Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembleia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com
Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!
Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra no texto de Romanos 1.17que nos diz:
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.
Aquele foi sem dúvida um momento singular do mundo religioso, haja vista, o fato de que as indulgências e o legalismo afloravam a prática religiosa se maneira legalista, visando substituir o sacrifício de Cristo na crus do calvário.
Este artigo descreve e analisa a Reforma Protestante do século XVI dentro do complexo contexto religioso, social, político e intelectual que vivia a Europa de então. O texto considera as causas desse importante movimento, suas características e personagens principais, bem como seus efeitos na igreja e na sociedade.
I.
Os antecedentes da reforma protestante
De Constantino
ao fim da idade média
A Igreja nos Dias de Constantino.
Os últimos Anos de Constantino.
A Igreja da Idade Média.
Wycliffe e Huss.
A
Renascença.
II.
A reforma protestante
A reforma
Martinho Lutero.
As 95 teses de Martinho Lutero
O Problema das Indulgências.
Reações papais àsteses de Lutero
Reações Papais às Teses de Lutero.
A
Excomunhão de Lutero.
III.
A extensão
da reforma
Zuínglio
e a Reforma na Suíça.
Calvino
e a Reforma em Genebra.
. Influências Reformistas na França.
A
Reforma nos Países Baixos.
A Reforma na Escócia.
A
Reforma na Inglaterra.
Os Anabatistas.
IV.
Os efeitos negativos da
reforma
A contra-reforma
Os Jesuítas.
Elementos de Combate à Reforma.
A Guerra dos Trinta Anos.
As Missões Católicas.
V. A reação dos
protestantes à Igreja na Europa
A França e a Igreja Católico-Romana.
O Protestantismo na Alemanha.
O Protestantismo na Inglaterra.
O Reavivamento de Wesley no Século XVIII.
Os Resultados do Reavivamento de Wesley.
O Protestantismo na Escócia e na Irlanda.
A Igreja
no Oriente.
Os antecedentes da reforma protestante
I. De Constantino ao fim da idade média
Constantino, o imperador romano, conhecido
também por Constantino I, o Grande, foi homem de decisões sempre tomadas sob
prisma politico.
0 cristianismo constituía, indubitavelmente, um
elemento importantíssimo no processo de unificação do Império. Havia uma só
lei, um só imperador e uma única cidadania para todos os homens livres. Assim,
mister se fazia que houvesse uma só religião. Constantino não hesitou em fazer do
cristianismo a religião oficial do Império, o que contribuiu para grandes prejuízos,
principalmente doutrinários, que a Igreja sofreria nos anos posteriores.
Em decorrência disso, a Igreja entrou numa das
fases mais difíceis de sua história. A Igreja constituiu-se numa verdadeira
força política. 0 papa tornou-se senhor absoluto da Igreja. Esta que antes
dependia só de Deus através da fidelidade de seus líderes e membros, era agora
um grande rebanho sem pastor, com as ovelhas em dispersão. No ano 869 deu-se o
inevitável rompimento entre a cristandade do Oriente e a do Ocidente, dividindo
a Igreja antes una, em duas: uma com sede em Roma, a antiga sede imperial, e a
outra em Constantinopla, atual sede do Império. A partir daí tiveram início
lutas amargas por causa de doutrinas e ritos, até 1054, quando o papa de Roma
e o patriarca de Constantinopla se desentenderam e se excomungaram mutuamente.
Desde aí a Igreja dividiu-se, cada uma buscando
para si o direito de ser a verdadeira Igreja Católica e recusando ã outra
qualquer reconhecimento. Apesar de todos os conflitos que envolviam a Igreja,
Deus trouxe à luz, homens cujo compromisso único era pregar e viver o Evangelho
de Jesus, na simplicidade que tinha no princípio. Foram esses homens que no
final da Idade Média prepararam as veredas pelas quais os movimentos reformistas
haveriam de trilhar, libertando a Igreja outra vez.
II. A Igreja nos dias de Constantino
Por crer que o Deus dos cristãos foi seu aliado
na luta contra o imperador Maxêncio, após o que viria a se tornar senhor soberano
sobre o Império, Constantino beneficiou os cristãos, transformando o
cristianismo em religião oficial do Estado. A Expansão da Igreja Sem dúvida, a
Igreja cresceu com grande rapidez sob a proteção de Constantino. Mais do que isto:
tão logo Constantino constituiu a si mesmo patrono do cristianismo, passou a
fazer ofertas vultuosas para construção de templos, sustento de ministros religiosos,
inclusive isentando-os de impostos. Apesar de nada entender de teologia,
influía decisivamente nos assuntos administrativos e doutrinários da Igreja.
Nessa época muitos templos e ídolos pagãos
foram destruídos; e, pelos idos do ano 400, o culto pagão já não existia.
Dir-se-ia que para o cristianismo isto representava retumbante vitória.
Entretanto, não era uma vitória real, considerando que a Igreja cristã estava
cheia de pessoas que não possuíam o mínimo de conhecimento de Cristo, nem nunca
experimentaram o novo nascimento bíblico - o ponto de partida da verdadeira
vida cristã.
A Vida da Igreja.
A nova posição
assumida pela Igreja, dependendo do Império, de modo algum beneficiava a sua
vida.
A
entrada de milhares de pessoas não-salvas em suas fileiras, foi um impedimento
á manutenção da vida verdadeiramente cristã, preparo e desenvolvimento de
novos discípulos de Cristo.
Por esse tempo, mesmo em meio ao grande declínio
moral e espiritual da Igreja professa, muitos cristãos sinceros tornaram-se
sedentos por uma vida mais elevada, mais profunda, mais santa e piedosa do que
a que eles viam ao seu redor. Disso surgiu uma forma de vida que estava
destinada a se tornar uma das mais poderosas forças na história do
cristianismo - o monaquismo.
Muitos
homens tornaram-se monges, com o expresso desejo de salvação.
Como nos
primeiros séculos do cristianismo o mundo era de formação religiosa
eminentemente pagã, a própria Igreja muitas vezes mostrou pouca força na luta
contra o paganismo . Por isso, nessa época, os males que ela não podia evitar,
impetrava sobre eles a sua bênção e os fazia parte comum da vida dos seus
membros. Assim, os que desejavam uma vida santa de modo a agradar a Deus,
acharam que a única maneira de alcançar esse nível de vida era afastando-se da
sociedade má e da Igreja como comunidade.
0 aspecto
da vida cristã congregacional aos poucos deteriorava-se.
No VI Século, foi organizada por Bento de
Núrsia, na Itália, a famosa ordem dos beneditinos.
Em pouco tempo ela tornou-se praticamente a
lei geral da vida monástica em todo o Ocidente.
Do monge era exigido: abandono de propriedade,
abstinência, ou seja, afastamento de certos alimentos, obediência aos
superiores, silêncio, meditação, renúncia, humildade e fé.
O
Declínio da Igreja
Os bispos tornaram-se chefes da Igreja;
prevalecendo entre eles a ambição de poder. Meios ilícitos, os mais
vergonhosos, eram empregados neste sentido. Diz o historiador Gibbons:
"Enquanto que um dos candidatos ao
bispado ostentava as honras de sua família,
um segundo atraía os juízes pelas delícias de
uma mesa farta,
e um terceiro mais criminoso que os seus
rivais, propunha repartir os saques da Igreja entre os cúmplices de suas
aspirações sacrílegas."
0 ofício do bispo, que até então tinha sido um
ofício assinalado pela humildade e trabalho, transformou-se num poço de esplendor
profano, de arrogância, de opressão e suborno.
A Igreja perdera, em suma, a sua humildade. Tormara-se
rica, poderosa, respeitável, mas corrupta.
Aqueles que haviam se tornado os líderes da
Igreja, tornaram-se ditadores segundo o espírito do Xapérlo.
Em suma: o reinado de Cristo fora rejeitado! Em
seu lugar surgira uma trindade de reinados
· Reinado
do céu,
· Reinado
de Rema e
· Reinado
da Igreja!
Evidentemente, o cristianismo puro, simples e
Maravilhoso de Jesus, o Nazareno, fora conspurcado! A Igreja do Cristo vivo perdera
a sua dignidade! Estava em decadência.
III. Os últimos anos de Constantino
Os últimos anos de Constantino não foram
diferentes daqueles que ele passou na conquista do Império, nem pelos
transcorridos ao curso do seu governo. Isto é, foram assinalados por lutas, polêmicas,
desentendimentos, invejas e constantes divergências.
Vitória e
Derrota Na verdade, a vitória de Constantino sobre o imperador Maxéncio, e
depois sobre Licínio, valendo-lhe a posição de impera dor romano, foi uma
vitória relativa; talvez tivesse sido uma derrota! - Por que? Enormes foram as
transformações pelas quais passou a Igreja cristã, a maioria das quais fruto da
ação do próprio imperador. No entanto, nem todas as transformações foram
vantajosas.
Se é verdade que as perseguições cessaram e o
crescimento numérico da cristandade aumentou rapidamente sob a proteção impe
rial, não menos verdade é que discussões doutrinárias, que em épocas anteriores
teriam sido tratadas como tais, agora assumiam foros de problemas políticos de
grande magnitude, e o imperador assumira, em questões eclesiásticas, tal
parcela de autoridade, que ameaçava o futuro da Igreja. ;A Supremacia de
Constantinopla Certa feita, Constantino encomendou a feitura de 50 Bíblias para
as igrejas de Constantinopla, a antiga Bizâncio que, após reconstruída, passou,
a ser a nova capital do Império. Foi denominada pelo povo,
"Constantinopla", em vez de Nova Roma, como pensou chamá-la o
próprio Constantino. Tal encomenda foi preparada com o mais fino zelo, por mãos
competentes e habilidosas, sob a direção de Eusébio, o qual, por autorização do
imperador, fez uso de duas carruagens públicas para o transporte dessas
Bíblias. Favores ao Cristianismo Constantino também baixou leis fazendo do
domingo o dia de reunião dos cristãos, o dia semanal de descanso, proibindo
nele todo trabalho, e permitindo que os soldados cristãos assistissem aos
cultos nas igrejas. Quando Constantinopla adotou o Cristianismo como a religião
oficial do Império, existiam somente cerca de seis milhões de cristãos em todo
o Império.
Porém,
agora que o cristianismo fora apoiado e aprovado como religião oficial, e
imposto à espada, grande parte do mundo de então passou por um batismo de
sangue. Desse modo indigno o pseudo-cristianismo foi reconhecido por toda a
parte como a religião dominante no Ocidente. Lamentavelmente, a Igreja
oficializada pelo Império Romano, não mais era a Igreja de Jesus Cristo e de
seus apóstolos! Ao morrer Constantino em 22 de maio do ano 337, a fé proclamada
por ocasião do Concilio de Nicéia, parecia, se não oficial mente renegada,
praticamente minada.
Apesar de ter feito do cristianismo a sua
bandeira de guerra, nunca se deixou batizar, o que só aconteceu no momento da
sua morte, ato celebrado por Eusébio de Nicomédia.
Achou ele
mais seguro morrer nos braços da Igreja; assim seria, a seus olhos, absolvido
dos muitos erros praticados em vida.
Com a
morte de Constantino, a quem certo historiador chamou de "o grande cristão
de alma pagã", a Igreja ficava ferida mortalmente, só não morrendo porque
a graça de Deus viria-lhe em socorro.
IV. A expansão do cristianismo
As constantes guerras de conquista na Europa
Ocidental, no período da Idade Média, atingiram profundamente a Igreja, que era
então mais uma força política que uma extensão do reino de Deus na Terra. O
papa tornara-se o senhor absoluto da Igreja que se estendia por todo o
território do antigo Império Romano. Aquela que antes dependia só de Deus, tornara-se
agora um negócio de homens . A Vida da Igreja O declínio moral e espiritual
pelo qual passava a Igreja no período da Idade Média, refletia-se em todos os
seus aspectos em todos os lugares. Veja-se, por exemplo, a situação da Igreja
na França, nos Séculos VII e VIII, antes de Bonifácio, o missionário inglês,
introduzir nela um pouco de decência e ordem. A maioria dos sacerdotes era constituída de escravos foragidos
ou criminosos que alcançaram a posição sacerdotal, sem qualquer ordenação.
Seus bispados eram considerados como propriedades particulares e abertamente
vendidos a quem oferecesse mais... O arcebispo de Ruão não sabia ler; seu irmão
de Treves, nunca fora ordenado... Embriagues e adultério eram os menores vícios
de um tal credo que havia apodrecido até ã medula.
Não há nenhum exagero em dizer se que por toda
a Europa, o número de sacerdotes envolvidos com escândalos era bem maior que os
de vida honesta.
Não somente prevalecia a ignorância e o abandono
de seus deveres para com as paróquias das quais deveriam cuidar, eram acusados
de roubo e venda dos ofícios. 0 próprio papado, por mais de 150 anos, a partir
de 890, foi alvo de atos altamente vergonhoso e vís.
O oficio antes honrado por Gregório I e
Nicolau, foi alvo de toda sorte de misérias. Alguns dos que ocuparam o trono papal
foram acusados dos mais: detestáveis crimes. Durante anos, uma família de
mulheres ímpias dominou o papado e era entregue a quem elas queriam.
0 Culto e a Religião Popular O culto que a
Igreja da Idade Média ministrava ao seu povo, a ministração dos sacramentos,
ocupava a maior parte da adoração, de maneira especial a missa.
Os sacramentos eram sete:
1. Batismo;
2. Confirmação;
3. Eucaristia;
4. Penitência;
5. Extrema-unção;
6. Ordem; e
7. Matrimônio.
Os sacerdotes ensinavam que o simples
cumprimento desses sacramentos, era fator determinante para a salvação.
A missa era o elemento central do culto, o
maior de todos os sacramentos. Era ela celebrada com muito esplendor por meio
de cerimônias, movimentos, vestimentas riquíssimas, música solene, belíssimos
templos.
Muita
coisa só para ser vista e ouvida, tudo com o objetivo de impressionar o
espirito através dos sentidos.
O culto aos santos, principalmente â Virgem
Maria, tinha muito significado para o povo. Qualquer história que tratasse de
milagres, era ouvida e acatada respeitosamente por todos, como por exemplo, a
do comerciante de Groningen que roubara um braço de João Batista, de um certo
lugar, e o escondera na própria casa. Cria-se que quando um grande incêndio
destruiu a cidade, somente a sua casa escapou.
0 supremo Deus revelado por Cristo já não era o
único a quem era dirigido culto.
Grande
número de outros seres eram cultuados em igualdade com Deus, e até mais que
Deus; isso devido a veneração dos mártires, iniciada no II Século.
O próprio Constantino mandou erigir um templo
em honra de Pedro, enquanto que Helena, sua mãe, chegou a empreender uma viagem
a Jerusalém, para ver a verdadeira cruz na qual Cristo foi crucificado, pois
corria a notícia de que a mesma havia sido encontrada.
Os cristãos que viam nos mártires seus heróis
espirituais e passaram a aceitar a ideia de vê-los como seus intercessores junto
a Deus, e de tê-los como seus protetores. Assim desenvolveu-se rapidamente o
espírito de idolatria do povo. A canonização, - isto é, a elevação à santidade,
de alguém falecido, - era realizada por um processo regular e dependia das
decisões papais.
Logo
surgiu o costume de peregrinações a sepulcros de "santos" e chamados
"lugares sagrados.
A mais
meritória de todas as peregrinações era, naturalmente, â Terra Santa. Criam que
essa viagem uma vez feita, garantia o perdão de todos os pecados que uma
pessoa pudesse ter cometido. Não obstante o negro véu espiritual que cobria a
Igreja por toda a Europa, não raro, aqui, alí e acolá, ouvia-se uma voz sincera
expressando a necessidade de mudança para melhor. Mas, logo essa voz era
silenciada pela força da anarquia religiosa reinante na época.
As Riquezas da Igreja Desde o imperador
Constantino o clero estava isento do paga mento de impostos. Ora, se os homens
ricos fossem ordenados, consideráveis somas em dinheiro deixariam de entrar
para os cofres do Estado. Para evitar que isso acontecesse, os governos posteriores
dispuseram que só fossem ordenados para o sacerdócio os de "pequena
fortuna". Como resultado disto eram recrutados homens não apenas de poucas
posses, mas também de pouca ou nenhuma for mação . Agora a Igreja passou a
receber não só ofertas dos fiéis, mas foram-lhe doadas muitas extensões de
terras, como também inúmeros edifícios construídos para fins religiosos. Assim
a Igreja tornou-se rica e proprietária na Europa Ocidental. Por exemplo, a
Igreja dominava a quarta parte dos territórios da França, Alemanha e Inglaterra.
Ela possuía de igual modo muitos bens na Itália
e na Espanha. Rendas incalculáveis de todas essas terras enchiam os cofres da
Igreja, isso sem falar do dinheiro arrecadado na venda das indulgências. 0
controle desses bens estava nas mãos dos bispos. Uma disposição do papa
Simplício (468-483) determinava a divisão da renda da Igreja em quatro partes:
uma para o bispo, uma para os de mais clérigos, outra para manutenção do culto
e dos edifícios, e a última para os pobres.
Movimentos de Protesto Uma das principais causas
do fracasso da Igreja dessa época, foi o descuido por parte dos seus líderes
para com o povo que a compunha. Os párocos acomodados, se davam por satisfeitos
com o que prescrevia o rito latino, o qual nem o povo e às vezes nem eles mesmos
entendiam. Não se pense que o povo ficou de todo calado diante de tanto
desprezo sofrido, sem lançar os seus protestos e condenação à vi da acomodada
do clero. Logo no inicio do Século XII, surgiram vá rios movimentos de
oposição à atitude do cléro e o estado moral da Igreja, por parte dos homens
que conheciam a sua situação. O mais importante desses movimentos teve lugar no
sudoeste da Fran ça, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Lausanne.
Eles opunham-se decididamente a superstição reinante na Igreja, a certas
formas de culto e à imoralidade do clero. Este movimento foi chamado de
"Petrobrussiano", e desenvolvem-se por vasta região. Muita gente
aderiu a ele, abandonando a Igreja e escarnecendo do clero. Os Cataristas.
Outra
grande força de protesto contra a impureza da Igreja naquela época foi um
poderoso partido religioso chamado de "Cataristas".
O mesmo se expandiu grandemente no fim do
Século XII, alcançando o seu apogeu durante o Século XIII. Na realidade era
uma igreja rival que possuía seu próprio ministério, sua organização, seu
credo, seu culto e seus sacramentos.
Os
Valdenses. Outro grande movimento de protesto à situação decadente da Igreja,
foi o dos Valdenses, chefiado por Pedro Valdo, um negociante de Lião.
Esse, movido pelo ensino do capitulo 10 do
Evangelho de São Mateus, começou a distribuir todo o seu dinheiro entre os
pobres, vindo a tornar-se um evangelista itinerante. A ele juntaram-se grandes
multidões que faziam frente a Igreja espiritualmente enfraquecida. Foram excomungados
pelos papas da época, mas ao final da Idade Média, estavam fortemente
organizados. Ainda que perseguidos pela inquisição papal, continuavam sempre
ativos no ensino do Evangelho e na distribuição de manuscritos parciais das
Escrituras. Os Irmãos. Esses dissidentes chamavam a si mesmos de "irmãos",
e eram muito parecidos com os Valdenses. Possuíam uma fé muito simples e eram
conhecido pela vida santa que viviam. Nada tinham com a Igreja romana e o seu
clero. Reali zavam suas reuniões falando a língua do povo. Praticavam a leitura
da Bíblia, e pelo crescimento do seu movimento, assim como os Valdenses,
promoviam um trabalho missionário muito ativo. A Igreja, porém, nada aprendeu
com essa onda de protestos, no sentido de corrigir os seus erros. Sua única
resposta foi a Inquisição, através da qual mandava matar os que falavam contra
ela e hão se retratassem. Tal atitude vaticinava a sua própria condenação no
tempo e na história.
V. Wycliffe e Huss
As atitudes tomadas pela Igreja, conforme
tratamos no final do Texto anterior, ou seja, o estabelecimento da Inquisição
como meio de silenciar os protestos contra os abusos do clero, deram origem a
duas revoltas que a Igreja não pôde reprimir, encabeça das por João Wycliffe,
na Inglaterra e João Huss, na Boêmia.
Ambas aconteceram nos Séculos XIV e XV.
João Wycliffe 0 espírito de amor cívico nacional
que se vinha desenvolvendo na Inglaterra, preparou o caminho para a obra de
Wycliffe. Quando ele entrou em luta com o papado em 1375, já a Inglaterra
houvera resistido à influência papal nos negócios da Igreja Inglesa. Durante
setenta e cinco anos, através de seus reis, seu parlamento e seus bispos, a
Inglaterra já vinha desafiando o papa.
Ele também era padre de Lutterworth quando alcançou a extrema
simpatia das classes pobres. Sua primeira investidura foi contra o suposto
direito do papa de cobrar impostos ou taxas na Inglaterra.
João Wicliffe, nascido entre 1320 e 1330, já era
famoso como o homem mais culto e mais destacado da Universidade de Oxford. Ele
era também padre de uma pequena cidade da Inglaterra quando adquiriu a simpatia
do povo pobre.
Sua primeira investidura foi contra o suposto
direito do papa de cobrar impostos ou taxas na Inglaterra.
Por causa do que ensinava contrário ã vontade do
papa, foi condenado por um Concilio eclesiástico. Mas ele não calou-se. Pelo
contrário: fez um grande apelo ao povo inglês através de cartas escritas em
linguagem simples e ao alcance de qualquer pessoa por mais simples que fosse.
Mas, o seu maior trabalho mesmo, foi a tradução da Bíblia latina (a Vulgata)
para a língua inglesa. Foi assim que Wycliffe e seus companheiros abriram a
Bíblia para o povo inglês. Para espalhar a Bíblia mais depressa, Wycliffe usou
os serviços de amigos seus, como os irmãos Loliardos, muitos dos quais eram
estudantes em Oxford.
Estes,
vestidos de roupas simples, descalços, de cajado à mão, dependendo de esmolas,
percorreram toda a Inglaterra, conduzindo os manuscritos de Wycliffe e pregando
o Evangelho.
João
Huss Os ensinos de João Wycliffe, dado a penetração que tiveram, ultrapassaram
as fronteiras da Inglaterra para dar origem a outro movimento de protestos
ainda maior contra a Igreja papal, movi mento esse liderado por João Huss.
Entre os boêmios, liderados por João Huss,
encontramos outra causa de forte motivação nacionalista. Dotado de elevada
cultura, respeitado e querido pelo povo, Huss mostrou-se um líder eficaz para o
qual as ameaças não passavam de incentivo a conquista da liberdade. Catedrático
da Universidade de Praga, como o maior pregador daquela cidade onde nacional
dos anseios políticos e religiosos
Huss notabilizou-se se tornou o porta-voz do seu
povo.
De posse dos livros de Wycliffe, Huss
prazeirosamente absorveu-lhe as ideias, defendendo o direito de ensinar as
verdades de Cristo sem depender do dogmatismo papal. Isto levou-lhe a entrar em
choque frontal com os líderes fiéis ao papado. Como insistisse em desafiar o
papa, foi excomungado em 1412.
0
julgamento de João Huss em Constança foi uma farsa vergonhosa. Protestando sua
fidelidade a Cristo, e rejeitando a liberdade que lhe era oferecida em troca
da retratação de sua fé e maneira de crer nas Escrituras, foi condenado à
fogueira, em Constança, onde sofreu martírio. 0 ódio e a revolta dos boêmios
pelo martírio do seu grande herói nacional, não teve limites. Dentre eles
surgiu um grande partido que iniciou a guerra pela independência da Boêmia.
Nessa peleja derrotaram o imperador alemão,
devastaram parte da Alemanha e perturbaram grandemente os negócios da Europa.
Depois dessa revolta de caráter político, surgiram os "Ir mãos
Boêmios", uma poderosa e influente organização religiosa fora da Igreja,
cujas ações empolgaram toda a Boêmia e a Morávia, como também algumas partes da
Alemanha. Em outras partes da Europa o martírio de João Huss fortaleceu o espírito
de revolta contra a Igreja papal.
VI. A renascença.
O Renascimento significou uma nova visão do
mundo, com ênfase sobre esta presente vida, sua beleza e alegria - sobre o homem
como homem - mais que sobre o céu ou o inferno futuros e sobre o homem como
objeto de salvação ou de perdição.
O meio pelo qual se realizou esta transformação
foi a reapreciação do espírito da antiguidade clássica especialmente como
manifesta em seus grandes monumentos literários.
0 Início
do Período Renascentista.
A
Renascença teve seu início na Itália. Pelo menos três foram as influências que
favoreceram seu aparecimento: 1. 0 enfraquecimento repentino dos dois poderes
da Idade Média - o papado e o Império Romano;
2. O poder imperial que entrara em colapso no
fim do Século XIII; e
3. A mudança do papado para Avinhão, na França,
no começou do Século XIV.
Era o despertar da humanidade de um sono quase
que eterno! Todas as faculdades da natureza humana foram maravilhosamente
despertadas e todas as atividades humanas apresentaram substanciais
progressos. Petrarca (1304-1374) foi o primeiro italiano renascentista, tendo
revelado força dominante. Tinha grande interesse pela literatura latina,
especialmente os escritos de Cícero. Foi amigo de príncipes e figura de
influência internacional. Faltava-lhe, porém, seriedade profunda; era vaidoso
e egoísta. Ainda assim induziu pessoas a um renovado interesse pela
antiguidade e por uma nova visão do mundo.
A Imprensa e as Grandes Descobertas O movimento
renascentista foi ampliado com a grande invenção da imprensa por João
Guttenberg, de Mogúncia, pelos idos de 1450. Esta arte espalhou-se com muita
rapidez de sorte que muitos livros que eram propriedade de uns poucos, foram
multiplicados e espalhados entre um número maior de pessoas.
Com o pontificado de Nicolau V (1447-1455), a Renascença achou, pela primeira vez, poderoso patrono no chefe da Igreja, e Roma se tornou em sua sede principal. A fundação da biblioteca do Vaticano se deve ã ela. Esse e outros papas, representaram a Renascença italiana em épocas diferentes, no entanto, sob nenhum aspecto representaram também o espírito real de uma Igreja que para milhões era a fonte de conforto nesta vida e a esperança na que há de vir. Menos ainda esse papado representava a vida religiosa da Itália. Desse modo o Renascimento só atingiu as classes cultas e superiores. Mesmo assim, o povo mais simples respondia aos apelos dos pregadores do Evangelho e ao exemplo daqueles que consideravam santos, ainda que, infelizmente, poucas vezes com resultados permanentes, exceto em casos individuais.
É também neste aspecto da Renascença - renovação ou renasci mento cultural - que encontramos uma preparação direta para o ad vento da reforma da religião. Renovado Interesse Pelas Escritoras A disseminação da língua grega contribuiu para que os homens lessem o Novo Testamento no original. E quando comparavam os belos ensinos de Cristo e dos apóstolos com a vida da Igreja que estava ao redor deles, muitos humanistas se converteram, se transformando em destemidos reformadores. Isto foi o que se verificou principalmente na Alemanha, França e Inglaterra. João Colet, de Oxford, e o grande cultor do Novo Testamento, Erasmo (holandês), representa* esse resultado religioso do Reavivamento Cultural. Nessa época a Bíblia adquiriu posição incomum na vida dos homens de cultura; e» na proporção que isso acontecia, a Igreja papal caminhava para o maior flagelo de sua história, - a Reforma.
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