quinta-feira, 19 de maio de 2022

Série: As 10 Doutrinas bíblicas 10

 Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com





 Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!      



Uma introdução à Teologia



 ÍNDICE

 

1. “TEOLOGIA ” - A DOUTRINA DE DEUS

 

A Existência de DEUS......................................................................

A Revelação de DEUS .....................................................................

A Natureza de Deus e seus Atributos..............................................

A Natureza de Deus e seus Atributos (C o n t.)..........................

A Santidade de Deus ...................................................................

A Trindade Divina...........................................................................

As Obras de Deus ............................................................................

 

2. “CRISTOLOGIA ” - A DOUTRINA DE CRISTO

Cristo no Antigo Testamento .........................................................

A Divindade de Cristo .....................................................................

A Humanidade de Cristo ................................................................

A Morte de Cristo............................................................................

A Ressurreição de Cristo.................................................................

O Sacerdócio de Cristo....................................................................

 

3. “PNEUMATOLOGIA” - A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

 

A Natureza do Espírito Santo .........................................................

O Espírito Santo no Antigo Testamento..........................................

O Espírito Santo no Novo Testamento............................................

O Espírito Santo no Crente..............................................................

O Batismo no Espírito Santo ..........................................................

Os Dons do Espírito Santo .............................................................

 

4. “ANGELOLOGIA” - A DOUTRINA DOS ANJOS

 

A Natureza dos Anjos ....................................................................

Os Anjos Como Agentes de Deus ...................................................

Origem, Rebeldia e Queda de Lúcifer ............................................

Satanás, o Agente da Tentação .....................................................

Satanás na Consumação dos séculos .............................................

 

5. “ANTROPOLOGIA ” - A DOUTRINA DO HOMEM

 

A Origem e a Criação do Homem ...................................................

A Natureza do Homem ..................................................................

O Homem - Imagem e Semelhança de Deus ..................................

O Destino do Homem .....................................................................

Provação e Queda do Homem .......................................................

 

6. “H AMARTIOLOGIA ” - A DOUTRINA DO PECADO

 

A Origem do Pecado.......................................................................

A Natureza do Primeiro Pecado do Homem...................................

A Descrição Bíblica do Pecado........................................................

O Pecado Original e o Pecado Praticado........................................

O Pecado e o Crente ...........................................................

 

7. “SOTERIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

 

A Providência Salvadora..................................................................

Quatro Aspectos da Provisão de Cristo Quanto à Salvação

O Lado Divino da Conversão do Pecador.......................................

A Participação do Homem na Conversão......................................

A Justificação

 


A Regeneração.................................................................................

A Adoção..................................

A Santificação ..............................................................................

Advertências e Promessas...............................................................

A Glorificação..................................................................................


8. “BIBLIOLOGIA

 

9. “ECLESIOLOGIA ” - A DOUTRINA DA IGREJA

 

A Origem da Igreja...........................................................................

O Que É a Igreja...............................................................................

O Fundamento da Igreja..................................................................

Formação e Administração da Igreja..............................................

A Missão da Igreja...........................................................................

 

10. “ESCATOLOGIA BÍBLICA ” - A D. BÍB . DAS ÚLT. COISAS

 

O Arrebatamento da Igreja.............................................................

Após o Arrebatamento da Igreja.....................................................

A Grande Tribulação.......................................................................

A Volta de Jesus...............................................................................

O Milênio..............................................................................

Eventos Finais..................................................................................


"ESCATOLOGIA BÍBLICA"

A DOUTRINA BÍBLICA DAS ÚLTIMAS COISAS

O termo escatologia, isoladamente, diz respeito aos fins últimos do homem, portanto, um assunto extra bíblico. Porém, nosso objetivo é o estudo da Escatologia Bíblica - a teologia sistematizada que trata da doutrina das últimas coisas segundo as Escrituras, isto é, os eventos por acontecer, como a morte, ressurreição e segunda vinda de Cristo; o final dos tempos, o juízo final e o estado futuro.

Os eventos que estão acontecendo e ainda vão acontecer são parte do eterno plano divino através dos séculos. Esse plano é revelado nas Escrituras através de muitas passagens, como por exemplo: 2 Reis 19.25; Isaías 46.10; Efésios3.11.

Para conhecer o posicionamento da Escatologia no campo da doutrina bíblica é preciso que se dê pelo menos a classificação sumária das doutrinas bíblicas em três classes gerais:

a) doutrina da salvação;

b) doutrina da fé cristã;

c) doutrina das coisas futuras; a Escatologia Bíblica situa-se aqui.

Sendo o Movimento Pentecostal um movimento do Espírito, é de se esperar que o conhecimento escatológico seja aprofundado para que haja uma maior compreensão, uma maior visão introspectiva da escatologia.

Lembremo-nos que a Daniel foi dito que selasse as revelações escatológicas, porque o tempo do seu cumprimento estava ainda distante (Dn 12.2,9; 8.26), mas para nós, da época da Igreja, a mensagem quanto a essas revelações é a de Apocalipse 22.10: Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo”.

 

ESBOÇO

1. O Arrebatamento da Igreja

2. Após o Arrebatamento da Igreja

3. A Grande Tribulação

4. A Volta de Jesus

5. O Milênio

6. Eventos Finais

 

 

I.                   O ARREBATAMENTO DA IGREJA

A segunda vinda de Jesus se dará em duas fases distintas. A primeira diz respeito ao arrebatamento da Igreja. Isto concerne somente à Igreja fiel que O espera velando.

A segunda fase diz respeito à manifestação física e pessoal de Jesus, acompanhado dos Seus santos e anjos. E um mistério que só será compreendido quando acontecer.

Somente os fiéis, mortos e vivos, ouvirão os toques divinos da chamada, vindos do Céu, e serão arrebatados pelo poder de Deus ao encontro do Senhor nos ares.

Sinais da segunda vinda de Jesus

Embora não tenha revelado o dia exato do arrebatamento da Igreja, Jesus deixou algumas coordenadas através das quais podemos concluir estar longe ou perto esse tão maravilhoso dia.

Os fenômenos previstos por Jesus como sinais da consumação do século não parecem tão fenomenais assim. Afinal de contas, sempre tivemos nações se insurgindo contra nações, guerras e rumores de guerras, terremotos, fome e pestes. Assim sendo, como considerar qualquer desses sinais como se o evento final e tremendo dos tempos estivesse para começar?

Na Bíblia da versão de Almeida, parece apenas sugerir que esses eventos são o princípio dos sofrimentos, enquanto que o original grego é dito que todas essas coisas são o princípio das dores de parto. Notemos que Jesus disse: “dores de parto”. Quando esses eventos se tornarem mais frequentes e intensos, saberemos que os últimos dias do sofrimento da Igreja e o nascimento de um novo tempo se aproxima. Podemos perceber os sinais desses eventos com que se materializam os seguintes sinais preditos por Jesus: proliferação de religiões falsas; aparecimento de falsos messias; o renascimento e o avanço generalizado do ocultismo e sinais naturais e físicos.

A segunda vinda de Cristo

A segunda vinda de Cristo é mencionada 318 vezes no Novo Testamento, mas um exame descuidado de muitos trechos pode levar a conceitos conflitantes. Por exemplo, um trecho nos diz que Cristo virá “nos ares” (l Ts 4-17), enquanto que outro diz que Ele virá à Terra. Um trecho diz que virá em secreto, como ladrão ...”; outro diz que todo olho o verá.”. Um trecho ensina que sua vinda será um tempo de regozijo, enquanto outro diz que os povos da Terra se lamentarão.

A primeira fase da segunda vinda de Cristo diz respeito ao arrebatamento da Igreja juntamente com a ressurreição dos santos e concerne somente à Igreja fiel que O espera velando. A segunda fase diz respeito à manifestação física e pessoal de Jesus, acompanhado dos seus santos e anjos e isto concerne a Israel e às demais nações do mundo, sobreviventes na ocasião. A população do mundo estará muito reduzida no momento da aparição de Jesus para julgar as nações (Zc 12.9; 14.16).

A Igreja fiel será arrebatada e irá ao encontro do Senhor, antes da Grande Tribulação, que é também denominada na Bíblia, de “ira vindoura” (Mt 3.7; l Ts 1.10; 5.9; Ap 6.16,17).

O tribunal de Cristo

O crente foi julgado como pecador em Cristo. Isto teve lugar no passado, no drama do Calvário. O crente foi julgado como filho, durante a sua vida. Agora o crente será julgado como servo, isto é, quanto ao serviço prestado a Deus. Este julgamento acontecerá nos Céus, no lugar chamado “tribunal de Cristo” (2Co 5.10; ljo 4.17; Rm 14.12; Ap 22.12).

 

O julgamento da Igreja no “tribunal de Cristo” terá lugar entre o seu arrebatamento e a revelação de Jesus em glória, com os Seus santos. E o cumprimento da Parábola dos Talentos (Mt 25.14-19) e está baseado em três aspectos da vida do cristão, uma vez que será um julgamento:

1. do trabalho do cristão feito para Deus (I Co 3.8,14,15).

2. da conduta do cristão, por meio do corpo.

3. do tratamento dispensado aos irmãos na fé (Rm 14.10; Tg 5.4).

Do tribunal de Cristo às Bodas do Cordeiro

Logo após o arrebatamento da Igreja virá o tempo descrito na Bíblia como a “Grande Tribulação”. Será um tempo de horror para o mundo gentílico e de apertos para a nação de Israel. Nesse tempo, os crentes arrebatados comparecerão diante do Tribunal de Cristo para serem julgados e receberem galardão. Esse julgamento não terá a finalidade de revelar quem é salvo ou quem não é. Por ele só passarão os salvos.

Notemos que ele terá lugar no Céu, onde só entrarão os salvos lavados pelo sangue do Cordeiro. A função desse tribunal está descrita em Mateus 20.8.

Diante do Tribunal de Cristo manifestar-se-ão não só as obras dos crentes, mas também a fonte de suas motivações. Se esses motivos foram injustos, egoístas, ilícitos, inarmônicos quanto ao plano de Deus, os trabalhos realizados decorrentes deles serão nulos para efeito de galardão. Leia o que o apóstolo Paulo escreve em 1 Coríntios 3.11-15. Se Cristo é o fundamento e o motivo das boas obras do cristão, então este receberá galardão naquele dia; do contrário, apenas se salvará como alguém que escapou de um incêndio, somente com a roupa do corpo.

As Bodas do Cordeiro

Findo o julgamento pelo Tribunal de Cristo, a Igreja fiel será chamada a ter acesso à festa das Bodas do Cordeiro (Lc 22.30), ocasião em que Cristo e a Igreja se tornarão o centro de atenções de todos os seres celestiais. Cumprir-se-á, finalmente, parte da oração sacerdotal de Jesus, proferida no capítulo 17 de João. A Igreja será vista no seu aspecto universal. Ali estarão juntos todos os santos do Antigo e do Novo Testamento.

Todos os crentes do Oriente e do Ocidente tomarão assento à Sua mesa (Mt 8.11).

Os salvos chegados de todas as partes da Terra e de todos os tempos se saudarão festiva e alegremente. Estará finda a batalha na Terra! Será o dia triunfal em que os salvos serão elevados e os ímpios* castigados. Os salvos estarão livres de todas as lutas, angústias, pecado e mal. Ao olharmos para a divina face de Jesus compensará todas as tristezas desta vida.

 

 

II.                APÓS O ARREBATAMENTO DA IGREJA

Procuraremos fornecer uma visão global de alguns eventos que terão lugar no mundo imediatamente após o arrebatamento da Igreja. Abordaremos assuntos, como:

Apostasia Total e Indiferentismo Espiritual; Predominância de uma Confederação de Nações; Destruição da Nação do “Norte” e seus Satélites; Conversão em Massa de Judeus ao Cristianismo.

Nessa época, em cumprimento às profecias de Daniel e Apocalipse, será formada uma coalizão de nações na área geográfica antes ocupada pelo Império Romano. Não se trata de uma restauração literal e total desse antigo Império, tal como ele existiu, mas uma forma de expressão final dele.

Os fatos anunciados para essa ocasião dizem respeito a:

1. Apostasia total e indiferentismo espiritual, bem como o espírito de desobediência, anarquia e a escalada galopante da feitiçaria fazem parte do preparo final do mundo, pelo Diabo, para o reino do seu preposto - o Anticristo (2Ts 2.3; ljo 2.18; 4 .3 ;2 Jo v .7 ).

2. Aumento do retorno dos judeus a Israel. Desde o início do Movimento Sionista em 1897, sob a liderança de Teodoro Herzl, o regresso dos judeus à sua terra vem se processando, porém em pequena escala. Após a II Guerra Mundial, maior retomo teve início, como efeito dos horrendos massacres de judeus pelo nazismo alemão.

Em 1948, com a criação do novo Estado Judeu (Israel), houve um incontido incentivo e aumento acentuado no fluxo de imigração.

3. A reconstrução do templo de Jerusalém já é debatida pelas autoridades de Israel. Donativos têm chegado para isso. O parlamento de Israel já se ocupa do assunto. Essa construção pode ser muito rápida devido às moderníssimas técnicas empregadas em construção civil. O templo em consideração aqui é o da Tribulação (2Ts 2.4), que será destruído naqueles mesmos dias.

Predominância de uma Confederação de Nações

No dia 23 de maio de 1957, foi assinado o Tratado de Roma, o primeiro passo do cumprimento de uma profecia de Daniel sobre a existência de uma confederação de nações, como única forma de expressão do poder gentílico mundial. A profecia está no capítulo 2 e se repete no capítulo 7 de Daniel.

No Apocalipse, essa profecia é vista à partir do capítulo 13. O Tratado de Roma entrou em vigor em 12 de Abril de 1958, com o objetivo fundamental de unificação da Europa mediante a formação dos Estados Unidos da Europa. Os seis países membros fundadores foram: Itália, França, Alemanha Ocidental, Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Novos membros foram sendo admitidos mais tarde.

Esta coalizão de nações a ser formada, segundo a profecia, na área geográfica do antigo Império Romano, está predita em Daniel 2.33,41-44. Não se trata de uma restauração literal e total do antigo Império Romano, tal como já existiu, mas uma forma de expressão final dele, pois, conforme a palavra profética em Daniel 2.34, a pedra feriu a estátua, nos gés e não nas pernas. As duas pernas representam o Império Romano dividido em dois, fato que teve lugar em 395 d.C.: o império ocidental, com sede em Roma e o oriental, com sede em Constantinopla. Foi nessa condição que deixou de existir como tendo duas pernas. O império ocidental caiu em 476, e o oriental, em 1453 d.C. (Dn2.33).

Destruição da nação do “Norte” e seus satélites

É necessário lermos por inteiro os capítulos 38 e 39 de Ezequiel e o capítulo 2 de Joel a esta altura do estudo. Temos, nessas profecias, a descrição da invasão de Israel por uma nação do “Norte”, nos dias finais da era atual. Observemos as expressões “no fim dos anos” e “nos últimos dias”, em Ezequiel 38.8,16.

O invasor e seus aliados serão totalmente derrotados e arruinados no próprio território de Israel, por intervenção divina direta (Ez 39.4,5). Deus intervirá porque Israel é o Seu povo e Sua possessão. Em Ezequiel 38.16, Deus chama Israel de “o meu povo” e “a minha terra”. Isto é altamente significativo e deveria servir de aviso a todos aqueles que se levantam contra Israel. Esta nação de que trata as profecias já mencionadas deverá, na época da invasão em apreço, ser muito poderosa belicamente.

Ensinos sobre as profecias mostram que Gogue, a nação ou bloco de nações do norte da Terra em relação à Israel, invadirá esse país nos últimos dias. A Bíblia localiza Gogue ao norte de Israel (Ez 38.6,15). Essa poderosa nação do norte será ajudada nessa invasão por nações europeias, asiáticas e africanas. Vejamos a lista completa desses atacantes: Magogue, Meseque, Tubal (Ez 38.2,3); persas, etíopes, Pute, Gômer, Togarma e muitos povos (Ez 38.5,6); líbios (Dn 11.43).

Os motivos da invasão de Israel por Gogue serão principalmente dois: as riquezas de Israel, inclusive do Mar Morto (Ez 38.11,12), e sua posição estratégica.

 

Conversão em massa de judeus

Como resultado da intervenção divina salvando miraculosamente Israel, os judeus e as nações da Terra reconhecerão que há um Deus que governa todas as coisas (Ez 39.21,22). Isso resultará na conversão de muitos judeus e no derramamento do Espírito Santo.

O cumprimento parcial da promessa do Espírito Santo

Em Joel 2.20, vemos o Senhor destroçando o exército invasor proveniente do norte e, no versículo 28, temos a promessa do derramamento do Espírito Santo. Essa promessa cumpriu-se parcialmente no dia de Pentecostes (At 2.16,17). Parcialmente por duas razões: primeiro, em Joel 2.28 fala-se de derramar o Espírito, o que significa um derramamento pleno. Já em Atos 2.17, a palavra fala de derramar do Espírito, o que significa um derramamento parcial. Segundo, no dia de Pentecostes, e desde então, não se cumpriram os sinais preditos em Joel 2.30,31, os quais ocorrerão somente na Grande Tribulação (Mt 24.29). Haverá, portanto, um grande despertamento espiritual entre os judeus, resultando em muitas conversões. Leia Joel 2.31,32, atentando para a conjunção “e”, ligando o versículo 31 ao 32.

Os 144.000 judeus salvos durante a Grande Tribulação

Esta obra começará neste tempo. Serão selados por anjos de Deus. Selo que se refere ao que está escrito em Apocalipse 14.1, isto é, os 144.000 representantes das tribos. Certamente dentre eles irão sair os missionários que irão levar a Palavra de Deus, conforme está em Isaías 66.19. Substituirão a Igreja no testemunhar de Deus. A mensagem que será pregada por eles não é o Evangelho que conhecemos, mas o chamado “evangelho do reino”. (Mt 24.14), o qual anuncia a volta do Salvador à terra e o julgamento das nações impenitentes.

 

 

III.             A GRANDE  TRIBULAÇÃO

Há quem diga que a expressão “Grande Tribulação” não se encontre na Bíblia.

Certamente é porque tais pessoas leem pouco as Escrituras Sagradas e, sendo assim, é difícil encontrar tal expressão escatológica. A Tribulação, como elemento escatológico, consiste de dois períodos, tendo cada um três anos e meio de duração: o primeiro é chamado simplesmente de “Tribulação”; o segundo, que é pior em termos de impiedade, é chamado de “Grande Tribulação”.

O período da Tribulação é conhecido por diversos outros nomes. No Antigo Testamento temos: “o dia do Senhor ”, “o tempo da angústia de Jacó”, “o dia de trevas”, “o dia da vingança de nosso Deus”, “aquele dia”, “o grande dia”. No Novo Testamento, temos “dia da ira”, “tua ira”, simplesmente “ira” (Rm 5.9; lTs 5.9), “ira vindoura” ou “futura” (Lc 3.7; lTs 1.10). Geralmente, o período todo é chamado “Grande Tribulação”, sabendo que as duas testemunhas na segunda, o sofrimento será mais acentuado.

Vejamos alguns dos elementos e acontecimentos a surgirem no período da “Grande Tribulação”, segundo interpretação do texto bíblico:

1. O Surgimento do Anticristo. Em 1968 foi fundado em Roma o chamado “Clube de Roma”, sendo seus membros, desde então, personalidades de gabarito mundialmente reconhecido na política, na economia, nas ciências e na educação. O objetivo fundamental deste Clube é o de estudar o futuro da raça humana, considerando o seu passado e o presente, para planejar o seu futuro. Uma das conclusões a que chegou o Clube há poucos anos é a de que a humanidade necessita urgentemente de um governo único e centralizado para resolver seus problemas e suprir suas necessidades. Esta conclusão está intimamente relacionada com o surgimento iminente do super-homem de Satanás - a Besta, ou Anticristo, que presidirá a confederação de nações que já comentamos (Ap 13.1-8). Talvez este homem já esteja por aí, camuflado, aguardando apenas o momento de manifestar-se, impedido de apresentar-se porque a presença da Igreja no mundo o restringe.

2. O Falso Profeta é o principal associado do Anticristo durante o período da Grande Tribulação (Ap 13.11); neste versículo, os dois chifres referem-se ao seu poder político (representativo), aliado ao seu poder religioso; mas também falam de “testemunho”, por ser o número dois representativo disso. Parecerá cordeiro: manso, inofensivo, brando e santo, mas, no seu interior, será um dragão destruidor. Será o Ministro de Cultos do Anticristo; um insuperável ministro religioso, porém enganador. Ele promoverá um incomparável movimento religioso mundial, unindo todos os credos, seitas, filosofias, igrejas modernistas e ecumênicas, formando uma superigreja mundial. Ele fará muitos milagres, falsos, evidentemente (2Ts 2.9).

3. O surgimento de uma superigreja. O grande carisma religioso do Falso Profeta durante o governo do Anticristo se materializará na necessidade de organizar uma superigreja, cujo perfil se encontra no capítulo 17 do Livro de Apocalipse. Essa superígreja, com sua atraente religião, irá se consolidar pelo intenso trabalho “evangélico” do Falso Profeta, com a promoção de grandes cruzadas. Será uma religião avessa à de Deus. Seu ponto alto será a adoração a um homem, o super-homem de Satanás (Ap 13.8,12; 2Ts 2.4).

4. A Babilônia mística de Apocalipse 17. Essa anti-igreja, ou Babilônia mística, é retratada em Apocalipse 17. Ela muito se assemelha em identificação, constituição e procedimento à Igreja Católica Romana, se bem que a superigreja de Apocalipse 17 encerra pormenores que vão extrapolam a Igreja Católica Romana do passado e do presente. Esta Igreja é dirigida pelo papa, ao passo que a igreja mundial de que estamos tratando será chefiada pelo Falso

Profeta, um superlíder religioso aliado do Anticristo. Talvez a Igreja Católica Romana de então integre-se a esse sistema religioso mundial falso.

Para uma melhor compreensão quanto ao caráter da super igreja mundial que existirá no mundo durante o governo do Anticristo, é indispensável que leiamos Apocalipse 17 e 18, capítulos que falam de duas Babilônias. Uma é simbólica (a do capítulo 17), enquanto que a outra é literal (a do capítulo 18). A do capítulo 17 é a falsa igreja mundial, aparecendo sob a figura de uma mulher. O cálice que a mulher segura na mão é a falsa religião que prevalecerá naqueles dias do reinado da Besta (v. 4). Essa igreja falsa com o seu sistema religioso aparece primeiro no “deserto” (v. 3) e também sentada sobre muitas águas (v. 1), o que é interpretado como sendo “povos, multidões, nações e línguas” (v. 15). O nome “Babilônia”, associado a essa super igreja organizada nos dias da Grande Tribulação, indica duas coisas: rebelião organizada contra Deus e uma grande atividade do Espiritismo, em suas inúmeras manifestações.

5. A Babilônia de Apocalipse 18 diz respeito, sem dúvida, à cidade de Babilônia reconstruída, como a primeira capital do reino do Anticristo. Será um gigantesco centro político, religioso e financeiro. A Besta necessita disso tudo para galgar o poder. Para compreender isso, é indispensável ler o capítulo 18 de Apocalipse.

6. Paz e prosperidades falsas. 1 Tessalonicenses 5.3 e Apocalipse 6.2 falam da paz e da prosperidade que a Terra experimentará no princípio do governo centralizado da Besta. Daniel 11.36 diz que o seu governo será próspero. Ela convencerá o mundo de que está raiando a era da paz e do progresso com que a humanidade tanto sonhava.

A política, a religião, a economia e a ciência serão suas metas principais. A ciência atingirá um ponto nunca alcançado. Todo esse progresso será falso, porque será superficial e durará pouco. Logo depois, a Besta revelará seu verdadeiro caráter maligno, ao mesmo tempo em que os juízos desencadeados do Céu, sob os selos, as trombetas e as taças registrados nos capítulos 6 a 18 de Apocalipse, porão tudo a descoberto, mostrando que as multidões foram completamente iludidas, em âmbito mundial.

7. O cavaleiro e seu cavalo. O cavalo e sua cor branca (Ap 6.2) falam de conquista, vitória e paz. O cavalo nas guerras antigas era elemento de primeira necessidade. O arco do cavaleiro fala do longo alcance e da amplitude de seus empreendimentos. A sua arrancada será, a princípio, vitoriosa, inclusive porque não enfrentará qualquer protesto e oposição da verdadeira Igreja, que, nesse tempo, já estará na Glória com o Senhor. A coroa, o cavalo branco e a arrancada vitoriosa do Anticristo falam dele como o falso messias e solucionador das crises mundiais. Seu governo será a falsificação do milênio de Cristo. Sim, ele imita o Cristo verdadeiro, que monta outro cavalo branco (Ap 19.11)

8. O número da Besta: 6 66. A Besta terá um nome, no momento

desconhecido. O número resultante desse nome será 666 (Ap 13.17,18). A Bíblia diz três coisas sobre a Besta: seu nome, número e marca. No momento, só o seu número nos é revelado: 666. A pessoa e o nome serão revelados após o arrebatamento da Igreja (2Ts 2.7,8).

Como será a Grande Tribulação

A Grande Tribulação abrangerá um período de sete anos, dos quais os piores em termos de sofrimento serão os últimos três anos e meio. O sofrimento nesse tempo será de tal monta que, se durasse mais tempo, ninguém escaparia com vida (Mt 24.21,22).

A primeira menção bíblica da tribulação encontra-se em Deuteronômio 4.30. A pior fase da Grande Tribulação será quando o Anticristo romper a aliança feita com os judeus e começar a persegui-los, fato que ocorrerá quando ele exigir adoração e os judeus se recusarem a oferecê-la. Os “santos" perseguidos pela Besta (Dn 7.21,25 e Ap 13.7) são, em primeiro plano, os judeus, mas também, os gentios crentes, os quais serão martirizados.

Ao romper sua aliança com os judeus, o Anticristo romperá também com a igreja apóstata (Ap 17.16) e implantará a nova forma de adoração a ele mesmo. Apesar da Grande Tribulação visar em primeiro lugar aos judeus, o mundo todo sofrerá os seus efeitos (Jr 25.29-32). Deus entrará em juízo com o Seu antigo povo, para expurgá-lo e levá-lo ao arrependimento e à conversão (Ez 20.33-39).

 

Haverá salvação durante a Grande Tribulação?

Muitos perguntam: “Haverá salvação durante a Grande Tribulação;”’. Respondemos: Sim, haverá. E fácil provar biblicamente. Uma única passagem como a de

Apocalipse 7.14, bastaria para isso. Muitos objetam aqui, dizendo: Como pode haver salvação nessa época quando a dispensação da Graça terá findado e o Espírito Santo terá arrebatado a Igreja?”. A esta pergunta respondemos com outra pergunta: Como o povo se salvava antes da dispensação da Graça, e, como operava o Espírito Santo nessa época? O povo salvava-se pela fé no Redentor prometido que haveria de vir. Isso era também salvação pela graça (At 15.11; Ef 1.4).

As duas testemunhas

Durante os terríveis dias da Grande Tribulação, haverá duas testemunhas especiais da verdade divina, profetizando aqui na Terra (Ap 11.3-12). Serão dois homens intocáveis até que cumpram a sua missão (Ap 11.7). Ambos serão mortos pela Besta.

Comparando-se Zacarias 4.11-14 com Apocalipse 11.4, vê-se que essas duas testemunhas estão agora no Céu. Podem ser Enoque e Elias, do Antigo Testamento.

Ambos não passaram pela morte (Gn 5.24 e 2Rs 2.11). Moisés não pode ser um deles, pois morreu (Dt 34.5,6), como aos homens está ordenado morrer apenas uma vez (Hb 9.27); ao passo que essas testemunhas ainda morrerão aqui.

Israel e sua fuga na Grande Tribulação

Em sua perseguição para destruir os judeus, a Besta conduzirá seus exércitos contra Jerusalém. Nessa ocasião crítica, parte de Israel se refugiará nos montes e nos abrigos naturais de Edom, Moabe e Amom (Mt 24.20; Is 16.1-5; Ez 20.35-38). Por estarem destinadas como abrigo para os judeus durante a Grande Tribulação, Edom, Moabe e Amom serão poupados por Deus durante a investida arrasadora do Anticristo contra Israel (Dn 11.41). Já uma vez Israel refugiou-se aí, quando Babilônia o hostilizou (Jr 40.11,12).

 

 

IV.             A VOLTA DE JESUS

Quando Jerusalém estiver cercada de exércitos das nações confederadas sobre a Besta e os judeus estiverem sem qualquer esperança de salvação, a ponto de serem tragados pelo inimigo, então clamarão angustiados a Deus (Is 64.8'12). Será nessa situação crítica de Israel que o Senhor Jesus descerá em seu socorro, sobre o Monte das Oliveiras, em Jerusalém (Is 52.8).

Derrocada dos governos da Terra

Em Daniel 2.34,35,44,45, quatro vezes está dito que os reinos do mundo foram esmiuçados pelo impacto da pedra que desceu da montanha. Sabemos que a pedra figura Cristo na Sua segunda vinda (Mt 21.44), portanto, o mundo não findará convertido pela pregação do Evangelho. Também não findará de maneira tranquila e pacífica, como muitos pensam, mas, sim, destruído por catástrofes mundiais e sobrenaturais, por ocasião da vinda de Jesus, de quem o mundo zombou e a quem rejeitou. Isto ocorrerá em Armagedom, no tempo do domínio das dez nações confederadas sob a liderança do Anticristo.

A batalha do Armagedom

O termo Armagedom significa Monte de Megido. Esse local tem sido famoso como campo de batalha da História, dada a posição estratégica que ocupa. Aí se concentrarão as forças das nações em guerra contra Deus e Israel (Ap 16.13-16). O Anticristo lançará o seu ataque contra os judeus e avançará sobre Jerusalém. A batalha não é em primeiro lugar um combate pessoal entre os exércitos do mundo, sob a Besta, e o celestial, sob Cristo, mas um ataque dos exércitos da Besta visando à exterminação do povo judeu, pois o Diabo sabe que os planos de Deus estão relacionados com Israel, quanto ao futuro do mundo (Jr 31.35,36; 46.28). O ataque será devastador, porém, os judeus lutarão heroicamente (Zc 14-14).

A ação divina destruidora e sobrenatural à repentina aparição de Jesus em Jerusalém causará completo destroço nesses exércitos, tanto os atacantes sobre Jerusalém, como o grosso das tropas e seu material de guerra concentrados em Armagedom. O morticínio será incalculável.

A volta de Jesus e as nações rebeladas

No momento da volta de Jesus haverá convulsões em toda a natureza. Terá chegada a hora do colapso das nações amotinadas contra Deus e o Seu povo. Nesse momento, a pedra cortada sem auxílio de mãos (Dn 2.45) destruirá os reinos do mundo, o poder gentílico mundial sob o comando do Anticristo.

A Destruição do Anticristo e do Falso Profeta

O Anticristo será um homem como os demais, isto é, nascido de mulher. João o viu sair “do m ar”, isto é, dentre o povo. Comparemos Apocalipse 13.1 com 17.15. Por ocasião da manifestação visível de Jesus, o Anticristo e o Falso Profeta serão lançados vivos no “lago de fogo e enxofre”, que é o Inferno final e definitivo (Ap 14.9,10; 19.20).

Aceitação nacional de Jesus como o Messias, pelos judeus

Desde os dias de Jesus, tem havido judeus cristãos, mas, apenas individualmente.

Como nação, eles rejeitaram Cristo (Mt 23.37), mas, agora, o remanescente judaico, expurgado e arrependido, reconhecerá Jesus como o seu Messias Redentor prometido.

Em escala nacional O aceitarão, chorando (Is 4-3; 59.20,21; 60.21). A profecia de Oséias 6.2 por certo refere-se à duração do pranto e à subsequente conversão de Israel.

Os festivais sagrados do Dia da Expiação e da Festa dos Tabernáculos têm um aspecto profético de arrependimento e regozijo, que aponta para esse retorno de Israel a Deus (Lv 23.27-32). O versículo 27, “afligireis as vossas almas”, combina com Zacarias 12.10. Já mostramos que durante a Grande Tribulação haverá derramamento do Espírito Santo, redundando em multidões de salvos. Individualmente, muitos judeus aceitam Cristo hoje, mas então, o restante de Israel será salvo nacionalmente, num só dia.

Comparemos Isaías 66.8 com Romanos 11.26; também Isaías 10.22.

O julgamento das nações

Quando Jesus julgar as nações ao retornar à Terra, a sua população estará muito reduzida em consequência dos cataclismos sobrenaturais, inevitáveis e incontroláveis que desabarão sobre este mundo ímpio. Destarte, o julgamento das nações descrito em Mateus 25.31-34, 41,46 será apenas a consumação daquilo que já começou muito antes, sob os selos, trombetas e taças de juízos divinos.

O propósito deste juízo, a ser realizado no Vale de Josafá (J13.2,12), é o de determinar quais nações terão parte no Milênio. Nações serão poupadas e ingressarão no citado Reino do Filho de Deus, outras serão desarraigadas e desaparecerão como nações.

O mapa do mundo sofrerá muitas alterações. Após o julgamento, “os que restarem de todas as nações” (Zc 14.16) ingressarão no reino milenial sobre a Terra.

 

V.               O MILÊNIO

O Milênio será o maravilhoso reinado de Cristo na Terra por mil anos (Ap 20.1-

6). Essa época áurea é ansiosamente aguardada pelo povo israelita (Lc 2.38). A criação toda também aguarda esse tempo para sua libertação das consequências do pecado a que ficou sujeita, desde a queda do homem. O Milênio será a resposta às orações de milhões do povo de Deus através dos tempos: “Venha o Teu reino. ”.

Há quem diga que o Milênio ocorrerá antes da vinda de Jesus, quando a Bíblia ensina que será depois. Comparemos Apocalipse 19.11-16 (a volta de Jesus) com Apocalipse 20.1-6 (o Milênio, após a volta de Jesus). Não encontramos na Bíblia nenhum aviso de Jesus para esperarmos pelo Milênio, e, sim, para esperarmos por Ele, na Sua vinda.

Propósitos do Milênio

No início do Seu ministério terreno, Jesus revelou a plataforma do Seu governo, tendo uma legislação toda superior. E o chamado Sermão do Monte, registrado em Mateus, o Evangelho do Rei, nos capítulos 5 a 7. Alguns propósitos do Milênio são:

a) Fazer convergir em Cristo todas as coisas, isto é, toda a criação (Ef 1.10);

b) Estabelecer a justiça e a paz na Terra, eliminando toda rebelião contra Deus (I Co 15.24-28);

c) Fazer convergir no Milênio todas as alianças da Bíblia;

d) Fazer Israel ocupar toda a terra que lhe pertence e fazê-lo cabeça das nações (Is 11.10);

e) Cumprir as profecias a respeito do reino do Messias.

Fatos e aspectos do Milênio

1. O Milênio ocorrerá na Terra. Em 1 Coríntios 6.2 está dito que os santos hão de julgar o mundo. Onde e quando será? Só pode ser durante o Milênio. Será no Céu? Não! Será no mundo. A palavra original aí, para “mundo" é kosmos, que, além de significar mundo físico, material, também significa os ocupantes dele, isto é, a raça humana (SI 2.8,9; Zc 9.10; 14.9).

2. O Milênio é a última dispensação concernente à humanidade. É a “dispensação da plenitude dos tempos" (Ef 1.10). Significa que para esta dispensação convergem todas as alianças e tempos mencionados na Bíblia. E riquíssima de sentido a expressão “plenitude dos tempos”. Ela mostra que o Milênio é um reinado sublime e que, findo o mesmo, terá início a eternidade futura.

3. jesus reinará sobre todas as nações. Jesus vem para reger as nações como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Aproxima-se velozmente o dia em que toda a nação sobrevivente de Israel O aclamará como seu Rei e Libertador. Toda e qualquer oposição a Deus será neutralizada por Cristo (I Co 15.24-26), que preparará a Terra para o estabelecimento do Seu reino eterno sob o governo de Deus (2Sm 7.12,13; Lc 1.32,33).

4. Forma de governo do Milênio. O Milênio será uma teocracia. Todos os reinos do mundo estarão sob o senhorio de Cristo (Fp 2.10,11). Nesse período conheceremos a letra e a música da “Canção dos Reis da Terra”, cujo relato e tema estão em Salmos 138.4,5. Todos os reis e chefes de estado, sem exceção, cantarão essa canção.

Salmos 72.8-11 descreve também as glórias desse reino universal e teocrático de Cristo.

5. Classes de povos participantes do Milênio. Haverá dois grupos de povos distintos no Milênio:

a) Os crentes glorificados, consistindo dos salvos do Antigo Testamento, os do Novo Testamento (a Igreja) e os oriundos da Tribulação:

b) Os povos naturais, em estado físico normal, vivendo na Terra, a saber:

judeus salvos saídos da Grande Tribulação, gentios poupados no julgamento das nações e o povo nascido durante o próprio Milênio.

6. O templo milenial será construído. A descrição completa deste templo que será construído durante o Milênio acha-se em Ezequiel 40 a 44. Nesse tempo, a cidade de Jerusalém estará muito ampliada Jr 31.38-40; SI 102.16). Na descrição do templo milenial, não consta a presença da arca, porque a presença dAquele a quem a arca representava torna desnecessária a presença dela.

 

O Milênio em relação a Israel

Durante o Milênio, alguns sacrifícios e ofertas serão restaurados e observados por Israel, com a participação dos gentios. Evidentemente, não terão a mesma finalidade que no Antigo Testamento - a de prefigurar Jesus e Sua obra, mas serão memoriais do que Jesus efetuou. Servirão de instrução às gerações futuras, ensinando-lhes a respeito da maravilhosa obra de Cristo no Calvário, assim como hoje a Ceia do Senhor é um memorial para a Igreja, revelando a obra de Cristo. A Festa dos Tabernáculos que apontava para o Milênio será outra vez observada com a participação dos gentios. De igual modo, a Festa da Páscoa e a Festa da Lua Nova (Is 66.21-23).

1. Os judeus possuirão toda a terra prometida. Esse território se estende do Mar Mediterrâneo ao Rio Eufrates (Gn 15.18). O vasto território será dividido em treze faixas iguais e paralelas, uma para cada tribo de Israel sendo que a faixa central será do príncipe (Ez 48). O Egito e a Assíria serão nações tementes a Deus e unidas a Israel. Juntas adorarão a Deus (Is 19.21-25).

O Egito (ao que parece) procurará afastar-se de Deus, mas será castigado por isto (Zc 14 -18,19). A Assíria antiga compreende hoje os territórios da Síria e Iraque (em parte). Edom, Moabe e Amom pertencerão a Israel (Is 11.14), onde haverá um vasto programa de reconstrução (Ez 36.33-36). Israel e os israelitas serão exaltados, respeitados e procurados (Zc 8.23; Jr 3.17), especialmente sua capital, Jerusalém.

2. Israel será uma bênção para o mundo. Jerusalém será a sede do governo milenial e mundial de Cristo (Is 2.3; 60.3). De Jerusalém sairão tanto as diretrizes religiosas como as leis civis para o mundo. Tanto a “lei” como “a palavra do Senhor”, sairão de Jerusalém (Is 2.2; Mq 4-2). Esta Jerusalém da qual estamos falando não é Jerusalém celestial, de Apocalipse 21 e 22.

A Jerusalém celestial descerá e pairará nas alturas sobre a Jerusalém terrestre (Is 2.2 e Mq 4.1). A glória e o esplendor da Jerusalém celeste iluminarão a Jerusalém terrestre e seu templo (Is 4.5; 24.23; Ez 43.2-5). Ezequiel vira essa glória (shekinah) saindo do templo, mas depois a viu voltando sobre o templo de Jerusalém (Ez 10.18).

O Milênio em relação à Igreja

No Milênio* a Igreja estará glorificada com Cristo. Ela é o Seu povo especial, como povo espiritual (Tt 2.14 - ARC). Já Israel é um povo especial de Deus para uma missão terrena. (Dt 7.6). Os fatos a seguir serão uma constatação no período do Milênio:

1. A Igreja estará glorificada com Cristo na Jerusalém celeste (Cl 3.4: I Pe 5.1: Rm 8.17,18). Vemos assim, mais uma vez, que o Milênio será uma época de manifestação da glória de Deus: glória da Jerusalém celeste, glória no templo milenial e glória na Igreja. Essa glória divina, o homem perdeu ao cair (Rm 3.23), mas com o advento de Jesus em Belém, ela começou a ser-lhe restaurada (Lc 2.9,14).

2. O conhecimento de Deus será universal. O conhecimento divino, abundante durante o Milênio, não virá primordialmente pelo estudo. Será antes intuitivo (Is 11.9; Jr 31.34). Os judeus, por sua vez, continuarão levando a efeito um grande movimento missionário (Is 66.19). Conforme Isaías 52.7, a evangelização estará em primeiro plano. Trata-se aí da pregação das boas-novas. Multidões serão salvas. A população da Terra crescerá rapidamente sob as benignas condições do Milênio. Se não houvesse salvação durante o Milênio, este seria uma decepção.

3. A piedade prevalecerá. Caravanas de todas as nações irão a Jerusalém buscar a Lei do Senhor (Is 2.3; Zc 8.20-23). Isso não significa que o pecado será removido da Terra. A natureza humana será a mesma, mas, devido às bênçãos do reinado e da presença pessoal de Cristo, e, estando Satanás preso (Ap 20.1-3), ninguém terá obstáculos espirituais para seguí-lO, como agora.

4- A paz e a justiça prevalecerão entre as nações (Mq 4.3; Zc 9.10). Não haverá mais guerras! Haverá desarmamento total (Is 2.4). Ninguém se queixará de opressão ou injustiça. Ler Isaías 11.4. Não haverá clima nem motivo para descontentamento ou rebeliões, porque “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre” (Is 32,17). Sim, a preciosa paz, hoje tão desejada mas não alcançada, prevalecerá, afinal, pois estará reinando o Príncipe da Paz (Is 9.6)!

5. Haverá pleno derramamento do Espírito Santo (Ez 39.29). Sendo o Milênio o reino do Messias, e, sendo o Espírito Santo aquele que glorifica a Cristo (Jo 16.14), é de se esperar um sublime e incomparável derramamento do Espírito Santo.

6. Haverá restauração e renovação em toda a face da Terra. Isto está contido na palavra traduzida "regeneração”, em Mateus 19.28, e “restauração”, em Atos 3.21.

“Restauração”, do grego “dpokatastaseos”, nada tem com religião, nem movimento religioso, mas com a obra que terá lugar durante o governo milenial de Cristo (Cl 1.20).

O Milênio em relação à Terra

O Milênio está relacionado não apenas à nação de Israel, às nações gentílicas, e à Igreja glorificada de nosso Senhor Jesus Cristo, mas tem relação profunda com a Terra como planeta e lugar de nossa habitação.

1. Um rio fluirá do templo milenial. Para entendermos este tópico, leiamos Joel 3.18. O leito desse rio será aberto por terremoto no momento da revelação de Cristo (Zc 14-4). Dividir-se-á em dois, correndo um canal para o Mar Morto e outro para o Mar Mediterrâneo (Zc 14.8). O Mar Morto, onde atualmente nenhuma forma de vida existe, terá muitos peixes (Ez 47.8 4 2 ).

2. A vida humana será prolongada. Haverá abundância de saúde para todos.

Isso em muito contribuirá para prolongar a vida (Is 33.24). Outros fatores contribuintes são as bênçãos especiais de Deus, as mudanças climáticas, redução do efeito do pecado, redução da ação dos demônios, condições mais favoráveis de vida e melhor nutrição.

3. Será grande a fertilidade do solo. Os desertos desaparecerão (Is 35.1,6; 41.19). Haverá grande abundância de água (Is 30,25), de víveres e fartura para todos

(Jr 31.12). A maldição que paira sobre a Terra será praticamente removida. A remoção total dar-se-á na nova Terra. Dela está escrito que não haverá mais maldição (Ap 22.3).

4. Haverá prosperidade geral para todos. Durante o Milênio, todos possuirão casas (Is 65.21,22). Hipotecas, aluguéis e dívidas de casas serão coisas do passado (Mq 4.4; Zc 3.10). O hebraísmo constante dessas últimas referências denota prosperidade geral.

5. Haverá alterações no relevo do solo. Ler Zacarias 14.2,10. No versículo 10, a tradução mais fiel é a da Versão Corrigida: “ela (a terra) será exalçada”, ao passo que a Versão Atualizada registra “esta (a terra) será exaltada”. Não se trata aí da Terra ser “exaltada”, mas “exalçada”, isto é, elevada. Isto é, a Terra elevar-se-á; tornar-se-á alta. Isaías 2.2 e 11.15,16 são passagens que corroboram com este ponto de vista.

6. Haverá mudança no reino animal. A ferocidade será removida (Is 11.6- 8). A criação sofre atualmente devido à queda do homem, mas, então, participará das bênçãos mileniais (Rm 8.19-22). A única exceção será a serpente, que comerá o pó da terra, certamente por ter sido o instrumento da queda do homem, que trouxe o mal a todo o mundo (Is 65.25). No Milênio, a paz será total no reino animal, inclusive.

7. Os anjos e o Milênio. Dos anjos, está escrito a respeito de Jesus: "... E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6). Reinando aqui na Terra o Príncipe da Paz, certamente os anjos terão um ministério de muita atividade, aumentando as glórias do Milênio. Graças a Deus pelo poderoso, eficaz e fiel ministério dos anjos em todos os tempos, e em escala tão vasta, a nosso favor.

8. O Milênio e o cumprimento da Festa dos Tabernáculos. “Porém, aos quinze dias do mês sétimo... haverá descanso solene.” (Lv 23.39). Passaram-se as provas do deserto que a Igreja enfrentou! O plano redentor de Deus para com o homem findará com o Milênio.

 

VI.             EVENTOS FINAIS

Quem são Gogue e Magogue?

Gogue e Magogue, em Apocalipse 20.8, são as nações rebeladas contra Deus, instigadas por Satanás, conduzindo um furioso ataque contra os santos. Não se trata absolutamente de Gogue e Magogue relatados em Ezequiel, capítulos 38 e 39.

A última revolta de Satanás

No final da execução do plano de Deus para este mundo, ocorrerão três grandes conflitos ou guerras. O primeiro é o que está registrado em Ezequiel 38 e 39. O segundo conflito armado é o de Zacarias 14.1-4; Joel 3.9,12 e Apocalipse 16.13-16; 19.11-21.

O terceiro conflito está descrito em Apocalipse 20.7-10.

Terminado o Milênio, Satanás, que fôra preso, será novamente solto por um breve espaço de tempo (Ap 20.7). Essa soltura momentânea de Satanás, servirá para:

a) provar os que nasceram durante o Milênio;

b) revelar que o coração humano não-convertido permanece inalterado, mesmo sob o reino pessoal do Filho de Deus;

c) demonstrar, pela última vez, quão pecaminosa é a natureza humana e que o homem por si mesmo jamais se salvará, mesmo sob as condições as mais favoráveis;

d) demonstrar que Satanás é totalmente incorrigível.

O julgamento dos anjos caídos

É conveniente crermos que os anjos decaídos, tanto os livres que trabalham agora para Satanás, como os aprisionados “...para o juízo do grande Dia..." (Jd v. 6), e ainda os demônios serão julgados juntamente com o Diabo, a quem eles acompanharam, obedeceram e serviram (Ap 20.10; 2Pe 2.4).

A Igreja certamente estará associada neste juízo, pois travou renhido combate contra o Diabo e suas hostes. É, pois, justo que a Igreja os julgue também. “Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos?...’’ (I Co 6.3). Este evento marcará o ponto final da liberdade de ação do Diabo, dos anjos decaídos e dos demônios. É o final da sua carreira maligna (Mt 25.41).

O Juízo Final

Nessa ocasião, os ímpios falecidos, de todas as épocas, ressuscitarão com seus corpos literais e imortais, porém carregados de pecado (Ap 20.11-15).

Esse julgamento será para aplicação de sentenças, pois

o pecador já está condenado desde que não crê no

Filho de Deus como seu Salvador (Jo 3.18).

Haverá o Grande Trono Branco (Ap 20.11,12),

o Julgamento e os Livros no Céu (Ap 20.12). Alguns desses livros devem ser:

a) O livro da consciência (Rm 2.15; 9.1);

b) O livro da natureza (Jó 12.7-9; Rm 1.20; SI 19.1-4);

c) O livro da Lei (Rm 2.12); ora, a Lei revela o pecado (Rm 3.20);

d) O livro do Evangelho (Rm 2.16; Jo 12.48);

e) O livro da nossa memória (Lc 16.25; Mc 9.44) aí deve ser uma alusão ao remorso constante no Inferno. Veja o contexto: versículos 44-48 (Ler Jr 17.1);

f) O livro dos atos dos homens (Ap 20.12; Mt 12.36; Lc 12.8,9; Ml 3.16);

g) O livro da vida (Ap 20.12; SI 69.28; Dn 12.1; Lc 10.20; Fp 4-3).

Os que morreram sem conhecer o Evangelho

Quanto aos que morreram sem conhecer o Evangelho, deixemos com Deus.

Sendo perfeito em justiça como é, Deus terá uma lei para julgar os que pecaram sem lei, isto é, sem conhecerem a Lei (Rm 2.12). De uma coisa estejamos certos: diante de Deus ninguém é inocente, inclusive os pagãos (Rm 2.15; 10.18; Is 5.3b). O “Juiz de toda a terra” saberá fazer justiça (Gn 18.25). Só Ele é o juiz dos que morreram (At 10.42). A Bíblia assegura que o juízo de Deus é “segundo a verdade” (Rm 2.2) e que os juízos de Deus são verdadeiros e justos (Ap 16.7).

Os mortos salvos durante o Milênio

Os mortos salvos durante o Milênio certamente ressurgirão e serão recompensados nessa ocasião, o que também explica a presença do Livro da Vida nesse momento. O julgamento dos mortos ímpios, como já vimos, será de acordo com as obras de cada um; portanto, haverá diferentes graus de castigo (Mt 11.21-24; Lc 12.47,48; Ap 20.12).

Novos Céus e Nova Terra

“Ora, os céus que agora existem e a terra... ” (2Pe 3.7,10-13) é indício de que somente obras humanas serão consumidas (Hb 12.27). O mesmo Deus que preservou a sarça de se consumir (Ex 3.2) e tornou imune ao fogo os três jovens hebreus (Dn 3.25) pode também preservar o povo salvo, saído do Milênio, e tudo mais que Ele quiser, durante esta expurgação final dos Céus e da Terra (Is 51.16).

Os Céus também serão expurgados, porque o espaço

sideral está contaminado pela ocupação de Satanás e seus agentes (Jó 15.15). Assim, vemos que esse ato divino extinguirá o pecado do Universo. Aqui se cumprirá, integralmente, o que está registrado em João 1.29: "... Eis o

Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”. Mundo aí é

kosmos, no original, que na Bíblia implica não somente na

humanidade, mas no próprio mundo físico em que ela habita.

Cumprir-se-á então também, plenamente, Mateus 5.5:

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”Nesse tempo, haverá perfeita harmonia entre o Céu e a Terra (Cl

1.20), pois “céu e terra hão de ser a mesma grei”, como bem diz o poeta sacro. Sim, porque o muro de separação (o pecado) já foi desfeito totalmente.

O eterno e perfeito Estado

Durante Seu ministério terreno, Jesus fez menção de uma nova era que há de vir na consumação do atual sistema mundial; mas é nos capítulos 21 e 22 de Apocalipse que se encontram literalmente descritas as glórias desta maravilhosa era, quando Deus será tudo em todas as coisas. Aqui finda o tempo na história humana e começa o “dia eterno”, conforme 2 Pedro 3.18 (ou “dia da eternidade”, como registra a Versão Revista e Corrigida). A santa cidade de Jerusalém celestial baixará de vez sobre a Terra — a nova Terra, tendo seu relevo totalmente diferente (Ap 21.2,10).

Todas as coisas terão sido restauradas (At 3.21), enquanto que a Igreja, em estado de glória e felicidade eternas, governará a Terra sob o senhorio de Cristo (Dn 7.18,27).

A Bíblia menciona ainda uma sucessão de eras futuras, sobre as quais nada nos é dito no presente (Ef 2.7). Certamente, à medida que essas eras bíblicas forem passando, conheceremos mais e mais as insondáveis riquezas da graça de Deus! E como são insondáveis as riquezas de Cristo! (Ef 3.8). Deus será então tudo em todos, conforme está escrito em 1 Coríntios 15.28, e, para sempre continuará o eterno e perfeito estado.

Amém!