Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembleia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no texto de Romanos 1.17que nos diz:
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.
I. Os antecedentes da reforma protestante
De Constantino ao fim da idade média
A Igreja nos Dias de Constantino.
Os últimos Anos de Constantino.
A Igreja da Idade Média.
Wycliffe e Huss.
A Renascença.
II. A reforma protestante
A reforma Martinho Lutero.
As 95 teses de Martinho Lutero
O Problema das Indulgências.
Reações papais às teses de Lutero
Reações Papais às Teses de Lutero.
A Excomunhão de Lutero.
III. A extensão da reforma
Zuínglio e a Reforma na Suíça.
Calvino e a Reforma em Genebra.
. Influências Reformistas na França.
A Reforma nos Países Baixos.
A Reforma na Escócia.
A Reforma na Inglaterra.
Os Anabatistas.
IV. Os efeitos negativos da reforma
A contra-reforma
Os Jesuítas.
Elementos de Combate à Reforma.
A Guerra dos Trinta Anos.
As Missões Católicas.
V. A reação dos protestantes à Igreja na Europa
A França e a Igreja Católico-Romana.
O Protestantismo na Alemanha.
O Protestantismo na Inglaterra.
O Reavivamento de Wesley no Século XVIII.
Os Resultados do Reavivamento de Wesley.
O Protestantismo na Escócia e na Irlanda.
A Igreja no Oriente.
A
extensão da reforma.
A excomunhão de Lutero em nada afetou-lhe o
ímpeto de reformador; ela contribuiu, sim, para dar maior dinamismo à sua pena
e mais calor a seus sermões.
Livros e
mais livros foram escritos, através dos quais eram lançadas chamas do Evangelho
sobre corações sequiosos através da Alemanha e países vizinhos. Foi nesse
clima de euforia, que a partir de 1520 os ensinos reformistas de Lutero
dominaram rapidamente aquela parte do mundo. A maioria dos monges, antes
indiferentes ao que ocorria fora dos conventos, deixou seus claustros para
pregar as boas-novas do Novo Testamento. Nesse tempo, não poucos sacerdotes
romanos tornaram-se luteranos, sendo o exemplo deles seguido por muitos dos
fiéis de suas paróquias. Também, não poucos bispos fizeram o mesmo. Muitos
humanistas famosos dedicaram sua cultura propagando e defendendo esta nova
expressão do cristianismo. A Reforma, já fora dos limites da Alemanha, estava
produzindo considerável alteração no modo de vida do povo em outras regiões
da Europa. Deixou de ser um movimento de conotação simples mente anti-papal,
para tornar-se num dos maiores avivamentos religiosos da história da Igreja. Surgiram
também logo depois muitos outros movimentos reformistas, paralelos,
destacando-se precisamente na Suíça, França, Escócia e Inglaterra, sobre os
quais trataremos de forma detalhada a seguir.
I. Zuínglio e a reforma na Suíça
A Suíça do Século XVI era uma confederação de
treze pequenos Estados, chama dos "cantões", formado por um povo de
espírito patriótico e amigo da democracia. Mas, como em outros lugares da
Europa, a Igreja tinha ali sobre si o monopólio político dos governantes e as
diretivas religiosas do papa de Roma. Mas o povo não estava satisfeito com o
que acontecia, o que contribuiu para que a Suíça tomasse novos rumos políticos
e religiosos com a nova concepção da vida resultante da Re nascença.
Ulrico Zuínglio Quando Ulrico Zuínglio nasceu a
19 de janeiro de 1484, Martinho Lutero tinha apenas 52 dias de idade. Graças ã
influência do tio que era pároco em Wildhaus, vila onde morava, Zuínglio
conseguiu uma educação aparada, tendo chegado a estudar em universidades
famosas como as de Viena e de Basiléia. Teve como mestre, muitos dos homens
tidos como grandes expoentes do pensamento renascentista, destacando-se entre
eles o grande humanista Tomás Wyttenbach, que marcou-lhe a vida por ensinar-lhe
adivina autoridade da Bíblia, a morte de Jesus Cristo como o preço único do
perdão e a inutilidade das indulgências. Não se tem conhecimento que Zuínglio
tenha passado por uma experiência de conversão tão dramática quanto a de
Lutero. Sabemos, sim, que a sua atitude religiosa foi sempre mais intelectual
e radical que a de Lutero. Zuínglio tornou-se sacerdote somente por haver
outros clérigos na família. Zuínglio e Suas Ideias Evangélicas Em Glarus,
Zuínglio teve a sua primeira paróquia. Foi aí que ele aprofundou-se nos seus
estudos das Escrituras à luz do ensino reformista. Conta-se que quando o Novo
Testamento grego de Erasmo veio à luz em 1516, Zuínglio o tomou emprestado de
um amigo, copiou â mão as epístolas de Paulo e as lia constantemente. Residindo
como sacerdote em Einsiedeln, lugar onde iam muitos peregrinos, Zuínglio ficou
profundamente triste e revoltado com o espírito de idolatria, insensatez e superstições
reinantes entre o povo daquela cidade, alimentadas pela Igreja Romana.
Comparando essas práticas medievais com o ensino prático das Escrituras, ele
inclinou-se gradualmente para as verdades do Evangelho. Em 1519, Zuínglio já
era tido por pregador notável, tendo pregado em Zurique, de onde sua fama se
espalharia por toda aquela região. Por esse tempo, foi acometido de grave
enfermidade, que em vez de fazê-lo esmorecer, aprofundou ainda mais a sua vida
religiosa. Em 1522 publicou um livro através do qual falava abertamente dos
motivos do seu afastamento da Igreja Romana.
Como toda grande causa tem grandes inimigos, a
causa de Zuínglio tinha seus inimigos, os quais não ficaram indiferentes grande
ascensão do reformador. Por esse tempo, em virtude de distúrbios provocados
pelos inimigos de Zuínglio, foi convocado o Concilio de Zurique, que se
propunha pôr fim à controvérsia religiosa.
Após demorado e caloroso debate, Zuínglio fez
uma declaração de fé de acordo com os princípios fundamentais da Reforma: o
sacerdócio universal de todos os cristãos.
A declaração de Zuínglio enfatizava
principalmente que: 1) Os homens são salvos por Deus por meio da fé em Cristo;
2) Exaltou a autoridade da Bíblia;
3) Atacou a autoridade do papa, a missa e o
celibato do clero. No final do Concilio, a causa de Zuínglio era declarada
vitoriosa, e assim, a Suíça rompia definitivamente com a Igreja de Roma.
A Extensão da Influência de Zuínglio.
De
Zurique, o quartel da reforma Suíça, a influência de Zuínglio se espalhou
rapidamente por todo o país. Graças a essa influência, em cada região da nação
surgira* outros destacados líderes para o movimento. A influência de Zuínglio
também se estendeu pelo sul da Alemanha. Foi assim que surgiram dois aspectos
da reforma, lado a lado: o de Zuínglio e o de Lutero.
Desacordo Entre Lutero e Zuínglio.
Depois do histórico protesto de Espira, em 1529
(daí vem a palavra protestante), tornou-se evidente que mais cedo ou mais
tarde, os protestantes teriam de lutar em defesa da sua fé. Partindo desse
pensamento, grande esforço foi feito com o propósito de juntar luteranos e
zuinglianos de todo o interior da Alemanha e Suíça, com o propósito de formarem
uma liga defensiva, contra possíveis ataques da igreja papal. Por essa razão
fora marcada uma conferência entre os dois líderes, Lutero e Zuínglio.
Para a formação dessa Liga, necessário se fazia
que houvesse harmonia doutrinária entre ambos, o que não foi possível. Eles
concordaram em catorze dos quinze artigos que definiam os assuntos básicos da
fé cristã, mas diferiam na doutrina da Santa Ceia. Lutero continuava
defendendo o princípio de que "o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue
de Cristo" eram recebidos pelos comungantes ao lado do pão e do vinho,
enquanto que Zuínglio defendia o ponto de vista de que o sacramento é um
memorial da morte do Senhor e que a sua presença é unicamente
espiritual.
Aqui teve início a primeira das grandes
divisões do protestantismo nos ramos "Luterano" e
"Reformado". Embora não tivesse se destacado tanto quanto Lutero,
Zuínglio foi visto também como verdadeiro, fiel, destemido, e um líder nobre e sábio que deu
inspiração ao seu povo.
Realizou um trabalho permanente para a causa
do cristianismo em seu país.
II. Calvino e a reforma em Genebra
A 10 de julho de 1509 em Noyon, na Picardia,
França, nasceu João Calvino, filho de Gerard Calvin e Jeanne le Franc.
Calvino tinha apenas três anos de idade quando
sua mãe morreu. Calvino teve a sua infância em dias em que a Igreja Romana e
suas crendices tinham forte influência sobre o povo. Naqueles dias o povo se
dispunha a crer em qualquer coisa absurda.
A Igreja
dizia possuir como relíquia, alguns cabelos de João Batista, um dente do
Senhor, um pedaço de maná do Velho Testamento, algumas migalhas que sobraram da
primeira multiplicação dos pães, e alguns fragmentos da coroa de espinhos
usada por Jesus. Diz-se que em Noyon não se podia falar três palavras sem a
interrupção de um sino. Destinado ao sacerdócio, Calvino foi enviado a Paris
quando tinha apenas quatorze anos de idade, para realizar os estudos
preparatórios para a sua carreira eclesiástica. Cinco anos depois, o pai
decidiu que o filho estudasse Direito, o que fez em Orleans e em Bourges.
Falecendo o pai em 1531, Calvino resolveu seguir sua própria vocação: enveredar
pela cultura das letras. Assim foi a Paris a fim de estudar sob a direção dos
mais eminentes humanistas da época.
A Conversão de Calvino Quando, onde e como
Calvino se tornou protestante, não se sabe ao certo. Sabe-se, no entanto, que
sua mudança resultou dos novos estudos e dos ensinos de Lutero.
Declarou-se protestante em 1533, e, ao fim
daquele ano, acompanhado de outros protestantes, teve de fugir de Paris; em
virtude de forte e violenta perseguição. Esteve por três anos em Basiléia onde
escreveu o livro A Instituição Cristã, pelo que foi honrado como um dos mais
ilustres líderes do Protestantismo. Esse livro era um tratado de teologia e
declaração sistemática da verdade cristã sustentada e de fendida pelos
protestantes e destinado ao uso popular. Calvino em Genebra Genebra tinha uma
população de mais ou menos treze mil habitantes. Era socialmente próspera, mas
de baixo nível moral. Fazia pouco tempo que ali triunfara a Reforma sob a
liderança do famoso pregador de nome Guilherme
Farei.
A cidade
conquistara sua independência numa guerra contra seu bispo que era também um
senhor feudal.
Foi
assim que, por um edital de 27 de agosto de
A Reforma chegou a Genebra de mãos dadas com a
liberdade, liberdade da qual nenhum habitante da pequena cidade estava disposto
a abrir mão.
Não obstante o muito que já tinha sido feito,
Farei verificou que o que se tinha feito era apenas o início da luta, e que a
cidade necessitava urgentemente de uma obra de construção, tanto no terreno
moral como no religioso, tarefa a qual ele considerou-se incapaz de realizar.
Perplexo sobre o que fazer, foi in formado de que Calvino estava na sua
cidade, naquela noite.
0 mais rápido que pôde, Farei foi ao encontro
de Calvino e convidou-o a ficar em Genebra.
Segundo
Guilherme Farei, Calvino era o homem que a cidade precisava, mas para seu
espanto, Calvino não demonstrou nenhum interesse em aceitar o convite para
ficar em Genebra.
Calvino alegou estar muito ocupado com seus
estudos e pesquisas, de sorte que não era possível aceitar semelhante convite.
Foi aí que, como num último e desesperador apelo, o velho pregador disse a
Calvino: "Digo-te, em nome de Deus Todo-poderoso, que estás apresentando
os teus estudos como pretexto. Deus te amaldiçoará se não nos ajudares a levar
adiante o Seu trabalho, pois doutra forma estarias buscando a tua própria honra
em vez da de Cristo!" O reformador cedeu e ficou. Diante do enfático apelo
de Farei, dias depois Calvino mesmo confessou: "Senti... como se Deus
tivesse estendido a sua mão do céu em minha direção para me prender... Fiquei
tão aterrorizado que interrompi a viagem que havia encetado... Guilherme Farei
me reteve em Genebra." Decepções e Vitórias Iniciadas as suas atividades,
em pouco tempo o trabalho de Calvino resultou em desastre. Muita gente não
estava com o coração predisposto à Reforma e a oposição dessa gente resultou na
expulsão de Calvino e de Farei. Saindo de Genebra, Calvino esteve por três anos
em Estrasburgo, pastoreando uma igreja protestante de franceses exilados pelas
perseguições. Enquanto isso as coisas em Genebra iam de mal a pior. Nessa
época, o povo que já conhecia a capacidade de Calvino convidou-o a voltar a
Genebra, apelo que ele atendeu não sem relutância.
Benefícios da Obra de Calvino
Por sua obra em Genebra, Calvino alcançou três
benefícios para o Protestantismo em geral.
1) A
vida moral da cidade foi um exemplo do que a fé transformada podia realizar, e
daí o poder de sua propaganda.
2)
Genebra foi transformada na cidade de refúgio para os perseguidos por causa da
Reforma. Para esta cidade livre, veio gente dos mais diferentes pontos da
Europa, como seja: França, Holanda, Alemanha, Escócia e Inglaterra.
3) Foi também um lugar de preparação para os
líderes do Protestantismo. Na sua Academia e no ambiente da cidade, foram
preparados ministros devota dos, instruídos, que se espalharam como
missionários da Reforma, pelos países onde esta ainda não havia entrado. Muitos
dos refugiados voltaram aos seus países de origem, fortalecidos por sua estada
em Genebra e por seu contato com Calvino. Um deles foi João Knox.
III. A influências reformistas na França
Embora Calvino estivesse ausente da França há
vinte e sete anos, era o líder ausente da Reforma na França. Seus livros,
principalmente A Instituição Cristã, e demais ideias suas eram espalhadas como
relâmpago por todo o país, as quais eram aceitas e propagadas por humanistas
franceses, os quais eram estudiosos das Escrituras. Mas quando os livros de
Lutero começaram a circular na França, foi grande a perseguição levantada
contra todos quantos defendiam os pontos de vista de origem reformista.
Em 1538 o rei Francisco I decidiu fazer uma
forte e incessante campanha contra o ensino reformado.
Foi no ardor das perseguições que Calvino
tornou-se o líder mais eficaz do movimento protestante no país, dirigindo-o
através de cartas e por meio de jovens pregadores enviados de sua escola em
Genebra. Não obstante o sangue derramado e muitos mortos, a Reforma
espalhou-se por quase toda a França. Mas, só em 1559 foi organizada um igreja
protestante nacional.
Os Huguenotes O rápido crescimento da
influência da Reforma na França, contribuiu para que dentro de pouco tempo,
grande parte da aristocracia francesa fosse conquistada pela Reforma. Estes
grandes nobres, alguns príncipes de sangue real, não se submetiam facilmente à
perseguição, e começaram a falar de uma revolta armada. Sob a liderança desses
nobres, o movimento protestante tornou-se não somente um movimento que visava a
expansão das verdades do Evangelho, mas igualmente uma luta contra o governo
com o fim de alcançar a liberdade religiosa. Por essa atitude os protestantes
franceses ganharam o nome de "huguenotes". "Huguenotes" foi
a princípio um apelido dado aos protestantes pelos católicos romanos. Sua
origem foi a seguinte: Os protestantes de Tours costumavam reunir-se à noite
no portão do palácio do Rei Hugo. O povo do lugar cria que o espírito do rei
Hugo perambulava durante a noite. Um monge dissera num sermão que os
protestantes deveriam ser chamados de huguenotes, que significa parentes de
Hugo, por que se pareciam com ele por andarem somente ã noite. A guerra
rebentou em 1562, sendo os huguenotes comandados pelo almirante Coligny e o
príncipe Condé. Ambos lutavam contra a tirania da rainha regente, Catarina de
Médicis. Essa guerra foi a primeira das oito "Guerras Religiosas" que
durante mais de trinta penosos anos, quase arruinaram a França. 0 partido
católico-romano estava decidido a lançar mão de todas as crueldades, como de
fato o fez. Esse partido era dirigido pelos jesuítas e pelo rei Filipe II, da
Espanha.
A Noite
de São Bartolomeu 0 espirito do partido católico-romano Manifestou-se no horrível
massacre de São Bartolomeu, em 1572.
Houve um certo período de paz, muitos dos
huguenotes dentre os mais nobres da França reuniram-se em Paris para as
cerimônias de de um dos seus líderes, Henrique de Navarra. Num ataque levado a
efeito durante a noite, por ordem de Catarina de Médicis, milhares de huguenotes,
inclusive o Almirante Coligny e muitos outros líderes, foram mortos.
Rapidamente cerca de setenta mil foram mortos em toda a França. 0 papa de Roma
enviou congratulações a Catarina e ambos se regozijaram pelo que fizeram aos
protestantes.
0 Edito de Nantes
Apesar deste terrível golpe, os protestantes se
reabilitaram e continuaram a luta até 1598 quando o célebre Edito de Nantes,
concedeu ao Protestantismo um pouco mais de tolerância
IV. A reforma nos países baixos
Os Países Baixos foram aqueles territórios
herdados por Carlos V, onde ele exerceu toda espécie de hostilidade contra a
influência da Reforma Protestante.
Quando
as ideias luteranas começaram a se difundir, Carlos V estabeleceu a
Inquisição, que logo demonstrou sua eficácia, condenando à fogueira em 1523 os
primeiros mártires da fé reformada.
A pesar de mais de trinta anos de perseguição
sob o comando de Carlos V, o Protestantismo sobreviveu.
A influência de João Calvino tornou-se evidente
através da obra dos missionários reformados, vindos da França e
de Genebra.
Em 1555, Carlos V foi sucedido por seu filho
Filipe II, na Espanha e nos Países Baixos.
Filipe
foi mais carola e cruel que seu pai. De tal sorte governou, que em poucos anos
muitos povos das províncias estavam dispostos â revolta contra a tirania espanhola
que estava esmagando a liberdade, levando todas as riquezas dessas províncias
para o reino espanhol e matando o povo por causa da sua fé. Foi assim que a
causa protestante identificou-se com a causa da liberdade.
Guilherme de Orange 0 líder desse partido
patriótico contra a tirania de Filipe II, era Guilherme, também conhecido pela
alcunha de Taciturno, príncipe de Orange, da Alemanha. Foi um dos mais nobres
amigos dos Países Baixos. Descobrindo que Filipe II estava convocando tropas
para esmagar qualquer resistência ao governo, Guilherme retirou-se para a
Alemanha, a fim de preparar-se para a guerra. Nesse ínterim, conheceu a verdade
evangélica e aceitou-a, dedicando-se muito ao estudo da Bíblia.
Este fato e a lembrança dos mártires que vira
nos Países Baixos, tornaram-no um homem profundamente religioso. Dai em
diante, sua carreira foi dominada pela convicção de que ele próprio era um
instrumento nas mãos de Deus para salvar seu povo adotivo da miséria e tirânica
opressão espanhola.
A Guerra Contra a Espanha
Em
No ano seguinte, Guilherme começou a guerra de
libertação. No início da guerra, ele compreendeu que sua causa não triunfaria
no sul dos Países Baixos onde a população protestante havia sofrido parcial
aniquilamento pelas forças espanholas. Essas províncias do sul vieram a formar
a moderna Bélgica, país católico-romano. Vitória da Holanda Foi com os
protestantes do norte dos Países Baixos que Guilherme alcançou o seu objetivo.
O momento decisivo da guerra deu-se quando o terrível cerco de Leyden foi
quebrado pelo rompi mento dos diques, o que permitiu a invasão do mar e dos
navios de batalha dos marinheiros holandeses que atacaram as muralhas e as
defesas inimigas. Mesmo depois disto houve encontros desespera dos, mas
Guilherme mostrou-se invencível no desejo de edificar uma nação livre. Embora
tombasse em 1548 pelas mãos de um assas sino, seu exemplo inspirou a seu povo
"a sustentar a boa causa com o auxílio de Deus, sem poupança de ouro ou de
sangue."
Esta
nobre causa teve sua vitória final em 1609.
Assim
nasceu a poderosa nação protestante na Holanda.
Os Arminianos Ainda no Século XVII surgiu uma
profunda diferença teológica entre os protestantes da Holanda. Alguns teólogos
holandeses sublinharam, nos termos mais extremos, a ideia calvinista, a ideia
de que Deus predestina alguns para a salvação e outros para a perdição, dando
mais ênfase a isto do que o próprio Calvino. Surgiu um partido que rejeitou
esta ideia e afirmava que Cristo morreu por todos os que creem em Cristo. Este
partido foi chamado "arminiano" por causa de Armínio que foi um dos
seus líderes. Para resolver esta disputa convocou-se em 1618 o Sínodo de Dort
cuja decisão contrariou os arminianos. Mas o ensino destes foi vitorioso na
Holanda e se espalhou por toda a Inglaterra, e depois, na América.
V. A reforma na Escócia
A Escócia do Século XVI era um reino
independente. Seu clero católico tinha sido peculiarmente indigno e
incompetente. Por isto não surpreendeu que os ensinos da Reforma fossem ali
avidamente aceitos a despeito da disposição da Igreja Romana e do governo de
perseguir os pregadores da causa protestante. João Knox 0 maior líder da causa
reformista na Escócia foi João Knox. Da sua vida passada apenas sabemos que
nasceu em 1515. Tornou-se sacerdote, foi tutor dos filhos de algumas famílias
nobres, e, depois, companheiro de George Wishart, um dos mártires protestantes.
De sua ousadia como pregador do cristianismo reformado, resultou em 1546, ser
preso por uma força francesa que fora enviada para auxiliar o governo escocês.
Por dezenove meses suportou a "vida de morte" numa das galés de
escravos, na França. Passou de pois vários anos na Inglaterra onde destacou-se
como notável pregador. Ao rebentar a perseguição no reinado da rainha Maria,
fugiu para Genebra onde se ligou inteiramente a Calvino. Knox Volta â Escócia
Enquanto Knox achava-se no exílio, a Reforma prosseguia de alguma forma na
Escócia, sob a liderança de certos nobres conhecidos como os "Senhores da
Congregação". Quando Knox regressou em 1559 para assumir a direção do
movimento, encontrou-os prontos a lutar pela liberdade da fé, contra a rainha
regente. Dispondo de tropas francesas para lutar, ela teria alcançado a vitória
caso Knox não solicitasse auxilio a Cecil, secretário de Estado da rainha
Isabel que viu quanto era necessário ter uma Escócia protestante ao lado de
uma Inglaterra protestante. Em 1560 uma arma da e um exército ingleses
expulsaram os franceses em meio ao maior regozijo do povo escocês.
A Reforma
Vitoriosa
O campo estava livre para que Knox e seus
companheiros de ideal entrassem em ação.
João Knox pregava frequentemente com extraordinária
eloquência, fortalecendo a causa reformista com seus argumentos poderosos.
Tinha uma profunda paixão pelas almas. Conta-se que um seu amigo o viu orando
certa noite, sempre repetindo "Senhor, dá-me a Escócia, senão eu morro*.
Não demorou organizar-se uma igreja reformada sob sua direção (Igreja
Reformada Escocesa) . Auxiliado por outros ministros escreveu a nobre
"Confissão Escocesa". 0 Parlamento adotou-a como o credo da Igreja nacional,
rejeitando ao mesmo tempo a autoridade do papa e proibindo a missa. Foi ele
também o principal autor do "Livro da Disciplina" , que traçava uma
forma presbiteriana de governo para a igreja, seguindo o mesmo plano da Igreja
Protestante Francesa. Em virtude dessas medidas reuniu-se neste mesmo ano,
Em 1561,
Maria, rainha da Escócia, veio da França para reinar em sua própria terra,
decididamente resolvida a restabelecer o Catolicismo Romano. E quase alcançou
seu objetivo. Fracassou, devido parcialmente ã sua própria perversidade e
desatinos, o que despertou geral indignação contra ela, e por outra parte, por
causa da atitude decidida de João Knox. Contra a rainha e os nobres que a
apoiavam, Knox sus tentou a bandeira da causa protestante, com o auxilio
sempre crescente da parte do povo. Em 1567, após a abdicação da rainha, a
Reforma foi reconhecida e confirmada pelo rei. A Luta Pelo Presbiterianismo
Depois de alcançada a vitória do Protestantismo na Escócia, surgiu a luta pelo
presbiterianismo. 0 filho da rainha Maria, Tiago VI, que veio a ser depois Tiago
I da Inglaterra, tentou introduzir bispos na igreja escocesa.
Ela viu que um governo eclesiástico presbiteriano nutriria e desenvolveria o espírito de liberdade entre o povo. Igualmente, alguns nobres que se aliaram ao rei, julgaram que a introdução de bispos na igreja lhes daria uma oportunidade de ficarem com as terras dos bispos medievais. Foi nessa época que levantou-se André Melville, ousado líder presbiteriano dos escoceses em decidida luta contra o rei. Por causa dos seus esforços a Igreja Escocesa alcançou uma forma de governo presbiteriano completa e que ainda não tinha sido plenamente alcançada desde que surgira a Reforma.
VI. A reforma na Inglaterra
Muito antes do rompimento de Henrique VIII com o
papa, vá rias forças contribuíram para o preparo do povo inglês a fim de
receber a Reforma. A maior dessas forças foi a organização dos "Irmãos
Lollardos" que conservou vivos os ensinamentos de Wycliffe. Além disso,
havia a propaganda das ideias reformistas pelos humanistas, tais como Colet, a
disseminação dos livros e en sinos de Lutero em alguns lugares e a circulação
extensiva, embora proibida, do Novo Testamento de Tyndale, publicado em 1525.
Henrique
VIII Ê injusto afirmar, como muitos fazem, que Henrique VIII se revoltou contra
o papa só porque desejava uma esposa.
Nesse episódio estavam envolvidas graves questões
de caráter nacional. Os estadistas ingleses muito se preocupavam com o fato de
não haver um herdeiro do sexo masculino
para a sucessão da coroa do pais, que nunca conhecera o governo de uma rainha.
Havia também certa dúvida quanto à legalidade
do casamento de Henrique com Catarina, segundo as leis da Igreja. Desse modo
houve alguma justificação para o seu pedido ao papa, de anulação de casamento;
antes porém de fazer o pedido, Henrique colocou-se numa situação indesejável
por sua súbita paixão por Ana Bolena que era indigna de ser rainha do povo
inglês.
Quando o papa, por motivos políticos, não
atendeu ao pedido, Henrique, que jamais permitira que alguém lhe dobrasse a
vontade, resolveu livrar a Inglaterra do domínio papal.
Conseguiu do Arce bispo de Cantuária uma
declaração de ilegalidade e consequente anulação do seu casamento com Catarina,
e da legalidade do seu casamento com Ana Bolena. Por tal ato foi excomungado
por decreto papal.
A resposta de Henrique foi dada através de um
ato do Parlamento em 1534, pelo qual se declarava "Chefe Supremo da Igreja
da Inglaterra", e por uma proclamação do clero que a ele se submetera, de
que o papa não mais teria supremacia na Inglaterra. O papa que o excomungou
também não foi nenhum santo: teve muitos filhos ilegítimos, como o prova a
história. Resultados da Atitude de Henrique VIII Nada tinha sido feito até aqui
no sentido de uma reforma real no terreno religioso. Quando Henrique morreu em
Uma delas foi a ordem real para que cada igreja
tivesse uma Bíblia completa, de grande formato, na língua inglesa e que fosse
colocada onde o povo pudesse ler com facilidade.
A Bíblia
usada pelo povo era principalmente da tradução feita por Tyndale. Desde então,
essa tradução tem sido a base de todas as Bíblias de língua inglesa que
apareceram posteriormente.
Outro ato hostil contra a religião medieval foi
o fechamento dos mosteiros e o confisco das suas propriedades.
Eduardo VI
O reinado seguinte viu a Igreja da Inglaterra
tomar-se rapidamente protestante, pela influência dos nobres que governaram no
período da minoridade do rei Eduardo VI. Dentro de cinco anos foram publicados
um Primeiro e um Segundo "Livro Comum de Orações" , modificando o
culto da Igreja de acordo com as ideias da Reforma.
O
Parlamento decretou leis que exigiam que todas as pessoas assistissem ao culto
reformado. Enquanto isto, os ensinos da Reforma se divulgavam entre o povo.
Maria Surgiu, então, tremenda reação liderada
pela Rainha Maria. Seu único objetivo era fazer a Inglaterra voltar ao que
tinha sido antes de Henrique VIII, isto é, fazer a Igreja de então voltar ao
domínio da Igreja Romana.
Com este propósito, anulou todos os atos dos
reis seus predecessores. Atacou cruelmente o Protestantismo, principalmente
seus líderes. Entre as vítimas destacam-se o arcebispo Cramer e os bispos Ridley
e Latimer. A Inglaterra tornou-se consideravelmente muito mais protestante,
após a morte da rainha Maria, em virtude da sua cruel batalha para tornar o
país católico romano. Isabel A sucessora da rainha Maria, Isabel, desde cedo
demonstrou seu propósito de seguir o Protestantismo, pelo que muito contribuiu
para a formação de uma igreja nacional protestante.
Foi organizado também um "Livro Comum de
Orações" ainda hoje adotado sem modificações substanciais. Com sua igreja
protestante e seu rápido desenvolvimento político e econômico, a Inglaterra tornou-se
um dos principais baluartes da causa protestante na Europa, e, depois, em
outras partes do mundo.
VII. Os anabatistas
Além dos luteranos e reformados, surgiu um
terceiro movimento reformador conhecido como "Anabatista". O ideal
deles era organizar sociedades de cristãos verdadeiramente convertidos, em
bases voluntárias. Estas sociedades seriai» santos agrupamentos, seguindo os
ensinamentos do Novo Testamento e particularmente o Sermão do Monte. Nelas
seria reproduzido o modo de viver dos cristãos primitivos. Não lançariam mão da
força; portanto não iriam ã guerra nem exerceriam cargos civis. Hão ofereceriam
resistência ao mal, e suportariam com forte ânimo tudo que lhes sobreviesse
por causa das suas convicções. Tinham de cultivar um estrito companheirismo
entre si, dispensando muito cuidado no suprimento das necessidades dos irmãos
necessitados. Doutrina Quanto ã Igreja A doutrina fundamental dos anabatistas
era uma concepção particular a respeito da Igreja. Esta, sustentavam eles, é
uma comunidade de pessoas regeneradas. Ninguém mais tinha a ver com a mesma.
Decorria dai a crença deles, de que o batismo, o rito de admissão à Igreja, só
deveria ser ministrado aos adultos, desde que somente estes poderiam
experimentar conversão.
Os que
se filiavam a essas sociedades eram batizados, pois o batismo que já tivessem
recebido na infância era destituído de valor. Por causa dessa atitude foram
chamados de "anabatistas", isto é, que batizavam novamente.
Os Anabatistas e a Sociedade
Os anabatistas surgiram especialmente nas
regiões da Europa. Procederam principalmente dos camponeses e artesãos que eram
vitimas de injustiças; não obstante, entre eles havia alguns líderes cultos.
Nos primeiros anos do seu desenvolvimento havia entre os anabatistas, o
pensamento de transtornar a ordem então existente, estabelecendo-se no seu
lugar uma sociedade fundamentada no amor cristão. Mas este radicalismo social
logo passou, em parte por causa das perseguições, e mesmo porque esse propósito
não era característico da maioria dos anabatistas. Em geral eram calmos,
devotados e trabalhadores. A Igreja Romana, naturalmente, perseguiu-os de um
modo terrível. E até os luteranos e zuinglianos os perseguiam por sua rejeição ao
batismo infantil e oposição as igrejas oficiais.
Meno
Simons
O mais célebre líder dos anabatistas foi Meno
Simons (1492-1556).
Durante vinte e cinco anos ele pastoreou as
sociedades espalhadas pela Alemanha e Países Baixos. Purificando-as das suas
tendências para o fanatismo, resultantes, naturalmente, dos seus sofrimentos.
Conseguiu novos conversos pela pregação e os unificou numa grande irmandade que
tomou o seu nome –
"Os Menonitas" .
Os Menonitas e os Modernos Batistas Em 1608,
vários puritanos fugiram da Inglaterra, por causa das perseguições, chegando a
Holanda.
Alguns deles foram depois os
"Peregrinos" de Plymouth. Outros que vieram por causa da influência
dos menonitas, aceitaram os pontos de vista destes.
Mais ou menos em 1611, alguns desses últimos
conversos fundaram em Londres a Primeira Igreja Batista ou Anabatista da
Inglaterra.
Já antes disto, alguns batistas ingleses
estavam associados aos menonitas holandeses. Destes primeiros batistas
ingleses procederam os demais batistas que fundaram igrejas no mundo de língua
inglesa.
A designação de menonitas, ainda hoje é adotada
por algumas igrejas na Alemanha e na América.
Estaremos de volta na próxima matéria sobre este assunto falando sobre: Os efeitos negativos da reforma
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