Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembleia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no texto de Romanos 1.17que nos diz:
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.
I. Os antecedentes da reforma protestante
De Constantino ao fim da idade média
A Igreja nos Dias de Constantino.
Os últimos Anos de Constantino.
A Igreja da Idade Média.
Wycliffe e Huss.
A Renascença.
II. A reforma protestante
O início da reforma com Martinho Lutero
As 95 teses de Martinho Lutero
O Problema das Indulgências.
Reações Papais às Teses de Lutero.
A Excomunhão de Lutero.
III. A extensão da reforma
Zuínglio e a Reforma na Suíça.
Calvino e a Reforma em Genebra.
. Influências Reformistas na França.
A Reforma nos Países Baixos.
A Reforma na Escócia.
A Reforma na Inglaterra.
Os Anabatistas.
IV. Os efeitos negativos da reforma
A contra-reforma
Os Jesuítas.
Elementos de Combate à Reforma.
A Guerra dos Trinta Anos.
As Missões Católicas.
V. A reação dos protestantes à Igreja na Europa
A França e a Igreja Católico-Romana.
O Protestantismo na Alemanha.
O Protestantismo na Inglaterra.
O Reavivamento de Wesley no Século XVIII.
Os Resultados do Reavivamento de Wesley.
O Protestantismo na Escócia e na Irlanda.
A Igreja no Oriente.
A reforma protestante.
No inicio do Século XVI, a Igreja atravessava
uma das fases mais difíceis da sua história. Ela já não era aquela Igreja pequena,
simples e pura dos primórdios. Ela cresceu. Surgiram concomitantemente
problemas profundo e prolongados. Sacerdotes inescrupulosos fizeram suar aquela
que até então era tida como a causa do Senhor.
Muitos santos homens, verdadeiros apóstolos da
verdade, como João Wycliffe e João Huss, apareceram na sua longa trajetória de
quinze séculos, porém, por ordem dos líderes eclesiásticos foram perseguidos,
encarcerados, despojados dos seus direitos, e mortos. Mas a morte desses não
foi em vão: os livros que escreveram, as mensagens que proferiram e o sangue
que deles foi derramado, Deus os fez sementes que, semeadas em terra fértil, a
seu tempo nasceriam, cresceriam e frutificariam. O sol da realidade do
Evangelho precisava nascer. Enquanto isso, nos campos ressequidos pelo
desespero e ignorância espiritual, a esperança reverdecia: nova era viria sobre
o mundo.
0
despertar da natureza humana se processou de forma tão extraordinária que foi
necessária uma nova palavra: Renascimento. 0 Movimento Renascentista, surgido
no Século XIV, assume toda a sua pujança no final do Século XV. Todas as
faculdades da natureza humana foram dimensionadas e todas as atividades humanas
apresentaram progresso gigantesco. Essa foi uma época de grandes conquistas.
Grandes descobertas e inventos tiveram lugar
nessa época: Cristóvão Colombo descobriu a América; Pedro Álvares Cabral descobriu
o Brasil; o tamanho exato da terra foi determinado; a descoberta do sistema
solar de Copérnico revolucionou as ideias humanas a respeito do universo.
Também, nessa época foi inventada a imprensa com tipos móveis por Guttenberg.
Graças a seus recursos, as ideias se espalhavam
mais rapidamente. A mente humana foi ainda mais despertada e fortalecida para
futuros empreendimentos, o maior dos quais veio a ser a Reforma Protestante.
I. O início da reforma com Martinho Lutero
Sentenciado por ordem papal a morrer queimado, João Huss, um dos mais
famosos precursores da Reforma, no momento da sua execução, disse em alto e bom
som: "Podem matar o ganso (na sua língua "huss" é ganso), mas
daqui a cem anos surgirá um cisne que não poderão queimar." Cem anos
após ditas estas palavras, isto é, a 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na
Saxônia, nascia Martinho Lutero.
Lutero teve um preparo religioso com base na
piedade simples da família alemã da Idade Média, misturado de realismo e
superstições características da era medieval. Ha sua infância, foi
profundamente religioso, mas sem exageros, revelando alegria de viver.
0 grande desejo do seu pai, era vê-lo formado
em Direito, e para tanto, com a idade de apenas dezoito anos, ingressou na mais
famosa Universidade alemã, a de Erfurt. Levou quatro anos de estudos
preliminares. Durante esse tempo, destacou-se como um moço estudioso, orador
capaz, hábil polemista, amante da música e admirado pelos colegas. Vocação
Religiosa Já estava preparado para iniciar sua vida profissional, quando, de
repente, para espanto dos amigos e desapontamento do pai, tornou-se monge,
entrando para o Convento dos Agostinianos, em Erfurt. Desejava a certeza da
salvação mais do que qualquer outra coisa, e com o propósito de alcançá-la
empreendeu peregrinações aos locais indicados pela Igreja, jejuns e
sacrifícios que às vezes iam além do suportável por uma pessoa normal. No
mosteiro, travou consigo mesmo uma grande guerra interior, pois não encontrou
ali aquilo que esperava alcançar. Foi um monge de vida exemplar. Contudo, sentia-se
extinguir a alma; sofrendo constantes tormentos diante da possibilidade de vir
a sucumbir sob a espada da ira divina. Quanto mais ele tentava alcançar a
Deus de acordo com os ritos da Igreja medieval, mais distante de Deus ele se
sentia.
Influências Benéficas Foi através do Evangelho
que Martinho Lutero libertou-se de tanta angústia e terror espiritual. Muitas
outras influências contribuíram para isso. O vigário geral da sua Ordem,
Staupitz, ensinou-lhe que Deus era misericordioso, anulando assim seu pensamento
de que Deus só fazia castigar, não importando-se por revelar o seu amor para
com o homem. Nesse tempo, Staupitz deu-lhe um trabalho a realizar: a
responsabilidade de lecionar filosofia na nova Universidade de Wittenberg.
Então Lutero, estudando a obra de Bernardo de Claraval, encontrou a verdade a
respeito da graça divina para com os pecadores. Além disso, era ardente leitor
da Bíblia, especialmente naquilo que se relacionava com o seu ensino na
Universidade. Visita a Roma Antes de se revelar como reformador, Lutero teve
uma vida muito agitada. Entrou no mosteiro em 1505; foi ordenado em 1507.
Em 1508 foi a Wittenberg, em
No verão
de
Ao chegar ao topo surgiu-lhe uma pergunta:
"Quem sabe se tudo isto é verdade?" Mas isso logo passou; apesar de
ter se escandalizado com o que vira em Roma, voltou ao mosteiro e ao seu
ensino. Em 1512, tornou-se doutor em teologia em Wittenberg. Depois ele mesmo
confessou, que a esse tempo era ainda ignorante quanto ao Evangelho de Cristo.
Uma Descoberta Revolucionária Foi no início do ano 1512, enquanto lia a
Epístola de Paulo aos Romanos, que Lutero encontrou a declaração
revolucionária: "0 justo viverá por fé" (Rm 1.17).
Estas palavras foi como labaredas de Deus,
incendiaram lhe a mente, com vislumbres da verdade que procurava há tanto
tempo. Descobriu que a salvação lhe pertencia, simples e unicamente por fé na obra
que Cristo consumou na cruz. E foi com o intuito de melhor compreender esta
verdade, que empreendeu cuidadoso estudo das Escrituras, e das obras de
grandes mestres cristãos, como Agostinho e Anselmo. Pelo estudo dos Salmos e
das epístolas de Paulo, e nas suas preleções, ele afirmou com suficiente clareza
e certeza, que Deus salva os pecadores mediante a fé no seu amor revelado em
Jesus Cristo. Esta é a verdade da justificação por fé. Contra esta verdade
descoberta e agora vivida por Lutero, militavam os ensinos e mestres da Igreja
da Idade Média, que pregavam a salvação adquirida pelas obras e sacramentos
ministrados pela Igreja. Mas Lutero tinha convicção da verdade que descobriu
nas Escrituras e da magnitude das decisões que tomaria a partir daí na defesa
da mesma.
Essa experiência trouxe novo impulso ã sua vida
religiosa; impulso necessário ao seu trabalho de reformar a Igreja que havia
sido paganizada.
Lutero em Wittenberg
Por mais de quatro anos Lutero trabalhou em
Wittenberg, decepcionado com a Igreja mas sem romper com os seus líderes.
Nessa época, adquiriu projeção como um dos mais
destacados líderes da sua Ordem. Suas lições e preleções na Universidade,
tinham o sabor de um vinho novo, em comparação ao vinho roto do eterno mesmismo
dos demais professores conformados com o estado da Igreja.
Ele tinha \ima capacidade extraordinária de citar
as Escrituras e aplicá-las às necessidades espirituais e morais do povo do seu
tempo. As verdades recém descobertas fizeram dele um pregador notável e dota
do de evidente unção do Espirito Santo. Quanto mais ele falava das verdades
bíblicas que descobriu, mais claras elas se tornavam. Afinal alguma coisa o
levou a falar publicamente a respeito destas grandes verdades.
II.
O problema das indulgências
Numa localidade próxima a Wittenberg, ande
Lutero morava, em 1517, apareceu um frade dominicano alemão de none Tetzel,
enviado pelo arcebispo de Mogúncia para vender ás indulgências emitidas pelo
papa de Roma.
O Que Eram as Indulgências.
As indulgências
eram apresentadas como sendo favores divinos, concedidos aos homens mediante
os méritos do papa, como seja: o poder de perdoar pecados. As mesmas eram
adquiridas em troca de dinheiro, que, conforme os que as vendiam, seria usado
na construção da Basílica de São Pedro, em Roma. Para comprar as indulgências,
vinha gente de lugares os mais distantes. Elas ofereciam diminuição de penas no
purgatório. 0 que chegou ao conhecimento de Lutero através do confessionário
convenceu-o de que o tráfico das indulgências estava desviando o povo do ensino
de Deus, e enfraquecendo seriamente a vida moral da Igreja.
Foi aí que Lutero decidiu enfrentar tão grande
erro e abuso. 0 Que as Indulgências Ofereciam Alberto, Arcebispo de Mogúncia,
responsável pela comercialização das indulgências, dá as seguintes instruções
quanto ao preço das mesmas, e possíveis favores delas alcançados:
"A primeira graça oferecida pelas
indulgências, é a completa remissão de todos os pecados; nada maior do que isto
se pode conceber, já que os homens pecadores, privados da graça de Deus, obtêm
remissão completa por esses meios e de novo gozam a graça de Deus. Além disto,
pela remissão dos pecados, o castigo que se está obrigado a suportar no purgatório
por causa da afronta à divina majestade, é totalmente perdoada e as penas do
purgatório são completamente apagadas.
E,
embora nada seja por demais precioso para ser dado em troca de tal graça -
visto que é um dom gratuito de Deus e a graça não tem preço - contudo, a fim de
que os fiéis cristãos sejam levados mais facilmente a buscá-las, estabelecemos
as seguintes regras, a saber: "Qualquer pessoa que está contrita em seu
coração e fez confissão oral, deve visitar pelo menos sete igrejas indicadas
para esse fim, a saber, aquelas nas quais estão expostas as armas papais, e em
cada igreja deve recitar cinco Pai-nosso e cinco Ave-Marias em nome das cinco
chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem é ganha a nossa salvação, e um
Miserere, salmo que é particularmente bem apropriado para obter o perdão dos
pecados. "O método de contribuição para a caixa de construção da basílica
de São Pedro, o chefe dos apóstolos, é este: os penitentes e confessores,
depois de terem explicado àqueles que fazem confissão, a grandeza dessa
remissão plena e desses privilégios, de vem perguntar-lhes qual o tamanho da
contribuição - em dinheiro ou em outros bens temporais - que desejam fazer em
boa consciência para lhes outorgar esse método de remissão plena e de privilégios;
e isto deve ser feito de modo a contribuírem facilmente.
Mas como a condição dos homens e suas
profissões são tantas e tão variadas, e não podemos considerá-las e pesá-las em
particular, decidimos que as taxas podem ser determinadas da seguinte forma,
segundo uma classe conhecida... "Reis e seus familiares, bispos, 25
florins de ouro; abades, condes e barões, 1 0 ; outros nobres e eclesiásticos e
outras pessoas com renda de 500 florins, 6 ; cidadãos com renda própria, 1; os
que ganham pouco, 1/2 florim.
Os que não têm, de vem fazer sua contribuição
por meio de orações e jejuns, "porque o reino de Deus deve estar aberto
aos pobres como aos ricos".
"A
segunda graça principal é um 'confissional' (carta confissional) contendo os
maiores, mais importantes e até hoje inauditos privilégios: o privilégio de
escolher um confessor conveniente, mesmo um regular das ordens mendicantes...
"A terceira graça importante é a
participação em todos os benefícios da Igreja Universal; isto consiste em que
os contribuintes da dita construção (construção da catedral de São Pedro),
juntamente com os falecidos pais, que saíram deste mundo em esta do de graça,
agora e por toda a eternidade serão participantes de todas as petições,
intercessões, esmolas, jejuns e orações e de toda e qualquer peregrinação, mesmo
as feitas à Terra Santa; além disto, participação das estações de Roma, nas
missas, horas canônicas, mortificações, bem como de todos os outros benefícios
espirituais que forem ou serão produzidos pela santíssima e militante Igreja
Universal; ou por qualquer um dos seus membros. Os fiéis que comprarem cartas
confessionais também podem tornar-se participantes de todas as coisas. Os
pregadores e os confessores devem insistir com grande perseverança nessas
vantagens e persuadir os fiéis a não negligenciar em adquirir esses benefícios
juntamente com sua carta confessional. "Também declaramos que para obter
essas duas mais importantes graças não é preciso confessar-se, ou visitar
igrejas e alta res, mas simplesmente adquirir a carta confessional... "A
quarta graça importante é em favor das almas que estão no purgatório e é a
remissão completa de todos os pecados, remissão que o papa consegue por sua
intercessão para o bem dessas almas da seguinte maneira: a mesma contribuição
que se faria por si mesma estando vivo deve ser depositado na caixa. É contudo
de nossa vontade que nossos subcomissários possam modificar as regras
concernentes às contribuições desta espécie, que são feitas pelos mortos e que
possa usar de seu critério em todos os outros casos em que, segundo sua
opinião, modificações sejam desejáveis.
"Além disso, não é necessário que as
pessoas que colocam suas contribuições ha caixa em favor dos mortos estejam
contritos em seus corações ou se tenham confessado, visto que esta graça
baseia-se unicamente no estado de graça em que os falecidos estavam ao morrer e
na contribuição dos vivos, como é evidente no texto da bula. De resto, os
pregadores devem se esforçar para tornar essa graça mais largamente conhecida,
pois que, através dela, certamente virá auxílio para as almas dos falecidos e a
construção da igreja de São Pedro será ao mesmo tempo melhor promovida."
(Documento da Igreja Cristã).
III.
As 95 teses de Martinho Lutero
As 95 Teses afixadas por
Martinho Lutero na Abadia de Westminster a 31 de outubro de 1517,
fundamentalmente "Contra o Comércio das Indulgências" Movido pelo
amor e pelo empenho em prol do esclarecimento da verdade, discutir-se-á em
Wittemberg, sob a presidência do Rev. Padre Martinho Lutero, o que segue.
Aqueles que não puderem estar presentes para tratarem o assunto verbalmente
conosco, o poderão fazer por escrito. Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
Amém.
1ª Tese Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus
Cristo: Arrependei-vos... etc., certamente quer que toda a vida dos seus
crentes na terra seja contínuo e ininterrupto arrependimento.
IV.
As reações papais às teses de Lutero
0 conhecimento da verdade adquirida por Lutero,
já o fazia capaz para julgar os méritos da venda das indulgências papais , as
quais Lutero via como um verdadeiro assalto aos poucos recursos do povo, e
completo desrespeito ao futuro eterno do povo alemão. Foi assim que em 31 de
outubro de 1517, véspera do Dia de Todos-os-Santos, quando grande multidão
comparecia à Igreja do castelo, na cidade de Wittenberg, que Lutero afixara na
porta da catedral, as suas 95 teses, que denunciavam o abuso gritante da venda
das indulgências papais.
Era esse o método mais comum de se anunciar uma
disputa, nos meios universitários da época, e não havia nada de dramático no
ato. Lutero cria que receberia o apoio do papa ao revelar os males da venda das
indulgências.
Lutero jamais pôde imaginar a repercussão que as
suas teses teriam. Myconius, um contemporâneo de Lutero, escreveu sobre as
teses do reformador: "As teses, em apenas 15 dias percorreram quase toda a
cristandade, como se os anjos fossem os mensageiros ." Inicialmente o
papa achou graça nas teses de Lutero, dizendo: "Um alemão embriagado
escreveu-as." Mas não tardou para que ele mesmo tivesse que mudar de ideia
e começasse a agir contra esse "monge rebelde".
Lutero
Intimado a Ir a Roma
A primeira atitude do papa Leão X foi intimar
Lutero a com parecer em Roma. Mas o Eleitor da Saxônia, admirador da capacidade
do ilustre professor de sua Universidade, temendo por sua vida, resolveu
protegê-lo, não permitindo que ele fosse a Roma, ordenando que o caso fosse
resolvido mesmo na Alemanha. Seguiram-se as conferências de Lutero com os
enviados do papa, que em nada puderam fazer Lutero mudar de opinião quanto a
sua nova fé. Pelo contrário, em um debate em Leipzig, Lutero declarou que o
papa não possuía autoridade divina e que os concílios eclesiásticos não eram
infalíveis. Foram essas declarações que marcaram o rompimento de Lutero com a
Igreja Romana.
Lutero no Centro da Batalha
Lutero agora estava no centro da batalha. Ele
mesmo começava a ver a sua causa como uma causa de redenção nacional. Sua doutrina
de salvação e justificação pela fé estava produzindo efeitos inimagináveis. Mas,
só em 1520 é que Lutero revelou-se como um grande líder nacional, ao escrever o
livro A Nobreza Cristã da Nação Alemã, através do qual proclama a queda das
muralhas romanistas atrás da qual o papa havia construído seu poder.
Logo
após, Lutero escreveu outros livros como Cativeiro Babilônico da Igreja e Sobre
a Liberdade Cristã. Lutero é Ameaçado de Excomunhão Enquanto era publicado o livro
A Nobreza Cristã da Alemanha, publicava-se na Alemanha a bula de excomunhão de
Lutero, coisa que ele já esperava. A bula obrigava Lutero e os simpatizantes
da sua causa, a retratarem-se de suas "heresias" dentro de sessenta
dias, e ainda determinava que se eles não o fizessem seriam tratados como
hereges, isto é, seriam presos e condenados à morte.
Pelas autoridades da Igreja foi ordenado ao
povo que queimasse os livros de Lutero, ação que foi posta em prática primeiramente
pelos legados do papa. A mesma coisa fez Lutero com os livros que continham os
decretos do papa.
A 10 de dezembro de 1520, em Wittenberg, foi
anunciado um acontecimento notável por Felipe Melanchton. Tinha vindo ele para
ali, havia dois anos como professor de grego, tendo então vinte e um anos.
Punha-se ele, com todas as suas forças, ao lado de Lutero.
Nesse anúncio convidava-se os estudantes para
assistirem naquele dia a queima dos "livros maus dos decretos papais e
dos teólogos escolásticos". Diante de grande multidão de estudantes,
professores, cidadãos de todas as classes, Lutero atirou à fogueira os livros
e a então última de todas as bulas através das quais o papa ameaçava-o de
excomunhão caso não se retratasse.
V.
A excomunhão de Lutero
No mês de janeiro de 1521, o papa publicou a
terrível sentença final, excomungando Lutero e condenando-o a todas as penalidades
consequentes da sua heresia. Mas, para que esta bula tivesse efeito legal,
dependia das autoridades civis para levar Lutero à morte. Desse modo, o caso
tinha de ir a Dieta Imperial que deveria se reunir naquele mesmo ano, em
Worms. Era a primeira Dieta do governo do Imperador Carlos V, o qual estava
sofrendo forte pressão do papa para condenar Lutero à morte. Citado a
comparecer perante a Dieta, certo de que marchava para a morte, Lutero não
temeu. Os amigos de Lutero insistiam para que ele se recusasse a ir a Worms -
não foi João Huss entregue a Roma para ser queimado, apesar da garantia de vida
dada pelo imperador?! Mas em resposta a todos que se esforçavam por dissuadi-lo
de comparecer perante seus terríveis inimigos, Lutero, fiel à chamada de Deus,
respondeu: "Ainda que haja em Worms, tantos demônios quanto sejam as
telhas nos telhados, confiando em Deus, eu aí entrarei". Depois de dar
ordens acerca da continuação do trabalho, caso ele não voltasse mais, partiu
resoluto.
Lutero Vai a Worms Durante a sua viagem a Worms,
o povo afluiu em massa para ver o grande homem que desafiava a autoridade do
papa. Em Mora, pregou ao ar-livre, porque as igrejas não mais comportavam as
grandes multidões que queriam ouvir seus sermões.
Ao
avistar as torres dos castelos e igrejas de Worms, levantou-se na carruagem em
que viajava e cantou o seu hino preferido, o mais famoso da Reforma:
"Castelo Forte é o Nosso Deus." Ao entrar na cidade foi acompanhado
por uma grande multidão. No dia seguinte foi levado perante o Imperador Carlos
V, ao lado do qual se achavam o delegado do Papa, seis eleitores do império,
vinte e cinco duques, oito margraves, trinta cardeais e bispos, sete embaixadores,
os deputados de dez cidades e grande número de príncipes, condes e barões.
Lutero Busca Refúgio em Deus Sabendo que tinha de comparecer perante uma das
mais imponentes assembleias de autoridades religiosas e civis de todos os
tempos, Lutero passou a noite anterior em oração e vigília. Prostrado com o
rosto em terra lutou com Deus, chorando e suplicando. Um dos seus amigos
ouviu-o orar assim: "Oh Deus Todo Poderoso! a carne ê fraca, o Diabo e
forte! Ah, Deus, meu Deus! que perto de mim estejas contra a razão e a
sabedoria do mundo. Fá-lo , pois somente Tu o podes fazer. Não a minha causa
mas sim é Tua. Que tenho eu com os grandes da terra? É a Tua causa, Senhor, a
Tua justa e eterna causa . Salva-me, oh Deus fiel! Somente em ti confio , oh
Deus! Meu Deus... vem, estou pronto a dar, como um cordeiro, a minha vida. 0
mundo não conseguira prender a minha consciência ainda que esteja cheio de
demônios; e, se o meu corpo tem de ser destruído, a minha alma te pertence , e
estará contigo eternamente..."
,O Estímulo de Um Amigo Conta-se que no dia
seguinte, na ocasião de Lutero transpor a porta para comparecer perante a
Dieta, o veterano general Greudsburg, colocou a mão no ombro do Reformador e
disse-lhes: "Pequeno monge, vais a um encontro diferente, do qual eu, ou
qualquer outro jamais experimentamos, mesmo nas nossas conquistas mais
ensanguentadas. Contudo, se a causa é justa, e sabes que o é, avança em nome de
Deus, e não temas nada. Deus não te abandonará" .
Quando o porta-voz do papa exigiu que Lutero se
retratasse perante a assembleia, respondeu o Reformador: "Se não me
refutardes pelo testemunho das Escrituras ou por argumentos - desde que não
creio somente nos papas e nos concílios, sendo evidente que já muitas vezes se
enganaram e se contradisseram uns aos outros a minha consciência tem de ficar
submissa à Palavra de Deus. Não posso retratar-me, nem me retratarei de
qualquer coisa, desde que não é justo, nem seguro, agir contra a consciência.
Deus me ajude . Amém" .
Lutero é
Livre da Morte
A sentença de morte contra Lutero teria de ser
cumprida rapidamente, o que não aconteceu porque o príncipe da Saxônia, simulando
um sequestro, enquanto Lutero voltava para Wittenberg, levou-o, alta noite, ao
castelo de Wartburgo.
No castelo, Lutero passou muitos meses disfarçado; tomou o nome de cavaleiro Jorge, e o mundo o considerava morto. Contudo, no seu retiro, livre dos inimigos, foi-lhe concedida a liberdade de escrever, e o mundo logo soube, pela grande quantidade de literatura, que essa obra saíra da sua pena e que, de fato, Lutero vivia. Profundo conhecedor do grego e do hebraico, traduziu o Novo Testamento para a língua do seu povo, em apenas três meses. Poucos meses depois a obra estava impressa e nas mãos do povo. Contudo, a maior obra de toda a sua vida, sem dúvida, fora a de dar ao povo alemão a Bíblia na sua própria língua.
Estaremos de volta na próxima matéria sobre este assunto falando sobre: A extensão da reforma
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