sábado, 27 de julho de 2024

Série: A reforma protestante (3)

 Por: Jânio Santos de Oliveira

Pastor e professor da Igreja evangélica Assembleia de Deus em Santa Cruz da Serra

Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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 Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com

Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

 

 


Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no texto de Romanos 1.17que nos diz:

 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.



I.             Os antecedentes da reforma protestante

De Constantino ao fim da idade média

A Igreja nos Dias de Constantino.

Os últimos Anos de Constantino.

A Igreja da Idade Média.

Wycliffe e Huss.

A Renascença.

II.           A reforma protestante

A reforma Martinho Lutero.

As 95 teses de Martinho Lutero

O Problema das Indulgências.

Reações papais às teses de Lutero

Reações Papais às Teses de Lutero.

A Excomunhão de Lutero.

III.          A extensão da reforma

Zuínglio e a Reforma na Suíça.

 Calvino e a Reforma em Genebra.

. Influências Reformistas na França.

 A Reforma nos Países Baixos.

A Reforma na Escócia.

 A Reforma na Inglaterra.

 Os Anabatistas.

IV.         Os efeitos negativos da reforma

A contra-reforma

Os Jesuítas.

Elementos de Combate à Reforma.

A Guerra dos Trinta Anos.

As Missões Católicas.

V.     A reação dos protestantes à Igreja na Europa


A França e a Igreja Católico-Romana.

O Protestantismo na Alemanha.

O Protestantismo na Inglaterra.

O Reavivamento de Wesley no Século XVIII.

Os Resultados do Reavivamento de Wesley.

O Protestantismo na Escócia e na Irlanda.

A Igreja no Oriente.



 A extensão da reforma.

 

A excomunhão de Lutero em nada afetou-lhe o ímpeto de refor­mador; ela contribuiu, sim, para dar maior dinamismo à sua pena e mais calor a seus sermões.

 Livros e mais livros foram escritos, através dos quais eram lançadas chamas do Evangelho sobre cora­ções sequiosos através da Alemanha e países vizinhos. Foi nesse clima de euforia, que a partir de 1520 os ensinos reformistas de Lutero dominaram rapidamente aquela parte do mundo. A maioria dos monges, antes indiferentes ao que ocorria fora dos conventos, deixou seus claustros para pregar as boas-novas do Novo Testamento. Nesse tempo, não poucos sacerdotes romanos tor­naram-se luteranos, sendo o exemplo deles seguido por muitos dos fiéis de suas paróquias. Também, não poucos bispos fizeram o mes­mo. Muitos humanistas famosos dedicaram sua cultura propagando e defendendo esta nova expressão do cristianismo. A Reforma, já fora dos limites da Alemanha, estava produzin­do considerável alteração no modo de vida do povo em outras re­giões da Europa. Deixou de ser um movimento de conotação simples­ mente anti-papal, para tornar-se num dos maiores avivamentos re­ligiosos da história da Igreja. Surgiram também logo depois mui­tos outros movimentos reformistas, paralelos, destacando-se pre­cisamente na Suíça, França, Escócia e Inglaterra, sobre os quais trataremos de forma detalhada a seguir.

 


I. Zuínglio e a reforma na Suíça


A Suíça do Século XVI era uma confe­deração de treze pequenos Estados, chama­ dos "cantões", formado por um povo de es­pírito patriótico e amigo da democracia. Mas, como em outros lugares da Europa, a Igreja tinha ali sobre si o monopólio po­lítico dos governantes e as diretivas re­ligiosas do papa de Roma. Mas o povo não estava satisfeito com o que acontecia, o que contribuiu para que a Suíça tomasse novos rumos políticos e religiosos com a nova concepção da vida resultante da Re­ nascença.

Ulrico Zuínglio Quando Ulrico Zuínglio nasceu a 19 de janeiro de 1484, Mar­tinho Lutero tinha apenas 52 dias de idade. Graças ã influência do tio que era pároco em Wildhaus, vila onde morava, Zuínglio conseguiu uma educação aparada, tendo chegado a estudar em universidades famosas como as de Viena e de Basiléia. Teve como mes­tre, muitos dos homens tidos como grandes expoentes do pensamento renascentista, destacando-se entre eles o grande humanista Tomás Wyttenbach, que marcou-lhe a vida por ensinar-lhe adivina auto­ridade da Bíblia, a morte de Jesus Cristo como o preço único do perdão e a inutilidade das indulgências. Não se tem conhecimento que Zuínglio tenha passado por uma experiência de conversão tão dramática quanto a de Lutero. Sabe­mos, sim, que a sua atitude religiosa foi sempre mais intelectual e radical que a de Lutero. Zuínglio tornou-se sacerdote somente por haver outros clérigos na família. Zuínglio e Suas Ideias Evangélicas Em Glarus, Zuínglio teve a sua primeira paróquia. Foi aí que ele aprofundou-se nos seus estudos das Escrituras à luz do ensino reformista. Conta-se que quando o Novo Testamento grego de Erasmo veio à luz em 1516, Zuínglio o tomou emprestado de um amigo, copiou â mão as epístolas de Paulo e as lia constantemente. Residindo como sacerdote em Einsiedeln, lugar onde iam mui­tos peregrinos, Zuínglio ficou profundamente triste e revoltado com o espírito de idolatria, insensatez e superstições reinantes entre o povo daquela cidade, alimentadas pela Igreja Romana. Comparando essas práticas medievais com o ensino prático das Escri­turas, ele inclinou-se gradualmente para as verdades do Evange­lho. Em 1519, Zuínglio já era tido por pregador notável, tendo pregado em Zurique, de onde sua fama se espalharia por toda aque­la região. Por esse tempo, foi acometido de grave enfermidade, que em vez de fazê-lo esmorecer, aprofundou ainda mais a sua vida religiosa. Em 1522 publicou um livro através do qual falava aber­tamente dos motivos do seu afastamento da Igreja Romana.

Como toda grande causa tem grandes inimigos, a causa de Zuínglio tinha seus inimigos, os quais não ficaram indiferentes grande ascensão do reformador. Por esse tempo, em virtude de dis­túrbios provocados pelos inimigos de Zuínglio, foi convocado o Concilio de Zurique, que se propunha pôr fim à controvérsia reli­giosa.

Após demorado e caloroso debate, Zuínglio fez uma declara­ção de fé de acordo com os princípios fundamentais da Reforma: o sacerdócio universal de todos os cristãos.

A declaração de Zuín­glio enfatizava principalmente que: 1) Os homens são salvos por Deus por meio da fé em Cristo;

2) Exaltou a autoridade da Bíblia;

3) Atacou a autoridade do papa, a missa e o celibato do clero. No final do Concilio, a causa de Zuínglio era declarada vitoriosa, e assim, a Suíça rompia definitivamente com a Igreja de Roma.

A Extensão da Influência de Zuínglio.

 De Zurique, o quartel da reforma Suíça, a influência de Zuínglio se espalhou rapidamente por todo o país. Graças a essa influência, em cada região da nação surgira* outros destacados líderes para o movimento. A influência de Zuínglio também se estendeu pelo sul da Ale­manha. Foi assim que surgiram dois aspectos da reforma, lado a lado: o de Zuínglio e o de Lutero.

Desacordo Entre Lutero e Zuínglio.

Depois do histórico protesto de Espira, em 1529 (daí vem a palavra protestante), tornou-se evidente que mais cedo ou mais tarde, os protestantes teriam de lutar em defesa da sua fé. Par­tindo desse pensamento, grande esforço foi feito com o propósito de juntar luteranos e zuinglianos de todo o interior da Alemanha e Suíça, com o propósito de formarem uma liga defensiva, contra possíveis ataques da igreja papal. Por essa razão fora marcada uma conferência entre os dois líderes, Lutero e Zuínglio.

Para a formação dessa Liga, necessário se fazia que houvesse harmonia doutrinária entre ambos, o que não foi possível. Eles concordaram em catorze dos quinze artigos que definiam os assuntos básicos da fé cristã, mas diferiam na doutrina da Santa Ceia. Lutero conti­nuava defendendo o princípio de que "o verdadeiro corpo e o ver­dadeiro sangue de Cristo" eram recebidos pelos comungantes ao la­do do pão e do vinho, enquanto que Zuínglio defendia o ponto de vista de que o sacramento é um memorial da morte do Senhor e que a sua presença é unicamente espiritual.

Aqui teve início a pri­meira das grandes divisões do protestantismo nos ramos "Luterano" e "Reformado". Embora não tivesse se destacado tanto quanto Lutero, Zuín­glio foi visto também como verdadeiro, fiel,  destemido, e um líder nobre e sábio que deu inspiração ao seu povo.

Realizou um traba­lho permanente para a causa do cristianismo em seu país.


II. Calvino e a reforma em Genebra

A 10 de julho de 1509 em Noyon, na Picardia, França, nasceu João Calvino, filho de Gerard Calvin e Jeanne le Franc.

Calvino tinha apenas três anos de idade quando sua mãe morreu. Calvino teve a sua infância em dias em que a Igreja Romana e suas crendices tinham forte influência sobre o povo. Naqueles dias o povo se dispunha a crer em qualquer coisa absurda.

 A Igreja di­zia possuir como relíquia, alguns cabe­los de João Batista, um dente do Senhor, um pedaço de maná do Velho Testamento, algumas migalhas que sobraram da primei­ra multiplicação dos pães, e alguns fragmentos da coroa de espinhos usada por Jesus. Diz-se que em Noyon não se podia falar três palavras sem a inter­rupção de um sino. Destinado ao sacerdócio, Calvino foi enviado a Paris quando tinha apenas quatorze anos de idade, para realizar os estudos preparatórios para a sua carreira eclesiástica. Cinco anos de­pois, o pai decidiu que o filho estudasse Direito, o que fez em Orleans e em Bourges. Falecendo o pai em 1531, Calvino resolveu seguir sua própria vocação: enveredar pela cultura das letras. Assim foi a Paris a fim de estudar sob a direção dos mais eminen­tes humanistas da época.

A Conversão de Calvino Quando, onde e como Calvino se tornou protestante, não se sabe ao certo. Sabe-se, no entanto, que sua mudança resultou dos novos estudos e dos ensinos de Lutero.

Declarou-se protestante em 1533, e, ao fim daquele ano, acompanhado de outros protestantes, teve de fugir de Paris; em virtude de forte e violenta persegui­ção. Esteve por três anos em Basiléia onde escreveu o livro A Instituição Cristã, pelo que foi honrado como um dos mais ilustres líderes do Protestantismo. Esse livro era um tratado de teo­logia e declaração sistemática da verdade cristã sustentada e de­ fendida pelos protestantes e destinado ao uso popular. Calvino em Genebra Genebra tinha uma população de mais ou menos treze mil habitantes. Era socialmente próspera, mas de baixo nível moral. Fazia pouco tempo que ali triunfara a Reforma sob a liderança do famoso pregador de nome Guilherme Farei.

 A cidade conquistara sua inde­pendência numa guerra contra seu bispo que era também um senhor feudal.

 Foi assim que, por um edital de 27 de agosto de 1535, a religião de Roma deixou de ser a religião de Genebra.

A Reforma chegou a Genebra de mãos dadas com a liberdade, liberdade da qual nenhum habitante da pequena cidade estava disposto a abrir mão.

Não obstante o muito que já tinha sido feito, Farei verificou que o que se tinha feito era apenas o início da luta, e que a cidade necessitava urgentemente de uma obra de construção, tanto no terreno moral como no religioso, tarefa a qual ele conside­rou-se incapaz de realizar. Perplexo sobre o que fazer, foi in­ formado de que Calvino estava na sua cidade, naquela noite.

0 mais rápido que pôde, Farei foi ao encontro de Calvino e convi­dou-o a ficar em Genebra.

 Segundo Guilherme Farei, Calvino era o homem que a cidade precisava, mas para seu espanto, Calvino não demonstrou nenhum interesse em aceitar o convite para ficar em Genebra.

Calvino alegou estar muito ocupado com seus estudos e pesquisas, de sorte que não era possível aceitar semelhante con­vite. Foi aí que, como num último e desesperador apelo, o velho pregador disse a Calvino: "Digo-te, em nome de Deus Todo-poderoso, que estás apresentando os teus estudos como pretexto. Deus te amaldiçoará se não nos ajudares a levar adiante o Seu trabalho, pois doutra forma estarias buscando a tua própria honra em vez da de Cristo!" O reformador cedeu e ficou. Diante do enfático apelo de Farei, dias depois Calvino mesmo confessou: "Senti... como se Deus tivesse estendido a sua mão do céu em minha direção para me prender... Fiquei tão aterrorizado que interrompi a viagem que havia encetado... Guilherme Farei me reteve em Genebra." Decepções e Vitórias Iniciadas as suas atividades, em pouco tempo o trabalho de Calvino resultou em desastre. Muita gente não estava com o coração predisposto à Reforma e a oposição dessa gente resultou na expulsão de Calvino e de Farei. Saindo de Genebra, Calvino esteve por três anos em Estrasburgo, pastoreando uma igreja protestante de franceses exilados pelas perseguições. Enquanto isso as coisas em Genebra iam de mal a pior. Nessa época, o povo que já conhecia a capacidade de Calvino convidou-o a voltar a Genebra, apelo que ele atendeu não sem relutância.

Benefícios da Obra de Calvino

Por sua obra em Genebra, Calvino alcançou três benefícios para o Protestantismo em geral.

 1) A vida moral da cidade foi um exemplo do que a fé transformada podia realizar, e daí o poder de sua propaganda.

 2) Genebra foi transformada na cidade de refúgio para os perseguidos por causa da Reforma. Para esta cidade livre, veio gente dos mais diferentes pontos da Europa, como seja: Fran­ça, Holanda, Alemanha, Escócia e Inglaterra.

3) Foi também um lu­gar de preparação para os líderes do Protestantismo. Na sua Aca­demia e no ambiente da cidade, foram preparados ministros devota­ dos, instruídos, que se espalharam como missionários da Reforma, pelos países onde esta ainda não havia entrado. Muitos dos refu­giados voltaram aos seus países de origem, fortalecidos por sua estada em Genebra e por seu contato com Calvino. Um deles foi João Knox.


III. A influências reformistas na França

Embora Calvino estivesse ausente da França há vinte e sete anos, era o líder ausente da Reforma na França. Seus livros, principalmente A Instituição Cristã, e demais ideias suas eram espalhadas como relâmpago por todo o país, as quais eram aceitas e propagadas por humanistas franceses, os quais eram estudiosos das Escrituras. Mas quando os livros de Lutero começaram a circu­lar na França, foi grande a perseguição levantada contra todos quantos defendiam os pontos de vista de origem reformista.

Em 1538 o rei Francisco I decidiu fazer uma forte e incessante campanha contra o ensino reformado.

Foi no ardor das perseguições que Cal­vino tornou-se o líder mais eficaz do movimento protestante no país, dirigindo-o através de cartas e por meio de jovens pregado­res enviados de sua escola em Genebra. Não obstante o sangue der­ramado e muitos mortos, a Reforma espalhou-se por quase toda a França. Mas, só em 1559 foi organizada um igreja protestante na­cional.

Os Huguenotes O rápido crescimento da influência da Reforma na França, contribuiu para que dentro de pouco tempo, grande parte da aris­tocracia francesa fosse conquistada pela Reforma. Estes grandes nobres, alguns príncipes de sangue real, não se submetiam facil­mente à perseguição, e começaram a falar de uma revolta armada. Sob a liderança desses nobres, o movimento protestante tornou-se não somente um movimento que visava a expansão das verdades do Evangelho, mas igualmente uma luta contra o governo com o fim de alcançar a liberdade religiosa. Por essa atitude os protestantes franceses ganharam o nome de "huguenotes". "Huguenotes" foi a princípio um apelido dado aos protestantes pelos católicos romanos. Sua origem foi a seguinte: Os protestantes de Tours costumavam reu­nir-se à noite no portão do palácio do Rei Hugo. O po­vo do lugar cria que o espírito do rei Hugo perambulava durante a noite. Um monge dissera num sermão que os protestantes deveriam ser chamados de huguenotes, que significa parentes de Hugo, por que se pareciam com ele por andarem somente ã noite. A guerra rebentou em 1562, sendo os huguenotes comandados pelo almirante Coligny e o príncipe Condé. Ambos lutavam contra a tirania da rainha regente, Catarina de Médicis. Essa guerra foi a primeira das oito "Guerras Religiosas" que durante mais de trinta penosos anos, quase arruinaram a França. 0 partido católico-romano estava decidido a lançar mão de todas as crueldades, como de fato o fez. Esse partido era dirigido pelos jesuítas e pelo rei Filipe II, da Espanha.

 A Noite de São Bartolomeu 0 espirito do partido católico-romano Manifestou-se no hor­rível massacre de São Bartolomeu, em 1572.

Houve um certo período de paz, muitos dos huguenotes dentre os mais nobres da França reuni­ram-se em Paris para as cerimônias de de um dos seus líderes, Henrique de Navarra. Num ataque levado a efeito durante a noite, por ordem de Catarina de Médicis, milhares de hugueno­tes, inclusive o Almirante Coligny e muitos outros líderes, foram mortos. Rapidamente cerca de setenta mil foram mor­tos em toda a França. 0 papa de Roma enviou congratulações a Catarina e ambos se regozijaram pelo que fizeram aos protestantes.

0 Edito de Nantes

Apesar deste terrível golpe, os protestantes se reabilitaram e continuaram a luta até 1598 quando o célebre Edito de Nantes, concedeu ao Protestantismo um pouco mais de tolerância
 


IV. A reforma nos países baixos

Os Países Baixos foram aqueles ter­ritórios herdados por Carlos V, onde ele exerceu toda espécie de hostilidade con­tra a influência da Reforma Protestante.

 Quando as ideias luteranas começa­ram a se difundir, Carlos V estabeleceu a Inquisição, que logo demonstrou sua eficácia, condenando à fogueira em 1523 os primeiros mártires da fé reformada.

A pesar de mais de trinta anos de perseguição sob o comando de Carlos V, o Protes­tantismo sobreviveu.

A influência de João Calvino tornou-se evidente através da obra dos missionários reformados, vindos da França e de Genebra.


Em 1555, Carlos V foi sucedido por seu filho Filipe II, na Espanha e nos Países Baixos.

 Filipe foi mais carola e cruel que seu pai. De tal sorte governou, que em poucos anos muitos povos das províncias estavam dispostos â revolta contra a tirania espa­nhola que estava esmagando a liberdade, levando todas as riquezas dessas províncias para o reino espanhol e matando o povo por cau­sa da sua fé. Foi assim que a causa protestante identificou-se com a causa da liberdade.

Guilherme de Orange 0 líder desse partido patriótico contra a tirania de Filipe II, era Guilherme, também conhecido pela alcunha de Taciturno, príncipe de Orange, da Alemanha. Foi um dos mais nobres amigos dos Países Baixos. Descobrindo que Filipe II estava convocando tropas para esmagar qualquer resistência ao governo, Guilherme retirou-se para a Alemanha, a fim de preparar-se para a guerra. Nesse ínterim, conheceu a verdade evangélica e aceitou-a, dedi­cando-se muito ao estudo da Bíblia.

Este fato e a lembrança dos mártires que vira nos Países Baixos, tornaram-no um homem profun­damente religioso. Dai em diante, sua carreira foi dominada pela convicção de que ele próprio era um instrumento nas mãos de Deus para salvar seu povo adotivo da miséria e tirânica opressão espa­nhola.

A Guerra Contra a Espanha

Em 1567, a Armada Espanhola, chegou aos Países Baixos, diri­gida por aquele monstro de crueldade que foi o Duque de Alba. A carnificina por ele promovida veio enfraquecer irreparavelmente a causa da Reforma no sul e leste do país.

No ano seguinte, Gui­lherme começou a guerra de libertação. No início da guerra, ele compreendeu que sua causa não triunfaria no sul dos Países Baixos onde a população protestante havia sofrido parcial aniquilamento pelas forças espanholas. Essas províncias do sul vieram a formar a moderna Bélgica, país católico-romano. Vitória da Holanda Foi com os protestantes do norte dos Países Baixos que Gui­lherme alcançou o seu objetivo. O momento decisivo da guerra deu-se quando o terrível cerco de Leyden foi quebrado pelo rompi­ mento dos diques, o que permitiu a invasão do mar e dos navios de batalha dos marinheiros holandeses que atacaram as muralhas e as defesas inimigas. Mesmo depois disto houve encontros desespera­ dos, mas Guilherme mostrou-se invencível no desejo de edificar uma nação livre. Embora tombasse em 1548 pelas mãos de um assas­ sino, seu exemplo inspirou a seu povo "a sustentar a boa causa com o auxílio de Deus, sem poupança de ouro ou de sangue."

 Esta nobre causa teve sua vitória final em 1609.

 Assim nasceu a pode­rosa nação protestante na Holanda.

Os Arminianos Ainda no Século XVII surgiu uma profunda diferença teológica entre os protestantes da Holanda. Alguns teólogos holandeses sublinharam, nos termos mais extremos, a ideia calvinista, a ideia de que Deus predestina alguns para a salvação e outros para a perdição, dando mais ênfase a isto do que o próprio Calvino. Surgiu um partido que rejeitou esta ideia e afirmava que Cristo morreu por todos os que creem em Cristo. Este partido foi chamado "arminiano" por causa de Armínio que foi um dos seus líderes. Pa­ra resolver esta disputa convocou-se em 1618 o Sínodo de Dort cuja decisão contrariou os arminianos. Mas o ensino destes foi vito­rioso na Holanda e se espalhou por toda a Inglaterra, e depois, na América.


V. A reforma na Escócia

A Escócia do Século XVI era um reino independente. Seu clero católico tinha sido peculiarmente indigno e incompetente. Por is­to não surpreendeu que os ensinos da Reforma fossem ali avidamen­te aceitos a despeito da disposição da Igreja Romana e do governo de perseguir os pregadores da causa protestante. João Knox 0 maior líder da causa reformista na Escócia foi João Knox. Da sua vida passada apenas sabemos que nasceu em 1515. Tornou-se sacerdote, foi tutor dos filhos de algumas famílias nobres, e, depois, companheiro de George Wishart, um dos mártires protestan­tes. De sua ousadia como pregador do cristianismo reformado, re­sultou em 1546, ser preso por uma força francesa que fora enviada para auxiliar o governo escocês. Por dezenove meses suportou a "vida de morte" numa das galés de escravos, na França. Passou de­ pois vários anos na Inglaterra onde destacou-se como notável pre­gador. Ao rebentar a perseguição no reinado da rainha Maria, fu­giu para Genebra onde se ligou inteiramente a Calvino. Knox Volta â Escócia Enquanto Knox achava-se no exílio, a Reforma prosseguia de alguma forma na Escócia, sob a liderança de certos nobres conhe­cidos como os "Senhores da Congregação". Quando Knox regressou em 1559 para assumir a direção do movimento, encontrou-os prontos a lutar pela liberdade da fé, contra a rainha regente. Dispondo de tropas francesas para lutar, ela teria alcançado a vitória caso Knox não solicitasse auxilio a Cecil, secretário de Estado da rainha Isabel que viu quanto era necessário ter uma Escócia pro­testante ao lado de uma Inglaterra protestante. Em 1560 uma arma­ da e um exército ingleses expulsaram os franceses em meio ao maior regozijo do povo escocês.

 A Reforma Vitoriosa

O campo estava livre para que Knox e seus companheiros de ideal entrassem em ação.

João Knox pregava frequentemente com ex­traordinária eloquência, fortalecendo a causa reformista com seus argumentos poderosos. Tinha uma profunda paixão pelas almas. Con­ta-se que um seu amigo o viu orando certa noite, sempre repetindo "Senhor, dá-me a Escócia, senão eu morro*. Não demorou organi­zar-se uma igreja reformada sob sua direção (Igreja Reformada Es­cocesa) . Auxiliado por outros ministros escreveu a nobre "Confissão Escocesa". 0 Parlamento adotou-a como o credo da Igreja na­cional, rejeitando ao mesmo tempo a autoridade do papa e proibin­do a missa. Foi ele também o principal autor do "Livro da Disci­plina" , que traçava uma forma presbiteriana de governo para a igreja, seguindo o mesmo plano da Igreja Protestante Francesa. Em virtude dessas medidas reuniu-se neste mesmo ano, 1560, a primei­ra Assembléia Geral da Igreja da Escócia. Knox e a Rainha Maria As conquistas alcançadas tinham de ser defendidas.

 Em 1561, Maria, rainha da Escócia, veio da França para reinar em sua própria terra, decididamente re­solvida a restabelecer o Catolicismo Romano. E quase alcançou seu objetivo. Fracassou, devido parcialmente ã sua própria perversidade e desatinos, o que despertou geral indignação contra ela, e por outra parte, por causa da atitude decidida de João Knox. Contra a rainha e os nobres que a apoiavam, Knox sus­ tentou a bandeira da causa protestante, com o auxilio sempre crescente da parte do povo. Em 1567, após a abdicação da rainha, a Reforma foi reco­nhecida e confirmada pelo rei. A Luta Pelo Presbiterianismo Depois de alcançada a vitória do Protestantismo na Escócia, surgiu a luta pelo presbiterianismo. 0 filho da rainha Maria, Tiago VI, que veio a ser depois Tiago I da Inglaterra, tentou in­troduzir bispos na igreja escocesa.

 Ela viu que um governo eclesiástico presbiteriano nutriria e desenvolveria o espírito de li­berdade entre o povo. Igualmente, alguns nobres que se aliaram ao rei, julgaram que a introdução de bispos na igreja lhes daria uma oportunidade de ficarem com as terras dos bispos medievais. Foi nessa época que levantou-se André Melville, ousado líder presbi­teriano dos escoceses em decidida luta contra o rei. Por causa dos seus esforços a Igreja Escocesa alcançou uma forma de governo presbiteriano completa e que ainda não tinha sido plenamente al­cançada desde que surgira a Reforma.

VI. A reforma na Inglaterra

Muito antes do rompimento de Henrique VIII com o papa, vá­ rias forças contribuíram para o preparo do povo inglês a fim de receber a Reforma. A maior dessas forças foi a organização dos "Irmãos Lollardos" que conservou vivos os ensinamentos de Wy­cliffe. Além disso, havia a propaganda das ideias reformistas pe­los humanistas, tais como Colet, a disseminação dos livros e en­ sinos de Lutero em alguns lugares e a circulação extensiva, embora proibida, do Novo Testamento de Tyndale, publicado em 1525.

 Henrique VIII Ê injusto afirmar, como muitos fazem, que Henrique VIII se revoltou contra o papa só porque desejava uma esposa.

Nesse epi­sódio estavam envolvidas graves questões de caráter nacional. Os estadistas ingleses muito se preocupavam com o fato de não haver um herdeiro do sexo masculino para a sucessão da coroa do pais, que nunca conhecera o governo de uma rainha.

Havia também certa dúvida quanto à legalidade do casamento de Henrique com Catarina, segundo as leis da Igreja. Desse modo houve alguma justificação para o seu pedido ao papa, de anulação de casamento; antes porém de fazer o pedido, Henrique colocou-se numa situação indesejável por sua súbita paixão por Ana Bolena que era indigna de ser rai­nha do povo inglês.

Quando o papa, por motivos políticos, não atendeu ao pedido, Henrique, que jamais permitira que alguém lhe dobrasse a vontade, resolveu livrar a Inglaterra do domínio papal.

Conseguiu do Arce­ bispo de Cantuária uma declaração de ilegalidade e consequente anulação do seu casamento com Catarina, e da legalidade do seu casamento com Ana Bolena. Por tal ato foi excomungado por decreto papal.

A resposta de Henrique foi dada através de um ato do Parlamento em 1534, pelo qual se declarava "Chefe Supremo da Igreja da Inglaterra", e por uma proclamação do clero que a ele se submetera, de que o papa não mais teria supremacia na Inglaterra. O papa que o excomungou também não foi nenhum santo: teve muitos filhos ilegítimos, como o prova a história. Resultados da Atitude de Henrique VIII Nada tinha sido feito até aqui no sentido de uma reforma real no terreno religioso. Quando Henrique morreu em 1547, a Igreja da Inglaterra ainda conservava seu credo e princípios dou­trinários romanistas. De um modo geral a situação da Igreja coincidia com os pontos de vista dos ingleses. Jamais eles obedece­riam a um bispo italiano, no que se refere aos negócios eclesiás­ticos da Inglaterra, contudo, muita gente conservava as antigas ideias religiosas. A força dessas ideias, porem, tinham sido en­fraquecidas por dois acontecimentos ocorrido no reinado de Hen­rique.

Uma delas foi a ordem real para que cada igreja tivesse uma Bíblia completa, de grande formato, na língua inglesa e que fosse colocada onde o povo pudesse ler com facilidade.

 A Bíblia usada pelo povo era principalmente da tradução feita por Tyndale. Desde então, essa tradução tem sido a base de todas as Bíblias de língua inglesa que apareceram posteriormente.

Outro ato hostil contra a religião medieval foi o fechamento dos mosteiros e o confisco das suas propriedades.

Eduardo VI

O reinado seguinte viu a Igreja da Inglaterra tomar-se rapidamente protestante, pela influência dos nobres que governaram no período da minoridade do rei Eduardo VI. Dentro de cinco anos foram publicados um Primeiro e um Segundo "Livro Comum de Ora­ções" , modificando o culto da Igreja de acordo com as ideias da Reforma.

 O Parlamento decretou leis que exigiam que todas as pes­soas assistissem ao culto reformado. Enquanto isto, os ensinos da Reforma se divulgavam entre o povo.

Maria Surgiu, então, tremenda reação liderada pela Rainha Maria. Seu único objetivo era fazer a Inglaterra voltar ao que tinha si­do antes de Henrique VIII, isto é, fazer a Igreja de então voltar ao domínio da Igreja Romana.

Com este propósito, anulou todos os atos dos reis seus predecessores. Atacou cruelmente o Protestan­tismo, principalmente seus líderes. Entre as vítimas destacam-se o arcebispo Cramer e os bispos Ridley e Latimer. A Inglaterra tornou-se consideravelmente muito mais protestante, após a morte da rainha Maria, em virtude da sua cruel batalha para tornar o país católico romano. Isabel A sucessora da rainha Maria, Isabel, desde cedo demons­trou seu propósito de seguir o Protestantismo, pelo que muito contribuiu para a formação de uma igreja nacional protestante.

Foi organizado também um "Livro Comum de Orações" ainda hoje ado­tado sem modificações substanciais. Com sua igreja protestante e seu rápido desenvolvimento po­lítico e econômico, a Inglaterra tornou-se um dos principais ba­luartes da causa protestante na Europa, e, depois, em outras par­tes do mundo.


VII. Os anabatistas

Além dos luteranos e reformados, surgiu um terceiro movimen­to reformador conhecido como "Anabatista". O ideal deles era or­ganizar sociedades de cristãos verdadeiramente convertidos, em bases voluntárias. Estas sociedades seriai» santos agrupamentos, seguindo os ensinamentos do Novo Testamento e particularmente o Sermão do Monte. Nelas seria reproduzido o modo de viver dos cristãos primitivos. Não lançariam mão da força; portanto não iriam ã guerra nem exerceriam cargos civis. Hão ofereceriam re­sistência ao mal, e suportariam com forte ânimo tudo que lhes so­breviesse por causa das suas convicções. Tinham de cultivar um estrito companheirismo entre si, dispensando muito cuidado no su­primento das necessidades dos irmãos necessitados. Doutrina Quanto ã Igreja A doutrina fundamental dos anabatistas era uma concepção particular a respeito da Igreja. Esta, sustentavam eles, é uma comunidade de pessoas regeneradas. Ninguém mais tinha a ver com a mesma. Decorria dai a crença deles, de que o batismo, o rito de admissão à Igreja, só deveria ser ministrado aos adultos, desde que somente estes poderiam experimentar conversão.

 Os que se fi­liavam a essas sociedades eram batizados, pois o batismo que já tivessem recebido na infância era destituído de valor. Por causa dessa atitude foram chamados de "anabatistas", isto é, que bati­zavam novamente.

Os Anabatistas e a Sociedade

Os anabatistas surgiram especialmente nas regiões da Europa. Procederam principalmente dos camponeses e artesãos que eram vi­timas de injustiças; não obstante, entre eles havia alguns líde­res cultos. Nos primeiros anos do seu desenvolvimento havia entre os anabatistas, o pensamento de transtornar a ordem então existente, estabelecendo-se no seu lugar uma sociedade fundamentada no amor cristão. Mas este radicalismo social logo passou, em parte por causa das perseguições, e mesmo porque esse propósito não era ca­racterístico da maioria dos anabatistas. Em geral eram calmos, devotados e trabalhadores. A Igreja Romana, naturalmente, perse­guiu-os de um modo terrível. E até os luteranos e zuinglianos os perseguiam por sua rejeição ao batismo infantil e oposição as igrejas oficiais.

 Meno Simons

O mais célebre líder dos anabatistas foi Meno Simons (1492-1556).

Durante vinte e cinco anos ele pastoreou as socieda­des espalhadas pela Alemanha e Países Baixos. Purificando-as das suas tendências para o fanatismo, resultantes, naturalmente, dos seus sofrimentos. Conseguiu novos conversos pela pregação e os unificou numa grande irmandade que tomou o seu nome –

"Os Menonitas" .

Os Menonitas e os Modernos Batistas Em 1608, vários puritanos fugiram da Inglaterra, por causa das perseguições, chegando a Holanda.

Alguns deles foram depois os "Peregrinos" de Plymouth. Outros que vieram por causa da influên­cia dos menonitas, aceitaram os pontos de vista destes.

Mais ou menos em 1611, alguns desses últimos conversos fundaram em Londres a Primeira Igreja Batista ou Anabatista da Inglaterra.

Já antes disto, alguns batistas ingleses estavam associados aos me­nonitas holandeses. Destes primeiros batistas ingleses procederam os demais batistas que fundaram igrejas no mundo de língua ingle­sa.

A designação de menonitas, ainda hoje é adotada por algumas igrejas na Alemanha e na América.

Estaremos de volta na próxima matéria sobre este assunto falando sobre: Os efeitos negativos da reforma

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