sábado, 27 de julho de 2024

Série: A reforma protestante (1)

  Por: Jânio Santos de Oliveira

Pastor e professor da Igreja evangélica Assembleia de Deus em Santa Cruz da Serra

Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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 Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com

Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!

 

 


Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no texto de Romanos 1.17que nos diz:

 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.

 

Aquele foi sem dúvida um momento singular do mundo religioso, haja vista, o fato de que as indulgências e o legalismo afloravam a prática religiosa se maneira legalista, visando substituir o sacrifício de Cristo na crus do calvário.

Este artigo descreve e analisa a Reforma Protestante do século XVI dentro do complexo contexto religioso, social, político e intelectual que vivia a Europa de então. O texto considera as causas desse importante movimento, suas características e personagens principais, bem como seus efeitos na igreja e na sociedade. 


I.             Os antecedentes da reforma protestante

De Constantino ao fim da idade média

A Igreja nos Dias de Constantino.

Os últimos Anos de Constantino.

A Igreja da Idade Média.

Wycliffe e Huss.

A Renascença.

II.           A reforma protestante

A reforma Martinho Lutero.

As 95 teses de Martinho Lutero

O Problema das Indulgências.

Reações papais àsteses de Lutero

Reações Papais às Teses de Lutero.

A Excomunhão de Lutero.

III.          A extensão da reforma

Zuínglio e a Reforma na Suíça.

 Calvino e a Reforma em Genebra.

. Influências Reformistas na França.

 A Reforma nos Países Baixos.

A Reforma na Escócia.

 A Reforma na Inglaterra.

 Os Anabatistas.

IV.         Os efeitos negativos da reforma

A contra-reforma

Os Jesuítas.

Elementos de Combate à Reforma.

A Guerra dos Trinta Anos.

As Missões Católicas.

V.     A reação dos protestantes à Igreja na Europa


A França e a Igreja Católico-Romana.

O Protestantismo na Alemanha.

O Protestantismo na Inglaterra.

O Reavivamento de Wesley no Século XVIII.

Os Resultados do Reavivamento de Wesley.

O Protestantismo na Escócia e na Irlanda.

A Igreja no Oriente.




Os antecedentes da reforma protestante


I. De Constantino ao fim da idade média

Constantino, o imperador romano, conhecido também por Cons­tantino I, o Grande, foi homem de decisões sempre tomadas sob prisma politico.

0 cristianismo constituía, indubitavelmente, um elemento im­portantíssimo no processo de unificação do Império. Havia uma só lei, um só imperador e uma única cidadania para todos os homens livres. Assim, mister se fazia que houvesse uma só religião. Constantino não hesitou em fazer do cristianismo a religião ofi­cial do Império, o que contribuiu para grandes prejuízos, princi­palmente doutrinários, que a Igreja sofreria nos anos posterio­res.

Em decorrência disso, a Igreja entrou numa das fases mais difíceis de sua história. A Igreja constituiu-se numa verdadeira força política. 0 papa tornou-se senhor absoluto da Igreja. Esta que antes dependia só de Deus através da fidelidade de seus líde­res e membros, era agora um grande rebanho sem pastor, com as ovelhas em dispersão. No ano 869 deu-se o inevitável rompimento entre a cristandade do Oriente e a do Ocidente, dividindo a Igreja antes una, em duas: uma com sede em Roma, a antiga sede imperial, e a outra em Constantinopla, atual sede do Império. A partir daí tiveram iní­cio lutas amargas por causa de doutrinas e ritos, até 1054, quan­do o papa de Roma e o patriarca de Constantinopla se desentende­ram e se excomungaram mutuamente.

Desde aí a Igreja dividiu-se, cada uma buscando para si o direito de ser a verdadeira Igreja Católica e recusando ã outra qualquer reconhecimento. Apesar de todos os conflitos que envolviam a Igreja, Deus trouxe à luz, homens cujo compromisso único era pregar e viver o Evangelho de Jesus, na simplicidade que tinha no princípio. Foram esses homens que no final da Idade Média prepararam as veredas pelas quais os movimentos reformistas haveriam de trilhar, liber­tando a Igreja outra vez.

II. A Igreja nos dias de Constantino

Por crer que o Deus dos cristãos foi seu aliado na luta con­tra o imperador Maxêncio, após o que viria a se tornar senhor so­berano sobre o Império, Constantino beneficiou os cristãos, transformando o cristianismo em religião oficial do Estado. A Expansão da Igreja Sem dúvida, a Igreja cresceu com grande rapidez sob a prote­ção de Constantino. Mais do que isto: tão logo Constantino constituiu a si mesmo patrono do cristianismo, passou a fazer ofertas vultuosas para construção de templos, sustento de ministros reli­giosos, inclusive isentando-os de impostos. Apesar de nada enten­der de teologia, influía decisivamente nos assuntos administrati­vos e doutrinários da Igreja.

Nessa época muitos templos e ídolos pagãos foram destruídos; e, pelos idos do ano 400, o culto pagão já não existia. Dir-se-ia que para o cristianismo isto representava retum­bante vitória. Entretanto, não era uma vitória real, considerando que a Igreja cristã estava cheia de pessoas que não possuíam o mínimo de conhecimento de Cristo, nem nunca experimentaram o novo nascimento bíblico - o ponto de partida da verdadeira vida cris­tã.

A Vida da Igreja.

 A nova posição assumida pela Igreja, dependendo do Império, de modo algum beneficiava a sua vida.

 A entrada de milhares de pessoas não-salvas em suas fileiras, foi um impedimento á manu­tenção da vida verdadeiramente cristã, preparo e desenvolvimento de novos discípulos de Cristo.
Por esse tempo, mesmo em meio ao grande declínio moral e es­piritual da Igreja professa, muitos cristãos sinceros tornaram-se sedentos por uma vida mais elevada, mais profunda, mais santa e piedosa do que a que eles viam ao seu redor. Disso surgiu uma for­ma de vida que estava destinada a se tornar uma das mais podero­sas forças na história do cristianismo - o monaquismo.

 Muitos ho­mens tornaram-se monges, com o expresso desejo de salvação.

 Como nos primeiros séculos do cristianismo o mundo era de formação religiosa eminentemente pagã, a própria Igreja muitas vezes mostrou pouca força na luta contra o paganismo . Por isso, nessa época, os males que ela não podia evitar, impetrava sobre eles a sua bênção e os fazia parte comum da vida dos seus membros. Assim, os que desejavam uma vida santa de modo a agradar a Deus, acharam que a única maneira de alcançar esse nível de vida era afastando-se da sociedade má e da Igreja como comunidade.

 0 as­pecto da vida cristã congregacional aos poucos deteriorava-se.

No VI Século, foi organizada por Bento de Núrsia, na Itália, a famosa ordem dos beneditinos.

Em pouco tempo ela tornou-se pra­ticamente a lei geral da vida monástica em todo o Ocidente.

Do monge era exigido: abandono de propriedade, abstinência, ou seja, afastamento de certos alimentos, obediência aos superiores, si­lêncio, meditação, renúncia, humildade e fé.

 O Declínio da Igreja

Os bispos tornaram-se chefes da Igreja; prevalecendo entre eles a ambição de poder. Meios ilícitos, os mais vergonhosos, eram empregados neste sentido. Diz o historiador Gibbons:

 "Enquanto que um dos candidatos ao bispado ostentava as honras de sua família,

um segundo atraía os juízes pelas delícias de uma mesa farta,

e um terceiro mais criminoso que os seus rivais, propunha repartir os saques da Igreja entre os cúmplices de suas aspirações sacrílegas."

0 ofício do bispo, que até então tinha sido um ofício assinalado pela humildade e trabalho, transformou-se num poço de es­plendor profano, de arrogância, de opressão e suborno.

A Igreja perdera, em suma, a sua humildade. Tormara-se rica, poderosa, respeitável, mas corrupta.

Aqueles que haviam se tornado os líderes da Igreja, tornaram-se ditadores segundo o espírito do Xapérlo.

Em suma: o rei­nado de Cristo fora rejeitado! Em seu lugar surgira uma trindade de reinados

·       Reinado do céu,

·       Reinado de Rema e

·       Reinado da Igre­ja!

Evidentemente, o cristianismo puro, simples e Maravilhoso de Jesus, o Nazareno, fora conspurcado! A Igreja do Cristo vivo per­dera a sua dignidade! Estava em decadência.


III. Os últimos anos de Constantino

Os últimos anos de Constantino não foram diferentes daqueles que ele passou na conquista do Império, nem pelos transcorridos ao curso do seu governo. Isto é, foram assinalados por lutas, po­lêmicas, desentendimentos, invejas e constantes divergências.

 Vitória e Derrota Na verdade, a vitória de Constantino sobre o imperador Maxéncio, e depois sobre Licínio, valendo-lhe a posição de impera­ dor romano, foi uma vitória relativa; talvez tivesse sido uma derrota! - Por que? Enormes foram as transformações pelas quais passou a Igreja cristã, a maioria das quais fruto da ação do próprio imperador. No entanto, nem todas as transformações foram vantajosas.

Se é verdade que as perseguições cessaram e o crescimento numérico da cristandade aumentou rapidamente sob a proteção impe­ rial, não menos verdade é que discussões doutrinárias, que em épocas anteriores teriam sido tratadas como tais, agora assumiam foros de problemas políticos de grande magnitude, e o imperador assumira, em questões eclesiásticas, tal parcela de autoridade, que ameaçava o futuro da Igreja. ;A Supremacia de Constantinopla Certa feita, Constantino encomendou a feitura de 50 Bíblias para as igrejas de Constantinopla, a antiga Bizâncio que, após reconstruída, passou, a ser a nova capital do Império. Foi denomi­nada pelo povo, "Constantinopla", em vez de Nova Roma, como pen­sou chamá-la o próprio Constantino. Tal encomenda foi preparada com o mais fino zelo, por mãos competentes e habilidosas, sob a direção de Eusébio, o qual, por autorização do imperador, fez uso de duas carruagens públicas para o transporte dessas Bíblias. Favores ao Cristianismo Constantino também baixou leis fazendo do domingo o dia de reunião dos cristãos, o dia semanal de descanso, proibindo nele todo trabalho, e permitindo que os soldados cristãos assistissem aos cultos nas igrejas. Quando Constantinopla adotou o Cristianismo como a religião oficial do Império, existiam somente cerca de seis milhões de cristãos em todo o Império.

 Porém, agora que o cristianismo fora apoiado e aprovado como religião oficial, e imposto à espada, grande parte do mundo de então passou por um batismo de sangue. Desse modo indigno o pseudo-cristianismo foi reconhecido por toda a parte como a religião dominante no Ocidente. Lamentavelmente, a Igreja oficializada pelo Império Romano, não mais era a Igreja de Jesus Cristo e de seus apóstolos! Ao morrer Constantino em 22 de maio do ano 337, a fé procla­mada por ocasião do Concilio de Nicéia, parecia, se não oficial­ mente renegada, praticamente minada.

Apesar de ter feito do cristianismo a sua bandeira de guer­ra, nunca se deixou batizar, o que só aconteceu no momento da sua morte, ato celebrado por Eusébio de Nicomédia.

 Achou ele mais se­guro morrer nos braços da Igreja; assim seria, a seus olhos, ab­solvido dos muitos erros praticados em vida.

 Com a morte de Constantino, a quem certo historiador chamou de "o grande cristão de alma pagã", a Igreja ficava ferida mor­talmente, só não morrendo porque a graça de Deus viria-lhe em so­corro.



IV. A expansão do cristianismo


As constantes guerras de conquista na Europa Ocidental, no período da Idade Média, atingiram profundamente a Igreja, que era então mais uma força política que uma extensão do reino de Deus na Terra. O papa tornara-se o senhor absoluto da Igreja que se estendia por todo o território do antigo Império Romano. Aquela que antes dependia só de Deus, tornara-se agora um negócio de homens . A Vida da Igreja O declínio moral e espiritual pelo qual passava a Igreja no período da Idade Média, refletia-se em todos os seus aspectos em todos os lugares. Veja-se, por exemplo, a situação da Igreja na França, nos Séculos VII e VIII, antes de Bonifácio, o missionário inglês, introduzir nela um pouco de decência e ordem. A maioria dos sacerdotes era constituída de escravos foragidos ou crimino­sos que alcançaram a posição sacerdotal, sem qualquer ordenação. Seus bispados eram considerados como propriedades particulares e abertamente vendidos a quem oferecesse mais... O arcebispo de Ruão não sabia ler; seu irmão de Treves, nunca fora ordenado... Embriagues e adultério eram os menores vícios de um tal credo que havia apodrecido até ã medula.

Não há nenhum exagero em dizer se que por toda a Europa, o número de sacerdotes envolvidos com escândalos era bem maior que os de vida honesta.

Não somente prevalecia a ignorância e o abandono de seus deveres para com as paróquias das quais deveriam cuidar, eram acusados de roubo e venda dos ofícios. 0 próprio pa­pado, por mais de 150 anos, a partir de 890, foi alvo de atos al­tamente vergonhoso e vís.

O oficio antes honrado por Gregório I e Nicolau, foi alvo de toda sorte de misérias. Alguns dos que ocu­param o trono papal foram acusados dos mais: detestáveis crimes. Durante anos, uma família de mulheres ímpias dominou o papado e era entregue a quem elas queriam.

0 Culto e a Religião Popular O culto que a Igreja da Idade Média ministrava ao seu povo, a ministração dos sacramentos, ocupava a maior parte da adoração, de maneira especial a missa.

Os sacramentos eram sete:

1. Batis­mo;

2. Confirmação;

3. Eucaristia;

4. Penitência;

5. Extrema-un­ção;

6.  Ordem; e

7. Matrimônio.

Os sacerdotes ensinavam que o simples cumprimento desses sa­cramentos, era fator determinante para a salvação.

A missa era o elemento central do culto, o maior de todos os sacramentos. Era ela celebrada com muito esplendor por meio de cerimônias, movimentos, vestimentas riquíssimas, música solene, belíssimos templos.

 Muita coisa só para ser vista e ouvida, tudo com o objetivo de impressionar o espirito através dos sentidos.

O culto aos santos, principalmente â Virgem Maria, tinha muito significado para o povo. Qualquer história que tratasse de milagres, era ouvida e acatada respeitosamente por todos, como por exemplo, a do comerciante de Groningen que roubara um braço de João Batista, de um certo lugar, e o escondera na própria ca­sa. Cria-se que quando um grande incêndio destruiu a cidade, so­mente a sua casa escapou.

0 supremo Deus revelado por Cristo já não era o único a quem era dirigido culto.

 Grande número de outros seres eram cultuados em igualdade com Deus, e até mais que Deus; isso devido a venera­ção dos mártires, iniciada no II Século.

O próprio Constantino mandou erigir um templo em honra de Pedro, enquanto que Helena, sua mãe, chegou a empreender uma viagem a Jerusalém, para ver a verdadeira cruz na qual Cristo foi crucificado, pois corria a no­tícia de que a mesma havia sido encontrada.

Os cristãos que viam nos mártires seus heróis espirituais e passaram a aceitar a ideia de vê-los como seus intercessores jun­to a Deus, e de tê-los como seus protetores. Assim desenvolveu-se rapidamente o espírito de idolatria do povo. A canonização, - isto é, a elevação à santidade, de alguém falecido, - era realizada por um processo regular e dependia das decisões papais.

 Logo surgiu o costume de peregrinações a sepul­cros de "santos" e chamados "lugares sagrados.

 A mais meritória de todas as peregrinações era, naturalmente, â Terra Santa. Criam que essa viagem uma vez feita, garantia o perdão de todos os pe­cados que uma pessoa pudesse ter cometido. Não obstante o negro véu espiritual que cobria a Igreja por toda a Europa, não raro, aqui, alí e acolá, ouvia-se uma voz sin­cera expressando a necessidade de mudança para melhor. Mas, logo essa voz era silenciada pela força da anarquia religiosa reinante na época.


As Riquezas da Igreja Desde o imperador Constantino o clero estava isento do paga­ mento de impostos. Ora, se os homens ricos fossem ordenados, con­sideráveis somas em dinheiro deixariam de entrar para os cofres do Estado. Para evitar que isso acontecesse, os governos poste­riores dispuseram que só fossem ordenados para o sacerdócio os de "pequena fortuna". Como resultado disto eram recrutados homens não apenas de poucas posses, mas também de pouca ou nenhuma for­ mação . Agora a Igreja passou a receber não só ofertas dos fiéis, mas foram-lhe doadas muitas extensões de terras, como também inúmeros edifícios construídos para fins religiosos. Assim a Igreja tornou-se rica e proprietária na Europa Ocidental. Por exemplo, a Igreja dominava a quarta parte dos territórios da França, Alema­nha e Inglaterra.

Ela possuía de igual modo muitos bens na Itália e na Espanha. Rendas incalculáveis de todas essas terras enchiam os cofres da Igreja, isso sem falar do dinheiro arrecadado na venda das indulgências. 0 controle desses bens estava nas mãos dos bispos. Uma dis­posição do papa Simplício (468-483) determinava a divisão da ren­da da Igreja em quatro partes: uma para o bispo, uma para os de­ mais clérigos, outra para manutenção do culto e dos edifícios, e a última para os pobres.

Movimentos de Protesto Uma das principais causas do fracasso da Igreja dessa época, foi o descuido por parte dos seus líderes para com o povo que a compunha. Os párocos acomodados, se davam por satisfeitos com o que prescrevia o rito latino, o qual nem o povo e às vezes nem eles mesmos entendiam. Não se pense que o povo ficou de todo calado diante de tanto desprezo sofrido, sem lançar os seus protestos e condenação à vi­ da acomodada do clero. Logo no inicio do Século XII, surgiram vá­ rios movimentos de oposição à atitude do cléro e o estado moral da Igreja, por parte dos homens que conheciam a sua situação. O mais importante desses movimentos teve lugar no sudoeste da Fran­ ça, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Lausanne. Eles opunham-se decididamente a superstição reinante na Igreja, a cer­tas formas de culto e à imoralidade do clero. Este movimento foi chamado de "Petrobrussiano", e desenvolvem-se por vasta região. Muita gente aderiu a ele, abandonando a Igreja e escarnecendo do clero. Os Cataristas.

 Outra grande força de protesto contra a impu­reza da Igreja naquela época foi um poderoso partido religioso chamado de "Cataristas".

O mesmo se expandiu grandemente no fim do Século XII, alcançando o seu apogeu duran­te o Século XIII. Na realidade era uma igreja rival que possuía seu próprio ministério, sua organização, seu credo, seu culto e seus sacramentos.

 Os Valdenses. Outro grande movimento de protesto à situação decadente da Igreja, foi o dos Valdenses, chefiado por Pedro Valdo, um negociante de Lião.

Esse, movido pelo ensino do capitulo 10 do Evangelho de São Mateus, começou a dis­tribuir todo o seu dinheiro entre os pobres, vindo a tornar-se um evangelista itinerante. A ele juntaram-se grandes multidões que faziam frente a Igreja espiritualmente enfraquecida. Foram exco­mungados pelos papas da época, mas ao final da Idade Média, estavam fortemente organizados. Ainda que perseguidos pela inquisição papal, continuavam sempre ativos no ensino do Evangelho e na dis­tribuição de manuscritos parciais das Escrituras. Os Irmãos. Esses dissidentes chamavam a si mesmos de "ir­mãos", e eram muito parecidos com os Valdenses. Possuíam uma fé muito simples e eram conhecido pela vida santa que viviam. Nada tinham com a Igreja romana e o seu clero. Reali­ zavam suas reuniões falando a língua do povo. Praticavam a leitu­ra da Bíblia, e pelo crescimento do seu movimento, assim como os Valdenses, promoviam um trabalho missionário muito ativo. A Igreja, porém, nada aprendeu com essa onda de protestos, no sentido de corrigir os seus erros. Sua única resposta foi a Inquisição, através da qual mandava matar os que falavam contra ela e hão se retratassem. Tal atitude vaticinava a sua própria condenação no tempo e na história.


V. Wycliffe e Huss

As atitudes tomadas pela Igreja, conforme tratamos no final do Texto anterior, ou seja, o estabelecimento da Inquisição como meio de silenciar os protestos contra os abusos do clero, deram origem a duas revoltas que a Igreja não pôde reprimir, encabeça­ das por João Wycliffe, na Inglaterra e João Huss, na Boêmia.

Ambas aconteceram nos Séculos XIV e XV.

João Wycliffe 0 espírito de amor cívico nacional que se vinha desenvolven­do na Inglaterra, preparou o caminho para a obra de Wycliffe. Quando ele entrou em luta com o papado em 1375, já a Inglaterra houvera resistido à influência papal nos negócios da Igreja In­glesa. Durante setenta e cinco anos, através de seus reis, seu parlamento e seus bispos, a Inglaterra já vinha desafiando o pa­pa.

Ele também era padre de Lutterworth quando alcançou a extrema simpatia das classes pobres. Sua primeira investidura foi contra o suposto direito do papa de cobrar impostos ou taxas na Inglaterra.

João Wicliffe, nascido entre 1320 e 1330, já era famoso como o homem mais culto e mais destacado da Universidade de Oxford. Ele era também padre de uma pequena cidade da Inglaterra quando adquiriu a simpatia do povo pobre.

Sua primeira investidura foi contra o suposto direito do papa de cobrar impostos ou taxas na Inglaterra.


Por causa do que ensinava contrário ã vontade do papa, foi condenado por um Concilio eclesiástico. Mas ele não calou-se. Pe­lo contrário: fez um grande apelo ao povo inglês através de car­tas escritas em linguagem simples e ao alcance de qualquer pessoa por mais simples que fosse. Mas, o seu maior trabalho mesmo, foi a tradução da Bíblia latina (a Vulgata) para a língua inglesa. Foi assim que Wycliffe e seus companheiros abriram a Bíblia para o povo inglês. Para espalhar a Bíblia mais depressa, Wycliffe usou os ser­viços de amigos seus, como os irmãos Loliardos, muitos dos quais eram estudantes em Oxford.

 Estes, vestidos de roupas simples, descalços, de cajado à mão, dependendo de esmolas, percorreram toda a Inglaterra, conduzindo os manuscritos de Wycliffe e pregando o Evangelho.

 João Huss Os ensinos de João Wycliffe, dado a penetração que tiveram, ultrapassaram as fronteiras da Inglaterra para dar origem a outro movimento de protestos ainda maior contra a Igreja papal, movi­ mento esse liderado por João Huss.

Entre os boêmios, liderados por João Huss, encontramos outra causa de forte motivação nacionalista. Dotado de elevada cultura, respeitado e querido pelo povo, Huss mostrou-se um líder eficaz para o qual as ameaças não passavam de incentivo a conquista da liberdade. Catedrático da Universidade de Praga, como o maior pregador daquela cidade onde nacional dos anseios políticos e religiosos

Huss notabilizou-se se tornou o porta-voz do seu povo.

De posse dos livros de Wycliffe, Huss prazeirosamente absor­veu-lhe as ideias, defendendo o direito de ensinar as verdades de Cristo sem depender do dogmatismo papal. Isto levou-lhe a entrar em choque frontal com os líderes fiéis ao papado. Como insistisse em desafiar o papa, foi excomungado em 1412.

 0 julgamento de João Huss em Constança foi uma farsa vergo­nhosa. Protestando sua fidelidade a Cristo, e rejeitando a liber­dade que lhe era oferecida em troca da retratação de sua fé e ma­neira de crer nas Escrituras, foi condenado à fogueira, em Cons­tança, onde sofreu martírio. 0 ódio e a revolta dos boêmios pelo martírio do seu grande herói nacional, não teve limites. Dentre eles surgiu um grande partido que iniciou a guerra pela independência da Boêmia.

Nessa peleja derrotaram o imperador alemão, devastaram parte da Alema­nha e perturbaram grandemente os negócios da Europa. Depois dessa revolta de caráter político, surgiram os "Ir­ mãos Boêmios", uma poderosa e influente organização religiosa fo­ra da Igreja, cujas ações empolgaram toda a Boêmia e a Morávia, como também algumas partes da Alemanha. Em outras partes da Europa o martírio de João Huss fortaleceu o espírito de revolta con­tra a Igreja papal.


VI. A renascença.

O Renascimento significou uma nova visão do mundo, com ênfase sobre esta presente vida, sua beleza e alegria - sobre o ho­mem como homem - mais que sobre o céu ou o inferno futuros e so­bre o homem como objeto de salvação ou de perdição.

O meio pelo qual se realizou esta transformação foi a reapreciação do espírito da antiguidade clássica especialmente como manifesta em seus grandes monumentos literários.

 0 Início do Período Renascentista.

 A Renascença teve seu início na Itália. Pelo menos três fo­ram as influências que favoreceram seu aparecimento: 1. 0 enfra­quecimento repentino dos dois poderes da Idade Média - o papado e o Império Romano;

2. O poder imperial que entrara em colapso no fim do Século XIII; e

3. A mudança do papado para Avinhão, na França, no começou do Século XIV.

Era o despertar da humanidade de um sono quase que eterno! Todas as faculdades da natureza humana foram maravilhosamente despertadas e todas as atividades humanas apresentaram substan­ciais progressos. Petrarca (1304-1374) foi o primeiro italiano renascentista, tendo revelado força dominante. Tinha grande interesse pela lite­ratura latina, especialmente os escritos de Cícero. Foi amigo de príncipes e figura de influência internacional. Faltava-lhe, po­rém, seriedade profunda; era vaidoso e egoísta. Ainda assim indu­ziu pessoas a um renovado interesse pela antiguidade e por uma nova visão do mundo.

A Imprensa e as Grandes Descobertas O movimento renascentista foi ampliado com a grande invenção da imprensa por João Guttenberg, de Mogúncia, pelos idos de 1450. Esta arte espalhou-se com muita rapidez de sorte que muitos li­vros que eram propriedade de uns poucos, foram multiplicados e espalhados entre um número maior de pessoas.

Mais de trinta mil publicações apareceram antes do ano 1500. Nessa época Cristóvão Colombo descobriu a América, Pedro Álvares Cabral, o Brasil. Maravilhoso ainda foi a descoberta do sistema solar Copérnico. O mais importante centro do Renascimento italiano Florença, se bem que influenciou muitas outras cidades.


Com o pontificado de Nicolau V (1447-1455), a Renascença achou, pela primeira vez, poderoso patrono no chefe da Igreja, e Roma se tornou em sua sede principal. A fundação da biblioteca do Vaticano se deve ã ela. Esse e outros papas, representaram a Renascença italiana em épocas diferentes, no entanto, sob nenhum aspecto representaram também o espírito real de uma Igreja que para milhões era a fonte de conforto nesta vida e a esperança na que há de vir. Menos ain­da esse papado representava a vida religiosa da Itália. Desse modo o Renascimento só atingiu as classes cultas e superiores. Mes­mo assim, o povo mais simples respondia aos apelos dos pregadores do Evangelho e ao exemplo daqueles que consideravam santos, ainda que, infelizmente, poucas vezes com resultados permanentes, exce­to em casos individuais.

 É também neste aspecto da Renascença - renovação ou renasci­ mento cultural - que encontramos uma preparação direta para o ad­ vento da reforma da religião. Renovado Interesse Pelas Escritoras A disseminação da língua grega contribuiu para que os homens lessem o Novo Testamento no original. E quando comparavam os be­los ensinos de Cristo e dos apóstolos com a vida da Igreja que estava ao redor deles, muitos humanistas se converteram, se transformando em destemidos reformadores. Isto foi o que se verificou principalmente na Alemanha, França e Inglaterra. João Colet, de Oxford, e o grande cultor do Novo Testamento, Erasmo (holandês), representa* esse resultado religioso do Reavi­vamento Cultural. Nessa época a Bíblia adquiriu posição incomum na vida dos homens de cultura; e» na proporção que isso aconte­cia, a Igreja papal caminhava para o maior flagelo de sua histó­ria, - a Reforma.

Estaremos de volta na próxima matéria sobre este assunto falando sobre: A reforma protestante.

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