domingo, 18 de maio de 2025

Série: A Provisão e a Aplicação da Salvação 9. (Advertências e problemas)

 Por: Jânio Santos de Oliveira

 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com



Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!


Resumo da matéria

1. A PROVIDÊNCIA SALVADORA

2. QUATRO ASPECTOS DA PROVISÃO DE CRISTO QUANTO À SALVAÇÃO

3. ARREPENDIMENTO

4. Fé

5. A JUSTIFICAÇÃO

6. A REGENERAÇÃO

7. A ADOÇÃO

8. A SANTIFICAÇÃO

9. ADVERTÊNCIAS E PROMESSAS

10. A GLORIFICAÇÃO




ADVERTÊNCIAS E PROMESSAS

“Não vos enganeis; de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna. ” (Gl 6.7,8)

Esta advertência direta segue-se a uma passagem que admoesta o crente que caiu em pecado (Gl 6.1-5). Paulo aqui compara o pecado às “sementes” que, ao serem plantadas no coração, produzem espinhos e ervas más.

Se os Joios não forem retiradas, crescerão com força e se multiplicarão e finalmente destruírem a vida espiritual da pessoa. Cristo fez uma comparação semelhante quando disse que há um tipo de pessoa que recebe a “semente” do Evangelho na sua vida. Esta semente brota e cresce ali; no entanto, aquela pessoa se recusa a remover da sua vida algumas ervas más do mundanismo e da impiedade. Essas ervas más crescerão lado a lado com a nova planta (o Evangelho), até que por fim sufocá-la-ão totalmente.

“O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. ” (Mt 13.22)

A Bíblia faz inúmeras advertências ao crente, admoestando-o a tomar cuidado para não perder a sua salvação. Mas também, contém muitas promessas divinas, tais como a promessa de que um desviado, sinceramente arrependido, pode voltar para Deus.

“Se voltares... volta para mim; se removeres as tuas abominações de diante de mim, não mais andarás vagueando... Lavrai para vós outros campo novo, e não semeeis entre espinhos. ” (Jr 4.1-3).

A Bíblia também registra muitas promessas assegurando ao crente que Deus pode guarda-lo do desvio espiritual. “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória. ” (Jd 24).

 


Nesta Lição estudaremos algumas advertências aos crentes carnais, as promessas de per­ dão para os desviados arrependidos, e, de poder para os crentes fiéis.


Resumo da matéria:

O Crente Pode Perder a Salvação?

Como Ocorre a Apostasia

Um Desviado Pode Voltar a Deus?

O Papel da Igreja na Restauração do Desviado

A Segurança da Salvação do Crente


I. O CRENTE PODE PERDER A SALVAÇÃO?

 No século V d.C., Agostinho foi o primeiro erudito a ensinar que o crente nunca poderia perder a sua salvação. Uma vez salvo, permanecia salvo pelo restante da sua vida, independente­ mente das suas ações ou atitudes. Esta declaração deu início a um debate teológico que continua até o dia de hoje. Nesta Lição, apresentaremos o conceito claro e bíblico, demonstrando que o crente pode perder a sua salvação. Ao estudar as evidências bíblicas que apoiam este fato, o aluno compreen­derá por que quatro séculos se passaram, depois da morte de Cristo, para então surgir um ponto de vista oposto sobre o assunto em pauta. As Frases Condicionais Um dos maiores argumentos mostrando que se pode perder a salvação é a freqüente menção do condicional “se”, com respeito a salvação. Estas declarações revelam o fato de que a salvação, na experiência humana, depende da situação do crente, manifesta em expressões bíblicas, como “permanecer em Cristo”, “continuar na fé”, “andar na luz”, “não retroceder” etc. Segue-se aqui uma lista de algumas destas frases.

“Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora ... ” (Jo 15.6). se é que permaneceis na f é ... ” (Cl 1.23). se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei... ” (1 Co 15.2). se negligenciarmos tão grande salvação ... ” (Hb 2.3). se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança ... ” (Hb 3.14). Se retroceder...” (Hb 10.38). “se, porém, andarmos na lu z... ” (1 Jo 1.7).

As Advertências Diretas A Bíblia contém muitas advertências acerca do perigo do crente “cair da graça”. Paulo advertiu os santos que achavam que, vivendo da maneira que quisessem estariam salvos sempre: “Aquele, pois, que pensa estar em p é veja que não caia. ” (1 Co 10.12). O escritor aos Hebreus advertiu que é possível o crente dejxar o coração encher-se de descrença, a ponto perder a salvação.

Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vos perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo. ” (Hb 3.12).

A Epístola de Judas leva-nos a meditar nos santos do Antigo Testamento, dos dias de Moisés, quando diz: “Quero, pois, lembrar-vos... que o Senhor, tendo libertado um povo, tiran­do-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram. ” (Jd v 5). Há uma exortação severa de João, que não deixa dúvida alguma quanto à possibilidade de alguém perder a sua salvação. "... O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte. ” (Ap 2.11). “... Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa... ” (Ap 3.11).

Exemplos de Perda da Salvação A Bíblia não somente ensina que é possível perder a salvação, como também registra ca­sos de várias pessoas que viraram as costas para Deus, perdendo sua total comunhão com Ele. No Antigo Testamento, lemos acerca de Saul que “... Deus lhe mudou o coração ... ” e que “o Espírito de Deus se apossou de S au l... ” (1 Sm 10.9,10). Mais tarde, porém, tornou-se possuído de um espírito maligno, e terminou sua vida suicidando-se. Está dito de Salomão, que na sua juventude, ele “... amava ao SENHOR, andando nos preceitos de Davi, seu p a i ... ” (1 Rs 3.3). Mais tarde, porém, ele rejeitou a Deus e começou a adorar os falsos deuses (1 Rs 11.1-8). No Novo Testamento, o exemplo mais destacado de um apóstata é o de Judas Iscariotes. Judas, no princípio era um verdadeiro crente em Deus, pois jamais Cristo confiaria a um pecador a missão de evangelizar, curar enfermos, expulsar demônios (Mt 10.7,8). Porém, já na ocasião da “última ceia”, Judas tinha abandonado a sua fé. Cristo sabia que Judas já não fazia parte do grupo dos crentes. O próprio Judas confirmou isto, quando traiu a Cristo e suicidou-se. Himeneu e Alexandre, dois dos cooperadores de Paulo, deles está dito: “mantendo fé e boa consciência ... ”. Mais tarde, no entanto, vieram a naufragar na fé, e Paulo os entregou a Satanás (1 Tm 1.19,20). Demas, outro dos associados de Paulo, é declarado um ajudante fiel; estava presente quando Paulo estava escrevendo Colossenses e Filemom (Cl 4.14; Fm 24). Paulo até mesmo o chamou de “cooperador”. E difícil imaginar que ele não era um crente verdadeiro, no entanto, mais tarde abandonou a fé, isto é, a salvação, por causa de ter “amado o presente século...” (2 Tm 4.10).

O Aspecto Durativo da Rejeição de Cristo Alguns teólogos crêem que a apostasia é apenas um distanciamento temporário de Cristo, e não uma perda permanente da salvação. Isto, no entanto, contradiz as advertências bíblicas no sentido de que um crente pode perder, não somente sua comunhão com Cristo agora, mas tam­bém a vida eterna. Por exemplo:
 o SENHOR esquadrinha todos os corações e penetra todos os desígnios do pensamento. Se o buscares, ele deixará achar-se por ti; se o deixares, ele te rejeitará para sempre. ” (1 Cr 28.9).

Pedro apresenta um exemplo comum de apostasia. Descreve certos falsos mestres que antes andaram no caminho certo, mas que o abandonaram (2 Pe 2.15). Tinham escapado às poluições do mundo mediante o conhecimento de Jesus Cristo, mas, mais tarde se deixaram enredar de novo pelos seus antigos pecados (2 Pe 2.20). Evidentemente a condição desses mestres não é a mesma do crente que está fora da co­munhão com Deus. Note que Pedro diz, melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça, do que, após conhecê-lo, virem a rejeitá-lo. Obviamente, Pedro está aludindo ao julgamento que estes mestres terão, que será da maior severidade por causa do seu conhecimento inicial de Cristo e do seu relacionamento com Ele.

“Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. (2 Pe 2.21). Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu pró­ prio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal. ” (2 Pe 2.22).


II. COMO OCORRE A APOSTASIA

Há pelo menos quatro ilustrações bíblicas que nos ajudam a entender como ocorre a apostasia. Estas são: um navio à deriva, um cordeiro desgarrado, um servo de­sobediente, e uma planta sufocada.

Um Navio à Deriva O escritor de Hebreus adverte: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às ver­dades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos” (Hb 2.1). A palavra traduzida “desviar-se” é um termo náutico que se refere a um navio à deriva e sem controle. A lição contida nessa advertência é que a apostasia pode ocorrer como resultado de negligência espiritual, ou pela prática de pecado. Este mesmo escritor mais tarde advertiu: “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? ... ” (Hb 2.3). Dois homens que exemplificam esta ilustração são Himineu e Alexandre. Paulo descreve-os como homens que não “guardaram a f é ”, mas que passaram a viver em conflito com suas consciências. Por fim, chegaram a naufragar espiritualmente, e se degeneraram a ponto de blas­femarem do Evangelho. Estes homens fazem-nos lembrar de que o primeiro passo na apostasia sempre é o “descuido ou negligência espiritual!”

“mantendo fé e boa consciência, portanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. E dentre esses se contam Himineu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, afim de não mais blasfemarem.” (1 Tm 1.19,20).
Um Cordeiro Desgarrado Uma das ilustrações mais conhecidas quanto à pessoa do apóstata é a do cordeiro desgar­rado que se perde (Ez 34.6; Lc 15.4). Esta ilustração nos ensina que o crente deve ficar bem perto do pastor, se não quiser se perder. Distanciar-se um pouco de Cristo, não parece ter efeito negativo imediato sobre a vida espiritual da pessoa, e deste modo é fácil o crente afastar-se mais e mais do Pastor e do Seu rebanho. Em algum momento, nas suas peregrinações, no entanto, o cordeiro levantará sua cabeça, procurando assimilar a voz do Pastor, para então perceber que o rebanho está distante, e que ele está perdido (Hb 10.38). Por contraste, a Bíblia promete que as ovelhas que permanecem sensíveis à voz do pastor, seguindo-o de perto, receberão a vida eterna, e não perecerão jamais.

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. ” (Jo 10.27,28).

O Servo Desobediente Um símbolo comum usado no Novo Testamento para descrever o crente, é o de um servo. Em decorrência disso, o servo desobediente é o símbolo do apóstata.

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar o outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. ” (Lc 16.13).

Este versículo ensina uma verdade importante. O crente não pode servir ao pecado e a Deus ao mesmo tempo. À medida que começa a servir ao pecado, seu amor a Deus esfriará (Ap 2.4; 3.16) e, finalmente, ficará totalmente frio (Mt 24.12). Por esta razão, Paulo adverte: “Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para justiça?” (Rm 6.16). É erro Comum pensar que a salvação baseada na fé, cancela a necessidade  obediência.

É verdade que o homem é salvo pela fé somente, mas a fé salvadora é caracterizada pela obedi­ência. Uma vez, Paulo descreveu a fé salvadora como "... da obediência para a justiça?” (Rm 6.16). Outro erro comum é pensar que somente certos tipos de pecados conduzirão à apostasia. Cristo diz categoricamente: “... todo o que comete pecado (habitualmente) é escravo do pecado” (Jo 8.34). Paulo cita uma longa lista de pecados, e termina com esta afirmação: “... não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam (habitualmente) ” (Gl 5.20,21). É surpreendente que sua lista inclua tais pecados socialmente “aceitáveis”, como inimizades, porfias, ciúmes e invejas. Semelhantemente, Cristo diz que até mesmo a mentira pode tomar-se o pecado que leva à destruição da fé da pessoa (Ap 22.15). A Planta Sufocada E crença deste escritor que a apostasia é um processo de degeneração gradual. Destarte, a apostasia não é assim como o homem que acidentalmente cai num precipício. E qual uma planta que é gradualmente sufocada pelas ervas daninhas, até morrer.

“Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera. ” "(Mc 4.18,19).

A mera presença de uma erva daninha não significa a morte da planta. Se, porém, a erva daninha for deixada ali, crescerá e se multiplicará, e finalmente sufocará a planta e a matará por enfraquecimento.

“Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. ” (Tg 1.14,15).

As vezes, uma pessoa, num dia parece muito forte espiritualmente; no outro dia cai re­pentinamente em pecado grosseiro. Porém, na realidade, o caso é bem diferente. Um processo de negligência já vinha dentro daquela vida ocultamente. Invisível ao olho humano, uma desobedi­ência íntima em pensamentos e atitudes vinha sendo acalentada naquela vida, culminando no ato visível do pecado e da rebelião, que por fim veio à tona. Vejamos mais um pouco sobre o abandono da fé. Cometer um pecado não é apostasia, embora talvez leve à apostasia. A apostasia é a perda da vida espiritual. Quando a força espiritual do homem interior fica tão fraca pelo pecado e negligência, que chega a morrer, considera-se que essa pessoa é um apóstata.


III. UM DESVIADO PODE VOLTAR A DEUS?

Conforme já estudamos, a Bíblia adverte que a pessoa pode perder a sua salvação. Mas, poderíamos perguntar, é possível essa pessoa, voltar para o Senhor outra vez? Muitos apóstatas nunca voltarão a Deus; porém, sempre há um convite para o pecador, sinceramente arrependido dos seus pecados, voltar para Deus, não importando os pecados e erros do seu passado.

O Convite aos Desviados da Fé

O fato de que Deus, em todo tempo, convida os desviados a voltarem a Ele, demonstra a disposição de recebê-los de volta .Veremos a seguir, exemplos deste convite embora alguns deles sejam dirigidos a grupos, Deus insiste com cada indivíduo dentro do grupo, pois a salvação é sempre uma questão pessoal, individual. A Bíblia contém muitos convites diretos ao desvia­do.

“Se voltares, ó Israel, diz o SENHOR, volta para mim; se removeres as tuas abominações de diante de mim, não mais andarás vagueando. ” (Jr 4.1). “Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma ... ” (Jr 6.16).


“Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles. ” (Os 14.4). "... tornai-vos para mim, e eu me tomarei para vós outros, diz o SENHOR dos Exércitos ... ” (Ml 3.7).

A Oração do Desviado Mais uma prova de que o desviado pode voltar a Deus, temos na oração de Davi: um homem que cometeu adultério, en­ganou o seu próximo e depois o assassinou. No Salmo 51, Davi descreve a si mesmo como quem perdeu a salvação, declarando que já não tinha mais a alegria da salvação (v. 12) e que estava precisando de um coração novo (v. 10). Davi, além disto, implo­rou a Deus que não o expulsasse para sempre da Sua presença, nem tirasse dele o Espírito Santo (v. 11). Pela fé, Davi fez uma oração de arrependimento, empre­gando três belas figuras do perdão. Pediu que o seu pecado fosse apagado, que Deus o lavasse como um homem lava uma veste imunda, e que Deus o purificasse da enfermidade do pecado que o controlava.

“Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a mul­tidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me com­pletamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. ” (SI 51.1,2).

Como Voltar-se para Deus Não somente Deus convida os desviados a voltarem para Ele, como também mostra-lhes como voltar, e promete-lhes a Sua ajuda para permanecerem firmes na fé depois de voltarem. Leia estes versículos com cuidado, notando a maneira do desviado voltar para Deus.

“Volta, ó Israel, para o SENHOR, teu Deus, porque, pelos teus pecados, estás caído. Tende convosco palavras de arrependimento e convertei-vos ao SENHOR; dizei-lhe: Perdoa toda iniquidade, aceita o que é bom e, em vez de novilhos, os sacrifícios dos nossos lábios. ” (Os 14.1,2).

Note que o desviado precisa de reconhecer, em primeiro lugar, seu estado caído, ele deve desejar livrar-se do seu pecado ( “... porque, pelos teus pecados, estás caído ... ”).

Em segundo lugar, o desviado precisa de arrependimento’’ e voltar ao Pai, noutras palavras, precisa arrepender-se dos seus pecados e expressar sua fé em Cristo.

O terceiro passo é a trans­formação espiritual, do desviado arrependido, em crente verdadeiro que adora a Deus com lou­vor .

Esse louvor é descrito por Oséias como “... sacrifícios dos nossos lábios”.

O Desviado e o Pecado Imperdoável Muitos desviados são atormentados com a dúvida atormentadora quanto à possibilidade de terem cometido o pecado imperdoável. Não temos espaço aqui para definir o pecado imperdo­ável, mas deixamos claro que, qualquer homem, sinceramente convicto dos seus pecados e que quer voltar para Cristo, está provando que não cometeu este pecado, e assim Deus o aceitará de volta ao “aprisco”, se ele voltar. Sabemos que este fato é verdadeiro, porque o homem natural não tem desejo em si mes­mo de voltar a Deus, se não for com a ajuda da graça de Deus. O homem somente sente convic­ção dos seus pecados por causa da operação do Espírito Santo na sua vida. Se esse homem sinceramente deseja ser salvo, é prova de que Deus está procurando atraí-lo a Si mesmo através da ação insistente do Espírito Santo. É, portanto, lamentável quando certos pregadores imprudentes criam dúvidas e temores desnecessários no desviado, com suas histórias de pessoas desviadas que já choraram com toda a sinceridade, mas em vão, diante da “porta trancada” do céu! Isto dá a entender que a salvação é somente para aqueles que são “suficientemente bons” para recebê-la. Isto não é verdade, pois, Cristo disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. ” (Mt 11.28). Qualquer desviado verdadeiramente humilhado e arrependido dos seus pecados, pode voltar para Deus se estiver disposto a submeter todas as áreas da sua vida a Cristo.


IV. O PAPEL DA IGREJA NA RESTAURAÇÃO DO DESVIADO

Nossas igrejas devem aplicar a disciplina bíblica, com amor aos membros que dela preci­sarem.

Na disciplina justa e cristã da Igreja, está uma das ferramentas mais eficazes para restau­rar o desviado a Cristo e despertar um crente carnal a buscar a vitória de que necessita.

Em algumas igrejas, no entanto, a disciplina é má e tem má fama pelo fato de ser aplicada de modo errado; de maneira antibíblica.

Neste Texto estudaremos a respeito da disciplina na igreja. Tipos de Disciplina A Bíblia fala de dois tipos de disciplina eclesiástica. Um é a exclusão da pessoa por pecados graves, e outro é o caso de membros, de conduta cristã habitualmente irregular, conhe­cida, que apesar de conselhos e admoestações, persistem na desobediência à doutrina bíblica.

Um exemplo do primeiro tipo de disciplina é registrado em 1 Coríntios, que relata a história de um homem que abandonara a Deus e que estava vivendo no pecado. Mesmo assim, a igreja local mantinha-o em comunhão, dando-lhe, assim, um falso sentimento de segurança, apesar de viver em pecado. Paulo ordenou que a igreja o excluísse da comunhão, de modo que ele viesse a reconhecer e sentir o seu pecado, e assim, ser levado ao arrependimento (1 Co 5.5). Ele estava em comunhão com a igreja local, mas não em comunhão com Deus. O segundo tipo de disciplina tem a ver com membros que abandonam de vez a igreja, e outros que não querem abandonar seus pecados, vivendo uma vida escandalosa, dando mau exemplo aos de dentro, e servindo de tropeço para os de fora. Por exemplo, Paulo falou de certos crentes trapaceiros, desordenados, desocupados, perturbadores e, ensinou que os tais fossem isolados dos bons crentes.

notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão. ” (2 Ts 3.14,15). (Ver também o v. 11).

Em Tito, temos um caso semelhante, onde Paulo trata do homem faccioso, que não aceita correção; pelo que, deve ser evitado (Tt 3.10).

Os Propósitos da Disciplina A disciplina da igreja jamais deve ser aplicada como meio de punição, vingança, demonstração e abuso de autoridade. Ela deve, sim, ser aplicada com amor, como meio de restaurar o faltoso à comunhão. Crentes fracos, desviados, excluídos, podem ser restaurados à comunhão, mediante o arrependimento e súplica pelo perdão. Ela deve ser um meio de levar o crente carnal a abandonar seus pecados e viver para Deus. Deus reserva para Si mesmo o direito de julgar os pecados (Rm 14.4). Mas a igreja deve agir com humildade, compaixão e amor, ao disciplinar os crentes. Vemos, no caso de 1 Co 5.5, a Bíblia esclarecendo:

“entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor (Jesus). ” (1 Co 5.5).

Apesar do inominável pecado daquele homem, ainda se fala de salvação para ele, uma vez corrigido. Outro propósito da disciplina é conservar a igreja livre de influências pecaminosas. Note que o versículo supra é seguido das seguintes palavras: “... Não sabeis que um pouco de fermen­to leveda a massa toda ? ” (1 Co 5.6). Um só caso de pecado, se for permitido continuar livremen­te na igreja, pode espalhar o erro e dissensão na totalidade da igreja.

Quem Deve Ser Disciplinado embora  continue com sua teimosia rebelde , pecando arrogantemente, precisa ser disciplinado.

 Por outro lado, o crente por ser fraco e falho, mas que sabe se arrepender, e vive na igreja, esta deve ajudá-lo e fortalecê-lo com amor. Quando nossos filhos estão fracos, não os evitamos, nem os tratamos duramente, mas os alimentamos melhor e tomamos cuidado especial com eles. A Bíblia menciona o membro da igreja de Corinto que não queria arrepender-se (1 Co 5.5); o crente de Tessalônica que ignorava a correção (2 Ts 3.10), e o “crente” herege, torcedor da doutrina, que não queria mudar, mesmo depois de várias advertências (Tt 3.10). Nenhum destes indivíduos estava arrependido do seu pecado, e, portanto, necessitavam de ser disciplinados.

Havendo sincero arrependimento do faltoso, o perdão da igreja deve vir tão rápido e natural como foi a disciplina. É interessante que, na sua segunda carta aos Coríntios, Paulo dirigiu-se àquela igreja, rogando no sentido de restaurar à comunhão o arrependimento a quem Paulo anteriormente ordenara que excluísse.

“basta-lhe a punição pela maioria De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor. ” (2 Co 2.6-8).

A advertência de Paulo, “... para que não seja o mesmo consumido... ”, deve nos lembrar solenemente que, enquanto a igreja evita a pessoa arrependida, o diabo não a evita, mas, sim, ocupa-se em plantar as sementes da dúvida e da amargura na mente, procurando desviá-la de vez. Devemos tomar cuidado para não ajudar Satanás, nos casos de disciplina. Paulo advertiu contra o perigo da disciplina, dizendo: “para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios ” (2 Co 2.11). O dirigente da igreja não deve tolerar, nem ignorar pecado, mas a disciplina, seja ela qual for, deve ser aplicada segundo a Palavra de Deus e a mente de Cristo - o Bom Pastor. Que ninguém seja como o irmão mais velho do Pródigo, que achou difícil demais perdoar seu irmão errado. Há crentes zelosos demais, como se eles fossem infalíveis. O dirigente também tem que saber isso: que ele aplica a disciplina porque está dirigindo o rebanho em lugar do Senhor Jesus, e um dia ele mesmo dará conta do seu trabalho realizado.

Como Disciplinar É muito apropriado examinarmos aqui os seguintes textos que sugerem como aplicar a disciplina à vida daqueles que se rebelam: “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansi­dão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade. ” (2 Tm 2.24,25). “não difamem a ninguém... mas cordatos, dando provas de toda cortesia. para com todos os homens. ” (Tt 3.2). “Seja constante o amor fraternal. ” (Hb 13.1). “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura: e guarda-te para que não sejas também tentado. ” (Gl 6.1). “Mas, seguindo a verdade em amor. cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. ” (Ef 4.15).


V. A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO DO CRENTE

 Embora um crente possa perder a salvação por negligência e pecado, o crente fiel não precisa ter dúvida, se está verdadeiramente salvo, ou mostrar-se temeroso de perder a salvação. No que diz respeito à salvação, a atitude do crente fiel deve ser a de certeza presente e de esperança futura.

“se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes. não vos deixando afastar da esperança do evangelho... ” (Cl 1.23). “Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança. ” (Hb 6.11). “aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé... ” (Hb 10.22). “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. ” (1 Pe 1.13).

O Testemunho do Espírito Uma das principais evidências da certeza da salvação do crente é o testemunho do Espí­ rito Santo junto ao nosso espírito. Paulo o descreveu, dizendo: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). Por estranho que pareça, este versículo tem levado muitos crentes a duvidarem da sua salvação, em lugar de terem certeza, porque raciocinam que, se não sentem sempre qualquer coisa, então não estão salvos. É verdade que em certas ocasiões as emoções e os sentimentos do crente são altamente motivados pelo poder de Deus, mas isto não ocorre continuamente. Experiência emocional do crente, não é o “testemunho do Espírito”, ao qual Paulo se referiu. Note que o testemunho do Espírito Santo é dado em nosso espírito. Se fosse em nosso corpo, seria como um sexto sentido. Se fosse em nossa alma, seria apenas uma emoção e nada mais. Mas visto que é um testemunho em nosso espírito, temos neste testemunho uma convicção sobrenatural, convencendo-nos de que somos filhos de Deus (Rm 8.17). Este testemunho não substitui a fé, mas a confirma. A presença do Espírito Santo na vida do crente é prova adicional da salvação (1 Jo 3.24). A Bíblia descreve o Espírito Santo como sendo o “penhor” da nossa plena redenção vindoura (Ef 1.14).


A Fidelidade de Deus O crente pode abandonar a Deus, mas Deus nunca abandonará o crente. O crente pode ser induzido a afastar-se para longe de Deus, mas nunca pode ser arrastado à força, contra sua von­tade, para fora da comunhão com Deus.

“... De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” (Hb 13.5). “E ninguém as arrebatará da minha mão. ” (Jo 10.28). “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é p o r nós, quem será contra nós?... Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir... poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. ” (Rm 8.31-39).

O crente pode ter a certeza de que Deus não muda repentinamente de propósito, quanto à Sua comunhão com ele. Deus não muda quanto ao relacionamento com o crente perseverante. Quem muda no relacionamento é o próprio homem, “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar a si mesmo. ” (2 Tm 2.13).

A Intercessão de Cristo a Nosso Favor O escritor aos Hebreus estimula o crente a lembrar-se da fonte de conforto e certeza que dispõe, pelo fato de ter Cristo no céu, intercedendo por ele.

“Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão... Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça...” (Hb 4.14-16).

O título “Sumo Sacerdote” fala de uma posição semelhante à de um advogado. Alguém que pleiteia a causa de outra pessoa que fez algo errado ou que foi acusada de um delito. Ao interceder por nós, Cristo rejeita as falsas acusações do diabo contra nós e, se estivermos culpa­ dos do pecado, Ele não esconde essa culpa, nem vê qualquer justificativa para ela, mas, Ele apresenta a Sua própria morte como base da intercessão, visto que ela cancelou a penalidade por aquele pecado. "... Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados... ” (1 Jo 2.1,2).

O Crente e a Vida Santa A despeito de todas as evidências da salvação mencionadas nesta Lição, dúvidas insis­tentes permanecerão na vida de qualquer crente que não remover a fonte primária das suas dúvi­das - uma vida comprometida com o pecado e o mundo. O pecado e a confiança espiritual não podem coexistir. Um homem pecaminoso pode alegar que tem confiança quanto à sua salvação, mas na realidade, ele é acusado de dúvidas e insegurança interior; somente uma vida de obediên­cia e retidão motivará confiança.

“Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardarmos os seus mandamentos. ” (1 Jo 2.3). “Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele. ” (1 Jo 2.5).

Real Comunhão com Cristo A real certeza da nossa salvação não está baseada numa confissão de fé, feita num certo ano, num dado momento, e num lugar específico, mas, sim, numa comunhão sempre presente e crescente em amor, confiança e submissão a Cristo. O crente fiel e dedicado ao Senhor tem essa certeza; isso é bíblico. É por isso que Judas admoestou seus leitores a se edificarem na fé com oração no Espírito, e a conservar-se no amor de Deus. À medida em que o crente mantém uma real comunhão com Cristo, Deus, por Sua vez, o guardará de cair.

“Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo. ” (Jd 20). “guardai-vos no amor de Deus ...” (v. 21). “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços ... ” (v. 24).

Uma bela ilustração de como um relacionamento estreito com Deus resulta em nova força acha-se em Isaías 40.31:

“mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias correm e não se cansam, caminham e não se fatigam. ”

O esperar descrito aqui, requer um relacionamento de fé ativa. À medida em que este relacionamento é mantido, o crente recebe forças espirituais. O crente, portanto, é comparado à águia que, ao crescer, fica cada vez mais forte e voa cada vez mais alto. Embora a águia tenha que superar a força natural da gravidade, ela voa alto, porque tem dentro de si a natureza de águia e o poder de voar. Assim como é difícil imaginar uma águia cair durante o seu vôo, assim também é difícil imaginar um crente que “espera” no Senhor, cair da graça enquanto “espera” nEle.

Na próxima matéria estaremos encerrando esta série com o tema: A Glorificação.


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