Por: Jânio Santos de Oliveira
Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra
Pastor Presidente: Eliseu Cadena
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Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!
III. O período do dilúvio
O mundo tornou-se tão pecaminoso que o Senhor decidiu destruir toda a carne. Noé achou graça aos olhos do Senhor. Ele era perfeito em sua geração. Ele andava com o Senhor. O Senhor o escolheu para levar a mensagem do juízo vindouro. O Espírito iria lutar com o homem por um tempo e, em seguida, o julgamento viria. O homem tornou-se muito mal. Cada imaginação do coração era só má continuamente. A terra estava cheia de violência (v.11). Isso atinge a nós quando nós pensamos de toda a violência em nossos dias. A geração de Noé estava, provavelmente, muito pior do que a nossa, mas isso não parece ser possível, quando ouvimos e lemos sobre as notícias da violência em nossos dias.
1. Noé continuou construindo a arca, apesar da depravação.
A. O caráter.
Deus descreve as pessoas como ímpias e tendo pensamentos iníquos.
a. A imaginação tem a ver com o pensamento e o planejamento no coração.
b. Tem a ver com os pensamentos que precedem as obras.
As pessoas fazem o que fazem por causa do que elas são.
a. Eles eram maus e, portanto, eles pensavam maus pensamentos e faziam coisas más.
b. Deus viu que a maldade do homem era grande.
c. Os homens maus parecem não pensar que estão fazendo mal, mas Deus sabe.
Deus disse que o mundo estava cheio de violência.
a. Quando as pessoas são más, elas fazem coisas más.
b. Isso inclui ser violento em seu comportamento.
c. O coração clama a Deus quando ouvimos e lemos sobre os atos perversos da nossa geração.
B. A conduta.
Uma coisa que provava que eram maus é que eles eram violentos no comportamento.
A conduta deles refere-se a ação ou comportamento.
O caráter de uma pessoa se expressa em sua conduta ou a forma como a pessoa vive a vida.
Deus disse: "toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente".(v5)
C. A continuação.
O caráter e a conduta é o produto de nossos pensamentos e imaginação. "Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina" "Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem" (Mt 15:11 e 18)
O comportamento violento e perverso é resultado da pessoa imaginar maldade... pensamentos podem ser produzidos em ações.
Quanto mais fundo você entrar no pecado, mais profundo você tem que ir para obter qualquer satisfação temporária dele.
As pessoas se tornam escravas de seus desejos pecaminosos, e se tornam mais perversas para encontrar alguma satisfação.
D. A consagração.
Noé não parava de fazer o que Deus lhe disse para fazer.
a. Noé não foi movido pela depravação de sua geração.
b. Ele se manteve reto fazendo o que Deus lhe disse para fazer.
A depravação provavelmente apontou para ele a ira de Deus e o fato de o juízo de Deus.
a. O cristão maduro espiritualmente vê as coisas diferentes do que as pessoas de mentalidade mundana veem.
b. Devemos nos consagrar ao Senhor quando olhamos para esse mundo pecaminoso.
O mundo está nos chamando para juntar-se a ele, mas devemos procurar obedecer. "Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas"(Mt 6:33)
2. Noé continuou construindo a arca, apesar do engano.
A. A carne.
O pecador se sente como se eles estivessem justificados em seus pecados.
A maioria das pessoas querem que lhes diga que elas estão fazendo certo fazendo errado.
Elas clamam por alguém para dizer-lhes que suas ações estão certas.
O pecador quer que lhe diga que ele não é o culpado por seu pecado.
a. Digam que é uma doença.
b. Digam que é a sociedade.
c. Põe a culpa em qualquer um e todos, mas não lhe chamam pecado!
A carne busca a auto justificação no pecado.
A carne quer sentir que é correto fazer o mal.
a. Converse com alguém que é culpado de pecado e eles vão te dar uma razão pela qual eles pecam
b. A razão parece tornar certo o pecado, mas você simplesmente não pode estar certo fazendo errado!
B. O falso.
Alguns provavelmente se aproximavam de onde Noé estava construindo a arca e diziam:
a. "Deus me disse para dizer-lhe para parar de construir a arca"
b. O velho Noé está louco... ele perdeu a cabeça ... ele está falando de um dilúvio e nunca vimos nenhuma chuva.
c. Como pode uma névoa inundar a terra?
d. Você pode imaginar no que a natureza pecaminosa moveu homens e mulheres a dizer a este servo fiel de Deus enquanto ele trabalhava na construção da arca?
Aqueles que não creem na Palavra de Deus têm suas maneiras de tentar provar aqueles que estão fazendo certo que o que estão fazendo está errado.
Observe o que Paulo escreveu em I Timóteo 4:1 "Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”.
C. O engano.
Satanás sempre tenta contrariar o que Deus faz usando falsificações.
O diabo está no negócio religioso de alguma forma.
Os falsos Apóstolos (Co 11:13-15).
Muitos do povo de Deus não acreditam que Satanás tem igrejas e pregadores que se opõem à verdade.
A Palavra de Deus nos diz que Satanás faz exatamente isso.
( 1 Jo 4:1 ) "Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo" (1 Jo 4:1)
Temos a obrigação de obedecer a este versículo.
a. Coloque os espíritos a prova ou julgue-os.
b. Meça o que você ouve e vê pela Palavra de Deus.
D. O temor.
Noé tinha reverência e respeito por Deus.
Ele caminhava com ele.
Ele era perfeito e achou graça aos olhos do Senhor.
Ele continuou construindo a arca, apesar do engano e da mentira em torno dele.
Devemos respeitar e reverenciar a Deus, apesar da situação ou a condição da humanidade.
3. Noé continuou construindo a arca, apesar do desafio.
A. A advertência.
Noé era um pregador da justiça. (2 Pedro 2:5)
O dilúvio veio anos depois de Noé ter começado a construir a arca e pregar.
Ele advertiu-os do juízo de Deus.
Ele pregou durante a construção da arca.
Graças a Deus por pessoas que estão dispostas a obedecer ao Senhor, quando parece que elas perderam tudo.
Nós também devemos pregar e ensinar a Palavra de Deus.
Devemos advertir as pessoas sobre o juízo que está por vir.
B. A vontade.
Paulo nos diz que devemos nos preparar para a geração do tempo do fim.
Ele os descreve em 2 Timóteo 3:1-13 , e certamente parece com a nossa geração hoje.
A geração de Noé não quis ouvir, pois eles eram maus, violentos e desafiadores.
Eles estavam vivendo o seu próprio caminho, apesar do juízo vindouro de Deus.
Homens e mulheres podem escolher fazer o que eles querem fazer, mesmo sabendo que eles terão de enfrentar a Deus um dia e dar conta dos seus atos.
O propósito desta lição não é uma análise detalhada do evento, e sim uma boa olhada no significado e na mensagem do dilúvio para os homens de todas as épocas. Com isto em mente, vamos voltar nossa atenção ao acontecimento.
Preparação
(6:9 – 7:5)
Falando de um modo geral, esta seção trata dos preparativos necessários para o dilúvio. As razões para ele são dadas nos versos 9 a 12. A revelação a seu respeito é dada a Noé nos versos 13 a 21. A ordem para entrar na arca é dada em Gênesis 7:1-4. Gênesis 6:22 e 7:5 registram a obediência de Noé às instruções divinas.
Os versos 9 a 12 do capítulo 6 e os últimos versos do capítulo 8 são os mais importantes desta passagem, porque eles ressaltam as razões para o dilúvio e o propósito fundamental de Deus para a história. Por esta razão dedicaremos a maior parte de nossa atenção aos primeiros e aos últimos versos concernentes ao dilúvio e às passagens do Novo Testamento que tratam desse mesmo assunto.
Enquanto que a intenção do dilúvio foi a destruição da raça humana, a arca foi designada para salvar Noé e sua família e assegurar o cumprimento do propósito divino para a criação e da promessa de salvação de Gênesis 3:15. A chave para o nosso entendimento do acontecimento está na compreensão do contraste entre Noé e seus contemporâneos.
Noé foi um homem justo, íntegro em sua época; Noé andava com Deus (Gn 6:9).
Que epitáfio! Noé foi um homem justo. O caráter de Noé é descrito por duas palavras: justiça e integridade. A palavra justiça (no hebraico saddiq)
… é uma palavra comumente usada com referência aos homens. Significa que eles se ajustam a um padrão. Desde que Noé se ajustou ao padrão divino, ele encontrou a aprovação de Deus. No entanto, o termo é basicamente forense. Por isso, apesar de haver a aprovação divina, esta não implica em perfeição por parte de Noé. Implica simplesmente em que, aquelas coisas que Deus procura num homem, estavam presentes em Noé
Sem nenhuma pretensão de perfeição, Noé foi um homem que guardou a Palavra de Deus. Ele satisfez a expectativa de Deus para o homem, enquanto que o resto da humanidade era vil.
A segunda expressão usada para Noé é “íntegro” (verso 9). A palavra hebraica é tamim. “Desde que a raiz hebraica envolve a idéia de “completo”, é justificado concluir que somente aquela foi uma vida completa sob todos os aspectos, e em todos os sentidos, sem faltar nenhuma qualidade essencial.”
Adiante dessas duas expressões técnicas, Moisés resumiu a justiça de Noé ao escrever “Noé andava com Deus” (Gn 6:9).
Aqui é enfatizada a amizade entre Noé e Deus, a intimidade de sua união. Bem como é refletida a continuidade desse relacionamento. Foi um caminhar diário, algo confiável.
Indubitavelmente o relacionamento entre Noé e Deus era baseado na revelação a cerca da criação do homem e sua queda. Mais especificamente, incluiria a promessa de redenção de Gênesis 3:15. Possivelmente envolveria também alguma outra revelação que não nos foi registrada por Moisés.
Creio que a justiça de Noé era baseada mais em sua fé em Deus do que no temor das conseqüências da desobediência. Que eu saiba, Noé não tinha idéia de que o julgamento divino devia sobrevir à terra até que Deus lhe revelou pessoalmente (verso 13 e ss). Esta revelação do derramamento da ira divina foi dada em conseqüência do relacionamento de Noé com Deus. Caso os homens tivessem sido avisados do dilúvio que haveria de vir, poderiam muito bem ter obedecido a Deus pelo simples temor da punição. O relacionamento entre Noé e Deus não era motivado por tal temor, mas pela fé. Fé, não medo, é o motivo bíblico para o relacionamento com Deus (apesar de haver algo como um certo temor piedoso).
Vamos ser bem claros a respeito da justiça de Noé. Foi aquela justiça que vem pela fé.
“Pela fé, Noé, divinamente instruído a cerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem pela fé.” (Hb 11:70)
Não foram as obras de Noé que o preservaram do julgamento, mas a graça. “Mas Noé achou graça diante do Senhor” (Gn 6:8). Salvação é pela graça, mediante a fé, não por obras, mas para boas obras. (Ef 2:8-10).
Em contraste com a justiça de Noé estava a corrupção do homem. “A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida, porque todo o ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra.” (Gn 6:11-12)
Só Noé era justo em seus dias. “Disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu e tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração.” (Gn 7:1)
O que isto diz de sua família, não sei, mas quem poderia deixar de acreditar que todos que estiveram na arca não creram em Deus, pelo menos depois do dilúvio! Não havia outra pessoa justa para ser introduzida na arca, pois ninguém mais andava com Deus. Todos os justos relacionados no capítulo cinco morreram antes do dilúvio ter ocorrido.
Os homens eram depravados e corruptos por dentro e em si mesmos. O que Deus decidiu destruir já era auto-destruição. O relacionamento do homem com seu semelhante poderia ser resumido numa palavra – violência.
Quero que percebam que, em lugar algum Moisés especifica quais são os pecados desta geração. Tal coisa poderia despertar nossa curiosidade ou luxúria. Mais que isto, não creio que o povo daquela época foi destruído por ter se tornado uma sociedade totalmente decadente. O pecador que espanca sua esposa, ou é homossexual, ou vive com uma garrafa derrapando na estrada não é, necessariamente, a pessoa mais vil aos olhos de Deus. Desconfio que muitos dentre aqueles que pereceram fossem pessoas religiosas. Imagino que a sociedade daquela época fosse pouco diferente, em seu caráter, de muitas outras, com uma notável exceção – aparentemente não tinham nenhuma restrição. O ponto é que homens educados, de cara limpa, gentis com senhoras idosas, e assim por diante, mas que trapaceiam em seu imposto de renda ou tiram proveito às custas da dignidade de alguém, são tão pecadores quanto aqueles cujos pecados são socialmente inaceitáveis.
A principal expressão do pecado do homem está em sua rebelião e espírito independente diante de Deus. Ele supõe que, ainda que Deus exista, Ele não se importa com a conduta do homem ou com suas crenças. E, se Deus se importa, é muito pouco. E o pior de tudo é a conclusão de que isso não é, de qualquer forma, da conta de Deus.
Observe a condenação de Deus para este tipo de atitude:
“Então, me respondeu: A iniquidade da casa de Israel e de Judá é excessivamente grande, a terra se encheu de sangue, e a cidade, de injustiça, e eles ainda dizem: O Senhor abandonou a terra, o Senhor não nos vê.” (Ez 9:9)
As inclinações perversas do homem estão pairando no inferno flamejante por causa da sugestão ou crença de que, ainda que Deus exista, Ele não se preocupa com o pecado nem intervém na história humana para tratar dele. Esse tipo de pensamento é fatal.
Deus não ocultou Seus propósitos de Noé. Ele revelou a ele Sua decisão de destruir a perversa civilização daquela época e ainda assim preservar Noé e o descendente através do qual a promessa de salvação seria concretizada. Foi revelado a Noé que esta destruição aconteceria através de um dilúvio, e que a salvação para ele e sua família seria por meio de uma arca.
Ainda que não fosse necessário para nós o registro de todas as instruções para a construção da arca, devemos notar que os detalhes dados são específicos, mesmo no que se refere à coleta de alimento. A arca era um barco inacreditável, 450 pés de comprimento, 75 pés de largura, e 45 pés de altura (6:15). Serviria para salvar tanto o homem quanto os animais.
A Preservação do Homem e dos Animais
(7:6 – 8:19)
A arca, agora já pronta, tendo sido construída ao longo de muitos anos de acordo com o plano divino, é ocupada ao comando de Deus (7:1) pelo homem e pelos animais. Antes que o dilúvio começasse, Deus fechou a porta. Imagino que se Deus não tivesse feito assim, Noé a teria aberto para aqueles que mais tarde quisessem entrar; mas o dia da salvação devia chegar ao fim.
A fonte de água parece sobrenatural. Bem podia ser que jamais tivesse chovido ( 2:6). Agora a chuva caía em torrentes. Além disso, as “fontes do grande abismo” (7:11) foram abertas. Água de cima e debaixo irrompeu por quarenta dias (7:12). As águas prevaleceram sobre a terra por 150 dias (7:24), e então baixaram em alguns meses. Cinco meses depois que o dilúvio começou a arca repousou sobre o monte Ararat (8:4, 7:11). Levou um tempo considerável para as águas retrocederem e o solo ficar seco o suficiente para se andar sobre ele. Foi pouco mais de um ano que Noé e sua família passaram na arca. Ao comando do Senhor eles alegremente (tenho certeza) desembarcaram.
A Promessa
(8:20-22)
O primeiro ato de Noé ao colocar o pé em terra foi oferecer sacrifícios a Deus. Foi mais uma evidência de sua fé, e certamente uma expressão de sua gratidão pela salvação que Deus havia providenciado.
Em resposta ao sacrifício de Noé, Deus fez uma promessa solene. Quero que entendam, no entanto, que este foi um compromisso firmado na mente de Deus – é uma promessa que Ele mesmo decidiu fazer. A expressão dessa decisão é dada a Noé no capítulo 9. Isto é o que Deus propôs Consigo mesmo:
“E o Senhor aspirou o suave cheiro e disse Consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” (Gn 8: 21-22)
A resolução de Deus é que Ele nunca mais amaldiçoaria a terra ou destruiria todas as coisas viventes como fizera. Por que Deus assumiria tal compromisso? Certamente Ele não estava triste pelo que havia feito. O pecado tinha que ser julgado, não?
O problema com o dilúvio foi que seus efeitos foram apenas temporários. O problema não estava na criação, mas no pecado. O problema não estava nos homens, mas no homem. Apagar a lousa e começar tudo de novo não é o bastante, pois o que é preciso é um novo homem para a criação. Isto é o que a criação ardentemente espera.
“Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” (Rm 8:20-21)
Deus decidiu, então, lidar diferentemente com o pecado no futuro. Embora o pecado tenha sofrido um atraso provisório com o dilúvio, sofrerá um golpe fatal com a vinda do Messias. É nessa época que os homens se tornarão novas criaturas (2 Co 5:17). Depois que Deus tratar dos homens, providenciará também um novo céu e uma nova terra (2 Pe 3:13).
Em resposta à expressão de fé de Noé através da oferta sacrificial, a promessa da salvação final é renovada. Até aquele dia quando esta salvação será consumada, Deus assegura ao homem que medidas como o dilúvio não ocorrerão novamente.
O Significado do Dilúvio para os Homens de Todas as Épocas
Antes de mais nada, o dilúvio é para nós um lembrete da graça ímpar de Deus. Enquanto os descrentes encontraram julgamento, Noé encontrou graça (Gn 6:8).
Até certo ponto, todas as pessoas daquela época experimentaram a graça de Deus. Foi somente 120 anos depois da revelação do julgamento vindouro que ele realmente alcançou os homens. Esse período de 120 anos foi uma época de graça na qual o evangelho foi proclamado.
A diferença entre Noé e aqueles que pereceram foi sua resposta à graça de Deus. Aqueles que pereceram interpretaram a graça de Deus como indiferença divina. Eles concluíram que Deus não Se preocupava nem Se perturbava com o pecado dos homens.
Noé, por outro lado, reconheceu a graça pelo que ela realmente é – uma oportunidade para entrar em íntimo relacionamento com Deus, e, ao mesmo tempo, evitar o desprazer e julgamento divinos. Os anos de Noé foram gastos em andar com Deus, construir a arca e proclamar a Palavra de Deus.
A graça de Deus fica claramente evidente nesta promessa: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” (Gn 8:22)
Eis a ironia de nossos dias. Como nos dias de Noé, o pecador perdido olha para a vida como ela é e pergunta: “Como Deus podia estar lá, afinal, e não fazer nada para endireitar as coisas, e colocá-las em ordem?” Ele conclui que Deus ou está morto, apático, ou é incapaz de tratar do mundo como ele é, desprezando o aviso de 2 Pe 3:8-9:
“Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada, pelo contrário, Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.”
Como Noé, o crente reconhece que a vida como ela é é reflexo do controle soberano de um Deus gracioso sobre todas as coisas:
“Pois, Nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.” (Cl 1:16-17)
A continuidade de todas as coisas como elas são – dia e noite, verão e inverno, frio e calor – faz o cristão se ajoelhar diante de Deus em louvor e submissão ao Seu cuidado providencial. Os não-cristãos, no entanto, distorcem esta promessa do cuidado providencial de Deus como desculpa para pecar:
“Tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa de sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” (2 Pe 3:3-4).
Eles falham em reconhecer que este tempo é dado aos homens para que se arrependam e se reconciliem com Deus. No entanto, justamente como o tempo da graça terminou nos dias de Noé, assim será para os homens hoje:
“Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas.” (2 Pe 3:10)
Nosso Senhor ensinou que os dias anteriores à Sua segunda vinda para julgar a terra seriam justamente como aqueles anteriores ao dilúvio:
“Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem.” (Mt 24:37-39)
Estes dias não são descritos em termos de sensualidade e decadência, mas de normalidade – coisas comuns. Os homens dos últimos dias estarão fazendo o que sempre fizeram. Não há nada de errado em comer e beber, dar-se em casamento, ou comprar e vender. O que é errado é fazer essas coisas sem Deus, e supor que podemos pecar como nos apraz sem pagar o preço. A época da graça terminará. Vamos responder corretamente à graça de Deus.
Segundo, somos instruídos sobre a ira de Deus. Aprendemos com o dilúvio que, enquanto a ira de Deus é tardia, ela também é certa. O julgamento, afinal, deve ser lançado sobre aqueles que rejeitam a graça de Deus.
Que fique muito claro que, ainda que a ira e o julgamento sejam certos, eles não dão prazer ao coração de Deus. Em lugar nenhum desta passagem há a descrição em detalhes de quaisquer cenas de angústia e sofrimento. Mesmo os olhos de Noé foram poupados de presenciar o tormento sofrido por aqueles que morreram no dilúvio. A arca não tinha vigias ou janelas para se olhar a destruição feita por Deus. A única abertura era aquela no topo da arca para permitir que a luz brilhasse lá dentro.
Deus não se deleita no julgamento, nem o prolonga desnecessariamente, mas ele é uma certeza para aqueles que resistem à Sua graça. Não se engane, meu amigo, haverá um tempo em que a oferta de salvação será retirada.
Há algum tempo atrás visitei uma mulher que estava morrendo de câncer. Não foi possível compartilhar o evangelho com ela em minha primeira visita porque ela tinha sido levada para terapia. Quando bati à sua porta em minha segunda visita, seu marido atendeu e a abriu o suficiente para que eu visse a mulher, obviamente enfraquecida por causa da doença. Quando ele lhe perguntou se ela queria falar comigo, ela sacudiu a cabeça em negativa. Não a vi mais antes de sua morte.
Muitas pessoas parecem pensar que poderão esperar até estar com um pé no túmulo e outro numa casca de banana para serem salvas. Normalmente não acontece desse jeito. Deus silenciosamente fecha a porta da salvação. Quando vivemos nossas vidas em pecado e rebelião contra Deus, não nos será dado o luxo de tomar a decisão no leito de morte. Às vezes acontece, concordo, mas raramente.
Além disso, muitas vezes o julgamento de Deus também permite que as coisas tomem seu próprio rumo. O relato do dilúvio quase parece a criação revertida às condições do segundo dia (Gn 1:6-7).
Está escrito no livro de Colossenses que nosso Senhor Jesus Cristo é o Criador e Sustentador do Universo (Colossenses 1:16-17). Os homens que rejeitam a Deus vivem como se Ele não existisse de forma alguma. Na Grande Tribulação, Deus vai dar aos homens sete anos para descobrirem como é viver sem Deus. A mão de Deus que controla e restringe será retirada. O julgamento de Deus muitas vezes dá aos homens o que eles querem e o que eles merecem – as conseqüências naturais de suas ações.
Finalmente, vamos considerar o assunto da salvação de Deus. Devemos observar que, no caso de Noé, o caminho de Deus para a salvação era restritivo. Deus providenciou somente um meio para a salvação (uma arca) e apenas uma porta. Os homens não poderiam ser salvos do jeito que quisessem, mas somente do jeito de Deus. Tal é a salvação que Deus oferece aos homens hoje.
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:6).
A salvação através da arca também foi instrutiva. Ela nos dá uma figura da salvação que foi cumprida em Cristo. Para aqueles dos dias de Moisés foi um “tipo” de Cristo. A diferença entre aqueles que foram salvos e aqueles que pereceram no dilúvio foi a diferença entre estar dentro ou fora da arca.
Todos os que foram salvos e todos os que morreram passaram pelo dilúvio. Mas os que sobreviveram foram aqueles que estavam na arca, que os abrigou dos efeitos do divino desprazer de Deus pelo pecado. Tanto os que estavam na arca quanto os que estavam fora dela sabiam de sua existência e foram informados de que Deus avisou sobre o julgamento que viria. Alguns escolheram ignorar estes fatos, apesar de Noé tê-los avisado.
Assim é hoje. Deus disse que haveria um castigo para o pecado – a morte. Aqueles que estão em Cristo pela fé recebem a ira de Deus em Cristo. Na cruz do Calvário a ira de Deus foi derramada sobre o Filho de Deus sem pecado, Jesus Cristo. Aqueles que Nele confiam têm experimentado a salvação de Deus em Cristo. Aqueles que se recusam a confiar Nele e estar Nele por um ato da vontade, devem sofrer a ira de Deus fora de Cristo, nossa arca. Saber a respeito de Cristo não salva um homem mais do que saber que a arca salvou homens no tempo de Noé. É estando na arca, estando em Cristo, que salva!
O caminho para a salvação de Deus não foi glamuroso. Creio que muitos estariam a bordo do Queen Mary se Noé o tivesse construído, mas não na arca. A arca era pouco atrativa aos olhos, mas foi suficiente para a tarefa de salvar homens do dilúvio.
Muitos se recusam a serem salvos se isso não for realizado de algum jeito glorioso, que seja atrativo e aceitável. Eu não iria querer passar um ano preso com animais barulhentos e malcheirosos mais do que você, mas esse era o jeito de Deus.
Nosso Senhor Jesus, quando veio oferecer salvação aos homens, não veio como Aquele que tem um grande magnetismo ou atração pessoal. Como Isaías falou a Seu respeito 700 anos antes de Sua vinda:
“Não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.” (Is 53:2)
Muitos viriam à salvação se o apelo fosse carnal. A salvação de Deus não é deste tipo.
Às vezes os cristãos caem nesse mesmo ponto. Pensam que o jeito de Deus é um jeito glorioso. Só milagres e maravilhas. Sem sofrimento, sem dor, sem agonia, sem pesar. Devo lhes dizer que o jeito de Deus nem sempre é tão glorioso quanto possamos desejar, mas só ele é o caminho para a libertação, gozo e paz.
E esta salvação que Deus providenciou é aquela que foi recebida pela fé na Sua Palavra revelada. Provavelmente Noé jamais tenha visto a chuva, ou ouvido o estrondo de um trovão. Mas Deus disse que haveria de vir um dilúvio e que ele tinha que construir uma arca. Noé creu em Deus e agiu de acordo com sua fé.
A fé de Noé não foi uma fé acadêmica – simples fé num princípio, mas uma fé ativa – uma fé na prática. Ele passou 120 anos construindo aquela arca, entregando-se a si mesmo ao Deus que ele conhecia. Nossa fé, também, deve ser ativa.
Dizem que Noé foi um pregador. Não creio que ele falasse com freqüência atrás de um púlpito, mas por trás de uma tábua e de um martelo. Foi o estilo de vida de Noé que condenou os homens de seus dias e os avisou do julgamento por vir. Toda a vida de Noé foi moldada por sua certeza de que o julgamento de Deus estava chegando.
Nós, que somos cristãos, sabemos que nosso Senhor voltará outra vez para julgar o mundo. Pergunto-me o quanto isto afeta nossas vidas diárias. Seus vizinhos, e os meus, podem dizer que estamos vivendo à luz do dia em que virá o julgamento e a salvação? Sinceramente espero que sim.
Comentário do capítulo 7 de Genesis
Gênesis 7 é um capítulo muito interessante, na medida em que nos permite olhar para trás e ler a destruição do velho mundo, pela água; assim como as escrituras nos ensinam a aguardar a destruição certa do mundo que hoje existe, pelo fogo, no grande dia do Senhor Jesus. Nós aqui vemos Noé e sua família entrando na arca, no décimo sétimo dia do segundo mês no ano 600 da vida de Noé. As fontes do grande abismo são rompidas por baixo; as chuvas descem; e quarenta dias sem interrupção, o dilúvio continua a aumentar, até que os mais altos montes sejam cobertos, e as águas prevaleçam. Toda a carne é destruída, exceto Noé, e os que estão com ele na arca; e o dilúvio continua sobre a terra por cento e cinquenta dias.
Entrada na arca
1 E o SENHOR disse a Noé: Entra tu e toda tua casa na arca porque a ti vi justo diante de mim nesta geração.
e toda tua casa. Uma descrição da família de Noé mais breve do que em Gênesis 6:18. Devemos observar aqui a primeira menção da “casa” de um homem, no sentido de lar, ou família. A identificação de um homem com a sua família, seja para punição ou para libertação, é uma característica da ética religiosa do Antigo Testamento.
2 De todo animal limpo tomarás de sete em sete, macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos, dois, macho e sua fêmea.
De todo animal limpo. Descobrimos que a distinção entre animais limpos e impuros existia bem antes da lei mosaica. Essa distinção parece ter sido originalmente concebida para identificar os animais que eram apropriados para sacrifício e alimento, daqueles que não o eram. ( Levítico 11).
3 Também das aves dos céus de sete em sete, macho e fêmea; para guardar em vida a descendência sobre a face de toda a terra.
Das aves. Aparentemente, de acordo com o texto hebraico, todas as aves eram consideradas limpas. Possivelmente, porém, a omissão da distinção entre aves puras e impuras deve-se à forma condensada da narrativa. A versão LXX diz: “das aves também do céu que estão limpas, sete e sete, macho e fêmea”, e das “aves impuras, duas e duas, macho e fêmea”.
E é muito possível que esta última sentença tenha sido abandonada, através do erro comum de homoeoteleuton por parte de um escriba
4 Porque passados ainda sete dias, eu farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e apagarei toda criatura que fiz de sobre a face da terra.
Ainda sete dias. Uma semana inteira restava para reunir todos na arca.
Sete…quarenta…quarenta. Nós naturalmente notamos aqui a ocorrência destes significativos números. Comp. também Gênesis 8:4,10,12; e Moisés quarenta dias no monte; Israel quarenta anos no deserto; os espias quarenta dias investigando Canaã. Mas nessas narrativas históricas não há razão para questionar o significado literal dos números. Sua proeminência na história os tornou especialmente significativos na profecia.
5 E fez Noé conforme tudo o que lhe mandou o SENHOR.
Aquilo que foi dito de Noé em Gênesis 6:22, é aqui repetido, porque este foi um notável exemplo de sua fé e obediência.
O dilúvio
6 E sendo Noé de seiscentos anos, o dilúvio das águas foi sobre a terra.
sendo Noé de seiscentos anos. A partir daqui se conclui que Sem tinha cerca de cem anos de idade (comp. Gênesis 5:32), e seus dois irmãos mais novos isso; mas todos eram casados, embora aparentemente sem filhos ( Gênesis 11:10).
7 E veio Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele à arca, por causa das águas do dilúvio.
E veio Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele à arca. No espaço dos sete dias, entre a ordem de Deus para entrar nela, e a vinda do Dilúvio; ou então, no sétimo dia, no qual começou a chover; quando ele viu que o Dilúvio estava vindo, veja Gênesis 7:11.
8 Dos animais limpos, e dos animais que não eram limpos, e das aves, e de todo o que anda arrastando sobre a terra,
Dos animais limpos, e dos animais que não eram limpos. Sete casais de um e um casal do outro.
9 De dois em dois entraram a Noé na arca: macho e fêmea, como mandou Deus a Noé.
Comentário de Genebra
De dois em dois. Deus os compeliu a se apresentarem diante de Noé, como fizeram antes com Adão, quando ele lhes deu nomes (Gênesis 2:19).
10 E sucedeu que ao sétimo dia as águas do dilúvio foram sobre a terra.
ao sétimo dia. Os sete dias mencionados em Gênesis 7:4, o período em que Noé e sua família estiveram na arca, antes do início do Dilúvio. Os arranjos necessários para os ocupantes da arca exigiam tempo. Além disso, em toda a história do Gênesis, um período de provação e paciência precede o cumprimento da palavra divina.
11 No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, no dia dezessete do mês, naquele dia foram rompidas todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus foram abertas;
as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus foram abertas. As águas da terra transbordaram e as nuvens se derramaram.
12 E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.
quarenta dias e quarenta noites. Em todas as épocas e nações tem havido costumes idiomáticos no uso do que pode ser chamado de números representativos, onde um determinado número é usado para uma quantidade indefinida. Um grego que quis expressar a noção de um grande mas indeterminado número disse, uma ‘miríade’, ou dez mil; um romano, ‘seiscentos’; e da mesma forma um oriental, ‘quarenta’. Os “quarenta ladrões”, os “quarenta monges martirizados do convento de El Arbaim”, para não falar de um uso semelhante deste número em várias passagens das Escrituras são exemplos de um número conhecido e definido sendo usado para expressar apenas a ideia de muitos. É evidente, entretanto, que, embora a palavra possa ocorrer em um sentido muito geral em outro lugar, ela não é assim empregada nesta narrativa; porque o progresso e a duração do dilúvio são marcados com extraordinária precisão, e isso deve ser interpretado aqui como denotando literalmente quarenta dias.
13 Neste mesmo dia entrou Noé, e Sem, e Cam e Jafé, filhos de Noé, a mulher de Noé, e as três mulheres de seus filhos com ele na arca;
Neste mesmo dia entrou Noé, e Sem, e Cam e Jafé. De acordo com o costume oriental, os homens são mencionados em primeiro lugar em todas as passagens relativas às pessoas salvas na arca (compare Gênesis 6.18; 8:18), exceto em Gênesis 8:16.
A ideia não é que Noé, com sua família e todos os animais, entraram na arca no mesmo dia em que a chuva começou, mas que naquele dia ele havia completado a entrada, que durou os sete dias entre a emissão da ordem (Gênesis 7:4) e o início do dilúvio (Gênesis 7:10).
14 Eles e todos os animais silvestres segundo suas espécies, e todos os animais mansos segundo suas espécies, e todo réptil que anda arrastando sobre a terra segundo sua espécie, e toda ave segundo sua espécie, toda espécie de animal voador.
Perceba neste versículo a descrição abrangente do mundo animal; animais silvestres (ou selvagens), animais mansos (domésticos), répteis, aves, toda espécie de animal voador, como em Gênesis 1:21,24-26.
15 E vieram a Noé à arca, de dois em dois de toda carne em que havia espírito de vida.
Era fisicamente impossível para Noé ter reunido um número tão vasto de animais dóceis e selvagens, nem poderiam ter sido mantidos em suas alas por meros meios naturais. Como, então, foram trazidos de várias distâncias para a arca e ali preservados? Apenas pelo poder de Deus. Aquele que primeiro os trouxe miraculosamente a Adão para que lhes desse seus nomes, agora os traz a Noé para que pudesse preservar suas vidas. E agora podemos razoavelmente supor que suas inimizades naturais foram removidas ou suspensas de tal maneira que o leão pôde permanecer com o cordeiro, e o lobo deitar com o cabrito, embora cada um ainda necessitasse de seu alimento peculiar. Isso não pode ser uma dificuldade para o poder de Deus, sem a intervenção direta do qual nem o dilúvio nem as circunstâncias adjacentes poderiam ter ocorrido.
16 E os que vieram, macho e fêmea de toda carne vieram, como lhe havia mandado Deus: e o SENHOR lhe fechou a porta
e o SENHOR lhe fechou a porta. Isto parece implicar que Deus o colocou sob sua proteção especial, e quando ele o fechou para dentro, então ele fechou os Outros para fora. Deus esperou cento e vinte anos por aquela geração; eles não se arrependeram; eles encheram a medida das suas iniquidades, e então a ira veio sobre eles até o fim.
17 E foi o dilúvio quarenta dias sobre a terra; e as águas cresceram, e levantaram a arca, e se elevou sobre a terra.
e as águas cresceram, e levantaram a arca. A arca parece ter sido levantada tão gradualmente que quase não foi perceptível para os seus ocupantes.
18 E prevaleceram as águas, e cresceram em grande maneira sobre a terra; e andava a arca sobre a face das águas.
E prevaleceram as águas, e cresceram em grande maneira sobre a terra. Assim, devastando os homens, também casas e árvores, onde possivelmente eles procuravam ou pensavam se protegerem.
19 E as águas prevaleceram muito em extremo sobre a terra; e todos os montes altos que havia debaixo de todos os céus, foram cobertos.
Montes altos…cobertos. As águas subiram acima dos cumes das altas colinas, até que, para o observador na arca flutuante, o mundo era um deserto monótono de águas, vasto e poderoso (no original hebraico, extremamente poderosos), e até onde os olhos podiam ver, todos os montes altos que havia debaixo de todos os céus, foram cobertos.
20 Quinze côvados em altura prevaleceram as águas; e foram cobertos os montes.
Quinze côvados em altura. Vinte e dois metros e meio acima dos cumes das colinas mais altas. A linguagem não é consistente com a teoria de um dilúvio parcial.
21 E morreu toda carne que se move sobre a terra, tanto de aves como de gados, e de animais, e de todo réptil que anda arrastando sobre a terra, e todo ser humano:
aves…de gados…todo réptil. Tem sido um princípio uniforme no procedimento divino, quando os julgamentos foram feitos na terra, incluir todas as coisas relacionadas com os objetos pecaminosos da Sua ira (Gênesis 19:25; Êx 9:6). Além disso, agora que a raça humana foi reduzida a uma única família, era necessário que os animais fossem reduzidos proporcionalmente, caso contrário, pelo seu número, teriam alcançado o predomínio e subjugado os poucos que iriam repovoar o mundo. Assim, a bondade misturava-se com severidade; o Senhor exerce juízo em sabedoria e em ira lembra-se da misericórdia.
22 Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, de tudo o que havia na terra, morreu.
de tudo o que havia na terra, morreu. A partir daí podemos concluir que os animais que não podiam viver na água foram preservados na arca.
23 Assim foi destruída toda criatura que vivia sobre a face da terra, desde o ser humano até o animal, e os répteis, e as aves do céu; e foram apagados da terra; e restou somente Noé, e os que com ele estavam na arca.
Restou somente Noé, e os que com ele estavam na arca. Deus poderia ter salvo Noé e sua família milagrosamente, mas Ele escolheu realizar esse objetivo pela instrumentalidade de uma arca, suficientemente grande e forte para conter a carga viva que deveria ser resgatada nela de uma sepultura aquática; e além disso, considerando as leis estabelecidas para a preservação e transmissão da vida animal, Ele cuidou não apenas de fornecer alimento adequado para o sustento de todas as criaturas, mas de introduzi-las nela, homem e mulher, para a multiplicação de seus respectivos tipos. Assim, Ele mostrou, com tais arranjos, que Ele nunca recorre a milagres, exceto quando propósitos de importância em Seu governo moral não podem ser promovidos de outra forma; e Ele nunca se afasta do uso de meios naturais ou comuns quando estes são adequados, bem como suficientes para a ocasião
24 E prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinquenta dias.
cento e cinquenta dias. Cinco meses se passaram desde que Noé entrou na arca até que ela descansou nas montanhas de Ararate. Ele entrou no dia dezessete do segundo mês (Gn 7:11) e a arca descansou no dia dezessete do sétimo mês (Gn 8:4).
O último capítulo terminou com a melancólica imagem do mundo destruído, e da Igreja colocada dentro de limites muito estreitos. Gênesis 8 se abre com um relato das renovações da misericórdia, na restauração do primeiro e no alargamento das fronteiros da segundo. As fontes do grande abismo, que foram abertas, são trancadas; as janelas do céu, para o derramamento da chuva, são fechadas; toda a terra recupera sua vegetação; e Noé e sua família são tirados da arca, depois de terem permanecido nela pelo espaço de um ano e dez dias. Noé ergue um altar, e oferece sacrifícios. Deus aceita a oferta, e promete nunca mais inundar o mundo, e que as estações do ano terão suas semanas determinadas, enquanto a terra permanecer.
O fim do dilúvio
1 E lembrou-se Deus de Noé, e de todos os animais, selvagens e domésticos que estavam com ele na arca; e fez passar Deus um vento sobre a terra, e diminuíram as águas.
lembrou-se Deus de Noé. O propósito divino nesta terrível dispensação havia sido cumprido, e o mundo havia passado pelas mudanças necessárias para que se tornasse a residência do homem sob uma nova economia da Providência.
2 E se fecharam as fontes do abismo, e as comportas dos céus; e a chuva dos céus foi detida.
( Gn 7:11; Pv 8:28; Jn 2:3).
a chuva (Jó 37:11-13; 38:37; Mt 8:9,26-27).
3 E voltaram-se as águas de sobre a terra, indo e voltando; e decresceram as águas ao fim de cento e cinquenta dias.
E voltaram-se as águas de sobre a terra. Esse movimento de retrocesso das águas parece indicar que uma grande onda do mar havia varrido a terra, além dos quarenta dias de chuva.
decresceram (“minguaram” em algumas traduções). Os que estavam na arca notariam a mudança de corrente, e saberiam, por estarem encalhados, que o dilúvio estava diminuindo. Mas os cumes dos montes só foram vistos no primeiro dia do décimo mês
4 E repousou a arca no mês sétimo, a dezessete dias do mês, sobre os montes de Ararate.
repousou. Evidentemente indicando um processo tranquilo e suave.
Mês sétimo. No mês sétimo do ano corrente, não da inundação, que durou apenas cinco meses.
os montes de Ararate. Os “montes” mencionados eram provavelmente na área curda da Turquia. No entanto, o nome é geralmente aplicado a uma montanha alta e quase inacessível que se ergue majestosamente da planície das Araxes. Tem dois picos cônicos, a cerca de 11 quilômetros de distância, um de 4 quilômetros e o outro 3 quilômetros acima do nível da planície. Um quilômetro do cume do mais alto desses picos estão sempre cobertos de neve. É chamado Kūh-e Nūḥ, ou seja, “montanha de Noé”, pelos persas.
5 E as águas foram decrescendo até o mês décimo: no décimo, ao primeiro dia do mês, se revelaram os cumes dos montes.
E as águas foram decrescendo. A diminuição das águas foi por razões sábias excessivamente lenta e gradual – o período de seu retorno foi quase o dobro do tempo de sua ascensão.
6 E sucedeu que, ao fim de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que havia feito, ao fim de quarenta dias. É fácil imaginar o ardente desejo que Noé e sua família devem ter sentido para desfrutar novamente da vista da terra e respirar o ar fresco; e era perfeitamente coerente com fé e paciência indagar se a Terra já estava apta.
7 E enviou ao corvo, o qual saiu, e esteve indo e voltando até que as águas se secaram de sobre a terra.
E enviou ao corvo. O cheiro de carniça o atrairia se a terra estivesse em um estado habitável.
8 Enviou também de si à pomba, para ver se as águas se haviam retirado de sobre a face da terra;
Enviou também de si à pomba. Um pássaro que voa baixo e naturalmente disposto a retornar a sua morada.
9 E não achou a pomba onde sentar a planta de seu pé, e voltou-se a ele à arca, porque as águas estavam ainda sobre a face de toda a terra: então ele estendeu sua mão e recolhendo-a, a fez entrar consigo na arca.
então ele estendeu sua mão…fez entrar consigo na arca. Não é dito que ele tenha feito o mesmo com o corvo.
10 E esperou ainda outros sete dias, e voltou a enviar a pomba fora da arca.
e voltou a enviar a pomba fora da arca. A pomba, julgando pelo tempo em que ela esteve fora, voou uma grande distância, e a folha de oliveira recém colhida, sem dúvida por impulso sobrenatural trazida no bico, deu uma prova bem-vinda de que as declividades das colinas eram evidentes.
11 E a pomba voltou a ele à hora da tarde; e eis que trazia uma folha de oliveira tomada em seu bico; então Noé entendeu que as águas haviam se retirado de sobre a terra.
à hora da tarde. Isso significa que a pomba esteve um longo tempo ausente da arca.
Uma folha de oliveira. Isto mostraria duas coisas, (1) que as águas tinham descido a um nível em que a oliveira cresceria, e (2) que a vida tinha ressurgido sobre a terra. O evento foi universalmente aceito como símbolo de reconciliação e paz. Ela não encontra nenhuma equivalente na história babilônica. A oliveira era a árvore mais familiar para o habitante da Palestina.
12 E esperou ainda outros sete dias, e enviou a pomba, a qual não voltou já mais a ele.
outros sete dias. Isso é uma forte possibilidade de que Noé observou o sábado durante sua permanência na arca.
e enviou a pomba, a qual não voltou já mais a ele. Com esses resultados, percebemos uma sabedoria e uma prudência muito superiores à capacidade instintiva do animal – discernimos a ação de Deus guiando todos os movimentos desse pássaro para a orientação de Noé, e reavivando as esperanças da sua casa.
13 E sucedeu que no ano seiscentos e um de Noé, no mês primeiro, ao primeiro do mês, as águas se enxugaram de sobre a terra e tirou Noé a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta.
e tirou Noé a cobertura da arca. Provavelmente apenas o suficiente para uma visão da terra ao redor. No entanto, por cerca de dois meses, ele não saiu da arca até receber a permissão expressa de Deus. Devemos observar a condução da Providência divina para nos orientar em cada passo do caminho da vida.
14 E no mês segundo, aos vinte e sete dias do mês, se secou a terra.
E no mês segundo, aos vinte e sete dias do mês. Daqui se deduz que Noé permaneceu na arca um ano solar completo, ou seja, trezentos e sessenta e cinco dias; pois entrou na arca aos 17 dias do segundo mês, no ano seiscentos da sua vida (Gn 7:11,13), e nela permaneceu até o dia 27 do segundo mês, no ano seiscentos e um da sua vida, como vemos acima. Os meses dos antigos hebreus eram lunares; os primeiros seis consistiam de trinta dias cada um, os últimos seis de vinte e nove; os doze meses completos, trezentos e cinqüenta e quatro dias: acrescente a estes onze dias, (pois embora ele tenha entrado na arca no ano anterior no décimo sétimo dia do segundo mês, ele não saiu até o vigésimo sétimo do mesmo mês no ano seguinte), que fazem exatamente trezentos e sessenta e cinco dias, o período de uma completa translação. Este ano, de acordo com o cálculo hebreu, foi o 1657 da criação; mas de acordo com a contagem da Septuaginta, foi o ano 2242, e segundo o Dr. Hales, o ano 2256.
15 E falou Deus a Noé dizendo:
Seja num sonho ou visão, ou por uma voz articulada, aparecendo numa forma humana, ou por um impulso em sua mente, não se tem certeza; porém, o Senhor falou com ele, que o ouviu e o entendeu: foi, sem dúvida, uma grande alegria para Noé, pois não tinha ouvido sua voz por um ano ou mais, pelo menos é o que lemos.
16 Sai da arca tu, a tua mulher, os teus filhos, e as mulheres dos teus filhos contigo.
Noé manifesta a sua obediência, na medida em que não deixaria a arca sem o mandamento expresso de Deus, assim como não entrou sem o mesmo: a arca é uma figura da Igreja, na qual nada deve ser feito fora da palavra de Deus.
17 Todos os animais que estão contigo de toda carne, de aves e de animais e de todo réptil que anda arrastando sobre a terra, tirarás contigo; e vão pela terra, e frutifiquem, e multipliquem-se sobre a terra.
vão pela terra, e frutifiquem, e multipliquem-se. Com essas palavras, o SENHOR animava a espírito de Noé e o inspirava com confiança que uma semente havia sido preservada na arca, a qual aumentaria até encher toda a terra. Em suma, a renovação da Terra é prometida a Noé; para que saiba que o próprio mundo estava abrigado na arca, e que a solidão e devastação, diante da qual seu coração poderia desfalecer, não seriam perpétuas.
18 Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele.
Então Noé saiu. Em obediência à ordem divina (Gn 8:15-17).
19 Todos os animais, e todo réptil e toda ave, tudo o que se move sobre a terra segundo suas espécies, saíram da arca.
espécies (“famílias” em algumas traduções). Alguns sugerem que os animais procriaram no tempo que estiveram na arca. Mas é difícil afirmar.
20 E edificou Noé um altar ao SENHOR e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar.
E edificou Noé um altar. No original hebraico, “um lugar alto” – provavelmente um monte de terra, sobre o qual um sacrifício foi oferecido. Há algo extremamente belo e interessante de saber que o primeiro passo do devoto patriarca foi agradecer pelo sinal de misericórdia e bondade que ele e sua família haviam experimentado.
21 E percebeu o SENHOR cheiro suave; e o SENHOR disse em seu coração: Não voltarei mais a amaldiçoar a terra por causa do ser humano; porque o intento do coração do ser humano é mau desde sua juventude: nem voltarei mais a destruir todo vivente, como fiz.
E percebeu o SENHOR cheiro suave. O sacrifício oferecido por um homem reto como Noé, na fé, era aceitável como o incenso mais perfumado.
o SENHOR disse em seu coração. Assim como “jurei que as águas de Noé não mais passaria sobre a terra” (Is 54:9).
por causa. Isto é, “porque o intento do coração do ser humano é mau”; em vez de causar outro dilúvio, eu os pouparei – para desfrutar das bênçãos da graça, através de um Salvador.
22 Enquanto a terra durar, a sementeira e a colheita, o frio e calor, verão e inverno, dia e noite, não cessarão.
Enquanto a terra durar. A consumação (2Pe 3:7) não frustra uma promessa que só é válida durante a continuidade desse sistema. Não haverá inundação entre este e aquele dia, quando a terra será queimada.
Em breve estaremos de volta com o tema: Período pós dilúvio
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