terça-feira, 7 de novembro de 2023

Série: Aprendendo a Conhecer o seu caráter 6

 Por: Jânio Santos de Oliveira

 Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

 Contatos 0+operadora (Zap)21 987704458 (Tim)

 Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com


 

Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor! 

Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no texto de Hebreus 4.13-16; Provérbios 15:3; Salmos139.7-10    que nos diz:

13 E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.

14 Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.

15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.

16 Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.

Provérbios 15:3

³ Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus 

Salmos139.7-10 

7 Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?

 8 Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.

9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,

10 Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Pessoas que tentaram se esconder de Deus e de sua missão

I.                  Visão geral de como deva ser o nosso caráter.

II.               Personagens bíblicos que tentaram se esconder de Deus

III.           Adão e Eva:  Tentaram se esconder do Senhor

IV.            Abraão: Engano e Medo o fez se esconder no Egito e mentir

V.               Moisés: Escondeu-se em Midiã, após matar o egípcio.

VI.            Gideão: Evitando o Chamado de Deus se mostrou incapaz.

VII.        Saul: Escondeu-se entre as bagagens para não assumir o trono.

VIII.     Elias: Escondeu-se numa caverna com medo de jezabel.

IX.            Jonas: Tentou esconder-se de Deus por não gostar dos ninivitas.

X.               Pedro: Tentou esconder-se entre os inimigos de Jesus e o negou.

XI.            Os discípulos no Caminho de Emaús: Tentou distanciar de Jesus.

XII.        Saulo: Tentou esconder-se numa falsa religião; mas Jesus o encontrou.

XIII.     É impossível fugir da presença de Deus

XIV.     José foi um exemplo de testemunho longe de sua família

XV.         Onde você está escondido?

Estamos de volta, desta vez para apresentar uma série de conferências sobre como deva ser o nosso caráter e a nossa integridade no dia-a-dia não só diante de Deus, mas também diante dos homens.

Agora estaremos apresentando o seguinte assunto:

4.    Gideão. Tentou esconder-se no lagar

Será que Gideão era mesmo um homem corajoso, diferente dos demais mortais? Para saber quem era Gideão vamos rever sua história nos capítulos 6 e 7 de Juízes.

Juízes 6

11  Então o anjo do SENHOR veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas.

12  Então o anjo do SENHOR lhe apareceu, e lhe disse: O SENHOR é contigo, homem valoroso.

13  Mas Gideão lhe respondeu: Ai, Senhor meu, se o SENHOR é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o SENHOR subir do Egito? Porém agora o SENHOR nos desamparou, e nos deu nas mãos dos midianitas.

14  Então o SENHOR olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu?

15  E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai.

16  E o SENHOR lhe disse: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem.

17  E ele disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo.

18  Rogo-te que daqui não te apartes, até que eu volte e traga o meu presente, e o ponha perante ti. E disse: Eu esperarei até que voltes.

19  E entrou Gideão e preparou um cabrito e pães ázimos de um efa de farinha; a carne pôs num cesto e o caldo pôs numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho ofereceu.

20  Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os pães ázimos, e põe-nos sobre esta penha e derrama-lhe o caldo. E assim fez.

21  E o anjo do SENHOR estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do SENHOR desapareceu de seus olhos.

22  Então viu Gideão que era o anjo do SENHOR e disse: Ah, Senhor DEUS, pois vi o anjo do SENHOR face a face.

23  Porém o SENHOR lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.

Gideão, tinha uma auto-estima muito baixa em função do medo que tinha dos midianitas.

Desde cedo fora treinado a temer esse povo. Mesmo assim, Deus o chamou, e olha que barato: sua chamada era exatamente para enfrentar, para combater os midianitas.

Precisamos enfrentar nossos medos. Sozinho, ele não conseguiria, mas Deus o chamou, e observe que Deus o chama no exato momento em que ele está preparando o trigo para escondê-lo dos midianitas. Ele devia estar com medo, com raiva, muito chateado. E então aparece  o anjo do Senhor e o chama de “homem valoroso”. Uma palavra pode mudar uma vida. Para o bem ou para o mal. “E desde Moisés se sabe que a palavra é divina...” .

O anjo do Senhor, ao falar com Gideão, não potencializou seu medo, sequer falou dele. Ele potencializou uma outra característica que Gideão já nem devia lembrar que tinha: valoroso, corajoso...

Gideão, por força das circunstâncias em que fora criado, usava lentes negativas. Assim como seu povo, estava acostumado a plantar, colher, e entregar o fruto da colheita a seus opressores. E todo ano erra assim. Ele não via o que fazer para mudar aquela realidade. Sentia-se pequeno, fraco, um coisinha de nada. Mas um dia tem sua vida mudada através de um chamado inesperado da parte de Deus. Pronto. Um novo Gideão  começava a surgir.

E você, tem medo de quê? Como você enxerga a vida? Através de que lentes? Vocês lembram dos espias que Moisés enviou para Canaã? A maioria enxergou de forma negativa, viram apenas as dificuldades, e voltaram com um parecer pessimista, derrotista: “olha, seu Moisés, vai dá não... os muros são altos a balde, tem uns caras grandes lá, muito maiores que o nosso maior homem... então achamos que não vai rolar não.” Aí chegam outros dois, Josué e Calebe, com uma outra visão. Observe que eles reconhecem as dificuldades apresentadas pelo outro grupo, mas enxergaram a situação de outra forma: “companheiro Moisés, tudo o que o outro grupo disse é verdade: os muros são altos e tem uns caras grandes...mas, olha, companheiro, não são invencíveis... dá pra gente encarar...” É praticamente isso que ocorre com Gideão, e talvez alguma coisa parecida ocorra com você. E então, vai encarar ou ficar se lamentando?

O contexto de Gideão

Israel, que vivia da agricultura, estava sob domínio dos midianitas. Gideão viveu em um daqueles momentos em que Deus punia o seu povo através de um opressor externo. Os israelitas tinham se desviado, mais uma vez, do seu Deus e estavam adorando a Baal. Por conta disso, Deus permitiu tal opressão até que o povo voltou-se para Ele novamente e pediu socorro. Deus então convoca Gideão para ser o libertador, naquele momento.

Ao longo de sua história, Israel viveu isso diversas vezes. Então aquela geração aprendia, mas a próxima desaprendia. Às vezes, o desvio ocorria ainda na mesma geração. Israel, então, ficou com a mania de precisar de um libertador. E era isso que o povo, bem mais tarde,  esperava de Jesus, que ele libertasse a palestina do domínio romano, mas Jesus não estava interessado em guerras, em questões de estado, ele estava interessado em pessoas, portanto promoveu um outro tipo de libertação.

O passo a passo do chamado de Gideão

No verso 11, Gideão se coloca como  vítima das circunstâncias. Desde pequeno ouvia falar que era menor... o medo paralisa,  e “esteriliza os abraços”, como escreve Drummond no poema “Congresso Internacional do Medo”; ele sentia-se fraco, pobre e miserável.

2.No verso 12, Gideão ouve aquilo que Deus tem a dizer a respeito do seu potencial: “Apareceu-lhe então o anjo do Senhor e lhe disse: O Senhor é contigo, ó homem valoroso”.

O Senhor investe em sua auto-estima. Declara que ele tem um grande valor e tudo começa a mudar. Na Bíblia, temos outros casos semelhantes. Vou citar dois: Jesus diz para o instável e violento Pedro: “Tu és rocha!”,  e a vida de Pedro começa a mudar. Deus diz para Jacó, que era um mau caráter: “Tu és príncipe!”, e a vida dele também muda. O que Deus precisa nos dizer para que nossa vida comece a mudar?

3.  No verso 13, Gideão ainda responde negativamente: “Gideão lhe respondeu: Ai, senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo nos sobreveio? e onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Agora, porém, o Senhor nos desamparou, e nos entregou na mão dos midianitas”. Observe que a resposta dele começa com um “ai”. Ele estava desiludido e não se sentia pronto para a missão que se apresentava diante dele.

4.  No verso 14, Deus motiva Gideão a começar com aquilo que tem: “Virou-se o Senhor para ele e lhe disse: Vai nesta tua força, e livra a Israel da mão de Midiã; porventura não te envio eu?”. Dada a tarefa, Gideão executa. Como diria o capitão Nascimento, personagem do filme Tropa de Elite: “missão dada é missão cumprida.” Mas é claro que tudo é um processo. Ele não sai dali

já para executar a tarefa, há todo um preparo, e no fim tudo sai conforme determinado por Deus e Israel se impõe sobre os midianitas.

5. No verso 15, Gideão ainda luta contra o chamado divino  e dá outra resposta negativa: “Replicou-lhe Gideão: Ai, senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais  pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai”. Aqui, de novo, aparece o complexo de inferioridade de Gideão, mas Deus não quer saber disso. Ele escolheu o cara e pronto.

6. No verso 16, Deus faz uma nova Promessa: “Tornou-lhe o Senhor: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como a um só homem”.    

7.  No verso 17, Gideão começa a mudar a fonte da sua auto-imagem e desenvolve  uma nova perspectiva: “Prosseguiu Gideão: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo”.

Bom, o resto da história a gente já conhece: Gideão, graças a sua insegurança, vai pedindo outros sinais, outras confirmações, até que por fim parte para a guerra com 300 homens selecionados e liberta seu povo dos midianitas.

O povo de Israel enfrentava a ameaça de um inimigo difícil de enfrentar. Os midianitas eram um povo nômade, que dispunha de camelos, o que fazia com que seus ataques fossem imprevisíveis e sua fuga muito rápida. Esperavam os israelitas plantarem e, quando estavam prestes a colher, os midianitas vinham, “…acampavam na terra e destruíam as plantações… não deixando nada vivo em Israel…” Por isso os israelitas se escondiam nas cavernas e fortalezas (Jz 6:2).

Como o restante de seu povo, Gideão também tinha medo dos inimigos. Jz 6:11 nos diz que ele estava malhando o trigo escondido, num tanque de prensar uvas. É aí que o Anjo do Senhor aparece a ele. E a primeira coisa que Gideão faz é expressar suas dúvidas: “Se o Senhor está conosco, porque aconteceu tudo isso?” “Onde estão as maravilhas que o Senhor faz?”

Quando o anjo se volta para ele e ordena que vá libertar Israel ele se justifica dizendo: “… sou o menor de minha família (que já é sem importância em Israel).” Além de medroso e duvidoso, ele não tinha uma imagem positiva de si mesmo.

E, quando o senhor lhe garante que irá com ele e os inimigos seriam derrotados como se fossem um só homem, ele ainda, para garantir, pede um sinal, para ter certeza de que era mesmo o Senhor…

Depois disso Deus lhe ordenou que destruísse o altar de Baal, e ele o faz durante a noite, “com medo de sua família e dos homens da cidade”. Quando descobrem que ele fez isso, Gideão deixa seu pai defendê-lo.

E não parou por aí. Em Jz 6:36-40 vemos o conhecido relato da “lã”. Gideão diz a Deus: “Quero saber se vais libertar Israel por meu intermédio, como prometeste”… Ele quer provas! E já sabia que era Deus falando…

O que me impressiona em todo esse relato é a serenidade e paciência de Deus para com Gideão. E, igualmente, o quanto eu me pareço com ele.

Se Gideão se escondeu, eu também (nós, na verdade), me assusto com o barulho e as ameaças do inimigo muitas vezes. E me escondo, não me arriscando a novos empreendimentos em minha própria vida e na obra do Senhor. É assim com você?

Se Gideão duvidou, também duvidamos e questionamos a Deus: “O Senhor nos tirou do Egito mas agora nos entregou nas mãos de Midiã…” Jz 6:13 Olhamos para trás, vemos os feitos de Deus em nossa vida, mas duvidamos que ele esteja cuidando e que seus feitos se repetirão hoje.

Se Gideão tinha uma baixa expectativa de vitória por causa de sua imagem negativa de si mesmo, que diremos de nós? Quantas coisas estamos deixando de fazer, de começar, de arriscar, porque não nos achamos capazes ou merecedores?

Se Gideão demonstra sua insegurança pedindo um sinal de que era Deus mesmo que lhe falava, nós também não ficamos buscando confirmações de Deus em pregadores, em caixinhas de promessa ou em conselhos para depois aceitarmos os desafios que Deus nos propõe? “É isso mesmo, Senhor?”

Finalmente, depois de organizar seu exército segundo a orientação do Senhor, Gideão está pronto para o ataque (Jz 7:8-9). Mas, como Deus conhecia bem a Gideão, ele ainda o ajudou: “Se você está com medo de atacá-los, desça… e ouça o que estiverem dizendo. Depois disso você terá coragem para atacar.” (vss 10-11)

Deus é assim misericordioso comigo e com você. Ele conhece nossas fraquezas – medos, inseguranças, baixa autoestima, dúvidas – e sabe que somos pó. Muitas vezes tenho me lamentado com Deus dizendo: “Não sou tão forte quanto o Senhor parece pensar!” Mas Ele tem me respondido com as palavras que Paulo ouviu dele e deixou registradas em 2 Co 12:9-10: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.”

A lição para Gideão era: “Você não precisa de 30.000. Com 300 minha força será reconhecida, e não a sua.” A lição para nós, hoje, é a mesma: “Tenho algo para você fazer, mas a força será a minha. Deus tem um propósito de serviço para cada um de nós e, provavelmente, estamos deixando para depois, por conta de medo, dúvida, insegurança. E tudo que precisamos fazer é obedecer!

A opressão do povo era consequência de terem desobedecido e adorado outros deuses. A libertação veio pela obediência, por tirarem os deuses estranhos de seu caminho. Talvez estejamos pensando em tudo que não conseguimos realizar ainda em 2019, nesta década ou em nossa vida toda. Experimentemos derrubar todos os altares e postes-ídolos da desobediência em nossa vida e confiar completamente no Senhor, aceitando os desafios que Ele nos tem proposto em nossa vida pessoal e em nossa vida de serviço para Deus. A glória da vitória será toda dele.

A próxima matéria será:

4.    Saul. Escondeu-se entre as bagagens, por medo de assumir o trono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário