sexta-feira, 22 de março de 2019

Série de mensagens sobre Moisés 7. A Lei de Moisés

Por: Jânio Santos de Oliveira

                                                                                             
Presbítero e professor de teologia da Igreja

 Assembléia de Deus no Estácio

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Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!

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Estamos de volta com a série de mensagens sobre Moisés, 

desta feita pra falar sobre  "A Lei de Moisés ". Vamos 

acompanhar!


Inicialmente vamos meditar no Livro do Êxodo 20.18-22,24; 

24.4,6-8.

20.18 - E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe.
19 - E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; e não fale Deus conosco, para que não morramos.
20 - E disse Moisés ao povo: Não temais, que Deus veio para provar-vos e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis.
21 - E o povo estava em pé de longe: Moisés, porém, se chegou à escuridade onde Deus estava.
22 - Então, disse o SENHOR a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós tendes visto que eu falei convosco desde os céus.
24 - Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas: em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei ali e te abençoarei.
24.4 - E Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel;
6 - E Moisés tomou a metade do sangue e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar.
7 - E tomou o livro do concerto e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos e obedeceremos.
8 - Então, tomou Moisés aquele sangue, e o espargiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras.




Os dez mandamentos eram leis que diziam como os israelitas deviam viver como uma nação.
As leis vieram diretamente de Deus para Moisés e foram escritas em duas tábuas de pedra (veja Êxodo 31). Elas foram dadas a Moisés quando ele se encontrou com Deus no Monte Sinai durante o tempo em que os israelitas vagaram pelo deserto.
Esses mandamentos eram uma aliança entre Deus e seu povo. Eles significavam o relacionamento e a promessa de amor e orientação de Deus. Essas leis foram feitas para ajudar os israelitas a se darem bem juntos e manter a sua adoração ao único Deus verdadeiro.
Deus deu esses mandamentos duas vezes aos israelitas. Moisés quebrou as primeiras tábuas num surto de ira quando viu os israelitas adorando um ídolo, um bezerro de ouro. Depois disso Deus deu os mandamentos a ele novamente.
No Novo Testamento, Jesus diz que ele veio para cumprir os mandamentos. A aliança entre Deus e seu povo não é mais baseada na obediência aos mandamentos, mas no relacionamento com Cristo. 



I. Os antecedentes bíblicos dos dez mandamentos.


Os dez mandamentos são relatados duas vezes no Velho Testamento: 
a primeira vez no livro de Êxodo (Êxodo 20:2-17), na passagem que descreve o presente de Deus a Israel, e a Segunda vez em Deuteronômio (Deuteronômio 5:6-21), no contexto de uma cerimônia de renovação da aliança. Moisés lembra o seu povo da substância e do significado dos mandamentos, enquanto eles renovam a sua lealdade à aliança com Deus.

Na língua original, os mandamentos são chamados de "as dez palavras". De acordo com o texto bíblico, eles são "palavras" ou leis, ditas por Deus, não o resultado de um processo legislativo humano. É dito que os mandamentos são escritos em duas tábuas. Isso não significa que havia cinco mandamentos em cada tábua. Ao invés disso, todos os dez estavam escritos nas duas tábuas, a primeira pertencia a Deus que deu a lei, e a segunda pertencia a Israel que recebeu as leis.
Os mandamentos tratam com duas áreas básicas da vida humana. As cinco primeiras dizem respeito ao relacionamento com Deus, e as cinco últimas ao relacionamento entre os seres humanos. 



1. O contexto dos dez mandamentos



Os mandamentos são inseparáveis da aliança. Deus garantiu o seu comprometimento com Israel e em retorno ele impôs certas obrigações sobre o povo israelita. 

Apesar das obrigações de Israel serem expressas detalhadamente mais pra frente, a expressão mais precisa e sucinta é dada nos Dez Mandamentos. Os mandamentos listaram os princípios mais fundamentais da lei hebraica. As leis detalhadas que estão no Pentateuco, na maior parte, aplicam os princípios em situações específicas. Desta maneira, o papel dos dez mandamentos na Israel antiga era de dar direção a um relacionamento. Eles não deveriam obedecer só por obedecer ou para ganhar algum tipo de crédito, mas sim para descobrir a riqueza e a plenitude de um relacionamento com Deus. 


Os mandamentos não eram meramente um código de ética ou conselho moral. A aliança era entre Deus e uma nação; os mandamentos eram diretamente direcionados a vida daquela nação e seus cidadãos. Conseqüentemente, o papel inicial dos mandamentos era parecido com aquele de uma lei criminal numa nação moderna. 
Israel era uma teocracia, uma nação cujo rei era Deus (Deuteronômio 33:5). Os mandamentos proporcionavam orientação aos cidadãos da nação. Então, infringir um mandamento era cometer um crime contra a nação e contra o governador desta nação, Deus. As penalidades eram severas, pois quebrar um mandamento ameaçava a relacionamento da aliança e a existência continua da nação. 

2. O significado dos dez mandamentos



Os mandamentos começam com um prefácio (Êxodo 20:2; Deuteronômio 5:6) que identifica Deus, que deu os mandamentos a um povo com quem ele já tinha um relacionamento. 

A pessoa que da a lei é o Deus do Êxodo, que redimiu o seu povo da escravidão e os deu a liberdade. Os mandamentos foram dados a um povo que havia sido redimido; eles não foram dados para alcançar a redenção. Há algumas variações na numeração dos mandamentos. 

De acordo com alguns sistemas, o prefácio é identificado com os primeiros mandamentos. Parece preferível no entanto, entender as palavras de abertura como um prefácio para os Dez Mandamentos. 



“Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).

II. A promulgação da Lei.

1. A solenidade. 

O ritual do concerto e da promulgação da lei no pé do monte Sinai aconteceu cerca de três meses após a saída de Israel do Egito (Êx 19.1-3). Os israelitas permaneceram ali durante um ano (Nm 10.11,12). A revelação da lei começa aqui e vai até o livro de Levítico (Lv 27.34). O livro de Números registra as jornadas de Israel no deserto, e Deuteronômio é o discurso em que Moisés recapitula a lei e traz ao povo uma reflexão sobre os acontecimentos no deserto desde a saída do Egito, exortando Israel à fidelidade a Deus (Dt 1.3; 4.1).

2. A credibilidade de Moisés.

 Diante de tudo o que aconteceu, quem poderia questionar a legitimidade de Moisés como mediador entre Deus e o povo? Quem podia duvidar da autenticidade e da autoridade da lei (Êx 20.22)? Não seria exagero afirmar que Deus quis fortalecer a autoridade de Moisés com aquelas manifestações sobrenaturais (Êx 19.9). A manifestação visível do poder de Deus ao povo era uma prova irrefutável de sua origem divina (Êx 20.18-22; 19.16-19). As coisas de Deus são sempre às claras. Uma das grandezas do cristianismo é que ele foi erigido sobre fatos. Os evangelhos estão repletos dos milagres que Jesus operou diante do povo (Jo 18.19-21).

3. A lei. 

A lei de Moisés é o alicerce de toda a Bíblia, e os judeus a consideram “a expressão máxima da vontade de Deus”. O termo hebraico torah aparece no Antigo Testamento como “instrução, ensino, lei, decreto, código legal, norma”, e vem da raiz de um verbo que significa “instruir, ensinar”. A Septuaginta emprega a palavra grega nomos, “lei, norma”, usada também no Novo Testamento. Além de designar toda a legislação mosaica (Dt 1.5; 30.10) — o Pentateuco (Lc 24.44; Jo 1.45) — indica também o Antigo Testamento (Jo 10.34,35; Rm 3.19; 1Co 14.21). Segundo os antigos rabinos, a lei contém 613 preceitos contendo 248 mandamentos e 365 proibições.


III. Os códigos.

1. Classificação.

 Os críticos costumam fragmentar os escritos de Moisés. Consideram a legislação mosaica uma coleção de diversos códigos produzidos num longo lapso de tempo. A classificação apresentada é a seguinte: os Dez Mandamentos encabeçam a lista desses expositores (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21). Em seguida, há o que eles denominam Código da Aliança (Êx 20.22-23.33). O que vem depois é o Código de Santidade (Lv 17-26). O Código Sacerdotal é o restante do livro de Levítico e o Código Deuteronômico (Dt 12-26).

2. O que há de concreto? 

Estas seções ou códigos são realmente identificáveis no Pentateuco; no entanto, é inaceitável a ideia de sua existência independente de cada um deles na história. O argumento dos críticos contraria todo o pensamento bíblico. Não existem provas bíblicas nem extrabíblicas de qualquer código isolado no Antigo Israel. A Bíblia inteira atribui a autoria a Moisés, e o próprio Senhor Jesus Cristo chamava o Pentateuco de “lei de Moisés” (Lc 24.44).

IV. O Concerto.

1. O que é um concerto?

 O termo usado no Antigo Testamento para “concerto” é berit, “pacto, aliança”, que literalmente indica obrigação entre pessoas como amigos, marido e mulher; entre grupos de pessoas; ou entre divindade e indivíduo ou um povo. Sua etimologia é incerta. A Septuaginta emprega o termo grego diatheke, “pacto, aliança, testamento”, ou seja, a mesma palavra usada por Jesus ao instituir a Ceia do Senhor. O Antigo Testamento fala de três concertos: com Noé, com Abraão e com Israel no monte Sinai (Gn 9.8-17; 15.18; Êx 24.8). O Novo Testamento fala do novo concerto que o Senhor Jesus fez com toda a humanidade (Mt 26.28; Hb 8.13).

2. Preparativos.

 Até este ponto na história dos israelitas, Deus vinha agindo em cumprimento às promessas feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Gn 15.18; 17.19; Êx 2.24). Essa promessa precisava ser levada avante. Agora os filhos de Israel formavam um grande aglomerado de pessoas, e essa multidão precisava ser organizada como nação e estabelecida uma forma de governo com estatutos que constituíssem sua lei.

3. O concerto do Sinai. 

O concerto do Sinai não era apenas a ratificação da promessa feita a Abraão, mas sua aprovação oficial (Gn 15.18; Gl 3.17). As duas partes envolvidas eram, de um lado, o grande Deus Jeová: “se diligentemente ouvirdes a minha voz” (ÊX 19.5); e, de outro, Israel: “Tudo o que o SENHOR tem falado faremos” (Êx 19.8). O povo reafirma esse compromisso mais adiante (Êx 24.7). Era um concerto temporal, local e nacional com mediador falível, ao passo que o de Cristo tinha aplicação universal, foi em favor de toda a raça humana e o Mediador era perfeito.

4. O livro do concerto.

 Moisés “tomou o livro do concerto e o leu aos ouvidos do povo” (24.7). O concerto foi feito sob as palavras desse livro que continha os mandamentos e os direitos e deveres para a vida de Israel (24.8). Deus já havia mandado Moisés escrever os acontecimentos ocorridos até a guerra dos amalequitas (Êx 17.14). Mas aqui o texto se refere a uma coleção de ordenanças escritas pelo próprio Moisés (24.4). Segundo Umberto Cassuto, professor das universidades de Milão, Roma e Jerusalém, esse livro continha Êxodo 19—20.19 e 20.22—23.33. Nessa época, a revelação do Sinai ainda estava em andamento.


V. O sacrifício.

1. Os holocaustos.

 A solenidade foi celebrada com sacrifícios de animais (20.4). O holocausto, olah, em hebraico, significa “o que sobe”, pois a queima subia em forma de fumaça, como cheiro suave diante de Deus. Neste sacrifício, a vítima era completamente queimada como sinal de consagração do ofertante a Deus. A Septuaginta emprega holokautoma, derivado de duas palavras gregas: holos, “inteiro, completo, total”, e kaustos, “queima”. Ou seja, uma oferta totalmente queimada, ou completamente queimada no altar, era considerada o mais perfeito dos sacrifícios.

2. O sangue. 
Deus mandou Moisés oferecer o sacrifício do concerto e aspergir o sangue sobre o altar e o povo (24.6,8). Todo o sistema sacrifical fundamenta-se na ideia de substituição, e isso implica expiação, redenção, perdão e sacrifício vicário à base de sangue (Lv 17.11). O sangue aqui era o ponto de união entre Deus e seu povo; com ele, Israel começava uma nova etapa em sua história (Sl 50.5). O escritor aos Hebreus lembra que o concerto do Sinai foi celebrado com sangue e faz uma analogia com a Nova Aliança, porque o Senhor Jesus a selou com seu próprio sangue (Hb 9.18-22).

3. A aspersão.

 Moisés colocou metade do sangue em bacias e aspergiu outra metade sobre o altar (24.6). O sangue das bacias foi aspergido sobre o povo, como recipiente das bênçãos de Deus e parte do concerto. O sangue do altar representa o próprio Deus, a outra parte da aliança, visto que sem derramamento de sangue não há remissão (Hb 9.22). Tudo isso era também um prenúncio da redenção em Cristo.


A Lei expõe e condena os nossos pecados, porém, o Senhor Jesus Cristo, pelo seu sangue expiador, nos perdoa e nos justifica mediante a fé.


VI. Os propósitos da Lei.


1. O decálogo (Êx 20.3-17).

O termo Decálogo literalmente significa “dez enunciados” ou “declarações” (Êx 34.28; Dt 4.13). Ele foi proferido por Deus no Sinai (Êx 20.1), mas também escrito por Ele em duas tábuas de pedra (Êx 31.18). O Decálogo exprime a vontade de Deus em relação ao ser humano, “revela, prioritariamente, o caráter do Deus do pacto, inspirando os homens ao temor e à reverência”. É, na verdade, um resumo da lei moral de Deus, que confronta o pecado, apresentando ao homem o caminho para uma vida agradável diante de Deus e “fornecem uma visão de uma sociedade justa e moral”.

Os quatro ou os cinco primeiros mandamentos (independente da linha de raciocínio) dizem respeito a comunhão vertical com Deus, apresentam um padrão de santidade. Alguns consideram o quinto mandamento (honrar pai e mãe) como uma forma de honrar a Deus, por isto o incluem na primeira tábua dos mandamentos. Os outros cinco ou seis mandamentos seguintes referem-se a à comunhão horizontal, um padrão de sociedade justa e constam na segunda tábua. Todos estes mandamentos foram cumpridos nos dois mandamentos apresentados por Jesus (Mt 22.34-40), sendo os quatro (ou cinco) primeiros resumidos à: “Amarás seu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento”. E os outros seis (ou cinco) resumidos à: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. (Mt 22.39).

Esta foi a revelação divina que resistiu e resistirá a séculos, alias foi a maior revelação da história da humanidade. “São nobres e inteiramente diferentes”. Foi uma revelação vinda do céu. A maior revelação do século não foi tirada de gibis, conto de fadas, revistas especializadas, internet e tampouco foi fruto do crédito dado à conversa fiada de visionários, muito menos foi resquício do conhecimento mitológico egípcio de Moisés, mesmo porque ele havia esquecido tudo quando esteve em Midiã.

Ao todo a Lei Mosaica é composta de seiscentos e treze artigos, sendo duzentos e quarenta e oito prescrições (os mandamentos positivos) e trezentos e sessenta e cinco proibições (os mandamentos negativos). Sãos duzentos e quarenta ossos do corpo humano tentando viver os trezentos e sessenta e cinco dias do ano na presença de Deus.

2. Os objetivos dos preceitos divinos. 

A lei foi dada por Deus a Israel com os seguintes objetivos:
a) Prover um padrão de justiça. A lei entregue pelo Senhor a Moisés é um padrão de moralidade para o caráter e a conduta do homem, seja ele judeu, seja ele gentio (Dt 4.8; Rm 7.12). “Inicialmente, a lei foi dada ao povo de Israel, mas, de forma atemporal, os princípios norteadores da lei são eternos e contemplam a todos nós”.

b) Identificar e expor a malignidade do pecado. “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse”; isto é, fosse devidamente conhecida (Rm 5.20). “Pela lei vem o conhecimento do pecado”, ou seja, o conhecimento pleno da transgressão (Rm 3.20; 7.7). A lei não faz do ser humano um pecador, mas faz com que ele se reconheça como um transgressor, mostra a sua inclinação. Ela expõe a malignidade do pecado, mas ao mesmo tempo aponta o caminho da sua expiação pela fé em Deus através dos sacrifícios que eram oferecidos no Tabernáculo (Lv 4-7).

c) Revelar a santidade de Deus. O Senhor revela a sua santidade por intermédio da lei mosaica (Êx 24.15-17; Lv 19.1,2), de igual forma, em o Novo Pacto, Ele revela a todo o mundo o seu amor através do seu Filho Jesus (Jo 3.16; Rm 5.8). A lei foi dada por Deus para conduzir a humanidade a Cristo (Rm 10.4).

VII. Os dez mandamentos  (Êx 20.1-17)


1. O primeiro mandamento (Dt 5.6,7; 6.1-6).


O primeiro mandamento vai além da proibição à idolatria; é contra o politeísmo, seja em pensamento, seja em palavras. O propósito é levar Israel a amar e a temer a Deus, e a adorar somente a Ele com sinceridade. Deus libertou os israelitas da escravidão do Egito e por essa razão tem o direito ao senhorio sobre eles, da mesma maneira que Cristo nos redimiu e se tornou Senhor absoluto da nossa vida.

A.  A  autoridade da Lei

a . A fórmula introdutória do Decálogo. Os Dez Mandamentos estão registrados em dois lugares na Bíblia (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21). A fórmula introdutória: “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo [...]” (Êx 20.1), é característica única, como disse o rabino e erudito bíblico Benno Jacob: “Nós não temos um segundo exemplo de tal sentença introdutória”. Nem mesmo na passagem paralela em Deuteronômio é repetida, mas aparece de maneira reduzida ao mínimo absoluto.

b . As partes do concerto.

 O prólogo dos Dez Mandamentos identifica as partes do concerto do Sinai: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Dt 5.6; Êx 20.2). Estas palavras são a fonte da autoridade divina da lei e o prefácio de todo o Decálogo. É o termo legal de um pacto. De um lado, o próprio Deus, o autor do concerto, e de outro, Israel, o povo a quem Deus escolheu dentre todas as nações (Dt 4.37; 10.15). O nome de Israel não aparece aqui, pois não é necessário. Deus se dirige ao seu povo na segunda pessoa do singular porque a responsabilidade de servi-lo é pessoal, é para cada israelita, mas está claro que o texto se refere a Israel-nação.

c . O Senhor do universo. 

Alguns críticos liberais, com base numa premissa falsa sobre a composição dos diversos códigos do sistema mosaico, querem sustentar a ideia de um Deus tribal ou nacional na presente declaração. São teorias subjetivas que eles procuram submeter a métodos sistemáticos para dar forma acadêmica ao seu pressuposto. Mas o relato da criação em Gênesis e do dilúvio, por exemplo, fala por si só da soberania de Jeová em todo o universo como Senhor do céu e da terra, reduzindo as ideias liberais a cinzas.

d . A libertação do Egito.

A segunda cláusula — “que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” — é uma explicação de como se estabeleceu o concerto. Estava cumprida a promessa de redenção feita a Abraão (Gn 15.13,14). A libertação de Israel do Egito prefigura a nossa redenção, pois éramos prisioneiros do pecado e Cristo nos libertou (Jo 8.32,36; Cl 1.13,14). É legítimo o senhorio de Deus sobre Israel da mesma maneira que o Senhor Jesus Cristo tem o direito de reinar em nossa vida (Gl 2.20).

B . O porquê  do primeiro mandamento.

a . Um código monoteísta.

 O pensamento principal do primeiro mandamento abrange a singularidade e a exclusividade de Deus. Esse mandamento é o fundamento da vida em Israel, a base de toda a lei e de toda a Bíblia. Jeová é o único e verdadeiro Deus e somente Ele deve ser adorado (Mt 4.10). É a primeira vez que um código de lei apresenta a existência de um só Deus: “Não terás outros deuses” (Dt 5.7; Êx 20.3). Os povos da antiguidade eram politeístas, pois adoravam a vários deuses.

b . Idolatria do Egito.

 Os antigos egípcios empregavam o termo TaNeteru, “terra dos deuses” para o seu país. Havia no Egito uma proliferação de deuses como as tríades Osíris, Ísis e Hórus, divindades padroeiras da cidade de Ábidos; Ptah, Sekhmet e Nefertum, de Mênfis. Amon-Rá, Mut e Khonsu, de Tebas. Os israelitas viviam em meio a essa cultura pagã.

c . Como Israel preservou o monoteísmo de Abraão? 

Os egípcios abominavam os pastores de ovelhas, principal atividade dos filhos de Israel. Por essa razão os hebreus foram viver em Gósen, separados da idolatria (Gn 46.34). Agora, o próprio Deus comunicava por meio de Moisés sua singularidade e exclusividade. Era a revelação da doutrina monoteísta.

B. Exegese dos dez mandamentos 

a . Outros deuses. 

As palavras hebraicas aherim e elohim, “outros deuses”, referem-se aos falsos deuses. O substantivo elohim se aplica tanto ao Deus verdadeiro como aos deuses das nações. No primeiro caso, é usado para expressar o conceito universal da deidade, como encontramos no capítulo inteiro de Gênesis 1, pois expressa a plenitude das excelências divinas.


b . O ponto de discussão. 

A expressão “diante de mim” (Dt 5.7b), em hebraico, al-panay, é termo de significado amplo: “além de mim, acima de mim, ao meu lado, oposto a mim, etc.” Essa variedade de sentido pode levar alguém a pensar que o primeiro mandamento não proíbe o culto dos deuses, mas a adoração aos deuses diante de Deus. Há quem defenda tal interpretação, mas é engano, pois o propósito de al-panay aqui é mostrar que só Jeová é Deus. Não existe nenhum deus além do Deus de Israel (Is 45.6,14,21; Jo 17.3; 1Co 8.6). Os deuses só existem na mente dos gentios (1Co 8.5) e não sãos reais (Gl 4.8). Os ídolos que os pagãos adoram são os próprios demônios (1Co 10.19-21).

c . O politeísmo. 

É a prática de adoração a mais de uma divindade. Esta era a prática dos cananeus e de todos os povos da antiguidade, e continua ainda hoje em muitas culturas. O termo vem da língua grega, reunindo polys, “muito”, e theos, “deus”. Isso significa que o politeísta serve e adora a vários deuses, e não o simples fato de reconhecer a existência deles. Trata-se de um sistema oposto ao monoteísmo (monos, “único”), a crença em um só Deus, revelado nas Escrituras Sagradas (Dt 6.4).

C.  O Monoteísmo

a . Os mandamentos, os estatutos e os juízos. 

Essas palavras denotam toda a lei do concerto (Dt 6.1,2). A pedido do próprio povo, Moisés passa a relatar, a partir daqui, as palavras que Deus lhe disse no monte (Dt 5.27-31). A ordem aqui tem por objetivo estreitar a relação de Deus com os filhos de Israel quando entrarem na Terra Prometida. O povo precisava ser instruído para viver em obediência e no temor de Jeová, e assim possuir a terra dos cananeus por herança (Dt 4.1).


b . O maior de todos os mandamentos.

 Note que a frase “o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4) é citada por Jesus Cristo como parte do primeiro e grande mandamento da lei (Mc 12.29,30). Essa é a confissão de fé do judaísmo e, ainda hoje, os judeus religiosos recitam-na três vezes ao dia.


c . A Trindade na unidade. 

A palavra hebraica usada aqui indica uma unidade composta, por isso o monoteísmo judaico-cristão não contradiz a doutrina da Trindade. A mesma palavra é usada para afirmar que marido e mulher são “uma só carne” (Gn 2.24). A expressão “o único SENHOR” se traduz também por “o SENHOR é um” (Zc 14.9). A Bíblia Hebraica, tradução judaica do Antigo Testamento para o português, traduz o termo como “o Eterno é um só”. Além disso, vemos a Trindade indiretamente em todo o Antigo Testamento. O Novo Testamento tornou explícito o que dantes estava implícito com a manifestação do Filho de Deus.


2. O segundo mandamento.  (Êx 20.4-6; Dt 4.15-19.

O primeiro mandamento estabelece a adoração somente a Deus e a mais ninguém. A ordem do segundo mandamento é para adorar a Deus diretamente, sem mediação de qualquer objeto. A idolatria é o primeiro dos três pecados capitais na tradição judaica, “a idolatria, a impureza e o derramamento de sangue”. Os cristãos devem se abster da contaminação dos ídolos (At 15.20).


B. A proibição à idolatria

a . Ídolo e imagem. 

O termo hebraico empregado aqui para “imagem de escultura” (Êx 20.4; Dt 5.8) é péssel, usado no Antigo Testamento para designar os deuses (Is 42.17), como Aserá, a divindade dos cananeus (2Rs 21.7, TB — Tradução Brasileira). Esses ídolos eram esculpidos em pedra, madeira ou metal (Lv 26.1; Is 45.20; Na 1.14). A Septuaginta traduz péssel pela palavra grega eidolon, “ídolo”, a mesma usada no Novo Testamento (1Co 10.14; 1Jo 5.21). O ídolo é um objeto de culto visto pelos idólatras como tendo poderes sobrenaturais e a imagem é a representação do ídolo.

b . Idolatria. 

O termo “idolatria” vem de eidolon, “ídolo”, e latreia, “serviço sagrado, culto, adoração”. Idolatria é a forma pagã de adoração a ídolos, de adorar e servir a outros deuses ou a qualquer coisa que não seja o Deus verdadeiro. É prática incompatível com a fé judaico-cristã, pois nega o senhorio e a soberania de Deus. Moisés e os profetas viam na idolatria a destruição de toda a base religiosa e ética dos israelitas, além de negar a revelação (Dt 4.23-25).
c . Semelhança ou figura. 

A frase “Nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4b; Dt 5.8b), à luz de Deuteronômio 4.12,15, proíbe adorar o próprio Deus verdadeiro por intermédio de qualquer objeto. A palavra hebraica para “semelhança” é temunah, “aparência, representação, manifestação, figura”. Sua ideia básica é de aparência externa, ou seja, uma imagem vista numa visão (Nm 12.8; Dt 4.12,16-18; Jó 4.16; Sl 17.15). Essa proibição inclui a representação de coisas materiais como homens e mulheres, pássaros, animais terrestres, peixes e corpos celestes (Dt 4.16-19).

 C. As ameaças e promessas.

a . O Deus zeloso. 

O adjetivo hebraico qanna, “zeloso”, aparece apenas cinco vezes no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24; 5.9; 6.15) e está associado ao nome divino el, “Deus”. O zelo de Jeová consiste no fato de ser Ele o único para Israel, e este não deveria partilhar o amor e a adoração com nenhuma divindade das nações. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em relação a outros deuses.

b . As ameaças. 

A expressão “terceira e quarta geração” (Êx 20.5; Dt 5.9) indica qualquer número ou plenitude e não se refere necessariamente à numeração matemática, pois se trata de máxima comum na literatura semítica (Am 1.3,6,11,13; 2.1,4,6; Pv 30.15,18,21,29). O objetivo aqui é contrastar o castigo para “terceira e quarta geração” com o propósito de Deus de abençoar a milhares de gerações.

c . As promessas. 

Salta à vista de qualquer leitor a diferença entre castigo e misericórdia. A ira divina vai até a quarta geração, no entanto, a misericórdia de Deus chega a mil gerações sobre os que guardam os mandamentos divinos (Êx 20.6; Dt 5.10). Muito cedo na história, o nosso Deus revela que seu amor ultrapassa infinitamente o juízo.

D. O culto verdadeiro

a . Adoração.

 O segundo mandamento proíbe fazer imagem de escultura e também de se prostrar diante dela para adorá-la: “não te encurvarás a elas, nem as servirás” (Êx 20.5; Dt 5.9). Adoração é serviço sagrado, culto ou reverência a Deus por suas obras. É somente a Deus que se deve adorar (Mt 4.10; Ap 19.10; 22.8,9).

b . Deus é espírito.

 O Catecismo Maior de Westminster (1648) declara que “Deus é Espírito, em si e por si infinito em seu ser” (Jo 4.24; Êx 3.14; Jó 11.7-9). O espírito é substância imaterial e invisível, diferentemente da matéria. É também indestrutível, pois o “espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39). Além de a Bíblia afirmar que Deus é espírito, declara também de maneira direta que Ele é invisível (Cl 1.15; 1Tm 1.17). Assim, a espiritualidade que tem Deus como alvo é incompatível com as imagens dos ídolos.


c . Deus é imanente e transcendente. 

A imanência é a forma de relacionamento de Deus com o mundo criado e principalmente com os seres humanos e sua história. O Salmo 139 é um exemplo clássico. A transcendência significa que Deus é um ser que não pertence à criação, não faz parte dela, transcende a toda matéria e a tudo o que foi criado (Jo 17.5,24; Cl 1.17; 1Tm 6.16). O exclusivismo da sua adoração é natural porque Deus é incomparável; ninguém há como Ele no universo (Rm 11.33-36).

E. As imagens e o catolicismo Romano

a . O que dizem os teólogos católicos romanos? 

A edição brasileira do Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1993, no período do pontificado do papa João Paulo II, afirma que o culto de imagens não contradiz o mandamento que proíbe os ídolos. Os teólogos católicos romanos ensinam que a confecção da arca da aliança com os querubins e a serpente de metal no deserto (Êx 25.10-22; 1Rs 6.23-28; 7.23-26; Nm 21.8) permitem o culto às imagens.

b. Uma interpretação forçada. 

O argumento da igreja católica é falacioso porque os antigos hebreus não cultuavam os querubins nem a arca, menos ainda a serpente de metal. O povo não dirigia orações a esses objetos. A arca e os querubins do propiciatório sequer eram vistos pelo povo, pois ficavam no lugar santíssimo (Êx 26.33; Lv 16.2; Hb 9.3-5). Quando o povo começou a cultuar a serpente que foi construída no deserto, o rei Ezequias mandou destruí-la (2Rs 18.4). As peças religiosas a que os teólogos católicos romanos se referem serviam como figuras da redenção em Cristo (Hb 9.5-9; Jo 3.14,15).

c . O uso de figuras como símbolo de adoração.

 A adoração ao Deus verdadeiro por meio de figura, símbolo ou imagem é idolatria. Isso os israelitas fizeram no deserto (Êx 32.4-6). Mica e Jeroboão I, filho de Nebate, procederam da mesma maneira (Jz 17.2-5; 18.31; 1Rs 12.28-33). Os ídolos que a Bíblia condena não se restringem a animais, corpos celestes ou forças da natureza, pois inclui também figuras humanas (Sl 115.4-8).

d . Mariolatria.

 É o culto de Maria, mãe de Jesus. Seus adeptos dirigem oração a ela, prostram-se diante de sua imagem e acreditam que sua escultura é milagrosa. Isso é idolatria! Os devotos, propagandeados pela mídia, atribuem a Maria uma posição que a Bíblia não lhe confere. Nós reconhecemos o papel honroso da mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, mas ela mesma jamais aceitaria ser cultuada (Lc 1.46,47; 11.27, 28; 1Tm 2.5).

Devemos ter discernimento para distinguir ídolos de objetos meramente decorativos. Tudo aquilo que a pessoa ama mais do que a Deus torna-se idolatria (Ef 5.5; Cl 3.5). A Bíblia não proíbe as artes, nem a escultura em si mesma e nem a pintura. Deus mesmo inspirou artistas entre os israelitas no deserto (Êx 35.30-35). O rei Salomão mandou esculpir querubins na parede e touros e leões para decorar o templo (1Rs 6.29; 7.29) e o palácio real (1Rs 10.19,20), mas nunca com objetivo de que tais objetos fossem adorados.

3. O terceiro mandamento. (Êx 20.7; Mt 5.33-37; 23.16-19).

A dificuldade humana para dizer a verdade e cumprir com os seus compromissos na antiguidade eram motivos de juramentos triviais em coisas efêmeras da vida. Deus é santo e exige santidade de seu povo. Assim, o relacionamento de todas as pessoas deve ser honesto e cada um deve falar a verdade. A lei estabelece limites, pois Deus está presente nos relacionamentos pessoais de seu povo.

A. O nome divino

a . O nome. 

Nos tempos do Antigo Testamento, o nome era empregado não simplesmente para distinguir uma pessoa das outras, mas também para mostrar o caráter e a índole do indivíduo. Houve caso de mudança de nomes em consequência de uma experiência com Deus como Abraão (Gn 17.5), Sara (Gn 17.15) e Jacó (Gn 32.28). O nome de Deus representa o próprio Deus, é inerente à sua natureza e revela suas obras e atributos. Não é um apelativo, nem simplesmente uma identificação pessoal ou uma distinção dos deuses das nações pagãs. A Bíblia revela vários nomes divinos que podemos classificar em dois grupos: genéricos e específicos.

b . Nomes genéricos.

 São três os nomes genéricos que o Antigo Testamento aplica além do “Deus de Israel”. Na sua tradução do hebraico para a nossa língua só aparecem dois nomes, “Deus” e “Altíssimo”. O nome “Deus” em nossas bíblias é tradução do hebraico El (Nm 23.8) ou Eloah (Dt 32.15), ou seu plural, Elohim (Gn 1.1). O outro nome genérico é Elyon, “Altíssimo” (Dt 32.8), às vezes acompanhado de “El”, como em El-Elyon, “Deus Altíssimo” (Gn 14.19,20).

c . Nomes específicos.

 São três os nomes específicos que o Antigo Testamento aplica somente para o Deus verdadeiro:ShaddayAdonay e YHWHEl-Shadday, “Deus Todo-poderoso”, é o nome que Deus usou ao revelar-se a Abraão (Gn 17.1; Êx 6.3). Adonay, “Senhor”, é um nome próprio e não um pronome de tratamento (Is 6.1). O outro nome é o tetragrama (as quatro consoantes do nome divino, YHWH, Yahweh, Javé ou Jeová). A versão Almeida Corrigida, nas edições de 1995 e 2009, emprega “SENHOR”, com todas as letras maiúsculas, onde consta o tetragrama no Antigo Testamento hebraico para distinguir de Adonay(Jz 6.22).

B. O nome que se tonou inefável.

a . A pronúncia do nome divino.

 O tetragrama é inefável no judaísmo desde o período interbíblico e permanece impronunciável pelos judeus ainda hoje. Isso para evitar a vulgarização do nome e assim não violar o terceiro mandamento. A escrita hebraica é consonantal; as vogais são sinais diacríticos que os judeus criaram somente a partir do ano 500 d.C. Assim, a pronúncia exata das consoantes YHWH se perdeu no tempo. Os judeus religiosos pronunciam por reverência Adonay cada vez que encontram o tetragrama no texto sagrado na leitura da sinagoga.

b . Jeová ou Javé?

 Na Idade Média, especificamente no século XIV, foram inseridas no tetragrama as vogais de Adonay (o “y” é semiconsoante no alfabeto hebraico). O resultado é a pronúncia “YeHoWaH”. Isso para lembrar, na leitura, que esse nome é inefável e, dessa forma, pronunciar “Adonai”. Esse enxerto no tetragrama resultou na forma “Jeová”, que não aparece no Antigo Testamento hebraico. Estudos acadêmicos confirmam o que a maioria dos expositores do Antigo Testamento vinham ensinando, que a pronúncia antiga do nome é Yahweh, e na forma aportuguesada é Iavé ou Javé.

c . O significado. 

Esse nome vem do verbo hebraico hayah, “ser, estar”. O significado desse verbo em Êxodo 3.14, “EU SOU O QUE SOU”, indica que Deus é imutável e existe por si mesmo; é auto existente, autossuficiente e que causa todas as coisas. Deus se revela pelo seu nome. O terceiro mandamento é um resumo e ao mesmo tempo uma recapitulação daquilo que Deus havia dito antes a Moisés (Êx 3.14; 6.3).

C.  Tomar o nome de Deus em vão

a . O terceiro mandamento (Êx 20.7; Dt 5.11).

 O termo hebraico lashaw, “em vão, inutilmente, à toa”, indica algo sem valor, irreal no aspecto material e moral. A Septuaginta emprega a expressão grega epimataio, “impensadamente”. O substantivo shaw (pronuncia-se “chav”) significa “vaidade, vacuidade”. Corresponde a usar o nome de Deus de forma superficial, em conversas triviais, e faltar com a verdade em seu nome, como ao pronunciar um juramento falso (Lv 19.12) ou fazer um voto e não o cumprir (Ec 5.4).

b . Juramento e perjúrio. 

O juramento é o ato de fazer uma afirmação ou promessa solene tomando por testemunha algum objeto tido por sagrado; o perjúrio é o falso juramento. As palavras do Senhor Jesus, “ouvistes que foi dito aos antigos” (Mt 5.33), não se referem ao Antigo Testamento, mas aos antigos ensinos dos rabinos, às suas interpretações peculiares das passagens da lei que falam sobre o tema (Êx 20.7; Lv 19.12; Dt 6.13). Isso fica claro, pois as palavras seguintes, “Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor”, não aparecem em nenhum lugar no Antigo Testamento.

c . Modalidades de juramentos. 

As autoridades israelitas escalonavam o juramento em diversas modalidades: pelo céu, pela terra, por Jerusalém (Mt 5.34-36), pelo Templo e pelo ouro do Templo; pelo altar e pela oferta que está sobre o altar e assim por diante (Mt 23.16-22). Segundo essa linha de pensamento, os juramentos se classificavam em obrigatórios e não obrigatórios. Jurar pelo Templo não seria válido; mas, se alguém jurasse pelo ouro do Templo, estava obrigado a cumpri-lo. Tais crenças e práticas eram condenadas nas Escrituras Sagradas. Tudo isso era uma forma de ocultar o pecado.

D. O Senhor Jesus proibiu o juramento?

a . Objetivo do terceiro mandamento.

 A finalidade é pôr um freio na mentira, restringir os juramentos e assim evitar a profanação do nome divino (Lv 19.12). O Senhor Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso a santificar o nome divino (Mt 6.9). Ninguém deve usar o nome de Deus nas conversas triviais do dia a dia, pois isso é misturar o sagrado com o comum (Lv 10.10). O Senhor Jesus condenou duramente essas perversões farisaicas, práticas que precisavam ser corrigidas ou mesmo substituídas. Este mandamento foi restaurado sob a graça e adaptado a ela na nova dispensação, manifesto na linguagem do cristão: “sim, sim; não, não” (Mt 5.37).

b . A proibição absoluta.

 Há os que entendem que a expressão “de maneira nenhuma” (Mt 5.34) é uma proibição de toda e qualquer forma de juramento. Entre os que defendem essa interpretação estão os amish e os quakers, que nos Estados Unidos se recusam a jurar nos tribunais de justiça. Eles acreditam que o Senhor Jesus não fez declaração sob juramento diante do Sinédrio (Mt 26.63,64). De igual modo, o apóstolo Paulo evitava fazer juramentos em afirmações solenes (Rm 9.1; 1Co 1.23).

c . A proibição relativa. 

Outros afirmam que a proibição de Jesus se restringe aos juramentos triviais, e por essa razão o Senhor Jesus foi específico: “de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, [...] nem pela terra, [...] nem por Jerusalém, [...] nem jurarás pela tua cabeça” (Mt 5.34-36). Outro argumento é que homens de Deus no Antigo Testamento faziam juramentos em situação solene e o próprio Deus jurou por si mesmo (Gn 24.3; 50.6,25; Hb 6.13,16). Consideram, ainda, como juramento a resposta de Jesus e as declarações solenes de Paulo (Mt 26.63,64; Rm 9.1; 1Co 1.23). Essas últimas passagens bíblicas não parecem conclusivas em si mesmas; entretanto, a proibição relativa nos parece mais coerente. Mesmo assim, devemos evitar o juramento e substituir o termo por voto solene em cerimônias de casamento.


4 . O quarto mandamento (Êx 20.8-11; 31.12-17).

As controvérsias deste mandamento giram em torno da sua interpretação. Temos aqui a relação trabalho-repouso e ao mesmo tempo o relacionamento de Deus com Israel. A necessidade de um dia de repouso após seis jornadas de trabalho é universal, mas o sábado é um presente de Deus para Israel. O mandamento de santificar o sábado é mais bem compreendido quando se conhece o propósito pelo qual ele foi dado.


A . O sábado da criação.

a . O shabat. 

Deus celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou (Gn 2.2,3). Aqui está a base do sábado institucional e do sábado legal. O sábado legal não foi instituído aqui; isso só aconteceu com a promulgação da lei. O substantivo shabbat, “sábado”, não aparece aqui, na criação. Surge pela primeira vez no evento do maná (Êx 16.22,23). A Septuaginta emprega a palavra sabbaton, “sábado, semana”, a mesma usada no Novo Testamento grego.

b . Deus concluiu a criação no dia sétimo. 

Deus completou a sua obra da criação no sétimo dia. Deus “descansou” ou seja, cessou, é o significado do verbo hebraico usado aqui, shabat, “cessar, desistir, descansar” (Gn 8.22; Jó 32.1; Ez 16.41). Esse descanso é sinônimo de cessar de criar, e indica a obra concluída. Não se trata de ociosidade, pois Deus não para e nem se cansa (Is 40.28; Jo 5.17).


c . A bênção de Deus sobre o sétimo dia.

 Ele abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, na dispensação da inocência, mas isso foi interrompido por causa do pecado. Agostinho de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, e afirma que Deus o santificou para que esse dia permanecesse para sempre (Confissões, Livro XIII, 36). O sábado da criação aponta para o descanso de Deus ao mundo inteiro no fim dos tempos: “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9).

B. O sábado institucional

a . Desde a criação.

 É o sábado para descanso de todos os povos. É uma questão moral que Deus estabeleceu para a raça humana ao comemorar a criação. Tornou modelo e uma forma natural para toda a raça humana. É a ordem natural das coisas: os campos precisam de repouso, as máquinas necessitam parar para manutenção e assim por diante (Lv 25.4). O sábado institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser qualquer dia ou um período de descanso (Hb 4.8).

b . Não era mandamento. 

O sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade natural do descanso de toda a natureza. O repouso noturno de cada dia não é suficiente para isso. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da criação mas para que, nesse dia, todos cessem o trabalho e assim descansem física e mentalmente para oferecer o seu culto de adoração a Deus.

c . Os patriarcas não guardaram o sábado. 

O livro de Gênesis não menciona os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó observando o sábado. Segundo Justino, o Mártir, Abraão e seus descendentes até o Sinai agradaram a Deus sem o sábado (Diálogo com Trifão 19.5). Irineu de Lião diz que Abraão, “sem circuncisão e sem observância do sábado, ‘acreditou em Deus e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de Deus’” (Contra as Heresias, Livro IV, 16.2).

C. O Sábado legal

a . Significado.

 É o sétimo dia da semana no calendário judaico, marcado para repouso e adoração. Foi introduzido no mundo pela lei; é o sábado legal dado aos israelitas no Sinai. Nenhum outro povo na história recebeu a ordem para guardar esse dia; é exclusividade de Israel (Êx 31.13,17). O sábado e a circuncisão são os dois sinais distintivos do povo judeu ao longo dos séculos (Gn 17.11).

b . O sábado do Decálogo.

 A expressão “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar” (Êx 20.8), remete a uma reminiscência histórica e, sem dúvida alguma, Israel já conhecia o sábado nessa ocasião. Mas parece não ser referência ao sábado da criação. Ele aparece na promulgação da lei (Êx 20.11), contudo, essa reminiscência não reaparece em Deuteronômio (Dt 5.12-15). Trata-se, com certeza, do sábado que o povo não levou a sério no deserto (Êx 16.22-29).

c . Propósito. 

A instituição do sábado legal no Decálogo tinha um propósito duplo: social e espiritual. Cessar os trabalhos a cada seis dias de labor era dar descanso aos seres humanos e aos animais e dedicar um dia para adoração a Deus. É um memorial da libertação do Egito (Dt 5.15). Duas vezes é dito que o sábado é um sinal distintivo entre Deus e a nação de Israel (Êx 31.13,17).

D. Um preceito cerimonial.

a . O sacerdote no Templo. 

O Senhor Jesus Cristo disse mais de uma vez que a guarda do sábado é um preceito cerimonial. Ele colocou o quarto mandamento na mesma categoria dos pães da proposição (Mt 12.2-4). Veja ainda a que Jesus se referia quando falou a respeito desse ritual mencionado em Êxodo 29.33, Levítico 22.10 e 1 Samuel 21.6. Disse igualmente que “os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa” (Mt 12.5), ao passo que não existe concessão para preceitos morais.

b . A circuncisão no sábado. 

Se o oitavo dia da circuncisão do menino coincidir com um sábado, ela tem que ser feita no sábado, nem antes e nem depois. Assim, Jesus mais uma vez declara o quarto mandamento como preceito cerimonial e coloca a circuncisão acima do sábado (Jo 7.22,23 cf. Lv 12.3). Um mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza.

E.  O Senhor do Sábado.

a . O sábado e a tradição dos anciãos.

 Os quatro evangelhos registram os conflitos entre Jesus e os fariseus sobre a interpretação do sábado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado, mas o Senhor Jesus disse que é “lícito fazer bem no sábado” (Mt 12.12). Isso Ele fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10-13; 14.1-6; Jo 5.8-18; 9.6,7,16) e, por isso, nós devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana.
b . Jesus é o Senhor do sábado (Mc 2.28). 

O sábado veio de Deus e somente Ele tem autoridade sobre essa instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade, senão o Filho de Deus. A expressão “o Filho do Homem”, no singular, é título messiânico, não é usual ou comum às outras pessoas. Está claro que Jesus se referia a Ele mesmo. Jesus disse que os seres humanos não foram criados para observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício deles (Mc 2.27).


c . Dia do culto cristão.

 O primeiro culto cristão aconteceu no domingo e da mesma forma o segundo (Jo 20.19,26). Nesse dia o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos (Mc 16.16). O dia do Senhor foi instituído como o dia de culto, sem decreto e norma legal, pelos primeiros cristãos desde os tempos apostólicos (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). É o “sábado” cristão! O sábado legal e todo o sistema mosaico foram encravados na cruz (Cl 2.16,17), foram revogados e anulados (2Co 3.7-11; Hb 8.13). O Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17,18), agora vivemos sob a graça (Jo 1.17; Rm 6.14).

A palavra profética anunciava o fim do sábado legal (Jr 31.31-33; Os 2.11). Isso se cumpriu com a chegada do novo concerto (Hb 8.8-12). Exigir a guarda do sábado como condição para a salvação não é cristianismo e caracteriza-se como doutrina de uma seita.



5 . O quinto mandamento (Êx 20.12; Ef 6.1-3; Mc 7.10-13).


O quinto mandamento era originalmente uma ponte entre as obrigações do israelita com Deus e as do israelita com seu próximo, e liga os quatro primeiros mandamentos aos cinco seguintes. Oito dos dez mandamentos do Decálogo são proibições e dois são positivos, o quarto e o quinto. Temos aqui o segundo mandamento apresentado em fórmula positiva.


A . O quinto mandamento.

a . Os pais biológicos.

O propósito divino aqui é a sustentabilidade da estrutura familiar e a santificação da ordem social. Os pais são representantes de Deus na família; honrá-los e temê-los significa fazer o mesmo em relação a Deus. São eles que geram os filhos e são responsáveis pelo bem-estar deles, pelo seu sustento, alimentação, vestes, saúde e educação. Não existe na vida alguém mais importante para o filho do que o pai e a mãe, pois eles são seus heróis. Esse relacionamento é semelhante ao de Javé com o seu povo Israel (Dt 1.31; Ml 1.6).

b . Os pais espirituais.

 A expressão “o teu pai e a tua mãe” se aplica também aos pais espirituais, que devem ser honrados e respeitados pelos filhos na fé. Isso é visto na lei (2Rs 2.12; 13.14) e na graça (1Tm 1.2; 2Tm 1.2; 2.1; Tt 1.4). A figura do governante também se assemelha à dos pais; veja como Débora se considera mãe de Israel (Jz 5.7). Assim, o mandamento abrange as autoridades espirituais e civis, que devemos respeitar.

c . Os pais intelectuais.

 O respeito e a honra se devem também a quem se destaca pelo conhecimento em qualquer área. Isso é visto no Faraó que constituiu José como primeiro ministro do Egito (Gn 45.8). Isso deve servir como exemplo nas igrejas atuais. Muitos cristãos hoje precisam aprender a lição desse Faraó. Em qualquer lugar em que chegarmos, iremos sempre encontrar alguém melhor do que nós em alguma área, e devemos ter humildade suficiente para reconhecer essa autoridade.


B . A obediência.

a . O verbo honrar. 

Honrar pai e mãe é mandamento divino, e não sugestão humana (Êx 20.12; Dt 5.16; Mt 15.4). O verbo honrar, kaved, é um imperativo intensivo hebraico, do qual vem o substantivo kavod, “honra, glória”. A raiz desse verbo aparece em todas as línguas semíticas, com exceção do aramaico, e o significado é de “ser pesado”, sentido figurado, cuja ideia é de ser importante (Nm 22.15). É usado no Antigo Testamento com vários significados. Um deles diz respeito ao temor, ao reconhecimento, responsabilidade e autoridade; em nosso contexto, refere-se a alguém merecedor de respeito, atenção e obediência (Lv 19.3).

b . Filho adulto. 

A ordem divina é para os adultos; não se restringe à infância e adolescência. Não importa o estado civil ou o status social, todos devem respeitar e reverenciar de coração os pais. Em nenhum lugar da Bíblia ensina que essa ordem seja somente para crianças e adolescentes. Quando o moço e a moça chegam à maioridade, ou mesmo se casam, seus pais continuarão sendo os seus genitores e os filhos devem honrá-los e respeitá-los.


c . À luz da exegese. 

O termo grego usado em Efésios para “filhos” é tekna, plural de teknon; que indica descendente imediato sem especificar sexo ou idade. Aparece cinco vezes nesta epístola: “filhos da ira” (2.3); “filhos amados” (5.1); “filhos da luz” (5.8). Somente 6.4 sugere criança ou adolescente. Em 6.1 parece ambíguo; seria precipitação aplicar esse ensino apenas às crianças e adolescentes. O verbo “obedecer” está na voz ativa, mostrando que se trata de pessoas moralmente livres para assumir uma responsabilidade diante de Deus (Ef 6.1).

C . O sustento

a . Cuidado. 

O sentido de deixar pai e mãe quando se casa (Gn 2.24) é a construção de um novo lar, e não o abandono dos pais. Deus é justo e retribuirá tudo o que o filho fizer com o pai e com a mãe. Quem age dessa forma está semeando para o seu próprio futuro, pois colherá isso na velhice. Há inúmeros exemplos no Antigo Testamento da responsabilidade do filho em cuidar do sustento dos pais (Gn 47.12; Js 2.13,18; 6.23; 1Sm 22.3). O Senhor Jesus citou e viveu este mandamento (Mt 15.4, 5; 19.19; Mc 7.10-12; Lc 2.51).

b . Oferta Corbã. 

O termo “corbã”, korban, é aramaico e significa literalmente “sacrifício”, mas o contexto aqui é algo muito triste. Trata-se de um artifício para fugir “legalmente” do compromisso de sustentar pai e mãe na velhice. O filho podia ser absolvido dessa responsabilidade se fizesse uma promessa de doação em dinheiro destinada ao Templo (Mc 7.11,12). Era uma desculpa para não ajudar os pais, pois se consagrava a Deus tudo o que possuía. Assim, ele dizia aos pais que não podia oferecer ajuda nem fazer nada por eles porque tudo já estava comprometido diante de Deus.

c . Ensino de Jesus. 

Deus não exige esse tipo de oferta de ninguém em sua Palavra, por isso o Senhor Jesus foi contundente com as autoridades religiosas de Israel. Essa doutrina dos fariseus era uma afronta a Deus e à sua Palavra (Mc 7.13). Eles violavam a lei sob um manto de santidade, exibindo uma religiosidade externa e falsa. Ninguém precisa sacrificar a família pela causa do evangelho. Quem cuida do pai e da mãe já está fazendo a obra de Deus; o cuidado da família deve ser prioritário, só depois é que vem a Igreja (1Tm 5.8). Esse é o pensamento cristão, que muitas vezes, infelizmente, é invertido entre nós.

D . Entre a Lei e a graça

a . Autoridade dos pais.

 Honrar e respeitar pai e mãe é um ensinamento que ocupa um lugar de elevada consideração na Bíblia. Desobedecer aos pais é desobedecer a Deus, pois estão investidos de autoridade divina sobre a vida dos filhos e receberam de Deus a responsabilidade pelo bem-estar deles. A observação “porque isto é justo” (Ef 6.1) ou “porque isto é correto”, como diz outra tradução , significa tratar-se de uma lei natural que existe desde o princípio do mundo. Deus já havia colocado a sua lei no coração de todos os homens, mesmo antes de se revelar a Moisés no Sinai (Rm 1.19; 2.14,15). Essa norma existe em todas as civilizações antes e depois de Moisés, e foi dada a Israel como revelação e mandamento divinos (Mt 15.4).

b . O sistema mosaico.

 A promessa aos filhos que honram e obedecem aos pais, descrita no Decálogo, é a longevidade: “para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” (Êx 20.12). A passagem paralela de Deuteronômio acrescenta o sucesso econômico: “para que te vá bem” (Dt 5.16). Temos aqui uma prova incontestável de que originalmente este mandamento era exclusividade de Israel, pois fala sobre herdar a terra de Canaã.

c . Adaptado sob a graça.

 O apóstolo Paulo deliberadamente combina as palavras do quinto mandamento em ambos os textos do Decálogo, Êxodo e Deuteronômio: “Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra” (Ef 6.2,3). Aqui, a Terra Prometida não é citada nem especificada como no Decálogo: “que te dá o SENHOR, teu Deus”. A Igreja, o povo de Deus do novo concerto, não tem terra para herdar, pois a nossa herança é o céu (Fp 3.20). Somos uma congregação de estrangeiros e peregrinos no mundo (1Pe 2.11).

O quinto mandamento é de fundamental importância para conservar uma sociedade estável. Todavia, o cristão o observa como resultado da sua nova vida em Cristo, e não por coerção da lei, que condena à morte os filhos rebeldes (Êx 21.15,17; Lv 20.9; Dt 21.18-21), pois na graça somos guiados pelo Espírito Santo para as boas obras que Deus preparou para andarmos nelas. Não desperdice, portanto, o privilégio e a oportunidade de honrar seu pai e sua mãe, para não perder as bênçãos de Deus.

6 . O sexto mandamento (Êx 20.13; Nm 35.16-25).


O sexto mandamento manifesta o propósito de Deus pela proteção da vida. Sua vontade é que os seres humanos façam o mesmo. O tema é abrangente e complexo, razão pela qual deve ser estudado com diligência. A lei diz “não matarás”. Isso não contraria a guerra, a pena capital e o próprio pensamento cristão? Mas o assunto não se encerra por aí. Esse é o tema do presente estudo.

A . Os motivos

a . Abrangência. 

Este é o primeiro mandamento que consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples com duas palavras: “Não matarás” (Êx 20.13; Dt 5.17). A legislação mosaica dispõe sobre o tema ao longo do Pentateuco, cuja abrangência fala contra a violência, o assassinato premeditado e o não premeditado. Temas como guerra, pena capital, suicídio, aborto e eutanásia são pertinentes ao sexto mandamento.

b . Objetivo.

 O sexto mandamento reflete o ensino geral do Antigo Testamento sobre o respeito à santidade da vida. O Senhor Jesus incluiu aqui o ensino sobre o amor (Mt 5.21,22). No novo concerto Ele inclui “pensamentos e palavras, ira e insultos”. O Novo Testamento considera homicida quem aborrece a seu irmão (1Jo 3.15). O objetivo deste mandamento é religioso e social, com o propósito de proteger a vida e trazer a paz entre os seres humanos (Mt 5.44; Rm 12.18).

c . Contexto. 

“Não matarás” já era um mandamento antigo, mas agora é introduzido de uma forma nova. O respeito à vida era conhecido na Antiguidade pelos mesopotâmios, egípcios e gregos, entre outros. O Código de Hamurabi (1750 a.C.), rei da Babilônia, é um exemplo clássico, contudo não se revestia de autoridade divina. Essa é a primeira distinção entre os códigos antigos e a revelação do Sinai. A outra é que Deus pôs sua lei no coração e na consciência dos demais povos (Rm 1.19; 2.14,15).

B . A importância

a . Da vida. 

A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn 9.6). Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39). Três grandes personagens da Bíblia pediram a morte e não foram atendidas: Moisés, Elias e Jonas (Nm 11.15; 1Rs 19.4; Jn 4.3). Tudo isso nos mostra que a vida pertence a Deus, e não a nós mesmos. Deus sabe a hora em que a vida humana deve cessar, Ele é o soberano de toda a existência.

b . Não matar. 

A proibição do sexto mandamento é não assassinar. O verbo hebraico ratsach, “matar, assassinar, destruir”, aparece 47 vezes no Antigo Testamento, em sua maior parte nos textos legais. A primeira ocorrência é nos Dez Mandamentos (Êx 20.13). A tradução mais precisa das palavras lo e tirtsach seria: “não assassinarás”, ou “não cometerás assassinato”, pois “não matarás” é uma expressão genérica. O dispositivo mosaico proíbe o homicídio premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv 24.17). O termo refere-se também a homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3).
c . Etimologia.

 São raros os termos correspondentes ao verbo ratsach nas línguas cognatas; só no norte da Arábia foi encontrado o verbo radaha, “quebrar em pedaços, estilhaçar”. O termo ratsach não é usado na guerra nem na administração da justiça e não aparece no contexto judicial e militar. Parece haver uma única ocorrência em que ele é aplicado à pena de morte (Nm 35.30), mas estudos mostram que originalmente a ideia do verbo era de vingança de sangue.

C . O procedimento jurídico

a . Significado do homicídio.

 O homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema mosaico, já havia sido estabelecido pelo próprio Criador desde o limiar da raça humana: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gn 9.6). É contra Deus que o homicida está desferindo seu golpe ao tirar a vida de alguém, pois a imagem é a representação de uma pessoa ou coisa.


b . Homicídio doloso (Nm 35.16-21).

 Aqui são dadas instruções específicas acerca do procedimento jurídico sobre o homicídio doloso. Se alguém ferir de morte seu próximo, “com instrumento de ferro” (v.16), “com pedra à mão” (v.17) ou ainda “com instrumento de madeira” (v.17), ou por qualquer outra forma (vv.20,21), e a pessoa golpeada morrer, o autor da ação é considerado homicida. O substantivo “homicida”, rotseach, vem do verbo ratsach e aparece repetidas vezes aqui. Trata-se de homicídio doloso.

c . Homicídio culposo (Nm 35.22-25). 

Era o crime involuntário e acidental, razão pela qual o autor não devia morrer, e a lei estabeleceu o procedimento a ser seguido para livrar o réu da pena de morte. Ele precisava se refugiar numa das cidades de refúgio até provar que o homicídio fora acidental (Dt 19.4-6). A outra maneira de escapar das mãos do vingador do sangue era agarrar-se nas pontas do altar (Êx 21.12-14; 1Rs 1.50,51). Esses dois recursos equivalem ao habeas corpus concedido atualmente.

D . A punição

a . O sangue de Abel. 

O termo “sangue” de Abel em “A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra” (Gn 4.10), está no plural, no hebraico, que segundo o Talmude, antiga literatura religiosa dos judeus, significa “sangue de sua descendência” ou seja: “todo aquele que destruir uma vida em Israel a Escritura reputa como se tivesse destruído o mundo inteiro” (Sanedrin 4.5). Tal crime interrompe para sempre a posteridade da vítima. Em Hebreus é dito que o sangue da aspersão, de Cristo, fala melhor do que o sangue de Abel (Hb 12.24). Isso porque o sangue de Jesus clama por misericórdia, mas o de Abel por vingança (Gn 4.10,11).


b . O vingador.

 A lei dava o direito ao “vingador do sangue” (Nm 35.19,21b), goel, em hebraico, “redentor, remidor, vingador”, de matar o assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21). Era uma grande desonra para a família não vingar o assassinato de um ente querido. Isso é mantido ainda hoje nessa parte do mundo. Porém, o Senhor Jesus mandou substituir a vingança pelo perdão (Mt 5.38,39).


c . Expiação pela vida. 

O crime de assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na legislação mosaica. A primeira, no caso de homicídio doloso, em que uma vida é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino deve ser morto, ou seja, era “vida por vida” (Êx 21.23). A segunda diz respeito ao homicídio culposo, a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a morte do sacerdote da cidade (Nm 35.25).

 O Senhor Jesus vinculou o sexto mandamento à doutrina do amor ao próximo. Devemos manter nossa posição em favor da paz e da fraternização dizendo “não” à violência em suas diversas modalidades, para a glória de Deus.


Deus é o Senhor da vida! Por isso ordenou: Não matarás. Um mandamento que nem sempre o povo de Israel obedeceu. Cidades de Refúgio foram criadas em Israel para defender alguém que pudesse ser morto por causa de um assassinato por legítima defesa. Pois os criminosos que praticavam crimes hediondos pagariam com a própria vida. Não seria justo uma pessoa que matou outra para se defender pagar com o mesmo preço. Deus é justo!
Cidades de Refúgio, crimes hediondos e o próprio mandamento demonstram-nos o quanto seria duro para o povo de Israel conviver na terra de Canaã. O risco de se tornarem iguais ao Egito, mesmo longe do Egito, era iminente. O sexto mandamento defende a vida e afirma que todos têm direito a ela. É um dom de Deus que deve ser respeitado como a própria imagem dEle. A vida é um milagre!
Não é difícil esquecermos este mandamento quando nos revoltamos com os crimes hediondos e tantos outros crimes praticados nos quatro cantos do mundo, apoiando o fazer justiça com as próprias mãos. O Senhor Jesus foi vítima do mais corrupto e cruel sistema de julgamento, mas qual foi o seu comportamento nesse processo? Combatia a vingança com o perdão: “Não te digo que até sete [que se deve perdoar], mas até setenta vezes sete” (Mt 18.22). Criticava a mentalidade popular que dizia “Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo” com “Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazendo bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejais filhos do Pai que está nos céus” (Mt 5.43-45). E deu o maior exemplo com a própria vida enquanto os soldados romanos o crucificavam: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Que difícil!
O “não matarás” é um mandamento para proteger a vida. Por mais que sejamos tentados a defender o “olho por olho e dente por dente”, diante de uma tremenda injustiça, precisamos fazer o exercício diário de olharmos para Jesus e nos lembrarmos de que, mesmo a sua vida esvaindo-se, o nosso Senhor exalava o perdão contra os seus algozes.



7 . O sétimo mandamento. (Êx 20.14; Dt 22.22-30).

O sétimo mandamento condena o adultério e a impureza sexual com o objetivo de proteger a família. A Bíblia não condena o sexo; a santidade dele é inquestionável dentro do padrão divino, mas sua prática ilícita tem sido um dos maiores problemas do ser humano ao longo dos séculos. O sétimo mandamento é tratado de uma maneira na lei, e de outra na graça. Um olhar no episódio da mulher adúltera (Jo 8.1-11) mostra que tal preceito foi resgatado pela graça e adaptado a ela, e não à lei.

A . O conteúdo

a . Abrangência. 

Trata de um tema muito abrangente, que envolve sexo e casamento num contexto social contaminado pelo pecado. O mandamento consiste em uma proibição absoluta, sem concessão, expressa de maneira simples em duas palavras: “não adulterarás” (Êx 20.14; Dt 5.18). Sua regulamentação para os israelitas pode ser encontrada nos livros de Levítico e Deuteronômio, que dispõem contra os pecados sexuais, a prostituição e toda forma de violência sexual com suas respectivas sanções.

b . Objetivo. 

O Decálogo segue uma lógica. Primeiro aparece a proteção da vida, em seguida vem a família e depois os bens e a honra. O mandamento “não adulterarás” veio para proteger o lar e dessa forma estabelecer uma sociedade moral e espiritualmente sadia. A proibição aqui é contra toda e qualquer imoralidade sexual, expressa de maneira genérica, mas especificada em diversos dispositivos na lei de Moisés.

c . Contexto. 

A lei foi promulgada numa sociedade patriarcal que permitia a poligamia. Nesse contexto social, o adultério na lei de Moisés consistia no fato de um homem se deitar com uma mulher casada com outro homem, independentemente de ser ele casado ou solteiro. Os infratores da lei deviam ser mortos, tanto o homem quanto a mulher (Dt 22.22; Lv 20.10).

B . A infidelidade.

a . Adultério.

É traição e falsidade. É a quebra de uma aliança assumida pelo casal diante de Deus e da sociedade, uma infidelidade que destrói a harmonia no lar e desestabiliza a família. A tradição judaico-cristã leva o assunto a sério e considera o adultério um pecado grave. Trata-se de uma loucura que compromete a honra e a reputação de qualquer pessoa, independentemente de sua confissão religiosa ou status social (Jr 29.23; Pv 6.32,33).


b . Sexo antes do casamento. 

Esta prática está muito em voga na sociedade moderna, mas nunca teve a aprovação divina, e por isso os jovens devem evitar essas coisas (Sl 119.9). Em Israel, os envolvidos em tal prática, desde que a mulher não fosse casada ou comprometida, não eram condenados à morte. A pena era menos rigorosa, mas o homem tinha de se casar com a moça, pagar uma indenização por danos morais ao pai da jovem e nunca mais se divorciar dela (Dt 22.28,29). Hoje, esse tipo de pecado requer aplicação de disciplina da Igreja, mas nem sempre o casamento deles é a solução.

c . Fornicação.

 A “moça virgem, desposada com algum homem” (Dt 22.23) diz respeito, no contexto atual, à noiva que ainda não se casou, mas está comprometida em casamento. Trata-se do pecado sexual de fornicação praticado com consentimento mútuo. A pena da lei é a morte por apedrejamento, como no caso de envolvimento com uma mulher casada (Dt 22.24). A razão desta pena vai além do simples ato, pois se trata da quebra de fidelidade, “porquanto humilhou a mulher do seu próximo; assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22.24b).

C. Outros pecados sexuais

a. Estupro. 

A lei contrasta a cidade com o campo para deixar clara a diferença entre estupro e ato sexual consentido. Os versículos 25-27 tratam do caso de violência sexual, pois no campo a probabilidade de socorro era praticamente nula, e a moça era forçada a praticar o ato (22.25). Neste caso, somente o estuprador era morto, acusado de crime sexual, mas a moça era inocentada (Dt 22.26,27).

b . Incesto. 

A lei estabelece a lista de parentesco em que deve e não deve haver casamento, para evitar a endogamia e o incesto (Lv 18.6-18). Mais adiante, a lei prescreve as penas de cada grupo desses pecados (Lv 20.10-23). “Nenhum homem tomará a mulher de seu pai” (Dt 22.30). A lei dispõe contra a prática sexual execrável de abusar da madrasta. É o pecado que desonra o pai, invade e macula o seu leito. Quem pratica tal abominação está sob a maldição divina (Dt 27.20). Na lei, o assunto pertence ao campo jurídico e a condenação prevista é a morte (Lv 20.11). Entretanto, estamos debaixo da graça, e por essa razão o tema é levado à esfera espiritual, cuja sanção se restringe à perda da comunhão da Igreja (1Co 5.1-5). A sábia decisão apostólica é a base para o princípio disciplinar que as igrejas aplicam hoje.

c . Bestialidade.

 É uma aberração sexual, tanto masculina como feminina, contra a qual a lei dispõe tendo como sanção a pena de morte, seja para o homem, seja para a mulher e também para o animal, que devia ser morto (Lv 20.15,16). Bestialidade e homossexualismo desonram a Deus e eram práticas cananeias, razão pela qual os cananeus foram vomitados da terra (Lv 18.23-28).

D . O ensino de Jesus.

a . O sétimo mandamento nos Evangelhos. 

O Senhor Jesus reiterou o que Deus disse no princípio da criação sobre o casamento, que se trata de uma instituição divina, uma união estabelecida pelo próprio Deus (Mt 19.4-6). Ele também se referiu ao tema do sétimo mandamento de maneira direta e indireta. Direta ao fazer uso das palavras “não adulterarás” ou “não cometerás adultério” no Sermão do Monte (Mt 5.27), na questão do moço rico (Mt 19.18) e nas passagens paralelas (Mc 10.19; Lc 18.20). Indireta quando fala acerca do divórcio, tema pertinente ao sétimo mandamento (Mt 19.9; Mc 10.11,12).

b . O problema dos escribas e fariseus.

 Mais uma vez Ele corrige o pensamento equivocado das autoridades religiosas de Israel. Os escribas e fariseus haviam reduzido o sétimo mandamento ao próprio ato físico, pois desconheciam o espírito da lei, apegavam-se à letra dela (2 Co 3.6). Assim, como é possível cometer assassinato com a cólera ou palavras insultuosas, sem o ato físico (Mt 5.21,22), da mesma forma é possível também cometer adultério só no pensamento (Mt 5.27,28).

c . A concupiscência. 

Há diferença entre olhar e cobiçar. O pecado é o olhar concupiscente. O sexo é santo aos olhos de Deus, desde que dentro do casamento, nunca fora dele. O livro de Cantares de Salomão mostra que o sexo não é apenas para procriação, mas para o prazer e a felicidade dos seres humanos. Jesus não está questionando o sexo, mas combatendo a impureza sexual e o sexo ilícito, a prostituição. O Senhor Jesus disse que os adultérios procedem do coração humano (Mt 15.19).

Cremos que Deus sabe o que é certo e o que é errado para a vida humana. A Bíblia é o manual divino do fabricante e é loucura querer ir contra Ele. A sanção contra os que violarem o sétimo mandamento, na fé cristã, não vai além da disciplina da Igreja e, em alguns casos, o caos na família. Mas o julgamento divino é tão certo quanto a sucessão dos dias e das noites, e a única salvação é Jesus (At 16.31; 17.31).

8 . O oitavo mandamento. (Êx 20.15; 22.1-9).


O oitavo mandamento é o terceiro da série de proibição absoluta expresso com duas palavras e fala basicamente sobre dinheiro e bens, trabalho e negócios. Não pode haver paz numa sociedade se não houver respeito mútuo pela propriedade. Todo ser humano tem o direito de possuir bens e propriedades e, tendo conseguido as coisas de maneira lícita, ninguém tem o direito de privá-lo de suas conquistas.

A . O conteúdo.

a . Abrangência. 

Numa leitura superficial, parece tratar-se apenas da proibição de simples furto ou mesmo da aquisição ilegítima de propriedades ou possessões de outras pessoas ou grupos. Mas o mandamento vai muito além disso. Diz respeito a qualquer negócio com vantagem ilícita e que deixe o outro no prejuízo (Lv 6.2; 19.11,13). Estende-se ainda à provisão de emprego para que todos possam ganhar seu sustento de maneira digna e honrada, e isso envolve justiça social (Pv 14.34). Este é o grande desafio dos governantes no mundo inteiro.

b . Objetivo. 

O propósito do mandamento “não furtarás” (Êx 20.15; Dt 5.19) é a proteção e o respeito pelos bens alheios e pelo próximo. Vinculado a este mandamento está o trabalho como recurso para que cada um possa obter o sustento de sua família de maneira digna (Ef 4.28). A legislação é dada a Israel numa estrutura hipotética utilizando-se de suposições, um estilo de fácil compreensão (Êx 22.1-15). A desonestidade em todas as suas modalidades é um câncer na sociedade, um mal que precisa ser erradicado.

c . Contexto.

 Segundo a tradição rabínica, o sentido primário deste mandamento era a proibição de rapto de pessoas para serem vendidas como escravos. O mesmo verbo hebraico ganav, “furtar”, é usado para tráfico de pessoas (Êx 21.16; Dt 24.7). Esse tipo de crime era comum naquela época; o rapto de José do Egito é uma amostra daquele contexto social (Gn 37.22-28). O Novo Testamento menciona essa prática perversa (1Tm 1.10). A interpretação rabínica é aceitável e tem apoio da maioria dos expositores do Antigo Testamento, mas o oitavo mandamento não se restringe a isso.

B .  A legislação mosaica sobre o furto.

a . A pena por furto de bois e ovelhas.

 A estrutura do sistema mosaico, aqui, pertence ao campo jurídico. Na nova aliança, ao campo espiritual (1Co 6.10). A pena para quem furtasse animais em Israel era a restituição de cinco para cada boi e de quatro para cada ovelha (Êx 22.1 ou 21.37 na Bíblia Hebraica). Era uma pena mais leve que a do Código de Hamurabi, cuja restituição era de trinta vezes para cada animal. Mas, se o animal estivesse vivo, a punição era restituir o dobro (Êx 22.4). A pena era atenuada ainda mais se o ladrão confessasse voluntariamente o furto: seria então de vinte por cento (Lv 6.4,5).

b . Furto à noite com o arrombamento da casa. 

Segundo a lei, se o dono da casa se deparar com o ladrão dentro de casa à noite e o matar, ele “não será culpado de sangue” (Êx 22.2). Não se trata, pois, de um assassinato premeditado (Êx 21.12,13); além disso, a escuridão nem sempre permite identificar o ladrão, e o tal arrombador também pode estar armado. O dono da casa pode ainda alegar legítima defesa.

c . O ladrão do dia.

 A lei protege a vida do ladrão. Se ele for apanhado em flagrante durante o dia, o dono da casa “será culpado de sangue” se o matar (Êx 22.3a). Nesse caso, a pena aplicada ao ladrão é a restituição: “O ladrão fará restituição total; e se não tiver com que pagar, será vendido por seu furto” (22.3b). Esse trecho parece ter sido deslocado do versículo 1. Se o ladrão capturado não tiver como restituir o roubo, como manda a lei, ele será vendido como escravo; dentro do regime mosaico, espera-se com isso que ele aprenda a lição (Êx 21.2).

C . S obre os danos materiais.

a . Animal solto.

 Aqui a lei fala sobre responsabilidade de cada um pelo bem-estar da sociedade. Quem possui animais deve ter o cuidado para não perturbar o vizinho. O texto se refere à destruição no campo, na lavoura ou nas demais plantações. O dono do animal é condenado pela lei a indenizar o proprietário prejudicado com o melhor de seu campo, visto que o estrago no campo, ou na vinha do outro, não foi voluntário, ele apenas largou o animal deixando-o solto (Êx 22.5).

b . A queimada involuntária. 

A lei responsabiliza o culpado pela destruição da propriedade, ou lavoura de outrem por descuido que tenha levado o fogo a queimá-la (Êx 22.6). O responsável pelo estrago tem de reparar os prejuízos indenizando o proprietário prejudicado. Havia na Palestina cerca de setenta espécies de espinhos que serviam de muros divisórios de propriedades e rodeavam plantações de trigo (Is 5.5). Isso gerava também conflitos na demarcação de terras (Dt 19.14; 27.17; Pv 22.28).

c . O furto e o ladrão.

 A lei aqui trata da guarda de dinheiro e bens. O termo usado para “prata”, em hebraico, é kessef, “dinheiro” e “objetos”, e kelim, “artigos, utensílios, vasos”, traduzido também por “traje, roupa, veste” (Dt 22.5). Se alguma dessas coisas estiver sob a proteção de alguém e for roubada, o ladrão retribuirá em dobro caso seja descoberto (Êx 22.7). Mas, se o autor do furto não for encontrado, o responsável pela custódia terá de provar sua inocência diante dos juízes (Êx 22.8).


D . O trabalho.

a . Uma bênção. 

No Jardim do Edén, Deus pôs o homem para trabalhar, mesmo antes da queda (Gn 1.26-28; 2.15). A Bíblia está cheia de ensinamentos sobre o trabalho (Êx 34.21; 2Ts 3.10). O trabalho realiza o ser o humano. O que pode, às vezes, fazer disso um tédio são os baixos salários, as péssimas condições de trabalho e a opressão dos maus patrões (Tg 5.4-6), mas o trabalho em si é gratificante (Ec 3.22). O patrão deve ter o cuidado para não atrasar o pagamento de seus empregados (Lv 19.13) e estes devem ser honestos naquilo que fazem e dizem (Cl 3.22-25).

b . Os bens. 

Jesus renunciou à riqueza (2Co 8.9; Fp 2.6,7) e, pelo que parece, esperava o mesmo dos discípulos (Lc 9.3; 10.4; 14.33). Além disso, Jesus mandou que o moço rico desse seus bens aos pobres (Mt 19.21), mas não exigiu isso de Zaqueu, que se prontificou livremente em doar metade de seus bens aos pobres (Lc 19.8). Não é requerido voto de pobreza para ser cristão, mas a riqueza pode ser um tropeço na vida cristã (Mt 13.22). A fé cristã não condena os bens materiais, desde que adquiridos com honestidade. É o amor ao dinheiro, e não o dinheiro em si, a raiz de toda a espécie de males (1Tm 6.9,10).

c . O Novo Testamento.

 O oitavo mandamento é reafirmado diversas vezes no NT (Mt 15.19; Rm 2.21; 13.9; 1Pe 4.15), mas adaptado à graça, pois as sanções previstas no sistema mosaico não aparecem na Nova Aliança. O Senhor Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). O apóstolo Paulo encoraja o trabalho não somente para o sustento da família (1Tm 5.8), mas também para que cada um contribua para suprir a necessidade do próximo (Veja 2 Coríntios nos capítulos 8 e 9).
 O cristão deve ter bom testemunho (1Co 10.32) e exalar o bom perfume de Cristo (2Co 2.15) onde viver e por onde passar, e dessa maneira Deus será glorificado (Mt 5.16).

9 . O  nono mandamento (Êx 20.16; Dt 19.15-20).

O nono mandamento se aproxima do terceiro, pois envolve a questão da mentira. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” não se refere apenas ao depoimento num tribunal, mas também ao relacionamento diário com aqueles à nossa volta. Aqui temos uma lição para os que agem, ainda que inconscientemente, como se o pecado se restringisse a assassinato, adultério e furto. Ninguém deve pensar que a mentira e o falso testemunho são menos graves que os demais pecados citados no Decálogo. A Bíblia coloca no mesmo nível todo aquele que tem a mentira como estilo de vida.

A . O conteúdo

a . Abrangência.

O mandamento não se restringe apenas ao campo do processo legal; há implicações vinculadas às atividades da vida diária (Dt 17.13; Lv 19.16). A ruptura desse mandamento podia solapar a característica básica da aliança, a fidelidade de Deus para com o homem, do homem para com Deus e do homem para com seu próximo.

b . Objetivo. 

É duplo, em defesa da honra e da fé. Trata-se da proteção da honra e da boa reputação no campo social. O propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calúnia e a falsidade do meio do povo (v.20; Dt 17.13). E não somente isso, mas também promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos. No tocante à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de proteção contra os falsos ensinos teológicos (2Co 13.8).

c . Contexto.
 O nono mandamento com suas normas na legislação mosaica mostra a administração da justiça em Israel. O termo “juízes”, em hebraico, shophet, “juiz, árbitro, conselheiro jurídico, governante” (Dt 19.17), é ha-Elohim, literalmente “Deus” na passagem paralela (Êx 22.8,9). A tradução literal seria “perante Deus” como aparece na Septuaginta e na Vulgata Latina. Este uso é padrão para o verdadeiro Deus no Antigo Testamento e não deve ser traduzido como “deuses” por causa do artigo. O emprego de “juízes” aqui é legítimo e ninguém questiona essa tradução. As versões rabínicas empregam “perante a corte”. Os juízes representavam o Deus de Israel nos julgamentos.

C . O processo.

a . Responder em juízo.

 O mandamento “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx 20.16; Dt 5.20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usados e por sua regulamentação na lei. O verbo “dizer”, anah, em hebraico, “responder”, abrange amplo significado. É usado para indicar o ato de declarar solenemente (Gn 41.16; Dt 27.14), de testemunhar a favor (Gn 30.33) ou contra (2Sm 1.16). A resposta, aqui, diz respeito aos interrogatórios na corte. Essa característica forense aparece na legislação sobre o tema (Êx 23.2; Dt 19.16-19).

b . Falso testemunho. 

O termo hebraico ed, “testemunho”, emedshaw, literalmente “testemunho vão” (Dt 5.20), ou edshaqer, “falso testemunho” (Êx 20.16), diz respeito a uma mentira, a uma declaração conscientemente falsificada. O termo hebraico shaw, “vão, inutilmente, à toa” (veja lição 5), indica algo sem valor, irreal no aspecto material e moral. Aqui se trata de alguém que fala em vão, sem fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência, portanto falso. A tradução de Deuteronômio 5.20, na Septuaginta, acrescenta “com testemunho falso”, assim: “Não testemunharás falsamente contra o teu próximo com testemunho falso”.


c . O próximo. 

É a primeira vez que o termo aparece no Decálogo. O próximo, em hebraico, rea, indica outra pessoa, vizinho, amigo, parceiro. Essa palavra se refere aos israelitas (Lv 19.18), mas o Senhor Jesus a aplicou a todas as pessoas em seu pronunciamento sobre o segundo e grande mandamento (Mt 22.39). Todavia, a lei já contemplava nessa palavra os estrangeiros (Lv 19.34). Assim, nosso próximo é qualquer pessoa ou eu mesmo, pois devo também ser um próximo, isso está claro quando Jesus manda o judeu e doutor da lei imitar o samaritano (Lc 10.36,37).

C . A  verdade.

a . Antigo Testamento. 

Verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer coisa enganosa, a mentira (Dt 13.14; 17.4; Is 43.9). O termo hebraico, emet, significa “verdade, fidelidade, firmeza, veracidade”. Daí derivam as palavras emunah, “fé, fidelidade, firmeza” (Hc 2.4), e amen, “amém, verdadeiramente, de fato, assim seja”. É também um atributo divino: o “Deus da verdade” (Sl 31.5). O próprio Deus é a verdade absoluta (Dt 32.4). O Deus verdadeiro espera que seu povo também o seja, pois a ética é a imitação de Deus (Mt 5.48; 1Co 11.1).


b . Novo Testamento. 

Emprega aletheia, “verdade”, e seus derivados. O termo vem do verbo grego, lanthano / letho, “ocultar ou encobrir algo a alguém”. O prefixo “a” indica negação. Assim, para os gregos, aletheia significa “não oculto, não escondido”. É aquilo que corresponde aos fatos e permanece em oposição à falsidade (At 26.25; Rm 1.25; 9.1). Nisto se alinha com as Escrituras hebraicas. Esta é a verdade como parte da ética. Mas as palavras “como está a verdade em Cristo” (Ef 4.21), dizem respeito a “toda sua plenitude e extensão, encarnada nele; Ele é a perfeita expressão da verdade” (Dicionário Vine). Isso está de acordo com sua própria afirmação (Jo 14.6).

 c . O que é a verdade?

 Foi a pergunta que Pilatos fez a Jesus, mas não esperou pela resposta (Jo 18.37,38). Será que ele estava convencido de que não havia resposta, ou não se interessou de modo algum pelo retorno que Jesus poderia dar? Para os romanos, “verdade”, veritas em latim, significa “precisão, rigor, exatidão de um relato”. Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto.

D . O cuidado com a mentira.

a . As testemunhas. 

Ninguém podia ser acusado por uma só testemunha, pois a lei exige duas ou três testemunhas (Dt 19.15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era possível. Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era inocente, pois as testemunhas eram falsas (1Rs 21.13). O Senhor Jesus foi vítima de testemunhas falsas (Mc 14.56), da mesma forma que Estêvão (At 6.13). Mesmo com todo o rigor da lei, nunca faltou na história quem se dispusesse a testemunhar falsamente.

b . Os danos. 

A violação do nono mandamento é um atentado contra a honra e pode destruir a reputação e o bom nome que alguém levou uma vida inteira para construir. Seus efeitos maléficos podem ainda levar a pessoa à morte ou à prisão, destruir casamentos e arruinar famílias. É um pecado grave do qual muitos ainda não se deram conta. A pena contra a falsa testemunha em Israel era a morte; tal pessoa receberá o mesmo que ela tentou fazer ao seu próximo: “será condenado, e o castigo dele será o mesmo que ele queria para o outro” (Dt 19.19). Será aplicada a lei de talião (Êx 21.23-25).

c . O pecado da mentira. 

Quem já viu um irmão ser disciplinado ou cortado da comunhão da Igreja pelo pecado de mentira? A Bíblia trata o assunto com seriedade, pois quem se converteu a Cristo precisa deixar a mentira e falar a verdade (Ef 4.25; Cl 3.9). Os mentirosos constam da lista dos incrédulos, homicidas, fornicadores, feiticeiros, idólatras, dentre outros (Ap 21.8; 22.15). Na graça, o tema é tratado com profundidade implicando a vida eterna, e não envolvendo tribunais como no sistema mosaico. É desejo, portanto, de todo cristão se parecer com Jesus e é isso o que Deus espera de todos nós (1Pe 1.15,16).

Deus se interessa pelo bem-estar de todos os seus filhos e filhas. O desrespeito pelo próximo afronta a Deus. O Senhor Jesus nos ensinou a tratar as pessoas da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados (Mt 7.12). Que Deus nos ajude e nos guarde para que possamos viver uma vida irrepreensível.


10 . O décimo mandamento. 


De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste

Atos dos Apóstolos 20.33




"Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo"  Êx 20.17


Este mandamento tem uma particularidade que o faz diferir dos outros nove. Enquanto os mandamentos anteriores referem-se ao comportamento exterior e direto da pessoa, o décimo mandamento reporta-se ao comportamento subjetivo, íntimo e interior do indivíduo. Ou seja, este mandamento está relacionado ao que a pessoa pensa e sente quando da sua peregrinação existencial.


Quem pode entrar na consciência de alguém e desvendar o que se passa por lá? Graças a Deus ninguém possui tal capacidade, exceto o próprio Deus na pessoa consoladora do Espírito Santo. Este fala à nossa consciência e coração. Quaisquer crentes têm uma voz interna a falar automaticamente ao coração quando o desejo insano de se apropriar do que pertence aos outros brota no coração. O Espírito Santo fala conosco!


Atentai para o ensinamento do Evangelho: "Ouvis-tes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mt 5.27,28). Quer dizer que basta um olhar para caracterizar o pecado de adultério? Mas quem julgará isso? Ora, simples: o Espírito Santo fala consciência da pessoa. O que Jesus nunca propôs é que apenas os atos visíveis sejam transformados. O nosso Senhor ataca a raiz dos problemas. Enquanto muitos escribas supervalorizavam o exterior e as obras que faziam, Jesus de Nazaré queria saber da motivação das pessoas. Qual a nossa motivação de ir à Igreja? De estar com pessoas? Será que a motivação é nobre? Autêntica? Legítima? Pura?


Hoje em dia, propagandas na televisão, no rádio, nas revistas, na internet e em todo lugar possível são feitas para alimentar o consumismo no povo. Tais propagandas criam pseudo-necessidades para as pessoas sentirem-se infelizes, até mesmo inferiores as outras enquanto não tiver adquirido aquele objeto da propaganda. Fabricantes de marcas famosas não têm o pudor de usarem os corpos das mulheres para popularizar suas marcas. Usam as mulheres como iscas em anzol para atrair consumidores a fabricas dos seus produtos. O consumismo tem dominado tanto a vida das pessoas que leva quase todos a violarem o princípio do décimo mandamento.

A cobiça é a raiz da qual surge todo pecado contra o próximo, tanto em pensamento como na prática.


Todo ser humano tem desejos e vontades, e não existe nenhum mal nisso. O que o décimo mandamento proíbe é a ambição, o desejo ardente de possuir ou conseguir a todo custo o que pertence ao próximo. Tomemos como exemplo o rei Acabe (ver 1 Reis 21). Ele poderia ter a terra que desejasse, mas tomado pela cobiça, desejou o vinhedo do seu próximo e não mediu esforços para conseguir. Cometeu abuso de poder, mentiu, inventou um plano sórdido e fez com que um homem inocente perdesse a vida. A cobiça é o resultado da maldade humana.





A . A abrangência .


décimo mandamento aborda a responsabilidade do 

israelita sobre o pecado do pensamento. É um recurso 

divino que Deus proveu para habilitar o israelita a 

obedecer os mandamentos anteriores. A cobiça é um dos 

piores pecados, o pecado que não se vê. Essa é a sua 

característica distintiva em relação aos outros, pois não é 

possível ser conhecido. Isso mostra que o Legislador 

divino é Onisciente, pois Ele conhece o mais íntimo do 

coração humano, nossos desejos e intenções (1 Rs 8.39; 1 

Cr 28.9; Jr 17.10; At 1.24). Deus se interessa não só pelos 

corretos atos concretos, não apenas pelo cerimonialismo 

na adoração, mas principalmente pela pureza de um 

coração sincero. Isso mostra o lado espiritual do 

Decálogo; nem tudo é apenas jurídico. A ideia central é 

não desejar aquilo que pertence ao outro.


Neste ponto, no tocante ao décimo mandamento, 



aprendemos que a lei aplica-se não somente aos atos, mas 

também aos sentimentos e intenções do coração. Em 

outras palavras, a lei envolvia sentimentos interiores, e 

não apenas atos externos. O sétimo mandamento proíbe o 

sexo com a mulher de outro homem; e o décimo 

mandamento proíbe o desejo disso. Neste ponto, a lei 

aproxima-se da abordagem feita por Jesus a respeito, em 

Mateus 5.21 ss. Todos os pensamentos devem ser levados 

ao cativeiro a Cristo (II Cor. 10.5). Se o oitavo 

mandamento proíbe o roubo, o décimo proíbe até mesmo o 

desejo de roubar.


Por conseguinte, o décimo mandamento opera como uma 

espécie de limiar das noções neotestamentárias sobre 

essas mesmas questões. O Novo Testamento repete dez dos 

mandamentos, deixando de fora aquele atinente ao 

sábado. Mas o dia do Senhor ou domingo, embora não 

seja um sábado ou descanso, envolve as implicações 

espirituais do mandamento relativo ao sábado, 

enaltecendo e iluminando o sentido espiritual do sábado.


B . O objetivo.




A vontade de Deus expressa nesse último mandamento do 

Decálogo é que haja pleno contentamento com aquilo que 

temos e com a nossa condição: "...Contentai-vos com o 

vosso soldo" (Lc 3.14), ensino de João Batista para os 

militares. "Mas é grande ganho a piedade com 

contentamento" (1 Tm 6.6). Quem tem Jesus não está 

obcecado pelas riquezas materiais, pois tem em seu 

interior algo muito mais valioso que os tesouros do 

mundo. : "É claro que a religião é uma fonte de muita 

riqueza, mas só para a pessoa que se contenta com o que 

tem”. A Bíblia nos exorta ainda: "contentando-vos com o 

que tendes" (Hb 13.5). Há aqui certo paralelo com 

Filipenses 4.11. Mas convém ressaltar que todas essas 

exortações não são uma apologia à pobreza nem uma 

defesa do status quo econômico; é uma recomendação 

para que nossos desejos não venham desagradar a Deus 

nem causar danos ao nosso próximo (Rm 12.15).


A conduta do cristão deve ser a de se alegrar com os que 



se 

alegram e chorar com os que choram (Rm 12.15). 





Ninguém deve ser dominado pela inveja (G1 5.26; Tg 4.14-





16) nem alimentar o sentimento de tristeza pelo sucesso 





alheio (Ne 2.10; Sl 112.9,10). Glorifique a Deus pelas 





bênçãos e pelo sucesso do seu irmão, e você será 





abençoado também, a seu tempo (Ec 3.1-8)



Êxodo 20.17 — Cobiçar (hb. hamad) significa possuir 



enorme desejo por.

Cobiçar não era apenas apreciar algo à distância, e sim 

possuir uma vontade incontrolável, excessiva e egoísta de 

apoderar-se do bem de outrem. O décimo mandamento 

aborda uma disposição interior: o pecado também ocorre 

no pensamento. Isso demonstra que Deus queria que os 

israelitas não só evitassem praticar as ações malignas 

previamente estabelecidas em sua mente, como também 

descartassem todos os pensamentos perversos que levavam 

às atitudes de cobiça. 






C .  O contexto .


Êxodo 20.17; Deuteronômio 5.21 - O décimo mandamento 

aparece expandido em Deuteronômio em relação ao texto 

de Êxodo e inclui o campo do próximo na lista das coisas 

que não devem ser cobiçadas. Alguns críticos estranham a 

inversão das cláusulas, pois a fraseologia de Êxodo 

começa por não cobiçar a casa do próximo e em seguida 

vem a proibição de não cobiçar a mulher do próximo, mas 

em Deuteronômio essa ordem é invertida: primeiro vem a 

mulher e depois a casa. Ambos textos, contudo, proíbem a 

cobiça de bens e pessoas, além da mulher ou do esposo, 


pois a mulher pode também cobiçar o marido alheio, o 

servo e a serva do próximo; propriedades, casa e campo; o 

termo "casa" aparece muitas vezes na Bíblia com o sentido 

de "família" (Js 24.15; At 16.31), mas parece não ser essa 

a ideia aqui; e semoventes: boi, jumento ou qualquer outra 

coisa. A frase final "nem coisa alguma do teu próximo" 

inclui posição social ou ascensão no trabalho.



Há discussão sobre a substituição de hãmad por ’ãwãh na 

segunda cláusula do décimo mandamento (Dt 5.21). O 

verbo hãmad aqui aparece com a esposa do próximo e 

’ãwãh com as demais coisas. Isso pode levar alguém a 

pensar em hãmad como um tipo sensual de desejo, mas 

isso não procede por duas razões principais:

a) é usado para bens móveis e imóveis (Js 7.21; Mq 2.2);

b) ambos os termos aparecem como sinônimos (Gn 3.6; Pv 

6.25; Sl 68.17).

Parece que 'ãwãh diz respeito a um tipo de desejo casual. 

O formato textual de Êxodo está adaptado ao estilo 

nômade de vida de Israel no deserto, ao passo que 

Deuteronômio, quase 40 anos depois, é o modelo para o 

povo prestes a ser estabelecido na terra de Canaã como 

país. 

A finalidade do décimo mandamento é erradicar o desejo perverso de querer o que é do próximo.




A cobiça é o desejo excessivo de possuir aquilo que pertence ao outro.



“Deus proíbe a cobiça de todo tipo quando fala da casa do vizinho, de sua esposa, servo, boi, jumento ou de qualquer coisa que lhe pertença (Êx 20.17). O Novo Testamento declara que a cobiça é uma forma de idolatria (Cl 3.5) ou adoração a deuses e posses, e a condena junto com outros pecados. O Senhor Jesus viu cobiça no jovem rico quando lhe citou os seis mandamentos da segunda tábua da lei, e então o desafio ao décimo mandamento ao ordenar que ele vendesse tudo que tinha e desse o dinheiro aos pobres” 




VIII. A questão dos preceitos da Lei

1. Uma só lei. 

“Quanto à lei, algo precisa ser dito sobre a alegada divisão em lei moral, lei cerimonial e lei civil. Desde muito tempo qualifica-se o Decálogo como lei moral, enquanto a parte da legislação mosaica que trata das cerimónias de sacrifícios e festas religiosas, entre outras, é chamada de lei cerimonial, e os preceitos de caráter jurídico são considerados lei civil. A visão tripartite da lei em preceitos morais, cerimoniais e civis não vem das Escrituras. Os judeus jamais dividiram sua lei em moral e cerimonial. Ao longo da história, eles observaram o sábado e a circuncisão com o mesmo cuidado. Jesus disse que a circuncisão está acima do sábado (João 7:22,23)” (Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. 

Segundo o pr. Esequias Soares, o Decálogo é a única parte do Pentateuco escrita "pelo dedo de Deus" (Êx 31:18), linguagem figurada que, segundo Agostinho de Hipona, indica "pelo Espirito de Deus" e, de acordo com Clemente de Alexandria, "pelo poder de Deus". É também a única porção da lei que Israel ouviu partir da voz do próprio Deus no monte quando ele transmitia essas “dez palavras” (Êx 19:24,25; 20:18-20). Os demais preceitos foram transmitidos por Javé exclusivamente a Moisés. Além dessas características, elas servem como esboço de toda a lei de Moisés. Todavia, isso não coloca o seu conteúdo numa posição acima da legislação mosaica porque toda a lei veio de Deus e "toda a Escritura é inspirada por Deus" (2Tm 3:16 

2. A Lei do Senhor e a lei de Moisés

Embora muitas vezes a Lei do Senhor dada através de Moisés seja chamada de Lei de Moisés (Js 8:31; 1Rs 2:3; Ed 7:6; Lc 2:22;24:44; 1Co 9:9), o registro do capítulo 20 do livro do Êxodo nos mostra que Deus é a origem da Lei (Êx 20:1).

“Durante todas as negociações entre israelitas e egípcios, quando os primeiros eram escravos dos últimos, o papel de Moisés era, antes de mais nada, o de mediador. Deus não falou com Faraó, mas mandou Moisés lhe falar. Ele continuou nesse papel durante a Páscoa – ‘Falai a toda a congregação de Israel’ (Êx 12.3) e no êxodo – ‘Fala aos filhos de Israel’ (Êx 14.2). No Sinai, sua função continuava sendo a de transmitir a palavra de Deus ao povo  - ‘Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel’ (Êx 19.6). Por outro lado, na revelação do Decálogo esse aspecto foi omitido. Moisés ouviu juntamente com o povo, ao qual Deus falou de modo direto (Êx 20.1). Essa é uma forma de a Bíblia nos dizer que, quando lemos o Decálogo, estamos frente a frente com a excelência da vontade de Deus para seus seguidores, no que diz respeito a estilo de vida e compromisso moral. Observe a sequência aos Dez Mandamentos: ‘eu falei convosco desde os céus’ (Êx 20.22), não do Sinai” 

3. A lei de Deus. 

Todo o Pentateuco é considerado a Lei de Deus e não meramente os Dez Mandamentos (ler Josué 24:26). O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a Lei é uma só. “É chamada de Lei de Deus porque veio de Deus, e lei de Moisés porque foi ele o mediador entre Deus e Israel (Ne 10:29). Ambos os termos aparecem alternadamente na Bíblia (Ne 8:1,2,8,18; Lc 2:22,23). A cerimonia dos holocaustos, a circuncisão e o preceito sobre o cuidado dos bois são igualmente reconhecidos como lei de Moisés (2Cr 23:18; 30:16; At 15:5; 1Co 9:9)” 


IX. A Lei da graça.

1. A transitoriedade da Lei. 

Em João 15:10, lemos que Jesus cumpriu lodos os mandamentos de Seu Pai. Em Mateus 5:17,18, também lemos que Jesus cumpriu toda a lei, os preceitos morais, cerimoniais e civis. Todavia, na opinião dos fariseus expressa em João 5:18, Jesus teria quebrado a lei da santificação do sábado. O incidente aqui relacionado não se refere à validade da lei mosaica em si, mas à sua interpretação.

Enquanto os fariseus, com sua filosofia casuísta e astúcia precisa, queriam defender e cumprir rigorosamente os preceitos a respeito do sábado, Jesus apoiou os discípulos que debulharam grãos (Mt 12:1-8) e operou várias curas no sábado (Mt 12:9-14; Lc 13:10-17; 14:1-6). Além disso, Jesus declarou que é Senhor do sábado (Mt 12:8) e que o sábado foi estabelecido por causa dos homens, e não vice-versa (Mc 2:27).

Jesus rejeitou a interpretação legalista ou puramente moralista da lei mosaica (Gl 1:14). Isto se torna ainda mais evidente diante da mulher descoberta em flagrante adultério. A lei mandava que ela fosse apedrejada até a morte (Lv 20:10; Dt 22:22-24); Jesus, porém, com Sua graça perdoadora e restauradora, redimiu a mulher e convidou-a a não mais pecar (João 8:11).

O apóstolo Paulo é muito claro quando fala que “o ministério da morte, gravado com letras em pedras [...] era transitório” (2Co 3:7,11). A verdade moral contida no sistema mosaico, como disse o teólogo Chafer, “foi restaurada sob a graça, adaptada à graça e não à lei”. Isso diz respeito a sua função e não compromete a sua autoridade como revelação de Deus e parte das Escrituras divinamente inspiradas (2Tm 3:16,17). Várias vezes Jesus declarou que a lei mosaica é a Palavra de Deus (Mc 7:13; João 5:38) ou a lei de Deus (Mt 15:6). Repetidas vezes encontramos a frase "está escrito", indicação da validade da lei (Mt 4:4;11:10,etc), e a pergunta retórica "não lestes?"(Mt 12:3a).

Jesus Cristo não exige de Seus discípulos a execução exterior da lei, mas sim que eles permaneçam em Cristo (João 15:4,5). O Espírito Santo é quem esclarece e mostra o significado e as implicações práticas disso, de acordo com tudo aquilo que Cristo ensinou (João 14:26;15:26;16:13). Em Romanos 8:4, o apóstolo Paulo enfatiza, com bastante clareza e exatidão, que a lei cumpre-se em nós quando andamos no Espírito.

“O Espírito Santo operando dentro do crente, capacita-o a viver uma vida de retidão que é considerada o cumprimento da lei moral de Deus. Sendo assim, a operação da graça e a guarda da lei moral de Deus não conflitam entre si (cf. Rm 2:13; 3:31; 6:15; 7:12,14). Ambas revelam a presença da justiça e da santidade divinas” (Bíblia de Estudo Pentecostal).

2. A Graça. 

Segundo Paulo, nós estamos debaixo de uma nova aliança caracterizada pela graça (Rm 8:6-17). A Graça é a presença e o amor de Deus em Cristo Jesus, transmitidos aos crentes pelo Espírito Santo, e que lhes outorga misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de Deus (1Co 15:10 Fp 2:13). Toda atividade da vida cristã, desde o seu início até o fim, depende desta graça divina. Deus concede graça ao crente para seja “liberto do pecado” (Rm 6:20,22), para que nele opere “tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13), para crescer em Cristo (2Pe 3:18) e para testemunhar de Cristo (At 4:33; 11:23).

A lei diz “faça e viva”, no entanto, a graça diz “viva e faça”. Por esta razão os cristãos estão debaixo da graça, e não da lei (Rm 6:14; Gl 3:23-25). A lei não tem domínio sobre nós (Rm 7:1-4). Graças a Deus!

3. Os Mandamentos de Cristo.

 Jesus falou diversas vezes sobre o Novo Mandamento, a Lei de Cristo, o amor operado pelo Espírito Santo na vida cristã:

- “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (João 13:34).

- “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (João 14:15,21).

- “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor” (João 15:10).

Está escrito em Rm 13:8-10:

8. A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.

9. Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

10. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.

O apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas:

“Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (G 5:14).

Portanto, o mandamento de Cristo é a fé nEle, é a lei do amor e não a letra da lei. Quem ama a Cristo tem a Lei do Espírito em seu coração.





X. Qual o papel da Lei de Moises para o cristão?

Você escreveu que "não existe justificativa para que você, ao considerar que ninguém tem condições de cumprir toda a lei para alcançar a estatura do SENHOR JESUS CRISTO, estimule as pessoas a não buscar praticar a lei de DEUS". Sim, existe justificativa e ela é ensinada depois da morte e ressurreição de Jesus na doutrina dos apóstolos.

Além disso é importante saber o que você considera como “estímulo”. Para o israelita, o estímulo para cumprir a Lei estava em evitar a pena, por um lado, e receber a bênção, por outro. Nos dois casos o estímulo apela para o egoísmo humano: seguir a Deus para não ser condenado ou para ser abençoado.


Porém não é isso o que move o cristão a fazer a vontade do Pai, mas sim a gratidão de ter sido salvo. Ele não precisa temer a condenação, pois ela já foi resolvida por Jesus na cruz. Deus seria injusto se condenasse alguém cuja pena Jesus já pagou. E o cristão não precisa obedecer para ganhar bênçãos, pois ele já foi abençoado por todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 1).


O verdadeiro estímulo de uma pessoa realmente convertida é gratidão, o constrangimento de obedecer a Deus não para evitar o castigo ou ganhar o prêmio, mas pelo que Ele é e pelo que Ele fez.


Vamos considerar alguns aspectos da Lei dada no Antigo Testamento (prepare-se para conferir uma porção de passagens 


1. A Lei completa não são apenas os 10 mandamentos,


 mas todos os mandamentos cerimoniais 


encontrados nos capítulos 20 a 31 de Êxodo, em 


Levítico e Deuteronômio. Os 10 mandamentos 


mostram apenas sua essência. Nenhum cristão 


hoje vai a Jerusalém adorar, e esta era uma 


exigência da lei, de adorar no lugar que Deus 


escolheria para o Seu povo depois, ou seja, 


Jerusalém.


2. A Lei não foi dada como meio de salvação,


 portanto ninguém pode ser justificado pela 


prática da Lei. At 13:39; Rm 3:20; Gl 2:16, 21; 


3:11.


3. A função da Lei era a de revelar o pecado. Ao 


se ver pecador e incapaz de cumprir a lei, o 


homem devia apelar para a graça e misericórdia 


de Deus. Rm 3:20; 5:20; 7:7; 1 Co 15:56; Gl 3:19.


4. Deus deu a Lei a Israel como uma espécie de 


“balão de ensaio” para provar que toda a 


humanidade é pecadora, culpada e incapaz de 


atingir os padrões exigidos por Deus. Rm 3:19


5. A Lei só condena, e a morte é a condenação. Gl 


3:10


6. É impossível ao homem andar segundo a Lei


pois ao transgredir um mandamento ele se torna 


culpado de todos. Tg 2:10.


7. Aquele que crê em Jesus já não está sob a 


Lei, mas sob a graça, pois Jesus veio pagar a pena 


(a morte) no lugar do que nele crê para que este 


fique livre de pagar. Rm 6:14



8. A Lei serviu apenas de tutor ao homem para 


conduzi-lo a Cristo, porém quando já tem a Cristo 


ele não precisa mais desse tutor. Gl 3:24, 25


9. Embora o cristão não esteja sob a Lei do Antigo 


Testamento, ele está agora sob a lei de Cristo


(lembre-se que a Lei dizia para não matar ou 


adulterar, enquanto Jesus disse para nem mesmo 


pensar em matar ou adulterar). 1 Co 9:21


10. Ele se comporta para agradar a Deus não por 


medo do castigo, mas pela gratidão e pelo desejo 


de agradar seu Salvador. Seu padrão agora não 


são os Dez Mandamentos, mas a própria Pessoa 


de Cristo. Jo 13:15; 15:12; Ef 5:1-2; 1 Jo 2:6; 1 


Jo 3:16


11. Você encontra no Novo Testamento nove dos 


dez mandamentos apresentados como preceitos 


morais para serem imitados, e não como lei, ou 


seja, não há uma pena de morte para o seu 


descumprimento como era o caso na Lei de 


Moisés. Neste sentido, toda a Escritura é 


proveitosa para o cristão, para seu ensino, 


admoestação etc. (2 Tm 3:16), nunca como lei. O 


único mandamento que não aparece no Novo 


Testamento é o da guarda do sábado. Na doutrina 


dos apóstolos o cristão nunca é ensinado a 


guardar o sábado.


12. A Lei continua valendo na sua finalidade de 


revelar que o homem é pecador, mas isso para o 


incrédulo, e não para o crente: “Sabemos, porém, 


que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente; 


Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, 


mas para os injustos e obstinados, para os ímpios 


pecadores... mas haveis sido lavados, mas haveis 


sido santificados, mas haveis sido justificados em 


nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso 


Deus”. 1 Tm 1:8, 9; 1 Co 6:11


Rom 8:1-4 “Portanto, agora nenhuma 


condenação há para os que estão em Cristo Jesus. 


Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo 


Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. 


Porquanto o que era impossível à lei, visto que se 


achava fraca pela carne, Deus enviando o seu 


próprio Filho em semelhança da carne do pecado, 


e por causa do pecado, na carne condenou o 


pecado.para que a justa exigência da lei se 


cumprisse em nós, que não andamos segundo a 


carne, mas segundo o Espírito”.



XI. A Lei Mosaica e Seu Significado Atual



Cristãos renascidos precisam obedecer à Lei de Moisés ou estão 

dispensados de cumpri-la?

Há algum tempo fomos questionados por que escrevemos tão 


pouco sobre o cumprimento dos Dez Mandamentos, que seria 


muito importante para receber a bênção de Deus. Perguntas assim 


confirmam a insegurança que existe entre os crentes em relação à 


observância da Lei de Moisés.


Na Igreja de Jesus surgem perguntas como: “Ainda devo guardar 


a Lei?” “Os Dez Mandamentos são obrigatórios?” “Devo 


guardar o domingo?”, . Existem muitas dúvidas em relação à Lei e 


nossa posição diante de suas exigências.

1 A Lei e a Graça

É da maior importância compreender o verdadeiro caráter

e o objeto da lei moral, como nos é apresentada neste

capítulo [Êx 20]. Existe uma tendência do homem para

confundir os princípios da lei com graça, de sorte que nem

a lei nem a graça podem ser perfeitamente compreendidas.

A lei é despojada da sua austera e inflexível majestade, e a



graça é privada de todos os seus atrativos divinos. As



santas exigências de Deus ficam sem resposta, e as

profundas e múltiplas necessidades do pecador



permanecem insolúveis pelo sistema anômalo criado por

aqueles que tentam confundir a lei com a graça. Com

efeito, nunca podem confundir-se, visto que são tão

distintas quanto o podem ser duas coisas. A lei mostra-nos

o que o homem deveria ser; enquanto que a graça

demonstra o que Deus é. Como poderão, pois, ser unidas

num mesmo sistema? Como poderia o pecador ser salvo

por meio de um sistema formado em parte pela lei e em

parte pela graça? Impossível: ele tem de ser salvo por uma

ou por outra. (página 203)

2. Em que consiste a Lei de Moisés?

Quando se faz referência à Lei de Moisés nas igrejas, geralmente 

está se falando dos Dez Mandamentos. Mas esse é um engano, 


pois cumprir a Lei Mosaica é muito mais: ela é composta de todo 


código de leis formado por 613 disposições, ordens e proibições. 


Em hebraico a Lei é chamada de Torá, que pode significar lei 


como também instrução ou doutrina. O conteúdo da Torá são os 


cinco livros de Moisés, mas o termo Torá é aplicado igualmente 


ao Antigo Testamento como um todo.

Neste artigo usaremos o termo Torá para designar os cinco livros 


de Moisés, especialmente a compilação das leis mosaicas, as 613 


disposições, ordens e proibições que mencionamos.


• A Lei pode ser dividida em Dez Mandamentos , que no hebraico 


são chamadas simplesmente de As Dez Palavras. Eles 


regulamentam a relação do ser humano com Deus e com seu 


próximo.


• No código mosaico encontramos também o Livro da Aliança das 


Ordenanças Civis e Religiosas, que explica e expõe 


detalhadamente o significado dos Dez Mandamentos para Israel.


• O código mosaico ainda contém as leis cerimoniais, que 


regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, 


posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do 


serviço dos sacerdotes.


Em conjunto, todas essas disposições, ordens e proibições formam 



a Lei Mosaica. No judaísmo ortodoxo, além dessas 613 


ordenanças, há ainda as leis do Talmude, a transmissão oral dos 


preceitos religiosos e jurídicos compilados por escrito entre os 


séculos III-VI d.C. A Torá e o Talmude são o centro da devoção 


judaica.



3. Jesus Cristo e a Lei de Moisés


Jesus defendeu firmemente a Palavra de Deus. Ele considerava o 


Pentateuco como realmente escrito por Moisés, inspirado por 


Deus 


e normativo para Sua própria vida e Seu ministério, pois 


afirmou: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra 


passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se 


cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto 


que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado 


mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e 


ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus” (Mt 


5.18-19).É interessante observar que Jesus posicionou-se 


claramente a favor do código legal mosaico, pois disse: “Não 


penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para 


revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). Entretanto, Ele rejeitou 


com veemência as ordenanças humanas e as obrigações impostas 


apenas pela tradição judaica (compiladas, posteriormente, no 


Talmude), afirmando: “Negligenciando o mandamento de Deus, 


guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente 


rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria 


tradição. Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem 


maldisser a seu pai ou a sua mãe seja punido de morte. Vós, 


porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo 


que podereis aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o 


Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de 


seu pai ou de sua mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa 


própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas 


outras coisas semelhantes” (Mc 7.8-13).

4. A quem foi dada a Lei de Moisés?

As passagens bíblicas seguintes documentam que a Lei de Moisés 

foi dada ao povo judeu, ou seja, a Israel:

– “E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos 


como toda esta lei que hoje vos proponho?” (Dt 4.8).

– “Mostra a sua palavra a Jacó, as suas leis e os seus preceitos, a 


Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; todas ignoram os 


seus preceitos. Aleluia!” (Sl 147.19-20).


– “São estes os estatutos, juízos e leis que deu o Senhor entre si e 


os filhos de Israel, no monte Sinai, pela mão de Moisés” (Lv 


26.46).


– “São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as 


alianças, a legislação, o culto e as promessas” (Rm 9.4).



5. A Lei de Moisés foi entregue a Israel

A Lei fez de Israel algo especial, transformando-o em parâmetro 

para todos os outros povos. A Bíblia exprime essa verdade da 


seguinte maneira: “Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; 


Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo 


próprio, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt 7.6).Por 


conseqüência, o Israel do Antigo Testamento era a única nação 


cuja legislação, jurisdição e jurisprudência tinham sua origem na 


pessoa do Deus vivo.

Hoje não é essa a situação de Israel, pois o povo continua 


incrédulo e não está sob o governo do Messias. No futuro, quando 


Israel tiver se convertido a Jesus, a Lei divina será seguida por 


todo o povo judeu. O próprio Deus estabelecerá a teocracia como 


forma de governo, definirá a legislação e executará justiça em 


Israel. Sobre a situação vigente quando o Messias estiver 


reinando, 


a Bíblia diz: “Deleitar-se-á no temor do Senhor; não julgará 


segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir 


dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres e decidirá 


com eqüidade a favor dos mansos da terra; ferirá a terra com a 


vara de sua boca e com o sopro dos seus lábios matará o 


perverso” (Is 11.3-4).


A situação futura das nações será como descreve Isaías 2.3: “Irão 


muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à 



casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e 


andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a 


palavra do Senhor, de Jerusalém”. Deus está preparando o 


cumprimento dessa profecia. Por isso, não devemos nos admirar 


quando todo o poder das trevas se levanta para atrapalhar, pois o 


que está em jogo é o domínio divino sobre o mundo, domínio que 


virá acompanhado de todas as suas abençoadas conseqüências! 


Quando o Senhor reinar, pecado será pecado, injustiça e mentira 


serão chamadas pelos seus nomes e acontecerá o que está escrito 


em Jeremias 25.30-31: “O Senhor lá do alto rugirá e da sua santa 


morada fará ouvir a sua voz; rugirá fortemente contra a sua 


malhada, com brados contra todos os moradores da terra, como o 


eia! dos que pisam as uvas. Chegará o estrondo até à extremidade 


da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará 


em juízo contra toda a carne; os perversos entregará à espada, diz 


o Senhor”. A oração de Jesus também se cumprirá: “Pai nosso 


que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; 


faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.9-10).

6. Até que ponto as nações têm o dever de seguir a Lei Mosaica?


Provérbios 29.18 diz a respeito: “Não havendo profecia, o povo se 


corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz”. Toda nação que 


seguir esse conselho se dará bem!




A Lei de Moisés foi entregue ao 


povo de Israel com a seguinte 


finalidade: “Porque o mandamento é lâmpada, e a instrução, luz; 


as repreensões da disciplina são o caminho da vida” (Pv 


6.23). Deus queria que Israel fosse uma clara luz no meio da 


escuridão espiritual em que viviam os povos e um contraponto às 


trevas do pecado. Por essa razão Balaão, o profeta gentio, foi 


compelido a proclamar: “...eis que é povo que habita só e não 


será reputado entre as nações. Que boas são as tuas tendas, ó 


Jacó! Que boas são as tuas moradas, ó Israel!” (Nm 23.9; 


24.5). Balaão reconheceu que Deus era com Israel, que Ele velava 


sobre esse povo, morava no meio dos israelitas e lhes dava 


segurança e estabelecia a ordem através da Lei.


Mesmo a meretriz Raabe, que vivia na cidade ímpia de Jericó, 


sentiu-se obrigada a declarar aos dois espias judeus: “Bem sei 


que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu 


sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados. 


Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do mar 


Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o que 


fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam 


além do Jordão, os quais destruístes” (Js 2.9-11).


Quando a rainha de Sabá (atual Iêmen) visitou o rei Salomão, 


exclamou admirada: “Foi verdade a palavra que a teu respeito 


ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria. Eu, contudo, 


não cria no que se falava, até que vim e vi com meus próprios 


olhos. Eis que não me contaram a metade da tua sabedoria; 


sobrepujas a fama que ouvi. Felizes os teus homens, felizes estes 


teus servos que estão sempre diante de ti e ouvem a tua sabedoria! 


Bendito seja o Senhor, teu Deus, que se agradou de ti para te 


colocar no seu trono como rei para o Senhor, teu Deus; porque o 


teu Deus ama a Israel para o estabelecer para sempre; por isso, te 


constituiu rei sobre ele, para executares juízo e justiça” (2 Cr 9.5-



8).O nome de Deus era conhecido muito além das fronteiras de 


Israel. As nações reconheciam que Israel era singular, admiravam 


seu maravilhoso Templo e vinham para louvar seu Deus. Assim 


era respondida a oração que Salomão fizera por ocasião da 




inauguração do Templo: “Também ao estrangeiro, que não for do 


teu povo de Israel, porém vier de terras remotas, por amor do teu 


nome (porque ouvirão do teu grande nome, e da tua mão 


poderosa, e do teu braço estendido), e orar, voltado para esta 


casa, ouve tu nos céus, e faze tudo o que o estrangeiro te pedir, a 


fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, para te 


temerem como o teu povo de Israel e para saberem que esta casa, 


que eu edifiquei, é chamada pelo teu nome” (1 Rs 8.41-43).


Até que ponto, então, as nações do mundo têm o compromisso de 


obedecer à Lei de Moisés? Bem, na verdade ninguém tem a 


obrigação de cumprir lei alguma. Nenhuma nação é obrigada a se 


orientar pelo código de leis divinas. Mas quando, de livre e 


espontânea vontade, ela se sujeita às ordens de Deus, essa é a 


melhor escolha, com os melhores resultados práticos. Cada povo 


que segue as orientações do Senhor experimenta o que diz o Salmo 


19.8-11: “Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; 


mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do 


Senhor é límpido e permanece para sempre; os juízos do Senhor 


são verdadeiros e todos igualmente, justos. São mais desejáveis 


que o ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces 


do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se 


admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa”.


A História nos ensina que os povos que desprezaram as leis 


divinas de maneira consciente, que as pisotearam, cedo ou tarde 


desapareceram de cena. Basta pensar na ex-República 


Democrática Alemã ou na União Soviética, que não existem mais. 


Mas os povos que estabelecem sua legislação e fundamentam sua 


constituição sobre as leis divinas, mesmo que seja de maneira 


imperfeita, são povos abençoados. A Bíblia diz: “Bem-aventurado 


o povo a quem assim sucede! Sim, bem-aventurado é o povo cujo 


Deus é o Senhor!” (Sl 144.15).


Será que hoje vivemos estressados, emocionalmente doentes e 


desorientados porque deixamos de obedecer à Palavra de Deus? 


Será que os líderes da economia mundial e os políticos tomam 


tantas decisões equivocadas por negligenciarem a Palavra do 


Senhor? Será que hoje as pessoas andam insatisfeitas e infelizes 


porque desprezam as ordens divinas? Com toda a certeza, pois o 


desprezo pelos decretos divinos sempre acaba conduzindo à ruína 


– espiritual, emocional e financeira.




Deus queria que Israel fosse uma clara luz no meio da escuridão espiritual em que viviam os povos e um contraponto às trevas do pecado.

7. A Igreja de Jesus deve cumprir a Lei?

O Senhor Jesus, cabeça da Igreja (Ef 5.23), validou toda a Lei M

osaica, inclusive as 613 disposições, ordens e proibições, ao 


afirmar: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til 


sequer da Lei” (Lc 16.17). Ele avançou mais um passo, 


dizendo: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não 


vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 5.17). Jesus, ao nascer, 


também foi colocado sob a Lei: “vindo, porém, a plenitude do 


tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a 


lei” (Gl 4.4). Ele foi criado e educado segundo os preceitos da 


Lei, pois cumpria suas exigências.


O Senhor Jesus, porém, não apenas se ateve pessoalmente a toda 


Lei de Moisés. Foi essa mesma Lei que O condenou à morte. 


Quando tomou sobre Si todos os nossos pecados, teve de morrer 


por eles, pois a Lei assim o exige. Vemos que a Lei foi cumprida e 


vivida por Jesus, e através dEle ela alcançou seu objetivo. Por 


isso está escrito que “...o fim da Lei é Cristo” (Rm 10.4).


Quando sou confrontado com a Lei Mosaica, ela me apresenta 


uma exigência que devo cumprir. Deus diz em Sua Lei : “...eu sou 


santo...” e exige de nós: “...vós sereis santos...” (Lv 11.44-


45). Assim, a Lei me coloca diante do problema do pecado, que 


não posso resolver sozinho. O apóstolo Paulo escreve: “...eu, 


todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado” (Rm 7.14).


A lei expõe e revela nossa incapacidade de atender às exigências 


divinas, pois ela nos confronta com o padrão de Deus. Ela nos 


mostra a verdadeira maneira de adorá-lO, estabelece as diretrizes 


segundo as quais devemos viver e regulamenta nossas relações 


com nosso próximo. Além disso, a Lei é o fundamento que um dia 


norteará a sentença que receberemos quando nossa vida for 


julgada por Deus. Pela Lei, reconhecemos quem é Deus e como 


nós devemos ser e nos portar. Mas existe uma coisa que a Lei não 


pode: ela não consegue nos salvar. Ela nos expõe diante de Deus e 


mostra que somos pecadores culpados. Essa é sua função.


Lembremos que Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a Lei 


ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt 


5.17). O Filho de Deus está afirmando que veio a este mundo para 


cumprir a Lei com todas as suas 613 disposições, ordenanças e 


proibições. Ele realmente cumpriu todas elas, pelo que está 


escrito:“...o fim da lei é Cristo” (Rm 10.4). Ele conduziu a Lei ao 


seu final; ela está cumprida. Por que Ele o fez? Encontramos a 


resposta quando lemos o versículo inteiro: “Porque o fim da lei é 


Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Jesus 


cumpriu a Lei para todos, mas Sua obra é eficaz apenas para todo 


aquele que crê. Segundo a Bíblia, que tipo de fé é essa? É a fé que 


sabe...


...que pessoa alguma é capaz de cumprir a Lei e que ninguém 


consegue satisfazer as exigências divinas.


... que para isso o Filho de Deus, Jesus Cristo, veio ao mundo, 


cumprindo as exigências da Lei até nos mínimos detalhes.


...que Jesus Cristo tomou sobre Si, em meu lugar, o castigo da Lei, 


que é a morte.

Agora, talvez, muitos perguntem: Não estamos removendo a base 


que sustenta uma ética comprometida ao dizermos que a Lei não 


vale mais para os cristãos renascidos? Será que saberemos como 


nos comportar e o que é certo ou errado se dissermos que não é 


preciso cumprir a Lei de Moisés?





“Os preceitos do Senhor... são mais doces do que o mel e o 


destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; 


em os guardar, há grande recompensa” (Salmo 19.8,10).

8. Jesus estabeleceu uma ética muito superior...

..

Jesus e os dez mandamentos



a . O primeiro mandamento diz: 

"não terá outros deuses diante de mim." Êxodo 20:3 
O que Jesus disse: 
"Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás." Mateus 4:10 

b . O segundo mandamento diz: 
"Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra." - Êxodo 20:4 
O que Jesus disse: 
"Ninguém pode servir a dois senhores" - Lucas 16:13 

c . O terceiro mandamento diz: 
"Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão;" - Êxodo 20:7 
O que Jesus disse: 
"de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;" - Mateus 5:34 

d . O quarto mandamento diz: 
"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar." - Êxodo 20:8-10 
O que Jesus disse: 
"O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor." - Marcos 2:27-28 

e . O quinto mandamento diz: 
"Honra a teu pai e a tua mãe" - Êxodo 20:12 
O que Jesus disse: 
"Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim" - Mateus 10:37 

f . O sexto mandamento diz: 
"Não matarás" - Êxodo 20:13 
O que Jesus disse: 
"aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo" - Mateus 5:22

g . O sétimo mandamento diz: 
"Não adulterarás" - Êxodo 20:14 
O que Jesus disse: 
"aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela." - Mateus 5:28 

h . O oitavo mandamento diz: 
"Não roubarás" - Êxodo 20:15 
O que Jesus disse: 
"e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;" - Mateus 5:40 

i . O nono mandamento diz: 
"Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" - Êxodo 20:16 
O que Jesus disse: 
"Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo." - Mateus 12:36 

j . O décimo mandamento diz: 
"Não cobiçarás..." - Êxodo 20:17 
O que Jesus disse: 
"Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui." - Lucas 12:15.


A ética estabelecida por Jesus Cristo supera tudo que já houve em 

matéria de lei moral e toda e qualquer possibilidade dentro da 


ética humana. Jesus exige que cumpramos normas diametralmente 


opostas ao nosso comportamento natural. Essa ética estabelecida 


por Jesus só pode ser seguida por pessoas que nasceram de novo, 


que entregaram todo o seu ser ao Senhor: “Porei no seu coração 


as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei” (Hb 10.16). 


Bíblia diz, ainda, acerca dos renascidos: Deus “...nos habilitou 


para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do 


espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica” (2 Co 3.6).


Curiosamente, Paulo escreveu essas palavras justamente à igreja 


que tinha mais problemas com ira, ciúme, imoralidade, 


libertinagem e impureza espiritual entre seus membros. Mas, ao 


admoestá-los, ele estava dizendo aos crentes de Corinto – e, por 


extensão, a todos nós – que é possível ter uma ética superior e 


viver segundo os elevados preceitos de Jesus quando nascemos de 


novo. Com isso os cristãos não estão rejeitando a ética da Lei de 


Moisés mas estabelecem uma ética muito superior, a ética do 


Espírito Santo, do qual a Bíblia diz: “Mas o fruto do Espírito é: 


amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, 


fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há 


lei” (Gl 5.22-23).


Como, porém, colocamos isso em prática? Simplesmente vivendo 


um relacionamento íntimo e autêntico com Jesus Cristo. O que 


pensamos, o que falamos, o que fazemos ou deixamos de fazer 



deve ser determinado somente por Jesus: “E tudo o que fizerdes, 


seja 


em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, 


dando por ele graças a Deus” (Cl 3.17). Na prática, devemos nos 


comportar como se tudo o que fizermos levasse a assinatura de 


Jesus. Somente quando nos entregarmos completamente ao Senhor 


Jesus poderemos produzir fruto espiritual. Quando submetermos 


nosso ser ao Senhor, o fruto do Espírito poderá crescer em nós em 


todos os seus nove aspectos. Talvez nós mesmos nem o 


percebamos, mas certamente as pessoas que nos cercam 


perceberão que o Espírito está frutificando em nós. 



Que seja assim 


na vida de todos nós! 








Fontes:

Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para 

uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD 

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado 

versículo por versículo.Ed.Hagnos



EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo 


Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos 

adicionais. Editora Central Gospel.

[CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e 

Filosofia. Vol.1.Ed.Hagnos.

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