domingo, 18 de maio de 2025

Série: A Provisão e a Aplicação da Salvação 8. (A santificação)

 Por: Jânio Santos de Oliveira

 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com



Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!


Resumo da matéria

1. A PROVIDÊNCIA SALVADORA

2. QUATRO ASPECTOS DA PROVISÃO DE CRISTO QUANTO À SALVAÇÃO

3. ARREPENDIMENTO

4. Fé

5. A JUSTIFICAÇÃO

6. A REGENERAÇÃO

7. A ADOÇÃO

8. A SANTIFICAÇÃO

9. ADVERTÊNCIAS E PROMESSAS

10. A GLORIFICAÇÃO


A SANTIFICAÇÃO

A experiência da salvação abençoa a vida do novo crente de quatro maneiras distintas. Já estudamos três destas, que são: 

1. justificação, 

2. regeneração, 

3. adoção. 

O quarto efeito ou benção, que estudaremos nesta Lição, é a separação entre o crente e o mundo, para que aquele seja conformado à imagem de Cristo.

 Esta é a santificação. 

Talvez esta lista breve de comparações ajudará a esclarecer as distinções entre estes qua­tro benditos efeitos ou bênçãos da salvação. 

1. Justificação, é o estado do crente considerado justo diante do Senhor; santificação é o processo de aplicar a justiça divina à vida pessoal do crente. 

2. A regeneração dá ao crente o poder de resistir ao pecado e glorificar a Deus; a santificação é a aplicação deste poder nas vitórias espirituais diárias. 

3. A adoção toma o crente um filho de Deus: a santificação desenvolve a semelhança da família de Deus no caráter desse crente. 

Estes quatro aspectos ocorrem no crente ao mesmo tempo e nele operam a partir do momento da salvação, sendo todos mantidos ativos pela fé em Deus. 

Dos quatro, no entanto, somente a santificação envolve o desenvolvimento progressivo ao crente. 

Os outros três aspec­tos são constantes. 

O crente não pode ser mais justificado, mais nascido de novo ou mais filho de Deus do que no momento da sua conversão, mas pode prosseguir amadurecendo espiritualmen­te, mediante o processo da santificação.

 Não podemos subestimar quão importante é compreender como o crente pode crescer espiritualmente através da santificação. 

Dentro do ensino sobre a salvação, a santificação é o ensino mais importante nas Escrituras.

 

Resumo da matéria:

1. O Que É Santificação

2. Liberto da Natureza Pecaminosa

3. Liberto dos Maus Pensamentos

4. Liberto da Carnalidade

5. Liberto da Estagnação

I. O QUE É SANTIFICAÇÃO

Você sabia que há algo muito perto de você, que, contudo, pode tocá-lo, ainda que não possa vê-lo? - É seu próprio rosto! Você vê sempre a imagem dele no espelho, mas nunca pode olhar diretamente para ele! O mesmo ocorre com respeito aos descrentes e seu conceito de Cristo. Não podem ver a Cristo, embora Ele esteja muito perto de cada um deles, mas, podem saber que Ele é real e podem também ser motivados a estender-lhe a mão, à medida que veem Sua imagem reproduzida na vida do crente.

“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados em semelhança dEle, de um grau de esplendor para outro, pois isto vem do Senhor que é o Espírito. ” (2 Co 3.18).

A Santificação Definida A ilustração do espelho empregada acima, dá uma ideia clara da santificação. Em primei­ ro lugar, o propósito da santificação é que o crente seja progressivamente transformado numa reprodução cada vez mais exata da imagem de Cristo. (Comparar Rm 8.29). A ideia de um espelho reproduzir melhor a imagem, não faz sentido na era atual. Nos tempos antigos, os espelhos eram feitos de metal batido e polido. A qualidade do espelho melho­rava na proporção direta da quantidade de marteladas e polimentos dados ao metal. Quanto ao que estamos tratando, o crente pode ser comparado a este pedaço de metal.

Em primeiro lugar, o artífice escolhe e separa o metal. A esta altura, só na mente do artífice aquele metal é chamado espelho.

Assim, também, a santificação é um ato de separação, abandono do munda Deus chama todos os crentes de santos, independentemente da sua experi­ência na fé ou da sua maturidade espiritual. E por isso que nada menos do que quinze livros do Novo Testamento se referem a todos os crentes como santos. E por isso, também, que alguns versículos se referem à santificação como sendo um fato já completado.

“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação ... ” (1 Co 1.30).


“à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus...” (1 Co 1.2). “... mas fostes santificados, mas fostes justificados ... ” (1 Co 6.11).

Partindo destes versículos vê-se que a santificação não é o processo de alguém tornar-se santo mas, sim, o processo de aperfeiçoar um santo. A santificação, além de ser um ato de separação, é também o processo divino de levar o crente a uma conformação cada vez maior com Jesus Cristo. Assim como o metal do espelho precisava ser martelado e polido pelo artífice, assim também o crente precisa submeter sua vida às operações diárias do Supremo Artífice. Somente assim chegará a refletir devidamente, sem distorção, a imagem de Cristo. O progresso da santificação não termina nesta vida. Somente quando o crente estiver diante de Cristo, no céu, é que ele será perfeito.

"... aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus. ” (2 Co 7.1). “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo... à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo. ” (Ef 4.12,13). “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra ” (Ef 5.26).

Compreendendo a Santificação

O alvo de viver uma vida santificada não é a perfeição, mas sim, a progressão. Se Deus quisesse que o crente, para conservar a sua salvação, tivesse de cumprir seus padrões de perfei­ção, teria reduzido seus padrões ao nível da possibilidade humana. Ao invés disto, Ele apresenta ao crente o alvo da santificação como sendo a perfeição do Seu próprio caráter.

“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste. ” (Mt 5.48).

De muitas maneiras, Deus age qual um pai humano. Os alvos e os padrões de conduta que a maioria dos pais requerem de seus filhos são os mais altos que eles conhecem. Se o filho não consegue atingir aquele padrão, pode haver um rompimento de comunhão, talvez uma perda de recompensa, ou mais disciplina, contudo o filho não é expulso da casa, nem o pai desiste do padrão.


Deus nunca exigiu a prática da santidade absoluta como padrão para a salvação» mas firmemente Ele ordena e deseja que todos  os crentes se esforcem por atingir este alvo. O filho que verdadeiramente ama seu pai, tudo faz para agradá-lo, e esforça-se para obedecer-lhe. Assim também as Escrituras dizem: “... Se alguém me ama, guardará a minha palavra ... e viremos para ele e faremos nele morada. ” (Jo 14.23). Sabemos que um homem é salvo não por seu relacionamento com um padrão de vida, mas pelo seu relacionamento com Deus. Pela fé, um homem é declarado “legalmente” justo diante da Lei. Mas é esta mesma fé que o motiva a cumprir a lei divina, em termos práticos, na sua vida diária. Todo crente enfrenta altos e baixos no seu esforço para viver à altura do padrão de Deus. Não devemos, no entanto, deixar que os tempos de fracasso nos impeçam de progredir na santificação e na maturidade. Note no gráfico, a linha que vai de fé até o padrão de Deus. Esta, representa a posição legal do crente: salvo e considerado santo pela sua fé. No outro lado, a linha irregular e inclinada representa a vida prática, não perfeita do crente, mas progredindo na direção do padrão perfeito de Deus.


O velho apóstolo Paulo, ao falar da necessidade de progredir na santificação, reconhecia que estava longe de ser perfeito (Fp 3.12). Mesmo assim, continuava a esforçar-se, conforme o exemplo perfeito de Cristo.

“Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo.. (Fp 3.12).


Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: es­quecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, (Fp 3.13). prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. ” (Fp 3.14).


II. LIBERTO DA NATUREZA PECAMINOSA

Quando Saulo, o pecador, foi transformado em Paulo, o santo, todos os seus pecados do passado foram perdoados. Teve um novo começo de vida, e, além disto, recebeu uma nova natu­reza, e, destarte, tornou-se uma nova criatura em Cristo. Uma coisa, porém, havia no “novo” Paulo que não se alterara: a velha natureza humana de Saulo ainda estava ativa na sua vida, não tendo sido suprimida. A velha natureza coexistia com a nova natureza.


Em Romanos 7 e 8 Paulo testifica como a batalha diária que travava contra a velha natu­reza , levou-o ao desespero. Mas também escreve como conseguiu libertar-se do domínio da velha natureza. Examinemos quatro passos para galgar esta liberdade. Reconheça a Origem do Problema e a Solução (Rm 7.7-25). O crente não deve enganar-se, pensando que sua velha natureza pecaminosa será total­ mente erradicada ou transformada, enquanto viver aqui. Ela não perderá a sua força, mas um poder superior a dominará e ela perderá então a sua influência! Embora a velha natureza nunca mude, o crente muda! É importante que o crente reconheça a existência em si desta velha natureza, que quer sempre fazer a sua própria vontade, e, saiba como obter o controle sobre ela. Note como Paulo reconhece este fato.

“mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. ” “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.23,24).

Paulo reconheceu que em si mesmo não tinha qualquer forca para dominar a velha natu­reza que se lhe opunha, quanto a fazer a vontade de Deus; daí, ele voltar-se para a fonte de poder divino que o faria libertar-se. Confiadamente, agradeceu a Deus pela vitória.

“Graças a Deus p o r Jesus Cristo, nosso Senhor... Porque a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. ” (Rm 7.25; 8.2).

Não Desanime (Rm 8.1-4) É estranho, porém verídico, que a presença real e constante do Espírito Santo na vida do crente, às vezes o faz sentir-se mais pecador do que justo! É porque o Espírito Santo é como uma luz que brilha com fulgor nos compartimentos da vida há muito tempo abandonados ao descui­do. Quando tais compartimentos são deixados no escuro, parece até que estão limpos, mas a luz do Espírito Santo revela toda sujeira e a imundícia que vai se acumulando ali. Quando o Espírito Santo convence de pecados o coração, o crente pode ser tentado e desanimar. Talvez tenha sido ensinado que sua nova vida como crente seria de vitória constante. Destarte, seus fracassos e sua consciência perturbada, o podem levá-lo a duvidar da sua salvação. Ele precisa saber que é salvo, não pela guarda da Lei, mas, pelo fato de estar em Cristo, andando segundo o Espírito.


“Portanto agora já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. ” (Rm 8.1 - ARC). “afim de que o preceito da lei se cumprisse em nós que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. ” (Rm 8.4). “Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra. ” (Rm 7.6).

Andar no Espírito (Rm 8.5-9) A fonte da santificação é o poder do Espírito Santo, mas somente a escolha ou o assenti­ mento do crente pode libertar aquele poder. Alguns crentes pensam erroneamente que, “andar no Espírito”, é ser um “robô espiritual”; que é ser totalmente controlado por uma força divina sobre­ natural. Isto está longe da realidade, pois a natureza pecaminosa do homem nunca será erradicada nesta vida, e o Espírito Santo nunca forçará o crente a ser justo, contra a sua vontade. Ele mesmo deve escolher em retidão, mediante o poder e a direção do Espírito Santo. Uma vez salvo, o crente tem oportunidades para glorificar a Deus diariamente, ao escolher seguir a direção do Espírito, ao invés de submeter-se às exigências maléficas da velha natureza pecaminosa. Por esta razão Paulo lembra o crente da sua responsabilidade. Sua mente deve estar disposta a obedecer ao Espírito. Quanto mais ele submete ao querer do Espírito Santo, mais experi­ente ele se toma quanto a encarar espiritualmente as situações da vida. Este estado do crente ter uma mente decidida a obedecer ao Espírito é chamado “andar no Espírito”.

“Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. ” (Rm 8.5). “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós ... ” (Rm 8.9).

Não Dar Atenção à Velha Natureza (Rm 8.10-12) Paulo ilustra o relacionamento entre o crente e a velha natureza pecaminosa, usando a figura de um escravo moribundo. Uma vez morto, o escravo já não está obrigado a servir a seu antigo senhor. Destarte, o crente deve considerar-se morto para o pecado (seu antigo senhor), mas vivo para Deus: “Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça. ” (Rm 8.10).

Quando o antigo senhor (a natureza pecaminosa) quer constranger o crente a prestar-lhe um “serviço”, o crente pode dizer com confiança: “não posso fazer tal coisa, pois estou morto. Não sou obrigado a servi-lo!” O crente, que agora tem um novo Senhor (Cristo), deve esforçar-se para servir a este novo Senhor com toda fidelidade e constância. Assim fazendo, ele não terá tempo, nem interesse de voltar a servir à velha natureza (Rm 8.12).


III. LIBERTO DOS MAUS PENSAMENTOS


Em sua segunda carta à igreja de Corinto (2 Co 10.3-5), Paulo observou que os pensamentos deles tinham sido escravizados por ideias falsas. Empregando a metáfora de um exército antigo libertando uma terra cativa, Paulo escreve acerca do seu plano para voltar a Corinto a fim de destruir as filosofias malignas (as fortalezas) e fazer com que aqueles crentes tivessem seus pensamentos dominados por Cristo. “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas: anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conheci­ mento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo. ”

A Destruição das Fortalezas Ao escrever acerca de fortalezas, Paulo se referiu às filosofias mundanas que podem alojar na mente do crente, a ponto de dominarem seu modo de pensar. Um destes tipos de “forta­leza” é a “intelectual”. Isto tem a ver com as filosofias humanas com base na suposição de que a sabedoria humana é superior à sabedoria bíblica. Os defensores de tais ideias acham que a Bíblia deve concordar com o saber científico e intelectual. Exemplos disso são: a teoria da evolução, a alta crítica quanto à atualidade da Bíblia e as filosofias seculares, tais como o humanismo. Paulo adverte: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo. ” (Cl 2.8). Outro tipo perigoso de “fortaleza” é a da “moral”, que representa as atitudes da sociedade ímpia para com o sexo, a honestidade, a justiça, direitos pessoais, vestes etc. Quando o crente enfrenta pressões de uma sociedade que vive de acordo com falsas ideias e maus padrões de comporta­ mento, é fácil para ele contaminar-se com estas atitudes, de maneira bem semelhante a quem pega um resfriado no meio de uma multidão. A popularidade, no entanto, não é base para julgamento quanto ao que é certo ou errado do ponto de vista bíblico. Um grupo de pessoas pode pecar em conjunto, mas cada pessoa responderá diante de Deus por seus atos individualmente. Daí, Paulo advertir solenemente: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente ... ” (Rm 12.2). Um terceiro tipo de “fortaleza” é a “espiritual”. Trata-se das falsas filosofias religiosas que podem invadir a mente do crente, e, se forem aceitas, podem tornar-se em poderosas fortale­zas contra pensamentos ou conceitos bíblicos. Estas falsas filosofias aparentam ser espirituais, e até mesmo fazem referências a Cristo e a Deus. Tais filosofias pseudo-religiosas podem ser detectadas pelo fato de torcerem e darem sentido diferente às Escrituras e pela ausência do Espí­rito Santo como fonte de poder, “tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. ” (2 Tm 3.5).

O Esforço do Crente para o Controle da Mente Nenhuma guerra pode ser travada, e muito menos ganha, a não ser que os soldados este­jam dispostos a lutar. A batalha pelo controle da mente do crente não pode ser ganha se o crente não considera importante a luta. Consideremos aqui três razões porque a batalha para o crente libertar-se de pensamentos impróprios é tão importante para o seu bem-estar espiritual. Em primeiro lugar, se o crente acalenta pensamentos ímpios, isto resultará em atitudes e ações pecaminosas. Pensamentos ímpios resultam em dúvida, preocupação, medo, amargura, orgulho, competição, ciúmes, egoísmo, espírito de crítica, depressão e. autojustiça. Às vezes tendemos a deixar pensamentos indignos dominar nossas mentes, só porque não são pecados abertos, mas, sim, meramente pecados “mentais”. Realmente não parecem pe­cado. Mas a Bíblia nos ensina que o homem é aquilo que ele pensa! “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é ...” (Pv 23.7). Destarte, os maus pensamentos são pecaminosos porque resultarão em ações ímpias. Por esta razão, Deus tanto menciona a predominância dos pensa­ mentos retos em nosso espírito, alimentar pensamentos malignos é pecado.

“Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus ... ” (Rm 8.7). “Os desígnios do insensato são pecado ...” (Pv 24.9) “Abomináveis são para o Senhor os pensamentos do mau ... ” (Pv 15.26 - ARC)

Em segundo lugar, o crente precisa reconhecer o fato de que, ao dar guarida a pensamen­tos pecaminosos, torna-se vulnerável às tentações. Por exemplo, se um crente ficar alimentando pensamentos ímpios acerca do sexo oposto, ele (ou ela) estando na presença do tal sexo, será tentado a pecar.

“Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas. ” (Tt 1.15). “Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. ” (Tg 1.14). i«

Em terceiro lugar, é importante para o crente entender que pensamentos malignos são como sementes, plantados no jardim da mente. Se não forem completamente removidos, cresce­rão e se multiplicarão, e produzirão um jardim de ervas daninhas malignas, ao invés do “fruto do Espírito”.

“Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. ” (Mt 15.19).

Tendo em vista o sério perigo de permitir que pensamentos ímpios dominem ou até mes­mo habitem a nossa mente, a pergunta importante para o crente é: “... Até quando hospedarás contigo os teus maus pensamentos?” (Jr 4.14).

Pensamentos Dominados - Pensamentos Obedientes O ataque a ser feito contra maus pensamentos deve ser tríplice: 1. mortificar tais pensamentos, eliminando sua fonte supridora;
2. vencer os pensamentos indignos com pensamentos da parte de Deus; 3. repelir pensamentos malignos, admitindo em seu lugar pensamentos segundo a mente de Cristo. Um pensamento aumentará em proporção direta ao estímulo que receber. Da mesma forma, ele enfraquecerá e acabará, se sua fonte de alimentação for eliminada. O pensamento pecaminoso pode ser dominado, controlando-se o meio de alimentação que o traz à mente, através da vista e do ouvido. Evitando maus amigos e lugares ou situações inconvenientes, o crente pode controlar cuidadosamente aquilo que vê, que lê e que ouve. Tal guerra “defensiva” não basta. O cristão precisa adotar uma posição firme ofensiva contra os maus pensamentos, pensando santamente. Ao tomar sobre si os pensamentos de Deus, que são as Escrituras, e ao meditar nelas, o crente voltará a ter pensamentos bons, em lugar de maus.

“Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti. ” (Is 26.3 - ARC). “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti. ” (SI 119.11). “Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo a tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido. ” (Js 1.8).

Finalmente, não somente temos necessidade de controlar nossos pensamentos, como tam­bém precisamos servir a Cristo ativamente através da nossa vida mental. “... levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo. ” (2 Co 10.5). Como, porém, o crente pode servir a Cristo através dos seus pensamentos? Em primeiro lugar, o crente precisa fortalecer seus pensamentos puros mais e mais, por meio da comunhão cristã, dos cultos na igreja, da literatura apropriada, dos estudos bíblicos etc. Em segundo lugar, o crente deve lembrar-se que a chave para progredir numa comunhão maior com Deus é meditando na Sua Palavra e perseverando em oração. A mente sempre voltada para Deus, com certeza está protegida dos pensamentos malignos. E, naturalmente, uma mente inundada de pensamentos santos, resultará não somente em pensamentos de louvor e glória a Deus, como também em ações que glorifiquem a Deus!

“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus. ” (Fp 4.7).


“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. ” (Fp 4.8). “Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra. ” (Cl 3.2).

IV. LIBERTO DA CARNALIDADE

 Há uma fábula antiga que fala acerca de um macaco que colocou a pata no fundo de um vaso de barro, no qual se achava um objeto brilhante. Agarrou o objeto e procurou tirar a pata, quando então percebeu que o gargalo do vaso era muito estreito para dar passagem à sua pata fechada, contendo o objeto. O macaco ficou sentado, preso pelo vaso, e recusando-se a soltar o cobiçado objeto que acabara de achar. Finalmente, resolveu sair do local, arrastando consigo o vaso pesado. Foi des­cendo a estrada com grande esforço, e ficou cada vez mais exausto após cada passo. Mesmo assim, não queria soltar o tesouro. Finalmente, exausto, ele caiu de sono, e nunca mais acordou. Porque enquanto dormia um sono profundo, foi descoberto por um leão faminto!

O Peso Perigoso A Bíblia descreve o diabo como um leão faminto, procurando crentes que estão domina­ dos e vencidos por seus pecados secretos.

“Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar. ” (1 Pe 5.8).

A Bíblia também faz uma advertência clara contra a recusa do crente em submeter cada área da sua vida ao Senhor. Qualquer área da sua vida que o crente procura manter sob controle, pode tornar-se o peso que estorvará o seu progresso espiritual nas demais áreas.

“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de teste­munhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos as­ sedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. ” (Hb 12.1,2).

O versículo acima declara que crentes verdadeiros, que estão seguindo a Cristo, mas conservam um pecado “secreto” na sua vida, precisam deixá-lo de lado, porque isso somente impede seu progresso no andar da fé. Pode-se perguntar: - Mas um crente pode pecar deliberadamente e continuar salvo? O macaco ainda estava com vida no momento em que se recusou a soltar o objeto furtado? Sim, mas a cobiça na qual persistiu, finalmente levou-o à morte. É bom lembrar que a salvação é, em primeiro lugar, uma questão do coração. A condição do coração é vista nos pensamentos, nas atitudes e nas ações. A medida em que a dedicação a Cristo da parte do crente, começar a decair, os pecados começarão a aparecer na sua vida. Destarte, o ressentimento de uma dona de casa, as mentiras que um pai conta ao seu chefe, o pregador que usa sua posição para aumentar sua arrogância, ou um jovem que rebela contra a autoridade, podem, todos eles, ser indicações do enfraquecimento da dedicação a Cristo. Às vezes a falta de boas obras (Tg 2.17) ou os muitos pecados, tornam-se óbvios até mesmo para o olho “humano” mais imperfeito. Fica tristemente claro que aquela pessoa está deixando morrer lentamente sua fé e sua “nova vida”. Na maioria dos casos, somente Deus sabe quando o coração está se encaminhando na direção de um abandono final de Cristo. “... O ho­mem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração. ” (1 Sm 16.7).

Empregue Com Sabedoria a Sua Liberdade Quando Paulo pregava que o homem não era salvo pela Lei, mas, sim, pela sua comu­nhão com Cristo, não estava tolerando o pecado, nem favorecendo uma atitude branda para com ele. Ele ficava profundamente entristecido por causa do crente mal orientado, que pensasse: “Muito bem, se o Pai Celestial nos corrige com uma vara, ao invés de uma espada, vou tomar minhas liberdades.” Semelhante atitude representa uma aplicação totalmente falsa da verdadeira liberdade da Lei. Paulo diz:

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne ... ” (G15.13). “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? ” (Rm 6.1,2).

A liberdade em Cristo não é liberdade para pecar, mas, sim, liberdade para vivermos acima do pecado! Liberto da escravidão do medo, o crente está livre para servir a Deus, com dedicação total, por causa do seu amor para com Deus. O propósito de vivermos uma vida piedo­sa deve ser o de glorificar a Deus. O crente que abusa desta graça, é apropriadamente chamado de “crente carnal” (1 Co 3.1). Ao empregar este termo, Paulo está fazendo distinções entre “crentes espirituais” e “crentes carnais”, estando estes últimos inclinados a seguir os ditames da sua velha natureza, ao invés de pautar-se pela nova natureza espiritual. Paulo distingue entre estes crentes e os incrédulos ou o “homem natural”, o qual só possui a natureza pecaminosa.


O gráfico abaixo retrata o estado da santificação do crente carnal. Note o “tamanho” da sua fé, que começa a diminuir desde o momento em que ele permite que o pecado domine a sua vida.

O PADRÃO DE DEUS

Os efeitos negativos de uma vida cristã carnal, são inúmeros e muitas vezes irreparáveis. A falta de total dedicação a Cristo impede a comunhão com Deus (Is 59.2), impede a comunhão com outros crentes (Gl  5.13,15), conduz à apostasia (2 Co 4.1-5), motiva os descrentes a rejeitar a Deus e a ridicularizá-lO (Rm 2.24); pode até mesmo fazer um irmão fraco cair (1 Co 8.11,12) e causar a perda de galardão (1 Co 3.15). 

A solução para ser liberto da carnalidade é retornar a uma plena dedicação ao Senhor, separando-se totalmente do pecado. A restauração da comunhão como Senhor requer uma con­fissão de arrependimento (1 Jo 1.9), e uma nova e total entrega da vida da pessoa a Deus, como um sacrifício vivo (Rm 12.1). O crente carnal necessita concertar-se com Deus, e ao mesmo tempo romper de vez com o pecado! A medida que aproxima-se de Deus, o crente será motivado a abster-se do pecado (Tg 4.7,8) e, ao separar-se de situações ou pessoas pecaminosas, neutralizará a tentação para pecar. Paulo admoesta o crente a não abrigar pecado em sua vida.

“mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para carne no tocante às suas concupiscências. ’’ (Rm 13.14). “nem deis lugar ao Diabo. ” (Ef 4.27). “Foge, outrossim, das paixões da mocidade ... ” (2 Tm 2.22). “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos ... ” (2 Co 6.17).


“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia. ” (Pv 28.13).

Ainda que um crente caia num certo pecado, ele não será obrigado a continuar sob o seu domínio, a não ser que ele queira permanecer assim. Nesse caso, o pecado sendo algo tão mau, pode tornar-se natural, o que é ainda mais perigoso. Cristo concede poder divino para ajudar o crente a vencer a tentação.

“Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permi­tirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. ” (1 Co 10.13).


LIBERTO DA ESTAGNAÇÃO

A santificação é caracterizada, não por galgarmos um alto nível de atividade cristã, mas, sim, por um contínuo crescimento na graça de Deus até o fim da vida física do crente. A santida­de bíblica não tem lugar na vida do crente, se este não reconhece a sua falta de conformidade com o padrão perfeito de Cristo, ou desculpa-se dizendo que não pode atingi-lo.

O Erro Comum É um erro comum equiparar a santificação bíblica com os padrões da igreja local. Toda igreja precisa estabelecer um alvo padrão de exigências para a sua membrezia manter comunhão com ela, mas tal padrão, mesmo elevado, sempre representa apenas uma fração do padrão que Deus tem para os crentes. Ele é, portanto, de natureza limitada. E evidente que a igreja não pode fazer exigências baseadas apenas em pensamentos e atitudes. O obreiro da igreja, ou seja quem for, não tem o direito de seguir o crente até seu lar ou qualquer outro lugar a fim de se informar sobre seu relacionamento com quem quer que seja. Suas conclusões seriam injustas. Somente Deus pode verdadeiramente ver e conhecer os pensamentos e as intenções do nosso coração. Destarte, o padrão da igreja é geralmente limitado a alguns pecados piores ou a outros modos visíveis de comportamento, que representam o testemunho da igreja diante do mundo. Por contraste, o padrão de Deus é o próprio Cristo. “Pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, ” (1 Pe 2.21). Nenhum livro de regras poderia descrever todas as situações e respostas necessárias para seguir o padrão de Cristo de modo perfeito. Por esta razão, a Bíblia ressalta que o crente deve “ser” muito mais do que aquilo que deve “fazer”. Pois aquilo que o homem é, será demonstrado pelo que ele faz. O crente que somente vive segundo os padrões aprovados pelos homens, terá estagnado o seu crescimento cristão. Ele deixará de seguir os princípios ensinados na Bíblia, que são apro­priados para qualquer situação possível na vida. O gráfico da página seguinte, ilustra o crente que vive segundo falsos conceitos de santificação. Note que sua fé e sua santificação crescem até o ponto que ele acha que é perfeito, ou que é bastante bom para agradar a Deus. Daí começa a estagnar-se.

No mundo vegetal, nota-se que tudo que não é verde, ou não está crescendo, está maduro ou apodrecendo. Esta verdade pode ser aplicada ao mundo espiritual. O crente que pensa que chegou a um ponto de “maturidade espiritual” e que não há possibilidade de crescer mais, logo começará a entrar em decadência espiritual. Embora mantenha um padrão alto diante dos ho­mens, descobrirá que está deixando o primeiro amor que sentia pelo Senhor, no começo da fé.

Crescimento em Todas as Áreas da Vida Cristã Um caso interessante quanto à santificação, vemos no ritual da purificação dos leprosos, segundo Levítico 14.12-18. O leproso purificado oferecia um sacrifício, e um pouco do sangue do dito sacrifício era aplicado à ponta da sua orelha direita, ao polegar direito e ao dedo maior do pé direito. Além disto, era aplicado azeite nesses três lugares. Finalmente, era derramado azeite sobre o homem, cobrindo seu corpo. Enquanto o sangue simbolizava a purificação inicial, o azeite simbolizava a cura contínua e uma nova vida em santidade. Assim acontece com a santificação. O crente teve o sangue de Cristo aplicado à sua alma, figuradamente da cabeça até os pés, portanto, está legalmente lavado de todos os pecados. Além disto, porém, precisa do poder do Espírito Santo aplicado em todas as áreas da sua vida, para que possa obter vitória sobre o pecado na sua vida diária. Esta vitória pelo Espírito Santo é simboli­zada pelo azeite que é derramado sobre a pessoa, e que toca todas as áreas da sua vida. Paulo referiu-se a esta obra completa e santificadora do Espírito, quando disse: “O mes­mo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. ” (1 Ts 5.23). Note que a ordem é espírito, alma e corpo. Se a ordem fosse invertida, representaria a reforma humana; não a santificação espiritual. A reforma humana resulta apenas na obediência superficial. Note a ilustração da santificação espiritual no gráfico a seguir. O círculo mais interno representa o espírito, o seguinte representa a alma, e o círculo externo, o corpo.

A exortação de Paulo em Filipenses 2, é um versículo-chave para o crente que está para­lisado na sua vida espiritual.

“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor. ” ÍFp 2.12).

A Santificação e o Batismo no Espírito Santo O Espírito Santo habita em todos os verdadeiros crentes. Contudo, como alguém já de­clarou, o Espírito Santo nem sempre governa o crente na sua totalidade. A santificação é o processo em que o crente, mais e mais, entrega o controle da sua vida ao Espírito Santo. Uma das evidências da submissão do crente ao controle do Espírito Santo é o batismo do Espírito Santo com a evidência física do falar noutras línguas. Vejamos alguns esclarecimentos sobre este assunto. Em primeiro lugar, o batismo do Espírito Santo não é uma promoção para o crente ingres­sar numa elite espiritual; pelo contrário, é um dom gratuito concedido a todos os que sincera­ mente o buscarem.

Em segundo lugar, esse batismo concede poder adicional na vida do crente, para que este viva uma vida santa e piedosa. Mas esta experiência não substitui a necessidade diária do crente de disciplinar sua própria vontade e servir ativamente a Cristo. Nem esta experiência imuniza o crente contra as tentações comuns. Até mesmo o apóstolo Pedro, uma das colunas da Igreja primitiva, tendo sido cheio do Espírito Santo, cometeu pecado de hipocrisia. Por motivos políti­cos, comprometeu sua posição doutrinária sobre a salvação, e, por fim, deu motivo para que outros errassem doutrinariamente, inclusive Barnabé.

O pecado dele é ocultado nalgumas traduções, mediante a frase “... os demais judeus dissimularam com ele ... ” (Gl 2.13). Na língua original, porém, dissimular significa agir hipo­critamente. O versículo realmente diz: “Os demais judeus agiram hipocritamente com ele. Não é de se admirar que a última linha escrita por Pedro, admoesta: “antes, crescei na graça... ” (2 Pe 3.18).


Na próxima matéria estaremos falando sobre o tema: Advertências e problemas.





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