Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Resumo da matéria
1. A PROVIDÊNCIA SALVADORA
2. QUATRO ASPECTOS DA PROVISÃO DE CRISTO QUANTO À SALVAÇÃO
3. ARREPENDIMENTO
4. Fé
5. A JUSTIFICAÇÃO
6. A REGENERAÇÃO
7. A ADOÇÃO
8. A SANTIFICAÇÃO
9. ADVERTÊNCIAS E PROMESSAS
10. A GLORIFICAÇÃO
ADVERTÊNCIAS E PROMESSAS
“Não vos enganeis; de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua
própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do
Espírito colherá vida eterna. ” (Gl 6.7,8)
Esta advertência direta segue-se a uma passagem
que admoesta o crente que caiu em pecado (Gl 6.1-5). Paulo aqui compara o
pecado às “sementes” que, ao serem plantadas no coração, produzem espinhos e
ervas más.
Se os Joios não forem retiradas, crescerão com
força e se multiplicarão e finalmente destruírem a vida espiritual da pessoa.
Cristo fez uma comparação semelhante quando disse que há um tipo de pessoa que
recebe a “semente” do Evangelho na sua vida. Esta semente brota e cresce ali;
no entanto, aquela pessoa se recusa a remover da sua vida algumas ervas más do
mundanismo e da impiedade. Essas ervas más crescerão lado a lado com a nova
planta (o Evangelho), até que por fim sufocá-la-ão totalmente.
“O que foi semeado entre os espinhos é o que
ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam
a palavra, e fica infrutífera. ” (Mt 13.22)
A Bíblia faz inúmeras advertências ao crente,
admoestando-o a tomar cuidado para não perder a sua salvação. Mas também,
contém muitas promessas divinas, tais como a promessa de que um desviado,
sinceramente arrependido, pode voltar para Deus.
“Se voltares... volta para mim; se removeres as
tuas abominações de diante de mim, não mais andarás vagueando... Lavrai para
vós outros campo novo, e não semeeis entre espinhos. ” (Jr 4.1-3).
A Bíblia também registra muitas promessas
assegurando ao crente que Deus pode guarda-lo do desvio espiritual. “Ora,
àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com
exultação, imaculados diante da sua glória. ” (Jd 24).
Nesta Lição estudaremos algumas advertências aos
crentes carnais, as promessas de per dão para os desviados arrependidos, e, de
poder para os crentes fiéis.
Resumo da matéria:
O Crente Pode Perder a Salvação?
Como Ocorre a Apostasia
Um Desviado Pode Voltar a Deus?
O Papel da Igreja na Restauração do Desviado
A Segurança da Salvação do Crente
I. O CRENTE PODE PERDER A SALVAÇÃO?
No
século V d.C., Agostinho foi o primeiro erudito a ensinar que o crente nunca
poderia perder a sua salvação. Uma vez salvo, permanecia salvo pelo restante da
sua vida, independente mente das suas ações ou atitudes. Esta declaração deu
início a um debate teológico que continua até o dia de hoje. Nesta Lição,
apresentaremos o conceito claro e bíblico, demonstrando que o crente pode
perder a sua salvação. Ao estudar as evidências bíblicas que apoiam este fato,
o aluno compreenderá por que quatro séculos se passaram, depois da morte de
Cristo, para então surgir um ponto de vista oposto sobre o assunto em pauta. As
Frases Condicionais Um dos maiores argumentos mostrando que se pode perder a
salvação é a freqüente menção do condicional “se”, com respeito a salvação.
Estas declarações revelam o fato de que a salvação, na experiência humana,
depende da situação do crente, manifesta em expressões bíblicas, como
“permanecer em Cristo”, “continuar na fé”, “andar na luz”, “não retroceder”
etc. Segue-se aqui uma lista de algumas destas frases.
“Se alguém não permanecer em mim, será lançado
fora ... ” (Jo 15.6). se é que permaneceis na f é ... ” (Cl 1.23). se
retiverdes a palavra tal como vo-la preguei... ” (1 Co 15.2). se
negligenciarmos tão grande salvação ... ” (Hb 2.3). se, de fato, guardarmos
firme, até ao fim, a confiança ... ” (Hb 3.14). Se retroceder...” (Hb 10.38).
“se, porém, andarmos na lu z... ” (1 Jo 1.7).
As Advertências Diretas A Bíblia contém muitas
advertências acerca do perigo do crente “cair da graça”. Paulo advertiu os
santos que achavam que, vivendo da maneira que quisessem estariam salvos
sempre: “Aquele, pois, que pensa estar em p é veja que não caia. ” (1 Co
10.12). O escritor aos Hebreus advertiu que é possível o crente dejxar o
coração encher-se de descrença, a ponto perder a salvação.
Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em
qualquer de vos perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo.
” (Hb 3.12).
A Epístola de Judas leva-nos a meditar nos
santos do Antigo Testamento, dos dias de Moisés, quando diz: “Quero, pois,
lembrar-vos... que o Senhor, tendo libertado um povo, tirando-o da terra do
Egito, destruiu, depois, os que não creram. ” (Jd v 5). Há uma exortação severa
de João, que não deixa dúvida alguma quanto à possibilidade de alguém perder a
sua salvação. "... O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda
morte. ” (Ap 2.11). “... Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua
coroa... ” (Ap 3.11).
Exemplos de Perda da Salvação A Bíblia não
somente ensina que é possível perder a salvação, como também registra casos de
várias pessoas que viraram as costas para Deus, perdendo sua total comunhão com
Ele. No Antigo Testamento, lemos acerca de Saul que “... Deus lhe mudou o
coração ... ” e que “o Espírito de Deus se apossou de S au l... ” (1 Sm
10.9,10). Mais tarde, porém, tornou-se possuído de um espírito maligno, e
terminou sua vida suicidando-se. Está dito de Salomão, que na sua juventude,
ele “... amava ao SENHOR, andando nos preceitos de Davi, seu p a i ... ” (1 Rs
3.3). Mais tarde, porém, ele rejeitou a Deus e começou a adorar os falsos
deuses (1 Rs 11.1-8). No Novo Testamento, o exemplo mais destacado de um
apóstata é o de Judas Iscariotes. Judas, no princípio era um verdadeiro crente
em Deus, pois jamais Cristo confiaria a um pecador a missão de evangelizar,
curar enfermos, expulsar demônios (Mt 10.7,8). Porém, já na ocasião da “última
ceia”, Judas tinha abandonado a sua fé. Cristo sabia que Judas já não fazia
parte do grupo dos crentes. O próprio Judas confirmou isto, quando traiu a
Cristo e suicidou-se. Himeneu e Alexandre, dois dos cooperadores de Paulo,
deles está dito: “mantendo fé e boa consciência ... ”. Mais tarde, no entanto,
vieram a naufragar na fé, e Paulo os entregou a Satanás (1 Tm 1.19,20). Demas,
outro dos associados de Paulo, é declarado um ajudante fiel; estava presente
quando Paulo estava escrevendo Colossenses e Filemom (Cl 4.14; Fm 24). Paulo
até mesmo o chamou de “cooperador”. E difícil imaginar que ele não era um
crente verdadeiro, no entanto, mais tarde abandonou a fé, isto é, a salvação,
por causa de ter “amado o presente século...” (2 Tm 4.10).
O Aspecto Durativo da Rejeição de Cristo Alguns
teólogos crêem que a apostasia é apenas um distanciamento temporário de Cristo,
e não uma perda permanente da salvação. Isto, no entanto, contradiz as
advertências bíblicas no sentido de que um crente pode perder, não somente sua
comunhão com Cristo agora, mas também a vida eterna. Por exemplo:
o SENHOR
esquadrinha todos os corações e penetra todos os desígnios do pensamento. Se o
buscares, ele deixará achar-se por ti; se o deixares, ele te rejeitará para
sempre. ” (1 Cr 28.9).
Pedro apresenta um exemplo comum de apostasia.
Descreve certos falsos mestres que antes andaram no caminho certo, mas que o
abandonaram (2 Pe 2.15). Tinham escapado às poluições do mundo mediante o
conhecimento de Jesus Cristo, mas, mais tarde se deixaram enredar de novo pelos
seus antigos pecados (2 Pe 2.20). Evidentemente a condição desses mestres não é
a mesma do crente que está fora da comunhão com Deus. Note que Pedro diz,
melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, após
conhecê-lo, virem a rejeitá-lo. Obviamente, Pedro está aludindo ao julgamento
que estes mestres terão, que será da maior severidade por causa do seu
conhecimento inicial de Cristo e do seu relacionamento com Ele.
“Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido
o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se
do santo mandamento que lhes fora dado. (2 Pe 2.21). Com eles aconteceu o que
diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu pró prio vômito; e: A porca
lavada voltou a revolver-se no lamaçal. ” (2 Pe 2.22).
II. COMO OCORRE A APOSTASIA
Há pelo menos quatro ilustrações bíblicas que
nos ajudam a entender como ocorre a apostasia. Estas são: um navio à deriva, um
cordeiro desgarrado, um servo desobediente, e uma planta sufocada.
Um Navio à Deriva O escritor de Hebreus adverte:
“Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades
ouvidas, para que delas jamais nos desviemos” (Hb 2.1). A palavra traduzida
“desviar-se” é um termo náutico que se refere a um navio à deriva e sem
controle. A lição contida nessa advertência é que a apostasia pode ocorrer como
resultado de negligência espiritual, ou pela prática de pecado. Este mesmo
escritor mais tarde advertiu: “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão
grande salvação? ... ” (Hb 2.3). Dois homens que exemplificam esta ilustração
são Himineu e Alexandre. Paulo descreve-os como homens que não “guardaram a f é
”, mas que passaram a viver em conflito com suas consciências. Por fim,
chegaram a naufragar espiritualmente, e se degeneraram a ponto de blasfemarem
do Evangelho. Estes homens fazem-nos lembrar de que o primeiro passo na
apostasia sempre é o “descuido ou negligência espiritual!”
“mantendo fé e boa consciência, portanto alguns,
tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. E dentre esses se
contam Himineu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem
castigados, afim de não mais blasfemarem.” (1 Tm 1.19,20).
Um Cordeiro Desgarrado Uma das ilustrações mais
conhecidas quanto à pessoa do apóstata é a do cordeiro desgarrado que se perde
(Ez 34.6; Lc 15.4). Esta ilustração nos ensina que o crente deve ficar bem
perto do pastor, se não quiser se perder. Distanciar-se um pouco de Cristo, não
parece ter efeito negativo imediato sobre a vida espiritual da pessoa, e deste
modo é fácil o crente afastar-se mais e mais do Pastor e do Seu rebanho. Em
algum momento, nas suas peregrinações, no entanto, o cordeiro levantará sua
cabeça, procurando assimilar a voz do Pastor, para então perceber que o rebanho
está distante, e que ele está perdido (Hb 10.38). Por contraste, a Bíblia
promete que as ovelhas que permanecem sensíveis à voz do pastor, seguindo-o de
perto, receberão a vida eterna, e não perecerão jamais.
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as
conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e
ninguém as arrebatará da minha mão. ” (Jo 10.27,28).
O Servo Desobediente Um símbolo comum usado no
Novo Testamento para descrever o crente, é o de um servo. Em decorrência disso,
o servo desobediente é o símbolo do apóstata.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
há de aborrecer-se de um e amar o outro ou se devotará a um e desprezará ao
outro. ” (Lc 16.13).
Este versículo ensina uma verdade importante. O
crente não pode servir ao pecado e a Deus ao mesmo tempo. À medida que começa a
servir ao pecado, seu amor a Deus esfriará (Ap 2.4; 3.16) e, finalmente, ficará
totalmente frio (Mt 24.12). Por esta razão, Paulo adverte: “Não sabeis que
daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem
obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para
justiça?” (Rm 6.16). É erro Comum pensar que a salvação baseada na fé, cancela
a necessidade obediência.
É verdade que o homem é salvo pela fé somente,
mas a fé salvadora é caracterizada pela obediência. Uma vez, Paulo descreveu a
fé salvadora como "... da obediência para a justiça?” (Rm 6.16). Outro
erro comum é pensar que somente certos tipos de pecados conduzirão à apostasia.
Cristo diz categoricamente: “... todo o que comete pecado (habitualmente) é
escravo do pecado” (Jo 8.34). Paulo cita uma longa lista de pecados, e termina
com esta afirmação: “... não herdarão o reino de Deus os que tais coisas
praticam (habitualmente) ” (Gl 5.20,21). É surpreendente que sua lista inclua
tais pecados socialmente “aceitáveis”, como inimizades, porfias, ciúmes e invejas.
Semelhantemente, Cristo diz que até mesmo a mentira pode tomar-se o pecado que
leva à destruição da fé da pessoa (Ap 22.15). A Planta Sufocada E crença deste
escritor que a apostasia é um processo de degeneração gradual. Destarte, a
apostasia não é assim como o homem que acidentalmente cai num precipício. E
qual uma planta que é gradualmente sufocada pelas ervas daninhas, até morrer.
“Os outros, os semeados entre os espinhos, são
os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as
demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera. ”
"(Mc 4.18,19).
A mera presença de uma erva daninha não
significa a morte da planta. Se, porém, a erva daninha for deixada ali,
crescerá e se multiplicará, e finalmente sufocará a planta e a matará por enfraquecimento.
“Ao contrário, cada um é tentado pela sua
própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver
concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. ”
(Tg 1.14,15).
As vezes, uma pessoa, num dia parece muito forte
espiritualmente; no outro dia cai repentinamente em pecado grosseiro. Porém,
na realidade, o caso é bem diferente. Um processo de negligência já vinha
dentro daquela vida ocultamente. Invisível ao olho humano, uma desobediência
íntima em pensamentos e atitudes vinha sendo acalentada naquela vida,
culminando no ato visível do pecado e da rebelião, que por fim veio à tona.
Vejamos mais um pouco sobre o abandono da fé. Cometer um pecado não é
apostasia, embora talvez leve à apostasia. A apostasia é a perda da vida
espiritual. Quando a força espiritual do homem interior fica tão fraca pelo
pecado e negligência, que chega a morrer, considera-se que essa pessoa é um
apóstata.
III. UM DESVIADO PODE VOLTAR A DEUS?
Conforme já estudamos, a Bíblia adverte que a
pessoa pode perder a sua salvação. Mas, poderíamos perguntar, é possível essa
pessoa, voltar para o Senhor outra vez? Muitos apóstatas nunca voltarão a Deus;
porém, sempre há um convite para o pecador, sinceramente arrependido dos seus
pecados, voltar para Deus, não importando os pecados e erros do seu passado.
O Convite aos Desviados da Fé
O fato de que Deus, em todo tempo, convida os
desviados a voltarem a Ele, demonstra a disposição de recebê-los de volta
.Veremos a seguir, exemplos deste convite embora alguns deles sejam dirigidos a
grupos, Deus insiste com cada indivíduo dentro do grupo, pois a salvação é
sempre uma questão pessoal, individual. A Bíblia contém muitos convites diretos
ao desviado.
“Se voltares, ó Israel, diz o SENHOR, volta para
mim; se removeres as tuas abominações de diante de mim, não mais andarás
vagueando. ” (Jr 4.1). “Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e
vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e
achareis descanso para a vossa alma ... ” (Jr 6.16).
“Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os
amarei, porque a minha ira se apartou deles. ” (Os 14.4). "... tornai-vos
para mim, e eu me tomarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos ... ” (Ml
3.7).
A Oração do Desviado Mais uma prova de que o
desviado pode voltar a Deus, temos na oração de Davi: um homem que cometeu
adultério, enganou o seu próximo e depois o assassinou. No Salmo 51, Davi
descreve a si mesmo como quem perdeu a salvação, declarando que já não tinha
mais a alegria da salvação (v. 12) e que estava precisando de um coração novo
(v. 10). Davi, além disto, implorou a Deus que não o expulsasse para sempre da
Sua presença, nem tirasse dele o Espírito Santo (v. 11). Pela fé, Davi fez uma
oração de arrependimento, empregando três belas figuras do perdão. Pediu que o
seu pecado fosse apagado, que Deus o lavasse como um homem lava uma veste
imunda, e que Deus o purificasse da enfermidade do pecado que o controlava.
“Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua
benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas
transgressões. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu
pecado. ” (SI 51.1,2).
Como Voltar-se para Deus Não somente Deus
convida os desviados a voltarem para Ele, como também mostra-lhes como voltar,
e promete-lhes a Sua ajuda para permanecerem firmes na fé depois de voltarem.
Leia estes versículos com cuidado, notando a maneira do desviado voltar para
Deus.
“Volta, ó Israel, para o SENHOR, teu Deus,
porque, pelos teus pecados, estás caído. Tende convosco palavras de
arrependimento e convertei-vos ao SENHOR; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade,
aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios. ”
(Os 14.1,2).
Note que o desviado precisa de reconhecer, em
primeiro lugar, seu estado caído, ele deve desejar livrar-se do seu pecado (
“... porque, pelos teus pecados, estás caído ... ”).
Em segundo lugar, o desviado precisa de
arrependimento’’ e voltar ao Pai, noutras palavras, precisa arrepender-se dos
seus pecados e expressar sua fé em Cristo.
O terceiro passo é a transformação espiritual,
do desviado arrependido, em crente verdadeiro que adora a Deus com louvor .
Esse louvor é descrito por Oséias como “...
sacrifícios dos nossos lábios”.
O Desviado e o Pecado Imperdoável Muitos
desviados são atormentados com a dúvida atormentadora quanto à possibilidade de
terem cometido o pecado imperdoável. Não temos espaço aqui para definir o
pecado imperdoável, mas deixamos claro que, qualquer homem, sinceramente
convicto dos seus pecados e que quer voltar para Cristo, está provando que não
cometeu este pecado, e assim Deus o aceitará de volta ao “aprisco”, se ele
voltar. Sabemos que este fato é verdadeiro, porque o homem natural não tem
desejo em si mesmo de voltar a Deus, se não for com a ajuda da graça de Deus.
O homem somente sente convicção dos seus pecados por causa da operação do
Espírito Santo na sua vida. Se esse homem sinceramente deseja ser salvo, é
prova de que Deus está procurando atraí-lo a Si mesmo através da ação
insistente do Espírito Santo. É, portanto, lamentável quando certos pregadores
imprudentes criam dúvidas e temores desnecessários no desviado, com suas
histórias de pessoas desviadas que já choraram com toda a sinceridade, mas em
vão, diante da “porta trancada” do céu! Isto dá a entender que a salvação é
somente para aqueles que são “suficientemente bons” para recebê-la. Isto não é
verdade, pois, Cristo disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. ” (Mt 11.28). Qualquer desviado
verdadeiramente humilhado e arrependido dos seus pecados, pode voltar para Deus
se estiver disposto a submeter todas as áreas da sua vida a Cristo.
IV. O PAPEL DA IGREJA NA RESTAURAÇÃO DO DESVIADO
Nossas igrejas devem aplicar a disciplina
bíblica, com amor aos membros que dela precisarem.
Na disciplina justa e cristã da Igreja, está
uma das ferramentas mais eficazes para restaurar o desviado a Cristo e
despertar um crente carnal a buscar a vitória de que necessita.
Em algumas igrejas, no entanto, a disciplina é
má e tem má fama pelo fato de ser aplicada de modo errado; de maneira
antibíblica.
Neste Texto estudaremos a respeito da
disciplina na igreja. Tipos de Disciplina A Bíblia fala de dois tipos de
disciplina eclesiástica. Um é a exclusão da pessoa por pecados graves, e outro
é o caso de membros, de conduta cristã habitualmente irregular, conhecida, que
apesar de conselhos e admoestações, persistem na desobediência à doutrina
bíblica.
Um exemplo do primeiro tipo de disciplina é
registrado em 1 Coríntios, que relata a história de um homem que abandonara a
Deus e que estava vivendo no pecado. Mesmo assim, a igreja local mantinha-o em
comunhão, dando-lhe, assim, um falso sentimento de segurança, apesar de viver
em pecado. Paulo ordenou que a igreja o excluísse da comunhão, de modo que ele
viesse a reconhecer e sentir o seu pecado, e assim, ser levado ao
arrependimento (1 Co 5.5). Ele estava em comunhão com a igreja local, mas não
em comunhão com Deus. O segundo tipo de disciplina tem a ver com membros que
abandonam de vez a igreja, e outros que não querem abandonar seus pecados,
vivendo uma vida escandalosa, dando mau exemplo aos de dentro, e servindo de
tropeço para os de fora. Por exemplo, Paulo falou de certos crentes
trapaceiros, desordenados, desocupados, perturbadores e, ensinou que os tais
fossem isolados dos bons crentes.
notai-o; nem vos associeis com ele, para que
fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como
irmão. ” (2 Ts 3.14,15). (Ver também o v. 11).
Em Tito, temos um caso semelhante, onde Paulo
trata do homem faccioso, que não aceita correção; pelo que, deve ser evitado
(Tt 3.10).
Os Propósitos da Disciplina A disciplina da
igreja jamais deve ser aplicada como meio de punição, vingança, demonstração e
abuso de autoridade. Ela deve, sim, ser aplicada com amor, como meio de
restaurar o faltoso à comunhão. Crentes fracos, desviados, excluídos, podem ser
restaurados à comunhão, mediante o arrependimento e súplica pelo perdão. Ela
deve ser um meio de levar o crente carnal a abandonar seus pecados e viver para
Deus. Deus reserva para Si mesmo o direito de julgar os pecados (Rm 14.4). Mas
a igreja deve agir com humildade, compaixão e amor, ao disciplinar os crentes.
Vemos, no caso de 1 Co 5.5, a Bíblia esclarecendo:
“entregue a Satanás para a destruição da carne,
a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor (Jesus). ” (1 Co 5.5).
Apesar do inominável pecado daquele homem, ainda
se fala de salvação para ele, uma vez corrigido. Outro propósito da disciplina
é conservar a igreja livre de influências pecaminosas. Note que o versículo
supra é seguido das seguintes palavras: “... Não sabeis que um pouco de fermento
leveda a massa toda ? ” (1 Co 5.6). Um só caso de pecado, se for permitido
continuar livremente na igreja, pode espalhar o erro e dissensão na totalidade
da igreja.
Quem Deve Ser Disciplinado embora continue com sua teimosia rebelde , pecando
arrogantemente, precisa ser disciplinado.
Por
outro lado, o crente por ser fraco e falho, mas que sabe se arrepender, e vive
na igreja, esta deve ajudá-lo e fortalecê-lo com amor. Quando nossos filhos
estão fracos, não os evitamos, nem os tratamos duramente, mas os alimentamos
melhor e tomamos cuidado especial com eles. A Bíblia menciona o membro da igreja
de Corinto que não queria arrepender-se (1 Co 5.5); o crente de Tessalônica que
ignorava a correção (2 Ts 3.10), e o “crente” herege, torcedor da doutrina, que
não queria mudar, mesmo depois de várias advertências (Tt 3.10). Nenhum destes
indivíduos estava arrependido do seu pecado, e, portanto, necessitavam de ser
disciplinados.
Havendo sincero arrependimento do faltoso, o
perdão da igreja deve vir tão rápido e natural como foi a disciplina. É
interessante que, na sua segunda carta aos Coríntios, Paulo dirigiu-se àquela
igreja, rogando no sentido de restaurar à comunhão o arrependimento a quem
Paulo anteriormente ordenara que excluísse.
“basta-lhe a punição pela maioria De modo que
deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo
consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele
o vosso amor. ” (2 Co 2.6-8).
A advertência de Paulo, “... para que não seja o
mesmo consumido... ”, deve nos lembrar solenemente que, enquanto a igreja evita
a pessoa arrependida, o diabo não a evita, mas, sim, ocupa-se em plantar as
sementes da dúvida e da amargura na mente, procurando desviá-la de vez. Devemos
tomar cuidado para não ajudar Satanás, nos casos de disciplina. Paulo advertiu
contra o perigo da disciplina, dizendo: “para que Satanás não alcance vantagem
sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios ” (2 Co 2.11). O dirigente da
igreja não deve tolerar, nem ignorar pecado, mas a disciplina, seja ela qual
for, deve ser aplicada segundo a Palavra de Deus e a mente de Cristo - o Bom
Pastor. Que ninguém seja como o irmão mais velho do Pródigo, que achou difícil
demais perdoar seu irmão errado. Há crentes zelosos demais, como se eles fossem
infalíveis. O dirigente também tem que saber isso: que ele aplica a disciplina
porque está dirigindo o rebanho em lugar do Senhor Jesus, e um dia ele mesmo
dará conta do seu trabalho realizado.
Como Disciplinar É muito apropriado examinarmos
aqui os seguintes textos que sugerem como aplicar a disciplina à vida daqueles
que se rebelam: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender,
e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente;
disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes
conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade. ” (2 Tm
2.24,25). “não difamem a ninguém... mas cordatos, dando provas de toda
cortesia. para com todos os homens. ” (Tt 3.2). “Seja constante o amor
fraternal. ” (Hb 13.1). “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta,
vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura: e guarda-te para
que não sejas também tentado. ” (Gl 6.1). “Mas, seguindo a verdade em amor.
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. ” (Ef 4.15).
V. A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO DO CRENTE
Embora um crente possa perder a salvação por
negligência e pecado, o crente fiel não precisa ter dúvida, se está
verdadeiramente salvo, ou mostrar-se temeroso de perder a salvação. No que diz
respeito à salvação, a atitude do crente fiel deve ser a de certeza presente e
de esperança futura.
“se é que permaneceis na fé, alicerçados e
firmes. não vos deixando afastar da esperança do evangelho... ” (Cl 1.23).
“Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência
para a plena certeza da esperança. ” (Hb 6.11). “aproximemo-nos, com sincero
coração, em plena certeza de fé... ” (Hb 10.22). “Por isso, cingindo o vosso
entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo
trazida na revelação de Jesus Cristo. ” (1 Pe 1.13).
O Testemunho do Espírito Uma das principais
evidências da certeza da salvação do crente é o testemunho do Espí rito Santo
junto ao nosso espírito. Paulo o descreveu, dizendo: “O próprio Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). Por
estranho que pareça, este versículo tem levado muitos crentes a duvidarem da
sua salvação, em lugar de terem certeza, porque raciocinam que, se não sentem
sempre qualquer coisa, então não estão salvos. É verdade que em certas ocasiões
as emoções e os sentimentos do crente são altamente motivados pelo poder de
Deus, mas isto não ocorre continuamente. Experiência emocional do crente, não é
o “testemunho do Espírito”, ao qual Paulo se referiu. Note que o testemunho do
Espírito Santo é dado em nosso espírito. Se fosse em nosso corpo, seria como um
sexto sentido. Se fosse em nossa alma, seria apenas uma emoção e nada mais. Mas
visto que é um testemunho em nosso espírito, temos neste testemunho uma
convicção sobrenatural, convencendo-nos de que somos filhos de Deus (Rm 8.17).
Este testemunho não substitui a fé, mas a confirma. A presença do Espírito
Santo na vida do crente é prova adicional da salvação (1 Jo 3.24). A Bíblia
descreve o Espírito Santo como sendo o “penhor” da nossa plena redenção
vindoura (Ef 1.14).
A Fidelidade de Deus O crente pode abandonar a
Deus, mas Deus nunca abandonará o crente. O crente pode ser induzido a
afastar-se para longe de Deus, mas nunca pode ser arrastado à força, contra sua
vontade, para fora da comunhão com Deus.
“... De maneira alguma te deixarei, nunca jamais
te abandonarei.” (Hb 13.5). “E ninguém as arrebatará da minha mão. ” (Jo
10.28). “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é p o r nós, quem
será contra nós?... Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir... poderá
separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. ” (Rm
8.31-39).
O crente pode ter a certeza de que Deus não muda
repentinamente de propósito, quanto à Sua comunhão com ele. Deus não muda
quanto ao relacionamento com o crente perseverante. Quem muda no relacionamento
é o próprio homem, “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira
nenhuma pode negar a si mesmo. ” (2 Tm 2.13).
A Intercessão de Cristo a Nosso Favor O escritor
aos Hebreus estimula o crente a lembrar-se da fonte de conforto e certeza que
dispõe, pelo fato de ter Cristo no céu, intercedendo por ele.
“Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como
grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa
confissão... Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça...” (Hb 4.14-16).
O título “Sumo Sacerdote” fala de uma posição
semelhante à de um advogado. Alguém que pleiteia a causa de outra pessoa que
fez algo errado ou que foi acusada de um delito. Ao interceder por nós, Cristo
rejeita as falsas acusações do diabo contra nós e, se estivermos culpa dos do
pecado, Ele não esconde essa culpa, nem vê qualquer justificativa para ela,
mas, Ele apresenta a Sua própria morte como base da intercessão, visto que ela
cancelou a penalidade por aquele pecado. "... Se, todavia, alguém pecar,
temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos
nossos pecados... ” (1 Jo 2.1,2).
O Crente e a Vida Santa A despeito de todas as
evidências da salvação mencionadas nesta Lição, dúvidas insistentes
permanecerão na vida de qualquer crente que não remover a fonte primária das
suas dúvidas - uma vida comprometida com o pecado e o mundo. O pecado e a
confiança espiritual não podem coexistir. Um homem pecaminoso pode alegar que
tem confiança quanto à sua salvação, mas na realidade, ele é acusado de dúvidas
e insegurança interior; somente uma vida de obediência e retidão motivará
confiança.
“Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se
guardarmos os seus mandamentos. ” (1 Jo 2.3). “Aquele, entretanto, que guarda a
sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto
sabemos que estamos nele. ” (1 Jo 2.5).
Real Comunhão com Cristo A real certeza da nossa
salvação não está baseada numa confissão de fé, feita num certo ano, num dado
momento, e num lugar específico, mas, sim, numa comunhão sempre presente e
crescente em amor, confiança e submissão a Cristo. O crente fiel e dedicado ao
Senhor tem essa certeza; isso é bíblico. É por isso que Judas admoestou seus
leitores a se edificarem na fé com oração no Espírito, e a conservar-se no amor
de Deus. À medida em que o crente mantém uma real comunhão com Cristo, Deus,
por Sua vez, o guardará de cair.
“Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé
santíssima, orando no Espírito Santo. ” (Jd 20). “guardai-vos no amor de Deus
...” (v. 21). “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços ... ”
(v. 24).
Uma bela ilustração de como um relacionamento
estreito com Deus resulta em nova força acha-se em Isaías 40.31:
“mas os que esperam no SENHOR renovam as suas
forças, sobem com asas como águias correm e não se cansam, caminham e não se
fatigam. ”
O esperar descrito aqui, requer um
relacionamento de fé ativa. À medida em que este relacionamento é mantido, o
crente recebe forças espirituais. O crente, portanto, é comparado à águia que,
ao crescer, fica cada vez mais forte e voa cada vez mais alto. Embora a águia
tenha que superar a força natural da gravidade, ela voa alto, porque tem dentro
de si a natureza de águia e o poder de voar. Assim como é difícil imaginar uma
águia cair durante o seu vôo, assim também é difícil imaginar um crente que
“espera” no Senhor, cair da graça enquanto “espera” nEle.
Na próxima matéria estaremos encerrando esta série com o tema: A Glorificação.
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