2 Coríntios 5.1-8; Filipenses 1.22-24; Hebreus 12.9.
5. O homem foi criado
coroa da criação
A Bíblia apresenta o
homem como a obra-prima de Deus. Criado o homem à imagem e semelhança e Deus, a
criação estava coroada (Gn 1.26,28; SI 8.5-8).
Como dever e privilégio
do homem, toda a natureza e todas as demais coisas criadas foram, no princípio,
colocadas sob seu governo, para que ele e todo o seu domínio glorificassem ao
Todo-Poderoso Criador e Senhor do Universo.
Quando o homem e a
mulher, ainda no estado de inocência no Éden, caíram na tentação diabólica e
pecaram, por transgressão às ordens do Criador, todas as esferas humanas de
vida, ação, capacidade, inteligência, afetividade e volição foram, a partir de
então, transtornadas, afetadas e deturpadas pelas consequências do pecado, como
causa e como efeito. Nada ficou imune no homem: espírito, alma e corpo.
II.
A NATUREZA DO HOMEM
O patriarca Jó parece
ter sido o primeiro dos homens mencionados na Bíblia a investigar acerca do
homem. Foi ele quem perguntou a Deus: “Que é o homem, para que tanto o estimes,
e ponhas nele o teu cuidado, e cada manhã o visites, e cada momento o ponhas à
prova?” (Jó 7.17,18).
Depois foi a vez de o
salmista indagar: “que é o homem, que dele te lembres...” (SI 8.4) • “S e n h o
r , que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem, para
que o estimes?” (SI 144.3). SI
139.13-16.
Se quisermos conhecer o
homem, temos de ir além do que ensina a filosofia e demais ciências humanas;
temos de tomar posse das Escrituras, pois só ela responde plena e
satisfatoriamente toda e qualquer indagação quanto ao passado, presente e
futuro do homem.
O espírito do homem
No Antigo Testamento
estão os primórdios da distinção entre espírito e alma, e vice-versa. A
revelação crescente e progressiva deste assunto ocorre no Novo Testamento.
Assim ocorre a outros grandes e profundos temas da Bíblia, que têm sua nascente
no Antigo Testamento e seu desenvolvimento no Novo Testamento, consoante a
demonstração da sabedoria de Deus em relação ao homem. Tendo em mente o que foi
dito em relação à Bíblia, sabemos que:
1. Deus é o Criador do
espírito humano, e que o fez de forma individual.
Ele habita na parte
interior da natureza do homem e é capaz de renovação e de desenvolvimento. O
espírito é a sede da imagem de Deus no homem, imagem praticamente perdida com a
queda, mas que pode ser restabelecida por Jesus Cristo, quando o homem O aceita
como seu Salvador pessoal e O segue como seu Senhor (Cl 3.10; I Co 15.49; 2C
o3.18);
2. O espírito é o âmago
e a fonte da vida humana, enquanto que a alma possui e utiliza essa vida e lhe
dá expressão por meio do corpo. A alma sobrevive à morte porque o espírito a
dota de capacidade; por isso, alma e espírito são inseparáveis, apesar de
distintos;
3. O espírito humano
distingue o homem das demais coisas criadas. Por exemplo, os irracionais
possuem vida comum (Gn 1.20,24,25), mas não espírito;
4. O espírito é o canal
através do qual o homem pode conhecer a Deus e as coisas inerentes a Seu reino
(I Co 2.11; 14.2; Ef 1.17; 4-23). O espírito do homem, quando se torna morada
do Espírito Santo, torna-se centro de adoração a Deus (Jo 4.23,24); de oração,
cântico, bênção (I Co 14-15); e de serviço (Rm 1.9; Fp 1.27) em relação a Deus.
A alma do homem
A alma é uma entidade
espiritual, incorpórea, que pode existir dentro do corpo ou fora dele, como no
caso do chamado pelos teólogos Período Intermediário, entre a morte e a
ressurreição do corpo. E, por exemplo, o caso das almas mencionadas em
Apocalipse 6.9; 20.4,5 e Mateus 10.28.
O corpo do homem
Das três entidades que
formam o homem, o corpo é aquela sobre a qual a Bíblia menos fala. A razão
disso é óbvia, como todo leitor pode depreender. O corpo humano é o
instrumento, o tabernáculo, a oficina do espírito. Ele é o meio pelo qual o
espírito se manifesta e age no mundo visível e material. O corpo é o órgão dos
sentidos e o elo que une o espírito ao universo material. Pelo corpo o homem
pode ver, observar, sentir e apalpar o que está ao seu redor.
As impressões vêm do
exterior mediante o corpo, porém elas só têm significado quando reconhecidas e
processadas pelo espírito. O cão, por exemplo, possui aguçada visão, mas não
consegue distinguir nem interpretar a cada instante as cores que estão à sua
frente, porque só tem corpo e este totalmente diferente do corpo do homem (I Co
15.38,39). A consciência, o poder de pensar, querer e amar, e outras
faculdades, pertencem exclusivamente ao espírito. Diante disto, entende-se que
o espírito seja o agente, enquanto o corpo é a agência.
A Bíblia usa alguns
nomes para figurar o corpo do homem quanto à transitoriedade de sua existência
e posição que ocupa no plano eterno de Deus. Vejamos, por exemplo:
a) Casa, ou Tabernáculo
(2Co 5.1-4);
b) Templo (I Co 6.19).
A glória futura do
corpo
A crença na
ressurreição do corpo como meio de glorificação do mesmo ê tão antiga quanto a
crença em Deus no Antigo Testamento. No Livro de Jó, segundo os estudiosos, o
livro mais antigo da Bíblia, encontramos o patriarca dizendo:
“Porque eu sei que o
meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este
meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. (Jó 19.25-27).
No capítulo 15 de 1
Coríntios, temos o mais rico ensino da revelação divina sobre a ressurreição do
corpo dos fiéis de Deus:
a) A morte será
destruída (v. 26);
b) Receberemos um corpo
celestial e glorioso (v. 40);
c) Receberemos um corpo
não mais sujeito à corrupção (v. 42);
d) Ressuscitaremos com
um corpo poderoso (v. 43);
e) Traremos a imagem do
celestial (v. 49);
f) Seremos revestidos
de imortalidade (v. 53).
Ainda na expectativa da
ressurreição do corpo, escreveu o apóstolo João: “Amados, agora, somos filhos
de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando
ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como
ele é." (l jo 3.2).
III.
O HOMEM – IMAGEM E
SEMELHANÇA DE DEUS
Havendo Deus criado
todas as coisas de acordo com a Sua vontade e pelo poder da Sua Palavra, no
sexto dia da criação Ele criou e a seguir formou o homem; imagem e semelhança
Sua o criou (Gn 1.26,27).
Homem - uma definição
de Sua essência
A Bíblia diz: “Então,
formou o S e n h o r Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o
fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” (Gn 2.7).
Homem provém do latim
homo, palavra que, segundo opinião de alguns filólogos, provém de humus =
terra. No hebraico, língua original do Antigo Testamento, adam, nome dado ao
primeiro homem, A dão, é traduzido por originado da adamah (terra). Isto está
de acordo com o que Deus proferiu em virtude da queda do homem: “... tu és pó e
ao pó tornarás. ” (Gn 3.19).
O homem - “Imagem de
Deus”
A expressão “imagem de
Deus” relacionada ao homem refere-se à sua indelével constituição como ser
racional e moralmente responsável por seus atos. A imagem natural de Deus
gravada no homem consiste em parte dos seguintes elementos: o poder de
movimento próprio e consciente, a razão, a vontade e a liberdade. Neste
particular, é bom que se diga algo quanto à distinção entre os homens e os
animais.
“O primeiro ponto que
serve de distinção entre o homem, como imagem de Deus e os animais irracionais,
é a consciência própria. O homem tem o dom de fixar em si mesmo o pensamento, e
isto o faz consciente de sua própria personalidade. A faculdade que ele tem de
proferir o pronome EU abre um abismo intransponível entre ele e os animais.
Nenhum animal jamais pronunciou EU e a razão é que eles não têm consciência
própria."
Como imagem de Deus que
é, apesar dos defeitos nocivos da queda, o homem ainda se distingue dos
irracionais:
a) pelo poder de pensar
e concentrar-se em coisas abstratas;
b) pela lei moral nele
inerente, que se evidencia no seu comportamento em busca da perfeição;
c) pela natureza
religiosa que em potencial existe em cada ser humano;
d) pela consciência do
valor da dignidade e alvo principal da vida humana;
e) pela multiplicidade
das atividades humanas, que, conjuntas, visam ao bem comum de todos,
indistintamente.
O homem - semelhança de
Deus
Dizer que o homem foi
criado à “semelhança de Deus” não é o mesmo que dizer que o homem foi criado
exata e absolutamente igual a Deus. Não! Primeiro, porque o homem foi feito
corpo visível e palpável, enquanto que “Deus é espírito” (Jo 4.24).
Segundo, porque homem
algum pode alcançar e se tornar detentor em si mesmo da absoluta perfeição do
Todo-Poderoso. Pergunta o patriarca Jó: “Porventura, desvendarás os arcanos de
Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso7. ” (Jó 11.7). Apesar de
toda a limitação como ser criado, o homem foi criado à semelhança de Deus num
duplo aspecto, a saber:
1. Semelhança Natural.
Intelectualmente o homem se assemelha a Deus porque, se não houvesse
conformidade de estrutura mental, seria impossível a comunicação de um com o
outro, e o homem não poderia receber a revelação de Deus. O fato de Deus Se
manifestar ao homem prova que este pode receber e compreender tal manifestação.
O homem é uma pessoa, assim como Deus é uma pessoa, se bem que numa esfera
infinitamente superior e a semelhança entre um e outro é relativa e acha-se no
espírito; naquilo que o homem é em sua natureza pessoal.
“Assim sendo, a
semelhança natural entre Deus e o homem perdura sempre, porque o homem não
poderá jamais deixar de ser uma pessoa como Deus o é.”
2. Semelhança Moral.
Consiste nas qualidades morais que faziam (e ainda precariamente fazem) parte
do caráter do homem. Eclesiastes 7.29 diz que “... Deus fez o homem reto...”.
Isto quer dizer que, o homem foi criado dotado de relativa perfeição.
Todas as suas
tendências eram boas. Todos os sentimentos do seu coração inclinavam-se para
Deus, e nisto consistia a sua semelhança moral com o Criador. Contudo, tendo
dado lugar ao pecado, comendo da árvore do conhecimento do bem e do mal, o
homem ficou condicionado e escravizado ao mal. A semelhança entre o homem e
Deus sofreu dano com a queda do homem e foi com o objetivo de restaurá-la que
Cristo morreu na cruz. Hoje, graças a isto, milhões de filhos de Deus em toda a
terra possuem uma nova identidade com aquEle que os criou.
A semelhança entre o
homem e Deus é evidente em outros aspectos, tais como:
a) uma semelhança
triúna: o homem sendo um ser tríplice e Deus sendo um ser triúno (l Ts 5.23);
b) uma semelhança que
inclui a imagem pessoal, pois tanto Deus como o homem possuem personalidade (Ex
3.13,14);
c) semelhança
envolvendo existência interminável (Mt 25.46).
IV.
O DESTINO DO HOMEM
Não poucos textos do
Antigo Testamento giram em torno da questão do destino do homem. Pela forma
singular com que o homem foi formado; e por aquilo que as Escrituras mostram a
seu respeito, desde a sua criação, verifica-se que ele foi destinado para a
vida aqui no mundo, para o amor ao próximo, para domínio da criação e para
louvor e a glória de Deus, seu Criador (Is 43.7).
Destinado à vida no
mundo
Gênesis 2.7 diz que
“... formou o S e n h o r Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas
o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.”. Isto é, Deus fez o
homem não somente como um corpo com alma, com vida; Deus o fez “vida” mesmo.
O homem está destinado
a viver e não a desaparecer com a morte física. Por mais catastrófica que
pareça a morte física ao homem, contudo a Bíblia mostra que Deus o criou como
um “ser sempre vivo”. Por isso, alienado de Deus como está por causa da sua
incredulidade, o homem deve aceitar Jesus e seguí-lO, para que essa sua vida
sem fim seja vivida com Cristo, aqui na terra e na eternidade.
Destinado para o amor
ao próximo
Deus fez os animais e
em seguida formou o homem, porém, não há, definitivamente, qualquer afinidade
entre o homem e o animal. Diante disso, viu Deus que não era bom que o homem
estivesse só, pelo o que fez-lhe uma ajudadora idônea, alguém com quem ele
pudesse partilhar todos os momentos da vida (Gn 2.18). A
Bíblia nos mostra que
deste então, é perfeitamente do agrado de Deus que o homem venha a casar-se,
unindo-se a uma mulher e que também ame a seus semelhantes pelos laços do amor
fraterno.
Destinados para o
domínio da criação
Ao formar o homem, Deus
fê-lo partícipe do Seu plano de governo sobre o Universo; este é o ensino
implícito em Gênesis 1.27-30: “criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem
de Deus o criou; "homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes
disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai
sobre às aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus
ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na
superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente;
isso vos será para mantimento, E a todos os animais da terra, e a todas as aves
dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva
verde lhes será para mantimento. E assim se fez. ”.
O homem foi destinado
por Deus a exercer domínio sobre a terra, os mares e o espaço, e isto ele vem
fazendo. A Amazônia, por exemplo, por mais agreste que seja, não tem sido
obstáculo capaz de fazer o homem recuar na sua sede de conquista, seja abrindo
estradas ou explorando as suas riquezas naturais. Os mares, por mais profundos
que pareçam, têm sido estudados, investigados e conhecidos pelo homem. O espaço,
na sua infinitude, tem sido objeto de arrojados estudos pelo homem, e de
grandes conquistas nestas últimas décadas.
Destinado para o louvor
a Deus
O salmista Davi, que no
salmo 8 mostra a superioridade do homem sobre os seres criados na terra, vai
mais além para mostrar que o mesmo homem foi destinado por Deus para o Seu
louvor.
“Contudo, pouco menor o
fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele
tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:
Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo. As aves dos céus, e os
peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares. O Senhor, Senhor
nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra!" (SI 8.5-9 ).
O salmo 148 mostra como
o homem junta-se em coro às demais criaturas para elevar louvor a Deus; isso em
todos os povos. Os homens, tão diversos e tantas vezes separados, podem ser
unidos no louvor a Jeová. Em Isaías 43.7 Deus fala pelo profeta, dizendo: “a
todos os que são chamados pelo meu nome, e os criei para minha glória, e que
formei, e fiz• ”•
Conclusão
Evidentemente, o homem,
face a sua pecaminosidade, não tem sido capaz de viver na sua plenitude,
vocação para a qual Deus o destinou; porém, graças ao propósito e ao poder da
obra realizada por Jesus Cristo na cruz, o homem pode ter restaurada em seu ser
a imagem de Deus, que o faz varão perfeito e perfeitamente cônscio do
privilégio que goza no cumprimento do plano de Deus, no mundo e na eternidade.
V.
PROVAÇÃO E QUEDA DO HOMEM
A liberdade do homem
incluía necessariamente o poder de escolher ou recusar tanto o bem, como o mal.
Deus colocou Adão no Jardim do Éden, entre outras coisas, para o guardar (Gn
2.15). Isso infere a presença do Mal rondando ali. Mas, Adão foi também avisado
e instruído por Deus (Gn 2.16,17) e veio a pecar por escolha e desobediência às
ordens de Deus, sendo lançado fora do Éden, com Eva, sua mulher (Gn 3.23,24).
A provação do homem
Deus pôs o livre-arbítrio e a obediência de Adão à prova (Gn 2.16,17; Dt 30.15,17,19,20),
visando a conduzir o homem a uma maior perfeição, tornando-o apto a se tornar
coparticipante das realizações de Deus na terra.
A advertência de Deus
no sentido de que o homem não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal
(Gn 2.17) não tinha um propósito simplesmente proibitivo; visava sobretudo a
testar a obediência do homem e a promover o seu crescimento espiritual e moral.
Nenhuma autoridade, de
boa fé, estabeleceria leis tendo em mente que elas seriam quebradas, mas, sim,
obedecidas, contribuindo, desta forma, para o progresso comum da sociedade sob
seu governo.
Se, no mundo, os
eletrodomésticos ou outros aparelhos não chegam ao mercado antes de serem
rigorosamente testados por técnicos competentes, não poderia ser diferente com
o homem, obra-prima de Deus e coroa da Sua criação. As máquinas são
inconscientes e nada sabem, mas Adão era sábio e fora instruído.
A queda do homem Não
obstante imperfeito se comparado com a absoluta perfeição de Deus, o homem não
estava predestinado à queda e à destruição. Ele caiu como resultado da escolha
que fez em desobediência à orientação divina. Poderia ter obedecido a Deus e
assim ser confirmado em obediência, mas não o fez, quando por livre e
espontânea vontade comeu do fruto expressamente proibido por Deus. Adão pecou
sabendo que estava pecando (l Tm 2.14).
Quatro passos para a
queda
O primeiro indício da
queda de Eva está no fato de ela ter se permitido conversar com Satanás; assim
fazendo, ela foi abrindo o coração a ponto de distrair-se, aceitar a insinuação
do adversário e desejar tomar-se igual a Deus, portanto, conhecedora do bem e
do mal. Esta atitude precedeu os quatro passos para a queda, registrados no
capítulo 3 de Gênesis, a saber:
1. Olhou: “Vendo a
mulher que a árvore era boa..., agradável aos olhos... (v. 6);
2. Desejou: ... árvore
desejável para dar entendimento... (v. 6);
3. Tomou: ... tomou-lhe
do fruto... (v. 6);
4. Comeu: ... comeu...
e ele comeu.” (v. 6);
Quanto à advertência de
Deus de que morreriam se comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn
2.17), a expressão “morrerás”, usada neste versículo, fala tanto da morte
espiritual quanto física. Em ambos os sentidos, esta palavra resume a história
do homem desde a sua queda.
Consequências da queda
do homem
Dentre as consequências
da queda do homem, as mais conhecidas são:
1. Medo e fuga (Gn
3.10);
2. A maldição sobre a
serpente (Gn 3.14,15);
3. Os incômodos
universais da gravidez e do parto da mulher, inclusive a submissão a seu marido
(Gn 3.16);
4. A maldição da terra
(Gn 3.17,18);
5. O redobrado labor e
sofrimento do homem na aquisição do pão de cada dia, e sua redução ao pó
através da morte física (Gn 3.17-19);
6. A perda da natureza
inocente (Gn 3.22);
7. Expulsão do jardim
do Éden (Gn 3.23);
8. Obstrução do caminho
que dava acesso à árvore da vida (Gn 3.24);
9. Morte espiritual (Rm
5.12);
10. Perda da semelhança
moral com Deus;
11. Incompatibilidade
com a vontade de Deus (Rm 8.7,8);
12. Escravidão ao
pecado e ao Diabo (Jo 8.34,44);
13. Existência física reduzida (Jó 14.1).
Em breve estaremis de volta com a 6ª parte
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