domingo, 18 de maio de 2025

Série: A Provisão e a Aplicação da Salvação 3. (O arrependimento)

 Por: Jânio Santos de Oliveira

 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

Contatos 0+operadora (Zap)21 987704458

Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com



Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!


Resumo da matéria

1. A PROVIDÊNCIA SALVADORA

2. QUATRO ASPECTOS DA PROVISÃO DE CRISTO QUANTO À SALVAÇÃO

3. ARREPENDIMENTO

4. Fé

5. A JUSTIFICAÇÃO

6. A REGENERAÇÃO

7. A ADOÇÃO

8. A SANTIFICAÇÃO

9. ADVERTÊNCIAS E PROMESSAS

10. A GLORIFICAÇÃO


O ARREPENDIMENTO

O arrependimento é um assunto raramente pregado em nossas igrejas hoje.

Alguns chegaram até a ensinar que ele não é necessário, que estamos vivendo numa dispensação diferente que não o exige.

Essas pessoas citam as palavras de Paulo à pergunta do carcereiro filipense, "Senhores, que devo fazer para que seja salvo?" A resposta de Paulo foi, "Crê no Senhor Jesus, e serás salvo tu e tua casa" (At 16'30,31). Em vista de Paulo não ter mencionado o arrependimento, é nos dito que tudo o que devemos fazer é crer, a fim de sermos salvos hoje.

 O arrependimento tem relação com o desviar-se do pecado, e infelizmente a "pecaminosidade" do pecado é algo poucas vezes enfatizado em nossos dias.

Se a pessoa nasceu de novo duvidamos que não compreenda perfeitamente que a questão do seu pecado já foi tratada pelo Senhor Jesus Cristo. Muitos estão sendo convidados a se

aproximarem de Cristo simplesmente com base nas bênçãos a serem recebidas e na alegria a ser experimentada. Jesus Cristo tratou da questão do pecado para nós e é da maior importância que nos afastemos do pecado antes de crermos nele como nosso

salvador.

1. Definição

O significado original de "arrependimento" é uma mudança de opinião ou propósito. É uma "mudança sincera e completa de opção e disposição com respeito ao pecado".

Ela envolve uma mudança do ponto de vista, do sentimento e do propósito.

Podemos dizer, então, que Contém três elemento" o intelectual, o emocional e o voluntário.

a)    O elemento intelectual. Isto envolve uma mudança de ponto de vista.

É uma mudança de ponto de vista com relação ao pecado, a Deus e ao "eu ", O pecado vem a ser reconhecido não a penas como uma fraqueza, um acontecimento infeliz, ou um erro, mas uma culpa pessoal. "Pois eu conheço as minhas transgressões e o meu pecado está sempre diante de mim" (5151:3); " ... pela lei vem o pleno conhecimento do pecado" (Rm 3'20). Além disso, o pecado é reconhecido Como uma transgressão Contra Deus.

Do ponto de vista humano, o pecado de Davi foi Contra Bate-Seba e Urias, seu marido. Mas Davi veio a compreender que ele era também contra as leis de Deus. Ele clamou: "Pequei contra ti, Contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos" (SI

51,4).

O pecado é também reconhecido em sua relação com o nosso "eu". Ele não só é considerado como culpa diante de Deus, mas também como algo que contamina e corrompe o "eu". Reconhecendo isto, Davi ora: "Purifica-me com hissopo e ficarei limpo, lava-me e ficarei mais alvo que a neve" (5l 51 :7).

 Ao receber uma nova visão de Deus, Jó disse: "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:5,6).

Este elemento intelectual do arrependimento é muito importante, mas, se não for seguido pelos dois elementos seguintes, só poderá trazer medo do castigo sem um ódio real do pecado.

b) O elemento emocional. O arrependimento tem sido muitas vezes definido como "uma tristeza segundo Deus pelo pecado". Ao escrever sua segunda carta aos coríntios, Paulo disse: "Agora me alegro, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que de nossa parte nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo

produz morte" (2 Co 7:9-10). Em Lucas 18:13 Jesus descreveu o publicano batendo no peito: "O publicano, estando em pé, longe, não ousava ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: 6 Deus, sê propício a mim, pecador!" Não existem meios

de medirmos quanta emoção é necessária no arrependimento sincero, mas existe com certeza um despertar real do coração quando o indivíduo é levado a enfrentar seu terrível pecado. As lágrimas quase sempre acompanham um coração arrependido.

Todavia, é preciso diferenciar entre a verdadeira tristeza pelo pecado cometido e o simples sentimento de vergonha por causa dele.

Existe uma vasta diferença entre remorso e arrependimento.

A pessoa pode ficar simplesmente triste por ter sido apanhada no ato de pecar, não estando verdadeiramente arrependida por causa de seu pecado. Isto seria o simples remorso. A tristeza pelo pecado deve ser seguida pelo elemento voluntário.

O elemento voluntário. Billy Sunday costumava dizer: "A religião não é para seu lenço, mas para a sua espinha dorsal." É preciso que a vontade seja exercitada para que o arrependimento seja verdadeiramente eficaz. Isto significa um afastamento interior do pecado e uma entrega completa a Cristo para obter perdão.

Uma das palavras usadas para "arrependimento" significa "voltar". Isto é ilustrado na história do filho pródigo que disse: "Levantar-me-ei e irei ter com meu pai... E levantando-se, foi para seu pai" (Lc 15:18,20).

Quando o arrependimento toca a vontade, ele resultará

em: (1) Confissão do pecado - "Confesso a minha iniqüidade: suporto tristeza por causa do meu pecado" (5138:18). "Pequei contra o céu" (Lc 15:21).

2) Abandono do pecado - "0 que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia" (Pv 28:13). "Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos ... " (Is 55:7).

3) Volta para Deus - "Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os seus pensamentos; converta-se ao Senhor ... " (ls55:7). Não devemos apenas abandonar o pecado, mas voltar-nos para Deus (1 Ts 1:9; At 26:18).

d) Não é algo meritório. O arrependimento jamais deve ser tido como meritório - uma "obra" a ser feita para que Deus possa conceder a salvação. Thiessen salienta que não somos salvos para nos arrependermos, mas se nos arrependermos.

 A versão Douai traduz a palavra "arrependimento" como "fazer penitência". Assim sendo, a Igreja católica romana considera o arrependimento como uma satisfação que o pecador apresenta a Deus. Esta é uma tradução falsa e descreve o pecador como capaz de fazer algo para a sua salvação, em lugar de compreender sua incapacidade e perceber que a sua salvação é inteiramente provida por Deus através de sua maravilhosa graça.

2. Importância do arrependimento

A importância deste assunto é enfatizada pelo lugar de destaque dado a ele nas Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento, assim como no ministério de Jesus e dos primeiros pregadores do Evangelho.

a) No Antigo Testamento. O Antigo Testamento focaliza o lugar que o arrependimento deveria ter na relação entre Israel e Deus nas seguintes passagens:

" ... se deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei, se te converteres ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda tua alma" (Dt 30:10).

"Voltai-vos dos vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, segundo toda a lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermédio dos meus servos, os profetas" (2 Rs 17:13).

"Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto, ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu?

Cada um corre a sua carreira como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha" (Jr 8:6).

"Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Convertei-vos e apartai-vos dos vossos ídolos; e dai as costas a todas as vossas abominações" (Ez 14:6).

"Portanto, eu vos julgarei, a cada um segundo os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus.

Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões; e a iniquidade não vos servirá de tropeço" (Ez 18:30). "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei

dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" (2 Cr 7:14).

b) No Novo Testamento:

1) João Batista - O arrependimento era a nota máxima na pregação de João Batista: "Naqueles dias apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia, e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt 3:1,2). João Batista veio como precursor de Jesus, a fim de preparar o coração do povo de Israel para a chegada do seu Messias. O preparo exigido era o arrependimento, e continua assim para o coração de cada pecador.

2) Jesus - O arrependimento ocupou um lugar importante na pregação de Jesus.

"Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer:

Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus" (Mt 4:17). "Não vim chamar justos, e, sim, pecadores (ao arrependimento]" (Mt 9:13). "Passou, então, Jesus, a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido" (Mt 11:20). "Ninivitas se levantarão no juízo com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas" (Mt 12:41).

3) Os discípulos - Os doze discípulos pregaram arrependimento. "Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse" (Mc 6:12).

4) A grande comissão - "E que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados, a todas as nações, começando de Jerusalém" (Lc 24:47).

5) Pedro - Pedro pregou o arrependimento. "Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado" (At 2:38; At 3:19; 5:31; 8:22;11:18.)

6) Paulo - Paulo pregou o arrependimento. "Testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo" (At 20:21; At 26:20; 2 Co 12:21; 2 Tm 2:25.)

c) A vontade de Deus é que todo homem se arrependa.

"O Senhor ... é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2 Pe 3:9).

1) A ordem do Senhor - O Senhor ordena que todos se arrependam. "Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam" (At 17:30).

2) A desobediência resultará na morte eterna - Os homens

perecerão eternamente caso não se arrependam. "Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis" (Lc 13:3).

3) Produz alegria no céu - O arrependimento de pecadores na terra provoca grande alegria no céu. "Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento" (Lc 15:7,10).

3. A maneira como se produz o arrependimento

Jesus ensinou que os milagres, por si mesmos, não produzirão arrependimento.

"Passou, então, Jesus a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido. Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza" (Mt 11:20,21).

O Senhor ensinou que nem mesmo a volta de alguém dentre os mortos iria, por si mesma, produzir arrependimento. "Mas ele insistiu: Não, pai Abraão, se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos" (Lc 16:30,31).

a)    É um dom de Deus.

 "Logo também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida" (At 11:18). " ... disciplinando com mansidão os que se Opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade ... " (2 Tm 2:25 ; At 5:31.) .

O arrependimento não é uma coisa que a pessoa possa produzir por si mesma. O indivíduo que julga poder viver para si mesmo e para o mundo e depois arrepender-se e converter-se a Deus quando decidir está redondamente enganado. Muitos pecadores

foram para a eternidade gritando: "É tarde demais!", quando os entes queridos e ministros insistiam em que se arrependessem de seu pecado e se voltassem para o Senhor. Se alguém sentir necessidade de arrepender-se do seu pecado e aproximar-se do

Senhor, deve fazer isso sem demora. Pode chegar a hora em que deseje fazê-lo, mas não possa! "Nem haja algum impuro, ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado" (Hb 12:16,17).

b) Mediante meios divinamente ordenados (1) Em relação aos não salvos:

a) Através da fé na Palavra de Deus - "Os ninivitas creram em

Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor. Chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele levantou-se do trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco, e assentou-se sobre cinza" (Jn 3:5,6) .

b) Através da pregação do evangelho - "Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?" (At 2:37). "Ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas" (Mt 12:41).

c) Através da bondade de Deus - "Ou desprezas a riqueza da sua

bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?" (Rm 2:4). "Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento" (2 Pe 3:9).

2) Em relação ao cristão:

a) Através da censura e correção de Deus

"Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe ...

Pois eles nos corrigem por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus porém nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.

Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça" (Hb 12:6,10,11).

A correção de Deus leva ao arrependimento: "Eu repreendo a quantos amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te" (Ap 3:19).

b) Através de uma nova visão de Deus - "Eu te conhecia só de

ouvir, mas agora meus olhos te veem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:5,6).

c) Através da censura bondosa de um irmão- "Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender e, sim, deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele, para cumprirem a sua vontade" (2 Tm 2:24-26).

4. Frutos do arrependimento Uma última palavra deve ser dita com respeito aos resultados do arrependimento. Ele levará definitivamente a:

a) Confissão do pecado. "O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!" (Lc 18:13).

b) Além disso, uma atitude de arrependimento sincero levará o indivíduo a restituir o que quer que tenha tomado indevidamente, na medida do possível. "Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais" (Lc 19:8). Isso, porém, não constitui arrependimento, sendo, na verdade, fruto do arrependimento.

NA PRÓXIMA MATÉWRIA TRATAREMOS DA FÉ


Nenhum comentário:

Postar um comentário